Dados de mercado
Operadores de “discount” afirmam-se como os maiores retalhistas europeus 2014 foi um ano difícil para os principais retalhistas europeus. A deflação afetou a rentabilidade de muitos operadores, com exceção dos “discounters” alemães, que rapidamente estão a consolidar o seu domínio. Na classificação dos maiores retalhistas da Europa Ocidental, realizada no ano passado pelo Planet Retail, o Grupo Schwarz, dono do Lidl, estava muito perto de se tornar no maior operador europeu. A liderança foi firmemente alcançada este ano. Com vendas de mais de dois mil milhões de euros que o segundo operador, ultrapassou o Carrefour, que há muitos anos ocupava o lugar cimeiro, e está no bom caminho para aumentar a sua vantagem em oito mil milhões de euros em 2019.
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Texto: Carina Rodrigues Fotos: D.R.
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certo que para as vendas do Grupo Schwarz também contribuem as da cadeia de hipermercados Kaufland, mas, de acordo com o Planet Retail, o seu sucesso assenta grandemente na operação do Lidl. À conquista do continente europeu, o Lidl tem apostado numa estratégia que, cada vez mais, o afasta do modelo de “discount” e o aproxima do conceito de supermercado. O que é bem evidenciado pela adição de frescos, padaria e mais produtos de marca ao sortido oferecido pelas lojas da cadeia de desconto alemã, assim como pela ampliação das gamas de marca própria premium. O “discount” lançou-se, assim, à conquista do pódio do retalho europeu. Com a medalha de ouro entregue ao Lidl, o seu concorrente Aldi espreita a oportunidade para agarrar a de bronze. O quarto maior retalhista europeu
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vendeu 52,7 milhões de euros em 2014 e está, também ele, a apostar numa estratégia de diversificação que lhe permita aumentar a base de clientes. Base esta que não para de crescer. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 10% dos gastos nos supermercados são feitos no Lidl e no Aldi. De acordo com dados da Kantar Worldpanel, no período de 12 semanas terminado a 16 de agosto, as vendas do Aldi aumentaram 18% e as do Lidl cresceram 13%. Em contrapartida, as da Asda, sucursal britânica da
Walmart, encolheram 2,5% e as da Tesco contraíram 0,9%. As cadeias de “discount” estão a consolidar a sua presença no mercado britânico, onde metade dos consumidores visita as suas lojas pelo menos uma vez por mês. A Nielsen assinala que as vendas
do Aldi e do Lidl crescem a uma taxa de mais de 20% ao ano e que vão voltar a ganhar quota de mercado no Natal, pelo terceiro ano consecutivo. Com este panorama de fundo, marcado por um ambiente concorrencial cada vez mais forte, os restantes retalhistas tiveram de responder. E fizeram-no em várias frentes, a primeira das quais assumindo que a união faz a força, dando origem a uma onda de alianças de compras, especialmente prevalentes no mercado francês, de modo a conseguir condições mais favoráveis de negociação com os fornecedores. O Carrefour aliou-se à Cora, o Intermarché ao Grupo Casino e a Auchan à Système U. A nível europeu, a Auchan uniuse ao Grupo Metro e o DIA ao Grupo Casino, enquanto o E.Leclerc voltou a juntar esforços com a Rewe. Portugal assistiu à aliança entre Intermarché e
DIA e à criação da CINDIA, Espanha à de DIA e Eroski e, a um outro nível, a Ahold fundiu-se com a Delhaize. Denominador comum de todos estes movimentos: alcançar economias de escala. Tão simples quanto isto. A outra frente de batalha dos operadores de retalho foi a diversificação do modelo de negócio, com uma aposta mais marcada na conveniência, respondendo à mudança dos hábitos de compra dos “shoppers”. Estratégia onde o
A nível europeu, a Auchan uniu- se ao Grupo Metro e o DIA ao Grupo Casino, enquanto o E.Leclerc voltou a juntar esforços com a Rewe. Portugal assistiu à aliança entre Intermarché e DIA e à criação da CINDIA, Espanha à de DIA e Eroski e, a um outro nível, a Ahold fundiu-se com a Delhaize. Denominador comum de todos estes movimentos: alcançar economias de escala. Tão simples quanto isto. franchising desempenhou um papel preponderante, de modo a alimentar a expansão destes pontos de venda, ao requerer um investimento de capital menos intensivo por parte do
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Um estudo recente do Planet Retail aponta o canal de conveniência como o de maior crescimento a nível europeu. As previsões são de que as vendas cresçam a uma média de 6,5% até 2019. Que contrasta com os chamados formatos “big box”, que se deparam com a abrupta queda no tráfego nas suas lojas. Estas lojas terão de encontrar novas e inovadoras formas para atrair os consumidores, se quiserem travar a trajetória descendente das suas vendas. Não obstante, continuarão a ser, nos próximos cinco anos, o maior canal de retalho na Europa Ocidental. retalhista. Caso da portuguesa Sonae, que expandiu a insígnia Meu Super através deste regime. Ou da britânica Tesco, com o negócio de conveniência One Stop, no Reino Unido, que tem já mais de 100 lojas franchisadas. A rede de supermercados de proximidade da Sonae MC, que contava com apenas 70 lojas em 2013, atingiu em 2014 as 140, o dobro de lojas do ano anterior, tendo chegado ao arquipélago da Madeira e aos 18 distritos de Portugal Continental. Em 2015, a rede pretende atingir as 200 lojas e no final do primeiro trimestre de 2017 acredita chegar às 300 . Também as vendas líquidas da rede duplicaram de 2013 para 2014, tendo-se obtido um valor de aproximadamente 50 milhões euros. Até ao final deste ano, o Meu Super prevê vendas no valor de 80 milhões de euros. Esta aposta é explicada por um estudo recente do Planet Retail que aponta o canal de conveniência como o de maior crescimento a nível europeu, ultrapassando até o online. As previsões são de que as vendas destas lojas cresçam a uma média de 6,5% até 2019. Crescimento, este, que contrasta com o dos chamados 42
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formatos “big box”, pontos de venda que se deparam com a abrupta queda no tráfego nas suas lojas. Veja-se o caso da Auchan, que se tem debatido com a desaceleração das vendas, situação que, muito provavelmente, se manterá até 2017. De acordo com o Planet Retail, estas lojas terão
de encontrar novas e inovadoras formas para atrair os consumidores, se quiserem travar a trajetória descendente das suas vendas. Não obstante, hipermercados e grandes lojas continuarão a ser, nos próximos cinco anos, o maior canal de retalho na Europa Ocidental.
20 maiores retalhistas da Europa Ocidental Variação
Posição
Retalhista
+
1
= = + = = = = = = = = = = = = +
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Novo
20
Grupo Schwarz Carrefour Tesco Aldi Edeka Grupo Metro Grupo Rewe E.Leclerc Auchan Intermarché Sainsbury’s Walmart Migros Casino Système U Morrisons Mercadona Coop (Suíça) El Corte Inglés ICA Gruppen
e - estimativa; - previsão Fonte: Planet Retail
Vendas 2014 e (mil milhões de euros) 67,9
Número de lojas 2014 9.010
Vendas 2019 p (mil milhões de euros) 86
65,2 64,1 52,7 51,4 51,3 47,9 44,5 37 33,8 32,4 31,9 26,5 24,2 23,5 22,1 20,2 18,9 16,7
7.937 3.767 7.906 13.357 1.632 10.491 1.768 3.121 3.264 1.309 589 2.605 9.870 1.577 667 1.521 2.150 1.443
73,2 77,9 65,1 58,2 50,2 53,7 51,5 40,1 42,2 39,7 35,8 35,1 28,9 26,1 24,4 25,7 23 18,9
15,7
1.864
19,4