vida real
surpresa do acaso Paula Abreu, 36 anos, foi estuprada por um amigo e só conseguiu se “libertar” do trauma contando sua história em um blog masculino! u era uma mulher bem resolvida, de 25 anos, e que saía com um amigo já há algum tempo. Sabia tudo sobre ele: seu local de trabalho, o que fazia, endereço de casa e com quem andava. Achei que estava me envolvendo com uma boa pessoa. Porém, após 1 mês juntos, ele me convidou para jantar. Rimos, conversamos e nos divertimos muito. Decidimos ir para o meu apartamento e, de repente, me vi envolvida em uma situação da qual não queria participar.
sexo forçado! Gritei inúmeras vezes que não queria, implorei para que parasse. Até tentei tirá-lo de cima de mim, mas era inútil lutar com um homem maior e mais forte do que eu. Infelizmente, ele foi até o fim e, depois que viu aquele cenário horrível e como eu havia ficado, pediu desculpas. Mandei que ele fosse embora e, ainda muito confusa e abalada, liguei para um amigo, para que fosse me socorrer. Por anos relutei em acreditar e admitir que tinha sido estuprada. Passei muito tempo achando que, mesmo com todos os gritos, resistência física, violência e aquele sangue que ficou no meu
Não existe dor que não possa ser superada!
Foto: Shutterstock
E
“
Aconteceu com quem menos imaginava. Não houve motivos que justificassem tamanha violência.” lençol, tudo não havia passado de um mal-entendido. Enterrei aquela noite na minha memória.
blog libertador! Consegui me envolver com outros homens, mas aquela situação ainda ficava na minha cabeça. Demorei dez anos para assimilar tudo aquilo e abrir a boca. Escrevi um texto para o blog Papo de Homem, do qual eu já era colaboradora, contando o que aconteceu naquela noite e isso foi libertador, como o fim de um ciclo que eu precisava fechar. Recebi milhares de e-mails de mulheres que passaram por situações muito piores e que nunca desabafaram com alguém,
nem mesmo com seus familiares. Percebi que essa foi a forma que encontrei para ajudar outras mulheres a não aceitarem aquilo, a não esconderem e a não se culparem como eu fiz. Hoje, estou bem melhor, não tenho problemas de confiança e muito menos guardo rancor do meu estuprador. Nunca mais tive notícias dele, nem mesmo sei como está sua vida no momento. Mas, eu o perdoei e segui em frente. Sem marcas, sem ressentimentos e o mais importante, sem culpas.”
Entrevista concedida à Roberta Freitas. SHAPE Outubro 2013 | 91