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Porto Alegre, quinta-feira, 6 de setembro de 2018 | Ano 4 - nº 2 | Jornal do Comércio
Só elas entram
Por que surgem negócios voltados só para mulheres? Gabriela Stragliotto e Gabriela Teló falam da experiência do Nuwa, coworking exclusivo para empreendedoras e profissionais autônomas Página Central
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MERCADO DE TRABALHO gênero, carreira, desenvolvimento A fim de gerar um futuro de igualdade, iniciativas fomentam o networking e o apoio mútuo entre mulheres
CLAITON DORNELLES/JC
ROBERTA FOFONKA @rob_fon
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tualmente, muita gente não entende a importância de iniciativas empreendedoras que são voltadas, exclusivamente, para as mulheres. Para além dos serviços, essas ações têm como objetivo ampliar redes, criar comunidades e promover um ambiente propício para quem se identifica com o gênero. As publicitárias Gabriela Teló, 26 anos, e Gabriela Stragliotto, 27, são as sócias-fundadoras da Nuwa, plataforma de negócios criada para contribuir com o ecossistema empreendedor feminino em Porto Alegre. Mas por quê? “Para conseguir construir, tem que se sentir igual. Nossa ideia não é separar os gêneros, mas propiciar com que as mulheres possam se agregar entre si”, pontua Gabriela Teló, ao que a sócia cita as inúmeras desigualdades de gênero no mercado de trabalho, como os salários mais baixos e o pouco acesso de mulheres a cargos de liderança. “A gente pensa em construir, aqui dentro, algumas coisas que ficaram faltando, que a gente só descobre quando chega a certa idade, no mercado de trabalho”, explica Gabriela Stragliotto. Elas fizeram pesquisas de mercado em 2017 para entender o que queriam enquanto negócio e se a demanda existia. No recorte de empreendedorismo por gênero, foi constatado que o propósito é muito importante para as mulheres. “E a Nuwa foi sendo desenhada a partir dessas variáveis”, justifica Gabriela Teló. O primeiro aspecto firmado
Gabriela Teló e Gabriela Stragliotto criaram a Nuwa, coworking e plataforma de negócios para o público feminino
Elas primeiro, para poder correr junto por elas enquanto negócio é gerar confiança, o que perpassa todo processo empreendedor e profissional. “É preciso ter confiança de como se posicionar para fazer a diferença”, explica Gabriela Stragliotto. “Confiança é a questão central de como as pessoas te percebem. Muitas mulheres se sentem patinando, a gente demora para fazer as escolhas, e não temos o suporte adequado”, ilustra Gabriela Teló. Agregar foi a palavra seguinte, e, assim, chegaram ao formato da Nuwa, que oferece suporte presencial e on-line. Para que as mulheres pudessem compartilhar conhecimentos e experiências, o local se materializa no coworking com capacidade para até 50 pessoas, com estrutura de sala de reuniões, espaços com divisórias para
trabalhos em grupo e sozinhas, escritório compartilhado e salas para atendimentos. Por uma assinatura mensal de R$ 540,00, a estrutura, que fica na rua Augusto Pestana, nº 153, no bairro Santana, está disponível das 8h às 20h. Para quem quiser testar, nos primeiros meses, o acesso custa R$ 50,00 por dia. Entendendo a importância de reunir as mulheres e criar redes fora do ambiente digital, um dos serviços da Nuwa é o Social Club, clube de assinaturas que dá acesso a eventos, palestras e programações especiais da casa por R$ 240,00 mensais. Entre as atividades estão aulas de inglês, coach profissional e meditação e acesso a conteúdos. “A partir daí, vamos criar junto das associadas”, emenda Gabriela Stragliotto.
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Local tem estrutura para 50 profissionais trabalharem diariamente
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Jornal do Comércio | Porto Alegre, quinta-feira, 6 de setembro de 2018
Na versão on-line desta matéria, você pode conferir outras reportagens relacionadas a empreendedorismo feminino que já publicamos.
Criar redes para fortalecer negócios das provas disso foi quando os eventos começaram a lotar. “E isso nos mostrou que as mulheres precisam falar. Querem saber sobre carreira e desenvolvimento pessoal, e nas áreas dos seus negócios.” Para além da discussão sobre o próprio papel na sociedade, assuntos não são tão diferentes de outros eventos com foco em empreendedorismo, como gestão, marketing e finanças. Ionara afirma que a competição entre mulheres é outro paradigma que os tempos atuais vêm para quebrar. “Antigamente, havia uma ideia de competição entre as mulheres, e hoje em dia não. Nos encontros, me surpreende o quanto o networking acontece. A gente vê as mulheres se aproximando e dando dicas. Em geral, esse próprio conceito de concorrência tem mudado. A gente fala muito mais em parceria, independentemente de gênero”, resume.
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A SOS Gurias é uma prestadora de serviços e reparos domésticos, da advogada Stael Sabrina de Figueiredo e da técnica em administração Daniani Gisele Thozeski Vargas, que surgiu em janeiro de 2016 para atender o público feminino em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Na época, contou Stael, o principal incentivo veio de uma amiga, que precisava de um serviço em casa e não se sentia à vontade para contratar os profissionais homens, mais comuns na atividade. A decisão de apostar no ramo veio depois de conhecerem um serviço similar de São Paulo.
Centro de boxe exclusivo para o público feminino A empreendedora Carla Silva criou um centro de treinamento de boxe exclusivamente para mulheres, em 2014. A ideia surgiu depois de a instrutora perceber que parte do público feminino se sentia pouco à vontade nas aulas mistas. O espaço, no Centro de Porto Alegre, recebe cerca de 80 alunas, divididas em oito turmas. A faixa etária das alunas, de acordo com a proprietária do negócio, varia entre meninas a partir dos nove anos e senhoras de idade avançada.
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AN TO O estúdio de tatuagem NI O PA Z/ Cadê Amélia, em Porto A Alegre, aposta em um diferencial no ramo: é voltado totalmente para o público feminino, para que as clientes se sintam à vontade na hora de riscar a pele. Uma das apostas do negócio é simplificar o orçamento e acompanhar os cuidados pós-tatuagem. No primeiro mês de funcionamento, de acordo com o site do empreendimento (www. cadeamelia.tattoo), os resultados foram surpreendentes: “Agenda cheia, entrevistas na TV e o melhor feedback do mundo - clientes satisfeitas e felizes.”
Empresa gaúcha de reparos domésticos só com mulheres
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Estúdio de tatuagem para elas
Com proposta de fugir dos padrões, foi inaugurado, em maio, o Mad’am Parlour, um salão de beleza pensado a partir dos preceitos do feminismo, com o objetivo de se alinhar às necessidades das mulheres contemporâneas. As idealizadoras da empreitada são Hanny Barcellos e Daniella D’Ávila. Além dos serviços usuais de salão de beleza, o local possui mesa de sinuca, estúdio de tatuagem, drinques e cervejas artesanais - produzidas por mulheres -, itens antes encontrados apenas em barbearias.
MA D A M/ DI VU LG
Ao longo de três anos, já demos vazão a vários negócios voltados exclusivamente para mulheres, sejam criados por elas ou não. Confira:
Encontros de empreendedorismo feminino acontecem desde 2016 na Pucrs
Salão de beleza feminista com mesa de sinuca
CO QUINTANA/JC M AR
Alguns exemplos que já passaram pelo GE
Com uma média de 250 participantes a cada edição, o evento já impactou quase 2 mil pessoas, e é aberto a todo mundo que queira se aproximar do tema. “Já tivemos homens participando, eles não se sentiram desprezados nem diminuídos. E a gente queria que eles participassem mais, queremos trazê-los para as discussões de empreendedorismo feminino ou gênero no ambiente organizacional”, ilustra. Muito embora o empreendedorismo feminino encontre certa resistência em determinados círculos. “Já fui em um fórum falar sobre esse tema e não me entenderam. É difícil explicar isso, muita gente entende, em um primeiro momento, que estamos querendo segregar, não é isso. É gerar um ambiente propício, dar espaço para que elas possam se colocar e se sintam tranquilas em trabalhar e ter sua vida pessoal e em família. Tocarem tudo isso em equilíbrio”, enfatiza.
JC O/ ÇÃ
Ionara Rech é coordenadora do curso de Administração da Escola de Negócios da Pucrs e organizou, junto a Letícia Hoppe, o livro Empreendedorismo feminino – Protagonistas de nossas vidas, lançado em 2017. O livro nasceu dos encontros de empreendedorismo feminino realizados na universidade desde 2016, com o objetivo de ser espaço de discussão sobre as necessidades das empreendedoras, no qual são abordados desde questões de gestão de negócios à gênero e família. Segundo Ionara, os encontros nasceram de uma necessidade do mercado. “Tem um mercado voltado para a criação de negócios que são para mulheres, para mães também”, pontua, além de toda a gama de empresárias, empreendedoras e empregadas no mercado de trabalho. “As mulheres precisam e querem falar sobre negócios, querem se conhecer”, emenda. Uma
FOTOS CAMILA CUNHA/ASCOM/PUCRS/DIVULGAÇÃO/JC