Conexões Urbanas | percurso cultural no baixo augusta

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conexões urbanas

percurso cultural no baixo augusta

Trabalho Final de Graduação Universidade Presbiteriana Mackenzie Roberta von Zimmermann Amaral Profa. Orientadora: Daniela Getlinger São Paulo Dezembro / 2015



agradeço à professora, Daniela Getlinger, orientadora deste trabalho, que acompanhou o trajeto e desenvolvimento da pesquisa sempre com muita atenção e incentivo, acreditando no meu potencial. à Universidade Presbiteriana Mackenzie, e aos diversos professores e mestres da arquitetura que participaram ativamente da minha formação.

agradecimentos

à Capes e ao Governo Federal, que proporcionaram a experiência do meu intercâmbio acadêmico na Alemanha. agradeço principalmente à minha família: aos meus pais por terem me ensinado o valor da educação, por estarem sempre presentes e pelo apoio incondicional, sempre me encorajando a crescer profissionalmente. à minha irmã, hoje amiga, pelo suporte e companheirismo. à minha querida avó Marly, pelo apoio, carinho e ouvidos durante os anos de faculdade. aos meus colegas de curso, com os quais pude compartilhar experiências e memorias inesquecíveis, e às amigas que viveram essa jornada junto comigo. obrigada.



“a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original” Albert Einstein



1. introdução...................................................................................11 2. interação urbana.......................................................................12 2.1. formação do bairro da consolação – séc. XVIII ao .XIX.....................16

sumário

2.2. consolidação do bairro – primeira metade do séc. XX......................22 2.3. mutações do bairro – segunda metade do séc. XX...........................26 2.4. configuração atual do bairro – séc. XXI................................................38

3.1. configuração da atual praça roosevelt...............................................44 3.2. situação do terreno do parque augusta..............................................48 3.3. a dinâmica urbana da área hoje..........................................................54

3.

caracterização da área...........................................................41

4. o espaço público.......................................................................61 o valor e a importância dos parques e praças na cidade 5. percursos e conexões...............................................................67

a qualidade do passeio do pedestre por entre espaços públicos

os vazios e o papel dos espaços públicos no centro

6.

sobre são paulo.........................................................................73

7.

estudos de caso.........................................................................79

8. 9.

projeto arquitetônico.................................................................99

7.1. escala urbana..........................................................................................81 7.1.1. lyon – frança.............................................................................82 7.1.2.copenhagen – dinamarca......................................................86 7.2. escala do edifício....................................................................................91 7.2.1. praça das artes – são paulo – brasil......................................92 7.2.2. teatro la lira – girona – espanha............................................96

centro cultural – percurso augusta

considerações finais................................................................121



1. introdução

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A pesquisa visa fazer uma leitura da paisagem urbana na qual os espaços livres centrais interagem na cidade a partir do estudo de praças que a estruturam de maneira interligada.

Segundo Gonçalves:

introdução

“Os espaços livres acompanharam a estrutura urbana de povoados desde o inicio de seu processo de formação e, com o desenvolvimento das cidades e dos meios de transporte em São Paulo, as praças centrais tornam-se elementos pontuais interconectados, ligando redes de metro e ônibus, configurando um fluxo intenso de passagem de pessoas” (GONÇALVES, 1995, p.69).

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O trabalho, portanto, busca compreender e ressaltar a importância de se projetar para os vazios urbanos e para o coletivo, revisando a maneira como equipamentos culturais e de lazer podem trazer vida e dar novos usos para tais espaços, atuando como catalisador de revitalização de pontos da cidade.

O estudo, ainda, envolve aspectos de processo de projeto dos espaços livres na cidade e a importância de uma clara definição de suas premissas, tendo em vista uma critica aos projetos de praça dos últimos anos em diferentes cidades do mundo, a partir de estudos de caso. A abordagem, enfim, engloba o conceito de praça e a noção de espaço público de caráter essencialmente urbano, que hoje se refere à multiplicidade de usos: comércio, serviço, lazer ou o simples estar. Deste modo, são abordadas questões da politica de investimento no lazer e na cultura, tanto de caráter público como privado, analisando as possibilidades de resgate e reestruturação de uma malha urbana. O terreno escolhido está localizado nas mediações da Rua Augusta, em sua parte baixa – sentido centro -, que já vem passando por um processo de revitalização nos últimos anos. Para que haja uma articulação com o tema abordado, o percurso de conexão escolhido faz


introdução

uma ligação entre uma área verde preservada (localizada entre a Rua Augusta propriamente dita, a Rua Caio Prado e a Rua Marques de Paranaguá), o Parque Augusta, e a Praça Roosevelt (que é limitada pela Rua João de Guimarães Rosa e a Rua da Consolação). O objeto de projeto, no entanto, não se trata de uma praça em si, mas de um equipamento cultural que penetra o miolo de quadra, de maneira a criar uma ponte entre a dinâmica da Rua Augusta e a Praça Roosevelt trazendo maior atividade cotidiana para esta última e reavivando os edifícios subutilizados existentes na área.

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Até o final do século XIX, a área urbanizada da cidade de São Paulo se concentrava dentro dos limites do chamado triangulo histórico (Praça da Sé e os largos de São Francisco e São Bento), envolta por um anel de chácaras onde residia a elite paulistana.

2. interação urbana

São Paulo era então considerada a cidade chefe da região produtiva mais importante do Brasil, a região das fazendas cafeeiras. Tal característica levou ao abrupto crescimento urbano da cidade e fez com que diversas dessas chácaras envoltórias ao centro histórico fossem loteadas e passassem a abrigar novos bairros e ruas. (CAMPOS NETO, 1999). Surgem assim na cidade bairros segmentados socioeconomicamente, concentrando a elite cafeeira nas zonas altas da direção sudoeste da cidade (Higienópolis, Campos Elíseos e Avenida Paulista), e a população operaria e imigrante nas regiões de várzea (Brás e Bexiga). (ALVES, s.d.)

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2.1. formação do bairro da consolação

séc. XVIII ao XIX

interação urbana

A região hoje conhecida como bairro da Consolação começou a nascer como povoado por volta de 1779, quando devotos de Nossa Senhora da Consolação levantaram ali uma pequena capela dedicada à santa.

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O bairro, na época afastado da cidade, abrigava chácaras por onde cruzava o Caminho de Pinheiros ou Caminho de Sorocaba. Por esses caminhos, onde hoje é a Rua da Consolação, transitavam as tropas de burros vindas de Sorocaba ou que subiam para o bairro de Pinheiros.

ção, atraindo novos habitantes para a região e maior atenção do governo para uma melhora nas ruas e aterros locais. (ALVES, s.d.) Durante o decorrer do século XIX, o bairro recebeu mudanças como a construção do atual Cemitério da Consolação e sua denominação de distrito. Com isso, nos seus arredores já passavam a se instalar as grandes chácaras, propriedades de famílias de elite. Sua freguesia englobava o eixo que vinha desde o Anhangabaú, a futura Avenida São João e o rio Tietê.

A via que viria a se tornar Apenas em 1799, a peque- a atual Rua Augusta fazia parte na capela passa a ser a Igreja de duas importantes chácaras: de Nossa Senhora da Consola- sua maior parte concentrava-se


Mariano Antônio Vieira, imigrante português, havia adquirido as propriedades da Chácara do Capão em 1880. A princípio, a intenção de sua compra foi “traçar um bairro pelos padrões civilizados que vira noutras terras”, portanto voltado à elite paulistana e, em virtude de sua topografia privilegiada e bela vegetação, denominaria o novo bairro de Bela Cintra, em referencia à Sintra, em Portugal.

Figura 01. Mapa da Chácara do Capão em 1852. Avenida Real Grandeza como eixo central e, à esquerda, destacadas a Rua da Consolação paralela à Rua Augusta em formação.

interação urbana

dentro da Chácara do Capão, pertencente a Mariano Antônio Vieira, e uma porção menor (entre a rua Antônia de Queiroz e Martinho do Prado) dentro da chácara de Martinho do Prado.

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Arquivo Histórico de São Paulo. Rua Augusta. Disponível em <http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov. br/PaginasPublicas/ ListaLogradouro.aspx>. Acesso em 27. abr. 2015.

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Os primeiros registros sobre a Rua Augusta datam de 1875, quando esta era apenas “uma trilha de terra batida que começava na entrada da Chácara do Capão e seguia ate o topo do Morro do Caaguaçú, local onde hoje se desenvolve a Av. Paulista”.

Com isso, a partir do surgimento da Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista, em 1891, o distrito ganha maior importância na cidade. Considerando sua fronteira com o Centro, a região valorizou-se muito devido a sua localização, fazendo surgir bairros nobres como Higienópolis e Pacaembu. (ALVES, Sua origem como trilha, no s.d.) entanto, permanece incerta até hoje, já que não se encontram Com exceção da Rua da registros seus em nenhum mapa Real Grandeza, e, de certa foranterior a 1891, ano de sua fun- ma, da Rua Augusta, as demais dação. No entanto, consideran- ruas abertas por Vieira no bairdo sua localização e os registros ro foram construídas aparentede Antônio Paim Vieira (filho de mente sem um plano claro, mas Mariano Antônio Vieira) de uma mediante prolongamentos de trilha de acesso à casa-sede, su- ruas a fim de se construir novas põe-se se tratar do mesmo ca- edificações. minho. Após a proclamação da República, em 1889, quase todos os donos de chácaras antigas da região mandam abrir ruas, avenidas, alamedas e largos em suas terras. A suposta trilha teria surgido então como um acesso com declividade mais suave que a Rua da Consolação ao morro do Caaguaçú. (VIEIRA apud. PISSARDO, 2013)

Figura 02. Mapa de São Paulo 1893. Registro da formação do bairro e da Rua Augusta na cidade.



É interessante notar, no entanto, o acesso indireto que a Rua Augusta proporcionava à cidade na época, conectando-se através da Rua Caio Prado e Martinho do Prado à Rua da Consolação que, por sua vez, acessava as ruas centrais. Era, portanto, um acesso intermediário entre bairros e a cidade.

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A continuidade da Rua Caio Prado e a Rua Maria Antônia conectava também a um outro bairro de elite em desenvolvimento: Higienópolis. Ainda, a própria Rua Martinho do Prado fazia conexão com o bairro do Bexiga através do acesso à rua Santo Antônio.

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A região central da Rua Augusta vai, assim, exercer a função de servir de acesso rápido e fácil da cidade e seus bairros à Rua da Real Grandeza, suportando pedestres e veículos provenientes da Rua da Consolação, de Higienópolis e do Bexiga, além do próprio bairro que ali se conformava.

do Prado, estabelecia também novos lotes e recebia abertura de vias ao seu redor. O proprietário havia se casado com Dona Veridiana Prado e, após a separação do casal em 1877, Dona Veridiana passou a articular contatos e relações comerciais e econômicas. A fim de fortalecer relações com a família Uchoa, dona de terras em Ribeirão Preto, Veridiana cedeu um lote de seu terreno para Flavio Mendonca Uchoa. O lote cedido tratava-se de um quarteirão inteiro situado na esquina da Caio Prado com a Rua Augusta, atual terreno do Parque Augusta. (PISSARDO, 2013)

Mais tarde, em 1892, Veridiana cede uma outra parte de seu terreno para a construção do primeiro Velódromo de São Paulo, que abrigava competições de ciclismo e, futuramente, as origens do futebol paulista. A área em questão estava localizada entre a Rua Martinho do Prado e a Rua da Consolação, O restante da extensão na altura de onde hoje é a Rua da hoje Rua Augusta, perten- Nestor Pestana, o Teatro Cultura cente à chácara de Martinho Artística e a Praça Roosevelt.


Figura 03. Mapa de São Paulo 1985. Desenvolvimento e formação das ruas do bairro da Consolação e adjacentes, contextualizando o terreno da família Uchoa e o terreno do Velódromo.

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Ao inicio do século XX, incentivada pelo poder público, Veridiana Prado passou a lotear e vender inúmeros terrenos de sua chácara na Consolação. A região então passa a receber novos estabelecimentos e infraestrutura de educação e esportes adequados a um estilo de vida moderno, cosmopolita que se propagava na elite da cidade na época. (PISSARDO, 2013)

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2.2. consolidação do bairro

interação urbana

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primeira metade do séc. XX

Em consequência do grande crescimento demográfico dentro da cidade de São Paulo, proveniente do grande fluxo de imigrantes a partir da virada do século e do esforço da República Velha em modernizar sua estrutura urbana, observa-se uma proliferação de escolas estrangeiras de elite e, juntamente, a instalação de clubes e associações atléticas de alunos independentes.

A chegada desses novos estabelecimentos passa a servir como fortalecedora da rede de sociabilidade da elite paulistana, trazendo mais investimento imobiliário para a região como um todo e, principalmente, na Rua Augusta, já caracterizada como importante via de acesso intra e inter bairros.

Esses investimentos, entretanto, apenas se tornaram viáveis a partir da garantia de O investimento na forma- investimentos em infraestrutura ção de um homem alinhado e transporte na rua. (PISSARDO, aos valores e práticas europeus 2013) ,através de formas de lazer e educação, era incentivado A exemplo disso, temos o pela própria modernização só- terreno que então permanecia cio espacial da cidade. em posse da família Uchoa até


O colégio passa a ser uma das principais escolas para damas da época. Seu sucesso, localização privilegiada e disponibilidade de grandes lotes vagos em seu entorno atrai outros colégios para a região, como a Escola Alemã, o Colégio São Luiz e outros colégios estrangeiros de elite. (PISSARDO, 2013)

Figura 04. Mapa de São Paulo 1907. Consolidação da malha viária após a divisão dos lotes pertencentes às antigas Chácaras.

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o inicio de 1907, que é adquirido em leilão pelas irmãs cônegas regulares de Santo Agostinho, que dão inicio as atividades da escola de damas de Santo Agostinho, logo denominado de colégio Des Oisseaux.

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No mesmo período, em 1907, o prédio original da Igreja da Consolação é derrubado. A criação de novas vias e o aumento populacional não conseguia mais ser suportado pelo antigo templo e assim, 20 anos mais tarde, surge a Igreja tal como conhecemos hoje. (ALVES, s.d.)

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Figura 05. Perspectiva do projeto para Vila Uchoa, de Victor Dubugras, de acordo com os padrões da elite da época.

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Figura 06. Escadaria do palacete Uchoa na saída das alunas do Colégio Des Oiseaux. Data por volta de 1900.

Figura 07. Fachada do edifício da Escola Alemã Porto Seguro, na Rua Olinda, atual Praça Roosevelt, inaugurado em 1913.

Durante seus primeiros anos de existência, a Rua Augusta apresentava um papel urbano fortemente marcado pela sua relação com a região da Avenida Paulista, sendo esse o fator principal de atração de obras de pavimentação e calçamento, mesmo que apenas em alguns trechos. É a partir de 1910, com o crescimento imobiliário e os crescentes investimentos na encosta sudoeste do espigão central, que o papel desempenhado pela Rua Augusta na cidade começa a ser transformado, assim como sua configuração social e espacial. Após reivindicações dos moradores e frequentadores da região, foram proporcionadas novas linhas de transporte público coletivo, assim como uma


melhor pavimentação para a circulação de automóveis, meio de transporte que se tornava cada vez mais comum aos cidadãos paulistanos. Apenas em 1912 a rua recebe sua extensão até a atual Rua Álvaro de Carvalho. (PISSARDO, 2013).

Segundo Pissardo:

“A Rua Augusta teve uma ocupação diversificada, na qual classes sociais diferentes e diversas funções coexistiam desde o seu nascimento. No entanto, pode-se observar uma concentração de determinadas funções e grupos sociais em seções separadas da rua,

concentrando-se na região mais próxima da Avenida Paulista os palacetes voltados para a elite, nas proximidades da Rua Martinho Prado os colégios de elite e alguns palacetes e sobrados de classe media-alta, e na parte intermediaria da rua as edificações de uso misto e casas de classe media, media-baixa e de operários.” (PISSARDO, 2013, p.45)

Figura 08. Obras de extensão da Rua Augusta em direção ao centro da cidade. Foto tirada a partir da Rua Martins Fontes, em sua bifurcação com a Rua Álvaro de Carvalho, 1941.

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Em 1915, o Velódromo construído em 1892 é desapropriado para que ali seja aberta a Rua Nestor Pestana. A estrutura da Rua Augusta se transforma, assim, em função do deslocamento rápido e eficiente de automóveis, o que leva por sua vez à modificação tipológica e social da via a partir da década de 1940.

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2.3. mutações do bairro

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Figura 09. Esquema Teórico para São Paulo no “Plano de Avenidas” de Preste Maia e Ulhôa Cintra, de 1930.

segunda metade do séc. XX

O período entre os anos 1940 e 1960 constitui uma fase decisiva na ocupação e uso da Rua Augusta, momento determinante também na configuração espacial da metrópole paulistana como um todo, durante as duas décadas que se sucediam. A cidade se verticalizava nas áreas centrais e se espraiava nas zonas periféricas, reestruturando sua centralidade com o crescimento das atividades comerciais. (PISSARDO, 2013) Com a implantação do Plano de Avenidas de Prestes Maia a partir de 1938, na tentativa de disciplinar o grande crescimento da cidade através de um anel viário, foram executa-

das também construções de novas ruas e alargamentos de vias centrais já existentes. (LEFEVRE, 2006) Dentro desse contexto, a Rua Augusta passa a absorver ainda funções centrais e grande parte do trânsito de automóveis por toda sua extensão – que agora contava também com sua continuação como Rua Colômbia, Avenida Europa e Cidade Jardim, atingindo quase que em linha reta a Marginal Pinheiros e a Avenida do Jockey – cruzando múltiplos bairros e servindo de escoadouro de tráfego do fluxo contínuo de carros das ruas transversais. (PISSARDO, 2013)


Diagrama 01. mapa da cidade de são paulo – zonas e subprefeituras por onde passa a rua augusta


Diagrama 02. Principais vias que se relacionam com a rua augusta, mostrando os eixos e intersecções mais importantes na relação d augusta com a cidade.

Diagrama 03. Quadras adjacentes à rua augusta no sentido do centro da cidade, a partir da avenida paulista, com mapeamento dos principais pontos de interesse nas proximidades deste eixo.



A fim de ampliar a capacidade de tráfego das ruas, foi construída ainda a Rua Martins Fontes e, juntamente com ela, uma praça ajardinada circundando a Igreja da Consolação recém-inaugurada após a reforma. Para isso, os imóveis existentes na área foram desapropriados. A praça, chamada já de Praça Franklin Roosevelt, passa a ter como limites tanto a Rua Augusta como a Rua da Consolação, propiciando uma melhor conexão entre as duas ruas, implicando também no alargamento da rua Martinho Prado, que viria a servir de conexão também com a Avenida Ipiranga.

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Figura 10. Praça Roosevelt em 1954. Espaço vazio e árido com vista no sentido da Rua da Consolação.

Figura 11. Rua lateral à Praça, que margeia a Igreja da Consolação.

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Durante os primeiros anos da configuração da Praça Roosevelt, no entanto, o espaço era utilizado apenas como um imenso estacionamento a céu aberto durante os dias de semana e, aos fins de semana, abrigava uma grande feira – a maior da cidade na época – e servia também de palco para comícios e manifestações politicas. (Arquivo Histórico de São Paulo - Praça Flranklin Roosevelt)


A maior parte dos estabelecimentos oferecia uma diversidade de atrações ao vivo de diferentes estilos musicais, principalmente jazz e bossa nova, e as performances feitas por artistas conhecidos. Os bares e boates da Praça eram apontados como parte dos estabelecimentos de maior luxo e sofisticação da cidade, atraindo um público da alta elite paulistana. (PISSARDO, 2013)

Figura 12. Anúncio de show da cantora Maysa na boite Chicote, localizada na Praça Roosevelt, em 1958.

Figura 13. Anúncio de filme a ser projetado no cinema Regência, na Rua Augusta, em 1955.

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O crescimento da cultura juvenil se mantinha na Rua Augusta da década de 50, que abrigava boates e bares voltados para essa nova boemia metropolitana.

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No entanto, o aumento de fluxo, o consequente trânsito e a falta de vagas de estacionamento, prejudicavam a dinâmica agradável do comércio, da vida noturna, do fluxo de pedestres e dos membros da elite que frequentavam as escolas da região. Dentre os investimentos da prefeitura, a Praça ajardinada é asfaltada em meados de 1950 sem planejamento ou devido nivelamento do terreno, o que causava constantes deslizamentos que danificavam parte do asfalto. (RIBEIRO, 2013)

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Figura 14. Praça Roosevelt em 1957, recoberta por automóveis estacionados, retratando a saturação de veículos na região.

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Figura 15. Charge em sátira ao problema de estacionamento de automóveis no centro da cidade em 1958.

Figura 16. Um dos planos de modificação dos fluxos de transito da região em 1967, publicado no jornal O ESTADO DE S. PAULO.

O governo seguiu insistindo em diversas tentativas de melhoria e solução para o problema do tráfego intenso e da falta de vagas de estacionamento suficientes para os automóveis na Rua Augusta, tendo em vista que a região onstituía um grande polo social e econômico na cidade então. Porém, mesmo com o sentido dos fluxos sendo constantemente alterados e com a aplicação de leis contra o estacionamento na via, os congestionamentos voltavam a piorar,


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deixando a situação cada vez Ainda ao inicio dos anos mais caótica e os motoristas 1960, o prefeito da cidade em confusos. (PISSARDO, 2013). atuação na época, Jose Vicente Faria Lima, põe em pratica O claro insucesso dos in- novas propostas com o intuito vestimentos da Prefeitura, na in- de criar novas alternativas para tenção de manter a dinâmica o trânsito da cidade. Dentre as elitista e boemia na Rua Augus- medidas tomadas dentro do seta, começa a ter reflexo nos es- tor viário estava a duplicação tabelecimentos ali existentes a de faixas transitáveis da Rua da partir de então: Consolação e sua ligação direta com as avenidas Rebouças e O Colégio Des Oisseaux, Dr. Arnaldo. As obras tiveram iniaté então em funcionamento cio em 1965 e foram finalizadas dentro do terreno do atual Par- em 1968. (ALVES, s.d.) que Augusta, mantém suas atividades até meados dos anos Assim, um novo complexo 1960, quando as monjas fecham viário se configura em São Paua escola, uma vez que a região lo. Em função da ligação estabaixa da Rua Augusta “se torna- belecida pela também recémra pouco atraente, excessiva- inaugurada Radial Leste-Oeste mente central e distante dos no- e o Elevado Costa e Silva, o prevos bairros nobres da cidade”. feito também decide construir (PEDROSA, 2009, p. 92). no local da Praça Roosevelt um grande conjunto arquitetônico Em seguida, o terreno de como projeto de urbanização 24 mil m² na Rua Augusta, esqui- que constituísse de um pequeno na com a Rua Caio Prado e Mar- viaduto na Rua Augusta para a ques de Paranaguá, é adquirido passagem do túnel com acesso pela Prefeitura de São Paulo e à Radial Leste-Oeste. (PISSARtombado pelo Patrimônio Histó- DO, 2013). rico, tendo seu futuro ainda incerto.

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Figura 17. Primeiro projeto construído da Praça Roosevelt em perspectiva vista da Rua da Consolação. É possível notar os volumes pesados e a elevação em relação ao nível do pedestre.

O projeto da nova configuração da Praça foi idealizado pelo paisagista Roberto Coelho Cardozo, professor de paisagismo na FAU-USP, juntamente com outros colaboradores (RIBEIRO, 2013). “A Praça Roosevelt, de um lado, procurou contemplar um extenso programa funcional [...] e,

de outro, enfatizou a fragmentação do tecido urbano a seu redor recriando espaços para uso pouco acessíveis e isolados das calçadas. [...] Para acomodar todos os usos, a praça assumiu feições e proporções de uma imensa edificação.” (ALEX, 2008, pg.157).


O novo espaço impunha uma destruição de padrões tradicionais da vida cotidiana. A estrutura não era contornada por passeios largos ou contínuos e tampouco era acessível pelas esquinas, não servindo nem como passagem entre as ruas e arquiteturas adjacentes. A ordem urbana se perdia na falta de integração com o entorno e no uso desvinculado do acesso estabelecido pelo projeto. (ALEX, 2008) Além do projeto fracassado da Praça recém inaugurada, o lado central da Rua Augusta, nos anos 1970, começa ainda a enfrentar grandes problemas com inundações e com o grande volume de água que corria rua abaixo, resultado da falta de atenção do governo para obras de infraestrutura sanitária na rua, após ter sido completamente asfaltada e suportando constante tráfego de veículos.

O recorrente entupimento de bocas de lobo nas proximidades da Avenida Paulista, a contribuição de todas as travessas e as descargas regulares das águas pluviais provindas das residências, fazia com que as águas se acumulassem até atingirem a única boca de lobo existente, próxima da Rua Caio Prado. A rua então passa a ser apelidada de “Rio Augusta”, a partir do momento em que a água atrapalhava a circulação de pedestres, sujava as calçadas e fachadas das lojas, fazia transbordar o esgoto e carregava o lixo. O problema da falta de bocas de lobo foi resolvido apenas no fim da década, sendo assim os anos 70 extremamente prejudiciais para a dinâmica urbana da rua. (PISSARDO, 2013) Como consequência da falta de infraestrutura compatível ao caráter social da antiga Rua Augusta dos anos 50, começa-se a observar o abandono do comércio de luxo e o fechamento de alguns cinemas e

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A nova praça e sua superestrutura fragmentou ainda mais o tecido urbano existente, evidenciando a ruptura espacial provocada pela malha viária.

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lanchonetes que traziam a vida jovem e dinâmica para suas calçadas. Os poucos estabelecimentos restantes recebem cada vez menos visitantes, diminuindo assim a frequência diurna e noturna da rua. (PISSARDO, 2013)

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Segundo Rolnik, a virada de século, do 70 para o 80, é ainda marcado por profundas transformações no Brasil, que, chefiadas por uma crise econômica, impactam mais uma vez diretamente na forma de ocupação da Rua Augusta. “O crescimento do setor econômico terciário no país implica num aumento nos extremos da estrutura de renda. Aumenta-se a demanda por serviços de baixa remuneração e a informalidade das relações de trabalho, fazendo crescer o número de cortiços e favelas na cidade como um todo.” (ROLNIK, 2004, pg.173) É nesse período então que novas centralidades comerciais da elite surgem na metrópole, desafiando o antigo monopólio

tradicional do centro e se estabelecendo em novos centros empresariais e financeiros (Av. Paulista e Av. Faria Lima). Com a acentuação do processo de desvalorização da região da Rua Augusta, seu lado central sofre um abandono ainda maior por parte das classes média e alta. A desigualdade social se evidência na contraposição de sofisticados hotéis para executivos da Av. Paulista e as atividades ilegais como a prostituição, habitação em cortiços e comércio informal. (PISSARDO, 2013) Devido à proximidade da região com o centro novo, que já conglomerava grande parte do lazer noturno, e das empresas que se instalaram na parte inicial da Rua Augusta – próxima da Avenida Paulista -, restaurantes, bares e casas noturnas passaram a se fixar nos arredores da Praça Roosevelt, tornando a região um dos principais polos de lazer noturno da cidade. A dinâmica adquirida pela região, no entanto, tinha agora um novo caráter, diferente do luxo boêmio do passado.


A partir de então, as ruas envoltórias da Praça (Nestor Pestana, Martinho do Prado e Avanhandava) passam a se configurar como uma pequena mancha de lazer noturno, porém de diferente prestigio, não mais apontado como glamouroso e elitista, mas como “mal frequentados” antros de violência. (PISSARDO, 2013) O complexo de concreto que configurava a Praça Roosevelt apresentava tantas falhas de projeto, de cuidado e de iluminação, que contribuíram ainda mais para a sensação de abandono da vertente central da Rua Augusta.

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Com receio de que a região viria mesmo a se tornar um polo de prostitutas e marginais, o colégio alemão Porto Seguro, com portões voltados diretamente para a praça, segue o exemplo das outras escolas e se transfere para bairros mais afastados do centro, onde a elite então residia. (PISSARDO, 2013) Diagrama 04. Mapa de ocupação dos imóveis na rua augusta sentido centro entre 1943 e 1975

Diagrama 05. Mapa de ocupação dos imóveis na rua augusta sentido centro entre 1976 e 2012

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2.4. configuração atual do bairro

séc. XXI

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Até os anos 2000, o uso e frequência da parte central da Rua Augusta segue a configuração adquirida durante as décadas anteriores. Até que, com o crescimento da classe média urbana e, como consequência, de processos de “revitalização” das áreas centrais de São Paulo, inicia-se ali mais uma mudança na forma de ocupação do espaço.

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Essas mudanças têm reflexo tanto na paisagem edificada quanto na transformação dos usos e público frequentador, a princípio ligados ainda aos resíduos da grande vitalidade cultural, social e boemia das

décadas passadas. Somada à popularização e marginalização das novas atividades, chegam ali contingentes de jovens de classe média e alta em busca de música e cultura alternativos. As novas dinâmicas de uso e a grande repercussão midiática por parte desse público juvenil e alternativo, passa a configurar uma espécie de região moral da cidade intitulada “Baixo Augusta”, que logo trariam uma revalorização imobiliária e sua consequente transformação espacial e social. (PISSARDO, 2013)


A Rua Augusta vem a ser, nesse contexto, apropriada por diferentes grupos sociais e servir de espaço para estabelecimentos de lazer voltados para diferentes tribos urbanas. Com uma oferta de serviços e comércio diversas, a rua passa a oferecer cada vez mais uma gama variada de atividades, atraindo e motivando seus frequentadores para que permaneçam e circulem por mais tempo por suas calçadas.

A exemplo disso, temos a reforma da Praça Roosevelt iniciada em 2006 e o debate em torno do terreno do Parque Augusta, que ganha maior força em 2004 a partir da demolição da estrutura remanescente do Colégio Des Oiseaux, com o intuito de se construir um empreendimento imobiliário no lugar. (PISSARDO, 2013)

Figura 18. Mapa esquemático de estabelecimentos divulgados no jornal O ESTADO DE S. PAULO, destacando a dinâmica e vitalidade das opções oferecidas na rua Augusta.

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Ainda, a perspectiva de mais áreas de lazer de qualidade ao ar livre também ajudaram a aumentar a sensação de valorização da região.

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3. caracterização da área

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Diagrama 06. Foto aérea do entorno da área de estudo (fonte:google earth). Localização da praça roosevelt e do parque no baixo augusta.


3.1. configuração da atual Praça Roosevelt

caracterização da área

Após inúmeras tentativas de reforma e melhoria do espaço degradado existente, a prefeitura optou pela desativação definitiva da praça em 2006, sendo o novo projeto inaugurado apenas ao fim de 2012, após dois anos de reforma sob gestão do prefeito Gilberto Kassab. (RIBEIRO, 2013)

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Em 2010, o escritório Borelli & Merigo foi contratado pela construtora Paulitec para ser responsável pela reforma da Praça, elaborando o detalhamento do projeto cuja concepção geral ficou a cargo da equipe da antiga Emurb (Empresa Municipal de Urbanismo).

entorno. Nas esquinas das Ruas Nestor Pestana e Gravataí foram projetados conjuntos de escadas e rampas que as ligam diretamente ao nível da Praça. Além destes, foram construídos outros nove conjuntos de rampas ou escadas, o que permitiu novas possibilidades de acesso. A estrutura da antiga praça foi integralmente demolida permitindo que a laje-jardim fosse inundada pelo sol, e ainda se abrissem novas frentes visuais do centro da cidade. Foram criados também quase 4 mil metros quadrados de jardins sobre a laje.

Dentro do projeto estava A proposta da reforma ainda um novo conjunto arquiera estabelecer pontos de co- tetônico composto pela pérgola nexão com o tecido urbano do e áreas comerciais (floricultura),


A proposta do escritório coloca a Roosevelt no centro de uma intervenção urbana que estabeleceria uma conexão entre as diversas áreas verdes de seu

entorno. “Isto seria possível através da pedestrialização (acesso limitado de carros) das vias do entorno, que funcionariam como parques lineares conectando três grandes áreas além da Roosevelt: a Praça da República, Praça Dom José Gaspar e o futuro Parque e Edifício Augusta. Os últimos se conectariam à Praça através das ruas Gravataí e João Guimarães Rosa.”

Figura 19. Perspectiva da Praça recém inaugurada, com abertura para a Rua da Consolação.

Praça Roosevelt e as intervenções em seu entorno. Borelli&Merigo. Disponível em <http:// www.borellimerigo.com. br/urbanismo/praca-roosevelt>. Acesso em 15. mai. 2015.

caracterização da área

que seria um novo espaço de convivência na região. Fazem ainda parte do programa da Praça uma área para cachorros e um parque infantil ainda não construído.

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de lazer. Simultaneamente, esta intervenção permitiria conectar a Praça Roosevelt às Praças da República e Dom José Gaspar, e qualificaria a conexão pedestre dos bairros da Consolação e Bexiga ao centro da cidade. (Borelli&Merigo)

caracterização da área

Teríamos assim o surgimento de uma grande área de lazer no centro novo de São Paulo, potencializando seu aproveitamento turístico, já que além das áreas verdes citadas, a região apresenta ótimos restaurantes e equipamentos culturais como cinemas e teatros, e a mais importante biblioteca da cidade, a Mário de Andrade.

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Figura 20. Proposta de requalificação urbana da Praça Roosevelt apresentada pela antiga EMURB. As diretrizes foram aprovadas em 2005 pela Prefeitura e, após desapropriação de estabelecimentos em funcionamento na praça, o projeto é aprovado pelo CONDEPHAAT.

Segundo a proposta do escritório Borelli & Merigo, o triângulo formado, pelas avenidas São Luiz, Ipiranga e pela rua da Consolação, teria uma de suas pistas transformada em um boulevard que caracterizaria toda a quadra como uma imensa área

O projeto da nova Praça Roosevelt, portanto, faz parte do esforço que São Paulo vem empreendendo com o intuito de renovar seu centro histórico. Contudo, devido à extensão e porte de tal projeto, apenas a reforma da Praça foi aprovada e executada pela Prefeitura da cidade.


caracterização da área

Figura 21. Projeto apresentado pelo escritório Borelli & Merigo como proposta de um desenvolvimento e abrangência urbana da requalificação da área envoltória à Praça Roosevelt.

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caracterização da área

3.2. situação do terreno do parque augusta

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Desde o fechamento do Colégio Des Oiseaux em 1969, o terreno do Parque Augusta permaneceu sob posse da Prefeitura de São Paulo, e em 1970 recebe já uma proposta de construção de um jardim publico junto ao prédio remanescente, de autoria de Victor Dubrugras. No entanto, a proposta nunca se concretizou. (ARTUNHA; ENTINI, 2013)

eventos esporádicos, funcionando como estacionamento na maior parte do tempo. (VEIGA, 2015)

Em 1974 grande parte do edifício histórico remanescente é demolida, e em 1977 o terreno passa a ser propriedade da construtora Teijin do Brasil. Sob gestão da construtora, a área recebe até meados de 1996, funções como palco de shows e

Em 2004, a área verde remanescente da Mata Atlântica existente dentro do terreno é tombada pelo Conpresp – órgão municipal de proteção ao patrimônio- como patrimônio cultural, histórico e ambiental de São Paulo.

No ano de 1996 o empresário e ex-banqueiro Armando Conde, da Acisa Incorporadora, adquire o terreno e, em 2002 o Plano Diretor de São Paulo prevê a implantação do Parque Augusta no local.


No entanto, ainda em 2008, o Conpresp autoriza a construção de três prédios no local, fazendo com que os ativistas e moradores da região começassem a se reunir na luta por um terreno 100% verde. A primeira grande manifestação do movimento acontece então em 2010, fazendo com que a Câmara autorizasse a criação do Parque Augusta. Com tal medida, em 2012, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente passa a apoiar a ideia por meio de parcerias publico-privadas.

Até então, o bosque tombado do terreno permanecia aberto à população, mesmo com o futuro incerto e sem nenhum projeto de infraestrutura própria de Parque. Em meio a inúmeros atos, eventos e audiências públicas, Armando Conde vende o terreno, em Novembro de 2013, para as construtoras Setin e Cyrela. (Organismo Parque Augusta)

Histórico recente da mobilização popular pelo Parque Augusta. Disponível em <http://www. parqueaugusta.cc/ja/historico-recente-da-mobilizacao-popular-pelo-parque-augusta/> Acesso em: 23 ago. 2015.

A proposta das construtoras era erguer torres multifuncionais, com unidades comerciais, hoteleiras e residenciais, mantendo a área de bosque tombada aberta à população, sendo a mesma, no entanto, de administração privada. (VASQUES, 2013) O DUP -Decreto de Utilidade Pública- revogado em 2006 caduca e as construtoras fecham então o perímetro do Parque com um muro. Porém, ainda em novembro do mesmo ano, o prefeito Fernando Haddad sanciona a criação do Parque Augusta mas, logo em seguida, afirma que não possuiria verbas para desapropriar o terreno.

caracterização da área

A partir de então, a ideia da realização do Parque Augusta começa a ganhar força e voz entre o povo e o Estado. Em 2006, com a intenção de impedir a construção de um hipermercado no terreno, surge o movimento Aliados do Parque Augusta e é apresentado na Câmara um Projeto de Lei para a criação do Parque. Em 2008 o prefeito em atuação, Gilberto Kassab, declara o terreno como utilidade pública.

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caracterização da área

Conselho de SP aprova projeto de prédios no terreno do parque Augusta. Uol noticias, 27 jan. 2015. Disponível em <http:// noticias.uol.com.br/ cotidiano/ultimas-noticias/2015/01/27/ conselho-de-sp-aprova-projeto-de-torres-no-terreno-do-parque-augusta.htm> Acesso em: 25. ago. 2015

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Do outro lado, Cyrela e a Setin dizem que “O terreno, da forma como está hoje, não oferece segurança adequada ao público” e que a “área precisa passar por um processo de revitalização, que só pode acontecer após a aprovação do projeto pelos órgãos competentes, para tornar-se um parque aberto ao público”. (CYRELLA E SETIN)

do centro da cidade, ou seja, uma área revestida com vegetação (grama, arbustos ou árvores) caracterizada como um bosque na cidade, que conta com árvores centenárias, como palmeiras e jacarandás. (ARTUNHA; ENTINI, 2013) Ainda em meio a esse cenário de discussões sobre o destino do terreno, surge em 2013 a OPA (Organismo Parque Augusta), uma organização de moradores e ativistas que brotou do chão do Parque Augusta e se constitui como movimento político horizontal, determinado a impedir a construção de torres no terreno.

Apesar da criação do parque assinada pelo prefeito Haddad, durante mais de um ano, o cenário permaneceu de disputa. O parque passou por diversas ocupações de moradores, ativistas e defensores da sua permanência, com objetivo de garantir a vida do parque em meio ao caos urbano do centro As ações da organização de São Paulo. começaram em 2013, quando a proposta das construtoras em O parque Augusta é uma busca de prédios ganhou força das poucas áreas verdes da re- e voltou a caminhar na burogião central da cidade e conta cracia municipal, já na gestão com espécies nativas da mata do prefeito Fernando Haddad. atlântica que sobreviveram a O desafio, desde então, tem séculos de expansão urbana. sido criar um Parque Augusta livre de construções, 100% ver O terreno é considerado de, público e inclusivo. a última área verde permeável


Figura 22. Perspectiva do projeto do empreendimento proposto pelas construtoras Cyrela e Setin. Espaço com uma praça central, playground, bicicletario, bebedouros e infraestrutura para palestras e eventos no térreo. Acesso livre à população dentro da propriedade privada.

Figura 23. Projeto idealizado pela arquiteta Adriana Levisky, como exemplo das diversas alternativas estudadas para o terreno. Projeto de um cinema ao ar livre com um centro cultural e galeria de arte no subsolo, sob uma cobertura de vidro.

Figura 24. Proposta do Organismo Parque Augusta. Foco na expansão da mata nativa e remoção das estruturas de concreto que faziam parte do estacionamento. Programa de atividades ecológicas, educativas e artístico-culturais com estruturas móveis sustentáveis.


caracterização da área

Em texto publicado por Abílio Guerra sobre o movimento criado pelos ativistas, o autor coloca de maneira bastante clara o caráter público e prático que leva à efetiva ocupação do terreno:

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Figura 25. Menino olha por cima do muro durante um dos eventos “A Rua Tb é Parque”, realizados ao inicio de2014 em frente ao parque Augusta. Figura 26. Tapumes dividem o lote, separando as arvores de grande porte da área que faz frente com a Rua Augusta. Figura 27. Muro que circunda o Parque visto da Rua Augusta. Figura 28. Manifestantes em ocupação do perímetro do Parque. Figura 29. Cartaz no muro do Parque, mostrando a persistência do movimento. Figura 30. Manifestantes ocupando a calcada do Parque em protesto.

urbana vigorosa e participativa, que tornam-se parâmetros para futuras intervenções públicas e argumentos notáveis para conquistar o apoio da sociedade civil. Neste sentido, há uma elevação potente dos meios adotados, que passam a ter tanta “A marca registra- importância como os fins almeda desta nova modali- jados.” (GUERRA, 2015) dade de ativismo é que a antiga formatação da Tendo em vista, portanpauta de reinvindicações to, que a ocupação do terreno em documentos escritos é como espaço de cultura e lazer substituída pela atuação já é feito pela população mesprática direta; ao invés mo antes da criação de uma de um abaixo-assinado infraestrutura própria, fica aqui ou discussão no âmbibastante claro o uso e ocupato da imprensa ou redes ção que a cidade demanda sociais, parte-se para as para este espaço. ocupações, em geral efêmeras, e a apropriação Ainda assim, em Abril de dos espaços através de 2015, o Parque passou a ser chaatividades de lazer e culmado de Bosque, sendo dividitura. Sinaliza-se de forma do por tapumes e parcialmente material, e não discursiva, fechado para a população. A o que poderia ser o espaárea de “bosque”, portanto, seço público, transformanria a área de parque, enquanto do-o efetivamente. [...] o restante do terreno abrigaria Os shows musicais e a limum empreendimento imobiliário peza geral no terreno da de propriedade das construtoRua Augusta antecipam ras. cenas e cenários de vida



caracterização da área

3.3. a dinâmica urbana da área hoje

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Figura 31. Perspectiva da praça no sentido do Elevado Costa e Silva, mostrando o movimento tranquilo de um dia de semana na Praça; Figura 32. Entorno comercial na rua lateral à Praça; Figura 33. Multidão reunida em evento “Existe Amor em SP” em 2012; Figura 34. Edifícios de grande porte, revelando a grande quantidade de residenciais que margeiam a praça com vista superior

O espaço público da Praça Roosevelt, sob observação de Ribeiro , se caracteriza como um dos exemplos mais emblemáticos e centrais de São Paulo, situada em meio à intensidade de fluxos e acontecimentos do bairro da Consolação. “O aspecto falimentar da praça, em contraste com o pulsar cultural vivo das ocupações em seu entorno e as novas formas de ocupação após a reforma podem contribuir ao entendimento de potencialidades e desafios do espaço público.”(RIBEIRO, 2013, pg.89)

Assim, as várias visões do entorno da praça revelam que o entorno traz para a região diferentes usos e paisagens. Ao mesmo tempo em que se encontram ao seu redor grandes edifícios residenciais, os térreos abrigam estabelecimentos comerciais e de serviço. Observa-se também a variedade de usos da Praça em si, sendo diariamente ocupada por skatistas e jovens, funcionando como um ponto de encontro e área de “vazio” e respiro entre os edifícios, e sendo também palco de eventos e concentração de atividades em datas especificas.



Figura 35. Visão seriada de chegada à Praça Roosevelt pelo Elevado Costa e Silva. Contraste de volumes densos com o passeio árido das ruas.

Figura 36. Visão seriada do percurso pela Rua Augusta durante a noite. Dinâmica viva que encontra a Praça deserta.

Figura 37. Visão seriada através da Rua Avanhandava. Movimento noturno e iluminação do polo gastronômico em contraste à escuridão da Praça.


recuada em relação ao passeio e sem interação com o uso do térreo.

Em entrevista à Folha de S. Paulo sobre a chegada dos teatros à Praça no ano 2000, Rodol Ao passo que o caminho fo Garcia Vásquez, fundador do pelo Elevado Costa e Silva ofe- Teatro Satyros, declara: rece escalas monumentais até “A Roosevelt era chegar subterraneamente à considerada um dos loPraça Roosevelt, sendo bloquecais mais perigosos de São ada pela Rua da Consolação, Paulo [...]. Com o decorrer o vetor em declive da Rua Audos anos, principalmente gusta e Avanhandava, de granpela ação dos teatros, a de movimento, encontram na Praça passou a ser uma Praça o lugar de atenuação do área de cultura e arte, romovimento e desalento. deada de vários bolsões de prostituição e tráfico.” Ainda, em meio às duas vertentes, temos o uso cultural, A Roosevelt tornou-se encomercial e de entretenimento tão um espaço para o teatro unna Rua Nestor Pestana e Martiderground, um teatro veloz, em nho do Prado.(RIBEIRO, 2013) que tudo pode acontecer. Ali se concentra um polo de cultura do teatro “underground”, caracterizando a área como uma concentração artística de grande valor para o bairro e para a cidade como um todo. No entorno da Praça Roosevelt hoje predominam condomínios de apartamentos pequenos, com circulação vertical

Além dos movimentos teatrais, a Praça também é o ponto final de concentração da Parada do orgulho LGBT e abriga bares e a livraria HQ Mix, especializada em quadrinhos. Durante eventos como a Virada Cultural, o complexo costuma sediar também eventos de “Dimensão Nerd”, com jogos de RPG e Cosplays.

Folha de S. Paulo apud. RIBEIRO, 2013, p.104, In Folha de S. Paulo, 2004.

caracterização da área

As três visões seriais de chegada à Praça evidenciam o grande contraste do percurso com o volume, no qual o elemento construído é contrastado com o espaço vazio da praça.

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ça, que transcorreu simultaneamente à reforma e encontrou na condição atual um espaço de afirmação de sua identidade.

caracterização da área

Figura 38. Concentração de teatros na calcada que margeia a Roosevelt. Considerar ainda o Teatro Cultura Artística, instalado na Rua NestorPestana.

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Ainda em 2012, ano de inauguração da nova Praça, o festival de música “Existe amor em SP” ocupou o espaço uma semana antes das eleições municipais e ganhou grande repercussão midiática na época. De acordo com organizadores, a intenção do evento era mostrar para Fernando Hadad (PT) e Jose Serra (PSDB) que a capital paulista precisa de mais atenção para a cultura. Sendo assim, um encontro politico, porém apartidário, que acabou por trazer maior visibilidade ao espaço recém inaugurado e maior voz para o desejo de mais espaços públicos de qualidade. (PISSARDO, 2013)

Na calçada oposta a dos Teatros, além da movimentação cotidiana dos alunos da Escola Caetano de Campos, em funcionamento no antigo prédio do Colégio Alemão Porto Seguro, a Rua Guimarães Rosa abrigava até pouco tempo atrás uma feira livre das mais frequentadas do centro. (RIBEIRO, 2013) Após a reforma, portanto, a praça se encontra efeti Assim, o pulso cultural do vamente mais acessível, arboentorno se manteve inalterado: rizada e segura, com utilização grupos de teatro, Coletivos e de diferentes públicos e em diONGs se dedicaram à manuten- ferentes horários, sendo bem ção da dinâmica da área como aceita pela população local e uma corrente política decisiva merecendo elogios do público para a recaracterização da pra- frequentador.


pelas associações, órgãos públicos e escritórios de arquitetura e urbanismo, tratando de percursos e conexões que podem trazer um melhor aproveitamento de espaços públicos, através da integração e apropriação de vazios de centro de quadra, no centro de São Paulo.

Com os imóveis majorados, os valores de locação subiram muito e alguns moradores e agentes de transformação da praça, responsáveis pelo caráter que ela agrega hoje, têm sido obrigados a deixá-la. A Rua Gravataí, via local que une a Praça à rua Caio Prado, começa a ser valorizada e se torna também alvo de especulação imobiliária, inserida no contexto de reivindicação pelo Parque Augusta público e aberto anteriormente citado.

Ainda, dada à discussão recorrente e à falta de destino certo para o terreno do Parque Augusta, o trabalho tem como foco o estudo e a busca de uma maneira de manter o caráter cultural e urbano pelo qual a população luta para ser implantado na região.

Assim, a proposta desta pesquisa é de resgatar o projeto de reativação e interconexão desta área urbana próxima ao centro da cidade e com grande potencial cultural e de lazer. O trabalho buscou estudar e desenvolver as propostas já anteriormente embasadas

A pesquisa visa, com isso, defender a possibilidade de uma conexão entre a Praça Roosevelt, elemento público existente, com a área verde tombada do terreno da Rua Augusta, através de um equipamento cultural que dinamize e revitalize a vida da região, conectando ainda aos demais percursos por miolo de quadra já existentes no centro antigo da cidade.

caracterização da área

Ainda que hajam conflitos entre a população frequentadora quanto ao uso constante da esplanada e dos equipamentos pelo grande publico skatista, é possível dizer que a região ganhou grande valorização e especulação imobiliária após a reforma. (RIBEIRO, 2013)

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4. o espaço público

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o valor e a importância dos parques e praças na cidade

o espaço público

Embora os padrões de uso tenham variado ao curso da história, o espaço público sempre foi lugar de encontro, de comércio e de circulação. A cidade por si só é um lugar de encontro e reunião das pessoas, lugar de troca de informação sobre a urbe e a sociedade, onde eventos importantes foram, e ainda são, encenados. (GEHL; GEMZOE, 2002)

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transformam em interconexões, numa nova estrutura urbana.

Assim, com o passar dos anos, o conceito aplicado aos espaços livres em geral foi se transformando em decorrência das mudanças culturais da sociedade, e muitas das praças antes usadas para reunião da população, passaram a abrigar edifícios comerciais de uso publico/privado. (GONÇALVES, As praças, ruas e jardins 1995) públicos conquistaram o seu espaço nas cidades acompa- Hoje já não existem mais nhando a evolução urbana tantas festas populares de rua, característica de cada região. desfiles e apresentações teatrais Com o crescimento de metró- no espaço da praça. Tais evenpoles, esses espaços livres so- tos se tornaram acontecimentos freram diversas modificações: pontuais e esporádicos na vida alguns acabaram extintos, ou- cotidiana. tros novos surgiram, e outros se


“Há muitos séculos a vida popular vem se retirando das praças públicas, e mais acentuadamente em tempos recentes, sendo quase compreensível que tenha diminuído tanto o interesse da grande massa pela beleza das praças, que acabaram por perder grande parte de seu sentido original.” (SITTE, 1992, pg.113)

do em seu espaço um número elevado de usuários e atividades variadas em seu perímetro. (GONÇALVES, 1995) Já os parques são locais efêmeros, que costumam passar por extremos de popularidade e impopularidade. Diversos espaços de vazio urbano verde acabam degradados, sem uso, desprezados pela população. No entanto, esse respiro de natureza dentro das grandes metrópoles, comumente considerados uma dadiva conferida à população das cidades, pode também ser visto de maneira inversa.

Jane Jacobs coloca que, na verdade, “são os parques urbanos que precisam da dadiva da vida e aprovação da população conferida a ele, para que seja considerado um ‘bom’ parque. Portanto, podemos dizer que são as pessoas quem dão utilidade aos parques e O espaço livre público fazem dele um sucesso, ou enatual precisa então atender tão o condenam ao fracasso.” as demandas da vida urbana, (JACOBS, 2000, p.97) apresentando funções diferentes das de antigamente. Seu As cidades são lugares caráter artístico não foi aban- absolutamente concretos e, ao donado, mas vem comportan- tentar entender seu desempe-

o espaço público

Os novos padrões de tráfego, de comércio e de comunicação foram tão radicais que interromperam a tradição da práxis urbana. O rápido e vasto desenvolvimento dos meios de comunicação tecnológicos forneceu à população uma enorme gama de informação sobre a comunidade e o mundo, tornando assim menos necessário o espaço de âmbito público. (GEHL; GEMZOE, 2002).

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o espaço público

nho, as boas conclusões vêm da observação do que ocorre no plano palpável e concreto, e não do plano metafisico. A variedade de usos dos edifícios propicia ao parque, à praça, e a qualquer equipamento público, uma variedade de usuários que nele entram e dele saem em horários diferentes, estabelecendo uma sucessão complexa de fluxos. (JACOBS, 2000)

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da elementos de estabilização de bens ou de sua vizinhança ou bairro. (JACOBS, 2000)

Assim, podemos notar a existência de diversos tipos de parques, sendo eles influenciados e/ou influenciadores de usos na cidade. Podendo ser ainda, espaços que funcionam como extensão de ruas, parques grandes com grandes atrações, parques com lagos, bosques e mu Assim, em detrimento da seus. combinação do uso múltiplo, do fácil acesso público e da articu- A falta de planejamenlação com o tecido urbano de to e a ilusão de que a inserção qualquer tipo de cidade, o con- aleatória de equipamentos e ceito de praça como encontro e espaços públicos na cidade, no convergência de fluxos urbanos entanto, resultam muitas vezes é entendido como critério bá- em novas arquiteturas que mosico de projetos arquitetônicos dificam a identidade e uso de em vazios urbanos, com equi- um trecho da cidade, um larpamentos de recreação, lazer e go, uma praça ou um parque, cultura. Ou seja, esses espaços, e nem sempre cumprem seu pacom funções, usos e inserções pel qualitativo. urbanas diversas, exigem, con“Centros culturais incasequentemente, projetos de napazes de comportar um turezas diferentes (ALEX, 2008). bom programa; centros cívicos evitados por todos; As pessoas não utilizam as centros comercias suburáreas livres só porque elas estão banos e padronizados; lá, como muitos dos urbanistas e passeios públicos que vão planejadores urbanos gostariam do nada a lugar nenhum que utilizassem. Os parques, por e nos quais não há gente si só, não são nada e menos ain-


As grandes cidades hoje necessitam de uma diversidade de usos muito mais complexa e densa, que propicie entre eles uma sustentação mútua e constante, tanto econômica quanto social. É tolice planejar a aparência de uma cidade, de um bairro, ou de uma quadra, sem saber que tipo de ordem inata e funcional ela possui. (JACOBS, 2000) Durante a pesquisa, portanto, o convívio e a exclusão no espaço público são analisados sob o ponto de vista de um projeto arquitetônico que causa alterações no entorno a partir de sua implantação. Desse modo, o estudo sobre equipamentos arquitetônicos que visam induzir ao uso ou não-uso de um espaço público, exige a observação e analise de possíveis barreiras físicas naturais ou artificiais, a partir do levantamentos do entorno e seus nós,

marcos e trajetos. O foco deste trabalho, assim, consiste em avaliar a multiplicidade de usos urbanos para uma praça inserida no centro da grande cidade metropolitana de São Paulo e seu respectivo entorno, admitindo o comércio, os serviços e os equipamentos de lazer que, de certa forma, tiram do transeunte a condição de mero contemplador e dão a ele uma possível atividade que o atrai e, consequentemente, reativa aquele pedaço da cidade.

o espaço público

passeando; vias expressas que evisceram as grandes cidades. Isso não é reurbanizar as cidades, é saqueá-las “ (JACOBS, 2000, pg. 2)

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5. percursos e conex천es

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percursos e conexões

a qualidade do passeio do pedestre por entre espaços públicos

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É possível dizer que as cidades em geral são reconhecidas pela sua face fixa, ou seja, por seus volumes projetados e construídos. No entanto, é a mobilidade que a anima e mostra sua real face e caráter urbano. As calçadas, por si só, não são nada. São apenas abstrações. Elas só passam a ter um significado quando pensadas junto aos edifícios e aos outros elementos e usos limítrofes a elas ou a calçadas próximas. (JACOBS, 2000) A acessibilidade e a circulação são aspectos fundamentais na constituição dos lugares e o constante ir e vir é o que faz com que as metrópoles sejam tão dinâmicas, tanto em seu movimento interno concentrado no centro da cidade, quanto em sua condição de espaço de passagem para a população.

Através dos caminhos de pedestre, temos uma cidade mais transitável dentro de certa escala. Por meio de pontes, caminhos ou outro elemento arquitetônico qualquer, interligam-se os espaços livres, permitindo manter uma continuidade de acessos. (GONCALVES, 1995) “Os espaços livres uma vez bem equipados, podem tornar-se muito agradáveis, tornando-se uma atração para as pessoas. Quando utilizamos desenhos de piso, postes de iluminação, bancos arborização ou coberturas [...], dão a ele uma escala mais próxima do homem.” (GONCALVES, 1995, pg.72)


percursos e conexões

Ainda, segundo Gehl e Assim, ao tratarmos dos esGemzoe: paços públicos deteriorados, a maioria das atividades sociais e “Espaços públicos recreativas desaparecem comque oferecem mais quali- pletamente, deixando apenas dades que desvantagens vestígios das atividades de peproporcionam uma vasta destres mais necessárias e utilitágama de atividades rias. As pessoas caminham neles urbanas. Rotas atrativas por necessidade, e não por depara caminhar e lugares sejo. de parada encorajam o trafego a pé, o qual, por Esse espaço público utilisua vez, promove ativida- tário, ainda, se não tratado com des sociais e recreativas, atenção pela população e pelo pois, ao caminhar, as Estado, tende a se tornar um espessoas param e apropaço abandonado, onde a traveitam a cena urbana”. dição urbana é debilitada pelo (GEHL; GEMZOE, 2002, carro e o trafego de pedestres é p.132) o ato supérfluo. (GEHL; GEMZOE, 2002) Uma passagem por dentro do lote, portanto, convida o Durante o século XXI, crestranseunte a um espaço ao mes- ceram as fronteiras dentro da mo tempo acolhedor e permeá- cidade, gerando um fluxo trunvel. A passagem, o comércio e o cado entre muros e cercas. Os abrigo caracterizam uma cida- deslocamentos, apesar da alta de que se estrutura de maneira eficiência, não visam promover generosa e engloba no mesmo encontros, mas otimizar o perespaço, funções urbanas diver- curso rápido entre pontos. Com sas, tornando público um es- isso, o trafego ocorre para realipaço privado. Seu processo de zar travessias, enquanto as ilhas deterioração faz parte do pro- de urbanidade desconsideram cesso amplo de degradação o tecido contiguo e vizinho. do centro da cidade, perdendo seu valor de espaço urbano A cidade, que antes era e cedendo lugar a um espaço caracterizada pela vida publica controlado. (BOGEA,2009)

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pulsante, hoje tende a se transformar num circuito estanque entre espaços fechados. (BOGEA, 2009)

percursos e conexões

A rua, garantia de acesso e circulação a qualquer cidadão, caracteriza a fratura no novo século, sendo ela mesma uma fronteira invisível e desagregadora. Os muros, cada vez mais estanques, isolam lotes em fragmentos onde as ruas, que antes eram elementos de relação, passam a ser apenas de circulação. Essa é uma realidade que se encaixa na São Paulo de hoje, em seus parques e demais espaços públicos. (BOGEA, 2009)

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Sobre as experiências do urbanismo de fragmentos - um urbanismo entendido como “questão de engenharia” - Marta Bogea comenta que: “O encanto e a possibilidade de (re)organização do meio em que essas arquiteturas são inseridas chamam hoje mais atenção que seus próprios projetos. São essas as arquiteturas que configuram uma nature-

za de deslocamento que conta com a itinerância e mutação constante dos edifícios, que por sua vez transformam a dinâmica das cidades.” (BOGEA, 2009, pg. 154) Essa arquitetura permite então o movimento entre lugares, editando tempos distintos em locais de parada. É uma arquitetura que, embora estável no tempo, reorganiza a dinâmica da cidade, de acordo com seus diferentes tempos. As grandes cidades, portanto, são muito mais buliçosas que as médias e pequenas, permitindo mais mobilidade e mais encontros. Considerando então que o espaço público vive hoje uma crise de identidade, na qual o sentido de espaço de disponibilidade se perde cada dia mais, se perde também o sentido de permeabilidade, mobilidade e deslocamento. Movimento não significa apenas passagem superficial pelo lugar, mas sim, a entrada onde o acesso não é apenas virtual, mas também físico.


Bogea coloca ainda que, mais duráveis que suas construções, as relações que definem contornos e percursos nas cidades tem configuração nos deslocamentos que conectam ambos os elementos. A essa relação soma-se ainda, a noção de passagens, circuitos e caminhos que desenham o pulso das cidades, justamente por permitirem troca e contato entre as pessoas. (BOGEA, 2009) “Do movimento que atrai fluxos para a cidade, núcleo de encontro e rica diversidade, ao movimento que a corta, fragmentando-a mais do que conectando-a, redefinem-se as formas de habitabilidade. Assim, a habitabilidade é,

hoje, pautada pela conexão, amparada em deslocamentos.”(BOGEA, 2009,pg. 158) No entanto, como coloca Jacobs, é inútil tentarmos nos esquivar da questão da insegurança urbana tentando tornar mais seguros outros elementos da localidade, como pátios internos ou áreas de recreação cercadas. O requisito básico da vigilância, que traz consigo a segurança, é trazer um numero substancial de estabelecimentos, eventos e outros locais públicos dispostos ao longo das calçadas e percursos, que possam ser utilizados de dia e de noite. (JACOBS, 2000) “Desde que a rua esteja bem preparada para lidar com estranhos, desde que possua uma demarcação boa e eficaz de áreas privadas e publicas e um suprimento básico de atividades e olhos, quanto mais estranhos houver, mais divertida ela será” (JACOBS, 2000, pg.41)

percursos e conexões

As transformações que acontecem na cidade contemporânea redesenham, assim, as fronteiras dentro das cidades. A mobilidade, ao conectar pontos não contíguos, reconfigura a noção de percursos na cidade e a noção de fronteira se desloca de uma materialidade evidente de muros, para uma circulação intuitiva e livre do pedestre.

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6. sobre s達o paulo

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sobre são paulo

os vazios e o papel dos espaços públicos no centro

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As praças e largos da cidade de São Paulo surgiram sempre marcados por alguma construção e serviam como ponto de encontro de pessoas, promovendo ainda um maior destaque aos edifícios que compunham a paisagem urbana.

versas, deve-se considerar uma melhoria na qualidade de vida urbana por meio de um olhar mais humanista, através da inserção de equipamentos adequados à realidade de seu entorno e respeitando o interesse da comunidade onde de encontra.

No entanto, com o elevado crescimento do uso de automóveis e o consequente transito intenso na cidade de São Paulo, os problemas na economia e na vida urbana da cidade levaram à necessidade de se adotar uma politica de intervenções viárias que afetaram diretamente a qualidade e a função de inúmeros espaços públicos importantes na cidade.

“Nos grandes centros urbanos brasileiros, sobressaem os problemas relacionados à ocupação. Envolvidos por questões diversas que fazem parte da dinâmica da cidade, estamos perdendo de vista a dimensão desta como espaço de convivência e a vocação das praças publicas como local privilegiado em que se concretiza esse rito social” (ALEX, 2008, p. 23).

Sendo a cidade insuflada de tecnologias e velocidades di-


A partir dessa ideia de conexões e percursos, as galerias do centro de São Paulo, tão características dos anos 1950, trouxeram a ideia de uma cidade permeável, na qual a circulação penetra e transpassa os edifícios. São exemplos de projetos que investem no coletivo e evitam fragmentos do privado.

Com a implantação dos calçadões, o centro da cidade começa a estruturar-se com espaços livres interconectados entre si, que em determinados momentos estreitam-se, em outros se alargam criando uma leitura de valorização perceptiva em sistema de rede.

Tais projetos se mostram bastante positivos para a cidade, a partir do momento em que permite a livre circulação, comercio e apropriação do espaço pela ocupação de diferentes atividades e diferentes possibilidades de circuito.

As praças e largos, a partir de então, fazem parte da composição dos espaços livres centrais, muitas vezes localizados em eixos viários ou interconectados aos calçadões, compondo galerias de lojas, escadarias de acesso, áreas de lazer e instalações.

Com o passar dos anos, no entanto, a sobrecarga de veículos na cidade e o crescimento cada vez mais acelerado da indústria automobilística , o conceito das galerias e praças interligadas se perdeu, não se consolidando, portanto, em outras áreas da cidade.

nas próxima páginas: Diagrama 07. Mapeamento das galerias e edifícios de térreo permeável no centro de são Paulo, mostrando ainda as principais áreas verdes e públicas da região. Figura 39. Galeria metrópole. Figura 40. Galeria ipê. Figura 41. Edificio Louvre. Figura 42. Galeria do rock. Figura 43. Galeria nova barão. Figura 44. Edificio copan.

sobre são paulo

Assim, em meados dos anos 50, foi criada uma hierarquia no sistema viário, dando-se prioridade à circulação de pedestres. Pensava-se, com isso, minimizar o conflito gerado entre pedestres e veículos, criando ruas de circulação exclusiva, os “calçadões”. (GONCALVES, 1995)

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planejamento e revitalização de espaços públicos urbanos

7. estudos de caso

O estudo de projetos de planejamento e revitalização de espaços públicos urbanos como referência surge com o intuito de trazer à discussão projetos de espaços livres de resultados positivos para as cidades. Tais estudos devem servir tanto como fundamentação do discurso do trabalho acerca do espaço público coletivo e, principalmente, dos percursos e conexões estabelecidas entre estes, quanto como embasamento referencial para o exercício de projeto proposto, implantado num terreno localizado entre os dois espaços públicos de São Paulo anteriormente colocados: A Praça Roosevelt e o Parque Augusta.

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7.1. escala urbana

Ambos os planos urbanos se relacionam com o tema abordado a partir do momento em que tratam da estruturação entre praças e espaços públicos metropolitanos de maneira interligada, priorizando a circulação e a convivência de pedestres e uma melhor qualidade de passeio e contemplação pela cidade.

estudos de caso

São estudados aqui dois projetos de cunho urbanístico, implantados primeiramente na escala da cidade, para posteriormente agir na escala da arquitetura do edifício, do parque, ou da praça.

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estudos de caso

7.1.1. lyon – frança

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A cidade, com uma população de mais de 1.3 milhões de habitantes, é considerada a terceira maior cidade francesa e abriga dois grandes rios, o Rhone e o Saone. As ruas comerciais e a maior parte das instituições educativas e culturais se encontram na península plana delimitada entre os rios. (GEHL; GEMZOE, 2002) A confluência dos rios foi berço de fortificações romanas desde a fundação da cidade. Com o passar dos anos, Lyon se expandiu e, com seu desenvolvimento, se fixou entre os rios até a saturação do território, quando ultrapassou os limites do Rhone para todo o território da planície leste.

O desenvolvimento da cidade não apenas seguiu a logica de um meio ambiente natural, como as tipologias construídas na época se caracterizavam como uma reação à topografia local. As construções aos pés das colinas eram totalmente diferentes daquelas implantadas a beira do Rio Rhone, que por sua vez se diferiam também daqueles a beira do Rio Saone. A identidade de Lyon como um todo, portanto, se deu pela relação direta entre arquitetura e natureza. Foi apenas no início do século 20 com a expansão sobre as planícies, que uma arquitetura urbana genérica começou a aparecer em seu território, como


solução para os problemas que surgiram após seu crescimento. A maior parte dos problemas urbanos apontados na cidade, no entanto, era proveniente do crescimento do trafego no centro da cidade, deteriorando os espaços públicos e causando conflitos físicos e sociais. (La Confluence Masterplan, 2009)

Com isso, adotando uma politica urbana coesa formulada em 1989, a cidade de Lyon renovou em apenas poucos anos numerosos espaços públicos já existentes em seu território. GEHL; GEMZOE, 2002) Em menos de dez anos diversos projetos de melhoria urbana foram conduzidos para renovar áreas ao ar livre entre

Figura 47. Mapa do centro da cidade. Assinaladas as ruas liberadas total ou parcialmente do tráfego de veículos, e as praças estabelecidas. Os círculos mostram os estacionamentos subterrâneos. Notável a conectividade de percursos entre os elementos.

estudos de caso

A política do espaço público, então, teve inicio quando o vereador Henry Chabert, em cooperação com o arquiteto Jean Pierre Charbonneau, elaborou um plano que envolveu um novo planejamento de tráfego, criando um grande numero de estacionamentos sob as diversas praças renovadas.

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estudos de caso 84

grandes blocos de edifícios, as- urbana entre rios amarrados por sim como diversas ruas e praças diversas pontes, a cidade conurbanas. densa tipologias públicas de grade diversidade. Assim, um dos aspectos mais importantes dessa nova Ainda, é bastante perceppolitica de espaço público foi, tível a importância da água na não somente a retirada de au- vida da cidade e notável como tomóveis de grande parte das os segmentos dos rios separados ruas do centro da cidade, mas pelas pontes se integram à cidaa priorização do fluxo de pedes- de como grandes praças públitres por entre os equipamentos cas conectadas entre si. e mobiliário urbano das praças e parques centrais. (GEHL; GEM- A península propriamente ZOE, 2002) dita é de um traçado relativamente homogêneo, com uma É possível notar neste novo grande artéria principal que planejamento, a preocupação conecta as principais praças, que se teve em manter uma co- monumentos e equipamennectividade de fluxos entre os tos arquitetônicas da cidade: centros cívicos, praças e jardins a prefeitura, a sala de ópera, o de edifícios públicos, pequenos “place Bellecour”, a complexa parques e largos com mobiliário infraestrutura da estação “Perurbano próprio. rache” e um grande número de pequenos largos e igrejas. Esse As ruas então se tornaram eixo, portanto, é considerado a um percurso agradável e inte- espinha dorsal da cidade. ressante para o pedestre, que passou a poder se apropriar de Com a implantação desdiferentes espaços e diferentes sa conformação urbana, é intemobiliários urbanos daquele pe- ressante apontar que alguns tudaço da cidade. ristas passam a lembrar de Lyon como um “longo túnel”, tanto Apesar de Lyon ser até de passagem – por estar no eixo hoje caracterizada essencial- entre diversos países europeus e mente por uma densa malha a Riviera francesa-, quanto pelo


seu próprio desenho urbano. (La Confluence Masterplan, 2009) Por fim, o projeto em operação em Lyon hoje em vigência desde o ano 2000 é fruto das diretrizes de 1989 e recebe o nome de Confluence, masterplan desenvolvido pelo escritório Herzog & de Meuron, sendo considerado um dos mais bem sucedidos projetos de renovação do país.

“La Confluence” promete ainda dobrar a população do centro histórico de Lyon sem expandir seu território, através de um resgate da identidade original daquele pedaço da cidade, reintegrando os rios, a vida urbana e nova infraestrutura residen Em visita à cidade em cial. 2011, o então prefeito de São Paulo Gilberto Kassab coloca Em resumo, o plano visa que “São Paulo pode aprovei- desenvolver uma cidade no tar muitos pontos da experiên- meio da própria cidade, tracia de Lyon para recuperar áre- balhando especificamente em as degradadas com base nas pontos nodais da cidade que questões da sustentabilidade”. influenciam o todo.(VITALIEV, (Prefeitura de S. Paulo, 2011) 2014)

Figura 48. projeto para a implantação da segunda parte do plano la confluence do escritório de arquitetura herzog & de meuron.

estudos de caso

Em principio, foi concebido como um projeto de desenvolvimento sustentável, de renovação e extensão do centro da Região Metropolitana de Lyon, com o objetivo de recuperar áreas industriais abandonadas as margens dos rios. Entre as metas definidas, estavam o lazer e entretenimento urbano.

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7.1.2. copenhagen – dinamarca

estudos de caso

Figura 49. Gráfico de barras do desenvolvimento das áreas de pedestres (em m²) no centro de Copenhagen entre 1962 e 2000.

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Copenhagen, capital da Dinamarca, abriga hoje uma população de 1,3 milhões de habitantes em sua área metropolitana. Nos últimos 70 anos, a cidade tem se tornado referência de planejamento e design urbano para diversos países ao redor do mundo, devido à alta qualidade de vida da população e modelos de mobilidade sustentável eficientes.

passados que permaneceram intactos, que atuam como praças urbanas. (The Nordic Council)

O foco na qualidade urbana de Copenhagen teve inicio durante sua transição do neoclassicismo para o funcionalismo, que começou em meados da década de 1940 e teve como grande influência o desenvolvimento da arquitetura Em termos de estrutura, internacional, atrelada aos prinCopenhagen nasceu como cípios do desenho industrial. uma típica cidade europeia, A mudança de estilo e que se desenvolveu entre fortifi- cações. O que lhe conferiu ca- concepção, no entanto, se deu racterística e identidade própria também de modo gradual e foi a substituição gradual dessas delicado, sem descaracterizar fortificações pelas habitações o desenho urbano existente, os acerca do porto e, atualmente, edifícios históricos e a coesão são os grandes seguimentos de da massa edificada da cidade. fossos e baluartes dos séculos Assim, durante essa transição,


Copenhagen começou a estabelecer um sistema contínuo de parques e lagos, integrados às áreas urbanas, sistema consolidado no contexto do plano regional do pós-guerra (1947), denominado “Plano dos Cinco Dedos”. (ORNSTEIN, 1999)

A ideia do Plano era de que as linhas de trem e ruas principais se ramificassem como dedos, sendo a palma da mão o centro da cidade. Esse plano de infraestrutura envolvia também outros meios de transporte público, como linhas de ônibus e metrô e tinha como objetivo controlar o crescimento urbano e desenvolver uma rede de trilhos e ruas arteriais para toda a área urbana.

O princípio da grande renovação urbana de Copenhagen para a metrópole que conhecemos hoje, no entanto, se deu em 1962, quando os 1,1Km da principal rua antiga da cidade, a Stroget, foi convertida para uso exclusivo de pedestres. (ORNSTEIN, 1999) Tal medida foi tomada, pois, durante alguns anos que a antecederam, as ruas e praças do centro da cidade eram ocupadas intensamente pela circulação e estacionamento de veículos, que gradualmente dominaram a área do centro.

Figura 50. Esquema do Plano dos 5 Dedos proposto para Copenhagen, mostrando uma massa central e suas ramificações.

estudos de caso

O “Plano dos Cinco Dedos” se desenvolveu através do Laboratório de Planejamento urbano em colaboração com grandes urbanistas da época e se caracterizou como um plano de desenvolvimento urbano com foco em linhas de trens metropolitanos com espaços verdes abertos nas interligações. Os “nós” residenciais, portanto, estariam localizados ao redor das estacoes, configurando mini Cidades Jardim.

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estudos de caso

Com isso, mesmo com seu crescimento, o centro de Copenhagen continua sendo sua área de comércio e circulação mais importante e intensa. Muitos dos edifícios antigos do centro ainda possuem lojas no andar térreo, escritórios nos pavimentos intermediários e residências nos últimos andares. Além dessa tipologia recorrente, o coração da cidade conta também com diversas instituições culturais e universidades, revelando uma escala e versatilidade que engloba muitos dos elementos básicos necessários para constituir um bom ambiente urbano. (GEHL; GEHMZOE, 2002)

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Figura 51. Mapa do centro da cidade medieval d Copenhagen e parte do porto. Assinalada a malha viária liberada de carros e as praças estabelecidas gradualmente na cidade.

Apesar da tradição da vida pública não ser um hábito da população dinamarquesa da época, a pedestrialização da Stroget provou ser um grande sucesso, em termos populares e comerciais. Os dinamarqueses, na verdade, nunca haviam tido espaço e oportunidade para desenvolver uma vida coletiva em espaços públicos e tal medida, portanto, havia surgido como um experimento inicial. Em conclusão a partir dessa nova configuração urbana


“Isso criou boas condições para passeios e atividades recreativas no centro da cidade. Estudos sistemáticos do desenvolvimento da vida urbana mostram um crescimento das atividades de acordo às melhorias.” (GEHL; GEHMZOE, pg. 52, 2002) Observando então a Copenhagen de hoje, vemos que a experiência de uma expansão gradual do conjunto total dos espaços de circulação prioritária de pedestres trouxe três grandes vantagens para o desenvolvimento urbano da cidade: a população teve tempo para desenvolver uma cultura urbana completamente nova e descobrir novas oportunidades de vida pública; os proprietários de automóveis também tiveram tempo para acostumarem-se à ideia de que dirigir e estacionar

no centro tornara-se mais difícil e que a bicicleta e o transporte público eram agora os meios de locomoção mais fáceis e acessíveis. A partir de então, durante cerca de quarenta anos que sucederam essa medida, diversas ruas e praças do centro transformaram-se gradualmente em espaços liberados – parcial ou integralmente – do tráfego de veículos automotivos. Entre 1968 e 1973, duas via de pedestres no sentido norte-sul da cidade foram estabelecidas e, em seguida, uma densa via de pedestres foi pouco a pouso sendo desenvolvida, oferecendo à população um sistema verdadeiramente efetivo de interligação de largos e praças públicas. Sobre o conceito arquitetônico dessa malha urbana estabelecida em Copenhagen, o arquiteto municipal caracteriza o desenho dos espaços públicos do centro como as “pérolas de um colar”, sendo as praças ao longo das ruas principais conectadas pela pavimentação das ruas de pedestres.

estudos de caso

de Copenhagen, Jan Gehl, grande arquiteto e urbanista que contribuiu e contribui para o sucesso de Copenhagen hoje, em colaboração com Lars Gehmzoe colocam em seu livro que:

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7.2. escala do difício

Tais projetos atuam como referência para o exercício de projeto proposto ao fim deste trabalho, pelo modo como tratam de espaços que interferem na malha urbana da cidade, criando novos percursos e aberturas visuais para os terrenos onde estão implantados. O modo como ambos os projetos se apropriam do território existente, combinando novos modelos com a estrutura preexistente das ruas e quadras, permitem associa-los à intenção urbana apontada durante todo o trabalho.

estudos de caso

São abordados aqui dois projetos arquitetônicos na escala da concepção do edifício propriamente dito.

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7.2.1. praça das artes - são paulo - brasil

estudos de caso

A Praça das Artes está localizada no chamado Centro Novo de São Paulo e é o mais novo conjunto arquitetônico cultural da cidade. O complexo arquitetônico urbano é resultado da parceria entre Marcos Cartum, do núcleo de Projetos e Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura, e Marcos Ferraz, do escritório Brasil Arquitetura. Inicialmente, o projeto visava apenas suprir a necessidade de mais espaços de atividades e cursos ligados ao Teatro Municipal, como a Orquestra Sinfônica, a Escola de Bailado e de Música e o Coral Lírico. Diversos grupos artísticos ligados ao Teatro Municipal estavam há anos ocupando es-

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paços precários em pontos espalhados pelo Centro de São Paulo. A ideia para a concepção da Praça das Artes, portanto, era dar uma solução a esse contexto através de um empreendimento, que concentrasse todas estas atividades em um só lugar, num edifício anexo ao Teatro. Contudo, a localização do terreno escolhido, ao lado do Vale do Anhangabaú – entre a Rua Formosa, a Avenida São João e a Rua Conselheiro Crispiniano -, e o uso intenso que o equipamento viria a receber, transformou a escala do projeto, que se expandiu e veio a tornar-se um amplo plano de requalificação da área, incrustrado entre os edifícios existentes.


Assim, a fim de criar uma integração entre o entorno consolidado e as vias adjacentes ao complexo, o projeto previu em sua implantação uma grande praça central, que conecta os eixos e funciona como um novo percurso por centro de quadra. O edifício da Praça das Artes se acomodou então num espaço de nesga entre terrenos, comprimido por edificações preexistentes, tendo os parâmetros para sua concepção ditados pelas dificuldades de implantação. Grande parte do complexo, inaugurada ao fim de2012, recebe então acessos por três ruas, sendo as principais a Avenida São Joao e o próprio Vale do Anhangabaú. Ao todo, o projeto soma quatro edifícios que sediam a maior parte do programa previsto, e um edifício

Figura 54. Esquema de usos e acessos na implantação da praça das artes.

estudos de caso

A quadra apresentava muitos edifícios heterogêneos, de gabarito baixo e, em seu miolo, encontrava-se o fator que mais motivou sua ocupação: uma praça municipal subutilizada, espaço que sobrou a partir da demolição de um quartel do exercito ao fim dos anos 70. (SAYEGH, 2012)

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ainda a ser construído que complementará o programa das escolas e abrigará um auditório e uma discoteca. A inserção urbana da Praça das Artes engloba ainda ao conjunto um edifício tombado e o conservatório de música.

estudos de caso

Com estrutura e vedação de concreto, os volumes do conjunto possuem gabaritos de dois a 13 pavimentos que, a partir do miolo da quadra, se expandem ate o limite das calcadas, sem recuos frontais. A conexão e o percurso, portanto, acontecem devido aos térreos livres de cada um dos volumes. (SAYEGH, 2012)

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A cidade então penetra por essas conexões, sendo a arquitetura do edifício a responsável por essa mudança no tecido urbano. Ainda, é interessante evidenciar que o sucesso de uso do espaço projetado se deu, principalmente, devido ao reconhecimento de uma necessidade real da cidade. Imagens 55 e 56. Croquis da implantação da praça das artes na quadra.

Portanto, o programa não foi inventado para satisfazer um espaço ocioso, mas sim para atender a uma demanda


já existente. O resultado final, com um complexo que mescla as atividades culturais e a vitalidade própria do centro urbano, faz da “travessa das artes” uma galeria aberta, ocupada por pontos comerciais e de serviços que aposta na mistura de usos e na presença de classes sociais diversificadas, característica fundamental de um espaço público democrático.

O projeto já nasceu, portanto, como uma referência na paisagem urbana paulistana, marcando um momento de resgate do valor arquitetônico como politica pública. (SAYEGH, 2012)

Imagem 57. Vista em direção a rua conselheiro scipiano.

estudos de caso

A partir de um olhar urbano, a quadra aberta proposta pela Praça das Artes funciona como uma peca de ajuste entre os urbanismos clássico e moderno presentes no arruamento da quadricula tradicional e na grade plataforma de concreto do Vale do Anhangabaú – projeto de Rosa Kliass e Jorge Wilheim. Com isso, o resultado promovido é de um percurso de pedestres privilegiado, que cruza o quarteirão em três direções, sem a interrupção do acesso de automóveis. (GUERRA, 2012)

Imagem 58. Acesso pela avenida são joão.

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7.2.2. teatro la lira - girona - espanha

estudos de caso

O Projeto do novo Teatro la Lira surge após a demolição da sua antiga unidade, no bairro de Ripolli, deixando um vazio urbano frente ao Rio Ter. O vazio, no entanto, apresentava para a cidade duas vocações: de se estabelecer como praça, e de manter o espirito artístico do teatro.

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talmente livre de qualquer programa preestabelecido.

O projeto, assim, se integra ao traçado irregular do terreno, se esgueirando por entre as moradias germinadas da quadra criando uma cobertura composta por lâminas de aço corten, contrastando de modo marcante com o padrão cons Sob responsabilidade do trutivo tradicional da vizinhança, escritório RCR Arquitectes, em que deixam entrar luz natural parceria com PUIGCORBE Arqui- através de frestas. (SUMMA) tectes, o espaço então se converteu em uma praça coberta, Com isso, ao invés de recom um terraço sobre o rio com compor a continuidade da masvista para as margens e para a sa construída, preenchendo o paisagem da cidade, estenden- intervalo que sobrou após a dedo ainda uma passarela de pe- molição do antigo teatro, optoudestres sobre o rio. O programa -se pela manutenção do vazio. do teatro se encontra enterrado O espetáculo que o complexo no subsolo, deixando o térreo to- abriga agora, é o espetáculo da


cidade observada pelas frestas e pela ponte, que transporta ao interior do La Lira a vida metropolitana do exterior.

Figura 60. Vista da ponte sobre o rio que une a margens.

estudos de caso

A atenção ao território, portanto, não se limita à entidade física do projeto, mas também à indagação a respeito da identidade histórica e da necessidade da interconexão entre os espaços ali apresentados. O novo uso se estabeleceu de maneira eficaz na cidade a fim de conter a depreciação e desvitalização do tecido urbano.

Figura 59. Perspectiva da abertura no pavimento térreo, mostrando o percurso proposto e o acesso para o teatro implantado no subsolo.

Figura 61. Esquema da implantação e os equipamentos existentes no entorno.

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8. projeto arquitet么nico

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projeto arquitetônico

centro cultural - percurso augusta

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Inserido no contexto da pesquisa, foi então desenvolvido o projeto de arquitetura de um Centro Cultural, implantado na quadra localizada entre o Parque Augusta e a Praça Roosevelt, delimitado pela Rua da Consolação; pela Rua Caio Prado – fronteira com o Parque Augusta -, pela Rua Gravataí; e pela Rua João Guimarães Rosa – fronteira com a Praça Roosevelt. Assim, a proposta final deste trabalho adota as propostas anteriormente apresentadas pela antiga EMURB e pelo escritório de arquitetura Borelli & Merigo, os quais colocam em discussão a possível abertura visual e de percurso entre ruas e

passeios públicos da região com o objetivo de potencializar o uso do pedestre nas mediações da Baixa Rua Augusta e do Centro Novo de São Paulo. O projeto do Centro Cultural tem como foco a busca de uma maneira de manter a identidade cultural, jovem e urbana pelo qual a população luta para que seja implantado no Parque Augusta, propondo uma conexão com a Praça Roosevelt, abrindo a possibilidade também de um acesso pela Rua da Consolação, via de grande importância e fluxo intenso, além de estabelecer diálogo com a Universidade Presbiteriana Mackenzie.


Considerando então que o Parque Augusta se mantenha como área verde de bosque aberto e público -, e observando a dinâmica diária da Praça Roosevelt, o Centro Cultural proposto traz um programa que dinamiza e dá suporte ao uso de ambos os equipamentos urbanos, fornecendo espaços educativos e de lazer, que não somente trazem infraestrutura para o Parque, como também criam um ambiente aberto e atrativo, que possibilita diversos percursos de travessia da quadra.

Figura 62. Localização do terreno de projeto inserida no contexto metropolitano de são Paulo. Destaque para os equipamentos públicos a serem conectados e para os principais empreendimentos do quarteirão que interferem na implantação do projeto arquitetônico.

projeto arquitetônico

A quadra em questão possui em seu miolo um conjunto de árvores de grande porte, parte integrante da mesma vegetação remanescente de Mata Atlântica dentro do Parque Augusta. Essa vegetação, portanto, também é tombada e, com isso, o potencial da área verde do P. Augusta mostra-se capaz de expandir-se e integrar-se a este quarteirão adjacente, mantendo uma continuidade e criando um caminho que leva até a Praça Roosevelt passando pelo meio do terreno.

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vencendo ainda os diversos desníveis topográficos existentes. Os demais acessos ao edifício, que contornam o Instituto Clemente Ferreira, foram implantados como volumes independentes deste principal.

projeto arquitetônico

Figura 63. Implantação do Centro Cultural, estabelecendo fluxos por dentro da quadra.

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Assim, a maior área do terreno, localizada na esquina da Rua Caio Prado com a Rua Gravataí, abriga a maior parte do programa do Centro Cultural, e tem vista direta para a copa das arvores do Parque Augusta. Neste volume, no pavimento térreo, encontra-se um espaço independente para exposições temporárias e um pátio para atividades ao ar livre, com pilotis que elevam o segundo pavimento. Através de um grande escadão externo que vence o desnível do terreno e leva ao miolo da quadra, se encontra uma praça central sob a sombra das grandes árvores existentes.

É importante ressaltar que, para a concepção do projeto, foram admitidos como terreno disponível a somatória da área de um estacionamento, de pequenas casas e edifícios de três pavimentos, e a integração do Instituto Clemente Ferreira, tradicional centro de pesquisa e tratamento de tuberculose e outras doenças respiratórias que data de 1913 e pertence ao estado desde 1934, que faz frente à Rua da Consolação. (INSTITUTO CLE Com isso, a implantação MENTE FERREIRA,2013) consiste em um térreo bastante permeável que convida os Como partido arquiteusuários do Parque Augusta a tônico, o projeto propôs uma adentrarem o terreno e desimplantação que mantem um cobrirem ali uma área de lazer eixo transversal entre o Parque com exposições e espaços de Augusta e o centro da quadra, estar entre as árvores, como um


respiro entre os prédios altos do quarteirão. Ainda, passando por essa praça, o pedestre encontra um corredor aberto no sentido da Praça Roosevelt, que leva a uma lanchonete sob uma marquise.

Todos os pés-direitos adotados são de quatro metros, sendo esse o desnível do terreno. Assim foi possível criar acessos tanto pelo térreo, nível da Rua Caio Prado, quanto pelo nível do bosque interno. Somando os dois pés-direitos, foi proposto dentro do volume principal um anfiteatro para 300 pessoas e, no espaço de pé-direito duplo, um mezanino de chegada do térreo e um foyer de área multiuso no subsolo. A fachada de pé-direito duplo com vista para a

Diagrama 09. Esquema de usos dos pavimentos do centro cultural.

projeto arquitetônico

Esse possível caminho mostra a fluidez que um espaço aberto e agradável pode trazer para um percurso, como uma opção mais agradável do que a caminhada em linha reta pela calçada da Rua Gravataí, agregando usos e atrações visuais às pessoas, proporcionando atividades pertinentes e necessárias a cada equipamento do entorno.

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projeto arquitetônico

área verde é composta por uma pele de vidro, integrando a área verde ao interior do Centro Cultural e proporcionando maior iluminação, já que tal fachada se encontra no meio dos prédios do quarteirão.

104

Neste volume principal, no segundo pavimento, acontece a maior parte das atividades do complexo. Com vista para o miolo da quadra, na altura da copa das árvores, uma midiateca e videoteca integrada a espaços de convivência conformam um grande salão de equipamentos e acervo. As fachadas de esquina com vista para o Parque Augusta abrigam um restaurante e, entre o restaurante e a midiateca, um café e um espaço lúdico que atua como espaço de transição entre os programas propostos para o pavimento.

Figura 64. Perspectiva geral vista do Parque Augusta – ruas Caio Prado e Gravataí. Figura 65. Perspectiva geral vista da Rua da Consolação.

O terceiro pavimento, ainda no mesmo volume, contem a área administrativa e salas para cursos, sendo este um pavimento de acesso um pouco mais restrito, com exceção dos visitantes que podem acessar o terraço jardim, com vista para o Parque Augusta.

A fim de estabelecer ainda uma conexão com a Rua da Consolação, um “braço” do projeto se estende margeando o Instituto Clemente Ferreira, alcançando a rua. Tal volume consiste em uma fina e comprida lâmina de vidro, de apenas um pavimento, encostada na empena cega do edifício lateral existente. Essa lâmina esta elevada a um pé direito do nível da Rua da Consolação, deixando também o térreo livre com acesso à área verde central, e abriga como programa uma pequena biblioteca e um espaço de leitura e estudo. O programa escolhido para esse volume se deu pelo contato visual direto com a Universidade Mackenzie, e pelo partido de criar um espaço mais reservado, separado dos demais ambientes abertos e dinâmicos do Centro Cultural. O acesso a esse volume pode ser feito por uma caixa de elevador e escada, ou através de uma passarela que o interliga desde o mezanino do térreo do volume principal.



O complexo cultural como um todo, portanto, atende uma grande fluidez e possibilidades de fluxos que integram os pavimentos térreo e subsolo, permitindo a passagem tanto internamente quanto externamente ao Centro Cultural, e concentra seus usos nos demais pavimentos, ainda de maneira integrada e transparente para o Parque. Figura 66. Perspectiva do centro da quadra, integrado com a área verde existente, criando um espaço de arquibancada que mira a pequena praça.

projeto arquitetônico

Figura 67. Perspectiva da lanchonete sob a marquise que se conecta com a praça roosevelt.

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1. estacionamento 38 vagas 2. foyer 3. bilheteria/sanitários 4. espaço multiuso 5. auditório 300 pessoas 6. camarins 7. luz/som 8. depósito 9. elétrica 10. gerador 11. cx d’água/bombas/reuso 12. rampa acesso automóveis 13. praça interna 14. rampa acesso pedestre 15. acesso biblioteca 16. rampa acesso pedestre 17. lanchonete 18. cozinha

implantação subsolo



Figura 68. Perspectiva vista do térreo, vencendo o desnível para o centro da quadra.

projeto arquitetônico

Figura 69. Perspectiva da abertura estabelecida entre a Praça Roosevelt e o instituto Clemente Ferreira através das escadas na esquina das ruas da Consolação e João Guimarães Rosa.

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1. espaço exposições 2. páteo térreo 3. espaço multiuso 4. sanitários 5. balcão informações 6. passarela 7. biblioteca/espaço de estudos 8. depósito 9. rampa acesso automóveis 10. carga/descarga 11. acesso funcionários 12. rampa acesso pedestre 13. marquise

implantação térreo



Figura 70. Perspectiva da Rua Gravataí, com sua fachada principal e acessos para o centro cultural.

projeto arquitetônico

Figura 71. Perspectiva da Rua Gravataí em direção ao Parque Augusta.

110

1. balcão informações 2. midiateca 3. videoteca 4. sala de video 5. depósito apoio 6. w.c. feminino 7. w.c. masculino 8. estar 9. café 10. restaurante 188 lugares 11. depósito 12. cozinha 13. apoio 14. lixo/lixo seco/lavagem 15. despensa/freezer 16. vestiário masculino 17. vestiário feminino 18. copa 19. laje impermeabilizada

planta segundo pavimento



Figura 72. Perspectiva vista do segundo pavimento, onde se encontra a midiateca do centro cultural, que faz contato visual com as arvores do centro da quadra.

projeto arquitetônico

Figura 73. Perspectiva geral do centro da quadra, visualizando todos os pavimentos do volume principal e a conexão com a lamina de vidro através da passarela externa.

112

1. hall comum 2. sanitários 3. sala de curso 4. sala ateliê 5. sala de dança 6. depósito apoio 7. espera/recepção 8. sanitários funcionários 9. reunião 10. diretor 11. fotocopia 12. staff 13. recuperação 14. terraço jardim 15. depósito 16. caixa d’água

planta terceiro pavimento



projeto arquitetônico

Figura 74. Perspectiva da lamina biblioteca e acessos para o centro de quadra e volume principal do complexo.

114

Figura 75. Perspectiva da elevação 02, mostrando a fluidez do acesso através do pavimento térreo.


corte aa esc. 1:500

corte bb esc. 1:500


corte cc esc. 1:500

elevação 02

esc. 1:500


elevação 01

esc. 1:500


elevação 01 - ampliação

esc. 1:100

planta nivel 4,00m - ampliação esc. 1:100

corte - ampliação esc. 1:100


esc. 1:10

projeto arquitet么nico

corte - detalhe construtivo

119



9. consideraçþes finais

121


considerações finais 122

A partir dos estudos realizados durante o desenvolvimento da pesquisa, a ideia de que as cidades necessitam cada vez mais de espaços livres comuns para a prática da vida pública propriamente dita pôde ser muito melhor fundamentada, visto a quantidade e qualidade de espaços deste tipo encontrados nos estudos de caso e em diversos embasamentos teóricos de grandes arquitetos e urbanistas citados durante o trabalho. Espaços e percursos, portanto, que exercem suas funções de maneira efetiva na cidade. O que vemos em geral nos projetos de espaço público em São Paulo, no entanto, é a valorização do “recreacionismo” e do “verdismo”, ignorando ou dando pouca importância para

a combinação do uso múltiplo e integração dos equipamentos culturais com a área livre inserida no tecido urbano (ALEX, 2008). É entendido, com isso, que os espaços públicos de cultura e lazer são a base para a consolidação da cidadania, tendo a atividade ao ar livre como elemento social integrativo essencial para a formação e bem estar do cidadão. A questão dos vazios urbanos dentro do contexto de São Paulo leva à reflexão acerca da submissão da população ao interesse imobiliário, que acaba por prejudicar a própria sociedade que vive a metrópole, que deixa de usufruir de um grande potencial da cidade.


considerações finais

O Trabalho Final de Gra Sobre a ideia do aprovei- duação representou uma tratamento de vazios, Alex Sun cojetória bastante interessante de loca que: estudos, onde as leituras permi “Simultaneamen- tiram conhecimentos mais prote uma construção e fundos sobre a historia do surgium vazio, a praça não é mento e consolidação do Bairro apenas um espaço físico da Consolação, da Rua Augusaberto, mas também um ta e dos equipamentos urbanos centro social integrado ali estabelecidos. ao tecido urbano. Sua imAssim, o entendimento soportância refere-se a seu valor histórico, bem como bre espaços “vazios”, seu abansua participação conti- dono e reaproveitamento na nua na vida da cidade. cidade ampliaram minha visão Kevin Lynch apresenta para a área da arquitetura dencom clareza a definição tro do contexto do seu valor urde que a praça é um lu- bano e da qualidade espacial a gar de convívio social nível do pedestre. inserido na cidade e relacionado às ruas, arquiteturas e pessoas” (ALEX, 2008,pg. 36).

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relação de figuras Figura 01: Vieira apud. Pissardo, 2013, p.27, In Vieira, Antônio Paim. Chácara do Capão. In Revista do Arquivo Municipal Vol. CXLVIII p. 115. São Paulo: Departamento de Cultura, 1952. p.31

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Figura 03: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 27/04/2015. Autor: Ugo Bonvicini. p.32 Figura 04: Arquivo Público do Estado de São Paulo, acessado em 27/04/2015. Autor: Graccho Gama. p.33 Figura 05: Revista de História da Arte e Arqueologia apud PISSARDO, p. 63, In Revista de História da Arte e Arqueologia. Campinas, número 12, p.89-104, jul-dez 2009 Figura 06: VEJA S. PAULO.” Curiosidades e fatos inusitados que marcaram os 459 anos de São Paulo”. São Paulo, s.d. Disponível em <http:// vejasp.abril.com.br/materia/curiosidades-aniversario-sao-paulo>. Acesso em: 08/05/2015.

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Figura 26: imagem da autora

Figura 27: imagem da autora

Figura 28: O Parque Augusta resiste, logo existe! Vitruvius, São Paulo, jan. 2014. Foto de Marcelo Isidoro. Disponível em <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.162/5009> Acesso em: 17/11/2015 Figura 29: O Parque Augusta resiste, logo existe! Vitruvius, São Paulo, jan. 2014. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/ read/minhacidade/14.162/5009> Acesso em: 17/11/2015


Figura 30: O Parque Augusta resiste, logo existe! Vitruvius, São Paulo, jan. 2014. Foto de Marcelo Isidoro. Disponível em <http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.162/5009> Acesso em: 17/11/2015 Figura 31: Imagem da autora. Figura 32: ESTADO DE S. PAULO. ”Reforma da Praça Roosevelt muda comercio e região”. São Paulo, 04 dez. 2012. Disponível em <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,reforma-da-praca-roosevelt-muda-comercio-da-regiao,969011> Acesso em: 26/08/2015 Figura 33: Imagem da autora Figura 34: Portal G1. “Festival ‘Existe Amor em SP’ reúne multidão na Praça Roosevelt”. São Paulo, 21. Out. 2012. Disponível em <http:// g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/10/festival-existe-amor-em-sp-reune-multidao-na-praca-roosevelt.html> Acesso em: 26/08/2015 Figura 35: RIBEIRO, Edison Batista. O pulso do espaço publico na região central de São Paulo: crises e inflexões, p. 91. São Paulo, 2013. Figura 36: RIBEIRO, Edison Batista. O pulso do espaço publico na região central de São Paulo: crises e inflexões, p. 91. São Paulo, 2013. Figura 37: RIBEIRO, Edison Batista. O pulso do espaço publico na região central de São Paulo: crises e inflexões, p. 91. São Paulo, 2013. Figura 38: Folha de São Paulo apud. FERREIRA, p.76, In Folha de São Paulo, 19 mar. 2007. Figura 39: GQ Brasil Noticias. Disponível em < http://gq.globo.com/Blogs/Marcel-Steiner/ noticia/2015/03/industria-criativa-faz-galeria-metropole-renascer-em-sao-paulo.html> Acesso em: 22/11/2015 Figura 40: Design Sem Frescura. Disponível em < http://designsemfrescura.blogspot. com.br/2011/03/galeria-ipe.html> Acesso em: 22/11/2015

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