Revista torcida 06

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TORCIDA w w w . r e v i s t a t o r c i d a . c o m . b r w w w. t o rc i da.com.br

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i s t a

KARIM JAAFAR/AFP

A N O 2 - N Ú M E R O 6 - M A R Ç O /2010 - R$ 5,90

JUNINHO

abre o jogo

Márcia Feitosa/Vipcomm

Ídolo do Sport e do Vasco, craque brilha no futebol do Qatar e diz qual clube brasileiro será o caminho de volta ao Brasil

> Estilo Dunga

é o suficiente para trazer o hexa mundial?

> Kuki avisa

que ainda não pendurou as chuteiras


GRテ:ICA MXM

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por Beto Lago Editorial............................................................ Página 4 Opinião da Torcida ............................................ Página 6 Você na Torcida.................................................. Página 7 Giro da Torcida .................................................. Página 8 Um Craque Acima de Tudo ............................... Página 10 O Inesquecível Kuki.......................................... Página 18

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le é craque de bola. Dentro e fora das quatro linhas. Conheço Juninho Pernambucano quando ainda era garoto, jogando futsal no prédio na Boa Vista, onde morava com seus familiares. Era um menino habilidoso, diferenciado entre tantos. Ao chegar para trabalhar como setorista do Sport, encontro Juninho: a mesma fisionomia, a mesma educação. Mudou o futebol, para melhor! Hoje, é referência internacional. Faz questão de colocar o nome Pernambucano, adotado quando chegou ao Vasco da Gama, em todos os cantos do mundo. A Revista Torcida bateu um papo com Juninho, que confidenciou: “se voltar ao Brasil, jogará no Vasco da Gama!”. Nesta edição, uma matéria com o craque Kuki, está magoado com o Náutico e revela que não abandonou as chuteiras. O automobilismo entra com destaque, agora com o parceiro F1team, site especializado, trazendo matérias sobre o início da Fórmula 1 e o kart estadual. A novidade também é a coluna O Jogo que eu vi. O publicitário Tiago Leitão lembra sua partida de futebol inesquecível. Curtam mais esta maravilhosa edição da nossa Torcida!

Divulgação/VIPCOMM

Um craque

Maluco da Torcida ........................................... Página 24 O Tiozão Dunga .............................................. Página 26 Blog dos Números .......................................... Página 30 Vôlei com Sabor de Vinho................................. Página 32 Mulher na Torcida ............................................ Página 36 2010 Promete ................................................ Página 38 Sinal Verde para o Kart ...................................... Página 44 Beleza Rubro-negra ......................................... Página 46 Marketing Esportivo ......................................... Página 50

por Bruno Falcone

“O design da capa deste mês é simples e eficiente. Destaca um dos nossos maiores nomes no futebol, Juninho Pernambucano. Espaço também para o carrancudo Dunga e nosso super-herói, Kuki. ” revista

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Charge da Torcida ........................................... Página 52 O Jogo Que Eu Vi ............................................ Página 53 Tá na Rede ..................................................... Página 54

www.revistatorcida.com.br revista

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> Diretor de Redação

Beto Lago betolago10@revistatorcida.com.br (81) 9666-7596 Direção de Arte/Design

Falsford Design falsford@gmail.com (81) 3465-4195 Projeto Gráfico

Bruno Falcone Stamford brunofalcone@revistatorcida.com.br (81) 9708-6748 Diretor Executivo e Marketing

Kléber Medeiros kleber@revistatorcida.com.br (81) 9259-0850 Diretor Comercial

Léo Medrado leomedrado@revistatorcida.com.br (81) 9973-2010 Fotógrafo

WCstudio.com.br will@revistatorcida.com.br (81) 8749-0249 Repórter

Hildo Neto hildoneto@revistatorcida.com.br (81) 9708.6749 Tratamento de Imagens

Daniel de Orange Colaboradores: Adethson Leite, Sandra Bertini, Humberto Araújo, Mário Júnior e Flávio Junior. Impressão

MXM Gráfica e Editora (81) 2138.0800 Endereço para correspondência

KM2 Produções Av. João de Barros, 1527, sala 201, Espinheiro, (81) 3427-9961 - Recife/ PE - CEP 52.021-180 Tiragem 10 (dez) mil exemplares

Celeiro de promessas

Gostaria de adquirir o n º 1 da Torcida e sugerir que façam uma reportagem sobre o celeiro de promessas que o futsal tem gerado em Pernambucano, vide a ida de jovens atletas (95 e 96) para clubes ou clubes / empresa como Traffic, Barueri, São Paulo, Internacional ou mesmo os de nosso Estado. Petrônio Martelli – Recife/PE

Impressionado

Prezados, recebi hoje um exemplar dessa nova revista e confesso que fiquei muito impressionado com o que vi. A qualidade gráfica, das matérias, a abrangência para outros esportes, tudo isso me encantou. Para quem está cansado da Placar e ver o nosso Nordeste limitado a uma nota de rodapé, esta revista veio preencher a lacuna. Gostaria de assiná-la, porque comprar em bancas para mim é inconveniente. Como posso fazer isso? Aguardo contato. George Vasconcelos – Recife/PE Resposta da Redação – Estamos em processo de definição e, em breve, teremos novidades, amigo George.

Gratificada

Não esperava ver uma revista com tamanha qualidade gráfica. Fiquei impressionada com o número 3 da Torcida, e quando peguei esta última, com a capa da Copa do Mundo e um cofre, fiquei ainda mais gratificada, por saber que está sendo feita por pessoas do nosso Estado. A Revista Torcida não deve nada a nenhuma outra do Sul e Sudeste do País. revista

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Mande sua foto lendo a Revista para contato@revistatorcida.com.br, que vamos publicar nas próximas edições

Parabéns pelo belo trabalho! Cinthia Vasconcelos – Recife/PE

Esportes amadores

O que gosto muito da Torcida é que vocês valorizam os esportes amadores. Não mostram apenas o que está sendo feito pelas federações, mas o dia a dia dos atletas, seus esportes e seu lazer preferido. Quem diria que Jessé Farias quer ser piloto de avião? Rogério Barros – Olinda/PE

Vinícius Guerra e seu tio Robson, leitores assíduos da revista

Hildo Júnior comemora aniversário ao lado de amigos alvirrubros

Cofre aberto

Gostei muito da matéria sobre o dinheiro que o Governo vai liberar para a Copa do Mundo. Os valores são altos e fica sempre aquele questionamento: será que vale a pena construir uma arena em São Lourenço, com nossos três grandes clubes já tendo estádios e com uma reforma pequena poderá servir para o Mundial? É muita grana para ser jogada fora em 2014. Antônio Lima – Jaboatão dos Guararapes/PE

Erramos

Créditos da revista anterior: Na página 4, foto de Kaká sorrindo (crédito: Maurício Val/VipComm); Na página 21, foto de Kaká chutando (crédito: Maurício Val/VipComm); E nas páginas 22 e 23, fotos de Robinho e Luís Fabianos (créditos, respectivos: Ricardo Ayres/Photocamera e MaurícioVal/VipComm)

Maria Fernanda e Ricardo Farias: amor total pelo Sport

AOS LEITORES

Para mandar sua opinião, sugestões ou críticas envie e-mail para: contato@revistatorcida.com.br

O garoto Matheus Stefanin, com a camisa do Timbu

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Paulo Araújo, Adriana Monteiro e Luiz Fernando torcem pelo Náutico


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As dívidas dos ingleses

Na Copa do Mundo da África do Sul, a seleção da Inglaterra buscou uma grande inspiração para seu segundo uniforme. A camisa reserva será a vermelha, muito parecida com a usada pelo English Team na Copa do Mundo de 1966, a única conquistada pelos ingleses. A Inglaterra está no grupo C do Mundial, ao lado de Estados Unidos, Argélia e Eslovênia.

Premiação da Argentina

A Associação Argentina anunciou a premiação que cada jogador da seleção irá receber, caso conquiste a Copa do Mundo da África do Sul. No total, serão distribuídos US$ 15 milhões, divididos entre os 23 atletas. Cada atleta vai receber US$ 630 mil. Isso pode até parecer uma “baita” grana, mas é preciso lembrar que Lionel Messi, por exemplo, a maior estrela da seleção argentina, ganha cerca de US$ 1 milhão por mês no Barcelona, segundo a imprensa espanhola. Porém, em 1986, na última conquista da Argentina em Mundial, cada jogador recebeu “apenas” US$ 33 mil de premiação. Os brasileiros, caso vençam a Copa, devem receber em torno de R$ 700 mil cada atleta. A Espanha pagará 550 mil euros, enquanto que os ingleses, se campeões, levam cada um 450 mil euros. revista

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A Uefa apresentou o relatório financeiro dos clubes, referente ao ano de 2008. O European Club Footballing Landscape traz uma série de informações, mas uma é bem interessante: 18 clubes da Premier League inglesa respondem por 56% do total devido pelos 732 clubes licenciados pela Uefa em 53 diferentes federações nacionais. E vale lembrar que o Portsmouth e o West Ham, que atravessam uma grave crise financeira e não conseguiram a licença da entidade para as competições continentais, não estão presentes na lista. Os ingleses devem 4 bilhões de euros, que é quatro vezes mais que o total devido pelos clubes da Liga da Espanha, que está em segundo lugar.

Os números da Copa

O site portal Copa 2014 vem com uma reportagem bem interessante. Segundo relatório da Standard & Poors, o Brasil terá de gastar até US$ 500 milhões nos próximos cinco anos em áreas tão diversas quanto transportes, estádios esportivos, usinas de energia, tratamento de água e projetos offshore de petróleo. E de onde virá todo este dinheiro? Segundo a empresa, além do próprio governo federal, o Brasil terá que encontrar formas alternativas de desenvolver e financiar toda a nova infraestrutura, como Project finance e parcerias público-privadas.

Tiger ainda é o mais valorizado

Nem mesmo os escândalos do ano passado e o abandono de alguns patrocinadores (o último foi a Gatorade) abalaram a parte financeira do golfista norte-americano Tiger Woods. Segundo levantamento da revista Forbes, ele continua liderando o ranking dos atletas mais valiosos do planeta, com US$ 82 milhões. Completam o ranking dos seis

maiores atletas David Beckham (US$ 14,5 milhões), Roger Federer (US$ 12 milhões), Dale Earnhardt (US$ 10 milhões), Lebron James (US$ 9,4 milhões) e Kobe Bryant (US$ 8,3 milhões). A revista Forbes também avaliou as marcas de entidades esportivas mais valorizadas e o Manchester United lidera, com US$ 196 milhões, seguida pelo New York Yankees, time de beisebol norte-americano.

Os mais ricos do Mundo da bola divulgação

A camisa da Inglaterra

Zidane x Materazzi: sem fim

A cabeçada do francês Zinedine Zidane em cima do zagueiro italiano Marco Materazzi, na final da Copa do Mundo de 2006, ainda repercute. Em entrevista ao jornal francês L´Équipe, Zidane disse que não se arrepende e prefere morrer a pedir desculpas. “É claro que me culpo pelo sucedido, mas se peço perdão, também estarei admitindo que o que ele fez foi normal. Mais do que uma vez insultaram a minha mãe e eu não respondi. Isto não muda nada, mas peço desculpa a todos. Mas a ele não posso. Nunca, nunca. Seria uma desonra. Prefiro morrer!”.

Verão Chesf 2010

O projeto Verão Chesf está com atividades esportivas e culturais diárias até o dia 21 de março na Praia do Pina, Zona Sul do Recife. Na arena do evento, o público pode acompanhar disputas de vôlei de praia, triathlon, rúgbi, frescobol, xadrez e futebol de botão. No local, as crianças também participam de escolinhas de vôlei de praia e xadrez. “O nosso objetivo é o de que a Chesf seja uma empresa cidadã, com responsabilidade social. As atividades são voltadas para a inclusão”, afirmou o presidente Dilton da Conti. Este ano, pela primeira vez em sete edições, o projeto conta com o apoio do Governo do Estado.

A Deloitte Footbal Money League anuncia os 20 mais ricos clubes de futebol do Mundo. Real Madrid e Barcelona lideram o ranking. Um detalhe: diferente dos clubes ingleses, italianos ou alemães, os dois da Espanha negociam separadamente seus jogos com a televisão. Confira a lista em milhões de Euros: 1. Real Madrid (Espanha) - .................................. 401,4 2. Barcelona (Espanha) - .....................................365,9 3. Manchester United (Inglaterra) - ...................327,0 4. Bayern de Munique (Alemanha) - .................. 289,5 5. Arsenal (Inglaterra) - ........................................263,0 6. Chelsea (Inglaterra) - .......................................242,3 7. Liverpool (Inglaterra) - .....................................217,0 8. Juventus (Itália) - ..............................................203,2 9. Inter de Milão (Itália) - ..................................... 196,5 10. Milan (Itália) - ................................................. 196,5 11. Hamburgo (Alemanha) - ................................ 146,7 12. Roma (Itália) - ................................................. 146,4 13. Lyon (França) - ................................................139,6 14. Olympique Marselha (França) - ....................133,2 15. Tottenham (Inglaterra) - ................................ 132,7 16. Schalke 04 (Alemanha) - ................................ 124,5 17. Werder Bremen (Alemanha) - ........................ 114,7 18. Borussia Dortmund (Alemanha) - ................ 103,5 19. Manchester City (Inglaterra) - .......................102,2 20. Newcastle (Inglaterra) - .................................101,0 revista

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OLIVER LANG/AFP

UM CRAQUE revista

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Admirado atĂŠ pelos adversĂĄrios, Juninho Pernambucano sonha em jogar por mais algum tempo e tem um acordo verbal com o Vasco da Gama

acima de tudo

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ANTONIO SCORZA/AFP

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os clubes por onde atuou, ele sempre foi chamado de Rei. No Sport, no Vasco da Gama e no Lyon, da França. Hoje, ele atua no Al-Gharrafa, do Qatar, e deixou de ser rei para virar Sheik. Juninho Pernambucano é, com certeza, um dos maiores ídolos do futebol pernambucano. E é um dos poucos jogadores do futebol brasileiro que é querido e admirado até mesmo pelos adversários. Antônio Augusto Ribeiro Reis Júnior completou 35 anos (no último dia 30 de janeiro) e já conquistou tudo na vida. Das quadras do futebol de salão (hoje, futsal), Juninho foi para os gramados e chegou ao Sport. Em 93 dava os primeiros passos no time profissional, mas no ano seguinte já começava a brilhar, ao lado de um time que marcou a geração leonina, com Bosco, Adriano, Chiquinho, Leonardo e Zinho. Conquistou o Estadual e a Copa do Nordeste e, no mesmo ano, foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-20, conquistando o Torneio de Toulon de forma invicta. Em 95, foi para o Vasco da Gama e seguiu uma tradição de jogadores que deixaram o clube da Ilha do Retiro para brilhar no clube da Colina, como Ademir Menezes e Vavá. Foram inúmeros títulos, como a primeira Taça Libertadores da América da história do Vasco, em 1998, além da Copa Mercosul (2000) e os Brasileiros de 97 e 2000, Rio-São Paulo de 99 e o Carioca de 98. Foi vice-campeão mundial de clube, em 2000, perdendo para o Corinthians, nos pênaltis. Juninho tem dois fatos interessantes na sua história, justamente vestindo a camisa do Vasco da Gama. Ele foi o primeiro jogador a disputar duas partidas em dois países diferentes no mesmo dia. Pelo Brasil, no amistoso contra A Argentina, em Porto Alegre (4x2 para a Canarinha) e, logo após o jogo, foi para o Uruguai para atuar no segundo tempo na partida contra o Nacional. O Vasco perdeu por 3x0. E Juninho se tornou o primeiro atleta a ter seu revista

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alguns jogos das Eliminatórias. Isso deixou o meia chateado, mas quatro anos depois, o técnico Carlos Alberto Parreira fez questão de colocar ele no grupo. Mesmo na reserva, Juninho entrou em algumas partidas e foi um dos poucos jogadores que não recebeu críticas pesadas de imprensa e torcida. Em entrevistas aos jornais franceses, ele sempre afirmava que “jogo cada partida como se fosse uma decisão de Copa do Mundo. Não escolho jogo para dar o melhor de mim”.

EMBAIXADOR

nome cantado pela torcida do Vasco. A música criada pela torcida Guerreiros do Almirante e que hoje é tão cantarolada pela torcida vascaína: “Vou torcer pro Vasco ser campeão / São Januário, meu caldeirão!!! (Bis) / Vasco a tua glória é tua história / É relembrar o Expresso da Vitória!!! Contra o River Plate sensacional /Gol de quem?/ Gol do Juninho, no Monumental!!! Em 2001, foi para o Lyon em uma negociação que poucos acreditavam, já que o clube francês nunca tinha conquistando um título nacional, sendo considerado uma equipe mediana no

país. Foram sete títulos do Campeonato Francês conquistando consecutivos. Juninho foi o quarto brasileiro a atuar no clube e marcou 56 gols em 291 jogos oficiais. Em 26 de maio de 2009, Juninho rescindiu seu contrato com Lyon, e assinou um contrato de dois anos com o Al-Gharafa, do Qatar.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Quando o assunto é Seleção Brasileira, Juninho Pernambucano não teve a mesma sorte nos clubes por onde passou. Não foi convocado para a disputa do Mundial de 2002, mesmo tendo participado de

Em 2008, Juninho Pernambucano recebeu o título de Embaixador do Turismo de Pernambuco, concedido pelo Governo do Estado. Suas fotos e vídeos são utilizados para campanhas publicitárias por toda a Europa. Segundo dados da Secretaria de Turismo do Estado, os franceses são o terceiro maior mercado de Pernambuco no exterior, sendo responsáveis por 7,64% dos desembarques internacionais. E, novamente, Juninho Pernambucano mostrou o quanto é querido pelo seu caráter: o Governo do Estado pagou um cachê de R$ 50 mil ao jogador, que dividiu entre o Instituto de Apoio à Fundação Universidade de Pernambuco e ao Lar do Neném. Juninho Pernambucano é considerado um meio-campista com grande qualidade no passe e um grande poder de chutes de longa distância. Na França, suas faltas e passes criavam pânicos nas defesas rivais. Não é à toa que um físico inglês, Ken Bray, considerou o mais perfeito batedor de faltas da história do futebol. Virou personagem do livro How to Score: Science and Beautiful Game, no português “Como marcar: Ciência e Jogo Bonito”. Juninho Pernambucano é casado com Renata e tem três filhas: Giovana (nascida no Recife), Maria Clara e Rafaela, as duas nascidas na França. A Revista Torcida bateu um papo com Juninho, que sonha com seu retorno ao futebol brasileiro. revista

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JOHN MACDOUGALL/AFP

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ocê sabe que o torcedor do Sport tem um carinho enorme por você? Comecei minha carreira no Sport, time o qual torcia quando criança e toda minha família, menos meu pai, que torce pelo Náutico. Mas, não me considero como um jogador que fez história no Sport, como tantos outros que eu mesmo vi atuar, como Ribamar, Robertinho, Chiquinho, Leonardo, Magrão, Durval e tantos outros jogadores que obtiveram conquistas importantes. Mas, claro que sou grato por ter iniciado minha carreira e vou sempre continuar torcendo para que o Sport obtenha novas conquistas.

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mesmo sendo muito bom tecnicamente, corre o risco de não ser escolhido pelo treinador. Mas, o lado bom é que ou você é profissional de verdade, ou não vai durar muito tempo. Não temos Romário, Edmundo, Ronaldo e Ronaldinho. Esses quatro estavam sempre acima dos outros, poderiam jogar mesmo sem treinar tanto, mas hoje sem treinar não dá mais para jogar. Mas, isso acontece no futebol europeu, onde você brilhou por sete anos? Na Europa, temos menos qualidade em quantidade, mas todos são determinados, dedicados aos treinos e alguns clubes muito ricos e podem comprar os melhores jogadores e se tornarem verdadeiras seleções. Outra diferença é que na Europa ninguém passa a mão na cabeça de ninguém. Não existe a cultura de onze titulares, todos são importantes, porque a temporada é longa e o grupo fará a diferença. Outros fatores influenciam o estilo de jogo mais agressivo do europeu, como o clima, arbitragem que deixa o jogo correr mais e taticamente os zagueiros jogam mais adiantados que no Brasil, diminuindo o espaço para se jogar. E, claro, que por não ter talento como no Brasil, sobra vontade. Mas, ainda acho que o nosso futebol é melhor tecnicamente.

Mas, muitos acreditam que você pode voltar a jogar no Sport. Se retornar ao Brasil, para qual clube você gostaria de jogar? Recebi várias propostas de grandes times para voltar ao Brasil, mas na verdade tenho um acordo verbal com o Vasco, que se um dia voltasse eles teriam a preferência. No Vasco, participei de uma geração vencedora e mesmo não sendo o principal jogador, tenho o reconhecimento da torcida até hoje. Pela minha dedicação e de ter participado de conquistas importantes. Mas, na verdade, hoje tenho que agir com a razão, o tempo passa e sei que não vou ser o mesmo jogador de antes. Não posso prometer um rendimento de alto nível, por isso não quero decepcionar o torcedor vascaíno. Já deixei isso claro para a direção e se der pra voltar e jogar bem, voltarei. Se não tiver condições, assumirei o risco de um dia me arrepender por não ter entrado em São Januário como jogador do Vasco. E como estão as coisas aí no Qatar? O calendário aqui no Qatar é bem mais leve e isso está me permitindo jogar bem. Seria muito bom jogar no Vasco ou no Sport, e parar com uma bela festa, mas a vida não é do jeito que escolhemos. Agradeço a Deus todos os dias pela minha carreira. Por enquanto, ainda sou apaixonado pelo que faço,

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mas aos 35 anos as coisas mudam rápido. Então, espero acabar a temporada e, depois, pensar no que fazer. E jogar aos 35 anos, neste futebol de alto nível, mostra que seu preparo físico continua muito bem?

Acho que nos últimos dez anos a evolução física no Brasil foi impressionante. Tecnicamente também acho que continuamos bem, mas todo mundo se preocupa com o físico. Surgem menos craques. Antes, tínhamos craques em todas as posições, em quase todas as cidades. Mas isso é a realidade do futebol de hoje, quem não corre ou não tem força,

E sua família, se adaptou rápido as mudanças de sua vida, futebol europeu e, agora, futebol árabe? Já estou fora do Brasil desde meados da década de 90 e uma coisa que fez a diferença na minha carreira foi ter uma família equilibrada e alguém ao meu lado que entendia que eu precisava respirar futebol, que tudo passaria muito rápido e teríamos que ir juntos, mas que precisava ter minha cabeça tranquila para jogar o que poderia. Tenho três filhas, Giovana que nasceu no Recife e tem 14 anos, Maria Clara, que nasceu em Lyon e tem 8 anos e Rafaela, que também nasceu na cidade francesa e revista

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tem três anos. Todas adoram o Brasil, mas já vivem fora a um bom tempo. Achei que morar em Doha seria mais difícil, mas a qualidade de vida aqui é excelente. Escola, segurança, moradia, hospitais, tudo de excelente qualidade.

Vasco: 291 jogos / 56 gols Lyon: 343 jogos / 100 gols Seleção brasileira: 37 jogos / 4 gols

Já está pensando na aposentadoria? Sou apaixonado por futebol, quero continuar nele, tenho algumas ideias, entre elas de ser treinador. Estou pensando nisso, mas ao mesmo tempo ainda estou jogando e preciso me concentrar nos jogos.

Sport: Fluminense 0 x 0 Sport (Brasileiro 11/11/1993) Vasco: Santos 3 x 5 Vasco (Brasileiro - 1995) Lyon: Lens 2 x 0 Lyon (Campeonato Francês 28/07/2001) Seleção brasileira: Coréia do Sul 1 x 0 Brasil (Amistoso - 28/03/1999)

O que você achou de ver o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014? Apesar de todos os problemas, o Brasil merece sediar esta Copa. O torcedor e o povo brasileiro merecem também. Acredito que o governo brasileiro fará o possível para termos uma grande Copa e Recife, por tudo que o torcedor pernambucano faz e já fez pela Seleção, em relação ao apoio dado, principalmente nos momentos mais difíceis, não poderia nunca ficar de fora. Como se sente sendo embaixador pernambucano na Copa, uma honra para poucos atletas do nosso Estado? Feliz pela lembrança, mas gostaria de participar mais. Não tenho tempo. Mas, desde que passei a ser chamado de Juninho Pernambucano isso também é motivo de alegria. Aonde vou e onde tive sucesso, as pessoas queriam saber por que Pernambucano. E isso serve para mostrar aos jovens que comecei no Recife e que consegui me firmar. Apenas trabalhei no limite pra tudo isso acontecer, sem pensar que apenas o talento faria a diferença.

Estatísticas

Sport: 99 jogos / 22 gols revista

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Vanderlei Almeida/AFP

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Estreias

Títulos

Sport Campeonato Pernambucano: 1994

Vasco da Gama Campeonato Brasileiro: 1997 e 2000 Campeonato Carioca: 1998 Copa Libertadores da América: 1998 Torneio Rio-São Paulo: 1999 Copa Mercosul: 2000 Lyon Campeonato Francês: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 Supercopa da França: 2002, 2003, 2004 Copa da França: 2008 Al-Gharrafa Qatari Stars Cup: 2010 Brasil Copa das Confederações: 2005 Individuais Bola de Prata: 2000 Melhor Jogador do Campeonato Francês: 2006 revista

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O INESQUECÍVEL

Polêmico dentro e fora dos gramados, o atacante revela com exclusividade para a Revista Torcida que recebeu várias propostas do Sport e que ainda não pendurou as chuteiras

Kuki


Hildo Neto

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unca na história do futebol pernambucano um jogador foi tão questionado e tão ovacionado quanto Silvio Luiz Borba da Silva, o Kuki. Amor e ódio, vaias e aplausos fazem parte da rotina desse goleador de jeito explosivo, que chegou a Pernambuco, em 2001, e logo conquistou o respeito dos torcedores, usando o faro de gol e balançando as redes Brasil a fora. Contudo, se dentro de campo ele mostra garra, empenho e costuma brigar até o fim pela vitória, fora dele, então, o Baixinho se notabilizou por declarações e fatos polêmicos. Magoado com os dirigentes do Clube Náutico Capibaribe, o artilheiro revela o porquê de não ter continuado no Timbu. “Eles me fizeram uma proposta indecente, me ofereceram R $ 8 mil. O próprio presidente disse que não tinha mais para pagar. Na hora, eu disse que não aceitava porque isso é um salário de um jogador dos juniores que está subindo para o profissional”, revela o Baixinho. “Não levaram em conta a minha história no clube e tudo o que fiz pelo Náutico. Saio de cabeça erguida”, desabafa. “Agora, eles estão mordendo a língua trazendo jogadores caros”, dispara. Na época da negociação, os dirigentes alvirrubros alegaram uma relação de custobenefício para não renovar o contrato do jogador. O ressentimento de Kuki é tão grande que ele descarta qualquer tipo de despedida com a camisa Timbu. “Não é essa gratidão que eles devem mostrar comigo. Eles erraram”, sentencia o atacante. É triste ver a história de um dos maiores ídolos do Náutico – os números comprovam isso: é o jogador com mais partidas com a camisa TImbu (389) e o quarto maior goleador da história alvirrubra (179 gols) – chegar ao fim desta forma. Vestindo a camisa do hexa campeão pernambucano por oito anos - com duas saídas, uma para o futebol coreano e a outra para o Santa revista

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Cruz – o Baixinho conquistou três títulos estaduais (2001/2002 e 2004), sendo artilheiro em 2001, 2003 e 2005, e um acesso à Serie A (em 2006). “É bom quando as pessoas de fora falam que conheceram o Náutico através do Kuki. Isso é uma satisfação muito grande”, relata. Nesse período, o artilheiro revela que recebeu muitos contatos do Sport. “Sempre tive proposta do Sport, mas preferi ficar no Náutico, pois criei uma identificação”. Sem admitir arrependimento de não ter ido para a Ilha do Retiro, Kuki orienta os jovens a “não pensar duas vezes” em trocar o Timbu pelo Leão. “No futuro, eles (dirigentes do Náutico) não vão pensar em você”, afirma. Enquanto aguarda uma boa proposta para retornar aos gramados – ele garante que ainda não pendurou as chuteiras – Kuki mantém a forma jogando futevôlei diariamente na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A movimentação parecida com a do futebol de campo, a praia e os amigos motivam o Baixinho a fazer da modalidade uma rotina. O fato de ser esforçado na areia rende ao artilheiro uma nota oito, de acordo com uma autoavaliação. “Não preciso de muito para viver. Dando para pagar o colégio do Arthur e o sustento dele está bom de mais”, diz. Quando encerrar definitivamente a carreira de jogador, o futuro de Kuki deve ser os microfones, como comentarista esportivo, já que ele rechaçou a possibilidade de se tornar técnico, dirigente ou político.

HISTÓRICO

Cearense de Crateús, de onde saiu com pouco menos de um ano de idade para a cidade de Roca Sales (RS), Kuki defendeu 12 clubes na carreira até o momento. Os primeiros gols foram marcados em 1993, quando tinha 22 anos e atuava pelo Encantado (RS). A primeira partida pelo Náutico foi no dia 15 de janeiro de 2001, em um amistoso contra a Cabense, nos Aflitos, vencido revista

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pelos alvirrubros por 3x1 (com direito a um gol do Baixinho). O último jogo do maior ídolo da história recente do Timbu foi diante do Avaí, em 5 de dezembro de 2009, nos Aflitos, quando os alvirrubros foram derrotados por 1x0, na despedida da Série A do Brasileirão.

CURIOSIDADE

No site Wikipédia, a enciclopédia livre na internet, a palavra Kuki tem vários significados. Vejam algumas: - Kuki é uma cidade no Japão. - O Kuki é um grupo étnico de pessoas que vivem na Birmânia, Nagaland, Assam, Tripura, Mizoram e Manipur, no nordeste da Índia. - Kuki é a linguagem do povo Shinlung Kuki. revista

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- Kuki é um romance de 1963 por Gábor von Vaszary. Sanban Kuki é um personagem fictício Codename: Kids Next Door. - Kuki (footballer) é um futebolista brasileiro - Kuki é nome de uma antiga família de ninja baseado estilo de luta no Japão chamado RyuKukishin. - A palavra Kuki é islandesa por ‘bruxa’, fonte: “cantor Björk” biografia - Kuki Linux é uma distribuição Linux baseada no Ubuntu feito para o Acer Aspire One - Kuki Inc. é uma empresa de vídeo japonês adulto - KUKI pode se referir a um código ICAO do aeroporto de Ukiah Aeroporto Municipal ou a uma estação de rádio em Sacramento, CA.

PERFIL

Nome Completo: Silvio Luiz Borba da Silva Clubes Anteriores: Encantado (RS), Taquariense (RS), Palmeirense (RS), Ypiranga (RS), Veranópolis (RS), Lajeadense (RS), Grêmio Santanense (RS), Internacional de Lages (RS), Brusque (SC), Náutico (PE), Chonbuk Hyundai (Coreia), Santa Cruz (PE) Data de Nascimento: 30/04/1971 Comida preferida: Churrasco Cor preferida: Azul marinho Medo: da morte Música preferida: O amigo (Sérgio Lopes) Lugar inesquecível: Praia dos Carneiros, em Tamandaré Quantos filhos: Um, Arthur

O que mais detesta: Inveja Animal de estimação: Não Cantor(a) que prefere: Fundo de Quintal Filme: O Poderoso Chefão Toca instrumento: Não Lugar para descansar: Praia de Boa Viagem Mania: Tomar Chimarrão Defeito: Perfeccionista Qualidade: Sinceridade Se não fosse jogador, seria: Militar Hobby: Futevôlei Sonho: Educar e formar bem o filho Mensagem para os admiradores: Na vida a gente passa por lutas, dificuldades e problemas. Não há como evitá-los assim como enfrentá-los e vencê-los. revista

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Por Mário Júnior

As dúvidas de Dunga! S

empre uso este espaço para fazer meus comentários malucos sobre o nosso futebol. Mas, quero chamar a atenção de todos vocês, amigos da minha Revista Torcida, para o que vou relatar nesta coluna. Nossos clubes precisam do nosso apoio. Como a Copa da África do Sul está se aproximando, fiquei sabendo através de uma pessoa ligada ao técnico da Seleção Brasileira, Dunga, que ele ainda não definiu o grupo que vai participar da Copa. Ele tem algumas dúvidas. E essas dúvidas podem acabar ajudando o nosso futebol. Se Dunga tem já certo dois goleiros, significa que ele ainda não definiu a última vaga. O mesmo acontece com o ataque, muitas pessoas estão falando em Ronaldinho Gaúcho. Mas isso não tem veracidade. Na verdade, Júlio César e Doni estão confirmado no gol, restando a vaga de Baggio, goleiro do Santa Cruz, que corre por fora em busca dessa chance. Seria maravilhoso para o futebol pernambucano Sobre o ataque, a briga é mais complicada, pois com essa indefinição de Dunga, quatro jogadores dos nossos clubes estão esperançosos. São eles Rodrigo Dantas e Geilson do Náutico, Val Barreto do Santa Cruz e Nadson do Sport. Quero deixar bem claro que esses jogadores estão nessa relação pelo desempenho maravilhoso no nosso Estadual. O nível do Campeonato Pernambucano é maravilhoso. Estamos ganhando dos principais

campeonatos estaduais. Quero aproveitar este mês de março para dar os parabéns ao comentarista Cabral Neto, da Rádio Transamérica. Cabral é o único comentarista em Pernambuco que acredita nos clubes do Interior. Fico até impressionado com os comentários dele, que sempre acreditou na excelente campanha da Cabense e dizendo que os demais clubes vão brigar de igual para igual, com os grandes, por uma vaga nas semifinais. Parabéns, também, ao Raimundo Queiroz, por acreditar em Dado Cavalcante. Esse é o melhor treinador que já passou no Santa Cruz desde a Romerito Jatobá, Edinho e FBCD. Outro que merece parabéns é o presidente do Náutico, Dr. Birilo, pela extraordinária contratação de Alexandre Gallo e pela chance que está dando a Rodrigo Dantas e Geilson. Aproveito até para fazer um apelo ao Dr. Birilo: sempre que tiver um clássico, seja com o Sport ou com o Santa Cruz, autorize Carlinhos Bala a visitar os vestiários do visitante. Deu sorte ao Náutico. Agora, quero de público agradecer ao meu amigo Sílvio Guimarães, presidente do Sport, por ter contratado Leandrão e Odair José. Fazia tempo que eu não ouvia falar de Odair José. A última vez foi quando ele cantou a música “Sem saída” e tem também aquela “Pare de tomar a pílula”. Caros leitores, quero desejar a todos vocês um ótimo mês e que, na próxima edição da minha Revista Torcida, vocês possam curtir mais a coluna.

Dado Cavalcante é o melhor treinador que passou pelo Santa, desde Romerito, Edinho e FBCD

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SEM PALAVRÃO

Futebol na Paraíba, agora, não pode ter palavrões de baixo calão em jogos de futebol e Governo lança campanha Gol de Placa

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que é um jogo de futebol sem xingar o árbitro, seus assistentes, o treinador ou o cara perna-de-pau da sua equipe? Na Paraíba, uma lei estadual está promovendo polêmica. A partir de agora, a Lei Pimenta na Boca proíbe palavrões, atos violentos e gestos obscenos. Representantes de torcidas organizadas e o promotor Valberto Lira assinaram em João Pessoa um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que cria essa limitação. Por enquanto, a proposta não apresenta punição para os infratores, mas dependendo do tipo de agressão ou ofensa dirigida no estádio de futebol, o torcedor poderá parar em uma delegacia. Segundo os deputados estaduais paraibanos, a medida tenta dar um basta à violência nos estádios e está sendo válida para o campeonato estadual e também para o Brasileiro da Série C (que tem o Treze de Campina Grande como representante) e da Série D (ainda indefinidos).

GOL DE PLACA

Se palavrões começam a ser banidos nos estádios, o Governo da Paraíba apresentou o programa de investimentos no futebol chamado Gol de Placa. O programa foi estruturado com três formatos. No geral, o Gol de Placa visa a conceder a isenção fiscal aos empresários contribuintes de ICMS que aderirem ao programa, concedendo patrocínio aos times de futebol profissional. Irá beneficiar alunos da rede pública estadual e municipal com aulas de futebol, recreação de aluno, palestras sobre esporte e condicionamento físico. Para que os clubes se beneficiem com o Programa Gol de Placa, terão de manter um projeto social que beneficie crianças e adolescentes. O Gol de Placa irá beneficiar todos os times que participam do Paraibano premiando os primeiro, segundo e terceiro colocados, além dos times que estiveram participando do Brasileiro e Copa do Brasil.

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Títulos Como jogador

Internacional (Campeonato Gaúcho: 1982 e 1983) Vasco da Gama (Campeonato Carioca: 1987) Júbilo Iwata (Campeonato Japonês: 1997 e 1998)

Seleção Brasileira

Campeonato Sul-Americano Sub-20: 1983 Copa do Mundo Sub-20: 1983 Torneio Pré-Olímpico: 1984 Copa América: 1989 e 1997 Copa do Mundo: 1994 Copa das Confederações: 1997

Como treinador

Copa América: 2007 Copa das Confederações: 2009 Jogos Olímpicos: medalha de bronze (Pequim 2008)

O TIOZÃO

Dunga

Sergio Llamera / VIPCOMM

O estilo do técnico da Seleção Brasileira vem dando resultados, mas será suficiente para trazer o hexacampeonato mundial?

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Por sinal, a palavra que marca o estilo Dunga como treinador da Seleção é comprometimento. Não interessa para ele se o jogador é fenomenal ou se vem arrebentando no clube. Quer saber o histórico do atleta, que tipo de comprometimento ele tem junto ao seus companheiros. Não é à toa que jogadores fazem de tudo para se manter neste grupo. Robinho, por exemplo, abandonou os milhões de euros dos ingleses para retornar ao Santos para ter de volta a alegria de jogar e, assim, se garantir no Mundial da África do Sul. E quem conhece o elenco brasileiro sabe bem que Robinho é importante para Dunga, por manter a alegria e a união entre os jogadores.

ESTILO TIOZÃO

Dunga segue uma linha de trabalho bem diferente dos ex-comandantes da Canarinha. Scolari gosta de formar “famílias” no grupo de trabalho. Parreira mostrou ser um técnico mais maleável, principalmente com as estrelas da equipe. Até mesmo por conta da idade (46 anos), Dunga não seria um “paizão”, mas um estilo mais “tiozão” daqueles bem chatos, que pegam no pé dos sobrinhos, ou melhor, dos atletas. Era o momento

Maurício Val / VIPCOMM

Marcello Casal Jr / ABr

Marcia Feitosa / Vipcomm

Q

uando foi convocado para assumir a Seleção Brasileira, logo após o fracasso na Copa do Mundo de 2006, poucos apostavam que o técnico Dunga tivesse condições de fazer um bom papel. A grande parte da imprensa esportiva acreditava que o nome do ex-jogador seria como um “quebra-galho”, tempo suficiente para que o treinador Luiz Felipe Scolari pudesse retornar ao comando da Canarinha. Porém, os números foram mudando o comportamento desta parte da imprensa e, principalmente, do torcedor brasileiro. Desde que assumiu a Seleção Brasileira, Dunga já conquistou Copa América e Copa das Confederações, venceu adversários fortes e tradicionais, como Alemanha, Itália, Portugal e, principalmente, a rival Argentina, com goleadas e atuações convicentes. No último dia 3, bateu a Irlanda, por 2x0, e Dunga manteve uma coerência na lista dos convocados, o que se tornou uma das principais marcas do treinador. Manteve praticamente o grupo que vem trabalhando nos últimos anos e deixou de fora o meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, que apenas agora recuperou o bom futebol no Milan.

de mexer com os brios de uma seleção, humilhada na Copa da Alemanha, e que precisava voltar a ser vencedora. É preciso lembrar que Dunga sabe bem como fica marcado em uma Seleção. No Mundial de 1990, a Seleção Brasileira ganhou a marca de “Era Dunga”, com uma equipe que fracassou pelo pífio futebol. Quatro anos depois, ao levantar a taça do tetra, Dunga execrou seus desafetos, com palavrões e tudo mais, bem diferente de todos os outros capitães brasileiros que levantaram a taça de campeão. Como jogador, Dunga puxou bem sua ascendência alemã e italiana, sendo um volante de jogo duro (para muitos, viril). O jeito de jogar e a liderança do gaúcho Carlos Caetano Bledorn Verri conquistaram os treinadores em todos os clubes por onde passou - Internacional, Corinthians, Santos, Vasco, Pisa, Fiorentina e Pescara (da Itália), Stuttgart (Alemanha) e Júbilo Iwata (Japão). Dunga fez 397 jogos nos clubes que atuou, tendo marcado 42 gols. Pela Seleção Brasileira, foram 96 partidas e sete gols marcados. O único ponto negativo da Era Dunga no comando do Brasil foi nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A equipe

vinha de uma sequência de bons resultados, mas acabou perdendo na semifinal e ficou apenas com a medalha de bronze. Sempre capitão, sempre uma liderança e tendo poucas amizades dentro da imprensa. Os maiores desafetos sempre foram jornalistas e radialistas. Até nas brigas com jogadores em campo (como aconteceu com o companheiro Bebeto, na Copa do Mundo de 1998, na França) ou com treinadores, fato que ocorreu com Emerson Leão, quando treinava o Internacional, seu clube antes da aposentadoria, Dunga não conseguia aliados entre a imprensa. Comprometimento, dedicação e respeito são palavras ditas e ouvidas em todas as entrevistas de Dunga. São marcas do seu estilo. Alguns gostam, outros discordam. A grande maioria não queria ver um ex-jogador, que nunca comandou clube algum, sendo técnico da Seleção Brasileira. Hoje, os resultados mostram que está indo pelo caminho certo. Em todo o momento, Dunga lembra aos seus comandados sobre o orgulho que é preciso ter por vestir a camisa amarela, como ele sempre fez nas 96 partidas que vestiu a camisa da Canarinha. Mas, será que esse jeito do Tiozão Dunga vai trazer o hexacampeonato mundial? revista

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por Adethson Leite

A segunda fatia Se pudermos dividir a temporada 2010 em três partes, teríamos a etapa que vai de janeiro até o póscarnaval, depois segue um segundo momento até a Copa do Mundo e a reta final com as competições nacionais a todo vapor. Com a primeira parte já concluída, já podemos ter uma primeira impressão sobre o que nos espera principalmente para a etapa final, quando teremos os nossos representantes disputando as Séries B, C e D do campeonato. O Santa Cruz começou a temporada de forma preocupante, com jejum de vitórias que ameaçaram seriamente suas chances de se posicionar entre o G-4 do Pernambucano. Em 11 jogos, venceu cinco partidas, marcou 17 pontos e teve aproveitamento de 51,52%. O time busca, além de garantir vaga nas semifinais da competição, carimbar o passaporte para a Série D. A temporada não promete moleza para o Tricolor, mas o clube dá indícios de reação. O Salgueiro vai sendo uma boa surpresa no interior. Apesar da 6ª colocação nos jogos de ida (16 pontos, 5 vitórias, 48,48% de aproveitamento), o time mostra que veio para buscar o seu espaço e não quer largar mão das oportunidades que derivam do atual momento. Um calendário que garanta atividades até o final do ano vai dar forças ao Carcará para montar um clube cada vez mais viável e competitivo. O Náutico não conseguiu se arrumar na primeira etapa. Continua sendo um time com potencial para chegar, com promessas de evolução técnica, mas ainda não dá garantias para o seu torcedor que vá brilhar em campo. A fórmula do revista

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estadual ajuda a recuperação do time. A mudança de comando pode fazer bem a equipe que ainda busca uma identidade. Os alvirrubros terminaram em 3º lugar na “ida”, marcando 20 pontos, vencendo seis jogos e 60,61% de aproveitamento. A Série B vai ser um desafio e tanto para o Timbu. O Sport começou com a impressão que iria atropelar seus adversários mais uma vez no estadual. Terminou a primeira etapa invicto, verdade, porém os cinco empates dão a impressão que nem tudo está bem no futebol rubro-negro. A diferença de apenas dois pontos para a Cabense surpreendeu a todos. O time comandado por Givanildo Oliveira marcou 23 pontos e venceu seis jogos, com 69,7% de aproveitamento. A defesa ainda vem sofrendo gols com freqüência e reforços precisam ser necessários para que o Leão torne sua passagem na B apenas temporária. A segunda etapa é um período de adaptação, onde os jogos da Copa do Brasil vão dar uma melhor ideia comparativa dos nossos times e o início da Série B vai mostrar se o caminho desenhado está certo ou não, até a pausa da Copa do Mundo. Nesse momento, quem tiver capacidade de planejamento vai fazer com que o time possa engrenar na reta final e atingir os objetivos, caso contrário vai apenas cumprir um papel secundário ou conviver com os fantasmas já conhecidos de rebaixamento. Buscar um lugar ao sol é o que todos desejam, mas como já diz o ditado “existe uma grande diferença entre conhecer o caminho e percorrer o mesmo...”

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VÔLEI COM

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SABOR

de vinho

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Equipe feminina master do Náutico é destaque internacional e prova que o tempo é um aliado na conquista de bons resultados

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o tempo em que as mulheres frutas, como Melancia, Moranguinho e tantas outras, são destaques na mídia, por que não valorizar as Jogadoras Vinho? Elas trabalham, cuidam dos filhos e maridos e ainda arrumam tempo para colocar a joelheira, o tênis e ir para a quadra fazer o que mais gostam: jogar voleibol. E para quem pensa que as “coroas” fazem isso apenas para passar o tempo, se engana completamente. A equipe feminina máster do Náutico, por exemplo, a cada ano aumenta o número de troféus e medalhas. A vinicultura alvirrubra é comandada pelo experiente técnico Celso Assumpção, que já dirigiu equipes profissionais no Brasil, França e Arábia Saudita. Os treinos das “meninas” ocorrem duas vezes por semana e são elas que decidem as competições que irão disputar na temporada. Como todas trabalham e têm de cuidar da família, os campeonatos são selecionados de acordo com a disponibilidade do grupo. A dedicação delas, algumas vezes, supera a de uma atleta profissional, já que tem de se desdobrar para estarem em quadra. “Não pensei que nesta altura da vida estaria jogando vôlei. É o amor pela modalidade que faz com que a gente esteja em quadra”, afirma a oposto Selda Barbosa. Para disputar a categoria máster, as jogadoras devem ter, pelo menos, 30 anos de idade. Seguindo a lógica do vinho, quanto mais velho melhor (mulheres não briguem, é

para ilustrar), o time feminino do Náutico se consolidou e alcançou destaque internacional ao conquistar a medalha de bronze no World Masters Games, disputado em outubro de 2009, em Sidney, na Austrália. As alvirrubras disputaram sete partidas, sendo quatro vitórias e três derrotas. “Foi um sonho para a gente disputar uma competição no Complexo Olímpico”, ressalta a ponta Leila Caraciolo. “Descobri em Sidney que tenho muito vôlei pela frente”, brinca a jogadora, ao lembrar que pessoas com 100 anos disputaram os Jogos. Além desse bronze, as alvirrubras fecharam 2009 com o título do Brasil Master e do Campeonato Pernambucano. Em 2010, o principal objetivo será conquistar o Campeonato Brasileiro, que será disputado no Recife, em setembro. No ano passado, o Náutico terminou na quinta colocação. “Claro que a gente quer sempre ganhar, mas o objetivo é a prática do esporte. Nos campeonatos, sempre têm festas e a integração é muito grande”, comenta Assumpção, que cobra uma atenção maior dos governantes para o esporte máster. “Eles têm de ver que vale a pena investir. É o nome da cidade/estado que está sendo divulgado”, afirma. A equipe do Náutico conta com o apoio da Chesf e da Rapidão Cometa. As Jogadoras “Vinho” já viraram tipo exportação e querem colecionar cada vez mais prêmios no currículo. O envelhecimento deixa as vitórias mais desafiantes e saborosas.

Os treinos das “meninas” ocorrem duas vezes por semana e elas decidem quem joga

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por Sandra Bertini

O futebol e o cinema D

e modo geral, há muitas pessoas que não percebem o quanto existe de sintonia entre o esporte e a cultura, mais precisamente, o futebol e o cinema. Não falo simplesmente de uma noção simplista e imediata, como algo parecido a produzir um filme sobre algum tema esportivo, sobretudo, o esporte mais popular do planeta. E isso tem ocorrido ao longo do tempo, embora aqui no Brasil, onde o futebol é uma paixão nacional, os resultados dos filmes correlatos não tenham sido assim tão massificados. Isso gera outro assunto, que não me convém agora abordar. Afinal, o que vale aqui é mesmo falar sobre percepções diferentes, que não são tão claras para a maioria das pessoas. De fato, existem muitas outras percepções que põem em sintonia o futebol e o cinema. Sem medo de errar – simplesmente, por atuar no cinema – penso que da mesma maneira que o audiovisual pode contribuir para o fortalecimento do futebol, essa prática esportiva pode também passar muitas lições, que não sejam simplesmente gerar imagens para o consumo de milhões de apaixonados. Não me sinto à vontade para falar da via que trata das lições que o futebol pode passar para o cinema. Aqui, sou apenas uma mera torcedora, ou seja, consumidora do futebol, pois me acostumei a acompanhá-lo nos estádios, antes mesmo de conhecer meu marido, reconhecidamente um ardoroso torcedor do Sport. Mas, na condição de produtora no campo audiovisual, consigo enxergar mais ainda algumas dessas sintonias, nas quais o cinema pode - e muito – contribuir para o sucesso no futebol. revista

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Na verdade, o cinema, em si, pode contribuir bastante para muitos setores de atividade. Sinto que não há um modelo de produção, no qual a divisão de trabalho possa ser um exemplo, uma referência de organização e produtividade. No âmbito das similaridades que aqui quero destacar, não posso me abstrair de relevar o senso de equipe, por exemplo. Na realização de um filme, no ambiente que chamamos de “set de produção”, as peças têm uma espécie de função tática, estratégica, em especial, quando se tem como alvo um resultado em que todos se sintam responsabilizados, seja ele um sucesso de bilheteria (um grande título, um campeonato) ou não (que pode até ser comparado como a perda de um título). Percebe-se, por exemplo, que por mais experiente e calejado que seja o Diretor (digamos que o técnico, no futebol) e por melhor que seja o artista, o ídolo dos espectadores (o craque, o ídolo das torcidas), todos fazem parte de uma engrenagem, que carece de um funcionamento quase que perfeito, senão a conquista almejada não consegue ser alcançada. Sem sombra de dúvidas, olhando bem direitinho para esses ambientes do futebol e do cinema, parece mesmo não ser muito diferente o papel dos recursos humanos vitais de cada uma dessas atividades. Afinal, existem semelhanças entre os atletas de futebol e os artistas de cinema e TV. Nos dias de hoje, sobretudo, ambos são encarados como astros, por mais verdadeiros ou mesmo aparentes que sejam. Melhor: são entendidos como autênticas celebridades, submetidos diariamente ao desejo consumista dos seus fãs (espectadores de cinema, de TV ou torcedores

de futebol). No sentido econômico, os dois fazem parte da “indústria do entretenimento”, força motriz da economia moderna. Portanto, são seres sujeitos às exposições e às cobranças inerentes a uma vida pública cada vez mais massificada pela mídia. São tão “especiais”, que possuem seus “agentes de plantão” (curiosamente, chamados de empresários), capazes de ditarem as ordens dos seus respectivos cotidianos. É mesmo tudo muito parecido! Mas, para não fugir a regra mais clássica, de que essa sintonia do futebol com o cinema pode ser vista pela ótica trivial da produção de filmes, existem aí diversos exemplos. Muitos dos nossos “craques” foram “astros de cinema”, protagonizando histórias que souberam fazê-las maravilhosamente bem dentro das “quatro linhas do gramado”. Os grandes ídolos do futebol, sobretudo Pelé e Garrincha, foram os pioneiros e os mais reverenciados na telona. Artistas de cinema de primeira grandeza. Mas, outros craques também estiveram “bem na fita”, pois não foram esquecidas as figuras coadjuvantes como Tostão e Ademir da Guia, por exemplo. Aqui mesmo, no Recife, recentemente o audiovisual prestou esse serviço, numa justa homenagem ao ídolo Ademir Menezes,

craque de bola da seleção brasileira de 50, oriundo daqui do nosso glorioso Sport. E para fechar essa história de sintonias, não devo esquecer o papel do audiovisual, do cinema, na compreensão de temas vitais ao esporte como um todo. Na verdade, as conquistas esportivas são derivadas de exemplos de superação, de compromisso, de engajamento e tantos outros elementos que são comuns aos roteiros cinematográficos. Muitos filmes deveriam ser passados para os que fazem o esporte, dos dirigentes aos atletas, pois servem como um poderoso estímulo de trabalho. A linguagem da imagem é muitas vezes mais forte quando se tem em conta o poder da comunicação. Para muitos, o que os olhos vêem são bem mais fácil de assimilação do que os ouvidos escutam. Um grande exemplo disso está aí em cartaz nas telonas. O filme “Invictus” é uma lição de vida, que foi capaz de transformar uma sociedade, a partir da tradução feita por um líder, que acreditou na força e na superação que advém do esporte. Certamente que uma lição a ser compreendida e estimulada nos ambientes esportivos. Sandra Bertini é economista, produtora cultural, dirigente do CINE PE e torcedora do Sport

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Sérgio Andrade/ AE

2010 promete!

O brasileiro Felipe Massa tem, agora, como companheiro o espanhol Fernando Alonso

A proibição do reabastecimento e a volta de Michael Schumacher geraram um interesse a mais pela Fórmula 1

Mário Victor (da F1team)

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temporada 2010 da Fórmula 1 promete ser das melhores, como as de antigamente, quando tínhamos os nomes consagrados de Senna, Piquet, Mansel, entre outros que lembramos se pararmos para pensar em grandes temporadas da F1. Nossas manhãs de domingo serão como aquelas em que não queríamos sair de casa e perder a principal categoria do automobilismo mundial passando na telinha da TV. Durante a crise entre a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e a Associação das Equipes revista

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de F1 (Fota), que ocorreu na segunda metade do ano passado, o detentor dos direitos comerciais da F1, Bernie Ecclestone, dizia que a modalidade nunca iria perder seu interesse nem seu glamour. Parece que ele estava adivinhando o que iam preparar para 2010. Regulamento proibindo o reabastecimento durante as provas, novo sistema de pontuação (25, 18, 15, 12, 10, 8, 6, 4, 2 e 1, o retorno de uma lenda da categoria, uma montadora multinacional criando uma equipe própria, o jogo das cadeiras entre pilotos e equipes, o que deixou dois campeões num time tradicional e um bicampeão em uma das revista

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David Loh /REUTERS

mais fortes escuderias da F1. Parecia que Ecclestone estava prevendo tudo isso. O famoso circo da Fórmula 1 está sendo montado. Os testes coletivos da pré-temporada mostraram que, aparentemente, os grandes times voltaram aos lugares de sempre, o pelotão da frente, algo que não se viu no campeonato de 2009. Ferrari e McLaren apresentaram carros competitivos e devem brigar pelo título, assim como a Red Bull, vice-campeã do ano passado. Sem poder reabastecer o carro durante a corrida, as equipes terão de trabalhar forte para se ajustar à novidade. Além disso, as estratégias também mudarão. Os pilotos terão de ser mais ousados dentro das pistas e os mecânicos mais ágeis nos boxes. Por exemplo, a Ferrari desenvolveu um novo modelo de porca que facilita o processo de remoção e aplicação, e a Williams treina uma nova forma de trocar os pneus, onde se perde apenas três segundos em todo o processo. Com a contratação de Fernando Alonso, a Ferrari protagoniza mais um fator de grande expectativa para esta temporada. Há muito tempo que a ida do espanhol para o time de Maranello era especulada, o que tornou a mudança de equipe do bicampeão ainda mais interessante para a F1. Mas, pode se dizer que, boa parte do novo sucesso da categoria é por causa do retorno de Michael Schumacher à competição. Como se não

bastasse o simples fato de o heptacampeão da Fórmula 1, aposentado há três anos, reassumir o carro de uma escuderia, ele não fez isso pela Ferrari, com a qual tinha um relacionamento aparentemente inseparável, e irá competir pela Mercedes. A força da fama do alemão ficou clara nos

testes coletivos da pré-temporada que ocorreram em Valência. Sendo a primeira atividade da categoria no ano, poucos torcedores ocuparam as arquibancadas do circuito, com exceção de um dia: o que Schumacher foi à pista. A McLaren também tem sua parcela no entusiasmo dos fãs e até daqueles que não são. A

equipe juntou os dois últimos campeões mundiais do esporte: Lewis Hamilton e Jenson Button, que foi o grande nome de 2009. Chegando a vencer seis, das sete primeiras corridas do ano, Button levou o título e foi o destaque do ano, fazendo com que o time inglês fosse buscá-lo na novata, mas forte, Brawn GP. Além de tudo isso, em 2010, a F1 vai contar com quatro brasileiros na formação de seu grid: Felipe Massa, na Ferrari; Rubens Barrichello, na Williams; Bruno Senna, na Hispania (antiga Campos); e Lucas di Grassi, na Virgin, que também tem Luiz Razia como piloto de testes. Felipe Massa vem com grandes chances de brigar pelo título. A escuderia italiana parece ter corrigidos os erros que a deixou no pelotão do meio durante toda a temporada de 2010, e apresentou um bom projeto aerodinâmico. Todos esperam, também, para ver mais um Senna nas pistas, e observar se o garoto tem o mesmo talento que o tio tinha. Um sobrenome de peso, que traz mais responsabilidade. Muitos preferem não apostar nele ainda devido ao que foi visto com Nelsinho Piquet no campeonato passado. A Fórmula 1 está cada vez mais atrativa e, com todos esses ingredientes, a temporada será de sucesso com certeza. Então preparem suas pipocas e se segurem na frente da TV, porque a velocidade já está a mil por hora.

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> Calendário da temporada 2010 da Fórmula 1 Data/Hora 14/03 – 9h 28/03 – 4h 04/04 – 5h 18/04 – 4h 09/05 – 9h 16/05 – 9h 30/05 – 9h 13/06 – 13h 27/06 – 9h 11/07 – 10h 01/08 – 9h 29/08 – 9h 12/09 – 9h 26/09 – 9h 10/10 – 3h 24/10 – 4h 07/11 – 14h 14/11 – 11h

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GP...........................................................................Circuito GP do Bahrein / Manama .............................................Sakhir GP da Austrália / Melbourne .............................. Melbourne GP da Malásia / Kuala Lumpur .................................Sepang GP da China / Xangai ..................................................Xangai GP da Espanha/ Barcelona .................................. Catalunha GP de Mônaco / Monte Carlo ..........................Monte Carlo GP da Turquia / Istambul ................................Istambul Park GP do Canadá / Montrea .......................... Gilles Villeneuve GP da Europa / Valencia.............. Comunidade Valenciana GP da Inglaterra / Hockenheim ............... Hockenheimring GP da Hungria / Budapeste ............................ Hungaroring GP da Bélgica / Francorchamps ......... Spa-Francorchamps GP da Itália / Monza ................................................... Monza GP de Cingapura / Cingapura ........................... Cingapura GP do Japão / Suzuka .................................................Suzuka GP da Coréia do Sul / Yeongam ............................. Yeongam GP do Brasil / São Paulo ....................................... Interlagos GP dos Emirados Árabes / Abu Dabi ................. Yas Marina

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Miguel Costa Jr/VIPCOMM

Sinal verde para o Kart Mário Victor (da F1team) O Campeonato Pernambucano de Kart de 2010 está com tudo para superar as expectativas e o sucesso que teve na temporada de 2009. Pilotos com novos karts, novos patrocínios, tudo cooperando para um campeonato empolgante do começo ao fim. A organização conseguiu realizar um bom trabalho, deixando o campeonato competitivo e interessante até o fim do ano. Boa parte das categorias só foi decidida na última etapa, como a Cadete e a Sudan. Essas duas categorias foram o destaque de 2009. Sempre com grids cheios, os pilotos proporcionaram grandes momentos na pista do Kartódromo Tamboril, muitas vezes fazendo com que os espectadores ficassem sem palavras sobre o que estavam vendo. A novidade para 2010 é que a Federação Pernambucana de Automobilismo (FPA) investiu em motores refrigerados à água, o que irá reduzir os custos, além de ser ecologicamente correto, já que a peça libera menos poluentes no ar. Com isso, a organização da competição busca igualar os times, evitando que os que têm mais recursos, tenha vantagem sobre os outros competidores. Para isso, a preparação dos motores e dos karts será feita por uma única pessoa, escolhida pela própria Federação. Isso irá vai favorecer o piloto que for regular durante o campeonato, não necessariamente precisando ter vencido o maior número de etapas. Assim como os motores, o jogo de pneus também será o mesmo para todos os carros. No início da temporada será comprado um jogo de pneus para todo o ano. A exceção para a aquisição de outro jogo será apenas se o jogo revista

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inicial for muito gasto por todos. Mais uma decisão da FPA visando tornar as corridas mais competitivas. Diferente de como ocorreu em 2009, quando o domingo era todo de provas, enquanto o sábado anterior era só de treino, em 2010 as corridas serão divididas entre os dois dias. Os treinos ficaram para os três finais de semana anteriores à etapa, enquanto que as provas das categorias serão divididas ente os dois dias do final de semana. Novidade também na antiga Cadete. A porta do automobilismo do Estado está aberta para a garotada que quer ingressar no esporte. É que a FPA comprou os motores para quem quiser competir, deixando um baixo custo para seus patrocinadores, que, geralmente, é o próprio pai. Um fato que mostra muito bem como o interesse pelo kart no estado está crescendo, é o que envolve a categoria F-400. Em 2009, os pilotos desta categoria sofreram com a falta de interesse, tanto do público, quanto dos pilotos (nas últimas corridas só havia três carros no grid). Mas esse ano já começou diferente, e já tem mais de dez pilotos inscritos na categoria. Todo esse esforço para reduzir os custos no automobilismo do Estado servirá para impulsionar o surgimento de novos pilotos, e também de mais investimentos para o esporte, fazendo com que mais pilotos possam ter a chance de chegar ao profissionalismo. revista

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B ELEZA rubro-negra revista

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A

partir desta edição, vamos apresentar a Garota da Torcida, sempre com uma jovem torcedora, que mostra a paixão pelo seu time do coração. Quem abre a nossa seção é Priscilla Wanderley, de apenas 18 anos, torcedora do Sport. A jovem estudante de administração de empresas não se esquece da emocionante final do Pernambucano de 2006 e sempre diz que, independente do momento do seu clube, é “Sport até morrer!!!”

PERFIL

Nome: Priscilla Wanderley Apelido: Pri Altura: 1m61 Peso: 54 kg

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Data de nascimento: 17/11/1991 Signo: Escorpião Profissão: Estudante Jogo que mais marcou: Sport x Santa Cruz, final do Campeonato Pernambucano de 2006, quando o Sport venceu nos pênaltis, na Ilha do Retiro Qual o melhor jogador do Sport: Dutra Sonho: manter minha família sempre unida Comida: Sushi e saladas Filme: Diário de uma paixão Onde estuda: FBV – Administração de Empresas O que pretende ser: Uma grande empresária Qual seu recado para a torcida do Sport: Tenho orgulho da minha torcida e do meu time, pois sei que independente da situação que ele esteja, seremos Sport até morrer!!!

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por Kléber Medeiros

E

xistem várias formas que as empresas podem usar o marketing para obter um bom retorno sobre o que se investe. E, decididamente, o marketing esportivo é uma das mais eficientes. Apesar da crise que afetou boa parte do mundo dos negócios, e, consequentemente, todo o restante também, os patrocínios esportivos tiveram, em 2009, um crescimento de 15%, em relação ao ano anterior, segundo pesquisas recentes. Decididamente as empresas viram nesse tipo de investimento um ótimo canal para divulgar seus serviços, produtos, ou, simplesmente, suas marcas. Novas formas de patrocínio têm sido criadas, tanto pelas empresas que patrocinam, quanto às patrocinadas, afim de potencializar esses investimentos. E, sem dúvida, ótimas ideias, têm surgido. Gosto mais das que exigem uma maior interação e participação do público, que é o foco principal dessas ações. Bom...felizmente o Brasil também tem obtido ótimos resultados com esse crescimento. Afinal, não podemos negar que o retorno aos gramados brasileiros de Ronaldo, Adriano e Robinho foi uma

ótima sacada. O Corinthians, Flamengo, e Santos, respectivamente, estão lucrando milhões. Mas não é apenas o futebol que entrou nessa onda. Outros esportes, como o vôlei e basquete, apenas para citar alguns, também têm crescido exponencialmente. E pra não dizer que apenas os clubes do eixo Sul/Sudeste fazem algo, os nossos também estão se mobilizando. No Sport, a agência Marta Lima assumiu não apenas o Marketing – lançou há pouco a Campanha Guerreiros de Ilha, programa de Sócio-Torcedor –, como também a gestão dos espaços publicitários dentro do clube. No time da Conselheiro Rosa e Silva, foi formado o Grupo de Apoio ao Marketing – GAM – onde os participantes se reúnem regularmente para, dentre várias funções, dar ideias para captação de recursos. Em ambos os casos, vemos que os clubes estão se estruturando para o aperfeiçoamento do setor. Agora, existe algo fundamental para que esses patrocínios aumentem cada vez mais: a divulgação por parte da mídia. Eu estou fazendo a minha parte...

Museu do Pelé

Orçado em R$ 16 milhões o projeto para a criação do Museu do Pelé foi aprovado. Será construído em Santos, cidade onde o jogador cresceu e surgiu para o mundo, numa área de 3.200 m2. O museu vai abrigar peças do acervo público e do próprio jogador, além de um monumento projetado por Oscar Niemeyer. A operadora de telefonia celular Vivo será a patrocinadora do projeto.

As bolas das Copas A Adidas traz ao Brasil uma mostra intitulada “As Bolas das Copas do Mundo FIFA: 1970 - 2010” que conta a história das Copas disputadas nesse período, contada a partir de seu maior símbolo: a bola de futebol. A mostra acontece em Taubaté (SP), e traz detalhes sobre o que cada bola representou para cada época. A bola oficial da Copa de 2010, Jabulani (“celebração de uma nação unida, pronta para transformar o mundo em um só”), também será apresentada.

Topper patrocina Rugby Fato inédito, as seleções brasileiras de rugby masculina e feminina receberão patrocínio de material esportivo. A Topper fornecerá todo o material de treino, jogo e viagens. Sem ter ainda resultados expressivos, afinal, o rugby ainda não é tão praticado em nosso país, a federação espera que esse apoio sirva de estímulos aos atletas. revista

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Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Patrocínios esportivos

DESAFIO A DAR UM SHOW

RÁDIO ENTRA EM CAMPO PAR A , A SELEÇÃO SEJA NO RÁDIO, SEJA NA TV DE BOLA PRA VOCÊ! NDO DE LÉO BOLÃO! SOB O COMA DO RÁDIO BATE UM O UM E IRREVERÊNCIA FAZEND MEDRADO, MUITA CRIATIVIDADE VOCÊ. ÇÃO E DIVERSÃO PRA SELEÇÃO DO

INFORMA FUTEBOL COM MUITA

ESPORTIVO

TODOS OS SÁBADOS NA DAS

TV TRIBUNA CANAL 4 10H30 ÀS 11H

TODOS

OS DOMINGOS NA

TV TRIBUNA CANAL 4 DAS 10H ÀS 11H MARIO JR. AÍ, EU TÔ DENTRO!

O JR!!

AH, E TEM O LOUCO DO MÁRI

REDE

NA

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Seleção do Rádio, um Futebol Inteligente! Só na Transamérica FM 92,7 MHZ. www.selecaodoradio.com.br

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por Humberto Araújo

por Tiago Leitão

O jogo L

embro como se fosse hoje. Ainda posso sentir toda a ansiedade daquelas horas que antecediam O jogo. Para mim, até hoje, não interessa quem ganhou ou perdeu ou quem jogou melhor, mas, sim, a grande emoção que senti naquele dia. Era não sei quando de mil novecentos e oitenta e tantos ou noventa e poucos. A data é o que menos importa. Não era o primeiro jogo a que assistia do Náutico, mas, de cara, já digo que não era um dia comum, pois meu pai, um convicto herdeiro de rubro-negros, estava me levando para o Arruda para assistir a um jogo entre o Náutico e o Sport, na arquibancada do Náutico. Saímos de bem pertinho dos Aflitos, lá da Santos Dumont para ser mais preciso. Fomos a pé para o Arruda. As ruas, mesmo lá perto de casa, já tinham um clima diferente, até porque era dia de clássico dos clássicos e, para melhorar, era final de campeonato. Não sei, se naquela época, eu ia para clássicos com a camisa do clube que amo ou se tinha que parecer neutro por conta da violência. Hoje, por mais macheza que eu queira ter ou demonstrar, penso duas vezes em ir para um clássico, quem dirá com a camisa do meu Timbuzinho. Aproximando-nos do estádio, o clima era maravilhoso. Os cambistas vinham como urubu em carniça para nos oferecer ingressos. As barraquinhas se amontoavam pelas calçadas, e os ambulantes se misturavam à multidão que seguia como soldados marchando para a batalha entoando seus gritos de guerra. Eu, já quase afônico, não cansava de gritar e puxar o N-A-U-T-I-C-O enquanto o meu velho ficava calado. Salsichão, queijo assado, espetinho, pipoca, picolé e tudo o que você conseguir lembrar estavam à minha disposição naqueles momentos antes do jogo, mas nada me faria parar até entrar no campo, e, mesmo se parasse, eu não comeria nada,

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pois meu estômago estava totalmente embrulhado e em ebulição. Se fosse hoje, eu morreria, pois meu coração não aguentaria tantos batimentos por minuto na minha idade e com a saúde que tenho. Passamos da catraca. Dali para frente, eram alguns passos para cair num campo de total alumbramento. Que visão. Ninguém pode negar que um estádio lotado é uma das coisas mais lindas do mundo, mesmo que a metade desse estádio não seja das cores do seu time de coração. Estavam todos lá, os barrigudos com a camisa levantada, o histórico vendedor de pulseira e seu grito inigualável, o louco agarrado na mureta de proteção e todos os personagens que encontramos até hoje nas arquibancadas, as torcidas organizadas, além de mim e meu pai rubro-negro. O jogo foi fantástico, com muitos gols e emoção. O placar foi 3x3 com dois gols do zagueiro do Náutico no final do jogo. Ele se chamava Freitas, um careca recente, pois havia raspado a cabeça na vitória do Náutico sobre o Santa no jogo anterior, válido pelas semifinais do campeonato. Desse nome, eu não me esqueço: Freitas. Não era lá um grande jogador, mas, naquele dia, foi o herói do jogo. Hoje, lembrando esse jogo, olho para a minha filha, Maria Fernanda, e penso qual será o time de coração dela. Eu sou do Náutico, minha esposa, Janayna, é do Sport; e ela, por qual time irá torcer? Isso eu não sei, sei que vou tentar influenciar de algum modo e puxar a sardinha para o meu lado, mas garanto que, caso seja necessário, farei por ela o que meu pai fez por mim. Que me desculpe Freitas, mas ele foi o herói daquele dia inesquecível. Do publicitário Tiago Leitão, dedicado ao pai Ricardo Leitão revista

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por Léo Medrado

Maldita vitória E

screvo a coluna logo após a vitória do Brasil sobre a Irlanda. Uma “vitória do mal”. Empanou, camuflou, escondeu um terrível problema que assola a seleção brasileira. E que pode nos tirar um hexa campeonato que, em circunstâncias normais, não seria tão difícil. Vamos ao ponto. CRIATIVIDADE. Palavra chave para um time vencedor. Antes da finalização vem a criação. Aliás, de finalização estamos bem servidos. Adriano, Luís Fabiano, Nilmar e Robinho. A questão é a bola chegar com qualidade até eles. Aí, só nos resta Kaká. Vem de imediato à mente, a marcação implacável do italiano Gentile sobre Zico na copa de 82. Até rasgou a camisa do “Galinho”. A Itália nos venceu. E olha que ao lado de Zico jogavam Sócrates e Falcão. Bem diferente de Felipe Melo e Ramires. O primeiro tempo do Brasil diante da Irlanda foi sinistro. Fomos facilmente envolvidos por uma seleção cuja única motivação era mostrar ao mundo que fora injustiçada, ao perder para a França, no toque de mão de Henry. O jogo caminhava para confirmar a fragilidade da criação no meio de campo quando Robinho, impedido, cruzou uma bola que bateu em Andrews e foi pro gol. No segundo tempo nos valemos da entrada de Daniel Alves no lugar de Ramirez pra melhorar um pouco a cara do meio de campo. Será muito pouco para mudarmos o panorama de quatro decisões que teremos pela frente até o hexa: oitavas, quartas,

semi e final. Dunga está cometendo dois erros graves. Pra justificar a não convocação de Diego, que tá jogando um bolão na Juventus, alega que ele não rende o mesmo na seleção. Faz tempo que Robinho, mesmo tendo feito o segundo gol, não joga um grande futebol na seleção. Pra Ronaldinho ficar de fora, a justificativa é lacônica: “o grupo tá fechado!”.É triste olhar pro banco da Seleção e ter que colocar Kléberson, Elano, Josué ou Júlio Batista pra virar um jogo. O pior de tudo, é que Dunga tava na Seleção de Parreira que foi tetra em 94. E está visivelmente se baseando naquela equipe para tentar o hexa. Naquela oportunidade, o Brasil jogou pedra em santo e tava “virado pra lua”. Passou pelos frágeis Eua e Suécia vencendo por suadíssimos 1x0. Quase entregou o jogo contra a, tradicionalmente pipoqueira, Holanda e só conseguiu vencer a combalida Itália, com Bággio e Baresi “bichados”, nos pênaltis. A crônica enaltece aquele Parreira de Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho e se esquece do Parreira que sequer definiu quem ia marcar quem, na bola parada da França, na Copa de 2006. Vai ser duro gritar o nome de Daniel Alves pra virar um jogo na África. Maldita Copa de 94. Maldita vitória sobre a Irlanda. Maldito seja eu... tomara que esteja escrevendo abobrinha.

Maldita vitória sobre a Irlanda... tomara que esteja escrevendo abobrinha

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