Alberto Renault

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arquitetura e design/Alberto Renault

O dono das casas Conheça Alberto Renault, o cara que usou a televisão para transformar a arquitetura em poesia por roberta freitas

Ele é um homem multitarefas. Mais do que isso, é alguém que coloca ficção em tudo que faz. Criador dos amados programas Casa Brasileira, Arte Brasileira e Morar Mundo, do canal pago GNT, Alberto Renault transformou a arquitetura e o design em poesia para milhares de telespectadores, graças ao seu dom natural de contar histórias. Além, é claro, do interesse particular pela arte de decorar. “Decoração é uma espécie de diálogo que você vai compondo na sua vida. É a sua conversa com o mundo, que faz com que você traga coisas para sua casa por meio da fruição estética”, diz. Com a palavra, Alberto Renault... top – Você tem um currículo extenso. Já escreveu livros e roteiros, dirigiu desfiles de moda, óperas e diversos programas de TV. De onde surgiu, porém, essa vontade de humanizar a arquitetura e o design? alberto renault – Inicialmente, não tinha o desejo de humanizar a arquitetura. Minha vontade era fazer um programa sobre o tema. Mas acho que tenho essa

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vocação e a tendência de humanizar tudo que faço. A proposta era traçar o perfil de arquitetos e designers brasileiros, o que eu poderia fazer de forma mais técnica. Mas o conteúdo da arquitetura e o morador me interessam muito. Isso vem do meu lado de ficção. Acredito que cada casa é um pouco de uma história, envolve uma dramaturgia. top – Qual o significado de casa para você? alberto – A casa é um pouco da biografia da gente. É a tradução dos nossos desejos, um espelho da nossa personalidade. Você olha para uma casa e consegue contar a vida de uma pessoa, reconhecê-la através dos objetos que estão ali. Então, para mim, a casa significa uma vida. top – Tanto no Casa Brasileira quanto no Arte Brasileira você dá voz a todos os envolvidos nos projetos. Mas qual a voz do Brasil na arte e na arquitetura? alberto – Eu acho que a grande característica do

Brasil é a multiplicidade. A gente tem talentos muito diversos, e todos em um país enorme. A grande riqueza brasileira, tanto na arquitetura quanto na arte, é a nossa diversidade. Não temos apenas uma cara, temos diversas facetas. top – Qual o lugar com que você se identificou mais? alberto – É difícil responder, porque foram quase 500 residências visitadas. E não é só a casa, é a circunstância. Mas tem dois países nessa trajetória que eu adorei visitar: o Uruguai e Portugal. Principalmente o país europeu, um dos lugares que me marcou muito por todo o conjunto. Eu gosto de lá porque é um lugar que traz memória, contemporaneidade e afeto. Realmente te acolhe. Portugal tem uma junção de tradição e modernidade. top – Quais as vantagens e desvantagens de morar no Brasil? alberto – Uma das coisas bacanas de morar no Brasil é o diálogo que temos com o meio ambiente. Acre-

dito que o clima seja uma das nossas grandes vantagens. Foi isso que permitiu que os arquitetos brasileiros criassem casas muito abertas, com várias janelas, e uma grande interação com a natureza. Quanto às desvantagens, eu prefiro não olhar. Sempre digo que só quero saber do que pode dar certo.

“Cada casa é um pouco de uma história, envolve uma dramaturgia. Então, para mim, a casa significa uma vida” 133


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