PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO ASTIC - CSJT
Grupo de Trabalho sobre Software Livre
Manual de orientação à implantação do pacote de aplicativos BrOffice.org
Fevereiro/2008 Versão 1.1.0
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Sumário 1 Introdução................................................................................................................................................. .....4 2 O Software Livre........................................................................................................................ ...................5 2.1 O que é Software Livre?........................................................................................................ ................5 2.2 Outras Licenças de Conteúdo......................................................................................... .......................5 2.3 Benefícios do Software Livre......................................................................................... .......................6 2.3.1 Qualidade de Desenvolvimento.......................................................................................................................6 2.3.2 Utilização de padrões abertos ..........................................................................................................................6 2.3.3 Interoperabilidade com padrões proprietários..................................................................................................7 2.3.4 Continuidade de Desenvolvimento..................................................................................................................7 2.3.5 Custo de licenciamento Zero............................................................................................................................7 2.3.6 Mão de obra qualificada e disponível..............................................................................................................8 2.3.7 Independência tecnológica...............................................................................................................................8
2.4 O Sistema Operacional Linux..................................................................................................... ...........8 2.5 Outros Softwares Livres.................................................................................................. ......................9 2.6 O OpenOffice.org.......................................................................................................... ......................10 2.6.1 A Origem do OpenOffice.org.........................................................................................................................10 2.6.2 O Desenvolvimento do OpenOffice.org no Mundo Corporativo...................................................................10 2.6.3 O BrOffice.org................................................................................................................................................11 2.6.4 BrOffice.org Writer........................................................................................................................................12 2.6.5 BrOffice.org Calc...........................................................................................................................................13 2.6.6 BrOffice.org Impress......................................................................................................................................14 2.6.7 BrOffice.org Draw..........................................................................................................................................15 2.6.8 BrOffice.org Basic..........................................................................................................................................16 2.6.9 BrOffice.org Base...........................................................................................................................................17 2.6.10 Integração das Aplicações............................................................................................................................17 2.6.11 Os formatos de arquivo do BrOffice.org .....................................................................................................18
3 A Implantação do BrOffice.org...................................................................................................... ..............19 3.1 Aspectos Relacionados ao BrOffice.org Writer............................................................................... .....20 3.1.1 Alternativas de uso dos formatos de arquivo de texto....................................................................................20
3.2 Aspectos Relacionados ao BrOffice.org Calc.......................................................... ............................21 3.2.1 Fórmulas.........................................................................................................................................................21
3.3 Aspectos Relacionados ao uso do BrOffice.org Impress........................................................... ...........22 3.4 Aspectos Relativos ao uso do BrOffice.org Base.................................................................. ...............22 3.4.1 Criação e Conexão de Bancos de Dados........................................................................................................23
3.5 Aspectos Relacionados ao Uso de Macros............................................................................... ............24 3.5.1 Linguagem Basic............................................................................................................................................24 3.5.2 A API de Desenvolvimento............................................................................................................................25
4 TRT4: Caso de Sucesso de Implantação no Judiciário Brasileiro...................................... ..........................26 4.1 Panorama geral da estratégia de adoção de Softwares Livres......................................... .....................26 4.1.1 A escolha do OpenOffice.org com pacote de aplicativos...............................................................................26
4.2 Diagnóstico do Ambiente................................................................................................................... ..27 4.2.1 Avaliação de Hardware e Software................................................................................................................27 4.2.2 Avaliação do Sistema inFOR..........................................................................................................................27
4.3 Recodificação do Sistema inFOR................................................................................... .....................28 4.4 Treinamentos da Equipe de Suporte ................................................................................................ ....28 4.4.1 Período: agosto de 2004 ................................................................................................................................28 4.4.2 Período: outubro de 2004 ..............................................................................................................................29 4.4.3 Período: setembro de 2005.............................................................................................................................29 4.4.4 Período: setembro de 2006.............................................................................................................................29 4.4.5 Período: agosto de 2007.................................................................................................................................29
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4.5 Pré-implantação...................................................................................................................... .............29 4.6 Implantação................................................................................................................... ......................30 4.7 Suporte Técnico e Atualizações......................................................................................... ..................31 4.7.1 Novas Versões................................................................................................................................................31
4.8 Treinamentos dos Usuários Finais............................................................................... ........................32 5 Conclusões................................................................................................................................................ ...34 ANEXO I – Ofício 17/2004 Secretaria de Informática.......................................................... ........................37 ANEXO II – Via E-mail Especial – nº 23................................................................................ ......................42 ANEXO III – Matéria do Jornal Interno Em Pauta, Junho/Agosto de 2004........................................... ........43 ANEXO IV – Entrevista do Dir. Luis Fernando Pontello para o Projeto Software Livre Brasil – 2005.........44 ANEXO V – Matéria da edição “Escritório a custo zero” da Coleção INFO EXAME – 2006......................47
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1 Introdução O presente trabalho tem como objetivo apresentar, de forma sistematizada, o processo de implantação do pacote de aplicativos BrOffice.org, considerando como base o projeto do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4). O projeto, iniciado no ano de 2004, apresenta, hoje, reconhecidos resultados quanto a sua eficácia técnica e estratégica. A primeira etapa do documento tem como objetivo apresentar conceitualmente o Software Livre e o BrOffice.org para o leitor. É uma apresentação de grande utilidade, visto que, apesar do significativo avanço do Software Livre como solução técnica, ainda é necessário que alguns conceitos devam ser esclarecidos ou melhor fundamentados. Esses conceitos são um forte subsídio às definições estratégicas de projetos de migração e podem servir de apoio à tomada de decisão quanto à adoção de determinadas práticas, como quando falamos, no BrOffice.org, de formatos de arquivo e integração das aplicações. Grande parte do conteúdo foi baseado no material gentilmente cedido por Gustavo Buzzatti Pacheco, coordenador de documentação do projeto BrOffice.org e consultor da ProDesk Consultoria e Treinamento. Nessa etapa, foram detalhados os aspectos mais importantes para a fundamentação técnica da migração do TRT4. A segunda parte do documento descreve em detalhes o projeto de migração do TRT4 para o BrOffice.org. São descritas as etapas de análise, desenvolvimento, treinamento, préimplantação, implantação e suporte. São detalhadas iniciativas importantes e pioneiras em projetos de migração para o pacote de aplicativos. A recodificação do sistema inFOR, de geração de documentos pré-formatados, e a instalação automática remota, por exemplo, foram soluções inovadoras dentro do contexto de migração para a versão 1.1.x do OpenOffice.org, como o software se chamava em 2004. Será apresentada, também, a estratégia de treinamentos que caracterizou o projeto desde o seu início e que, hoje, é apontada como uma das razões fundamentais para o sucesso do projeto. Ao final do estudo, apresentaremos as conclusões do projeto sob três aspectos: economia, colaboração e padronização. A avaliação econômica do projeto é um dos itens indispensáveis ao nosso estudo. Já a colaboração é um aspecto inovador na relação do tribunal com os demais protagonistas do desenvolvimento e disseminação do pacote BrOffice.org (empresas, comunidade, projeto BrOffice.org, desenvolvedores, etc). Da mesma forma, a padronização apresenta as constatações derivadas da análise do ambiente externo quanto aos formatos de arquivo, a partir das necessidades de desenvolvimento de soluções informatizadas dentro da Justiça do Trabalho Por fim, acompanhando uma característica peculiar do Software Livre, este documento estará em constante evolução. A fim de subsidiar adequadamente as decisões futuras relacionadas ao projeto, documentaremos os novos desenvolvimentos do pacote BrOffice.org e sua aplicação direta no TRT da 4ª Região.
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2 O Software Livre 2.1 O que é Software Livre? O conceito de Software Livre foi criado pelo pesquisador Richard Stallman e baseia-se na garantia da liberdade do usuário de executar, copiar, distribuir e aperfeiçoar um programa de computador. Stallman vem desenvolvendo essa idéia através do projeto GNU (Gnu is Not Unix), criado em 1984 pela Free Software Foundation. O projeto GNU iniciou a pesquisa e o desenvolvimento de diversos programas, distribuídos seguindo o modelo de licenciamento GPL (GNU General Public License). É a licença GPL que define claramente as características necessárias para que um programa seja considerado livre. Para isso, quatro liberdades devem ser respeitadas. - A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade no. 0). - A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades (liberdade no. 1). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. - A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade no. 2). - A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie (liberdade no. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. Pela licença GPL, todo programa que utilize fragmentos de programas licenciados pela GPL também deve seguir esse licenciamento. Isso quer dizer que o distribuidor que faz alguma alteração no programa tem o direito de cobrar uma taxa pelo seu desenvolvimento no software, no entanto, ele terá a obrigação de garantir aos seus usuários compradores os mesmos direitos de execução, cópia, distribuição e aperfeiçoamento. Esse conceito foi batizado de copyleft, em oposição ao copyright. Ele impede, por exemplo, que um software de código aberto seja incorporado e vendido por uma empresa como código proprietário. Em resumo: é o software cuja licença garante ao usuário as liberdades de estudo, modificação, cópia e distribuição do seu código de programação, desde que essas liberdades sejam garantidas para outros usuários. Referências complementares: Licença GNU GPL: http://www.fsf.org/licensing/education Free Software Foundation: www.fsf.org
2.2 Outras Licenças de Conteúdo Em paralelo ao uso da licença GNU GPL, outras licenças similares foram desenvolvidas para diferentes casos. Além do trabalho técnico de desenvolvimento e suporte aos programas de computadores, os conceitos do Software Livre foram adaptados para outras áreas do conhecimento, aproveitando as amplas possibilidades de desenvolvimento de trabalho colaborativo a partir da evolução das tecnologias de comunicação, em particular, a Internet. Licenças como a GNU FDL (Free Documentation License), por exemplo, que é voltada para o desenvolvimento de documentação técnica. Novas licenças foram desenvolvidas para o compartilhamento de músicas, documentos, 5
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vídeos, textos e o mais variado conjunto de produção intelectual. Um dos mais populares conjuntos de licenças é o Creative Commons. Através do Creative Commons podemos assinalar digitalmente um material, indicando as formas de distribuição e modificação permitidas aos demais usuários. Um dos maiores exemplos da utilização do licenciamento Creative Commons é a Wikipedia, uma enciclopédia on-line criada a partir das colaborações de diversas pessoas dos mais diferentes lugares do mundo. Referências Complementares: Licenças Creative Commons: http://www.creativecommons.org Vídeos sobre Creative Commons: http://mirrors.creativecommons.org/getcreative/br/ http://mirrors.creativecommons.org/reticulum_rex/br/
2.3 Benefícios do Software Livre Para um ambiente corporativo, o uso do software livre permite integrar novos conceitos operacionais e estratégicos, tornando mais flexível a gestão do ambiente tecnológico e provendo soluções cada vez melhores para o usuário. Nesta seção, destacaremos as vantagens do uso de Softwares Livres em ambientes corporativos.
2.3.1 Qualidade de Desenvolvimento O Software Livre possui o seu código-fonte aberto. Isso, a primeira vista, pode parecer uma possibilidade de problemas futuros com a segurança de informações ou com a disponibilidade do software. No entanto, ao contrário do que imaginamos inicialmente, o código-fonte aberto permite que qualquer falha seja identificada e resolvida de forma mais fácil, rápida e e econômica do que no software proprietário. Em relação a segurança, o fato do código ser aberto não significa que ele seja vulnerável. A utilização de procedimentos seguros de desenvolvimento de programas permite que o código final, compilado a partir do código-fonte aberto, seja menos vulnerável a ataques. Eventualmente, quando um problema é identificado, a resolução é disponibilizada mais rapidamente, pois pode ser efetuada por qualquer programador com conhecimento do código-fonte.
2.3.2 Utilização de padrões abertos A utilização de padrões abertos é uma característica dos softwares livres. Um padrão aberto é uma norma técnica de conhecimento público. A utilização de padrões facilita a comunicação e a interoperabilidade entre usuários e organizações que, mesmo utilizando softwares diferentes, conseguem desenvolver projetos, encaminhar documentos e tomar decisões a partir da utilização de recursos padronizados. Um desses recursos mais comuns é o formato de arquivo utilizado para troca de documentos. Como veremos adiante, os formatos de arquivo do BrOffice.org obedecem a um padrão internacional de formatos de arquivo, cuja criação teve como objetivo melhorar os processos de interoperabilidade entre aplicações. Vale a pena citar iniciativas estratégicas para a utilização de padrões abertos, a arquitetura e-PING define um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas 6
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que regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) no poder executivo do governo federal do Brasil, estabelecendo as condições de interação com os demais Poderes e esferas de governo e com a sociedade em geral. Para conhecer o documento, visite: http://www.governoeletronico.gov.br/governoeletronico/publicacao/down_anexo.wsp?t mp.arquivo=E15_677e-PING_v2.0_17112006_LINUX_FINAL.pdf
2.3.3 Interoperabilidade com padrões proprietários Ao mesmo tempo em que utilizam formatos de arquivo baseados em padrões abertos, os softwares livres têm como característica a interoperabilidade com os padrões proprietários. Essa característica permite que uma implantação seja feita com mais tranquilidade e que o histórico de informação baseado em padrões proprietários seja aproveitado. Um exemplo dessa característica são os pacotes de aplicativos livres compatíveis com os formatos do pacote de escritórios Microsoft Office, amplamente utilizado e praticamente um padrão de fato nas organizações até o surgimento das alternativas livres. Essas aplicações permitem abrir, editar e salvar nos formatos do Microsoft Office. Isso garante a continuidade do trabalho do usuário em uma migração.
2.3.4 Continuidade de Desenvolvimento Em geral, os softwares livres são gerenciados por empresas ou comunidades de programadores organizados na Internet, que desenvolvem as aplicações em conjunto com os usuários. Com o licenciamento livre do software, utilizando a licença GNU GPL ou similar, o usuário tem a garantia de que o software que ele está utilizado um software que poderá continuar a ser desenvolvido mesmo que os programadores ou empresas responsáveis por ele desistam do desenvolvimento da aplicação. Isso acontece porque ele tem a sua disposição o código-fonte do software e a possibilidade de usá-lo e modificá-lo a partir da licença livre. Dessa forma, o próprio usuário poderá alterar e melhorar o sistema para o seu próprio uso, ou alterá-lo e distribui-lo a fim de comercializar serviços e projetos.
2.3.5 Custo de licenciamento Zero O Software Livre não possui custos de licenciamento. Isso não significa, no entanto, que não exista necessidade de investimento na implantação de um software livre. Os investimentos são realizados para melhorar ou adaptar o software ao ambiente da organização através da contrataçào de serviços de treinamento, suporte e configuração das aplicações. Caso a organização possua todo o conhecimento incorporado dentro da sua estrutura de Tecnologia da Informação, até mesmo esses investimentos podem ser descartados, embora, normalmente, as atividades de suporte técnico avançado, consultoria e treinamento sejam desenvolvidas por alguma equipe externa à organização, permitindo que a equipe interna tenha dedicação prioritária para as suas atividades normais.
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2.3.6 Mão de obra qualificada e disponível Há alguns anos atrás, um dos questionamentos mais comuns em relação ao Software Livre foi a disponibilidade de mão de obra qualificada: técnicos, administradores de sistemas, programadores, analistas de suporte, etc... Hoje, no entanto, a realidade indica não só uma quantidade suficiente de profissionais no mercado mas um ecossistema econômico consolidado, com empresas prestadoras de serviços em software livre estabelecidas para o atendimento das demandas relacionadas a implantação do Software Livre. O amadurecimento do mercado deve-se também a participação de vários desenvolvedores de sistemas brasileiros nas comunidades internacionais que mantêm as aplicações livres. Por causa disso, muitos novos profissionais do mercado têm ecolhido o Software Livre como base tecnológica, qualificando a prestação de serviços corporativos aos usuários e empresas.
2.3.7 Independência tecnológica Um dos aspectos mais importantes para a decisão estratégica da adoção do Software Livre é a Independência Tecnológica. Muitas organizações têm dificuldades em manter o seu ambiente tecnológico estável por uma série de motivos externos à organização, como poder exemplo, mudanças no mercado, dependência de um único fornecedor, dependência de uma única tecnologia, etc. Com o Software Livre, a organização tem a possibilidade de organizar a sua própria estratégia, já que pode ter acesso ao código-fonte da aplicação. Com isso, não há dependência de um único fornecedor ou de um único padrão de mercado. Muitas vezes, para as organizações públicas, essa característica ainda mais importante, pois envolve questões relacionas à soberania tecnológica do país em determinada área do conhecimento.
2.4 O Sistema Operacional Linux Baseado no licenciamento GNU GPL, o sistema operacional Linux, o maior expoente de software criado sob esse paradigma, desenvolveu-se de forma colaborativa em todo o mundo. O projeto do Linux foi lançado em 1991 pelo seu autor, o finlandês Linus Torvalds, na Universidade de Helsinque. O primeiro anúncio do projeto foi postado em uma lista de desenvolvedores e, aos poucos, o projeto foi agregando voluntários da área da computação, interessados em programação e sistemas operacionais. O sucesso do Linux, motivou a criação de outros projetos seguindo a mesma filosofia, sustentados por comunidades de empresas, governos, instituições, programadores, analistas, usuários e voluntários em geral. A partir desse cenário, foi desenvolvido o conceito de distribuição Linux. Uma distribuição é um conjunto de aplicativos livres rodando sobre o sistema operacional Linux. Uma distribuição pode ser feita por qualquer pessoa ou organização. Existem centenas delas e cada uma pode ser usada para uma necessidade diferente, desde um servidor de alta disponibilidade até um aparelho de telefone celular. A existência de várias distribuições é uma característica peculiar do Software Livre, que se origina das possibilidades de modificar e distribuir o software livremente, adequando o conjunto de aplicações às necessidades de cada ambiente. As distribuições mais conhecidas são: Red Hat, Debian, Mandriva, SUSE, Ubuntu, Gentoo, Fedora e Slackware. Red Hat, Mandriva, SUSE e Ubuntu são distribuições Linux mantidas por empresas, 8
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cujo foco corporativo caracteriza o desenvolvimento das soluções. Debian, Gentoo e Fedora são distribuições mantidas por organizações sem fins lucrativos. Existem ainda projetos pessoais de programadores, como a distribuição Slackware, que conta com o auxílio de diversas outras pessoas ao redor do mundo. Referências Complementares: Página do Sistema Operacional Linux: http://www.linux.org/ Red Hat: http://www.redhat.com Debian: http://www.debian.org Mandriva: http://www.mandriva.com.br Suse: http://www.suse.com Ubuntu: http://www.ubuntu.com Gentoo: http://www.gentoo.org Fedora: http://www.projetofedora.org Slackware: http://www.slackware.org
2.5 Outros Softwares Livres Existem outros softwares livres bastante conhecidos. O navegador da Internet Firefox (www.mozilla.org), por exemplo, é muito conhecido por sua estabilidade e segurança. Juntamente com ele, o leitor de e-mails Thunderbird (www.mozilla.org) tem conquistado cada vez mais usuários. Ambos são desenvolvidos pela Mozilla Foundation, uma organização internacional que deu continuidade ao trabalho desenvolvido de forma pioneira pela empresa Netscape. O editor de imagens GIMP (www.gimp.org) pode ser comparado em funcionalidades ao Adobe Photoshop e reúne funções bastante poderosas e flexíveis para o tratamento de imagens. Para a criação de páginas web, podemos utilizar o editor NVU (www.nvu.com). Você poderá encontrar uma lista de softwares livres e seus equivalentes proprietários neste endereço da web: http://www.linuxrsp.ru/win-lin-soft/table-eng.html. Uma versão em português foi desenvolvida pela equipe do Projeto Software Livre Bahia em: http://twiki.im.ufba.br/bin/view/PSL/MiniTabelaDeSoftwaresEquivalentes .
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2.6 O OpenOffice.org O OpenOffice.org é um conjunto de aplicativos livre de produtividade, reunindo, em um só pacote, editor de textos, planilha eletrônica, editor de desenho vetorial, editor de apresentações, editor de fórmulas matemáticas e um gerenciador de banco de dados.
2.6.1 A Origem do OpenOffice.org Em meados da década de 1990, uma empresa alemã chamada StarDivision lançou um pacote de aplicativos chamado StarOffice. O pacote teve seu uso popularizado devido a sua distribuição gratuita e pela peculiaridade de poder ser utilizado em diversos sistemas operacionais. No ano de 1999, a americana Sun Microsystems adquiriu a StarDivision e, em outubro de 2000, fez a liberação de parte do código-fonte do StarOffice para a comunidade de Software Livre, dando origem, assim, ao projeto OpenOffice.org. A partir de então, o OpenOffice.org não deixou de evoluir: são mais de 50 milhões de downloads contabilizados no site do projeto oficial desde o seu lançamento. Com a organização das comunidades locais, o OpenOffice.org está disponível, hoje, em mais de 40 idiomas, desde os mais falados no mundo até linguagens tribais africanas.
2.6.2 O Desenvolvimento do OpenOffice.org no Mundo Corporativo O interesse inicial das organizações pelo OpenOffice.org deriva do seu custo de licenciamento zero, ou seja, não é necessário nenhum tipo de pagamento para a instalação, cópia ou distribuição do programa. No entanto, o OpenOffice.org vem conquistando cada vez mais usuários corporativos pela sua qualidade, impressionando aqueles que, inicialmente, viam apenas o custo zero de licenciamento como vantagem da aplicação. Até o surgimento do OpenOffice.org, tínhamos como padrão de fato o Microsoft Office. No entanto, essa era uma situação desconfortável para o usuário pois, sem uma alternativa eficiente, o mercado estava praticamente voltado para uma única aplicação. O resultado disso foi um período com alto custo de licenciamento para os pacotes de aplicativos, disseminação do software ilegal e usuários não capacitados usando, em média, apenas 30% dos recursos do pacote. Com o aparecimento do OpenOffice.org, licenciado através da licença GNU LGPL, os usuários passaram a contar com uma nova alternativa de informatização de escritórios. Como pontos fortes do OpenOffice.org estão a interface familiar; a possibilidade de utilizá-lo em diversos sistemas operacionais (Windows, GNU/Linux e FreeBSD); a compatibilidade com formatos de arquivo de outros pacotes, como o Microsoft Office e o amplo leque de funcionalidades disponíveis. Por ser um software de código aberto, o OpenOffice.org pertence a uma categoria de softwares com uma dinâmica diferenciada de mercado, que prioriza os serviços e a criação de conhecimento em vez da venda de licenciamento do software. O usuário tem a possibilidade de copiar, instalar e distribuir livremente o OpenOffice.org. Ou seja, basta fazer o download e instalálo, sem que seja necessário adquirir uma licença para isso. Pela sua vantajosa relação custobenefício, o OpenOffice.org passou a ser uma alternativa interessante para as organizações que querem ampliar o seu parque tecnológico mantendo a qualidade dos recursos computacionais e direcionando os investimentos de forma inteligente.
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O OpenOffice.org é um pacote de produtividade que reúne as seguintes aplicações : Writer - editor de textos; Calc - editor de planilhas eletrônicas; Impress - editor de apresentações; Draw - editor de imagens; Basic - linguagem de macros; Base - bancos de dados.
2.6.3 O BrOffice.org No Brasil, o OpenOffice.org é representado pela ONG BrOffice.org, que organiza as atividades colaborativas que dão sustentação ao desenvolvimento da aplicação. Embora o nome do pacote de aplicativos seja diferente, o código fonte e oconjunto de aplicações e funcionalidades é exatamente o mesmo. A diferença de nome decorre do registro do nome “Open Office” no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), por uma empresa do Rio de Janeiro, em 1998. Devido ao registro já existente, o grupo de trabalho brasileiro, reunido no projeto OpenOffice.org.br, decidiu, em janeiro de 2006, criar uma organização não-governamental sem fins lucrativos chamada BrOffice.org Projeto Brasil. A ONG BrOffice.org tem como objetivos apoiar e desenvolver ações para fomentar a comunidade brasileira do BrOffice.org e seus projetos relacionados, além de apoiar a difusão do Software Livre e a promoção do voluntariado. A formalização como uma pessoa jurídica garantiu, assim, todos os requisitos de proteção à nova marca do pacote de aplicativos: “BrOffice.org”. Tudo isso com a continuidade da representação do projeto internacional OpenOffice.org no Brasil. Hoje, a comunidade BrOffice.org é uma das mais atuantes no cenário de Software Livre brasileiro, desenvolvendo recursos voltados para o usuário local e disseminando a cultura de uso do Software Livre em eventos, encontros e palestras pelo Brasil.
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2.6.4 BrOffice.org Writer O BrOffice.org Writer é um editor de textos bastante avançado, com um extenso conjunto de funcionalidades adequadas para a criação de documentos. Entre as características mais importantes do Writer, estão: – a possibilidade de utilização de estilos de caractere, parágrafo, quadro, página e numeração, através da ferramenta Estilos e Formatação, permitindo a criação de documentos complexos utilizando normas de estilo;
o uso de Assistentes para tarefas específicas como a conversão de documentos, a instalação de dicionários e a criação de documentos como cartas e faxes; –
– os recursos de digitação e correção textual, englobando as funções de completar palavras, autocorreção de palavras digitadas e um dicionário de verificação ortográfica com mais de 2.700.000 palavras;
funções de manipulação de documentos em diversos formatos: além de abrir, editar e salvar nos formatos OpenDocument e Microsoft Office, o Writer também exporta arquivos para os formatos .PDF, .TEX e .HTML; –
funções de manipulação de figuras de fácil utilização e grande flexibilidade, como a organização de imagens através da galeria, os recursos de âncora e quebra-automática, legendas e mapas de imagem; –
–
navegação através de estruturas textuais e objetos através do Navegador;
– um poderoso Assistente de Mala Direta, que conecta textos à bancos de dados com funções flexíveis de geração, envio por e-mail e impressão de documentos;
funções complexas de tabelas, com o uso de fórmulas, tabelas dentro de tabelas, formatações específicas e repetição de títulos por página. –
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2.6.5 BrOffice.org Calc O BrOffice.org Calc é uma aplicação de planilha eletrônica, com funcionalidades avançadas para a criação de cálculos, demonstrações financeiras e contábeis, gráficos, estatísticas, etc. Entre suas principais qualidades, podemos destacar: – a criação de cálculos complexos através das fórmulas, funções (quase 400 disponíveis) e operadores, tanto pelo uso de assistentes quanto pela utilização de identificadores; – a possibilidade de criação de Tabelas Dinâmicas, que permitem ao usuário descobrir diferentes visões dos dados disponíveis, seja em uma planilha do arquivo ou em uma fonte externa de dados; – a criação de Autofiltros dentro de planilhas. No BrOffice.org Calc, é possível criar mais de um autofiltro por planilha, utilizando o recurso da definição do intervalo;
a utilização de estilos de célula e de página através da ferramenta Estilos e Formatação, permitindo a criação de planilhas com formatação condicional e a impressão de planilhas com diferentes estilos de página; –
– funções de manipulação de documentos em diversos formatos: além de abrir, editar e salvar nos formatos OpenDocument e Microsoft Office, o Writer também exporta arquivos para os formatos .PDF, e .HTML; –
navegação através de planilhas, intervalos de células e objetos através do
Navegador.
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2.6.6 BrOffice.org Impress O BrOffice.org Impress é a ferramenta certa para o trabalho com apresentações e tutoriais. Através do uso de slides sequenciais, o usuário pode desenvolver um determinada idéia ou tema, utilizando recursos de multimídia para estimular o interesse dos seus interlocutores.
O Impress tem como principais características: – o uso de Slides Mestres para a composição padronizada dos slides da apresentação, com a possibilidade de utilização de diferentes layouts;
os recursos de Animação Personalizada, para objetos, e Transições, para slides; que permitem, ao usuário, o uso de um extenso conjunto de efeitos de movimentação e exibição; –
– os modos de exibição de slides, que permitem ao usuário alternar entre diversos tipos de exibição de slides, cada um correspondendo a funcionalidades úteis à organização da apresentação; – os painéis de Slides e de Tarefas que, a partir da versão 2.0, tornam muito mais fácil e rápido o trabalho com o Impress; – o uso de modelos de apresentação, que podem ser baixados diretamente nos sites do projeto BrOffice.org e OpenOffice.org;
as funções de manipulação de documentos em diversos formatos: além de abrir, editar e salvar nos formatos OpenDocument e Microsoft Office, o Impress também exporta arquivos para os formatos .PDF, .SWF (Flash) e .HTML, além de diversos formatos de figuras como .JPG, .GIF, .SVG, .BMP, .TIFF, entre outros. –
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2.6.7 BrOffice.org Draw O BrOffice.org Draw é uma ferramenta de desenhos vetoriais. Com ele é possível desenvolver desenhos utilizando linhas, curvas, conectores, texturas, transparências e efeitos 3D. É uma ótima opção para quem deseja criar desde cartazes e folders até organogramas e diagramas.
Como principais funcionalidades do Draw, podemos citar: – as funções de manipulação de figuras de fácil utilização e grande flexibilidade, como a organização de imagens através da galeria, os recursos de manipulação de imagens como texturas, transparência, iluminação e perspectiva; – as funções de manipulação de documentos em diversos formatos: além de abrir, editar e salvar nos formatos OpenDocument e Microsoft Office, o Impress também exporta arquivos para os formatos .PDF, .SWF (Flash) e .HTML, além de diversos formatos de figuras como .JPG, .GIF, .SVG, .BMP, .TIFF, entre outros. – a Exibição de Dimensões permite que o usuário desenvolva diagramas técnicos comos respectivos cálculos das dimensões lineares;
os conectores inteligentes, que acompanham o movimento de um determinado objeto através da interligação em pontos específicos do mesmo. –
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2.6.8 BrOffice.org Basic O BrOffice.org Basic é uma linguagem de programação funcional e completa, permitindo o desenvolvimento de macros, diálogos e formulários. Com o Basic é possível estender as funcionalidades do pacote, inserindo novas funções desenvolvidas pelo próprio usuário ou otimizar um conjunto de funções de um processo em um número menor de funções ou até mesmo em uma única função.
O BrOffice.org Basic contempla: uma API (Interface de Programação de Aplicativos), que permite controlar os componentes do BrOffice.org com diferentes linguagens de programação; –
–
uma linguagem Basic similar ao Visual Basic for Applications do Microsoft Office.
– um Editor de Macros, que permite o desenvolvimento de código em Basic para o controle das aplicações; – um Gravador de Macros, disponível para a gravação de um conjunto de passos realizado pelo usuário, transformando-o em uma única função.
Além disso, o BrOffice.org permite integrar os novos desenvolvimentos no Basic aos ícones, botões e menus das aplicações, fazendo com que o uso dos recursos seja transparente para quem o usa, como uma função qualquer da aplicação.
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2.6.9 BrOffice.org Base O BrOffice.org Base é um sistema de gerenciamento de Bancos de Dados. A função da aplicação é armazenar informações com a possibilidade de recuperá-las posteriormente através de consultas, visões e relatórios. Com ele é possível: – utilizar conexões nativas, JDBC ou ODBC para se conectar a praticamente qualquer banco de dados; –
criar bancos de dados nativos do BrOffice.org no formato OpenDocument;
–
criar consultas, relatórios e formulários através de Assistentes e editores de design;
–
ordenar e filtrar dados em tabelas e consultas através de botões da interface da
aplicação;
Uma peculiaridade do Base é que o uso da aplicação com o armazenamento em formato nativo OpenDocument (extensão .ODB) exige o uso da Máquina Virtual Java, cujo download pode ser feito através do site http://www.java.com. Isso acontece porque o Base foi desenvolvido a partir de uma outra aplicação de banco de dados livre chamada HSQLDB, desenvolvida sobre a linguagem Java.
2.6.10 Integração das Aplicações O BrOffice.org possui as suas aplicações integradas. Isso significa mais rapidez e facilidade de uso quanto temos que trabalhar simultaneamente com textos, planilhas, bancos de dados e outros documentos do dia-a-dia. Como você pode ter notado na descrição das aplicações, várias funcionalidades podem ser identificadas em praticamente todas as aplicações, como por exemplo: –
o Navegador, que permite listar e encontrar objetos e estruturas no documento;
–
a Galeria, que gerencia imagens e objetos de uso freqüente nos documentos do
usuário; – as funções de exportação, que permitem exportar os documentos para diversos outros formatos de arquivo;
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– as funções de colar especial, cujo objetivo é facilitar as operações de recorte e colagem nos documentos;
a função Fonte de Dados, que apresenta dos Bancos de Dados registrados no BrOffice.org para uso no Writer e no Calc, integrando bancos de dados, textos e planilhas; –
– os assistentes, que auxiliam os usuários a realizarem suas tarefas em todas as aplicações do pacote; –
Assinaturas Digitais, que dão a possibilidade ao usuário de assinar digitalmente um
documento; – os Estilos de Formatação, que permitem formatar um documento em uma norma com facilidade e flexibilidade.
Além das funções comuns, há uma peculiaridade interessante no pacote que é a possibilidade de abrir um documento qualquer a partir de qualquer aplicação. Por exemplo, você pode trabalhar no texto e abrir uma nova planilha, ou estar numa apresentação e abrir um banco de dados. Para constatar essa característica, abra o BrOffice.org Writer e veja o menu Arquivo > Novo, note que você poderá abrir qualquer tipo de arquivo do BrOffice.org para criar seu novo documento.
2.6.11 Os formatos de arquivo do BrOffice.org Os pacotes de aplicativos livres, como o BrOffice.org têm como padrão o formato OpenDocument (OpenDocument Format – ODF), reconhecido pela ISO (International Organization for Standardization) e pela IEC (International Electrotechnical Commission) como o padrão ISO/IEC 26300. Essas organizações são mundialmente reconhecidas pela definição e normatização de padrões de qualidade. Para chegar a esse status, o formato de arquivos ODF foi criado e desenvolvido por um consórcio internacional de empresas, governos e entidades do mundo da tecnologia, interessados no desenvolvimento de um padrão aberto, moderno e seguro para troca de documentos. Abaixo, a tabela comparativa associa os formatos OpenDocument do BrOffice.org com os formatos mais comuns do Microsoft Office. Tipo
BrOffice.org 2.x
Microsoft Office
Texto
.odt
.doc
Planilha
.ods
.xls
Apresentação
.odp
.ppt
Banco de Dados
.odb
.mdb
Referências complementares: Página da ISO: http://www.iso.org/iso/en/ISOOnline.frontpage Página do anúncio do OpenDocument como padrão ISO/IEC 26300: http://www.iso.org/iso/en/CatalogueDetailPage.CatalogueDetail?CSNUMBER=43485& scopelist=PROGRAMME Lista de aplicativos compatíveis http://opendocumentfellowship.org/applications 18
com
o
formato
ODF:
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3 A Implantação do BrOffice.org O sucesso da implantação do BrOffice.org depende basicamente de dois fatores: planejamento e conhecimento. O planejamento da implantação se assemelha a qualquer outro projeto de inovação tecnológica desenvolvido dentro da sua organização. Da mesma forma, requer etapas de análise, diagnóstico, projeto e aplicação da solução dentro do ambiente dos usuários. Este fator, portanto, depende muito mais da dinâmica interna do que propriamente da aplicação BrOffice.org. O segundo fator é o conhecimento. O conhecimento da aplicação é fundamental para que o projeto seja desenvolvido com qualidade. A implantação do BrOffice.org faz com que estejamos diretamente em contato com o dia-a-dia do usuário, resolvendo, com ele, pequenas demandas fundamentais para a realização do seu trabalho. A resolução rápida de qualquer questão relacionada a migração reverte em credibilidade para o projeto. Para isso, o conhecimento dos recursos das aplicações é importantíssimo. Em geral, os usuários finais, caracterizados como os usuários não pertencentes à área de tecnologia ou de conhecimento limitado ao nível intermediário, estão familiarizados aos conceitos incorporados ao Microsoft Office. De fato, praticamente a totalidade desses usuários foi capacitada nas aplicações deste pacote, não tendo contato com outras aplicações de produtividade. O resultado desse processo de muitos anos foi a criação de uma dependência funcional e cultural do uso do Microsoft Office em escritórios, departamentos, universidades, escolas e residências em geral. Esse cenário só começou a se modificar a partir da criação e desenvolvimento do OpenOffice.org que, no Brasil, chamamos BrOffice.org. O BrOffice.org representa não só uma alternativa gratuita e legalizada de informatização, mas uma série de conceitos de produtividade que só são encontrados nas aplicações deste pacote. Em geral, em ambientes corporativos, a implantação do BrOffice.org está concentrada em três grandes aplicações: Writer (editor de textos), Calc (planilha) e Impress (apresentação). Em paralelo, é comum encontrarmos situações específicas onde o conhecimento avançado das aplicações Base (banco de dados) e Basic (macros) é importante. Normalmente, são situações onde é necessária a integração das aplicações, como nos casos de uso do recurso de mala-direta, formulários de preeenchimento de pequenos bancos de dados e integração com aplicações externas. Em grandes instalações, o conhecimento das funcionalidades da aplicação é complementado pelo conhecimento dos procedimentos de instalação do pacote. O BrOffice.org possui uma estrutura flexível de instalação e configuração, que permite que as aplicações sejam adaptadas às necessidades do usuário. Como você pode ter notado, não inserirmos o BrOffice.org Draw no conjunto de aplicações sugeridas para a implantação. De fato, o Draw, apesar de ser uma ferramenta de desenho vetorial muito flexível, não possui a mesma facilidade de migração se comparado com o seu principal concorrente, o CorelDraw. Diferentemente do Writer, do Calc e do Impress, que abrem os formatos de arquivo do Word, Excel e PowerPoint, respectivamente, o Draw não abre os arquivos .cdr, do CorelDraw. Por causa disso, a migração é mais lenta e complexa. Soma-se a isso o fato do CorelDraw ser um pacote de diversas aplicações, reunindo as mais diversas funcionalidades dentro dele. O Draw, por sua vez, tem como objetivo ser uma aplicação voltada para o desenho vetorial complementar às demais aplicações do BrOffice.org.
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3.1 Aspectos Relacionados ao BrOffice.org Writer Desde a versão 2.0, o Writer incorporou uma série de modificações que o tornaram mais prático e familiar ao usuário final. A barra de ferramentas vertical, posicionada do lado esquerdo da tela, foi retirada e substituída pelo novo conceito de barras flutuantes. Ao mesmo tempo, o reposicionamento de diversos ícones de barras tornou a localização das funcionalidades ainda mais fácil. Alguns usuários comentam sobre a familiaridade da aplicação com o Microsoft Word. São, realmente, aplicações muito parecidas. No entanto, para o BrOffice.org, isso é apenas reflexo da colaboração massiva dos usuários na concepção da interface do programa. Usuários registrados no projeto possuem a prerrogativa de sugerir e votar modificações na aplicação. A partir da versão 2.0, várias delas foram incorporadas ao pacote.
3.1.1 Alternativas de uso dos formatos de arquivo de texto O esquema abaixo apresenta uma alternativa simples de utilização dos formatos de arquivo para uso com o BrOffice.org. São três alternativas de manipulação que podem ser empregadas nas situações onde os usuários necessitam de algum acompanhamento no uso da ferramenta. Inicialmente, recomendamos que o formato ODT seja utilizado no armazenamento e nas trocas de documentos. Como vimos na tabela, o formato ODT garante a segurança a a apresentação do documento no uso com o BrOffice.org. Essa alternativa é muito interessante para as organizações que já possuem o BrOffice.org para todos os seus usuários. Mesmo que o pacote de escritórios principal de um determinado usuário ou setor não seja o BrOffice.org, é importante que o usuário o tenha instalado, no caso de recebimento de algum documento em formato ODT vindo de outro setor da empresa. A mesma regra vale para organizações externas que também já possuem o BrOffice.org instalado. A segunda alternativa é utilizada principalmente para os usuários que geram documentos informativos, que não têm necessidade de edição por parte de outros usuários. Esses documentos podem ser enviados no formato PDF sem perda de qualidade, permitindo que a informação seja disseminada, mas com possibilidades restritas de mudança no arquivo. É um método útil para o envio de documentação externa, quando não sabemos qual o ambiente em que o documento será aberto no destino. Como comentamos, é necessário que o usuário mantenha os arquivos originais, pelo menos por algum tempo, caso seja necessária alguma modificação. 1
2
ODT
DOC
Compatibilidade Completa (somente leitura) BrOffice.org -> Adobe
Alta Compatibilidade
Compatibilidade Completa BrOffice.org -> BrOffice.org
20
3
BrOffice.org -> Ms Office
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A terceira alternativa diz respeito, principalmente, às trocas de documentos entre usuários que necessitam editar os arquivos e onde no mínimo um deles ainda utiliza o Microsoft Word e está impossibilitado de instalar o BrOffice.org. Nesse caso, o formato DOC é recomendado para que os usuários possam trabalhar com os documentos em ambas as aplicações. A compatibilidade entre o BrOffice.org e os arquivos DOC é cada vez mais completa e a grande maioria das estruturas no documento é convertida sem problemas. No entanto, algumas conversões não são possíveis por incompatibilidade na estrutura das aplicações. O recurso da Mala Direta, por exemplo, possui um nível de complexidade bastante alto, com a inclusão de campos de referência a um banco de dados. Esse tipo de documento não possui um salvamento adequado no formato DOC.
3.2 Aspectos Relacionados ao BrOffice.org Calc A interface do BrOffice.org Calc é composta de estruturas comuns a outras aplicações de planilha. Numa rápida visualização, você certamente identificará algumas funcionalidades já conhecidas em outras aplicações. Adiante, detalharemos as barras de funcionalidades. Além das barras, você encontrará a Área de Edição, ocupando todo o espaço central com células. Esta área é composta por 256 colunas e 65.536 linhas. Como você pode ver na figura abaixo, colunas são identificadas por letras e linhas são identificadas por números. As aplicações de planilhas eletrônicas existem a mais de vinte anos no mercado de aplicativos de produtividade. O Calc suporta grande parte dos formatos de arquivos dos programas mais populares do mercado que surgiram durante todo esse período. O formato padrão de arquivos do BrOffice.org é o formato “Planilha do OpenDocument” (OpenDocument Spreadshet) , cuja extensão é representada pelas letras ODS. O formato Modelo de Planilha do OpenDocument (OTS), também é um formato padrão, no entanto, é utilizado para o desenvolvimento de modelos. Modelos são arquivos especiais que podem servir de base para o desenvolvimento de outros arquivos.
3.2.1 Fórmulas Em essência, o uso de fórmulas e funções é a razão para o uso de planilhas de cálculo. Para usá-las corretamente, primeiro, devemos sempre que possível documentar as fórmulas utilizadas, indicando algum comentário no corpo da planilha que possa esclarecer a um usuário eventual o que está sendo calculado. Procure, também, criar fórmulas claras, mesmo que isso exija um número de células maior para a sua composição. Fórmulas muito grandes são de difícil leitura e entendimento. Procure estabelecer uma sequência de utilização de células que facilite a leitura da fórmula e indique a lógica de funcionamento do cálculo. Por fim, evite utilizar vínculos entre planilhas de arquivos diferentes dentro do cálculo da função. Se isso for realmente necessário, faça com que uma célula indique o vínculo e que a função referencie esta célula. Assim, a possibilidade de erros no envio de planilhas para outros computadores ou no salvamento em formato XLS é minimizado.
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3.3 Aspectos Relacionados ao uso do BrOffice.org Impress O BrOffice.org Impress é um editor de apresentações. Com o BrOffice.org Impress é possível desenvolver, de forma fácil e rápida, documentos auxiliares para apresentação, informação ou ensino. Esses documentos podem ser criados utilizando recursos textuais e efeitos visuais, qualificando o entendimento da informação a ser transmitida. A estrutura de uma apresentação do BrOffice.org Impress está baseada no uso de slides. Um slide é o espaço de inserção dos objetos que armazenam os conteúdos. A apresentação é composta por vários slides ordenados. No momento do uso da apresentação, os slides, e seus respectivos conteúdos, são apresentados sequencialmente, representando a lógica escolhida pelo apresentador para apresentar a sua idéia. O trabalho com arquivos no BrOffice.org Impress é relativamente mais fácil do que o trabalho com o Calc e o Writer. Diferentemente dessas aplicações, o Impress trabalha com um conjunto de formatos de arquivos muito menor. Basicamente, o usuário utiliza os formatos .ppt e .pps do Microsoft PowerPoint. Nos ambientes corporativos, o uso do formato .ppt é predominante. O formato .pps, por sua vez, é caracterizado pela execução imediata ao ser aberto. Devido a isso, seu uso é voltado para apresentações com conteúdo particular, muitas vezes contendo áudio e vídeo, e que os usuários costumam trocar via e-mail. O formato padrão do Impress é o formato .odp (Apresentação do OpenDocument). Juntamente do formato .odp, temos o formato .otp, dos modelos de apresentação. Não há, no Impress, um formato de arquivo próprio similar ao formato .pps, de execução imediata. No entanto, como veremos adiante, os formatos de exportação podem compor uma solução muito flexível. Com a exportação, você pode criar arquivos .pdf, .swf (Macromedia Flash) e .html a partir do seu arquivo .odp de apresentação.
3.4 Aspectos Relativos ao uso do BrOffice.org Base Com a popularização da microinformática, em meados da década de 1990, muitos processos organizacionais passaram a ser automatizados. Em grande parte desses processos, as aplicações de bancos de dados armazenavam e permitiam que as informações, posteriormente, fossem recuperadas e manipuladas. O BrOffice.org Base é um gerenciador de banco de dados. Está presente no pacote BrOffice.org desde a versão 2.0. Antes disso, o BrOffice.org já possuia ferramentas interessantes para conexão com BDs, no entanto, faltava uma interface que reunisse todas essas funções em uma única aplicação, como no Microsoft Access. A solução foi incorporar uma aplicação de gerenciamento de banco de dados chamada HSLQDB dentro do BrOffice.org. O HSQLDB foi desenvolvido sobre a linguagem Java e é conhecido por sua segurança e flexibilidade de uso, ideais para pequenos sistemas de armazenamento locais. Ao incorporar o HSQLDB, também um software livre, e criar sobre ele toda uma interface de uso, o BrOffice.org passou, então, a contar com o Base, a sua nova aplicação de banco de dados. É importante salientar que o uso normal desta aplicação requisita a instalação do Java, como vimos no primeiro módulo. O BrOffice.org possui uma ferramenta chamada Banco de Dados que permite a criação, organização e manipulação de bancos de dados dentro das aplicações do BrOffice.org. A ferramenta Banco de Dados permite ao usuário tanto criar um banco de dados para o armazenamento das suas informações quanto conectar-se a um banco de dados já existente. 22
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3.4.1 Criação e Conexão de Bancos de Dados O Base é uma aplicação que permite a criação ou a conexão a uma base de dados. Você pode criar um arquivo que armazena dados e estruturas da interface ou conectar-se a uma base de dados existente, armazenando, no arquivo, as estruturas da interface. Em ambos os casos, é criado um arquivo de extensão ODB (OpenDocument Base). No caso da criação do banco, vamos criar um arquivo ODB que armazena tanto os dados (tabelas, consultas e relacionamentos) quanto as estruturas visuais (formulários e relatórios). Esse arquivo pode ser trabalhado localmente ou copiado para qualquer outro computador que tenha o BrOffice.org instalado.
O uso deste arquivo se assemelha a um arquivo do Access, cuja extensào é .mdb. Também no Access temos um único arquivo que armazena todas as estruturas necessárias para o uso dos dados. Esse tipo de estrutura é de fácil gerenciamento para pequenas aplicações locais, no entanto, em algumas situações, com o crescimento do uso do banco de dados por vários usuários, acaba se tornando uma dificuldade. A conexão com um banco de dados é uma alternativa para os usuários que desejam buscar informações de uma base já existente sem criar nenhuma estrutura paralela de armazenamento. Ao conectar a um banco de dados, o Base também cria um arquivo ODB, no entanto, esse arquivo ODB armazena apenas a interface com o usuário e as diretivas da conexão. Os dados são armazenados dentro de um banco de dados externo ao qual o arquivo ODB está conectado. Esse banco pode ser dos mais variados tipos: desde um arquivo texto separado por vírgulas até um servidor MySQL de uso corporativo.
A lista de possíveis tipos de bancos de dados conectáveis reúne: Microsoft Access, MySQL, Oracle ODBC, Adabas D, Planilha, Texto, JDBC, ODBC, ADO, Catálogo de endereços do 23
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Mozilla, Catálogo de endereços do Thunderbird, Catálogo de endereços LDAP, Catálogo de endereços do Microsoft Outlook, Catálogo de endereços do Microsoft Windows. Como você pode notar é uma lista extensa, que dá muita flexibilidade ao BrOffice.org Base. Na lista, além de configurações pré-definidas, como as do Microsoft Access e do MySQL, você encontrará conexões JDBC e ODBC. Com elas, você poderá estar conectado a praticamente qualquer banco de dados. Note que, se nos conectarmos a um banco de dados, estaremos atrelados aos caminhos e permissões definidos para o arquivo ou servidor de banco aos qual estamos nos conectando. Um exemplo possível e muito comum do uso dessa estratégia é a emissão de uma mala direta a partir dos dados obtidos diretamente do BD do sistema de gestão da empresa. Mais adiante, veremos um exemplo completo de uma conexão com um banco de dados do Microsoft Access. Essa conexão permitirá a você tratar adequadamente as ocorrências de arquivos .mdb no seu ambiente.
3.5 Aspectos Relacionados ao Uso de Macros Macros são programas que podem ser desenvolvidos para auxiliar o usuário na execução de uma tarefa relacionada à uma aplicação de um pacote de escritórios. Macros podem ser utilizadas tanto para a automação de tarefas repetitivas quanto para a implementação de regras de negócios relacionadas à manipulação de documentos. O método mais comum de utilização de uma macro é a gravação a partir do registro de funcionalidades da aplicação. Ou seja, o usuário irá fazer o registro de todos os passos necessários para obter um determinado resultado. Esses passos podem ser a execução de uma função, uma seleção de um objeto, uma formatação específica, etc. O registro de todo o procedimento dará origem à macro, que estará disponível para uso quando o usuário desejar. Usuários mais avançados, por sua vez, constroem macros através da criação de código de programação, atribuindo um alto nível de complexidade ao desenvolvimento da solução. Esta solução permite uma flexibilidade muito grande em relação ao tipo de solução desejada, no entanto, exige muita atenção do usuário, que deve ser disciplinado o suficiente para documentar adequadamente a solução que está sendo desenvolvida e comentar o código-fonte da macro para que qualquer correção posterior seja feita com mais facilidade e rapidez. Tanto de uma forma como de outra, veremos que as macros constituem um poderoso recurso dentro da aplicação. Uma das alternativas de uso mais interessante é a possibilidade de utilizarmos macros disponíveis em repositórios da web, onde os usuários desenvolvedores publicam suas macros e às disponibilizam para a comunidade em geral. Você poderá ver um descritivo da função da macro, fazer o download e utilizá-la no seu ambiente. É uma forma eficiente encontrada pelo projeto para disponibilizar extensões de funcionalidade de forma fácil para qualquer usuário.
3.5.1 Linguagem Basic O BrOffice.org oferece ao usuário um ambiente completo de desenvolvimento através do seu IDE (Integrated Development Environment - Ambiente de Desenvolvimento Integrado). Através desse ambiente, o programador consegue visualizar, desenvolver e manter o código fonte das suas macros. Para acionar o IDE do BrOffice.org, vá até o menu Ferramentas > Macros... > Organizar macros > BrOffice.org Basic. Escolha a biblioteca e o módulo que você deseja e clique em Editar. 24
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A linguagem BrOffice.org Basic é a linguagem de programação utilizada para a criação de códigos de programa dentro do Ambiente de Desenvolvimento do BrOffice.org. Através do Basic é possível construir estruturas complexas de controle das aplicações, com simplicidade e rápido aprendizado. Um aspecto positivo no desenvolvimento de macros no Basic do BrOffice.org é que a linguagem possui as mesmas estruturas de controle e declaração que o Microsoft Visual Basic for Applications do Microsoft Office. Com isso, tanto o usuário avançado quanto o programador têm a facilidade de aproveitar os seus conhecimentos anteriores na nova plataforma.
3.5.2 A API de Desenvolvimento A API (Application Program Interface) do BrOffice.org é o recurso usado para a conexão de diferentes linguagens de programação com o BrOffice.org. Através dos recursos da API podemos, por exemplo, comandar o BrOffice.org de uma aplicação externa. É possível criar e manipular documentos do BrOffice.org a partir de um programa desenvolvido numa linguagem como Visual Basic, Delphi, Java, Ruby, etc... A solução tecnológica é similar à que é desenvolvida com o Microsoft Office. No Microsoft Office, a conexão da aplicação é feita através de objetos OLE que, depois de declarados, permitem o acesso às propriedades e aos métodos associados. O BrOffice.org permite o uso da mesma estratégia. O objeto é declarado na linguagem escolhida e, a partir daí, pode ser usado dentro do código da aplicação. É importante salientar, no entanto, que essa manipulação exige um conhecimento prévio do programador para que a estrutura do código esteja adequada. Os métodos e propriedades dos objetos da API do BrOffice.org são diferentes dos métodos e propriedades dos objetos do Microsoft Office. Além disso, o uso desses objetos implica no conhecimento anterior das funcionalidades da aplicação. Por exemplo, se o programador está desenvolvendo um código usando um objeto de texto, é importante que ele domine os conhecimentos para a aplicação de estilos caso tenha que programar uma mudança no formato da página. Esse função é feita a partir do recurso de seções no Microsoft Office. Caso o programador não conheça essa informação, o desenvolvimento será prejudicado. Referência Complementar: Codificação de objetos OLE do BrOffice.org: http://www.oooforum.org/forum/viewtopic.phtml?t=9815
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4 TRT4: Caso de Sucesso de Implantação no Judiciário Brasileiro 4.1 Panorama geral da estratégia de adoção de Softwares Livres As motivações para a implantação de Softwares Livres no TRT4 dividem-se em três categorias: estratégicas, financeiras e técnicas. 1. Razões de ordem estratégica a) Alinhamento com as políticas governamentais de forte fomento ao uso do software livre no âmbito da administração pública; b) Alinhamento com a política de adoção de software livre no âmbito da Justiça do Trabalho c) Maior independência de fornecedores. 2. Razões de ordem financeira a) redução dos gastos com licenciamento; b) redução do custo total de propriedade. 3. Razões de ordem técnica a) estabilidade; b) performance; c) segurança. As primeiras experiências com softwares livres no TRT4 foram desenvolvidas ainda no ano de 1998, com a implantação de um servidor de replicação de banco de dados usando o sistema operacional Linux. Com o resultado positivo da iniciativa, outros softwares livres foram gradativamente incorporados ao parque de soluções tecnológicas do TRT4 como, por exemplo, as soluções Linux Red Hat/Fedora (sistema operacional), Samba (impressão), OpenLDAP (diretório), Webadmin (administração) e Nagios (monitoramento).
4.1.1 A escolha do OpenOffice.org com pacote de aplicativos A partir do início do ano de 2004, a equipe técnica do tribunal passou a estudar a alternativa de implantar o pacote de aplicativos OpenOffice.org. O estudo da solução deveria prover a informação necessária para que o projeto fosse desenvolvido de forma definitiva e segura, cobrindo todos os requisitos técnicos e estratégicos do tribunal. Especificamente para a implantação do OpenOffice.org, foram definidas as seguintes fases de projeto, descritas em detalhes nas próximas seções: 1. Diagnóstico do ambiente a) avaliação de hardware e software b) avaliação do sistema inFOR 2. Recodificação do sistema inFOR
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3. Treinamento 4. Pré-implantação 5. Implantação 6. Suporte Técnico e Atualizações a) Novas versões b) Treinamentos dos usuários finais
4.2 Diagnóstico do Ambiente O primeiro passo do projeto foi a realização de um diagnóstico do ambiente, que identificou as vantagens e desafios da migração para o OpenOffice.org, descritas posteriormente no Ofício nº 17/2004, da Secretaria de Informática.
4.2.1 Avaliação de Hardware e Software Inicialmente, havia no tribunal apenas licenças do Microsoft Word. Não eram disponibilizadas licenças de uso dos demais aplicativos do Microsoft Office, como o Excel e o PowerPoint. A disponibilização de tais aplicativos era considerada um anseio antigo dos usuários e considerada como uma necessidade para a melhoria dos processos internos envolvendo trocas de documentos. Vale lembrar que, em agosto de 2004, período do início da implantação do OpenOffice.org, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região possuía 1.920 computadores. Para a realização do estudo de viabilidade da implantação foi contratada uma consultoria externa especializada (ProDesk Consultoria e Treinamento), ligada ao projeto brasileiro da aplicação, que auxiliou a equipe interna na avaliação da adequação do parque de computadores do tribunal à configuração necessária para a instalação do OpenOffice.org.
4.2.2 Avaliação do Sistema inFOR O segundo ponto importante foi o parecer positivo do estudo de viabilidade da recodificação do sistema inFOR, de automação das varas do trabalho. O sistema inFOR foi inicialmente concebido para a geração de documentos pré-formatados nos formatos utilizados pelo Microsoft Office e a codificação da aplicação foi feita através da conexão de objetos OLE do editor de textos Word. Juntamente com a consultoria, a equipe de analistas e programadores do tribunal avaliou as alternativas de recodificação da aplicação considerando a necessidade de geração da documentação nos formatos do OpenOffice.org.
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4.3 Recodificação do Sistema inFOR Com a conclusão de que a codificação poderia ser plenamente compatível com o desenvolvimento já realizado, passou-se, então, à fase de planejamento do desenvolvimento do inFOR para OpenOffice.org. A tecnologia utilizada para o novo desenvolvimento foi similar à aplicada anteriormente. O inFOR, desenvolvido na linguagem Delphi foi recodificado para que fosse possível a sua conexão com os objetos OLE do OpenOffice.org. O subsídio de conhecimento para a realização do desenvolvimento veio da continuidade da contratação da consultoria especializada, que atuou no suporte ao projeto e na disponibilização da documentação técnica necessária aos programadores. O desenvolvimento propriamente dito da nova versão do inFOR foi iniciado em agosto de 2004. Ao todo, foram dois meses de desenvolvimento para a finalização da primeira versão, com um programador alocado para o projeto em tempo integral. O desenvolvimento foi facilitado pela similaridade da solução técnica em ambos os aplicativos, o que facilitou o rápido entendimento das dúvidas mais comuns, relacionadas aos objetos, métodos e propriedades usados no BrOffice.org. No entanto, duas demandas complexas foram levadas até a consultoria externa: o detalhamento da forma de tratamento de caminhos de arquivo dentro do BrOffice.org e a limitação de quantidades de parágrafos em 64k. Ambas as questões foram solucionadas e o inFOR foi disponibilizado oficialmente no 1º Grau no dia 11 de outubro de 2004.
4.4 Treinamentos da Equipe de Suporte Uma das preocupações da coordenação do projeto foi a percepção da necessidade de capacitação da equipe de suporte para o atendimento das demandas internas dos usuários durante o período de migração. Para isso, foi contratado treinamento especializado externo, dentro da estratégia inicial de contratação de empresas ligadas diretamente ao projeto OpenOffice.org. Desde 2004, foram realizadas diversas turmas voltadas para os servidores da equipe técnica da informática e para usuários avançados das áreas administrativas do tribunal. Em relação ao conteúdo, foi considerada a experiência avançada dos servidores da equipe técnica em relação ao Microsoft Office, usado durante mais de 10 anos pelo TRT4.
4.4.1 Período: agosto de 2004 Objetivo: capacitar o aluno a realizar operações básicas, intermediárias e avançadas de edição de documentos na suíte de aplicativos OpenOffice.org, preparando-o para a resolução de questões relacionadas à migração. Público Alvo: equipe de suporte do TRT4. OpenOffice.org Writer: 24 participantes OpenOffice.org Calc: 10 participantes OpenOffice.org Fontes de Dados: 10 participantes OpenOffice.org Impress: 10 participantes OpenOffice.org Macros e Basic: 10 participantes
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4.4.2 Período: outubro de 2004 Objetivo: capacitar o aluno a realizar operações básicas, intermediárias e avançadas de edição de documentos na suíte de aplicativos OpenOffice.org, preparando-o para a resolução de questões relacionadas à migração. Público Alvo: equipe de suporte do TRT4 e usuários administrativos avançados. OpenOffice.org Writer: 20 participantes (10 por turma) OpenOffice.org Calc: 20 participantes (10 por turma) OpenOffice.org Fontes de Dados: 10 participantes OpenOffice.org Impress: 20 participantes (10 por turma) OpenOffice.org Macros e Basic: 10 participantes
4.4.3 Período: setembro de 2005 Objetivo: atualização de conhecimentos para a versão BrOffice.org 2.0. Público Alvo: equipe de suporte do TRT4 e usuários administrativos avançados. Novidades da versão 2.0 do BrOffice.org: 30 participantes (10 por turma) BrOffice.org Base: 10 participantes
4.4.4 Período: setembro de 2006 Objetivo: atualização de conhecimentos para a versão BrOffice.org 2.0. Público Alvo: equipe de suporte do TRT4. BrOffice.org Mala Direta: 2 participantes
4.4.5 Período: agosto de 2007 Objetivo: capacitar o aluno ao desenvolvimento de bancos de dados e macros de nível básico, intermediário e avançado dentro do BrOffice.org. Público Alvo: equipe de suporte do TRT4 e usuários administrativos avançados. BrOffice.org Base: 10 participantes BrOffice.org Macros e Basic: 8 participantes
4.5 Pré-implantação A partir da avaliação das necessidades dos usuários do Tribunal, principalmente da área administrativa, foram definidas modificações na instalação padrão do OpenOffice.org para que funcionalidades extras fossem incorporadas ao ambiente. Com a participação da consultoria externa que já havia trabalhado no projeto do desenvolvimento da nova versão do inFOR, a equipe de suporte desenvolveu uma série de scripts de instalação remota, permitindo que a instalação da aplicação fosse realizada via rede imediatamente após o login do usuário.
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As funcionalidades incorporadas ao OpenOffice.org foram: • adição de auto-textos modelos; • adição de modelos de apresentação e texto; • adição da função de número por extenso no Calc e no Writer; • modificação da barra de formatação do Writer, com a inclusão de novos ícones; • configuração do Calc para impressão apenas da planilha selecionada; • adição de cliparts com os símbolos e brasões utilizados no TRT4; • adição da macro de geração de cabeçalho padronizado com brasão da República; • adição dos vínculos do pacote OpenClipart; • configuração dos caminhos da aplicação compatíveis com a rede do TRT4.
4.6 Implantação Com a implantação remota, o tempo de instalação foi reduzido significativamente. O técnico de suporte não precisava mais ir até o local para realizar a instalação do software. A instalação foi realizada conforme o agendamento de setores previamente definidos. Essa estratégia permitiu que a equipe estivesse preparada para o atendimento à determinadas demandas relacionadas aos setores migrados. É importante salientar que, em paralelo ao processo de instalação, ocorreram os treinamentos dos usuários finais, sobre os quais falaremos mais adiante. Os usuários dos setores do tribunal migrados para o novo pacote eram direcionados para os treinamentos oferecidos pela equipe interna da Secretaria de Informática. Além da possibilidade de instalação remota, também foi considerada a distribuição das novas versões a partir das imagens dos equipamentos adquiridos em licitação. Na tabela abaixo, é possível verificar a evolução das quantidades de equipamentos integrados à rede do TRT4 a partir de 2005. Ano
Configuração Básica
Quantidade Total
Versão
2005
Pentium IV 256 Mb
295
OpenOffice.org 1.1.2
2006
Pentium IV 512 Mb
300
BrOffice.org 2.0.2
2007
Pentium IV 1 Gb
320
BrOffice.org 2.2.0
Tabela 1: Histórico de Aquisições de novos equipamentos com o OpenOffice.org/BrOffice.org
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4.7 Suporte Técnico e Atualizações 4.7.1 Novas Versões Com o lançamento do BrOffice.org 2.0, no início de 2006, o Tribunal realizou uma avaliação da nova versão para definir a realização do procedimento de implantação da mesma. Apesar das inúmeras novidades que foram integradas às aplicações, havia duas questões importantes a serem avaliadas. A primeira foi a modificação da denominação do produto, que passava a se chamar BrOffice.org e não mais OpenOffice.org. A segunda, a mudança dos formatos de arquivo padrões, que passaram a ser os formatos OpenDocument. Tanto uma quanto outra alteração poderiam apresentar impecílios. A nova denominação poderia causar uma desconfiança por parte do usuário quanto a maturidade do projeto e a mudança dos formatos, um descontentamento pela alteração para os novos formatos logo após a estabilização do uso dos formatos da versão 1.1.x. Na avaliação interna, no entanto, essas eram dificuldades que poderiam ser contornadas. A mudança de nome do projeto foi considerada um passo importante na formalização das atividades do projeto OpenOffice.org no Brasil, mediante a constituição da ONG BrOffice.org. Já em relação à mudança dos formatos de arquivo, for reforçado o aspecto de padronização, já que o formato OpenDocument acabava de ser aprovado como um padrão ISO (ISO 26300). Também foram consideradas as melhorias das aplicações da nova versão. Melhorias como a duplicação do número de linhas no Calc (de 32.000 para 65.536), a modificação completa da interface do Impress e a inserção de uma nova ferramenta de Banco de Dados, o Base, foram consideradas fundamentais não só para a instalação do novo BrOffice.org como também para a consolidação do projeto dentro da organização. A implantação gradativa da nova versão atingiu prioritariamente os novos equipamentos, adquiridos em licitações, e os equipamentos em manutenção ou remanejo. Em paralelo, foram criados agendamentos para a instalação nos equipamentos já em produção. Hoje, em outubro de 2007, com a constante aquisição de equipamentos, o parque do TRT4 possui 2.835 computadores, um aumento de quase 50% em relação à quantidade no início do projeto de implantação do BrOffice.org. Até o final de 2007, está prevista a aquisição de 200 novos computadores. No entanto, o uso do OpenOffice.org ainda não foi completamente descartado. Principalmente no 1º Grau, onde o uso do editor de textos Writer está vinculado ao sistema inFOR, o OpenOffice.org 1.1.2 ainda aparece como pacote de escritório padrão. A atualização total das instalações do 1º Grau está prevista para 2008. Os demais setores do TRT4, principalmente os setores administrativos, são periodicamente atualizados em razão dos benefícios de compatibilidade e funcionalidade das novas versões do BrOffice.org. O processo de homologação da versão é realizado conforme o acompanhamento do desenvolvimento feito pela consultoria externa e pela equipe de suporte. A consultoria externa, ligada ao projeto BrOffice.org, é responsável pelas informações sobre os novos desenvolvimentos da aplicação à cada nova versão. Essas informações são verificadas de acordo com as demandas dos usuários. Quando o conjunto de novos desenvolvimentos é considerado apto à instalação nos equipamentos dos usuários, é feita a adequação ao método de instalação apresentado na seção anterior e o novo 31
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BrOffice.org é distribuído internamente. De acordo com essa estratégia e considerando que o BrOffice.org possui um ciclo de novas versões a aproximadamente cada 3 meses, o ciclo de versões instaladas do pacote no TRT4 é de uma nova versão a cada 9 meses. Hoje, somadas as instalações do OpenOffice.org 1.1.2, BrOffice.org 2.0.2 e BrOffice.org 2.2.0, são contabilizadas 2.643 instalações do pacote de aplicativos no TRT4. Como é possível identificar em comparação com o número total de equipamentos (2.835), a quantidade de computadores com o OpenOffice.org/BrOffice.org é de 93,23% do total. A pouca quantidade de equipamentos sem o pacote, hoje, está localizada no interior do Estado, onde o processo de instalação do BrOffice.org deverá ser efetuado no ano de 2008. A distribuição das versões pode ser vista em detalhes na tabela abaixo. Versão
Quantidade
OpenOffice.org 1.1.2
400
BrOffice.org 2.0.2
1286
BrOffice.org 2.2.0
957
Tabela 2: Versões do OpenOffice.org/BrOffice.org no TRT4 em outubro/2007
4.8 Treinamentos dos Usuários Finais Desde antes do projeto de migração para OpenOffice.org, o TRT4 já mantinha uma estratégia de capacitação interna dos usuários. Para a instrutoria, eram designados servidores do quadro da área técnica da Informática, que criavam os planos de curso conforme as demandas identificadas entre os usuários finais. Em relação a infraestrutura, o tribunal conta com um laboratório com 12 computadores mais um computador para o instrutor, equipado ainda com datashow e quadro branco. A coordenação do projeto manteve a estratégia para a migração para o OpenOffice.org. Após a capacitação da equipe de suporte, inclusive dos instrutores internos, foi desenvolvido um plano de adequação de conteúdos para os cursos dos usuários. O treinamento dos usuários finais caracterizou-se com um dos pontos mais importantes do projeto. Ainda no início da migração, as versões 1.1.x do OpenOffice.org, apesar de funcionalmente equivalentes ao Microsoft Office, apresentavam diferenças significativas na sua interface e na sua utilização. Velocidade inferior, caminhos de funcionalidades e uma lógica de funcionamento diferenciada eram as principais dificuldades dos usuários e os motivos de resistência à migração. O treinamento seria, portanto, a solução para não só apresentar a nova ferramenta mas, também, apresentar e formalizar conceitos que, para os usuários, não eram plenamente dominados. Uma das peculiaridades da estratégia de capacitação dos usuários finais no TRT4 foi a adequação aos horários dos servidores. A duração das aulas não ultrapassa duas horas, mesmo nos cursos de duração mais longa, e as mesmas são preferencialmente realizadas no turno da manhã.
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Ao todo, desde o início do projeto, em 2004, foram formados 843 alunos, conforme a tabela abaixo. Ano
Módulo
Carga Horária
Participantes
2004 OpenOffice.org básico – ênfase editor de texto
10 horas
203
2004 OpenOffice.org avançado – ênfase editor de texto
10 horas
87
4 horas
12
10 horas
68
2 horas
57
2005 OpenOffice.org básico – ênfase editor de texto
10 horas
58
2005 OpenOffice.org avançado – ênfase editor de texto
10 horas
74
4 horas
14
10 horas
44
2 horas
55
2006 BrOffice.org básico – ênfase editor de texto
10 horas
34
2006 BrOffice.org avançado – ênfase editor de texto
10 horas
46
4 horas
8
2006 BrOffice.org – ênfase planilha de cálculos
10 horas
33
2007 BrOffice.org avançado – ênfase editor de texto
10 horas
26
2007 BrOffice.org – ênfase planilha de cálculos
10 horas
24
2004 OpenOffice.org – ênfase apresentação 2004 OpenOffice.org – ênfase planilha de cálculos 2005 OpenOffice.org – ênfase interoperabilidade
2005 OpenOffice.org – ênfase apresentação 2005 BrOffice.org – ênfase planilha de cálculos 2006 BrOffice.org – ênfase interoperabilidade
2006 BrOffice.org – ênfase apresentação
Tabela 3: Treinamento de usuários finais em BrOffice.org desde 2004
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5 Conclusões A conclusão sobre o projeto de migração para BrOffice.org do TRT4 pode ser avaliada a partir da intenção do Tribunal em não adquirir licenciamento do Microsoft Office, decisão que vem desde o ano de 2004, quando o projeto de implantação foi iniciado. Economia O direcionamento do TRT4 resultou numa economia significativa em licenciamento de software. Se considerarmos apenas as aquisições de equipamentos a partir do ano de 2005 e estimarmos o valor do licenciamento do Microsoft Office pela média de mercado para compras governamentais (707,00 reais), encontraremos o seguinte resultado: Ano
Quantidade Total
Custo do Microsoft Office
Total
2005
295
R$ 707,00
R$ 208.565,00
2006
300
R$ 707,00
R$ 212.100,00
2007
320
R$ 707,00
R$ 226.240,00
Total Geral
R$ 646.905,00
Tabela 4: Estimativa de custo de licenciamento Microsoft Office para os equipamentos adquiridos em licitações após 2005 Podemos contabilizar, ainda, o valor estimado correspondente às instalações do pacote BrOffice.org onde, antes, só havia a instalação do Microsoft Word. Em aproximadamente 700 computadores o pacote BrOffice.org foi instalado por completo, com as aplicações de texto, planilha, desenho, etc, atendendo à demanda reprimida pela instalação de todas as demais aplicações do pacote Microsoft Office, além do Word. Contando o parque de equipamentos anterior com essa característica, chegamos à aproximadamente 500.000,00 reais. A soma dos valores economizados em licenciamento dos equipamentos adquiridos (R$ 646.905,00) com os valores do parque de computadores existente em 2004 (R$ 500.000,00) resulta na economia estimada de mais de R$ 1 milhão de reais. O valor pode ser comparado ao valor investido nas atividades de consultoria, treinamento e suporte, contratadas no mercado, durante o período: Ano
Valor
2004
R$ 11.500,00
2005
R$ 7.320,00
2006
R$ 12.380,00
2007
R$ 6.000,00 R$ 37.200,00
Tabela 5: Valor investido em consultoria, treinamento e suporte para migração (2004-2005)
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As atividades internas de desenvolvimento, treinamento e suporte técnico não são consideradas para o cálculo do investimento visto que as mesmas são atividades permanentes da Secretaria de Informática, e seriam desenvolvidas independentemente da migração para o novo pacote. O saldo final da migração corresponde ao demonstrativo abaixo: Ano
Valor
Custo estimado do licenciamento do pacote Microsoft Office nos novos equipamentos 20052007 (A)
R$ 646.905,00
Custo estimado do licenciamento do pacote Microsoft Office completo nos equipamentos antigos até 2004 (B)
R$ 494.900,00
Investimento em consultoria externa de desenvolvimento, treinamento e suporte (C)
R$ 37.200,00
Resultado econômico do projeto (= A + B - C)
R$ 1.104.605,00
Tabela 6: Cálculo de economia na migração para o BrOffice.org em comparação com o Microsoft Office (2004-2007) Colaboração Desde o início do projeto, o Tribunal assumiu a prerrogativa de contratação de serviços de empresas associadas ao desenvolvimento do projeto BrOffice.org, com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade do projeto brasileiro. Um dos resultados mais importantes dessa iniciativa de aproximação foi a disponibilização, como um Software Livre licenciado pela GNU GPL, do Edidoc, um gerador de documentos padronizados e numerados seqüencialmente. O Edidoc foi originalmente desenvolvido no TRT4 em meados da década de 1990. A aplicação foi desenvolvida em Word Basic (Word 2.0), gerando documentos no formato .doc. Em 2004, o Edidoc foi recodificado para o BrOffice.org 1.1.x e, em 2005, a aplicação foi disponibilizada sob uma licença livre gerando documentos no formato OpenDocument (.odt). Posteriormente, o TRT da 8ª Região também integrou-se ao projeto, financiando o desenvolvimento dos módulos de gerência de documentos de gestão de pessoal. Hoje, o Edidoc é gerenciado pela equipe de desenvolvedores do BrOffice.org e beneficia diversas organizações que necessitam da geração de documentação padronizada em ambientes administrativos, facilitando a organização e a recuperação das informações. A página do Projeto Edidoc pode ser visitada no site: www.broffice.org/edidoc. Além do Edidoc, a equipe técnica do TRT4 participa frequentemente de eventos colaborativos relacionados ao Software Livre. Em 2004, o TRT4 apresentou sua estratégia de TI com Software Livre na quinta edição do Fórum Internacional Software Livre, maior evento do gênero na América Latina. Em 2005, no mesmo evento, o TRT4 apresentou, com significativo interesse do público, os resultados da sua experiência de migração para o OpenOffice.org. 35
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Consolidado como caso de sucesso, em 2006, o projeto foi destaque da Edição Escritório Aberto, da Coleção INFO Exame. Padronização Para o TRT4, além da migração, o cenário atual de formatos de arquivos apresenta as seguintes constatações: a) o formato de arquivos OpenDocument, do BrOffice.org, foi homologado como padrão ISO; b) a partir do Microsoft Office 2007, o formato padrão das aplicações passa a ser o Open XML; c) as versões anteriores do Microsoft Office não abrem o formato Open XML por padrão, sendo necessário um esforço de migração para a instalação do plug-in que permite a compatibilidade dos formatos; d) o TRT4 e a Justiça do Trabalho possuem diversos sistemas desenvolvidos que utilizam o pacote de aplicativos disponível no equipamento do usuário para a geração de documentos. A partir da análise dessas observações, o próximo passo do projeto do TRT4 será a homologação de padrões abertos para o uso nos sistemas do judiciário trabalhista. Essa homologação não necessariamente deverá explicitar o uso de determinado formato de arquivo padrão, mas sim, estabelecer as diretrizes pelas quais um dado formato possa ser considerado apto à padronização. Os objetivos com essa ação são: - a formalização de padrões universais para os sistemas do judiciário que utilizem formatos de documentos, visando economicidade, compartilhamento de soluções e completo domínio tecnológico; - a garantia de acesso completo ao conteúdo, sem dependência de fornecedores ou tecnologias; - a não obrigação de uso de um sistema ou software específico para o acesso público ou para a comunicação da instituição com outras organizações; - a garantia de continuidade e do desenvolvimento do formato de arquivo, baseada no acesso público das especificações do formato.
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ANEXO I – Ofício 17/2004 Secretaria de Informática
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO Secretaria de Informática Ofício nº 17/2004 Porto Alegre, 26 de julho de 2004.
Sr. Juiz:
Pelo presente, viemos nos reportar à V.Exa., com o objetivo de prestarmos os esclarecimento devidos acerca da política de adoção de software livre no âmbito do TRT, relatando ações em andamento e principalmente o projeto de migração para o OpenOffice.org, que será implementado ainda deste ano. Primeiramente, cabe enfocarmos alguns conceitos básicos sobre software livre. Um software é dito livre, quando apresenta quatro características fundamentais, quais sejam: -
A liberdade de executar o software, para qualquer uso;
-
A liberdade de estudar o funcionamento de um programa e de adaptá-lo às suas necessidades;
-
A liberdade de redistribuir cópias;
-
A liberdade de melhorar o programa e de tornar as modificações públicas de modo que todos beneficiem-se da melhoria.
Para que algumas destas características sejam possíveis, também é fundamental que esteja disponível o código fonte, ou seja, a programação, que deu 37
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origem ao software. Logo, um software livre tem o que chamamos de código aberto. Por outro lado, um software é dito proprietário, quando não tem estas liberdades, e na realidade, quando “compramos” um software proprietário, estamos apenas adquirindo uma licença de utilização restrita deste software. Analisando estes conceitos, podemos constatar os principais benefícios relacionados à utilização do software livre, como a não existência de custo para a utilização do software, bem com a possibilidade de conhecermos o seu funcionamento, podendo inclusive adapta-lo às nossas necessidades específicas. As motivações que nos levam a adotarmos uma política de software livre no TRT, de forma bem abrangente, podem ser colocadas da seguinte forma: -
Razões de ordem estratégica: -
Alinhamento com as políticas governamentais de forte fomento ao uso do software livre no âmbito da administração pública;
-
Colaboração entre as organizações, seja com os demais TRTs, seja também com outras organizações do judiciário do Rio Grande do Sul, como o TJ/RS e o TRF da 4º Região;
-
Maior independência de fornecedores. O mundo do software livre é
gerenciado
por
diversas
organizações
compostas
por
colaboradores, sem fins lucrativos, a chamada comunidade do software livre. Não ficamos totalmente presos às políticas de fornecedores específicos, de caráter majoritariamente unilateral e sob a ótica financeira. -
Razões de ordem financeira: economia importante com a aquisição de licenças de software. Conforme já dito acima, não há custo de licenciamento com o software livre. O que normalmente comercializa-se quando falamos de software livre, é o suporte e o treinamento na utilização destes produtos. Desta forma, o chamado custo total de propriedade fica significativamente reduzido;
-
Razões de ordem técnica: com a utilização do software livre, busca-se também a utilização de produtos que tragam benefícios de ordem técnica 38
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também, como estabilidade, performance e segurança. A qualificação dos produtos, bem como a sua confiabilidade, precisa ser um dos elementos fundamentais do processo de adoção do software livre em uma organização. A política de implantação do software livre no nosso TRT está sendo feita em cima de determinados critérios, com vistas a que este processo ocorra da melhor forma possível, pensando preliminarmente no nosso usuário final. Estes critérios são detalhados a seguir: -
Etapas da disseminação da cultura do software livre: -
Primeiramente, partimos para a migração de serviços e sistemas operacionais de rede, que é área mais técnica, e praticamente transparente para o usuário final. Isto englobou, por exemplo, a migração de todos os nossos servidores de rede do 1ª Grau (58 redes locais, migrando de Novell Netware para Linux);
-
A partir de agora, iniciaremos a migração de aplicativos office, como editor de texto, planilha, etc. Esta etapa terá início objetivo com a implantação do OpenOffice.org nas Varas do Trabalho do Foro de Porto Alegre neste ano;
-
Migração do próprio ambiente desktop, o ambiente de trabalho do usuário, que poderá ocorrer em um momento futuro.
-
Procuramos relacionar a migração a projetos e necessidades já existentes, como a necessidade objetiva de migração da plataforma de rede do 1º Grau, por exemplo. Quando a mudança é necessária, por diversas razões, então vamos buscar, prioritariamente, uma solução software livre adequada;
-
Priorizar necessidades mais imediatas de licenciamento, ou seja, buscamos a utilização de software livre onde não temos licenças de algum software proprietário realmente necessário. Como exemplo desta situação, a implantação do OpenOffice.org no 1º Grau, que será detalhado a seguir, onde não temos licenças de planilhas eletrônicas, por exemplo;
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-
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Análise do cenário global, procurando estar em sintonia com soluções adotadas em outras organizações.
A partir destas considerações, vamos agora detalhar um importante projeto dentro do contexto da utilização do software livre no TRT, que terá início brevemente, que é a implantação do OpenOffice.org, e onde a conscientização dos usuários finais mostrase como fundamental. O software livre OpenOffice.org é uma suíte de aplicativos office, contendo editor de texto, planilha eletrônica, editor de apresentação, entre outros. A sua implantação no TRT vem em substituição ao software proprietário Microsoft Office, que é composto pelo Word, Excel, PowerPoint, etc. Inicialmente, faremos a migração nas Secretarias das Varas do Trabalho de Porto Alegre, pois entendemos que estes locais são ideais para a primeira migração para software livre no TRT, de aplicativos de utilização direta pelo usuário. As razões fundamentais são duas: primeiramente, temos apenas licenças do Microsoft Word hoje nestes locais, não havendo licenças para todos os demais aplicativos office, como o Excel, principalmente. Com a implantação do OpenOffice.org, toda a suíte de aplicativos office fica disponibilizada, preenchendo uma importante lacuna, e atendendo a um anseio antigo dos usuários; em segundo lugar, a utilização do editor de textos neste locais é fundamentalmente vinculada à utilização do sistema inFOR, com documentos pré-formatados, sem a necessidade de uma utilização mais profunda dos recursos do editor de texto, o que facilita a adaptação ao novo programa. Neste sentido, ressalte-se que o inFOR está sendo adaptado pela nossa área de desenvolvimento de sistemas para que venha a trabalhar com o OpenOffice.org, assim como hoje trabalha com o Microsoft Word. Objetivando subsidiar o nosso processo de migração para software livre, em especial quanto ao OpenOffice.org, temos participado de diversos eventos, onde destacamos a “1ª Semana de Capacitação em Software Livre do Governo Federal”, realizada em Brasília/DF em abril deste ano, e o “5º Fórum Internacional de Software Livre”, realizado em Porto Alegre em junho deste ano, onde inclusive apresentamos uma palestra acerca da nossa política de software livre, intitulada “TRT 4ª Região – O software livre na estratégia de TI”. Além disso, temos feito constantes contatos com instituições que já realizaram migrações para o OpenOffice.org, e estamos também contratando
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treinamento e consultoria para auxiliar neste processo. A partir do mês de setembro, iniciaremos o processo de treinamento aos usuários das Varas do Trabalho, através de cursos rápidos e objetivos, com diversas turmas e horários, e ministrados por instrutores da própria informática. A previsão de migração definitiva é para o mês de outubro. É fundamental, entretanto, para o êxito desta migração, que haja a devida conscientização prévia dos usuários quanto aos elementos envolvidos neste projeto, que procuramos detalhar acima, como as razões da migração, critérios utilizados e benefícios evidentes que serão conseguidos para o usuário final, objetivando vencer as resistências que naturalmente surgem em qualquer processo de mudança, em
especial em
ferramentas de trabalho fundamentais como são os sistemas informatizados. Sabemos que mudar requer sempre uma dose de sacrifício, ainda que os motivos sejam plenamente justificáveis, e os benefícios significativos. A partir da experiência que vamos adquirir com este projeto, outras áreas do TRT deverão ser também objeto de migração para o OpenOffice.org, a partir do próximo ano. Esperamos ter conseguido dar um panorama geral sobre a política de utilização do software livre no TRT, com destaque especial ao projeto de migração para o OpenOffice.org, que consideramos muito importante, e que requer a devida atenção de todos.
Atenciosamente,
Luís Fernando Pontello
Eduardo Kenzi Antonini
Diretor do Serviço de Informatização do 1º Grau
Diretor da Secretaria de Informática
Exmo. Sr. Dr. Pedro Luiz Serafini Juiz Corregedor Regional
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ANEXO II – Via E-mail Especial – nº 23
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ANEXO III – Matéria do Jornal Interno Em Pauta, Junho/Agosto de 2004
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ANEXO IV – Entrevista do Dir. Luis Fernando Pontello para o Projeto Software Livre Brasil – 2005 Casos de Sucesso do OpenOffice.org: entrevista com Luiz Fernando Pontello Luís Fernando Pontello é um dos responsáveis pela migração de uma parte significativa do Tribunal Regional do Trabalho da 4° Região (TRT4) para o OpenOffice.org e para o Software Livre. Diretor do Serviço de Informatização do 1º Grau, formado em Engenharia Elétrica pela UFRGS, Pontello está na Secretaria de Informática do Tribunal há 14 anos. Nesta entrevista, Pontello faz uma avaliação geral do projeto de migração para o OpenOffice.org. Apresentado em junho de 2004, no V Fórum Internacional de Software Livre em Porto Alegre, o planejamento da implantação do Software Livre no TRT4 (disponível na nossa seção de Downloads) destacou a migração para o OpenOffice.org como uma das metas mais importantes da Informática do Tribunal no ano de 2004. Na sua estrutura, o TRT4 conta, atualmente, com mais de 220 Juízes e mais de 2.300 servidores em 58 cidades do Rio Grande do Sul. São 98 Varas do Trabalho (110.000 processos julgados em 2003) e 36 Gabinetes (55.000 processos julgados em 2003). O parque de equipamentos é composto de aproximadamente 2.000 microcomputadores e 800 impressoras, com todos os Foros interligados. Pelo seu histórico de sistemas e serviços pioneiros e inovadores na área tecnológica, o TRT4 ocupa posição de destaque na Justiça do Trabalho. Em relação ao projeto de migração para o OpenOffice.org não foi diferente. Gustavo Pacheco, coordenador de documentação do OpenOffice.org Projeto Brasil e diretor da ProDesk, afirma que “a qualidade gerencial e a qualidade técnica da equipe envolvida foram fundamentais para que o projeto alcançasse seus objetivos. Hoje, considero o projeto de migração do TRT4 um exemplo para todas as organizações que desejam migrar para o OpenOffice.org e para o Software Livre”. 1. Antes da implantação do OpenOffice.org já haviam sido feitas outras implantações de Softwares Livres no TRT4, como foram essas experiências anteriores? Essas experiências influenciaram na decisão da migração para o Openoffice.org? Tivemos experiências anteriores com o uso do software livre, que foram fundamentais para que a cultura da utilização do software livre fosse trazida para a nossa instituição. Já em 1998 implantamos um servidor Linux Red Hat 6.2 rodando uma base de dados Oracle para consultas pela internet. Em 2001, adotamos o Apache como webserver. Estas experiências nos trouxeram, principalmente, a confiança na utilização de produtos que não tinham o suporte de uma grande empresa por trás, como é o caso dos softwares proprietários, mas que se mostraram extremamente robustos, estáveis, e que nos troxeram uma nova forma de suporte, através da comunidade do software livre, compartilhando informações via web, por exemplo. Outra experiência importante foi a migração de nossas 58 LANs de todo o estado para Linux Red Hat 7.1, concluída recentemente.
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2. Como é o ambiente e o perfil dos usuários que migraram para o OpenOffice.org? Aqui no 1º Grau, todas as estações trabalham com rede Microsoft, Windows XP, e trabalhavam com o Microsoft Word 97. São usuários, de maneira geral, sem grandes conhecimentos em informática, e que utilizam o editor de texto de maneira não muito aprofundada, Na realidade, a utilização do editor de texto está principalmente vinculada ao nosso aplicativo interno. Apesar destas facilidades, considero muito importante o treinamento em OpenOffice.org que realizamos. Inicialmente, fizemos treinamentos para a nossa equipe de TI, com um treinamento mais aprofundado, e mais focado em suporte. A partir deste treinamento, e considerando a nossa grande experiência com treinamentos internos, replicamos os conhecimentos em cursos para os usuários finais. Aqui no 1º Grau, mais de 200 servidores foram treinados pela nossa equipe de instrutores internos. 3. Nas Varas, o uso do Word era predominante entre os usuários e não havia licenciamento das ferramentas Excel e PowerPoint. Por outro lado, no Tribunal, atendido predominantemente pelo Serviço de Infra-estrutura e Planejamento, havia uma variedade muito maior de uso das aplicações do Microsoft Excel. Esse ambiente diferenciado não foi empecilho para a migração para o OpenOffice.org. Na direção dos serviços, como foi tratada a questão estratégica da migração? Inicialmente, quero destacar a importância, neste projeto de migração para o OpenOffice.org, da conscientização prévia dos nossos usuários, que incluem Juízes e servidores. Procuramos fazer um trabalho sério nesta questão, com amplo material de divulgação sobre a migração, destacando o conceito de software livre, as motivações para a sua utilização do TRT, os critérios que estamos utilizando para implantá-lo, e detalhando a migração para o OpenOffice.org. Esta conscientização deu excelentes resultados, praticamente eliminando as resistências para a migração. A nossa estratégia de implantação, considerou as maiores facilidades para iniciarmos a migração pelo nosso 1º Grau, pelas razões já expostas. Em um segundo momento, já possuindo know how sobre a migração, partimos para a migração na área administrativa do Tribunal, no 2º Grau. Para esta situação, o treinamento externo envolveu, também, além da equipe de TI, os usuários que utilizam a suíte de aplicativos office de maneira mais aprofundada. Os treinamentos internos ficaram apenas para os usuários com uma utilização mais simples da suíte. 4. Uma das peculiaridades do projeto do TRT4 foi a modificação de um software desenvolvido em Delphi para que o mesmo funcionasse adequadamente com os objetos do OpenOffice.org no lugar dos objetos do Microsoft Office. Como foi esse desenvolvimento? De fato, uma questão que nos preocupava com relação a este projeto, era a adequação de nosso aplicativo interno, o inFOR, desenvolvido em Delphi sobre base de dados Oracle, ao OpenOffice.org, uma vez que este trabalhava com chamadas ao Microsoft Word. Procedemos, inicialmente, a um estudo de viabilidade. Buscamos então uma consultoria especializada junto à ProDesk, que trabalhou em conjunto com a nossa equipe de desenvolvimento de sistemas, dando sinal verde para a migração. O trabalho de adequação então envolveu uma analista de sistemas e um programador, e levou cerca de um mês para ser concluído. Ressalto a importância, também nesta fase, do apoio da equipe da nossa consultoria externa, vinculada ao projeto OpenOffice.org. 45
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5. Qual a avaliação dos resultados obtidos atualmente com o inFOR rodando com o OpenOffice.org? A migração foi totalmente transparente para os usuários. O inFOR passou a rodar muito bem com o OpenOffice.org. Na prática, apenas pequenos ajustes tiveram que ser feitos durante o projeto-piloto que fizemos em algumas máquinas, que durou cerca de duas semanas. 6. Fazendo os cálculos, qual a economia em licenciamento de software realizada com a implantação do OpenOffice.org no TRT4? Calculamos a economia em licenciamento de software, apenas em 2004, em cerca de 500.000,00 reais. 7. Um dos destaques da apresentação do planejamento do TRT4 no V Fórum Internacional de Software Livre foi justamente a migração para o OpenOffice.org no segundo semestre de 2004. Qual o balanço final do projeto? A nossa avaliação é a melhor possível. Com um trabalho elaborado, envolvendo a conscientização prévia dos usuários, o trabalho junto a uma empresa de consultoria e treinamento competente, uma política de adoção do software livre embasada, e uma estratégia de implantação do OpenOffice.org bastante segura, conseguimos fazer deste projeto uma grande sucesso, e um referencial inclusive para outros TRTs. Sabemos que quando estamos tratando de mudanças que repercutem diretamente no usuário final, é natural que surjam resistências, e sempre será necessária uma dose de sacrifício de todos. Por isto um trabalho sério precisa ser feito. 8. Quais os próximos projetos do TRT4 para o Software Livre? A implantação de um browser livre como padrão será em 2005? Sim, a idéia é a adoção, a partir de 2005, de um browser livre, em substituição ao Internet Explorer, no sentido de aprofundarmos ainda mais a cultura do software livre em nossa instituição. Estamos em fase de testes, e adequações à nossa infra-estrutura, de browsers livres. Outros projetos envolvem fomentar a utilização de webmail em detrimento de clientes, como o Microsoft Outlook, e mesmo análises já visando a migração para ambientes desktop software livre.
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ANEXO V – Matéria da edição “Escritório a custo zero” da Coleção INFO EXAME – 2006
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