EDUCOMUNICA 06 - março 2013

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EDUCOMUNICA Giovana Silveira

Mestrado Profissional em Tecnologias, Comunicação e Educação Ofertada pela FACED, a pós-graduação começa no próximo mês e é uma das pioneiras na região. O programa em Comunicação e Sociedade tem como foco a busca pelo desenvolvimento de conhecimentos interdisciplinares. Por visar uma formação profissional, o curso é destinado principalmente a pessoas já atuantes no mercado de trabalho. Página 5

'Além do que se vê' Ananda Dinato

'Emancipa' Chapa eleita para o Diretório Acadêmico do curso de Pedagogia propõe projetos para a gestão 201 3. Página 9

Pesquisa Professor desenvolve glossário para consolidar campo da Educomunicação e auxiliar pesquisadores e profissionais da área. Página 8

II Semana da Comunicação, realizada pelo CACoS, trouxe debates sobre democratização da comunicação, qualidade de formação do comunicador e combate às opressões.

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Educação Popular Grupo de pesquisa, em parceria com a ONG Ação Moradia, busca incluir mulheres no mundo digital e prepará-las para a vida profissional. Página 6

Confira duas entrevistas com professores do jornalismo que lançaram recentemente livros que abordam estudos sobre rádio.

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Ano IV - nº 6

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Editorial A produção de um jornal nunca é fácil. Nesta edição, por exemplo, analisamos os números anteriores e decidimos inovar em alguns pontos. Foram realizadas modificações como a padronização gráfica das páginas, utilizando o mesmo tipo e tamanho de fonte, a ampliação do espaço para textos opinativos, a capa está mais leve com menos

chamadas e o número de matérias aumentou, já que neste semestre passamos a trabalhar em duplas. Além disso, a grande novidade desta sexta edição foi trazer ilustrações para as páginas do jornal. A rotina de produção foi a de sempre: após incansável busca por pautas que, como de costume, abrangem a FACED, partimos para a elaboração

dos textos e a captação das imagens. Edita aqui, edita acolá e o Educomunica de número 6 foi, enfim, concluído. Como resultado de muito empenho, você, leitor, encontra notícias sobre projetos de pesquisa e extensão, o novo curso de pós-grasuação, entrevistas com professores e mais. Tudo de um jeito novo, dinâmico e experimental. C

Crônica

A problemática da rampa Anna Vitória Rocha – José Elias Mendes – Thatiana Angeli O bloco 3Q, onde tenho aulas neste semestre é o maior da universidade. Na verdade, nem sei mesmo se é o maior bloco, mas sei que todo mundo tem aula por lá. Todo mundo mesmo. Muitos corredores, salas e escadas. Uma área de convivência cheia de mesas, bancos e pessoas cabulando aula. Mas o principal elemento desse bloco trata-se de uma enorme rampa. É claro que minha sala fica no último andar, o que, aos olhos de alguns, me condenaria a mais um semestre de suplício e compulsórios exercícios de panturrilha – como foi meu pesadelo durante o ano passado no antigo bloco. Mas não. Ao nosso favor e serviço, temos a rampa. Quilométrica, mas ainda assim. Na minha cabeça, seria inconcebível a qualquer ser humano subir diversos lances de escada diante da possibilidade de desfilar na rampa. Mas não. O que observo diariamente com profunda aversão é um quadro lamentável de pessoas se matando de subir escadas, ignorando a alternativa muito mais confortável. Existe gente nesse mundo que prefere subir escada! Algum antropólogo se habilita a explicar? O que angustia, de fato, é a justificativa dada para tão dis-

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paratada escolha: a rampa é longa demais. É quando eu e um querido amigo, companheiro de cafés e passeios de rampa, nos entreolhamos indignados e exclamamos: – Mas a graça é justamente essa: a rampa demora! Quem é que está com pressa? Francamente, alunos, já fomos mais espertos. Explico: gosto do fato da rampa ser extensa porque ela fornece o tempo exato pr'aquele finzinho de conversa que teima em coçar a ponta da língua ao fim do intervalo, que nunca é grande o suficiente. Não sei que necessidade é essa que as pessoas têm de voltar logo pra sala de aula, quando bom mesmo é ir proseando com calma durante todo o percurso. Aí vocês me dizem que dá pra conversar na escada e eu só queria que vocês experimentassem a delícia que é subir quase dez lances sem calar a boca. Resistência cardíaca vai com Deus. Além do mais, os benefícios da venturosa não param por aí. Se é que posso parafrasear aquele mesmo amigo supracitado, a rampa serve também como a duração perfeita de uma rápida reunião de trabalho. Não dá pra expressar em palavras os minutos preciosos que

ganhei de sono graças a ela. Sim, naquele sábado no qual não precisei acordar cedo pra me encontrar com os colegas e discorrer a respeito do seminário de Ciência Política. Perco as contas de quantas vezes consegui resolver com professores ali mesmo, na rampa, questões que me tomariam horas de chá de cadeira em suas portas. Haja dorflex pra quem prefere as escadas! Dia desses usei as escadas. Não por vontade própria, óbvio. Estava discutindo com uma amiga o fato de, ainda hoje, alguns pesquisadores concordarem com a teoria da agulha hipodérmica enquanto íamos para o intervalo e ela logo pegou o caminho das trevas. Pra não interromper a problematização, fui na dela. Na volta, a discussão ainda ardia, de modo que continuei seguindo o seu caminho até que, no fatídico momento de pegar a direita na direção do último lance de rampa, ela disse: – Ah, vamo pegar a escada que esse caminho demora demais. Fui, né? Cheguei lá em cima pondo os bofes pra fora, fui direto pra sala de aula querendo mais intervalo, com aquela sensação de que ainda havia muito a ser dito. C


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Artigo

A ambiguidade nociva da perfeição Lorena Martins O conceito estético de beleza teve início na filosofia antiga, na qual, através dos seus sentidos, o homem buscava avaliar formas que se relacionassem harmonicamente. As esculturas produzidas representavam o padrão de beleza da época. De lá até aqui, várias coisas passaram por um processo de transformação influenciado pelas tendências e concepções de cada período e, entre essas mudanças, está justamente o entendimento sobre beleza. Hoje em dia o padrão de beleza baseia-se em um estereótipo extraído das passarelas do mundo da moda, onde predomina nas mulheres uma tendência à magreza excessiva, e, nos homens, a overdose de músculos. A questão é que esse ideal determinado pela sociedade cria nas pessoas o desejo de se encaixarem. Isso faz com que elas usem de métodos exagerados para conseguirem se enquadrar nos padrões de perfeição. Como consequência dessa medida desenfreada, seguem vários problemas que colocam em risco a própria vida do indivíduo. Um dos problemas mais comuns que surgiram dessa busca foram os distúrbios alimentares, caracterizados por alterações doentias do comportamento em relação à alimentação. Eles afetam primariamente os jovens, sendo 90% do sexo feminino e se dão principalmente em duas formas: a bulimia e a anorexia. A anorexia se configura quando a pessoa para de comer aos poucos, até o ponto de não ingerir mais nada. Já na bulimia, a pessoa come, mas força o vômito em seguida para colocar o alimento pra fora, na convicção de que não vai engordar. A modelo brasileira Ana Carolina Reston, faleceu em 2006 devido a complicações causadas por uma anorexia nervosa, aumentando o número de vítimas por distúrbios alimentares.

Outra consequência drástica é o uso de anabolizantes. Os esteroides anabolizantes são drogas relacionadas ao hormônio masculino “testosterona”. Além do uso médico, eles têm a propriedade de aumentar os músculos e, por esse motivo, são muito procurados por atletas ou pessoas que querem melhorar o desempenho esportivo, a aparência física e a força muscular. No Brasil, aproximadamente 0,3% da população entre 12 e 65 anos já fez uso de anabolizantes pelo menos uma vez na vida. Alguns usuários chegam a utilizar produtos veterinários à base de esteroides, sobre os quais não se tem nenhuma ideia dos riscos causados em humanos. Vale ressaltar que essa necessidade de ajuste a certos rótulos de beleza acaba gerando graves consequências psicológicas. A insatisfação em relação ao corpo e à aparência física e os próprios transtornos alimentares, contribuem para níveis mais elevados de depressão. Além disso, quando o indivíduo passa a buscar uma estética perfeccionista baseada em padrões ditados pela contemporaneidade, deixa de ser ético para consigo mesmo. A meu ver, mudar toda uma concepção de beleza contemporânea está completamente fora de questão, afinal o que precisa ser moldado é a cabeça das pessoas em relação a isso. A diversidade é uma característica essencial do mundo desde seus primórdios e hoje, mais do que nunca, deve ser valorizada. Entretanto, para aqueles que queiram emagrecer ou sobressaltar os músculos, há uma série de métodos saudáveis para fazê-lo, basta colocar em primeiro lugar os próprios valores, ao invés de dar uma importância exacerbada às opiniões generalizadas. Olhando por este ângulo, fica bastante simples resolver questões de grande peso social, basta entender que os “pontos-chave” para a solução estão, na maioria das vezes, dentro do valor ético de cada um. C

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CACoS realiza II Semana da Comunicação Ananda Dinato

Gabriel Rodrigues e Paula Nascimento

Com o tema “Além do que se vê: Mídia e Sociedade”, a II Semana da Comunicação na UFU, organizada pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social “Francklin Tannús” (CACoS), aconteceu entre 12 e 14 de dezembro de 2012. O evento abrangeu três temáticas principais: democratização da comunicação, qualidade de formação do comunicador e combate às opressões. Raissa Dantas, diretorageral do CACoS, afirma que os eixos foram escolhidos “para legitimar toda a construção do centro acadêmico durante o ano”. A programação contou com a realização de debates, atividades culturais, minicurso e apresentação de trabalhos. Houve ainda a realização de oficinas, como a de fanzine, ministrada por Carlos Gabriel Ferreira, aluno do 4º período de Jornalismo e membro do CACoS. A mesa de abertura teve como tema: “Caminhando de mãos da-

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terior, ela aponta que a maior diferença foi quanto ao conteúdo, pois este propôs uma maior reflexão crítica. A Semana contou com a participação de 97 pessoas, entre professores, alunos de Jornalismo e de outros cursos, como Érica Chamorro, do 4º período de Direito. Ela decidiu participar do evento devido à temática, pois acredita que os assuntos tratados conscientizam o público das relações de poder na mídia. Para saber mais sobre como foi a programação da II Semana da Codas: a ENECOS e os estudantes de municação, acesse a cobertura comunicação”. No segundo dia, o completa do evento no blog: principal evento foi a mesa-redonda http://cacosufu.blogspot.com.br/ C “A luta em defesa da qualidade de ensino da Comunicação Social” e, como encerramento, ocorreu a disAmanda Silva e Lorena Martins cussão “Democracia não se dita, maldita seja se dura: por que democratizar a mídia?”. Ana Spannenberg, professora do curso de Jornalismo e palestrante no evento, conta que espaços como a semana acadêmica são importantes, pois contribuem para o desenvolvimento crítico de seus participantes, permitem a integração entre as turmas e, principalmente, trazem à tona debates acerca de questões significativas para a formação do estudante de Comunicação Social. Aluna do 6º período de Jornalismo, Ana Gabriela Faria acredita que os temas debatidos na Semana são necessários para a formação profissional e pessoal do comunicador. Comparando com a edição an-


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FACED oferece Mestrado Profissional Interdisciplinar Giovana Silveira e Leidiane Campos de Comunicação e Educação. O professor Guilherme Saramago afirma que sua linha de pesquisa tem como objetivo principal “o desenvolvimento de propostas, produtos, estudos e pesquisas interdisciplinares que dizem respeito à interface entre mídias, educação e comunicação e suas relações com as tecnologias”. Ele completa que “será uma excelente oportunidade para que os alunos de diferentes cursos ligados à Educação possam aprofundar seus estudos e ampliar a oportunidade de acesso ao trabalho”. O jornalista de formação e professor em cursos de Comunicação Social, Flávio Soares, concorre a uma vaga na linha de pesquisa de “Mídias, comunicação e educação”. Para ele, essa escolha aliará a sua atuação profissional a uma pesquisa mais aprofundada sobre o as-

sunto. Além disso, Flávio acredita que fazer um mestrado na UFU seria uma grande oportunidade, pois a universidade é “uma referência, no sentido de ciência, pesquisa e extensão”. O processo seletivo para os ingressantes foi dividido em três momentos: apresentação do plano de trabalho, prova escrita e avaliação do currículo. As inscrições foram realizadas entre os dias 7 e 11 de janeiro. No total foram deferidas 115 inscrições, sendo 36 para “Tecnologias e interfaces da comunicação” e 79 para “Mídias, comunicação e educação”. A prova escrita foi aplicada no dia 18 de fevereiro e a avaliação dos currículos será feita de 4 a 6 de março. O resultado final será divulgado no dia 8 de março e as aulas começarão neste mesmo mês. C Giovana Silveira

A Faculdade de Educação da UFU iniciará em 2013 o mestrado profissional "Tecnologias, Comunicação e Educação". O curso terá a tecnologia como eixo central em interface com as áreas da comunicação e da educação, buscando gerar conhecimentos interdisciplinares. Esse programa é destinado, principalmente, para pessoas que já estão atuando no mercado de trabalho. A coordenadora do curso, Adriana Omena, ressalta que, apesar de poder ter formação em qualquer área, o interessado precisa ter experiência em comunicação, educação ou tecnologia para tentar o mestrado. A pós-graduação está dividida em duas linhas de pesquisa: “Tecnologias e interfaces da comunicação”, coordenada por Ana Cristina Spannenberg e “Mídias, comunicação e educação”, sob a coordenação de Guilherme Saramago. Spannenberg, a respeito de sua linha, esclarece que este segmento analisará a comunicação como processo problematizado; o jornalismo especializado; os processos comunicativos e suas relações com a tecnologia; as comunicações públicas, institucionais e dirigidas. Segundo ela, “o que vai dar a cara da linha são os projetos que vão entrar a partir desta primeira seleção”. A docente idealiza como potencial de seu campo de pesquisa a especialização e capacitação do profissional, para que ele possa transitar de modo crítico nas áreas

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Pesquisadores buscam oportunidades para mulheres Ananda Dinato

Ananda Dinato e Lara Lacerda

Criado em 2009, em parceria com a ONG Ação Moradia, o Grupo de EtnoMatemática e Leitura (GML) vinculado ao Grupo de Pesquisa em Educação e Culturas Populares (GPECPOP) da FACED, busca inserir mulheres do bairro Morumbi no

mundo digital, incentivar o reconhecimento de seu trabalho e prepará-las para a vida profissional. O GML é coordenado pelo professor Benerval Santos e conta com a participação dos bolsistas Milena Abadia, Cinara Peixoto e Lucas Santana (alunos, respectivamente, dos cursos de Geografia, Matemática e História) e de dois professores da rede pública de ensino de Uberlândia, Ronicley Eduardo e Iraídes Reinaldo. A pesquisa foi dividida em três etapas: “De onde vim?”, “Onde vivo?” e “O que faço?”. Na primeira, as participantes tiveram acesso, por meio da internet, a informações de suas cidades de origem, como músicas e fotografias, uma vez que a maioria das integrantes do grupo é migrante. Também foi feito um trabalho de alfabetização com

algumas delas que não sabiam ler nem escrever. Na segunda etapa, a pesquisa foi sobre Uberlândia e um passeio foi realizado para que as mulheres pudessem conhecer os locais pesquisados pela internet. Em seguida, um livro foi editado com textos escritos por elas. Segundo Benerval, o livro foi importante para que elas se vejam como produtoras de cultura. Em 2013 começa a última etapa da pesquisa. Os estudos se voltam para o trabalho que cada uma exerce na ONG, como artesanato, salão de beleza ou olaria. De acordo com Cléia e Patrícia, fabricantes de tijolos, isso será importante para conhecer pessoas e técnicas de outras indústrias, além da possibilidade de entrar para o mercado de trabalho formal. C

Projeto viabiliza inclusão digital para idosos e docentes Giovana Matusita e Guilherme Fragosso O PET Conexões de Saberes, em parceria com a FACED/UFU, iniciou um programa de Introdução à Informática no dia 19 de fevereiro. O curso terá duração de três meses, com carga horária de duas horas semanais e será ministrado por petianos no telecentro, no bloco 3Q do campus Santa Mônica. São 30 vagas ofertadas, sendo 20 destinadas às pessoas da terceira idade, divididas em duas turmas com aulas no período matutino, e dez para professores da rede municipal e estadual de ensino, no período noturno. De acordo com a estudante

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de Jornalismo e integrante do PET, Diélen Borges, os públicos-alvo foram escolhidos devido à grande demanda e pelo interesse que possuem em aprender noções de informática. Um dos alunos do projeto, Wilson Bernardes da Silva, tem 62 anos e é aposentado. Ele diz que se inscreveu porque tem planos de abrir uma empresa e, para isso, precisa se atualizar. “Até o ano 2000, não era comum o uso da informática, mas hoje até mesmo um pequeno comércio necessita dela”, explica. Outra aluna do curso, da turma noturna, é Evoneide Costa, professora

de geografia há oito anos no sistema prisional na área rural de Uberlândia. Ela cita que a comunicação com seus alunos está ficando limitada, devido à falta de conhecimento básico com meios tecnológicos. Costa afirma ainda que os detentos possuem vontade de se atualizar e estudar, o que intensifica o seu desejo de aprender os comandos de internet. Adriana Omena, tutora do PET e professora do curso de Jornalismo, destaca que, além da inclusão digital, este projeto também viabiliza a abertura do telecentro para a comunidade. C


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PET Conexões cria boletim para instituição comunitária José Elias Mendes e Maysa Vilela O “TransformAção” é um informativo bimestral desenvolvido pelo PET dos cursos de Jornalismo, Pedagogia e licenciaturas da UFU em parceria com a Associação Comunidade Nova Criatura. A ONG tem como meta a prevenção, recuperação e reinserção social de dependentes químicos, bem como apoio às famílias. Para criação do periódico, os petianos visitaram as instalações da associação e propuseram um projeto gráfico e editorial. O resultado foi um informativo de quatro páginas. No primeiro número há textos sobre

a fundação da Comunidade, matérias explicativas sobre drogas, além de relatos de dependentes em recuperação. Esta edição foi impressa em novembro de 2012 com uma tiragem de 5000 exemplares. Segundo José Lizomar da Silva, fundador e coordenador voluntário da Associação, transmitir informações sobre a instituição para conscientizar a sociedade em relação à dependência química foi um dos objetivos. Ele também considera que o informativo trouxe credibilidade para a entidade, que expandiu notavelmente após sua distribuição.

Cintia Sousa, estudante de Jornalismo e integrante do projeto, acredita que a experiência influenciou positivamente, tanto no âmbito pessoal quanto profissional. “Me fez refletir sobre a vida, além de agregar conhecimentos jornalísticos como diagramação e produção de pautas e matérias”, conta. A tutora do PET, Adriana Omena, considera importante a relação dos alunos com a comunidade externa, pois “quando eles têm esse contato com a comunicação comunitária, vão para o mercado de trabalho com outro olhar”, diz. C

Voluntários promovem inserção social O Projeto Ledores, promovido pelo Centro de Ensino, Pesquisa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE) em parceria com a FACED, auxilia alunos cegos ou com deficiência visual da UFU. A iniciativa consiste em voluntários que fazem leitura, gravação e digitação dos materiais desejados pelos alunos. Maria Ramos, secretária do CEPAE e atual coordenadora do projeto, conta que começou voluntariamente ao se deparar com os estudantes cegos no setor de atendimento ao aluno. Quando o Centro foi fundado, em 2004, a iniciativa foi oficializada. Segundo Lázara da Silva, coordenadora do CEPAE, em comparação à impressão em braile, a gravação e o armazenamento são recursos de baixo custo. “Um texto que tem em média 20 páginas, impresso em braile passa a

Flahana Pfeifer

Flahana Pfeifer e Thatiana Angeli

ter cerca de 80, gastando muito material, além de apagarem-se com facilidade”, explica. Daniele Cruz, portadora de deficiência visual e aluna do oitavo período do curso de Letras, conta que “o projeto é muito bom, pois a partir dele e dos áudios, obtenho ajuda nos trabalhos da faculdade”. O servidor da UFU, Luiz Bertolucci, atuou como ledor e afirma

que “a experiência foi excelente, pois o projeto ensina muito, principalmente a ajustar a leitura às necessidades das pessoas”. O projeto permite a participação voluntária de quem tenha interesse em atuar como ledor. Para se inscrever, acesse www.cepae.faced.ufu.br, preencha a ficha cadastral e aguarde contato do CEPAE. C

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Professor desenvolve glossário de Educomunicação Aline Salmin e Anna Vitória Rocha Um Glossário Terminológico Digital da Educomunicação (GTDE) encontra-se em processo de desenvolvimento na Faculdade de Educação da UFU. O responsável pelo projeto é o professor do curso de Jornalismo, Marcelo Marques. Com previsão para conclusão em 2014, o glossário tem por objetivo formalizar conceitos da área, vindo de encontro às necessidades dos estudiosos e profissionais. Educomunicação é o termo utilizado para designar o campo de intersecção entre as esferas de estudo da Comunicação e da Educação. Adriana Omena, também professora do curso, coordena o PET Conexões de Saberes que desenvolve pesquisas na área. Ela conta que o campo é jovem, com cerca de 30 anos, e carece de trabalhos específicos que contemplem suas terminologias. “Ainda não é consensual. O que nós chamamos

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de Educomunicação na área da Comunicação é chamado de Mídia e Educação no âmbito da Educação, e nós estamos falando basicamente da mesma coisa”, explica. Segundo Marques, o GTDE é um produto que registra termos, conceitos e práticas deste campo de investigação, e que vem servir a três propósitos: consulta para estudantes, pesquisadores e demais pessoas interessadas na área; registro numa mesma obra de alguns dos principais conceitos e; contribuição com a história e a memória desse recente campo de estudo. O método de trabalho do pesquisador tem como base uma análise comparativa entre dicionários especializados e a forma como essas denominações são adotadas na prática, em redações e agências de publicidade. Segundo Marcelo, “espera-se que a construção e publicação do Glossá-

rio venha a impactar diretamente o meio acadêmico”. Felipe Saldanha, estudante de Jornalismo, é um dos bolsistas do projeto. Sua colaboração está ligada ao seu trabalho de conclusão de curso, que visa acompanhar os estudos que o Departamento de Comunicação e Artes da USP desenvolve neste campo de pesquisa. Felipe tem se debruçado no estudo dos conceitos de “educomunicação” e “ecossistema comunicativo”. A criação de um software também é parte da proposta do trabalho do professor. É a partir dele que será feita uma interação do projeto às novas mídias de comunicação, no sentido de facilitar a pesquisa e aprofundamento do campo de estudos. Ao fim da pesquisa, o Glossário poderá ser acessado em: www.educom.faced.ufu.br C


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D.A. da Pedagogia tem nova diretoria A nova gestão do diretório acadêmico do curso de Pedagogia da UFU, eleita no fim de 2012, se movimenta pleiteando melhorias extraclasse. O grupo, que é composto pelos membros da chapa “Emancipa”, permanece no cargo até o fim deste ano, tentando manter uma agenda de trabalhos efetiva. A estudante Dandara Tonantzin, integrante da equipe atual, enumera algumas das propostas: estreitamento dos laços com os alunos do curso; uma gestão plural e participativa que represente, de fato, os discentes; criação de minicursos sobre assuntos trabalhados pelos professores em sala de aula, como foi sugerido já durante o processo eleitoral; além da arrecadação de alimentos para entidades carentes.

Victor Albergaria

Felipe Flores e Victor Albergaria

Dentre os anseios da nova diretoria está, ainda, a obtenção de melhor acesso aos equipamentos do Laboratório de Pedagogia (LAPED). Ilana Nunes, diretora-geral da entidade, menciona que o laboratório conta com 17 netbooks, de uso exclusivo para as aulas. “A biblioteca está sempre cheia e um computador aqui (na sala do D.A.) é insuficiente para o

número de alunas”, afirma. Elenita Pinheiro, coordenadora do espaço, conta que os equipamentos são para uso exclusivo das disciplinas que desenvolvem atividades agendadas no local. Ela diz que “a natureza e os objetivos do LAPED são diferentes das ilhas digitais e dos laboratórios de informática instalados na UFU”. C

Primeira turma de Jornalismo conclui curso Leonardo Hamawaki e Lucas Manaf O curso de Comunicação Social turado e está exigindo do aluno alda UFU passou a ser oferecido no gum diferencial. Para ele, não basta ano de 2009. Dos 40 alunos que nele ingressaram, 24 estão aptos a receber o diploma e graduarem-se jornalistas ao fim deste semestre. Paula Arantes é uma dessas estudantes e afirma que ao entrar para o curso possuía determinadas visões que se alteraram durante a graduação. “Hoje, o que eu continuo achando incrível é a capacidade do jornalista de contar histórias e ajudar a sociedade em diferentes situações”, completa. Segundo o professor Gerson de Sousa, o campo de trabalho está sa-

ser um executor de matérias, é preciso ter conhecimento crítico da realidade social. Ele conta ainda que uma empresa da área de comunicação de Uberlândia dá preferência para os alunos da UFU, pois considera que estes estão mais qualificados. Já existem estudantes efetivados em empresas da cidade, como Natalia Faria, que explica que apesar das aulas práticas, há muita diferença na transição para o ambiente de trabalho. “Tem a questão de, no mercado, ser exigida certa postura e bom relacionamento com o pessoal", afirma. C

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Alunos produzem web rádio experimental Priscila Diniz

Laís Farago – Nayane Dominique – Priscila Diniz

A Rádio(In) é uma emissora virtual nascida de um projeto de extensão criado pela professora do curso de Jornalismo, Sandra Garcia, e desenvolvido pelos alunos. A grade conta com trabalhos dos estudantes do curso, além de programas idealizados pelos mesmos. Sandra diz que a proposta inicial

foi operar um software livre em conjunto com o coletivo Fora do Eixo Uberlândia, uma rede de trabalhos culturais. No início de 2011, a docente promovia encontros semanais reunindo os voluntários interessados em montar a rádio. Renato Faria, atual bolsista do projeto, afirma que “o processo entre

a criação da rádio e o início da transmissão foi demorado e burocrático, pois foi preciso a criação de um site para a veiculação do material”. Ele acrescenta que a experiência na produção de programas da Rádio(In) contribui com sua formação, dando oportunidade de realizar artigos para apresentar em congressos. “O projeto é um mecanismo de aprendizagem para os alunos, pois há oportunidade de operar os equipamentos e conhecer o ambiente de trabalho de uma rádio”, afirma Marcelo Melazzo, técnico de áudio que ajuda na produção e edição da programação. Sandra acredita que a rádio ainda precisa de uma estrutura com sala própria e mais alunos para dar sequência ao projeto. Quaisquer interessados podem contribuir na produção. Acesse: www.radioinufu.com C

Professores da FACED buscam aperfeiçoamento Aline Guerra e Francine Naves Para os que concluíram o doutorado e desejam aprimorar o nível de excelência na sua área de pesquisa, o pós-doutorado é uma opção, sendo o mais alto patamar de graduação que um acadêmico pode chegar. Desde 2007, 15 docentes da FACED buscaram essa especialização. O diretor da faculdade, Marcelo Soares, diz que o pós-doutorado é importante também para a universidade, pois demonstra um aumento na capacitação e qualificação do quadro docente. Além disso, ele afirma que o processo abre oportunida-

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des para interlocuções de pesquisa em parceria com outras universidades e também representa um amadurecimento da faculdade. Sônia dos Santos, docente que concluiu seu pós-doutorado em 2012, afirma que a decisão para realizá-lo foi pessoal. Ela teve como principal objetivo criar mais projetos e oportunidades de interagir com outras instituições, em seu caso, principalmente a UFMG, onde realizou seu trabalho. O professor Bosco de Lima, que também terminou seu pós-doutorado

no segundo semestre de 2012, relata que a experiência foi positiva e enriquecedora. Para ele, aqueles que pretendem fazê-lo devem se afastar integralmente das outras obrigações. “Este é requisito essencial para a realização de um trabalho qualificado”, garante. Nos últimos dois anos a procura pelo pós-doutoramento na FACED aumentou. Segundo o diretor Marcelo Soares, a faculdade e a universidade tentarão compatibilizar essa demanda com as necessidades do campo do ensino e extensão existentes. C


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Registrando Vozes O professor do curso de Jornalismo, Newton Dângelo, acaba de lançar seu terceiro livro, “Vozes da Cidade”, que documenta a história da radiofonia em Uberlândia. Com pesquisas aprofundadas, que expõem a sociabilidade uberlandense na ótica da radiodifusão, o leitor é situado na era do rádio. A preservação e divulgação da memória radiofônica regional valorizam personagens conhecidos e anônimos que participaram deste universo de entretenimento, diversidade cultural e formação de uma pluralidade de comportamentos, valores e hábitos urbanos na cidade até os anos 1960. Em entrevista, o historiador conta como foi o desenvolvimento do projeto, bem como sua visão sobre os processos da comunicação em nossa sociedade. Educomunica: O que motivou a escrita do livro? Newton Dângelo: A ideia do projeto foi divulgar e comemorar os 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil, ocorrida em 1922. O livro é resultado de minha pesquisa de doutorado, defendida em 2001, na PUC-SP. Realizei um levantamento sobre as fontes referentes à história do rádio em Uberlândia durante três anos junto ao Arquivo Público Municipal, ao CDHIS (Centro de Documentação e Pesquisa em História) da UFU, depoimentos pessoais de ex-locutores e artistas radiofônicos, entre 1920 e 1960. O que o leitor poderá encontrar neste livro?

O destaque do livro é a trajetória da instalação das rádios Difusora e Educadora e também das rádios Cultura, Bela Vista, Cultural e Educacional, até o final da década de 1960 e de sua programação musical, jornalística, auditórios, jingles e radionovelas. Sobretudo, exponho depoimentos dos personagens (ouvintes das classes populares, músicos, locutores) que participaram desta construção e que ainda não tinham sido devidamente registrados pelo universo acadêmico. Como não foi possível o acesso a gravações da época, só aos discos musicais e de jingles, por se tratarem de produções ao vivo e muitas vezes improvisadas, as referências foram extraídas de fontes secundárias - jornais e revistas e desses depoimentos da chamada "Era do Rádio" em Uberlândia. Como se deu o processo da escolha da capa? A foto de capa nos traz da forma mais clara a expressão “Vozes da cidade”, pois mostra a cantora Ester de Abreu se apresentando na atual Praça Tubal Vilela, na década de 30, quando foi transmitido pela Rádio Difusora. Como historiador, qual a importância do rádio e dos meios de comunicação de massa para a formação da sociedade atual em Uberlândia e no Brasil, e a transformação do caráter rural em urbano? Não diria importância, mas sim a relação que se desenvolveu entre os uberlandenses a partir da evolu-

Marina Colli

Maria Emília Duarte e Marina Colli

ção do rádio, que instalou novas linguagens e participou da evolução urbana, e as chamadas plateias tiveram acesso a essa produção. Os segmentos geralmente excluídos da sociedade, pobres, negros e mulheres, tiveram por meio do rádio um espaço importante de atuação como sujeitos sociais na cidade, devido aos modelos de programas de auditório. Também pelas músicas populares tocadas, o rádio foi um espaço de pertencimento, de identificação que a imprensa letrada não conseguiu produzir. C

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A experimentação do Visagem Divulgação

Gabriela Guimarães

A docente Sandra Garcia lançou, em 2012, o livro "Visagem – Espanto na Rádio paraense", que traz em suas páginas a história e a análise de um programa radiofônico experimental. Visagem, o nome do programa, se renovava em seu formato e sempre trazia espaço para manifestações artísticas e culturais de cunho alternativo e regional. Fruto da transformação de sua tese de doutorado, a sugestão para torná-la livro foi feita durante sua defesa no programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC de São Paulo. Em entrevista ao Educomunica, a professora do curso de Jornalismo conta um pouco mais sobre este trabalho: Educomunica: Como você descobriu o programa Visagem? Sandra Garcia: Havia as propagan-

das do programa na rádio Cultura FM, mas nunca dizia muito. Eu ficava curiosa para saber como era. Um dia estava na casa de uma amiga e decidimos ouvir. Achei o programa realmente diferente. Havia poesias, músicas alternativas. Passei a ouvir mais e decidi testar, transformei o tema em artigo para apresentar no INTERCOM de 2008. O que foi o Visagem? Foi um programa experimental, pois cada edição era diferente da outra. O programa era semanal e temático. Ficou no ar durante sete anos, nesse período ele conseguiu reunir ouvintes. Guaraci, o idealizador do programa, não trabalhava sozinho e conseguiu reunir uma boa equipe. Mesmo com o fim do programa, todas as edições podem ser ouvidas no www.portalcultura.com.br. No começo do livro você cita alguns autores. A rádio comprova algum desses estudos apresentados? Como? Sim, comprovam. Porque esses autores que eu levo falam que a linguagem do rádio é muito mais do que a simples fala do locutor. Ela vai além, porque trabalha com efeitos sonoros, música e silêncio. O Visagem trazia um pouco de tudo. Trabalhava com efeitos sonoros, quando ele contava uma história não era apenas o apresentador falando, existia um som que remetia o ouvinte a vivenciar aquilo como se estivesse fazendo parte da história. Os efeitos sonoros ajudam na imaginação do interlocutor. Os autores trazem muito

da característica do rádio e o Visagem tem muito disso. A rádio tinha audiência? O programa conseguiu espaço mesmo diante do padrão das grandes rádios ou as pessoas continuam ouvindo apenas o que é vinculado por esses veículos? O programa era realizado em uma rádio com boa audiência em Belém, como é a Rádio Cultura FM do Pará, que trabalhava com músicas e assuntos típicos da região. O Visagem acabou herdando esses ouvintes. A rádio pública tem essa função de contrapor as rádios que trabalham com o lucro e dão importância somente àquilo que faz sucesso. O Visagem estava na rádio certa. Apesar de ir ao ar em um horário “pobre” para o rádio, que era o horário das novelas, quem estava sintonizado eram aqueles interessados pelo produto fornecido por ela. Por isso gosto de chamar de programa cult, quem sintonizava gostava e constatava a qualidade daquilo. O programa mostrava que havia possibilidades e novidades sonoras. A proposta do programa não era a grande audiência, mas sim colocar ao ar uma novidade. Conquistando um ouvinte ou outro o papel do programa já estaria feito. C

EXPEDIENTE O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação da Profª. Drª. Mônica Rodrigues Nunes. Reitor: Prof. Dr. Elmiro Santos Resende. Diretor da FACED: Prof. Dr. Marcelo Soares Pereira. Coordenador do Curso: Prof. Dr. Gerson de Sousa. Editores-chefes: José Elias Mendes, Maria Emília Vilela e Victor Albergaria. Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Tiragem: 1 00 exemplares. Impressão: Agência de 1Duarte, 2 Maysa Notícias – Jornalismo/UFU.


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