ANO 28 - Nº 127
R$ 18,00
Longe do mar A Marinha do Brasil no Centro-Oeste Precursores A elite paraquedista
Comunicações militares por satélite
Entrevista com o comandante da Marinha
Editorial
Seguindo em frente
Tecnologia & Defesa Ano 28 - Número 127 (2011/2012) Administração e Publicidade Tecnodefesa Editorial Ltda. Caixa Postal 66082 CEP: 05314-970 São Paulo (SP) - Brasil Tel.: (011) 3964-5315 www.tecnodefesa.com.br Diretor Geral/ Editor Chefe Francisco Ferro Editores Adjuntos André M. Mileski Paulo Maia Consultores Técnicos Álvaro de Souza Pinheiro Reginaldo Bacchi Ronaldo Olive Relações Públicas Julio Maringolo Webmaster Vinicius Peixoto Repórter Especial Kaiser Konrad Equipe de Reportagem César Torres, Hélio Higuchi, Ivan Plavetz, Leonardo Ferro, Paulo Roberto Bastos Jr., Ricardo Bonalume Neto, Roberto Caiafa, Silvio Maciel, Ricardo J. Sigal Fogliani (Argentina)
redacao@tecnodefesa.com.br Programação Visual Equipe T&D e Vladimir Rizzetto Impressão e Acabamento Pré-Impressão e Impressão Garilli Tel: (011) 2696-3288 Distribuição Nacional Fernando Chinaglia Distribuidora Tel: (011) 2195-3188 Jornalista Responsável Francisco Ferro Os artigos de caráter opinativo podem não refletir a opinião da revista. Capa: O monitor fluvial Parnaíba subindo o rio Paraguai, na altura de Porto Murtinho (MS) Foto: Ronaldo Olive
om esta edição, consideramos cumprida mais uma jornada e entendemos que devíamos usar este espaço para um rápido balanço. O ano de 2011 foi muito especial. Se, por um lado teve muitos momentos cinzentos, gerados por uma complicada crise econômica mundial, por outro, foi também marcado por significativos avanços em muitos setores. Na nossa área, especificamente, assistimos ao lançamento da Medida Provisória 544, em setembro, a qual esperamos, agora, ver regulamentada e, ao lado de outras iniciativas necessárias – e já sobejamente conhecidas – dar realmente partida para um novo tempo nos assuntos pertinentes à Defesa Nacional. Para nós, que fazemos Tecnologia & Defesa, o ano findo, como sempre, trouxe muitos dissabores, mas, talvez, pela primeira vez nos já 29 anos de trajetória da publicação, os acontecimentos ruins foram amplamente superados pelas coisas boas, pela satisfação e pelo reconhecimento cada vez maior de nosso trabalho. Como situações vindas do “lado negro da Força”, continuamos a sofrer com inverdades e inversões de fatos espalhadas por aí, acompanhadas de baixarias que beiraram o extremo. O sucesso, sabemos, incomoda aqueles que nunca entenderão que tudo na vida é conquistado à custa de muito empenho, trabalho que compreende, praticamente, os sete dias da semana, sem horários pré-estabelecidos, quer dizer, muito suor e não com infâmias. Quem realmente nos conhece, sabe muito bem que é assim e como conseguimos manter nossa revista no padrão atingido. Também tivemos a chegada e o anúncio de novas (brevemente), mídias impressas, embora acreditemos que seja do conhecimento e da consciência de todos que o mercado não comporta tantos produtos neste segmento editorial. Entretanto, vivemos num país de livre iniciativa e o direito das pessoas, nesse sentido, como em tantos outros, deve ser respeitado. Lamentamos, apenas, o modo equivocado e, não raro, grosseiro como se apresentam, dizendo, como acabou de chegar ao nosso conhecimento, “que estão lançando uma nova revista, pois as que aí estão não prestam”. Bem, queremos crer que, se assim fosse, não estaríamos há quase três décadas na estrada, buscando melhorar sempre em nosso objetivo de falar sobre defesa em todos os seus aspectos; do político ao estratégico; do industrial ao operacional; e, também, não teríamos tanto assédio sobre nosso grupo de colaboradores – um de nossos maiores orgulhos - por parte de outros veículos. Porém, e como afirmamos mais acima, as vitórias que nossa equipe conseguiu em 2011 nos deixaram muito mais entusiasmados e determinados a prosseguir na caminhada. Alguns números mostram isso. Afinal, e de um modo até então inédito, fizemos nada menos que as quatro edições ordinárias previstas, três edições especiais de nossa série “Segurança” e três suplementos especiais; ou seja, 10 revistas; quase uma por mês. Pudemos contabilizar uma mais que expressiva participação na LAAD, em abril, evento do qual, desde 2003, somos o veículo oficial brasileiro – o que já está confirmado, irá se repetir em 2013, quando completaremos 30 anos de existência -; e fomos indicados, também na mesma condição, para a primeira LAAD Security, já em 2012. Assim, fica claro o excelente nível de entendimento e de leal parceria que vimos mantendo com o tradicional grupo Clarion Events, organizador desses eventos. Mas, voltando à última LAAD, não podemos deixar de nos referirmos ao sucesso dos nossos produtos que lá circularam, particularmente o jornal diário “Official Show News”, algo que ainda não existia nesse tipo de acontecimento no Brasil. Novamente, e com o decidido apoio da Clarion e a receptividade de muitas empresas, nacionais e estrangeiras, mostramos mais um de nossos pioneirismos. O prestígio e a credibilidade que fomos consolidando ao longo do tempo – e nunca é demais reafirmar, graças às competência e dedicação de toda a nossa equipe - revelaram-se, por exemplo, com reportagens exclusivas incluindo voos em aeronaves de combate de nações amigas, além de trabalhos especiais e dedicados, e, para a edição que irá circular na FIDAE, em abril próximo, mais uma demonstração desse fato. Nosso repórter especial, Kaiser Konrad, recentemente, voou com a Força Aérea do Chile, em equipamentos como o F-16 Figthing Falcon e o A-29 Super Tucano, para trazer a nossos leitores como são operados esses modernos vetores naquele país. Do lado empresarial, ao lado de nomes da mais alta respeitabilidade como Orlando José Ferreira Neto, presidente da ABIMDE, e Carlos Frederico Queiróz de Aguiar, presidente do SIMDE, junta-se Tarcísio Takashi Muta, engenheiro e presidente da Atech, que passa, a partir deste número, a ser um de nossos articulistas. Portanto, temos sim, muito mais a comemorar. Desse modo, e cientes que teremos sempre muito a evoluir – e, para tanto, contamos com as críticas e sugestões de todos – estamos prontos para mais uma nova etapa. 3
T&D
Entrevista
Crescimento justificado e planejado O comandante da Marinha do Brasil fala à T&D 10
ão é nenhuma novidade o fato de que a Marinha do Brasil (MB) vem enfrentando, ao longo dos últimos anos, particularmente, grandes dificuldades para propiciar ao País um Poder Naval de credibilidade suficiente para respaldar os interesses nacionais. Ao longo da história, inclusive, são encontrados exemplos da falta de condições da instituição frente às suas responsabilidades constitucionais, normalmente em decorrência de políticas oficiais que não dedicaram à área de defesa a importância que lhe cabe. Programas de reaparelhamento foram elaborados em diversas ocasiões, mas devido a constantes restrições orçamentárias acabaram sendo executados de forma parcial e muito aquém do inicialmente planejado. Ultimamente, entretanto, diversos documentos de alto nível referentes à Defesa Nacional têm sido apresentados à nação, sendo o mais recente a Estratégia Nacional de Defesa (END). No momento, tal como os países mais desenvolvidos, está sendo amplamente discutido com a sociedade o Livro Branco de Defesa. Contudo, a publicação desses instrumentos ainda não tem resultado em nenhuma evolução significativa quanto à renovação do material das Forças Armadas, um inventário, por sinal, com grande parcela de equipamentos muito defasados tecnologicamente e em quantidades insuficientes. Apesar de o Brasil já ter despontado no cenário internacional como uma das maiores economias da atualidade (e do futuro próximo) as suas instituições militares continuam a sofrer com cortes e contingenciamentos nos seus orçamentos. São restrições que provocam inúmeras dificuldades e que acabam por comprometer seriamente as suas operacionalidade e capacidade dissuasória. Isso, ainda, provoca reflexos no além fronteiras pois o Brasil é candidato a uma posição permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. É um quadro que parece mais agravado já que nada indica, em curto prazo, uma definição favorável para a garantia de recursos para o setor militar, o que também não contribui para a desejada viabilização de uma base industrial de defesa nacional. Apesar de toda essa problemática, a MB tem conseguido alguns êxitos, embora modestos se comparados com as dimensões de sua tarefa. Assim, e para traçar um panorama atualizado dos objetivos da Força Naval, o almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto, comandante da Marinha, concedeu esta entrevista exclusiva à Tecnologia & Defesa, conduzida pelo editor-adjunto, Paulo Maia.
Fotos: Bravio
Especial
Brasil Avionics Tecnologia de aviônicos no “estado-da-arte” Vinicius Peixoto
Q
uando se formou em Engenharia Aeronáutica, no início dos anos de 1990, Werner Dietmüller não imaginava que um dia se mudaria para o Brasil e ajudaria a criar a primeira empresa homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para fabricar aviônicos civis no País. Tudo começou quando o austríaco recebeu o convite de um de seus pro20
fessores para ocupar uma cadeira na universidade onde acabara de se formar. A ideia em desenvolver um sistema para ajudar na navegação aérea surgiu depois de Werner observar que muitos de seus amigos sofreram acidentes aéreos devido a condições climáticas desfavoráveis, principalmente na Áustria, onde existe um relevo montanhoso e a topografia é muito diversificada. Desenvolver sistemas de navegação embarcada tornou-se, então, a principal atividade do
engenheiro. Trabalhando em indústrias aeronáuticas, exerceu atividades nos Estados Unidos, Alemanha e Taiwan. Em 2003, já no Brasil, criou, com um grupo, a Brasil Avionics (Bravio), cujo principal produto era o MD102-MAP (Electronic Map Display System), um sistema de mapa eletrônico para aeronaves que aumenta a consciência situacional do piloto na região onde está sobrevoando, com acesso a qualquer tipo de mapa ou imagem, seja aeronáutico, rodoviário,
Marinha do Brasil
Longedo mar
MB
Conhecendo o trabalho da Forรงa Naval no Centro-Oeste do Brasil
T&D
Conjuntura
Elemento estratégico Comunicações por satélite
Um panorama do SISCOMIS e as perspectivas do SGB André M. Mileski esde o início da década de 2000 que, dentro do governo, se fala sobre o Satélite Geoestacionário Brasileiro, também conhecido como Sistema Geoestacionário Brasileiro, ou simplesmente pela sigla SGB. Em 2003, na edição n.º 103 de Tecnologia & Defesa, foi publicada uma reportagem até então exclusiva, intitulada “Um Passo Fundamental - O Satélite Geoestacionário Bra-
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sileiro”, que indicava os planos e objetivos para dispor de um satélite de órbita geoestacionária que atendesse algumas necessidades do País. Passados quase dez anos, o governo parece, finalmente, ter tomado a decisão de seguir adiante com o projeto. O SGB de hoje, no entanto, focado em comunicações, é bem diferente daquele desenhado anteriormente, que pretendia dotar o Brasil de um sistema de controle de tráfego aéreo envolvendo satélites, atendendo compromissos assumi-
dos perante a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) e, secundariamente, prover comunicações estratégicas e também imageamento para fins meteorológicos.
A VIABILIZAÇÃO Com o ressurgimento da estatal Telebras, de telecomunicações, em meados de 2010, especulava-se sobre a possibilidade de seu envolvimento no SGB, o que acabou se materializando.
Reprodução da Revista “O Mundo Ilustrado” via Paulo Cid Fellows
CBR T17 Deerhound O primeiro blindado 6X6 do Exército Brasileiro Helio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Junior
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Unidades
PRECURSORES A elite dos paraquedistas
Anderson Subtil o Brasil, ao se mencionar algo acerca de tropas de elite ou forças especiais, é inevitável não pensar na Brigada de Operações Especiais (Bda Op Esp), no PARASAR, nos comandos anfíbios ou no Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC). Entretanto, a maior parte do público, e até mesmo pessoas mais afetas aos assuntos de defesa, desconhecem que na Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqdt) existe uma pequena unidade, tão bem treinada quanto. É a Companhia de Precursores Pa-
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raquedistas, a primeira força de operações especiais surgida no Brasil e uma das mais antigas da América Latina. Termos como precursores, pioneiros, balizadores, sapadores ou pathfinders são usados em vários países para denominar um tipo de soldado paraquedista que tem a responsabilidade de preparar, balizar e proteger zonas de salto para uma força aeroterrestre, e eliminar qualquer ameaça a essas operações, fazer reconhecimento ou mesmo atuar como guias avançados para aeronaves de apoio aproximado. No Exército Brasileiro, esta especialidade foi introduzida através
do então primeiro-tenente engenheiro Celso Nathan Guaraná de Barros, que concluiu com sucesso a Pathfinders School, de Fort Benning, na Geórgia, Estados Unidos, em meados de 1948. De volta, o já capitão Guaraná, iniciou os preparativos para o primeiro curso de pathfinder - aqui denominados como precursores paraquedistas no Núcleo de Preparação e Formação de Paraquedistas, embrião da atual Bda Inf Pqdt, formando dois oficiais e quatro sargentos. Em 1951, foi criada a primeira unidade do tipo, o Pelotão de Precursores, transformado em Destacamento de Precursores Paraquedistas, no ano
Exército Brasileiro
EB
12ª Cia Com L
Uma subunidade sempre na vanguarda Edson Lopes Souto 12ª Companhia de Comunicações Leve é originária do 12º Pelotão de Comunicações Leve, criado por meio da Portaria nº 506, de 24 de agosto de 1995, fruto da necessidade de dotar a 12ª Brigada de Infantaria Leve (Amv) de uma organização militar (OM) de comunicações, capaz de atender sua demanda como Força de Ação Rápida Es76
tratégica e grande unidade (GU) com alto nível de operacionalidade dentro do Exército Brasileiro. A Cia Com L, então, é um instrumento pelo qual é exercido o comando e controle da Brigada Aeromóvel, a qual está organizada, adequada e equipada para cumprir missões com rapidez, nas ações de defesa externa, com ênfase para as operações aeromóveis à retaguarda e flancos do inimigo, e de Garantia da Lei e da Ordem em qualquer
parte do território nacional, constituindo-se em um importante fator de dissuasão. A sua mobilidade tática, quando em operações aeromóveis, é decorrente da sua estrutura organizacional, adequada ao emprego com helicópteros. Assim, a pioneira de comunicações leve do Exército tem acompanhado o Comando da Brigada Aeromóvel por todas as regiões do País, estabelecendo o Sistema Tático de Comunicações.
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Armamentos
Gepard para o Brasil? Tecnologia & Defesa esteve na mostra de armamentos de artilharia antiaérea realizada em outubro de 2011
Roberto Caiafa ue o Exército Brasileiro fez renascer sua arma de cavalaria ao adquirir o carro de combate Leopard 1A5, fabricado na Alemanha, ninguém duvida. Os 239 exemplares encomendados já estão com as entregas bastante adiantadas, e a estrutura logística e de manutenção deste material, montada em Santa Maria (RS), reúne pessoal técnico do Exército, membros das unidades operadoras, mais o Cen80
tro de Instrução de Blindados da Força, numa complexa estrutura onde a KraussMaffei Wegmann do Brasil tem um papel fundamental, agindo como integradora e disponibilizando serviços, soluções e treinamento de ponta.
CHEGANDO AO GEPARD O Leopard foi projetado dentro de um conceito de família de blindados. Versões escola, lança-pontes, oficina e comando, dentre outras, possibilitam o cumprimento de um amplo espectro de mis-
sões. No entanto, em um moderno cenário de comprovada oposição aérea, é sabido que os blindados se tornam alvos fáceis se não possuírem defesas antiaéreas adequadas. No cenário europeu da Guerra Fria, a principal ameaça aos blindados ocidentais eram os aviões de ataque, mas esses seriam engajados por mísseis terra-ar e interceptadores; já os temidos helicópteros do tipo Mi-24 e similares necessitavam de uma solução defensiva de alta mobilidade, capaz de acompanhar os blindados. Buscavase um matador de helicópteros usando-
Clleber Passus
Registro
Visando o
amanhã
Tradicional empresa do Sul dá mais um importante passo firmando-se como uma das maiores e mais significativas do País Francisco Ferro calor era forte em Porto Alegre, capital do cada vez mais pujante Estado do Rio Grande do Sul, na tarde do dia 07 de dezembro último. Na sede da AEL Sistemas S/A, sucessora da antiga Aeroeletrônica Ltda, localizada atrás do Aeroporto Internacional Salgado Filho, o movimento de veículos e de pessoas era intenso. Personalidades do meio empresarial misturavam-se a
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autoridades militares, políticos e jornalistas. Porém, os semblantes normalmente sérios de quem lida com enormes responsabilidades e compromissos no dia a dia pareciam refletir as expressões joviais, enfeitadas por belos rostos e sorrisos simpáticos – típicos, aliás, da gente sul-riograndese - de dezenas de funcionários, mulheres e homens, daquela empresa cujas origens vêm de muito longe, lá da segunda metade da década de 1960.
De fato, a hoje conhecida como a “casa dos sistemas eletrônicos de defesa brasileira” surgiu dentro do Grupo Aeromot, fundado em 1967, pelos engenheiros Cláudio Barreto Viana e João Cláudio Jotz, do qual a Aeroeletrônica, a terceira companhia daquele grupo, ganhou vida em 1983 estimulada por um instrumento chamado Programa Industrial Complementar, ou PIC, promovido pela Força Aérea Brasileira (FAB), no sentido de apoiar o projeto binacional de construção do jato de
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Tecnologia
estreia em um teatro de operaçþes real 92
Força Aérea
P-3AM Orion, o guardião dos mares Ivan Plavetz om a criação do Ministério da Aeronáutica, em janeiro de 1941, a Força Aérea Brasileira (FAB) passou a ser responsável por todas as tarefas aéreas militares, incluindo aquelas executadas sobre os oceanos, retirando-se da Marinha do Brasil essas atribuições. Vigilância costeira, patrulha marítima e luta antissubmarina, eram algumas delas. A Segunda Guerra Mundial trouxe para o Atlântico Sul a atividade de sub98
marinos do Eixo. Para fazer frente a essa ameaça, a FAB recebeu dos Estados Unidos alguns modelos de aeronaves como os Lockheed PV-1 Ventura, Lockheed A28A Hudson e Consolidated PBY-5 Catalina, este último protagonista do afundamento do submarino alemão U-199 ao largo do Estado do Rio de Janeiro. No final da guerra, a FAB detinha a mais bem montada frota de aviões antissubmarinos e de patrulha marítima da América do Sul. Entretanto, os anos que se seguiram assistiram a um declínio desse status. Contudo, em dezembro de 1958, chegou ao Brasil o primeiro lote de cinco
aeronaves Lockheed P2V-5 Neptune, dos 14 exemplares encomendados. Denominado pela FAB de P-15 Netuno, o modelo passou a ser operado exclusivamente pelo 1º/7º GAv “Esquadrão Orungan”, sediado na Base Aérea de Salvador (BA). A aeronave era capaz de voar por longos períodos sendo que, em julho de 1967, um deles permaneceu no ar 25 horas e 15 minutos. Os P-15 representaram um salto qualitativo no que diz respeito à capacidade de patrulhamento marítimo e de guerra antissubmarina (ASW) e constituiu-se peça importante na cobertura da então recém delimitada
Silvio Maciel
A entrada em operação dos aviões P-3AM na Força Aérea Brasileira irá recuperar as capacidades de vigilância aérea e antissubmarina sendo também um significativo reforço para as missões
fronteira marítima de 200 milhas. Os últimos P-15 foram desativados em setembro de 1976 sem terem sido sucedidos por outro tipo similar. Na falta de um substituto para os P15, a FAB passou a usar os bimotores Grumman S-2F-1 Tracker, dotados de capacidade de pouso e decolagem em navios-aeródromos e sistemas adequados para missões ASW, os quais foram usados também em tarefas de patrulha marítima. Recebidos a partir de junho de 1961, os 13 exemplares adquiridos sob a designação P-16 (mais tarde seria P-16A) passaram a integrar o 1º Grupo
Agência Força Aérea
de busca e salvamento
P-15 Netuno
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Formosa 2011 Novidades no Planalto Central
Durante o exercício, foram apresentados os veículos ora em regime de adoção pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Entre eles, o M113 modernizado pela Israel Military Industries (IMI). As modificações, incluem a substituição do motor e reforço da suspensão, novas lagartas, adoção de tanques de combustíveis externos e uma revisão completa dos sistemas elétrico, hidráulico e eletrônico de bordo. O carro adquire também a capacidade de girar sobre seu pró-
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prio eixo. Um protótipo foi desenvolvido em Israel e outro aqui no Brasil, com transferência de tecnologia prevista em contrato. Também estiveram presentes a viatura leve Agrale Marruá, um projeto 100% nacional, em fase final de avaliação (lote piloto de 40 unidades), e as observações e adaptações decorrentes destes testes permitem antever a encomenda de novos lotes da viatura, tida como muito resistente e versátil. Outro produto, o novo caminhão Mercedes Benz
1725 apresenta como diferencial sua capacidade “dual”, no cumprimento de tarefas civis e missões militares, além de baratear custos; afinal 85% dos seus componentes são fabricados no País. Dessa forma, os excelentes caminhões QT (qualquer terreno) Mercedez Unimog (mas de manutenção mais onerosa por serem importados), tornam-se exclusivos neste tipo de missão. Três unidades do modelo 1725 estão em testes.
Texto e fotos: Roberto Caiafa