‘Super-Humanos’:
Magnus Carlsen, o gênio que trocou o futebol pelo xadrez Brasileiro fica em 3º em Aberto na França. Fundação CASA promove Torneio Regional de Xadrez .
‘Xadrez que Liberta’ programa socioesportivo para detentos foi eleito o melhor projeto do mundo. Dicas para melhorar o funcionamento da sua memória.
EXPEDIENTE REVISTA MEIO JOGO EDITOR - CHEFE Rogério Santos DIAGRAMAÇÃO E ARTE Robério Santos COLABORADORES Adriano Valle (Coluna), Ana Rothebarth, Cleiton Santana, Ellen Giese (Coluna), Frederico Gazel (Coluna), Paulo Faria, Renato Quintiliano, Rodrigo Disconzi (Coluna). PUBLICIDADE revista.meio.jogo@gmail.com ASSINATURAS www.revistameiojogo.com REVISTA MEIO-JOGO Avenida Heitor de Alencar Furtado, 4625 – sala 03 Jd. Farroupilha – Paranavaí – Paraná – 87707-000 44 – 9887.5389 Uma empresa grupo XADREZ INTEGRAL Meio-Jogo é uma publicação bimestral. A revista Meio-Jogo não se responsabiliza pelos concei-tos e opiniões emitidas nos artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução parcial ou total de qualquer conteúdo sem autorização expressa.
Editorial No início de 2013 criamos a Revista Meio Jogo como forma de divulgação do xadrez nacional. Não esperávamos que em tão pouco tempo, fôssemos virar uma das referências no xadrez brasileiro.
Esta edição vem com um dos responsáveis por dar uma cara mais profissional ao xadrez brasileiro, o Aberto de Maringá. Com uma estrutura única, mostra que é possível ter grandes eventos no Brasil e ao mesmo tempo, dar condições excelentes de jogo a todos os participantes. Esse é o xadrez que queremos, cada vez mais forte e promissor. O xadrez brasileiro vive momento áureo. A temporada de torneios chegou a seu ápice com o Bienal João Braga, Aberto de Maringa e Aberto de Registro. Além deles tivemos outros bons eventos espalhados pelo país o que mostra o crescimento do jogo. Temos hoje muitos jogadores ativos e vivendo exclusivamente do jogo, além de instrutores e árbitros. É evidente que o dinheiro recebido pelos profissionais ainda não chega ao nível dos esportes mais populares do país, mas com um bom trabalho e exposição do esporte nas grandes mídias, isto tem mudado.
Dessa forma, chegou a hora de também darmos um passo a mais na nossa trajetória. Portanto, a partir de agora a revista terá um custo adicional aos assinantes com o intuito de melhorar não só nosso conteúdo, mas também o design da revista, do site e demais vertentes da Meio Jogo. Nossa intenção sempre foi ser ferramenta aliada a outras iniciativas para difundir e solidificar o xadrez nacional. Nos¬so primeiro objetivo é socializar o xadrez como jogo e esporte sadio, desmistificando aquela imagem de jogo difícil de se aprender, e que é praticado por poucos. Com um pouco de empenho e experiência estamos vendo que podemos chegar lá, em uma final de Campe-onato Mundial.
Para que este sonho possa ser realizado estamos lançando mais uma de muitas edições da Re¬vista Meio-Jogo. Esperamos que você aproveite e seja nosso parceiro e torcedor nesse jogo que entramos para ganhar. Rogério Santos (editor)
Sumário Página
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‘Xadrez que Liberta’ programa socioesportivo para detentos foi eleito o melhor projeto do mundo. ‘Super-Humanos’: Magnus Carlsen, o gênio que trocou o futebol pelo xadrez
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8
Campeonato Mundial de Xadrez de 2013 Página
7
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Brasileiro fica em 3º em Aberto na França. Página
16 Dicas para melhorar o funcionamento da sua memória. Fundação CASA promove Torneio Regional de Xadrez .
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Juirana Nobres
‘Xadrez que Liberta’ ajuda detentos a ‘se libertarem’ de prisão no ES e foi eleito o melhor projeto socioesportivo do mundo.
Mais de 3.500 detentos em 32 unidades praticam a atividade no estado. correta. O xadrez é isso, ajuda a gente a pensar antes de tomar qualquer atitude ou jogar qualquer pedra errada. Por causa das atitudes precipitadas é que nós viemos parar neste lugar. Nesse jogo eu não quero perder, não quero levar o xeque-mate como levei lá fora”, explicou o Rodrigo.
“Não quero levar o xeque-mate como levei lá fora.” Rodrigo da Silva Mudança de vida
Rodrigo da Silva. (Foto: Juirana Nobres/G1)
C
ondenado a 30 anos de prisão por assaltos à mão armada, o detento Rodrigo da Silva de 27 anos, está aprendendo a repensar e a raciocinar com a ajuda de peças e um tabuleiro de xadrez, dentro das grandes da Penitenciária de Segurança Máxima 1, em Viana, na Grande Vitória. Ele faz parte do ‘Xadrez que Liberta’, melhor projeto socioesportivo do mundo, eleito no último mês no Canadá. De acordo com a secretaria Estadual de Justiça (Sejus), a atividade é aplicada para mais de 3.500 detentos em 32 unidades prisionais do Espírito Santo . “Depois que comecei jogar percebi que antes de tomar uma decisão na minha vida tenho que pensar direito, para saber se a minha decisão está
Experiente com trabalhos na construção civil, Cristiano Assis, de 34 anos, quer mudar de vida. Atrás das grades há sete anos, e há três dedicados ao xadrez, o interno pensa em ser professor de matemática ou física. Assis foi condenado por tráfico de drogas e prefere não falar muita em sua vida, que segundo ele, ficou no passado. “As jogadas do xadrez são parecidas com as ‘jogadas’ e decisões que tomamos na nossa vida. Às vezes nós temos que desviar de vários obstáculos para alcançar alguma coisa. No jogo também é assim, vence quem chegar lá em cima. No tabuleiro, um peão pode se tornar uma peça mais forte, de acordo com as jogadas que fizer e dependendo da pedra que mover. Na vida real também é assim. Podemos ser o que nós quisermos, professor, doutor, executivo, basta correr atrás, ter força de vontade e trabalhar”, relatou.
Exemplo para o mundo ‘Xadrez que Liberta’, concorreu com 140 projetos de diferentes modalidades esportivas de diversos países e ganhou o prêmio Spirit of Sports. A premiação é concedida pela Sportaccord, órgão que reúne federações esportivas internacionais como a Federação Internacional de Futebol (Fifa) e o Comitê Olímpico Internacional (COI). No último dia 8, representantes da Confederação Brasileira de Xadrez (CBX), apresentaram o projeto a subsecretária Geral e Diretora Executiva da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, Michelle Bachelet, na sede da organização, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. O objetivo de Bachelet é levar a iniciativa capixaba para todos os presídios femininos do mundo.
“As jogadas do xadrez são parecidas com as ‘jogadas’ e decisões que tomamos na nossa vida” Cristiano Assis
Revista Meio Jogo | 05
Sejus disse que a atividade é aplicada para mais de 3.500 detentos em 32 unidades prisionais do estado. (Foto: Divulgação/Sejus)
Filhos O crime também afastou da família o trocador de ônibus e operador de máquinas Elson Xavier. Ele tem 34 anos e cinco filhos. Para se distrair, o detento disputa partidas de xadrez com os companheiros de cela, mas sua maior vontade era estar em casa. “Fiz coisas erradas e por isso estou aqui. Tenho consciência que tenho a oportunidade de mudar. Todas às vezes, que espero meu companheiro mover a peça, reflito, penso e me perco em meus pensamentos. Se eu estivesse só lá no outro ‘xadrez’, lá na cela, meus pensamentos poderiam não ser tão positivos. Esse jogo tem vários objetivos e preenche a nossa mente”, disse.
O projeto ‘Xadrez que Liberta’ é uma parceria entre a Secretaria Estadual de Justiça e a Confederação Brasileira de Xadrez, e existe desde 2008. O vice-presidente da confederação, Charles Moura Netto, que participou da implementação no Espírito Santo, disse que
objetivo das ações vão muito além dos movimentos no tabuleiro. “Trabalhamos o xadrez não como fim, mas como meio de reflexão, de atitude, de ética, de moralidade. Isso não quer dizer que torna o indivíduo mais inteligente, na verdade só aguça valores que nós já temos e que são natos. Isso pode se mais intenso para essas pessoas que estão privados da liberdade”, explica Neto. O vice-presidente da confederação disse ainda que o xadrez é um esporte diferente por que trabalha com o intelectual, a possibilidade de resolver problemas, autonomia e tomada de decisões e pode ser realizado em qualquer espaço físico.
Juirana Nobres (G1 ES) 17/06/2012 09h30 http://g1.globo.com/espirito-santo/ noticia/2012/06/xadrez-ajuda-detentos-selibertarem-de-prisao-no-es.html
“... Se eu estivesse só lá no outro ‘xadrez’, lá na cela, meus pensamentos poderiam não ser tão positivos. Esse jogo tem vários objetivos e preenche a nossa mente.” Elson Xavier
“Trabalhamos o xadrez não como fim, mas como meio de reflexão, de atitude, de ética, de moralidade. Isso não quer dizer que torna o indivíduo mais inteligente, na verdade só aguça valores que nós já temos e que são natos.” Charles Moura Netto (vice-presidente da CBX)
Wikipédia
Campeonato Mundial de Xadrez 2013 O campeão
Viswanathan Anand
O
Campeonato Mundial de Xadrez de 2013 foi um encontro (match) entre o então vigente campeão mundial Viswanathan Anand da Índia, vencedor do Campeonato Mundial de Xadrez de 2012, e o desafiante Magnus Carlsen da Noruega, que determinou o Campeão Mundial de Xadrez de 2013. Realizou-se entre 9 de 26 de novembro de 2013 em Chennai, Índia. Torneio de Candidatos de 2013 O desafiante ao campeão mundial foi determinado no Torneio de Candidatos realizado entre 14 de março e 1 de abril de 2013 em Londres.1 O vitorioso foi Magnus Carlsen de 22 anos, graças a um maior número de vitórias do que Vladimir Kramnik.2 O torneio foi disputado por oito grandes mestres em que todos enfrentam todos duas
X
O desafiante
Magnus Carlsen
vezes, cada uma com uma cor de peças. Eles foram: • O perdedor do Campeonato Mundial de Xadrez de 2012 Boris Gelfand (ISR) • Os três primeiros colocados na Copa do Mundo de Xadrez de 2011: Peter Svidler (RUS), Alexander Grischuk (RUS), Vassily Ivanchuk (UCR) • Os três jogadores com maior rating no mundo (entre de julho de 2011 e janeiro 2012 lista de rating da FIDE): Magnus Carlsen (NOR), Levon Aronian (ARM), Vladimir Kramnik (RUS) • Uma seleção da comissão organizadora do Torneio de Candidatos (classificação mínima de 2700 na lista de classificação de janeiro 2012 da FIDE): Teimour Radjabov (ARZ)
Match O encontro, ou match, entre Anand e Carlsen ocorreu no hotel Hyatt Regency de Chennai, Índia3 de 9 a 23 de novembro de 2013, sob controle da FIDE.4 Eram previstas doze partidas. Se o encontro terminasse empatado na 12ª partida, jogos desempate seriam disputados em 28 de novembro.5 Entretanto, Carlsen obteve a pontuação vencedora de 6,5 pontos já na décima partida, sagrando-se o novo campeão mundial de xadrez. O controle de tempo foi de duas horas para os primeiros 40 lances, uma hora entre os lances 41 e 60 e 15 minutos para o restante da partida, com um incremento de 30 segundos por lance a partir do lance 61.
Revista Meio Jogo | 07
Globo Esporte.com
‘Super-Humanos’:
Magnus Carlsen,
o gênio que trocou o futebol pelo xadrez Fã de Ronaldo e Roberto Carlos e torcedor do Real Madrid, norueguês foi um dos mais jovens a receber o título de Grande Mestre do esporte, aos 13 anos
Q
uem olha para Magnus Carlsen pode achar que ele é apenas mais um jovem de 20 anos normal. O norueguês, desde pequeno, sempre gostou de futebol, torce pelo Real Madrid e é fã dos brasileiros Ronaldo e Roberto Carlos. No entanto, o rosto de criança esconde o maior prodígio da história do xadrez. Aos 13 anos, venceu os maiores jogadores do mundo e se tornou um dos atletas mais jovens a receber o título de Grande Mestre, a mais alta qualificação do xadrez. E no ano passado, aos 19, virou o líder do ranking mundial, tornando-se o mais rápido a alcançar esse posto. ‘Super-Humanos’ #1: o britânico que aguenta nadar em águas congelantes - Eu sigo futebol na TV o tempo todo, especialmente os campeonatos da Espanha e da Inglaterra. Sou torcedor do Real Madrid, muito fã do Ronaldo e do Roberto Carlos. Acho que até teria sido um bom jogador, mas acho que estou bem no xadrez. Está valendo a pena, porque estou criando umas coisas legais - disse Carlsen.
Magnus Carlsen (Foto: Wikipedia)
Aos 20 anos, Magnus Carlsen em entrevista ao repórter Guilherme Roseguini (Foto: TV Globo)
O jogo de xadrez simula um conflito entre dois exércitos: 16 peças para cada oponente que se movimentam em um tabuleiro com 64 casas. Milhões e milhões de possibilidades e posições, tudo isso viajando na mente humana em uma velocidade incrível. Carlsen usa o cérebro de uma forma única, especial, que pode revolucionar tudo o que sabemos sobre o raciocínio e o pensamento. Mas você pode esquecer aquela imagem estereotipada de um nerd atrás de um computador. O norueguês virou celebridade, garoto-propaganda de uma multinacional de roupas, viaja o mundo, passeia com atrizes de Hollywood e conquista milhares de seguidores nas mídias sociais.
‘Super-Humanos’ #2: aos 92 anos, vovó Olga é um fenômeno do atletismo Magnus Carlsen faz parte de uma geração que cresceu desde cedo com uma companhia especial: os computadores. Para conhecer mais da história desse prodígio e da sua família, o Esporte Espetacular foi até Monaco, no Sul da França, acompanhar um
torneio de xadrez entre os melhores do planeta. Segundo o pai, Henrik Carlsen, o filho mostrava habilidades especiais já na infância. - Magnus tinha algumas habilidades que nos chamavam a atenção. Ele conseguia montar quebra-cabeças de 50 peças antes dos 2 anos. Com 4 ou 5, montava coisas fabulosas com Lego. Ele tinha uma habilidade incrível de concentração, de ficar focado em alguns tópicos por bastante tempo. Henrik adorava xadrez, então, pegou um tabuleiro e tentou ensinar Magnus. Mas, aos 6 anos, o garoto não quis nem saber daquele jogo parado, gostava mesmo era de jogar bola todos os dias. Vendo que iria perder a briga, o pai não forçou a barra na ocasião. E foi por volta dos 9 anos que Magnus começou, espontaneamente, a jogar xadrez... no computador, nada de tabuleiro. E o pai apoiou: - O computador é uma grande ferramenta para o aprendizado. Ele usava o computador para várias outras coisas, e se sentiu confortável naquele ambiente. Os programas para jogar xadrez começaram a aparecer nos anos 90, justamente na geração
dele - lembrou Henrik. Jogar partidas com gente do mundo todo, desafiar amigos e estudar lances. Esses foram alguns dos atrativos que chamaram a atenção de Magnus para jogar xadrez pelo computador. Na época, o menino só queria aprender o jogo para vencer as grandes rivais: suas irmãs mais velhas. - Entre os 9 e os 10 anos, ele começou a passar várias horas do dia jogando e estudando xadrez. Mas não como uma obrigação, nunca pedimos nada. Era um hobby. Ele tinha essa vontade. Primeiro, queria ganhar das irmãs. Depois começou a estudar para me derrotar. E asssim foi - contou Henrik. - Eu nunca tive mesmo um jeito científico de estudar xadrez. Eu simplesmente seguia minha curiosidade, minhas ideias. Acho que isso foi muito importante - revelou Magnus. Eu acho que tenho um ‘felling’ natural para o jogo. Tenho um estilo universal, disposto a correr risco. Não sigo muito os padrões. Se me dão uma ideia de tentar algo novo, eu estudo um pouco e vou em frente. Gosto de mudar de territórios a todo momento no xadrez.” Revista Meio Jogo | 09
Magnus Carlsen O processo de formação utilizado pelo menino norueguês era bem diferente dos adotados pelos grandes jogadores do passado. Um dos Grandes Mestres de xadrez, o brasileiro Gilberto Milos tenta explicar as mudanças com o tempo. - Enquanto nós nos espelhávamos nos melhores jogadores do mundo, como Boby Fischer, e analisávamos as partidas dele, ele se espelha no melhor jogador de hoje, que é o computador, devido à capacidade de cálculo. O computador é melhor porque calcula mais, então ele desenvolve mais esse lado e de alguma forma chega próximo da capacidade de cálculo do computador. Não é igual, mas ele tira uma vantagem disso. - No computador, você consegue informações muito rápido. O que significa que você consegue absorver conhecimento muito mais rápido do que no passado. Hoje, podemos aprender
coisas em cinco anos que no passado levariam 20 - decretou Milos. Basicamente, Magnus Carlsen começou aos poucos a pensar como um computador. Por conta da sua formação, ele desenvolveu uma habilidade espetacular de calcular e memorizar. Magnus guarda na cabeça cerca de 500 mil jogadas (meio milhão de possibilidades). - Quando você treina com o computador, contra um adversário que realmente te coloca problema de cálculos muito complexos, você certamente é mais exigido e desenvolve mais. Não sei exatamente como é esse processo, mas basicamente é isso. Você treina com alguém muito melhor do que você e a tendência é se aproximar disso. E como o computador é muito melhor no quesito cálculo, a tendência é que você melhore seu cálculo. Ele é mais exigido que as gerações anteriores, então o resultado é superior - explicou Gilberto Milos.
Magnus Carlsen numa partida de xadrez. (foto: wikipedia)
O trunfo de Magnus Carlsen é conseguir calcular mais rápido e, com isso, ele imagina como estará o tabuleiro de xadrez 20 lances à frente das pessoas comuns. Fica mais fácil prever as ações dos rivais e escolher a jogada certa. É o que conta o especialista no esporte Dirk Geuzendam. - Você olha para o tabuleiro em um jogo dele e diz: não existe saída, está acabado. E aí, logo depois, Magnus escapa, com algo que ninguém havia pensado. Parece simples, mas é incrivelmente difícil fazer isso em um jogo de xadrez. Poucas pessoas têm esse talento: escolher precisamernte a jogada certa e fazer o que ninguém havia imaginado. É o que o Magnus faz. Com essa habilidade toda, aos 13 anos Magnus já estava disputando torneios internacionais. Ele enfrentou e venceu, para a surpresa de todos, Anatoly Karpov, o melhor jogador do mundo por dez anos. O próximo desafio foi encarar aquele que é considerado até hoje o melhor de todos os tempos: Garry Kasparov, campeão mundial aos 22 anos e dono das mais altas pontuações internacionais do xadrez. Magnus conseguiu um empate contra o gênio do esporte, e parece que assustou o russo. - Depois desse jogo o Kasparov foi embora correndo, nervosíssimo. Mas depois mandou um de seus livros autografados para a nossa casa e disse que podia dar umas aulas, uns conselhos a Magnus. Ele não se interessou muito no começo, mas tempos depois se deu conta que Kasparov sabia muito, muito mesmo. E que poderia ajudá-lo - disse Henrik Carlsen. Imagine isso: o melhor jogador de hoje com aquele que foi talvez o melhor da história. É a combinação dos sonhos.”
do de futebol. Nos anos 90, Homem x Máquina. Garry Kasparov também ganhou os holofotes quando desafiou computadores. Depois dele, o interesse pelo jogo caiu, até Magnus Carlsen. - Todo grande jogador traz algo novo ao jogo, mas Magnus é especial. Ele parece agregar todo o conhecimento técnico dos campeões do passado, e consegue impor sua juventude e novas ideias para explorar novas posições, novos caminhos. Ele é um desbravador, e o xadrez precisa de desbravadores - finalizou Dirk Geuzendam. Por GLOBOESPORTE.COM Monaco, França 09/10/2011 12h20
Magnus Carlsen numa exibição simultânea de xadrez. (foto: wikipedia)
Dirk Geuzendam A partir dali, Magnus ganhava um grande tutor, o que faltava para o menino deslanchar de vez. O russo adorava computadores e sabia utilizá-los para analisar jogos e melhorar a performance. E foi isso que Kasparov ensinou a Magnus, a usar melhor a máquina. O menino foi lapidado até chegar ao posto de número 1 do ranking da federação internacional. - Depois de um tempo, aprendi a usar mais os computadores para me prepaparar para enfrentar meus oponentes, porque existe muita base de dados sobre os jogos. E também para analisar meu próprio jogo para analisar meus erros - contou Magnus. A questão central que os cientistas
tentam entender é como Magnus consegue raciocinar tão rápido? Algumas pistas já surgiram. A teoria é: quando um jogador comum pensa para fazer um lance no xadrez, ele usa apenas o lado esquerdo do cérebro. Já Magnus e outros grandes jogadores conseguem trabalhar os dois lados, usando assim o dobro da capacidade de raciocínio e memória. Por isso é possível calcular e memorizar tanto. O prodígio Magnus Carlsen voltou a chamar a atenção do mundo para o xadrez. Nos anos 80, por conta da Guerra Fria, o que acontecia no tabuleiro era questão de Estado. EUA x URSS ou Bobby Fischer x Boris Spassky. Norte-americano e soviético chegaram a decidir um título mundial como se fosse final de Copa do MunRevista Meio Jogo | 11
G1
Jogos, leitura e descanso melhoram o funcionamento da memória
A última fase da memorização é a recuperação. É comum não se lembrar de algo quando você precisava, mas se lembrar depois, quando alguém te diz algo ou você tem alguma pista de onde estava a informação. O nosso cérebro funciona melhor com associações e tem muito mais poder de recuperação quando uma informação tem cara, cor, cheiro, som, nome ou jeito.
E
squecer a chave de casa, não lembrar onde estacionou o carro e perder objetos pela casa é bastante comum com a vida agitada que as pessoas levam. O Bem Estar desta sexta-feira (16) explicou como funciona o cérebro e o que pode prejudicar a memória das pessoas. Para memorizar, é preciso passar por quatro etapas: atenção, compreensão, armazenamento e resgate. No estúdio, o neurologista Tarso Adoni e a neurocientista Suzana Herculano explicaram como funcionam essas quatro fases da memória. A falta de atenção é a principal culpada e motivo de queixa de memória das pessoas jovens. Para ter uma boa atenção, é preciso concentrar-se na atividade que exige de você uma boa memória. Livrar-se da poluição sonora e visual é o primeiro passo para harmonizar o ambiente e potencializar a capacidade de estar atento a alguma informação. Para quem estuda ou trabalha em casa, é fundamental ter um espaço isolado de barulhos externos e informações visuais que possam tirar a concentração. No caso da compreensão, não basta apenas entender o que é dito. Compreender é muito mais difícil que decorar, por isso a compreensão precisa ser exercitada. Vale lembrar também que o cérebro não é infinito e os 86 bilhões de neurônios são o melhor sinal de que há um limite para o trânsito de informações dentro de nosso corpo. Por isso armazenar as informações é importante.
Há três tipos de memória: a visual, a auditiva e a sinestésica. As pessoas acabam percebendo isso por experiência própria. Por exemplo, se você costuma se lembrar bem de conversas que teve, assuntos, frases que as pessoas disseram, você tende a ter um canal da memória auditiva mais sobressalente. Se você se lembra com mais facilidade de imagens, rostos, cores, roupas, de “fotografias” que seu cérebro tira das
Atividade física e alimentação também ajudam a lembrar das coisas. Falta de atenção é a maior queixa de memória das pessoas jovens. situações, você tem uma memória mais visual. A memória sinestésica é mais difícil de compreender, mais ligada a uma capacidade de associar fatos a imagens e sensações, lembrar-se bem de cheiros, gostos e texturas, por exemplo, ligada a outros sentidos que não a audição e nem a visão. Diariamente, milhares de informações circulam pelo cérebro, mas só uma pequena parte fica, o que é normal e necessário. No caso da doença de Alzheimer, as informações não conseguem ser retidas no cérebro pois há disfunções em conexões nervosas e outras regiões. Ao longo da vida, as pessoas constroem uma série caminhos com informações. Toda vez que fazemos algo que ativa nosso cérebro, estamos construindo estes caminhos, diversas rotas que ligam o nosso momento presente com a nossa memória. Conforme a idade chega, estes caminhos vão se perdendo. Só que, se a pessoa tiver construído muitos caminhos, chegar até a memória não vai ser um problema. A dica para fazer a manutenção destas estradas é manter-se intelectualmente ativo, trabalhando, estudando e lendo. Veja mais algumas dicas: Leitura: atores, atrizes, professores e professoras são profissões em que se lê muito. Estudos apontam que estas profissões conseguem conservar por muito mais tempo uma boa memória. Ler é fundamental para garantir o bom funcionamento da memória. Bom descanso: uma das piores coisas para a memória é a privação de sono. Se a pessoa deixa de dormir, a memória pode falhar. O cérebro é como qualquer outra parte do corpo: ele precisa descansar e o sono atua para “assentar” a memória e ajuda a assimilar as informações. Jogos: jogos de palavras, números, tabuleiro e cartas funcionam como exercícios para o cérebro porque exigem de você o raciocínio lógico e atenção. Conversa: o contato social é fundamental para uma boa memória. Vale todo tipo de contato, desde uma conversa pessoalmente até uma ligação pelo telefone ou simplesmente a troca de mensagens. Quando você entra em contato com alguém, você exercita e estimula sua memória. Alimentação adequada: o neurônio precisa de glicose e oxigênio para funcionar, por isso é importante uma dieta
bem balanceada, que fornece os nutrientes nas quantidades adequadas. É o caso da “dieta do mediterrâneo”, por exemplo, que promove um bom equilíbrio de proteínas, gorduras, açúcares, vitaminas e antioxidantes. Existe uma vitamina que é fundamental para o funcionamento do nosso cérebro e da memória, que é a vitamina B12, proveniente dos derivados de animais e encontrada em alimentos como carne, leite, ovos, queijo e iogurte.
O neurologista Tarso Adoni e a neurocientista Suzana Herculano tiram dúvidas dos internautas.
Atividade física: o exercício físico faz nascerem neurônios no hipocampo, uma região do cérebro responsável pela memória. É como se ele aumentasse o tamanho da nossa “gaveta” de armazenar informações. Além disso, quem faz exercício melhora a capacidade vascular e a irrigação sanguínea do cérebro, prevenindo AVC’s, por exemplo. O exercício também faz o corpo liberar prolactina, um hormônio que tem ação calmante, e endorfinas, que colaboram para o aumento do prazer. Ao usar os músculos, as atividades físicas reduzem a tensão e o corpo relaxa - o que faz bem para o cérebro. O exercício também aumenta a atividade do sistema nervoso parassimpático, que promove a digestão e o crescimento e age como freio contra o estresse.
Revista Meio Jogo | 12
Alzheimer
Alvo do cérebro
A doença de Alzheimer acontece quando os neurônios se degeneram e a pessoa começa a ter problemas para se lembrar dos fatos recentes. Isso acontece em geral com pessoas mais velhas, como característica de uma doença degenerativa. A memória que costuma ficar prejudicada nas pessoas que sofrem Alzheimer é a memória de “curto prazo”, usada para assimilar informações mais recentes.
Mesmo que você faça várias coisas ao mesmo tempo, como conversar ao telefone, lavar a louça, administrar a comida no fogão e cuidar das crianças, o seu cérebro vai escolher apenas uma atividade por vez para ser a prioridade. É o alvo do cérebro naquele momento. Por isso, para memorizar é importante que a atividade que você quer armazenar seja o alvo daquele momento. A dica para isso funcionar é, enquanto você estiver fazendo algo que seja importante, não tentar fazer outras coisas ao mesmo tempo.
Conforme a doença progride, ela pode afetar outras áreas da memória, como as responsáveis pelas memórias mais antigas. Os estudos mostram que cerca de 2% da população entre 65 e 70 anos têm Alzheimer. Dos que tem de 70 a 75 anos, 4% tem a doença, Dos que tem entre 85 e 90 anos, cerca de 32% tem Alzheimer. E quase metade dos que tem acima de 90 anos tem a doença. A mensagem principal para combater a doença é manter a mente ativa, na tentativa de retardar o surgimento do Alzheimer.
Teste de Stroop Criado por J. Ridley Stroop, o teste exercita os lóbulos frontais do cérebro responsáveis por nosso planejamento e ação. A pessoa precisa ler a cor do que está escrito, independentemente da palavra. Você consegue? Faça o teste!
Do G1, em São Paulo 16/03/2012 10h36 - Atualizado em 04/05/2012 15h44 http://g1.globo.com/bemestar/ noticia/2012/03/jogos-leitura-e-descansomelhoram-o-funcionamento-da-memoria.html
Humor
Revista Meio Jogo | 15
Brasileiro fica em terceiro em Aberto na França O brasileiro Evandro Barbosa, Mestre Internacional de Xadrez, conseguiu um excelente resultado para a sua carreira. Disputando o Open de Rochefort-França, Evandro terminou a prova em terceiro lugar, ao terminar com 6,5 pontos em 9 rodadas. Na última rodada, Evandro teve chances de vencer o torneio, já que disputava com seu adversário direto ao título, o GM Axel Bachmann. Entretanto ambos acabaram empatando e a vitória do torneio ficou com Bachmann. Com o resultado, Evandro recebeu 600 euros de prêmio e somou importantes pontos de rating FIDE, rumo ao almejado clube dos 2500 pontos. O outro brasileiro na prova, MI Yago Santiago, teve um torneio cheio de altos e baixos e terminou aprova na 17º colocação. O próximo de ambos será o tradicional Aberto de Capelle-la-Grande (FRA).
Três jogadores recebem o título de Mestre Nacional pela CBX Mais três jogadores tiveram o título de Mestre Nacional homologados pela Confederação Brasileira de Xadrez, que só é possível alcançar quando o jogador superar a barreira dos 2200 pontos de rating CBX ou FIDE. O amazonense Pedro Moraes Pinto e os paulistas Paulo César Costa e Alessandro Rodrigues da Silva (ambos representantes de SC) agora terão o direito de ostentar as letras MN na frente de seu nome, durantes os torneios. Além disso, eles também terão disconto de 50% nas inscrições em torneios oficiais da CBX. “O título (de Mestre) é um reconhecimento por tudo o que fiz e consegui no xadrez em mais de 30 anos. Enquanto a saúde e a disposição me acompanharem para encarar as viagens, estarei nos torneios – conta.”
Rogerio Santos Mais Informações: CBX
Fundação CASA DRM-II promove Torneio Regional de Xadrez
Evento promoverá integração entre os jovens e um ‘Desafio de Campeões’ das categorias masculina e feminina
Com a participação de 32 adolescentes em medida socioeducativa, sendo 22 de centros masculinos e 12 de centros femininos, todos localizados na região metropolitana de São Paulo, a Divisão Regional do Tatuapé (DRM-II) realizará nesta sexta-feira (14 de março), a edição 2014 do seu Torneio Regional de Xadrez. O evento acontecerá no Sesc Itaquera, localizado na zona leste da capital, das 9h30 às 15h30. Participarão do evento os CASAs Encosta Norte, Fazenda do Carmo, Ferraz de Vasconcelos I e II, Novo Horizonte e os centros femininos Chiquinha Gonzaga e Parada de Taipas. O objetivo da competição é promover a integração entre servidores, adolescentes e comunidade, além de incentivar a prática dessa modalidade. As partidas acontecerão de acordo com o Sistema Suíço de Disputa, onde o número de partidas é pré-estabelecido de acordo com a quantidade de participantes, que vão sendo eliminados rodada após rodada, até se chegar ao vencedor.
Cada partida terá até 30 minutos, sendo 15 minutos para cada jogador. A arbitragem seguirá as regras da Fédération Internationale des Échces (FIDE), a Federação Mundial para jogos de xadrez. Os três primeiros colocados receberão troféus. Também serão premiados com medalhas os quartos e os quintos colocados em ambas as categorias, masculina e feminina. Além disso, haverá a entrega de um troféu especial no chamado “Desafio dos Campeões”. O desafio consiste em um partida final entre o primeiro colocado da categoria masculina e a primeira colocada da categoria feminina. De acordo com o responsável pela área de esportes da Divisão, o profissional de educação física Ataíde Balerini, a competição terá um bom nível técnico. “Os centros da regional fizeram seletivas internas para chegar aos seus representantes. Acho que teremos um torneio bem acirrado”, concluiu.
Matéria: Laureen Mello
Revista Meio Jogo | 17
Humor
Revista Meio Jogo | 19
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