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EDUCOMUNICA

Ano II – nº 2 - novembro, 2010

A precarização do trabalho do professor é uma das principais causas da baixa qualidade do ensino no Brasil, que é demonstrada por meio das notas do IDEB. A sobrecarga, os baixos salários e a falta de condições de exercer a docência são reflexo do descaso pela educação no país. Diferentes segmentos têm se manifestado a favor de uma nova política para promover maior envolvimento da sociedade. O EDUCOMUNICA conversou com a coordenadora de pesquisa, Maria Vieira Silva, e entrevistou diretora de escola, professores do ensino público e sindicalista sobre o assunto. Páginas 6 e 7

Alfabetização possibilita concretização de sonhos

André Victor Moura

Professor brasileiro está entre os mais desvalorizados do mundo

Professor em aula na escola Amador Naves, menor nota no IDEB em Uberlândia

Angélica Guimarães

Projeto contribui para desenvolver jornalismo científico O “Ciência/UFU – A Agência de Notícias e a web rádio do curso de Jornalismo/UFU a serviço da Difusão e Popularização” objetiva disseminar, por meio da mídia, as descobertas e os experimentos científicos produzidos no âmbito da UFU. “A forma mais fácil de mostrar às pessoas que a ciência faz parte de nossas vidas é utilizar meios como rádio, televisão, internet, jornais e revistas para divulgá-la”, afirma a coordenadora Adriana Omena. Página 3

Olimpíada UFU estimula Grupo de Estudos auxilia crianças em escolas de UDI construção cidadã

“A educação de jovens e adultos em espaço não escolares”, desenvolvido pela Faculdade da Educação (FACED), conta com a participação de graduandos do curso de Pedagogia da UFU. O objetivo é possibilitar o retorno aos estudos e a realização de sonhos de pessoas com problemas psicossociais. Página 10

Projeto audiovisual une saberes popular e acadêmico Página 4

Laboratório Pedagógico aprimora processo de aprendizagem

Ensino à distância pretende formar novos professores Página 8 Nayla Gomes

Sônia Maria coordena projeto junto a FACED há mais de cinco anos

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Com base na Psicopedagogia Escolar, Grupo de Estudos e Pesquisas da Faculdade de Educação (FACED) desenvolve atividades para auxiliar crianças de escolas públicas com dificuldade de aprendizagem. Dez escolas de Uberlândia são atendidas pelo Grupo. Página 5

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ENTREVISTA

Roberto da Cruz, assistente administrativo na FACED Página 12

Material didático: importante diferencial


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Editorial É fato que a educação no Brasil passa por um momento decisivo. O país cresce a níveis elevados e o ensino público permanece precarizado. Em todas as pesquisas internacionais nosso país ocupa as últimas posições na qualidade de ensino. Aprimorar a qualidade do processo educativo (ensino e aprendizado) precisa ser encarado como meta fundamental para reverter a atual situação no país. A valorização e o incentivo para o aperfeiçoamento dos professores são um passo indispensável. Esta temática tem sido recorrente nos projetos de pesquisa e extensão na Faculdade de Educação (FACED) da UFU. Além disso, algumas experiências, como o Laboratório Pedagógico, proporcionam a docentes, discentes e profissionais da educação da cidade e região, a oportunidade de desenvolver reflexões e aprimorar as práticas educacionais. O compromisso com a educação por parte de todas as esferas sociais e governamentais é o único caminho para que se possa ver uma “luz no fim do túnel”. Resta-nos desejar que, embora não tenhamos visto compromisso com a educação nas propagandas eleitorais deste ano, haja mobilização do país em torno do problema para pressionar uma solução. A realização deste jornal se deu com a participação dos alunos junto aos técnicos e professores do curso, reforçando os processos de integração e de construção de saberes. Fomos ouvidos e tivemos nossos posicionamentos evidenciados. Desde a capa à última página do jornal há um dedinho dos alunos. Não apenas produzimos as reportagens, mas discutimos toda a diagramação do jornal, cada detalhe. Somos estudantes de jornalismo porque queremos não apenas difundir acontecimentos, mas construir um mundo mais justo, e permitir que as pessoas reflitam a partir do momento histórico no qual estão inseridas. A construção jornalística, com essa característica, contribui para ressignificar a história dos vencidos e dos vencedores na tentativa de amenizar as disparidades sociais.

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Crônica

Oferta “Um homem metódico é um homem feliz”. Meu pai não foi um cara brilhante, mas aprendi com ele a filosofia simplista da objetividade: se você vai a um supermercado, por exemplo, porque acabou o molho de tomate no meio de uma receita, não faz sentido sair de lá com um jogo de lençol king size só porque aquele desnecessário conjunto estampado estava em promoção. De qualquer maneira, minha lasanha inacabada me espera pacientemente a alguns quarteirões de distância. Passando por entre as prateleiras de macarrão instantâneo, refrigerantes e produtos de limpeza, seguindo em direção aos enlatados – atum, sopa de frango, milho verde e, claro, meu extrato de tomate –, presto mais atenção no comportamento dos meus colegas de compra do que nos cartazes vibrantes de oferta (NA COMPRA DE 5 UNIDADES, LEVE 6! EU DISSE 6!). Um senhor para, obediente, em frente a uma liquidação em massa de bolachas de chocolate, abre sua carteira e conta suas notas de cinquenta e vinte reais, sua aposentadoria provavelmente, e lança um olhar matemático às suas mercadorias. Sabe, me pergunto que diabos aquele velho humildemente vestido procurava em tanta bolacha. Afinal, ele realmente parecia feliz quando colocou uma caixa do tamanho de um satélite dentro do carrinho de compras. E, acreditem, essas felicidades de minuto são o que move a economia de um supermercado. Não sei o que se passa na cabeça daquele vovô, mas a sugestão das propagandas e anúncios surtiu o efeito desejado sem qualquer dificuldade: seus netos passarão

Rinaldo Augusto

bastante tempo se lambuzando com gordura trans, felizes e sorridentes. Do outro lado do corredor, enquanto isso, – a poucas prateleiras do meu molho – a promessa de cabelos lisos feita por uma famosa linha de condicionadores faz os olhos de uma garota (quinze anos, no máximo?) brilharem. É sempre chato julgar a geração mais nova, típico discurso do velho das bolachas, mas talvez, no final das contas, uma educação de qualidade pudesse também ensinar as crianças a não serem tão idiotas dentro de um supermercado, com um mínimo de senso crítico – uma desgastada expressão usada pelos semi-intelectuais acadêmicos. Mas a questão vai além disso, e esqueço da fome e da lasanha pensando que, talvez, o que realmente importa para cada um daqueles compradores não é a realização dos desejos pessoais, nem a conquista da felicidade, e sim, o simples fato de querer. Muitos ali desejam o carro do ano, a garota mais linda e popular, a maior carreira de cocaína, quem sabe fama televisiva ou o orgasmo perfeito. No entanto, a satisfação ao alcançar esses objetivos rapidamente se torna um problema, se apaga e desaparece. A felicidade é terrivelmente fugaz. O modelo do ano é superado, a esposa envelhece e desencanta, a droga vicia, o status corrompe e o sexo vira produto. E, mais uma vez, a vontade de desejar move e inspira as mentes humanas, uma fábrica de expectativas. Olho pro relógio e deixo de lado essas divagações, jogando uma única lata vermelha em cima do banco traseiro do carro. Nada mais, nada menos. Afinal um homem metódico é um homem feliz. C

EXPEDIENTE O jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jor nalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Sousa. Planejamento Gráfico e Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Bolsista: Elisa Chueiri. Coordenadora do curso de Comunicação Social: Profa. Dra. Adriana Cristina Omena dos Santos. Diretora da FACED: Profa. Dra. Mara Rúbia Alves Marques. Tiragem: 250 exemplares. Impressão: Agência de Notícias - Jornalismo/UFU

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FACED cria projeto para disseminar conhecimentos O desafio será romper com simplificações jornalísticas dos resultados científicos

Sabrina Tomaz

O projeto “Ciência/UFU – A agência de notícias e a web rádio do curso de Jornalismo/UFU a serviço da Difusão e Popularização” pretende veicular as descobertas e resultados científicos dos diversos campi da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com o seguinte desafio: informar, com objetividade, a população sem simplificar o trabalho produzido pelos pesquisadores. Pela prática do jornalismo científico, o projeto promove a democratização do acesso ao conhecimento no campo da ciência e da tecnologia para a sociedade. O projeto conta com a criação da web rádio “Ciência/UFU no Ar”, do jornal impresso “Ciência/UFU”, e ainda de programetes intitulados “Isso é a UFU”. Esses serão transmitidos diariamente nos intervalos da rádio e TV ligadas à Fundação Rádio e Televisão Educativa. Para fornecer uma remessa diária de notí-

Omena: "a ciência não é algo distante do cotidiano das pessoas"

Sabrina Tomaz

Ana Beatriz Tuma – Deisiane Cabral – Sabrina Tomaz – Valquíria Amaral

A Agência de Notícias do Jornalismo catalogará as descobertas do projeto

cias destinadas a esses meios, o orçamento do projeto conta com investimento de aproximadamente 130 mil reais. O dinheiro será aplicado no pagamento de bolsas de pesquisa e extensão, na compra de equipamentos e na produção e veiculação dos programas. A iniciativa é de Adriana Omena, coordenadora do curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo, que faz parte da Faculdade de Educação (FACED), e tem a participação de professores e alunos, bolsistas ou voluntários, do curso. “Esse projeto é de extrema importância para que a população perceba que a ciência está em nosso cotidiano e que não é algo distante da nossa realidade”, afirma Omena.

O “Ciência/UFU” é uma forma de prestação de serviços para a população, pois pretende produzir matérias que sejam facilmente assimiladas sem que haja a simplificação dos conhecimentos produzidos pelos cientistas. A professora do curso de Jornalismo, Ana Spannemberg, garante que “fazer jornalismo científico em uma universidade pública é diferente de fazê-lo fora dela, porque nosso compromisso é com a população e não com empresas privadas”. O objetivo do projeto é mobilizar os docentes e discentes da Universidade e os profissionais atuantes na área de Comunicação Social de Uberlândia e região a praticarem o jornalismo científico com maior frequência. C

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‘Mídia e Informação’ ultrapassa muros da UFU Subprojeto da universidade vai proporcionar oficinas de audiovisual a moradores do Morumbi

Rodrigo Mendonça

Karla Mariana – Luíza de Castro – Natália Nascimento – Renato Faria

dos 31 bolsistas designados ao projeto. “O bolsista terá diversas funções técnicas, fazendo com que tudo seja facilitado”, esclarece Rodrigo. Os 23 bolsistas de Uberlândia e os oito de Ituiutaba devem receber a bolsa de R$ 364.00. O cinegrafista acrescenta que a contratação de bolsistas é uma atitude benéfica em todas as vias.

A ação “Mídia e inFORMAÇÃO na comunidade: recursos audiovisuais e linguagens” do projeto Conexões de Saberes da Universidade Federal de Uberlândia vai abranger aulas de audiovisual para o aprendizado em captura de vídeo, iluminação e manuseio de softwares de edição. O objetivo do subprojeto é “sair dos muros da universidade para contribuir com a sociedade”, afirma Mirna Tonus, orientadora da ação. Esse compartilhar proporciona uma integração das sabedorias acadêmicas e populares. “Os estudantes terão condições financeiras de continuar os estudos, 4

irão construir um paralelo entre aquilo que acontece dentro e fora da faculdade.” A ação contará com a participação do cinegrafista do curso de Comunicação Social da UFU, Rodrigo Mendonça de Faria, que lecionará questões relativas ao conteúdo de audiovisual. As aulas devem acontecer por meio de oficinas práticas nos centros de convivência. Rodrigo terá o auxílio de Guilherme Forlani Silva, um

realidade. C

ONG: Ação Moradia - demanda para projetos audiovisuais

Luíza de Castro

Integrantes do subprojeto Mídia e inFORMAÇÃO do Projeto Conexões de Saberes

O subprojeto acontecerá especificamente no Bairro Morumbi, na ONG: Ação Moradia (Rua Canoas, 181). “A escolha por esse bairro foi feita por ser uma comunidade em que existe relativa demanda a esses projetos de audiovisual”, explica Tonus. A pretensão é oferecer a esses moradores a possibilidade de se apropriarem de uma ferramenta para falarem da sua própria


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GEPPE desenvolve projeto em escolas de UDI Crianças com dificuldades de aprendizagem têm auxílio psicopedagógico

O Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Psicopedagogia Escolar (GEPPE) da Faculdade de Educação (FACED) desenvolve projeto para auxiliar crianças de escolas públicas com dificuldade de aprendizagem baseado na Psicopedagogia. Criado em 2009, o GEPPE envolve alunos da iniciação científica do curso de graduação em Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e atende cerca de dez escolas na cidade. A principal função do Grupo é o auxílio psicopedagógico a crianças com dificuldade de aprendizagem. “Os objetivos são contínuos porque eles esperam contribuir para que as crianças com dificuldade possam desenvolver e aprender, e sair da tendência de fracassar na escola”, explica a Profª. Dra. Maria Irene Miranda, uma das coordenadoras do GEPPE. Os resultados do projeto são a longo prazo. “As crianças com di-

Augusto Ikeda

Augusto Ikeda – Bruna Isa – Lucas Martin – Luiz Cézar Cordeiro

Reunião do GEPPE: estratégias conforme a necessidade de cada aluno

ficuldades não aprendem rapidamente, por isso precisam desse atendimento” complementa Miranda. Para alcançar os objetivos, o Grupo desenvolve estratégias individuais, conforme a necessidade de cada aluno. Existem duas etapas do projeto: o local, na UFU, e o de campo, nas escolas. Embora os atendimentos

Saiba mais sobre a Psicopedagogia A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio—família, escola e sociedade—no seu desenvolvimento. A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprias. Fonte: Art. 1° e Art. 2°, Código de Ética da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

aconteçam na Universidade, os futuros pedagogos, que participam do GEPPE, precisam envolver as escolas atendidas. Assim estabelecem uma combinação de fatores entre alunos, escola, família e eles, orientando em como proceder e ajudálos com dificuldades de aprendizagem. O grupo se reúne quinzenalmente na FACED, onde estudam e debatem cada caso. Além do envolvimento dos alunos do curso de pedagogia, professores e coordenadores, os pais são convidados a participar e auxiliar no acompanhamento do filho atendido. Miranda acredita que a disposição destes em acompanhar seus filhos contribui para resultados satisfatórios. C

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Precarização da docência compromete ensino Baixos salários e poucos incentivos aos professores agravam o problema da educação no Brasil

Brunner Macedo

André Víctor Moura – Brunner Macedo – Renata Ferrari – Ronian Carvalho

objetivo de comO investimento nos Estados Unipreender a realidade dos, por exemplo, por aluno é oito veprofissional dos pro- zes maior que o brasileiro e cinco fessores brasileiros. vezes maior em países como Portugal Maria Vieira des- e Espanha. Há, contudo, grande distaca que o Estado é o paridade de condições educacionais responsável por pro- mesmo dentro do Brasil, tanto em rever bens sociais, lação aos níveis de ensino (fundamencomo o acesso à edu- tal, médio e superior), quanto às cação, principalmen- regiões do país. Nas escolas urbanas te pelas camadas do Piauí, por exemplo, o valor médio empobrecidas e histo- do custo-aluno/ano, em 2009, era de ricamente excluídas. apenas R$347, quando o desejável é A massificação desse R$1.799,86, estimado pela “Campaacesso, acrescenta a nha Custo Aluno-Qualidade”, desenMaria Vieira: “é preciso colocar em relevo as vozes dos sujeitos da educação” professora, deve estar volvida pela Campanha Nacional pelo acompanhada da po- Direito à Educação que defende a O Ministério da Educação (MEC) divulgou recentemente uma pesquisa tencialização da qualidade do ensino. equidade do ensino em todo o territósobre o perfil do professor no Brasil “Um dos elementos que evidenciam rio nacional. Vieira considera que a questão do que demonstra uma situação preocu- esse descaso para com a educação são pante. Os salários pagos aos profissio- as precárias condições de trabalho do financiamento, tomada de forma isolada, não irá resolver as agruras da nais do ensino médio estão entre as professor”, afirma. “Com salários precarizados, inevieducação e responsabilizar o Estado sete piores médias do mundo e na educação básica ficam acima apenas dos tavelmente ocorre a diversificação e como provedor das políticas sociais é valores recebidos por professores na In- intensificação de atividades laborais” - essencial. “A expansão das creches e donésia. Na avaliação de Maria Vieira, analisa Maria Vieira - “a sobrecarga da educação básica exemplifica bem o docente do curso de Pedagogia da Uni- de trabalho inviabiliza a participação atual descaso do governo”, explica a professores professora. Nos úlversidade Federal de Uberlândia, o tra- dos nos movimentos balho docente e o campo educacional “É preciso criar uma política timos anos, tem no país sofrem com crônico descaso. sindicais, nos fó- nova de educação que valorize a sido realizada muiVieira coordena uma pesquisa com o runs de democra- qualidade dos processos de en- tas vezes por meio tização da gestão sino-aprendizagem” - Puentes de convênios com e compromete a as organizações socondição do profissional como sujeito ciais sem fins lucrativos, fundações, da educação e seu convívio social”. A institutos, igrejas, e, até mesmo, com pesquisa do MEC aponta que 60% a iniciativa privada. As instituições de 9590 dos professores não utilizam a internet ensino são instaladas em prédios im6962 e a maioria não tem acesso a bens cul- provisados, firmam contratos precáriturais, como visita a museus, teatros, os com os educadores, pagam baixos 1121 exposições, concertos musicais e assi- salários e não fornecem acesso à quanatura de jornais e revistas. lificação profissional. “Embora 15 de Brasil OCDE EUA OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

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condições de trabalho dos educadores, os salários, a formação inicial e permanente são apontadas pelo cubano como os principais pontos que precisam ser melhorados. O professor enfatiza a necessidade de se alterar a imagem que as pessoas têm em relação a esses profissionais e às potencialidades a serem desenvolvidas pela educação no crescimento dos indivíduos e, consequentemente, da sociedade. Joaquim Alves Santos, membro

da diretoria da unidade de Uberlândia do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute), também discorda da atual política dos processos educativos. O sindicalista afirma que está no imaginário da sociedade brasileira, desde a colônia, que a educação não é importante. Santos lembra que as pesquisas de prioridade de políticas públicas, realizadas junto à sociedade, demonstram que o ensino nunca vem em primeiro lugar. C

André Víctor Moura

André Víctor Moura

Notas do IDEB dividem opiniões

André Victor Moura

outubro conste nos calendários como uma data comemorativa ao dia do professor, não temos o que comemorar” conclui a professora. Roberto Valdés Puentes, outro docente da UFU, acredita que a precarização do trabalho do professor é consequência da atual posição ocupada pela educação no Brasil. O professor, que nasceu em Cuba, mora no Brasil há 12 anos e trabalha no programa de PósGraduação em Educação, afirma que o desgaste físico e mental é resultante da demanda para os professores produzirem sempre mais e melhor. Puentes identifica esta característica como típica de uma sociedade capitalista. “A grande quantidade de alunos em uma mesma sala de aula, os salários e as duplas jornadas de trabalho colaboram para a precarização do ensino” afirma.

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Roberto Puentes: “a educação precisa estar no centro das discussões”

André Víctor Moura

“É preciso criar uma política nova de educação que valorize a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem”, explica Puentes. As

Gláucia Muniz: “baixa nota no IDEB se deve a problemas internos”

Leonardo Menezes: “boas condições de trabalho do professor influenciam no ensino”

As notas obtidas pelas escolas no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) se devem às condições de trabalho dos profissionais de educação. Leonardo Donizette de Deus Menezes, professor de matemática da ESEBA-UFU (Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia), defende esse ponto de vista ao mostrar que a instituição obteve na última avaliação feita a maior nota do IDEB (6,4 numa escala de 0 a 10) na cidade de Uberlândia em relação à faixa do 6º ao 9º ano. Na ESEBA, os profissionais de educação recebem todas as condições de trabalho e lhes é permitido realizar formação continuada em exercício. Somado a disso, eles recebem bons materiais, apoio para fazer preparação de aulas e incentivos para participarem de simpósios. Menezes conclui que isso influencia

diretamente na qualidade do ensino e na aprendizagem dos alunos. Gláucia Muniz, atual diretora da Escola Estadual Amador Naves, que obteve a menor nota do IDEB na cidade em relação à faixa do 6º ao 9º ano (2,5), discorda do ponto de vista de Menezes. Ela acredita que a nota não se deve às precárias condições de trabalho do professor na escola em que dirige. A diretora afirma que os inúmeros problemas pelos quais a instituição passou, tais como a ausência de diretor por um período de cerca de 90 dias e o fato de uma aluna ter levado uma arma de fogo para dentro da escola, são os reais motivos da baixa nota. Ao contrário da ESEBA, a capacitação do profissional na escola sofre com a falta de priorização e com frequência o professor não consegue licença para seu aperfeiçoamento.

Joaquim Santos critica sociedade brasileira

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PAD amplia oportunidades para professores Curso de Pedagogia à Distância se diferencia pelo material didático e flexibilização de horário Ana Clara Macedo – Karina Mamede – Mariana Goulart – Nayla Gomes Nayla Gomes

alunos e o material didático produzido pelos professores. O contato entre o educador e o estudante é realizado nos polos para esclarecer as dúvidas dos alunos. Os professores criam mecanismos para levar o conteúdo de forma clara e facilitar o aprendizado para compensar a falta de um contato direto. A flexibilidade dos horários permite a realização das atividades em um tempo escolhido pelos próprios discentes. Esse fato explica a importância de ter maturidade e disciplina para acompanhar o curso. A UFU disponibiliza, atualmente, os cursos de Administração, Educação de Jovens e Adultos e de Pedagogia à distância, prevê a criação de cerca de dez novos cursos para o início do próximo ano e o aumento de mais 10 mil alunos para os próximos cinco anos. O ingresso desses alunos é realizado através de vestibulares, semelhante aos de cursos presenciais. A prática da educação à distância traz benefícios para a sociedade e oferece ensino de qualidade, gratuito e comprometido com a inclusão social. C

Eucídio Pimenta: dificuldades dos alunos diminuem com o tempo

A licenciatura surge do projeto Universidade Aberta no Brasil, elaborado pelo Governo Federal no ano de 2005. Este programa destina-se à formação e qualificação de professores, sem graduação, da educação básica. O curso à distância possui diferenças em relação ao presencial, dentre elas, o material didático e a flexibilidade nos horários de estudo. Os professores de Pedagogia da própria Uni-

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versidade elaboram apostilas, CDs e DVDs, fornecidos gratuitamente para os alunos. Os encontros presenciais realizados durante o curso ocorrem em polos localizados em Uberlândia e em outras quatro cidades da região (leia quadro abaixo). “Esses polos servem de apoio para todos os tipos de atividades”, explica o Prof. Dr. Eucidio Pimenta, coordenador do curso de Pedagogia à Distância da UFU. Os laboratórios possuem de 25 a 30 computadores disponíveis para os alunos e contam com a presença de tutores que realizam a mediação entre os Polos de apoio Araxá Carneirinho Patos de Minas Uberaba Uberlândia

Nayla Gomes

O curso de Pedagogia à Distância (PAD) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), implantado em 2009, pretende aumentar o acesso ao ensino superior àqueles sem condições de frequentar um curso presencial. Os estudantes procuram essa modalidade de ensino por dois fatores: a indisponibilidade de horários e o fato de residirem em municípios em que não há oferta dessa graduação.

Vagas 50 Vagas 60 Vagas 100 Vagas 100 Vagas 100 Vagas

Polos equipados com computadores de última geração beneficiam os alunos


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Docentes utilizam espaço para conhecimento Laboratório auxilia no aprendizado de alunos do Curso de Pedagogia há mais de 20 anos

O Laboratório de Pedagogia (LAPED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) contribui há duas décadas para desenvolver o conhecimento e aprimorar o processo de aprendizagem de professores e alunos. Por meio de debates e discussões, o espaço é específico para a divulgação e a produção de conhecimento e favorece a interlocução no Curso de Pedagogia. O acesso ao laboratório está ligado a atividades de ensino ou de extensão dos professores do curso. Por serem disciplinas práticas, as aulas de Metodologias de Ensino (Ciências, Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia), Estágio e Projeto Interdisciplinar de Prática Educativa possuem horários reservados para realizarem suas atividades. Para um bom funcionamento, o LAPED conta com alunos voluntários e bolsistas de projetos de extensão. No laboratório existem vários recursos didático-tecnológicos, como jogos, materiais didáticos dos ensinos básico e fundamental, data-show, livros didáticos e para-didáticos, com-

Patrícia Alves

Amanda Pereira – Ana Flávia Bernardes – Patrícia Alves – Vanessa Duarte

LAPED: possibilidade de discutir temas variados

putador, retroprojetor, lousa virtual, materiais de laboratório de ciências, TV e vídeo, que são utilizados nas atividades de ensino do curso. Os materiais foram conseguidos através de projetos de extensão que envolvem a coordenação e professores presentes no núcleo de metodologia. A proposta na educação, com esta aplicação didático-tecnológica, modifica a aprendizagem no espaço do laboratório pedagógico. “Podemos dizer da possibilidade de discussão de temas que nem sempre são

tratados nos espaços dos componentes disciplinares do curso, como por exemplo, discussões sobre cinema, discussões sobre temáticas específicas das diversas áreas do conhecimento através de cursos, oficinas e mostras de vídeos”, declarou a coordenadora do laboratório, Elenita de Queiroz. Ela ressalta que o LAPED é um espaço distinto da clássica sala de aula: os materiais são diferenciados e as reflexões realizadas condicionam um aumento da noção de questões educacionais. C

Conheça o LAPED Patrícia Alves

O Laboratório de Pedagogia (LAPED) tem o intuito de expandir as atividades acadêmicas na área de Metodologia de Ensino no Curso de Pedagogia. Ele passou a ser considerado Órgão Complementar da Faculdade de Educação (FACED). O LAPED proporciona aos estudantes do Curso de Pedagogia realizar exercícios de docência ao oferecer condições formativas em união com a educação básica. Ele oferece atividades como estágio, realização de Projetos de Extensão e intercâmbios. Instalações do LAPED

O laboratório é considerado canal de diálogo na FACED ao estabelecer comunicação com as várias Unidades Acadêmicas e proporciona a produção de trabalhos em grupo, interdisciplinar e intra-institucional.

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FACED alfabetiza alunos com problemas psicossociais Projeto “Rede de formação” possibilita retorno aos estudos para jovens e adultos com apoio do CAPs

Angélica Guimarães

Angélica Guimarães – Cíntia Sousa – Gisllene Rodrigues – Jessica Marquês

Alunos e professores interagem durante a aula

O projeto “A educação de jovens e adultos em espaço não escolares” permite o reingresso aos estudos de pessoas com problemas psicossociais. Stress, f adiga crônica, problemas f amiliares CAUSA

Problemas Psicossociais RESULTADO Comprometimento da saúde mental

Coordenado há seis anos pela docente Sônia Maria dos Santos, o projeto é composto por alunos voluntários do curso de pedagogia. As aulas funcionam como estágio de prática de ensi-

no para a conclusão da graduação. A iniciativa faz parte do projeto desenvolvido na Faculdade de Educação (FACED) intitulado “Rede de formação” e tem como parceiro o “Centro de Atendimento Psicossociais” (CAPs) do bairro Santa Mônica de Uberlândia. As aulas realizam-se no Núcleo de Educação Infantil, Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos (NEIAPE), no bloco 1G da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Inicialmente, as aulas eram ministradas no CAPs. A mudança ocorreu depois da equipe considerar o ambiente inapropriado para aprendizagem. Com a transferência do espaço físico os alunos do projeto ampliaram o seu percurso diário. Antes era realizado entre casa e CAPs. Os jovens e adultos passam pelo crivo dos psicólogos do CAPs para ingressarem no curso. Não há limite

Exercício da docência motiva alunos A motivação para os discentes em participar do projeto é a possibilidade de trabalhar com a educação de uma forma diferente. “A maior motivação foi pelo que iríamos enfrentar aqui”, ressalta a “aluna-professora” Camila Pinho. Os graduandos são convidados desde o segundo período do curso a participar do projeto. A preparação destes alunos ocorre em três etapas: observação das aulas, participação no grupo de estudo e pesquisa para, finalmente, atuação prática como docente. O programa “Conexões de Saberes” contemplará Viviane Faria como a primeira bolsista do projeto. Os alunos que participam do projeto são Bruno Borges, Camila Nataly Dumba, Daisy Gonçalves, Lucinéia da Cruz e Maria Carolina Ávila.

quanto ao tempo de permanência dos estudantes no projeto. As aulas acontecem todas as quintas-feiras das 13h30 às 16h no NEIAPE. Ao todo são 15 alunos e cinco professores estagiários. C

Retorno aos estudos permite realização de sonhos Angélica Guimarães

“Eu tenho um sonho”. O aluno Pedro Luciano começa com esta frase a relatar a mudança na sua história de vida com o retorno aos estudos. Era uma pessoa revoltada e não valorizava a família. A busca pelo sonho permite a construção da vida, a capacidade de ser feliz. Roberto Mendes, por exem plo, almeja ser locutor de rádio. Ele possui inclusive um certificado desta área e acredita que a educação po derá ajudá-lo a alcançar este objetivo. O jovem Junior Pereira começou a participar do curso por ter dificuldades com a leitura. Ele necessita se dedicar aos estudos para realizar o sonho de ser policial. Mãe de três filhos, Marly Lindenberg realiza o sonho de aprender a ler e a escrever. Diego Gomes almeja ser professor de educação física e busca na educação um caminho para realizar este sonho. A volta aos estudos permitiu a sua participação nas Olimpíadas de Matemática: aprovado na primeira fase, participou da segunda... mas não procurou saber o resultado. Marly Lindenberg na aula

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Amante da música, Paulo Alves sente-se realizado com a vida, gosta de tocar violão e revela que aprendeu a tocar o instrumento sozinho. O autodidata - frequenta as aulas desde 2006, mesmo com alta do CAPs tem o curso como uma das atividades de sua vida.


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Olimpíada integra alunos para formação cidadã Atividades esportivas na UFU se aliam à educação na construção do indivíduo

As três semanas de competições, de 17 de setembro a 10 de outubro, propiciaram reflexões do papel do esporte junto à educação na formação e desenvolvimento do sujeito. Na abertura oficial dos jogos houve desfile das delegações, apresentação de ginástica artística, baterias (leia texto abaixo) e realização das primeiras partidas de futsal e vôlei masculino. Mesmo com apenas dois anos, o curso de Comunicação Social-habilitação em Jornalismo participou pela primeira vez das Olimpíadas Universitárias, sendo representado pelo time feminino de futsal, composto por alunas do 2° e 4° períodos. A integração de diferentes cursos e alunos é essencial à idealização e promoção da Olimpíada Universitária. Uma saudável interação entre os universitários se manifesta na busca pela formação profissional e cidadã.

Andrêssa dos Santos

Alunos, professores e técnicos administrativos retomam o debate relativo à importância das práticas esportivas por ocasião da segunda Olimpíada Universitária promovida pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Andrêssa dos Santos

Andrêssa dos Santos – Clarice Sousa – Marcos Vinícius Reis – Maria Tereza Borges

Estreia entre Educação Física e Odonto: interação entre diversas áreas

A prática do esporte possibilita o desenvolvimento físico e mental do atleta, enquanto indivíduo inserido na sociedade. Ele adquire conhecimento a respeito de seu próprio corpo, descobre limitações pessoais e cultiva valores como o trabalho em grupo, a aceitação das diferenças, o cumprimento de regras, entre outros. O sujeito encontra espaço para lançar um novo olhar sobre a sociedade e sobre si mesmo.

Sônia Bertoni, docente da Faculdade de Educação Física (FAEFI), considera que “tudo vem do próprio esporte e, depois, as questões que aparecerem podem ser trazidas pra dentro da sala de aula”. A prática esportiva é uma poderosa aliada da educação por meio da troca de conhecimentos e constante debate entre o que ocorre nas quadras e nas salas de aula. C

Andrêssa dos Santos

O impasse entre as baterias

Geisyane: embate é brincadeira

A disputa entre as baterias de algumas Associações Atléticas Acadêmicas é uma questão que se destaca no debate sobre a 2ª Olimpíada Universitária. A competição entre elas poderia tornar-se, às vezes, conflituosa. A integração e a interação por meio do esporte ficari-

am prejudicadas na existência de uma acirrada rivalidade. A desunião entre alunos é contrária aos propósitos do evento. Geisyane Rodrigues Ferreira, aluna do 4º período de Medicina, diz acreditar que a competição entre as baterias é passageira. “Eu acho que algumas pessoas levam a sério essa rixa. Outras levam na brincadeira. É uma coisa só de momento mesmo, só pra gente se divertir um pouco”, afirma a estudante.

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EDUCOMUNICA

Ano II – n° 2

UFU

‘Numa praia naturista, há mais respeito e menos capitalismo’ capitalismo Assistente administrativo da FACED fala sobre saúde, religião e praias naturistas

Vanessa B orges

Iasmin Tavares – Letícia Alessi – Rinaldo Augusto – Vanessa Borges

Roberto discute desde saúde a prática naturista

Roberto chegou na sala de entrevista animado. Sem o menor sinal de cansaço, a leveza com que leva a vida e seu bom humor contagiaram a todos, à medida que ele expunha sua opinião sobre assuntos que iam desde futebol a praias naturistas. Confira abaixo a entrevista na íntegra. EDUCOMUNICA: Você gosta do trabalho que desempenha aqui ou tem outros planos de carreira? ROBERTO DA CRUZ: Gosto muito de onde eu trabalho, mas tenho outros planos. EDUC.: A gente ficou sabendo que você faz um mestrado em química, seus planos são nesta área? R.C.: Não. Eles são na área médica, na área de ortopedia, pra aproveitar a experiência de vida que eu tive, com uma fratura exposta sofrida há oito anos. EDUC.: Como é a sua relação com os seus colegas de trabalho? R.C.: É o melhor ambiente de trabalho pelo qual eu já passei. EDUC.: Comente sobre seu esporte preferido. R.C.: Gosto muito de esportes, desde

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que não envolvam R.C.: Sou espírita. Mas já fui ateu, já bola. Não gosto nem fui evangélico, católico. Fui ateu por de torcer para fute- seis anos. EDUC.: E por que você deixou de ser bol. EDUC.: Por algum ateu? motivo específico? R.C.: Justamente por buscar informaR.C.: Pelos altos ções mais profundas a respeito da salários que pagam vida. As que a ciência não sabe expliaos profissionais do car. Existem coisas que somente a reliramo. E a gente gião explica. pôde ver, por um EDUC.: Seu Orkut foi muito comentacerto “fenômeno”, do pelos alunos no primeiro semestre. que nem sempre o R.C.: Foi por causa da polêmica por mais bem pago é o eu frequentar praias naturistas, né? melhor. (risos) A questão é que, numa praia EDUC.: E a respeito da dança? naturista, há mais respeito, mais huR.C.: Gosto de qualquer tipo de dan- manidade e menos capitalismo do ça. Menos balé, né, que não vai com- que em uma praia normal. Tem um binar muito com a minha personalida- exemplo no site www.abrico.com.br, de. (risos) que é a maior praia naturista do Rio EDUC.: Você tem algum hobby, de Janeiro. Lá tem três. Nessa (Abrifora a dança? có), foi feito um congresso, CONGRENAT, e R.C.: Viagens, vi“Sou espírita. Mas já fui tinha, nesse conagens. É o melhor pra mim. Conhe- ateu, já fui evangélico, cató- gresso, uma certa cer esse mundinho lico. Fui ateu por seis anos.” moça toda artificial. E ela foi enem que vivemos. trevistada por um EDUC.: E sobre jornalista que estava apto a divulgar sua cirurgia recente? R.C.: Essa foi pra deixar de atrapa- o evento. Ele perguntou o que ela eslhar a dançar tango. Em alguns movi- tava achando da praia e ela disse mentos, eu mancava do lado que “era horrorosa”. Quando ele perguntou por que, ela disse que esquerdo. não gastou tanto com aquele corpo EDUC.: E a recuperação? R.C.: Seis meses. Já tem três. Já tá para que os homens passassem por ela e dissessem “bom dia” e “boa quase. Em janeiro, estou aqui firme. tarde”. Ela estava sentindo falta do EDUC.: Tem filhos? R.C.: Tenho um filho de nove anos, biquíni pequeno da praia comum, que mora em Sertãozinho. É do pri- onde todos a chamavam de gostosa. meiro casamento dos três que eu já Na praia naturista não há essa perstive. É um parceirão já nas atividades pectiva. A cultura de quem frequenta uma praia naturista parece ser que nós fazemos juntos. (risos) melhor. C EDUC.: Você tem alguma religião?


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