Contos da terra nº1

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PROPRIEDADE DE ROBSON MARONE 2015

Conheça a mais nova revista de contos de sombrios, aventura e o Universo das Trevas, pelo olhar de Robson Marone e outros talentosos escritores do mundo mítico.


Mundo das Trevas

Contos da Terra Nº 1 Publicação de Rm Artes FANCOMICS E BOOKS PRODUÇÃO INDEPENDENTE PROPRIEDADE DE ROBSON MARONE M. DOS SANTOS REVISTA DE CONTOS, MITOS E LENDAS BASEADOS NO FOLCLORE POPULAR DO BRASIL E DO MUNDO. 2015/16 HISTÓRIAS Robson Marone e Márcia Santos TEXTOS Robert Eloy e Márcia Santos ILUSTRAÇÕES DIGITAÇÃO MONTAGEM Robson Marone (Ilustração da página, Fonte : Google)

PESQUISAS Robson Marone e Márcia Santos REVISÃO Márcia Santos CAPA “Caçador das Trevas” arte de Robson Marone


SUMÁRIO

Prólogo O Caboclo e o Lobisomem O Mapinguari, Titã da Amazônia A Matinta Perera, Bruxa Amazônica Criaturas do Mundo das Trevas


Contos da Terra Prólogo Em meados dos anos 70, do século XX, um mercador que viajava em demasia pelo vasto território brasileiro, conhece um homem muito distinto que falava francês, porém não se sabia sua real origem. Apenas sabia-se que este homem tinha seus poderes e conhecia muito bem a terra. Seria um curandeiro? Isso era um grande mistério. A única certeza era que realmente aquele homem “conhecia a terra”. Tendo passado por vários lugares do norte do Brasil, o mercador retorna a terra que tinha como morada – Vigia de Nazaré, localizada a 93 km de Belém do Pará – com um grupo de comerciante e o distinto homem. Naquela época, as viagens eram feitas em grandes barcos, pois o transporte de mercadoria era mais fácil e o transporte rodoviário não atendia ao extenso território que eles percorriam comprando e vendendo mercadorias. Era por volta das 18h quando a embarcação atraca no trapiche de Vigia de Nazaré. O mercador e outros comerciantes desembarcam suas mercadorias e despedem-se da tripulação. Voltando o seu olhar para o interior do barco, percebe que o homem que conhecera ainda estava sentado. Algo lhe chamou atenção no olhar do homem, pois esse fitava a cidade num misto de curiosidade e temor. Mesmo tendo conhecido aquele misterioso homem apenas durante a viagem, o mercador sentiu vontade de convida-lo a pousar em sua residência, esperando que o convite fosse aceito. Porém, o homem não o aceitou, preferindo permanecer no barco durante a noite, até o outro dia quando seguiriam viagem para o estado do Amapá. Intrigado com a negação do convite, o mercador então pediu uma explicação para tal atitude. Sem medir as palavras e sem medo de parecer estranho ou até medroso, o homem lhe respondeu claramente: - Não aceitei seu convite porque prefiro ficar aqui no barco. Essa cidade é cheia de “bichos”, não colocaria os meus pés nessa terra! O mercador deu um pequeno sorriso e entendeu o que aquele homem dizia, pois os “bichos” que ele se referia, eram os diversos seres que habitavam aquela cidade. Seres que muitos ouviam falar, mas que como dizem “são lendas e mitos da terra”. Aquele que vivenciou essa história viveu 93 anos entre nós, deixando muitos registros orais que foram passados para as gerações posteriores. E duas dessas gerações reúnem-se para contar muitas outras histórias reais que aconteceram ou ainda acontecem em muitos lugares dessa vasta terra.

Márcia Santos Professora e Escritora

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INSPIRADO NA LENDO DO LOBISOMEM DO NORTE DO BRASIL.


Contos da Terra O Caboclo e o Lobisomem Essa história se passou há muitos anos. Mesma época em que Marajó ainda era dominada pelos coronéis e os produtores de café. Naquele tempo existia um coronel chamado Carlos Silva. Ele controlava toda a região do Marajó. Era senhor de muitos escravos e tinha uma péssima reputação em relação às escravas. No ano de 1849, o Coronel Carlos estuprou a sua escrava doméstica Jacira. Nove meses depois, Jacira pariu uma criança de pele parda, que segundo ela, era filha do coronel. A criança era um menino. Menino o qual recebeu o nome de José. Era comum naquela época senhores de escravos engravidarem suas escravas e, como em várias outras fazendas, os filhos não eram considerados filhos, mas também não iam para a lavoura trabalhar, terminavam tornando-se escravos domésticos. E foi isso que aconteceu com o José assim que foi desmamado. Quando José completou 13 anos, Carlos o enviou para trabalhar junto aos capitães do mato. Como capitão do mato, aos 20 anos, José já era conhecido em toda região do Marajó. Não havia uma só excursão dele pelas matas que não trouxesse vários negros presos novamente.

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Contos da Terra Durante a Guerra com o Paraguai, José atuou nas forças armadas e voltou para o Brasil com sua alforria. Porém, ele não estava satisfeito. Queria a alforria de sua mãe. Por isso, foi falar com o seu pai. - Senhor Coronel, preciso falar com o Senhor! - dizia José diante de seu progenitor, na varanda da Casa Grande. - Não tenho nada a falar com você, seu mestiço sarnento, caso não tenha notícias de escravos capturados. Saia de minhas terras! - O coronel falava com uma expressão de nojo, virando o rosto da direção de seu próprio filho. - Eu gostaria de comprar a alforria de minha mãe. - Dizia o jovem com um saco de moedas estendido na direção do coronel. O Coronel se levantou, andou até a cerca da varanda, suspirou e depois começou a gargalhar. - Você acha mesmo que eu vou vendê-la para você? Ela foi a escrava que mais me deu prazer durante a minha juventude, portanto morrerá dentro das minhas terras. Agora saia daqui, agora! - Disse o coronel apontando para a estrada de acesso da fazenda. Os olhos de José se encheram de ódio e lágrimas. Ele nada podia fazer para libertar sua mãe. E ver o Coronel falando dela daquele jeito o deixava enfurecido e triste. Quando José descia as escadas da varanda, uma carruagem parou e dela desceu uma moça linda: cintura fina, olhos cor de mel e cabelos castanhos claros. O jovem capitão do mato ficou abismado com a beleza da moça. Andou até ela e a cumprimentou: - Olá, me chamo José. Sou o melhor capitão do mato destas terras e estou a sua disposição. - Prazer José, mas com sua licença, estou atrasada para um encontro com o meu tio. A moça começava a subir as escadas quando José a interrompeu perguntando: - Com todo o respeito senhorita, mas, qual seu nome? - Me chamo Camila. - Respondeu a jovem. - Um nome muito belo para uma moça muito bela. Mas vá! Vá encontrar-se com o seu tio! – Finalizou o rapaz. Após aquele encontro com a moça, José não a tirava da cabeça. Pensava em seus olhos claros e nos longos cabelos que possuía. Porém, ele próprio sabia que não poderia ter nada com a moça. Afinal ela era uma senhorita rica e ele um mestiço bastardo. Contudo, José queria vê-la novamente e arriscaria muito para isso. Uma noite, José adentrou na fazenda do Coronel decidido a conversar com a moça. Do meio dos arbustos ele a observava trocando de roupa a luz de uma vela. Saindo dos arbustos, o capitão do mato começou a escalar uma árvore que tinha um galho que quase encostando na janela de onde podia ver a moça.

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Contos da Terra Após escalar, José se aproximou da janela e para a sua surpresa esta se abriu e dela surgiu o rosto da moça sorrindo. - Eu sabia que voltaria para me ver. - Dizia a moça com um sorriso sedutor e ao mesmo tempo tímido. - Como eu ficaria sem falar com você novamente? - Disse o jovem sorrindo. - Entre logo antes que alguém te veja. – Falou preocupada. - Camila, eu não te tirei da cabeça desde aquele dia. Precisava vir aqui, te ver novamente. – Disse José com os olhos reluzentes de felicidade. - Rapaz, meu tio te mataria caso te pegasse nas terras dele há essa altura da noite. Eu sou tão importante assim? - Disse ela sorrindo. - Você não sabe o quanto! - Disse ele sorrindo. Naquela noite, eles passaram horas e horas conversando e, enquanto conversavam o Coronel não tirava Camila da cabeça. - Tenho que possuir essa garota. Não importa o que custe, ela tem que ser minha! - Pensava o Coronel enquanto bebia água ardente em seu quarto. No dia seguinte, Camila acordou tarde. Ainda estava com José na cabeça. Ela não acreditava no quanto aquele rapaz havia arriscando-se para vê-la. Por conta disso, passou horas de seu dia imaginando aventuras ao lado do caboclo. Ela estava começando a se apaixonar pelo aventureiro e sabia que esse amor era proibido, pois sua família nunca aceitaria. Mesmo assim, ela não o tirava da cabeça. - Ah, meu Deus, não posso me apaixonar por esse homem! – Repetia constantemente. Na outra ponta da cidade, em uma taberna, José ficava sonhando acordado com a bela e formosa Camila. Ele pensava em cada detalhe da moça, desde seus olhos claros, até o pequeno tamanho de suas mãos. Pela primeira vez na vida, José estava conhecendo o amor. Ele nunca havia amado uma mulher antes. Aquilo em sua vida era novo, porém, estava adorando aquele sentimento. - Preciso falar com ela. Tenho que voltar a fazenda agora. – Dizia para si, com um ar de ansiosidade. Então ele segue a galope em direção a fazenda do Coronel. Entra pelos fundos e sobe até o quarto de Camila. Para seu alívio, a moça estava lá. Ele entrou e começou a falar: - Camila, eu preciso falar com você! - O que José? – Perguntou ela. - Eu me apaixonei por você! Tu és linda, educada, inteligente, romântica. És tudo que eu sempre sonhei. – Disse o rapaz. - Meu Deus... José, não podemos! - Disse Camila se virando de costas - Mas... – Tentou falar o moço, mas foi interrompido por Camila. - Somos muito diferentes. Minha família nunca te aceitaria. Seriam capazes de te matar para afastá-lo de mim. Não faça isso comigo, por favor...

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Contos da Terra - Camila, nunca senti isso por nenhuma mulher. Eu... eu... eu estou te amando! José terminou de falar abaixando a cabeça. Camila fez uma expressão de surpresa e não conseguiu segurar o suspiro pelo rapaz depois da declaração dele. - Por favor, vá embora. – Pediu a moça. José, cabisbaixo, sai do quarto da moça e vai descendo as escadas. Assim que o rapaz chegou do lado de fora da casa o Coronel entrou no quarto da moça completamente bêbado e começou a berrar: - Hoje você vai ser minha, Camila! - Que isso Tio? O Senhor está bêbado. Para de dizer besteiras. - Respondeu a jovem com um tom de espanto na voz. - Não tente correr de mim, garota. Vou te possuir agora! – O Coronel terminou de falar agarrando a garota e tentando beijá-la. Ouvindo os gritos da moça, José sobe as escadas rapidamente com sua faca de caça em mãos. Quando abre a porta, se depara com a cena. Ele não se contém e ataca seu próprio pai com a faca. Os dois entram em luta corporal e Camila se encolhe no canto do quarto. Nesse instante um urro de dor é ouvido e o Coronel cai no chão, segurando sua barriga que sangrava muito.

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Contos da Terra José percebendo a oportunidade agarra Camila pelo braço, corre com ela até seu cavalo e os dois fogem juntos. O Coronel quase morreu de hemorragia, porém, seu ódio pelo caboclo o fez resistir por mais algumas horas. Ele se arrastou até o chiqueiro da fazenda e começou a gritar: - Lúcifer! Lúcifer! Lúcifer! Dê-me a chance de matar aquele desgraçado. - O Coronel berrava com determinação e ódio. Por alguns segundos o homem ficou ali parado olhando para o nada. Em instantes surgiu uma figura de um homem loiro, de olhos azuis, sem camisa, com chifres de bode e asas de morcego. - Tem certeza que quer fazer um trato comigo, humano? - Disse o demônio com um sorriso maléfico no rosto. - Tenho sim! Eu quero o poder para matar aquele bastardo! - Disse o Coronel que, apesar de ter dificuldade para falar, mostra convicção. - Deite na lama e role, levante e role novamente sete vezes. Depois da última vez você será um lobisomem Sus Scrofa. - Terá minha alma, Lúcifer. – Respondeu ele. - Isso eu sempre tive. - Diz Lúcifer sorrindo. Lúcifer se vira e vai andando até desaparecer em meio a uma fumaça com cheiro de enxofre. Nesse momento, o Coronel começa sua transformação. Sua pele começa a ficar vermelha e um suor contínuo toma conta de seu corpo. Seus gritos podem ser ouvidos a quilômetros de distância quando sua pele começa a despregar-se de seu corpo. Seus ossos começam a fazer barulhos como que se estivessem quebrando. Sua boca dilata-se ao começarem a surgir enormes presas. Os gritos de dor ficam cada vez mais fortes, seu corpo já não é o mesmo, cresceu de forma assustadora. Seus olhos tornam-se vermelhos cor de sangue no instante que um grito amedrontador ecoa na noite escura. A besta está preparada para seu grande objetivo, matar aquele que o desafiou em vida.

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Contos da Terra Dentro de uma cabana isolada na mata de Marajó, José tentava acalmar Camila: - Calma, Camila. Vou te dar um dinheiro e você poderá voltar para a casa de seus pais na capital. - Esse não é o problema, José. O problema é que ele quase me estuprou... Se você não tivesse chegado a tempo... - Camila diz entre prantos. - Calma! Eu estou ao seu lado e sempre estarei se você quiser minha linda! - José diz abraçando-a. - Obrigada! Você é um doce, José. – Diz Camila, olhando-o nos olhos enquanto seus lábios se aproximam. Finalmente ocorre um beijo longo e intenso. Um sentimento de paz invade os dois. Tudo parecia resolvido para eles dois, quando a porta é quebrada e uma fera humanoide, meio javali e meio homem, adentra a casa. José rapidamente se pôs entre a fera e a moça. Era possível escutar as batidas do coração de Camila em uma velocidade frenética, juntamente com sua respiração que entregavam o medo daquela besta. O Lobisomem se lança ao encontro de José, rosnando com toda força do seu enorme corpo e com um grande movimento de braço, lança José de encontro a parede. Camila grita horrorizada e se desespera ao ver o sangue que saia do rosto do seu amado. Nesse momento, José tenta levantar-se, porém sua cabeça gira muito devido ao choque com a parede. Bem de longe ele escuta os gritos de Camila que aos poucos vai desaparecendo. Em um impulso frenético e esperançoso, José segura em uma de suas mãos um pedaço de madeira, enquanto na outra retira o revólver que sempre lhe fora útil em momentos difíceis. Ele então corre em direção a mata, tentando alcançar a fera e sua amada. Ainda é possível escutar o choro de Camila, isso deixa seu coração acelerado e com medo de não chegar a tempo. Ao avistar ao longe a fera parada com Camila ao chão e completamente despida, José solta um enorme grito e corre o mais rápido possível em direção de sua amada. O Lobisomem avista José e com um salto chega a sua frente, fazendo com que ele derrape pela terra e fique ao chão. As balas são desferidas em direção a besta, sangue é jorrado, porém não é o suficiente para matá-la. Nesse momento, José sente as unhas da fera rasgando o seu peito, tirando suas forças. Mesmo ferido consegue levantar a madeira e enfiar na barriga do monstro que uiva de dor, porém, mas uma última vez lhe rasga o corpo com suas unhas, golpe mortal que arranca-lhe uma grande parte do pescoço. Camila olha tudo aquilo em prantos e não tem reação nenhuma ao ver José morrendo e o corpo da fera voltando ao estado humano do seu tio.

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Contos da Terra Três vidas foram levadas naquele momento, a de José, do Coronel e de Camila, que nunca mais foi vista. Isso tudo aconteceu há um tempo e graças a mim, aquele assassino conseguiu sua vingança. P.S. Lúcifer

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Contos da Terra O Ciclope do Inferno Verde Era por volta das 07:00hs da manhã, os trabalhadores e engenheiros voltavam para mais um dia de trabalho árduo na insana construção daquela que seria a principal rodovia de integração do nordeste com a Amazônia, a Transamazônica. Eles dormiam na cidade mais próxima que havia, pois não tinha como construir acampamento com condições boas ele. Portanto, após encerrarem o dia de trabalho, entravam no Pau-de-arara (transporte muito utilizado na região nessa época) e seguiam para o merecido descanso. Porém, naquela manhã, algo estava diferente do que costumavam deixar. A estrada que haviam limpado no dia anterior estava completamente destruída. Enormes buracos preenchiam sua extensão e os restos das árvores que foram tiradas outrora estavam espalhadas impossibilitando o acesso ao local. Todos ficaram espantados e não conseguiam imaginar o que pudera causar tão grandioso dano. Alguns achavam que uma forte ventania havia atingido a região na noite anterior, o que justificaria as toras de árvores e parte da destruição. Mas e os grandes buracos abertos? O que seria capaz de causar esse tipo de aparecimento? Tais dúvidas mexiam com a mente de todos os que ali se encontravam, porém haviam prazos a serem cumpridos e o trabalho perdido tinha que ser refeito. Com o imprevisto do acontecimento, o dia de trabalho foi um pouco mais longo dessa vez e o grupo começou a improvisar tochas para que pudessem ganhar uma pouco mais de horas depois que a luz do dia a luz do dia se acabasse. Tudo já estava pronto para que fossem embora quando um barulho muito alto os fez paralisar e arrepiar os pelos do corpo. Podia ser ouvido o som de árvores sendo quebradas e galhos caindo. Porém, como todos permaneceram em silêncio, aquele barulho começou a se afastar e todos começaram a subir, silenciosamente no caminhão, esperando que nada mais pudesse ser ouvido. Após alguns minutos, nada mais podia ser ouvido, apenas alguns animais de hábitos noturnos que habitavam a floresta. Foi então que o engenheiro chefe mandou dar a partida no caminhão. Era aproximadamente 40 minutos de viagem até a chegada à pequena cidade de Marabá. O clima dentro no ônibus era de medo. Era possível perceber que muitos olhavam atentamente para fora, com os olhos aflitos e nenhuma palavra era ouvida. Durante a noite, murmúrios ouviam-se nos dormitórios sobre uma besta que devorava caçadores e lendas das tribos indígenas que contavam que um monstro gigante fora visto nas matas. Uma preguiça gigante que era capaz de fazer todo aquele estrago na estrada. Pela manhã, muitos trabalhadores se recusaram a voltar ao trabalho e o engenheiro chefe tentava tirar-lhes o medo, dizendo que tudo aquilo era apenas algum animal de grande porte, caçando a noite. Mas as palavras dele não convenceram ninguém, pois nessa região não havia predadores de grande porte capaz de fazerem aquele estrago e emitirem aquele tipo de som ouvido por todos. Após muita conversa e algumas ameaças devido ao fato de estarem a serviço do governo militar, os trabalhadores enfim resolveram continuar o serviço.

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Ao chegarem ao local se depararam com a destruição total. Parecia um cenário de guerra. Todas as máquinas e instrumentos estavam retorcidos. Era possível ver marcar de grandes garras em muitas delas. O dia de trabalho estava perdido mais uma vez. A expressão de terror no rosto deles só aumentou quando foram achadas pegadas enormes ao longo da destruição. A lenda era real! Após muita conversa os militares foram chamados para verem a situação do local, porém tudo foi feito de forma sigilosa. O maquinário foi todo substituído e muitos trabalhadores pediram despensa do trabalho, pois não queriam permanecer ali. Alguns foram remanejados para novas áreas de trabalhos, outros mandados para suas casas com a responsabilidade de não falarem a respeito dos eventos ali ocorridos. Antes de retornarem os trabalhos de construção da estrada, era preciso que uma providência fosse tomada para que não voltassem os ataques do monstro. Mesmo que incrédulos do que ouviram e viram, era necessário que a criatura fosse capturada o mais rápido possível. E assim foi feito. Após noites na espera da besta, uma equipe formada por militares aprisionou e segundo relatos locais, a criatura fora enviada para estudos nos E.U.A. Mas que criatura é essa? De acordo com relatos, a criatura é conhecida como Mapinguari. Criatura simiesca, com uma enorme boca que vai do peito até a barriga, em forma vertical. Seu corpo coberto de pelos longos e vermelhos alonga-se ao ver sua presa, podendo chegar a três metros de altura. Segundo algumas tribos indígenas, ele também exalaria um fedor pior que o de gambás para afugentar seus inimigos e por isso seria conhecido como "besta mal-cheirosa". Uma característica que o torna único é o fato de ter apenas um olho no centro de sua cabeça, um ciclope da Floresta Amazônica. Para os índios, o Mapinguari é um indígena que atingiu certa idade, evoluiu e transformou-se, passando a habitar o interior das florestas.

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Contos da Terra No mundo todo podemos observar vários relatos de aparições de criaturas com características semelhantes ao Mapinguari. São eles o chinês Yeren, o Big Foot dos Estados Unidos, uma criatura bípede e peluda, muito misteriosa, cuja presença nunca foi realmente confirmada. Seria um híbrido entre um homem e um macaco, o Sasquatch canadense que possui hábitos noturnos e é muito veloz, o Yeti do Nepal, famoso ”Abominável Homem das Neves” que é coberto de pêlos cinzas e musculoso, tendo cerca de 90 quilos e um metro e oitenta de altura , o Yowie australianos (a altura das criaturas avistadas varia, por exemplo, de 1,50 metros a 3,4 metros, possuem olhos vermelhos ou amarelos e que possuem pêlos escuros. Seus braços seriam tão longos que quase tocam o chão). Essa criatura é um grande enigma para a ciência, muitas expedições e pesquisa foram feitas para encontrar essas espécies, porém nada de revelador ou concreto foi encontrado. O biólogo norte-americano, David Oren, vem realizando inúmeras pesquisas a respeito da veracidade do Mapinguari e após vários relatos, acredita que sua base real é a Preguiça-gigante, MEGATHERIUM . Segundo ele e outros pesquisadores, essa criatura seria uma preguiça gigante que viveu na América do Sul a mais de 10 mil anos, pois se assemelham as características do monstro. No interior do Pará alguns velhos caçadores dizem que viram o monstro e um deles até lutou com um terçado (um tipo de facão) contra a criatura que o deixou com profundas cicatrizes e sua perna esquerda deficiente. Como não há um registro fotográfico ou de vídeo, ele é representado de diversas formas por vários artistas, como na imagem a seguir do desenhista Robson Marone.

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Contos da Terra A BRUXA SOBRENATURAL DO NORTE Aquele assobio frio e arrepiante que faz qualquer pessoa querer estar bem agasalhado em casa ou o mais próximo possível dele. Dizem que quando o assobio é perto ela está longe e quando o assobio é longe, ela está muito perto. É assim que ela avisa a todos sua presença. Matinta Perera, a bruxa Sobrenatural das terras amazônicas. Certa vez, na Cidade de Salvaterra, Ilha do Marajó, uma Matinta fora vista arrancando as telhas de uma casa. Até então, ela era vista apenas como uma mulher idosa que voava sobre as cidades do interior do Pará assustando os vagantes noturnos. Ao encontra-la era preciso oferecer-lhe tabaco e no outro dia, sua identidade era revelada. Sua maldição é um fado que deve ser passado para uma pessoa predestinada. Geralmente é alguém que sabe da maldição e espera a véspera da morte para receber. Por isso, muitas mulheres velhas e solteiras levam a fama de serem Matintas, pois não casaram devido terem recebido o fado em idade avançada. Dizem que o fado leva até sete dias para ser passado e geralmente é precisa de um bruxo mais experiente para realizar o ritual. Um pacto é feito e a maldição é recebida no momento exato da morte da velha Matinta. Não se espante se um dia alguma mulher lhe contar que lhe viu fazendo algo na penumbra da noite. Ela devia ter passado, voando e o viu, sem que você pudesse perceber sua presença. Há muitos anos, havia uma velha senhora que possuía a maldição da Matinta. Não tendo ela uma filha ou parente para passar o fado, sua morte se estendeu por sete dias. No primeiro dia em que o falecimento foi anunciado, os vizinhos mais próximos resolveram velar o corpo dela. Era por volta de 23h quando ouve um grande alvoroço. Pessoas gritavam e muitas pulavam a janela, pois a porta da pequena casa era pequena para a quantidade de pessoas queriam fugir dali. A velha senhora se levantara do caixão e perguntara o que acontecera. As poucas pessoas que permaneceram ali explicaram-lhe o ocorrido e ela prontamente avisou: - Se acontecer novamente, chamem o ‘Seu Carlos’, ele saberá o que fazer! ‘Seu Carlos’ era um bruxo que iria conseguir alguém para receber o fado. Enquanto isso não ocorresse, ela não morreria. Até que na sétima noite, onde todos já não se espantavam com a mulher levantando do caixão, chega o homem acompanhado de uma mulher que escava com um capuz na cabeça. Exigiu a saída de todos e pediu que todo fosse para suas casas e voltassem apenas depois das 6h da manhã do outro dia. Assim todos fizeram. Aqueles que moravam às proximidades, relataram os gritos horrendos que podiam ser ouvidos. Daqueles que arrepiavam todos os pelos do corpo. Eram de lamento e dor. Gritos que ficaram na memória de muito, durante um longo tempo e que vivaram sons de pesadelos e noites mal dormidas. Até hoje não se sabe a identidade da nova Matinta, mas ela sobrevoa a cidades nas noites sem luar e sem estrelas. Quanto aquela velha senhora, pode descansar na morte após seu fado ser tirado.

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CONHEÇA OS TRABALHOS DOS REALIZADORES

ROBSON MARONE Criador, desenhista da HQ Mundo das Trevas e ilustrador do E-book Fábulas Sinistras https://www.facebook.com/maroneslocadora https://www.facebook.com/mundotrevas/ rmaronesantos@gmail.com MÁRCIA SANTOS Professora e escritora https://www.facebook.com/marcia.santos.7902564

ROBERT ELOY Criador do personagem Ten. Garras da HQ A Espada de Miguel https://www.facebook.com/robert.s.eloy Leia a Hq do Ten. Garras agora, grátis. http://issuu.com/ruanvictor8/docs/tg/10

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