Revista Rock Meeting #48

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Editorial

Novos tempos E

stamos chegando em uma fase bem interessante. Fase em que as mudanças ainda estão em voga. Fase de querer mudar tudo, mas em que se está feliz com o que tem. Mas o que tem de bom para hoje? Não tem nada de bom, saca? O bom é que não tem nada de ruim, pois as coisas boas estão acontecendo no seu ritmo normal. É possível notar! O espaço desta revista é para aqueles que querem algo e buscam mudar. Mudar não é se desfazer dos seus conceitos e encarar o novo sem qualquer respaldo. Mudar é reco-

nhecer que é preciso renovar as ideias e aperfeiçoar o que já se tem. Mudar, para que mudar? É preciso mudar. A mudança não é para se mostrar, é para entender de que você é capaz de fazer algo sem perder sua base. Não perde a identidade. Pois é. Buscando sim uma identidade e estamos crentes que conseguimos chegar na metade do caminho. Sabe o que falta agora? Continuar. Só isso! Pois bem, continue! Dê vida ao que buscas. Dê ânimo ao que já possui. Enfrente. Lute. Persista. Não desista!


Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 10 - News - World Metal 14 - Matéria - 4 anos Rock Meeting 16 - Review - Suprema 20 - Matéria - Gestão Plural 22 - Capa - Angra (Review Recife) 28 - Entrevista - Ação Direta 38 - Entrevista - Destroyers of All 44 - Coluna - O que estou ouvindo?


Direção Geral

Pei Fon

Revisão Breno Airan Katherine Coutinho Rafael Paolilo Capa

Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Mauricio Melo (Espanha) Sandro Pessoa CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting



Endimion

Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press)

Doom Metal Chileno

Quando pensamos em Doom Metal, as primeiras coisas que veem em mente são as aclamadas bandas européias. Bandas que sintetizaram toda uma estrutura musical e apresentaram uma nova forma de se fazer Heavy Metal. É claro que um estilo musical sofre diversas influências sociais, carregando em sua atmosfera todo aquele cotidiano presente na vida do artista, uma semente que cresce e se adapta ao meio em qual se situa. A semente do Doom Metal foi gerada na Europa. Mas, assim que espalhada pelo mundo, passou a crescer de maneiras distintas em cada região, apresentando uma magnífica gama de possibilidades musicais reunida às características básicas da sociedade que a acolhia. Dentre várias regiões de nosso planeta, um local que que parece vivenciar uma forte ebulição de bandas de Doom Metal , com cer-

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teza, é a América do Sul. Por anos o gênero foi subjugado por estilos mais populares como o Thrash, o Death, o Black, o Power e etc. Mas, com a crescente evolução das mídias sociais, uma boa parcela dos adeptos do metal pesado passaram a ter maiores oportunidades quanto a conhecerem o Doom Metal e perceberem que este tem muito mais a oferecer do que antes imaginavam. Em nosso continente, uma das maiores fontes de bandas de Doom Metal é, com certeza, o Chile. Um país cujo a cena underground ainda é um tanto (infelizmente) obscura a nós brasileiros que diariamente somos bombardeados por mídia européia. Isso ofusca a percepção e não damos o devido valor as cen-


Aura Hiemis

tenas de bandas de qualidade e a história do Underground sul-americano. De acordo com Matías Ibáñez, vocalista da banda chilena Endimion não é possível datar, exatamente, o começo da cena Doom, propriamente dita, em seu país. Ele cita a banda Bewitched, de Santiago, que por volta do ano de 1990 inovou em apresentar uma sonoridade calcada em gêneros como o Heavy, o Black e o Doom. Mas foi em 1992 que surgiu o Garbage, possivelmente uma das primeiras bandas de Doom Death Metal da região e que posteriormente alterou seu nome para Poema Arcanvs, tornando-se um dos ícones de maior repercussão do Chile. Logo então, a partir de 1993, passou a surgir diversas bandas de renome como Bitterdusk, The Evening, Lapsus Dei e Daedeloth. Apesar de gêneros como o Thrash e o Death ainda serem mais populares no Chile,

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o Doom Metal possui uma boa aceitação por parte do respeitado Underground local e a cada ano que se passa surgem maiores e melhores produções voltadas ao estilo. Matías Ibáñez também complementa sobre a melhor fase do Doom Metal em seu país iniciada no ano 2000. Foi quando as bandas chilenas conseguiram elevar seus nomes a nível internacional. Destaque para Mar de Grises, Poema Arcanvs, Capilla Ardiente, Procession, dentre outras. Os anos 90 foram de extrema importância para consolidar o estilo, enquanto os 2000, serviram para um aumento de adeptos e maiores oportunidades. É visto que, como no Brasil, a vertente mais popular no Chile é o Doom Death Metal, devido a grande quantidade de bandas do tipo. O Doom Tradicional também é bastante forte com boa quantidade de adeptos consolidando-se como um dos principais gêneros. O Funeral também possui uma escola com muitos fãs e muitas bandas, sendo esta, a vertente com maior número de projetos One Man Bands. Exemplos: Lacrymae Rerum, Úden, Aura Hiemis. Ainda não há muito festivais exclusivos para bandas de Doom, os principais ocorriam em Santiago e em Concepción seguidos por


Além de bandas que estão inciando seus caminhos pela música: Endimion, Condenados, Opus VII, Magna Veritas, Mourners Lament. outros que ocorriam em Osorno e outras cidades. Comumente as bandas do gênero tocam em festivais ao lado de outros estilos. A partir de 2006 várias pessoas se reuniram para divulgar e fortalecer o Doom Metal Chileno através de fóruns como: o Doomchile e o Hands of Doom. Posteriormente, unificados em Doom, Death & Darkness originando o festival de mesmo nome. Passado um tempo, e com o declínio do fórum, Matías Ibáñez e seu amigo Alejandro Madriaza criaram o perfil Doom Metal Chile (www.facebook.com/DoomMetal.Chile) com a intenção de divulgar o trabalho das bandas chilenas. Em relação ao ponto de vista chileno, a respeito das bandas brasileiras, estes sabem que há grandes expoentes do Doom Metal por aqui como Mythological Cold Towers, Apocalyptichaos, Morbydia, Lachrimatory, Lugubrious Hymn e que nosso cenário está dando muito o que falar. Se você gostou e sentiu-se interessado em saber mais a respeito de bandas chilenas de Doom Metal, deixo alguns exemplos de bandas com maior destaque. São elas: Poema Arcanvus, Mar de Grises, Procession, Electrozombies (quando vinculados ao Doom Metal), Bitterdusk, The Fallen, Lapsus Dei.

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Fonte: Doom Metal Chile Agradecimentos a Matás Ibáñez da banda Endimion Poema Arcanvs


Substituto E a banda brasileira Sepultura já mostra os novos caminhos para o sucessor de “Kairos” e o primeiro com o baterista Eloy Casagrande. O próximo álbum se chamará “The Mediator Between Head And Hands Must Be The Heart”, é - o nome é grande assim, está previsto para o próximo mês, 25 de outubro, para ser mais exato, através do selo da Nuclear Blast. Veja a capa AQUI e assista o primeiro trailer do novo cd AQUI.

It’s now or never

Lyric video

A banda norte-americana Korn lançou o primeiro vídeo do seu próximo álbum intitulado “The Paradigm Shift”. Para Jonanthan Davis, vocalista da banda, disse que o música se trata de relacionamentos e frisa: “É sobre qualquer coisa. Parece que você tenta e tenta fazer as coisas funcionarem e você falha várias vezes”. Assista agora o vídeo do single “Never Never” AQUI

A banda de black metal noruguesa Satyricon lançou um vídeo contendo a música que estará no próximo álbum, que carrega o próprio nome. Clique AQUI para conhecer e já aprender a letra da nova música dos caras. O álbum sai em setembro.

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De novo

Vídeo novo

A vocalista holandesa Floor Jansen (ReVamp e Nightwish) foi convidada para participar do novo álbum dos também holandeses Mayan, projeto paralelo do guitarrista Mark Jansen (Epica). Para o novo álbum, por meio de nota à imprensa, a banda comunica que será “insano” e a influência vem da situação que o mundo está vivendo: Síria, espionagem. O álbum está previsto para janeiro de 2014 pela Nuclear Blast.

A banda carioca Lacerated and Carbonized lançou recentemente o vídeo clipe para a música “Third Word Slavery”, segunda faixa do álbum “The Core Of Disruption”, que foi lançado no Brasil através da Eternal Hatred Records, com distribuição da Voice Music. Assista ao vídeo AQUI

Metal na escola A banda maranhense Jackdevil criou o projeto ‘Revolution Rock - School of Rock’, que consiste levar as escolas palestras, debates, workshops e shows! A primeira edição do projeto será realizada no próximo dia 14/09 (sábado) na escola pública Liceu Maranhense, tradicional instituição de ensino médio brasileiro, fundada em 1838. O vocalista e guitarrista André Nadler fez um breve comentário sobre o projeto: “O Revolution Rock é um evento organizado pela JackDevil e mais duas bandas locais. Já era um sonho de muito tempo ver a cultura do rock (dos shows as palestras) terem um espaço nas escolas de nossa cidade!” 11


grindcore, please E os irmãos Cavalera estão aprontando mais uma com a sua banda Cavalera Conspirancy. Em entrevista pra o Live Metal, Max Cavalera disse que o já estão produzindo o novo álbum e que ele será na linha do grindcore. “Sim, estamos fazendo um novo disco no ano que vem - todo de grindcore. Eu quero fazer um disco de grindcore com eles”, disse o moço dos dreads. Mas aguardem um pouco mais, pois o álbum será lançado somente em 2014. Até lá, Max já avisa “vamos chocar o mundo com isso”. É aguardar e conferir.

Destruction

Vídeo Novo 3

Para a felicidades banger, o powertrio alemão de thrash metal, Destruction, fará um show surpresa no Recife, dia 20 de setembro. A informação foi confirmada pela organização que os levou em janeiro para a cidade pernambucana. O show acontecerá no Downtown Pub, localizado no Recife Antigo. Se liga nos valores dos ingressos: meia R$ 70, inteira R$ 140 e social R$ 80. Mais infomações em breve.

A banda Trivium lançou oficialmente o vídeo “Strife” que foi dirigido por Ramon Boutviseth. A música está presente no novo álbum da banda, intitulado “Vengeance Falls” que será lançado no dia 15 de outubro. A pré-venda do álbum começou dia 20 de agosto. Assista o vídeo AQUI

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Vídeo Novo 2

E o Sonata Arctica disponibilizou um novo vídeo do álbum “Stones grow her name” lançado ano passado. O vídeo é da música “Alone in Heaven” que você pode conferir clicando AQUI.

Hendrix Como parte da comemoração do 70º aniversário de Jimmy Hendrix um documentário será lançado em novembro, além do vídeo, terá um cd trazendo um concerto ainda não lançado. O documentário tem duas horas e foi intitulado como “Hear my train a comin”. Agora é aguardar esta relíquia.

A arte da guerra Bruce Dickinson foi denunciado de que estaria colaborando com a construção de máquinas para o exército norte-americano. Em nota, a assessoria do cantor nega o seu envolvimento. A denúncia partiu do blog Dorset Eye que disse que Dickinson estaria fabricando aviões não tripulados, conhecidos como zangões/ drones. Estes aviões são utilizados pelo exército americano para operações de guerra. A publicação ainda diz que o valor a ser pago seria de 500 milhões de dólares pelas operações. Muito embora, na nota da assessoria, tanto Bruce quando Robb Smallwood, homem forte do Iron Maiden, são investidores em fabricação de aviões, mas não deste tipo feito para a guerra. 13


4 ANOS

A estrada é longa, mas não estamos sozinhos na caminhada! Por Jonas Sutareli (jonas@rockmeeting.net) Fotos: Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Artwork: Jonathan Canuto

E

mais um ano se passou. Parece que foi ontem que começamos com esse projeto, esse sonho. Com uma conquista após a outra, graças a você leitor, nós pudemos chegar até aqui nesses quatro anos. Começamos timidamente, falando da cena local, hoje abrangemos uma área maior. Com nosso trabalho, seu apoio, suas sugestões e críticas, conseguimos desenvolver conteúdo do seu interesse dentro do mundo do Rock! Como não poderia deixar de ser, agora este mês nosso show de aniversário acontecerá. Como de praxe, em todos esses anos de RM, trazemos aquele velho clichê: A Rock Meeting faz aniversário, mas quem ganha o presente é você! Isso mesmo! E este ano é um presente e tanto! Temos a honra de dizer que conseguimos reunir três das melhores bandas de nosso estado (Adrenaline, Necronomicon e Raiser), junto com a Pandemy de Pernambuco para fazer um rock de qualidade para você nosso amigo e leitor. E tudo isso de graça, na praia de Jatiúca, o conhecido Posto 7, em plena orla marítima de Maceió! Isso mesmo, gratuitamente! Com apoio da Prefeiturma Municipal de Maceió, a quem somos muito gratos por ter aceitado e apoiado nosso 14

projeto e cedido o local para o dia do evento. Você leitor de Maceió (e também de Alagoas) sabe como é muito difícil em nossas terras conseguir apoio para o Rock N’ Roll, mas a prefeitura de Maceió de muito bom grado nos ajudou nessa peleja! Como já dito, nosso aniversário de 4 anos será na beira da praia, marcando a volta do rock da pesada ao nosso querido Posto 7. Neste ano iremos trazer, para vocês, como atração principal, a banda Pandemmy, de Recife. Sua sonoridade une elementos de Thrash e Death metal junto às influências musicais de cada integrante. Em fevereiro de 2010, a banda lançou a demo Self-Destruction com quatro músicas próprias, que foi bem recebida pelo público, rendendo boas resenhas em sites respeitáveis como o Recife Metal Law e também na revista Roadie Crew, além de ótimos shows pelo nordeste, como nas cidades de Mossoró (RN), Recife (PE), Maceió (AL), Caruaru (PE), Campina Grande (PB) e Natal (RN). Para abrilhantar a noite, também convidamos a alagoana Necronomicon, que é uma banda recente. Muito embora, já conquistou um lugar no espaço da playlist do


ouvinte em 3 anos de existência. Com forte influência de Black Sabbath, o trio alagoano já se apresentou no Nordeste e, recentemente, em São Paulo. Agraciados, a banda continua sua turnê no interior de Alagoas. Com dois álbuns já lançados, o Power trio ainda tem muito o que mostrar. Também do cenário local, Adrenaline marca presença. Formado em 2004, a Adrenaline vem se tornando cada vez mais sólida dentro do cenário rock de Alagoas. A banda tem como influências músicas do gênero metal, onde de inicio, seu maior influenciador seria a banda norte americana Deftones. As letras da banda relatam desde si-

tuações mundiais, tal como, guerras, miséria e problemas vividos pela sociedade. Raiser, banda alagoana surgida em 2009, também nos dará as honras. Seguindo o estilo Thrash Metal, a banda Raiser já lançou seu primeiro EP, disponível gratuitamente para download, e já prepara o segundo para, assim, lançar seu primeiro álbum. Tendo como inspiração as bandas clássicas do Thrash Metal como Slayer e Arch Enemy, o quinteto já se consolidou na cena local e busca ampliar os horizontes. Esperamos ver todos vocês por lá para nos prestigiar e comemorar junto conosco mais essa conquista. The Show Must Go On!

Clique nas imagens para ouvir o som das bandas

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Suprema: de novo em Mace

Com o Traumatic Scenes tour em voga, a banda paulist Texto e fotos: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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eió e com nova formação

tana deu um pulinho em Maceió e fez show impecável

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O

SupreMa aproveitou a ida para o festival Agreste in Rock, na cidade pernambucana de Caruaru, e deu uma passada em Maceió para mais um show, na sua quinta passagem pela capital alagoana. Desta vez, a banda trouxe nova formação na bateria e no baixo: Fernando Castanha e Fabio Carito, respectivamente. O show contou com o apoio de duas bandas alagoanas: Raiser e Necronomicon. Aos que estiveram presentes, não se arrependeram. O show começou dentro do horário previsto e as bandas tiveram problemas com o som, infelizmente. Não é muito comum, mas alguns mesários são um pouco desleixados quando se trata de Rock/Metal, deixam ao acaso. Em um dado momento, o guitarrista da banda Raiser, João Goulart, largou a guitarra no palco e foi esfriar a cabeça, a sonorização estava sofrível. O técnico foi chamado e o seu retorno à função foi demorada. Enfim, o problema foi parcialmente resolvido e o show 18

pode continuar. Apresentando o setlist reduzido, a Raiser trouxe as canções de seu EP de estreia “From the end to the beginning” que está disponível na fanpage da banda no facebook. Dentre outras músicas, ainda deu tempo de tocar duas músicas da lendária banda Arch Enemy. Em seguida, o trio parada dura da Necronomicon surgia. Costumo dizer que quem vê o grupo não “dá nada por eles”, mas se enganam assim que eles pegam seus instrumentos e fazem o que tem de melhor: música. Com músicas de seus primeiros dois álbuns, “Necronomicon” e “Queen of Death”, agradou ao público e aos músicos do SupreMa que ainda não conhecia. Houve até um aperitivo do que está por vir no próximo álbum do trio. A esperada da noite, começou sem demora. SupreMa trouxe, além das músicas do seu mais recente álbum, “Traumatic Scenes”, novos componentes, mas a qualidade não caiu. Mesmo mudando de músico, o nível


continua altíssimo. O público respondia as investidas do vocalista Pedro Nascimento que chamava para participar com ele. O SupreMa também é conhecido por executar músicas da lendária banda de Heavy Metal, Iron Maiden, e não poderia deixar de fora. “A próxima música que vamos tocar é fácil. Basta olhar para o relógio”, desafiou Pedro. Havia um enorme relógio compondo o cenário no palco e qual é a música? “Two minutes to midnight”. Boa parte, se não todos, fãs da donzela, foram ao delírio. Momento único! O SupreMa fechou o show com a música de trabalho do TC, “Nightmare”, cantada por todos. Voltem, galera!

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Gestão de p

Prefeitura de Maceió mostra qu evento da cena Ro

Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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uando se fala em “prefeitura” imagina-se distanciamento da população, da cidade e suas manifestações culturais. A instituição máxima do município é tida como inatingível, de que não há contemplação igualitária para todos os públicos. Porém, a Prefeitura de Maceió, nesta nova gestão, tem tido a preocupação de assistir a todos de modo mais próximo. Devido a esta preocupação, muitas ações estão ocorrendo nos bairros da capital alagoana periodicamente na tentativa de apertar os laços entre a população e os aten20

dimentos oferecidos diariamente em cada setor municipal. Por esta razão, a cultura não ficou de fora. Vários eventos estão ocorrendo na cidade afim de tornar, ainda mais público, o que Maceió tem de melhor. Visto no período junino, onde não só o típico forró fora destaque, o rock também teve seu momento de apogeu com a realização do Forrock. Nesta mesma perspectiva plural e única, a Prefeitura de Maceió cede o espaço de uma das praças mais disputadas da cidade para a realização do aniversário de quatro


pluralidade

ue não têm divisões culturais e apoia ock/Metal underground

anos da revista eletrônica Rock Meeting, genuinamente alagoana. Para o secretário de comunicação, Clayton Santos, é uma oportunidade única a realização deste evento a fim de amplificar as manifestações culturais e o Rock/Metal está inserido neste novo formato da administração do prefeito Rui Palmeira. “O movimento do rock/metal precisa do apoio das lideranças do município para manifestar e divulgar suas ações. Na atual gestão, a pluralidade é o nome chave para agregar todas as tribos culturais, independente de sua vertente. Temos 21

a consciência de que a prefeitura representa a todos, sem qualquer distinção”, pontuou o secretário. A prefeitura tem feito a sua parte em apoiar a cena local de Maceió e resta-nos aproveitar esta oportunidade. A cena rock/ metal agradece! E não perca, sábado, dia 14 de setembro, quatro anos da Rock Meeting no Posto 7, na praia de Jatiúca, às 17h.


Angra se apresent a tour comemorativa d Texto e Foto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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tou em Recife e levou dos 20 anos do Angels Cry

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uito ainda se fala de quem vai ser o novo vocalista da banda de Heavy Metal brasileira Angra. Porém, um italiano ocupa interinamente os vocais em uma das bandas que mais tem representado o Brasil, desde o seu início. Vale salientar que todo o trabalho desenvolvido fez do som do Angra genuíno e diferente de todos outros, agregando os valores da cultura brasileira em suas composições e levando todo o carisma que só o Brasil tem. Coisa que Fabio Lione está conhecendo bem de pertinho. Os fãs pernambucanos ansiavam pela chegada do dia em que veriam o show do Angra novamente. Dia 17 de agosto vai ficar marcado como o maior show da banda já visto. As comemorações injetam ânimo para os músicos. Para este show, as bandas Terra Prima (PE) e Age of Artemis (DF) foram convidadas para fazer parte do cast e não decepcionaram! Um pouco antes da liberação da entrada do público nas dependências do Clube Português do Recife, o Angra passava o som sem a presença do italiano. Prestando bem atenção ao último ensaio, Rafael Bittencourt até que leva jeito para cantar. Chegar bem antes é ter o privilégio de ver o aquecimento no ensaio geral. Nos reserva bons momentos como reencontrar os amigos, colocar o papo em dia, além de dar aquele apoio, principalmente para aqueles que iriam fazer parte do show. O Show Os portões foram abertos às 19h, conforme fora anunciado pela organização. Na portaria do Clube havia centenas de fãs à espera da abertura, quando, enfim, ocorreu. Por volta das 21h, como estava no car24


Daniel Pinho (vocal) e a troupe do Terra Prima

Alírio Netto se apresentando com o Age of Artemis

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taz, o show começou com a banda recifense de Heavy Metal, Terra Prima. O quinteto liderado pelo brincalhão Daniel Pinho mostrou todo o seu som, com o qual o público de Recife já está bem acostumado. Cantavam juntos, gritavam, urravam o nome da banda. Grande demonstração para as bandas locais. Logo depois veio a banda brasiliense Age of Artemis, que é liderada por Alirio Netto. Que vale dizer, pessoa simpaticíssima! A banda era esperada por todos, pois os motivos eram óbvios: Alirio pode ser o novo vocalista do Angra, pelo menos é o que as “contigos do metal” dizem por aí. Você pode até ler uma entrevista super legal que eu mesma, esta que vos escreve, fez com ele. Leia aqui. A oportunidade de conquistar o público nordestino era única e Alirio soube aproveitar muito bem, cantando músicas do primeiro álbum “Overcoming Limits”. Foram poucas músicas, mas deu para sentir o feeling da banda. Ao final, ainda rendeu um cover de Ozzy Osbourne com a participação de Daniel Pinho para a música “No more tears”. Bom, quem estava ali na grade, estava bem perto de começar a chorar, pois o momento esperado estava por vir. Até o Angra subir ao palco, ainda demorou um pouco, porque foi necessário desmontar o mais breve possível os equipamentos das bandas de abertura para dar início ao show. No camarim algo diferente e impressionante estava acontecendo. Enquanto o Age of Artemis tocava, a banda e os fãs do Street Team estavam no “meet & greet”, aquele momento que todos desmaiam de emoção por estar perto do seu ídolo. Logo após este momento, os músicos se preparavam para entrar em cena. Mas uma voz... uma voz chamou atenção. Alguém esta-


va aquecendo a voz. Era Fabio Lione. Minha nossa! Não sei bem como explicar o que estava acontecendo. Confesso que nunca ouvi algo deste tipo. Era como se estivesse em um teatro assistindo a um concerto italiano. Algo surreal. Cheguei até a parabenizar Lione só pelo que ouvi. Sensacional! Não muito distante do que deveria ser, quando o Angra assumiu o palco, a plateia ficou ensandecida, desesperada. Geralmente vemos isso com bandas gringas. Mas, poxa, era o Angra, banda brasileira, sabe?

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A tour era de 20 anos do Angels Cry e com a faixa-título do álbum foi que iniciou o show. Foi uma porrada após a outra. Só clássicos. Estava vendo a hora de ver os marmanjos chorarem na grade. Era muita exaltação. Presta atenção nas cinco primeiras músicas: “Angels Cry”, “Nothing To Say”, “Waiting In Silence”, “Time”, “Lisbon”. O povo foi ao delírio. E lembra que falei no início que o Rafael estava cantando? Pois é, ele cantou algu-


mas músicas, inclusive houve um momento mais intimista, voz e violão que ele pôde demonstrar sua habilidade nos vocais. Acompanhado por Kiko Loureiro, que arranhou um pouco na segunda voz, eles fecharam o momento lounge com “Make believe”, que até o Kiko tocou e cantou na sua tour pelo Nordeste em março. E sabe o momento alto do show? “Carry on”. Sabe por que? Alirio Netto cantou esta música. Ele foi convidado pelo Rafael Bittencourt para dar uma palhinha. Não é que

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o cara se saiu bem? É, se são boatos ou não, o cara leva jeito para o Angra. E não poderia ser diferente, Netto saiu ovacionado pelos fãs. Eles aprovaram, viu Alírio? Era quase 1 hora da manhã do domingo, 18, quando o show do Angra acabou com “Nova Era”. E foi só emoção do começo ao fim. Bom, para bom fã do Angra, este show foi o melhor de todos os tempos.


Entrevista

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Texto: Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

Fotos: Divulgação

É uma honra entrevista o Ação Direta, referência musical desde a década de 80. Como é permanecer vivo em um cenário tão difícil como é o underground? Nós costumamos brincar dizendo que somos meio mágicos! Não é - e nunca foi fácil manter uma banda. Passamos por altos e baixos constantes e todas as dificuldades possíveis! Creio que o comprometimento, a amizade e o amor pelo rock pesado foram os fatores cruciais para essa nossa longevidade. Somos uma banda muito ativa e organizada e ao longo desses anos adquirimos muita experiência, a ponto de gerenciarmos tudo o que envolve a banda hoje de uma forma simples, mas eficiente! Atravessamos momentos realmente difíceis, modas que vieram e foram embora, bandas que chegaram com tudo e não deram em nada e hoje em dia temos o privilégio de tocar para diferentes gerações misturadas, para públicos diversos, como Hardcore, Punk, Headbangers, Skate Rockers, etc. Hoje digo que estamos numa excelente fase e orgulhosos de ainda estarmos aqui proporcionando boa música. Voltando um pouco ao início da banda, nos anos 80 tudo era mais difícil e precário. Olhando para trás, como é parar e pensar que já se passaram 25 anos? No início era tudo surreal. Havíamos saído de uma ditadura militar sombria. Havia muita repressão e não recebíamos nenhum tipo de informação sobre o mundo que nos cercava. 30

Montamos a banda em 1986 / 87 sem nenhuma intimidade com instrumentos, sem equipamentos e sem experiência nenhuma, mas com muita garra! Olhando para trás não dá para acreditar que se passaram 25 anos. É uma história muito louca essa que construímos e que ainda está sendo escrita. Temos uma discografia de oito álbuns, diversas coletâneas, tributos, EPs e já dividimos palco com grandes nomes do cenário mundial. Quais as principais mudanças que foram notadas daquela época para a atualidade, tanto no público quanto na estrutura dos shows?


Cara, foram tantas mudanças que é muito interessante analisarmos. Passamos pela revolução das comunicações, com a chegada da Internet e com a globalização. Nós viemos de uma escola diferente. Viemos do tempo em que se divulgava o trabalho através de cartas enviadas via Correio, escritas à mão. Enviávamos nossas demo tapes, k7 , EPs via Correio a outros estados e países. Batalhávamos como loucos por novidades sonoras e devorávamos fanzines xerocados em busca de informações e novidades. Tínhamos disposição de viajar quilômetros para prestigiar um show com bandas nacionais, coisa rara na época. Mas não era fácil conseguir um bom espaço para tocar, 31

instrumentos de boa qualidade e tudo mais. Essa geração de hoje em dia pegou tudo pronto, tudo fácil e todos os caminhos já desbravados pelos “bandeirantes” do rock. Hoje o publico está mais familiarizado com o comportamento e estética do estilo e a qualidade dos shows e das bandas no geral é bem melhor! Após alguns Splits e coletâneas, foi lançado no final do ano passado o álbum “World Freak Show”, que é o oitavo na carreira da banda. O que ele trouxe de diferente dos que foram lançados anteriormente? Começamos a conversar sobre um ál-


bum novo e decidimos lançá-lo nas comemorações pelos 25 anos da banda. Todos estavam inspirados para mergulhar nesse trabalho e já estávamos há seis anos sem um novo álbum, sucessor do Massacre Humano, que foi lançado em 2006. Além disso, o nosso guitarrista Marcus “Pancho” havia retornado à banda após cinco anos fora. Então seria o primeiro álbum gravado após a volta dele. Todos esses ingredientes criaram um clima bem legal e trabalhamos com muita calma e inspiração no processo de composição. Todos os nossos álbuns são diferentes entre si e essa é uma das principais características da banda. Não repetir fórmulas. Temos nosso próprio estilo, que é reconhecido e respeitado e sempre procuramos fazer pesquisas e experiências, trazer coisas diferentes para agregar ao nosso trabalho. No caso de “World Freak Show” mergulhamos em documentários e extraímos ideias, colagens, misturas de diferentes línguas em títulos de músicas, refrãos, etc. Também tivemos a possibilidade de trabalhar com o Heros e o Pompeu (Korzus) novamente. Estes caras entendem muito de produção e têm uma química muito forte com a Ação Direta. Creio que o álbum representa uma banda contemporânea, criativa, livre de rótulos e modas e com muito a oferecer ao cenário brasileiro e mundial! O álbum foi lançado por diversos selos, de onde surgiu essa ideia - que é bastante inovadora? Trabalho desde 2001 com distribuição de merchandising e com meu selo/distro, a Bombardeio Distro. Através desta experiência adquirida, tracei um projeto e levei até a banda que 32

aprovou e ajudou a moldar. Esse projeto visava uma tiragem inicial maior, além de atingir um raio de distribuição mais eficiente. Então fechamos com quatro selos de diferentes localidades, que vieram para somar, para trabalhar pelo lançamento e promoção do álbum em suas respectivas áreas. Estamos muito satisfeitos com o trabalho desses selos, que são a Equivokke Records de São Paulo/SP, a Xaninho Discos Alidos de Belém, a Death Time Records de Belo Horizonte e a Purgatorius Records de Poço Redondo, Sergipe. Tão logo o álbum chegou da fábrica, as cotas já voaram para lugares distantes chegando com certa rapidez e essa logística de distribuição está dando resultados excelentes. O álbum está praticamente em todo o território nacional e as pessoas o encontram com mais facilidade.


Quase que simultaneamente, lançamos o primeiro vídeo clipe de trabalho, da faixa “Desconstrução”. Estamos fazendo também um trabalho muito forte de mídia e tudo isso traz benefícios aos selos envolvidos também. Isso se chama parceria! “World Freak Show” saiu com uma tiragem inicial de duas mil cópias. A produção do álbum ficou por conta de Marcello Pompeu e Heros Trench (ambos do Korzus). De que maneira eles influenciaram para a sonoridade do “World Freak Show”? Eles são produtores de muito talento e profissionalismo. Já tivemos o privilégio de trabalhar com eles nos álbuns “Intervenção”, de 1999, e Revolta/Repúdio/Confronto/Resistência, de 2003. Retornar ao estúdio MR SOM foi algo mágico e que todos na banda 33

foram unânimes em escolher. Chegamos com várias ideais em aberto e deixamos os produtores colocarem suas sugestões. Estávamos trabalhando em equipe e sabíamos que a sonoridade certa iria aparecer. Os caras cuidaram muito bem da produção desde o inicio e o grau de envolvimento foi forte! O Heros tem um ouvido único para mixagens e timbres. O Pompeu, por sua vez, tem uma visão incrível e ideias que sempre funcionam fazendo uma música crescer de maneira impressionante. Estamos felizes com os resultados e os frutos têm sido os melhores! Há algumas participações neste álbum, entre elas a de Marcello Pompeu, que fez a produção. Fale um pouco sobre esses convidados. Resolvemos pensar alguns nomes para o álbum, pois o mesmo marcaria os 25 anos da banda. Como a sonoridade dele é bem variada, cada música tinha uma característica de estilo diferente e nos fez imaginar vozes diferentes, com convidados diferentes. No geral, são amigos nossos de cena, artistas de talento e atitude que admiramos muito. Está sendo fantástico e todos somaram bastante no resultado final. Temos esse privilégio de trazer para nosso álbum grandes figuras, como Vlads (Ulster), Alex Camargo (Krisiun), Rodrigo (Dead Fish), João Kombi (Test), Gigante e Wagner (Et Macaco) e o grande Marcelo Pompeu (Korzus). O título do álbum é bem peculiar à capa. Quem foi o responsável pela imagem? O conceito do álbum com os quatro elementos (água, fogo, terra e ar) corrompidos foi trazido pelo Pancho. Casou perfeitamente com o título do disco, que representa


exatamente nossa atualidade caótica nesses tempos de degradação do meio ambiente, violações de direitos humanos e escravidão humana maquiada com mentiras e falta de ética das corporações dominantes. Toda a parte gráfica ficou a cargo dos irmãos cariocas radicados no ABC Paulista, Gigante e Wagner, da banda Et Macaco. Como está sendo a receptividade do público às músicas do último disco? Estamos muito satisfeitos. As vendas estão ótimas e a receptividade ímpar. O álbum chegou a vários lugares distantes e continuamos trabalhando forte na divulgação e na distribuição. O CD agradou em cheio à imprensa também. Ganhou destaque na Rolling Stones Brasil; nota máxima na Dynamite; nota 09 na Roadie Crew e por ai vai! Já enviamos várias cópias ao exterior também! Acabamos de ganhar o prêmio Dynamite 2013 pelos 25 anos de estrada sem paradas! Já foi lançado o clipe da faixa que se chama Desconstrução. Já estava nos planos que esta seria a música de trabalho ou foi algo que aconteceu durante o processo de gravação? Desde que ficou pronta, essa música nos agradou e a escolhemos com o a primeira faixa de trabalho do álbum. Ela também foi a primeira música composta para o disco e tem uma letra que fala de superação, de vencer obstáculos, da necessidade de seguir em frente. E parece que muita gente de identifica com isso! O clipe está próximo de atingir 10.000 views e estamos muito satisfeitos com o resultado final. Já temos planos para o segundo 34


vídeo clipe do álbum, que deve ser rodado no inicio de 2014. Muitas bandas sonham em fazer turnê pela Europa e o Ação Direta já é experiente no assunto. Essas tours são as mil maravilhas - como muita gente pensa - ou é uma batalha por dia? Tivemos até o momento cinco experiências internacionais com a banda. Em 1996 fizemos dois shows na Argentina, um em La Plata e outro em Buenos Aires. Na sequência emendamos quatro tours pela Europa (1997/1999/2001 e 2004), passando por países como Portugal, Espanha, França, Suíça, Itália, Eslovênia, Áustria, Croácia, Alemanha, Holanda e Bélgica. Foram experiências fantásticas e que mudaram nossas vidas de certa forma. Mas tudo foi fruto de um trabalho pesado e disposição para encarar o que viesse pela frente. Não tivemos moleza e tudo exige muito trabalho, logística, planejamento, organização e uma equipe de confiança. Vale lembrar que hoje as bandas escolhem os festivais que querem ir, a van e o equipamento que querem usar, tudo pela Internet, tudo mais fácil e encaminhado. Nossas tours foram feitas na raça, total bandeirante, desbravando tudo na unha (risos). Mesmo assim, foram aventuras maravilhosas e colhemos frutos delas até hoje. Esperamos voltar ao velho continente com certeza! Nessas viagens pelo estrangeiro, alguma história inusitada que ao olhar vocês não acreditaram que aquilo seria possível? De que maneira essas voltas por outras terras influenciam a banda, tanto nas composições como no dia a 35


dia? Com certeza nessas tours acontecem diversas coisas inusitadas, histórias legais, outras nem tanto. Fomos à Croácia e Eslovênia em 1999 em plena guerra do Kosovo. Isso marcou forte! O contato com a cena independente, a produção e distribuição do material. O trabalho coletivo, “faça você mesmo”, é algo que te inspira! Tem também a lado do músico. Você adquire uma versatilidade muito forte, entrosamento ímpar, noção de timbragens, pois cada dia é um palco diferente, uma acústica diferente. Tem esse lado e o lado da inspiração de tocar com diversas bandas, de diferentes estilos, músicos diferentes, influências diferentes e isso também agrega muito, enriquece tudo! Por falar em outras terras, “Risotto Bombs” foi um álbum gravado ao vivo na Eslovênia. Há pretensões de gravar algum ao vivo em terra Tupiniquins? Costumo dizer que “Risotto Bombs” foi nosso único testemunho daquela tour fantástica de 1999. Estávamos lá só nós quatro mais um casal holandês e aquela noite foi mágica. Pouca gente sabe disso, mas o show foi gravado numa fita k7 de 90 minutos, por cima de um AC/DC que estávamos ouvindo na van. O show foi irado, com cerca de 400 pessoas na casa e a gente já estava no 12º show da tour. Quando ouvimos a gravação no toca fitas da van, ficamos espantados com a qualidade, lacramos a fita e só abrimos aqui no Brasil. Temos muito orgulho desse álbum, que é um documento importante de uma banda brasileira em solo europeu. O título se deu porque após um show na Áustria, em Viena, ganhamos cerca de 20 sacos de risoto, que nos serviram de refeição por muitos dias, preparados no fogão 36


da própria van! A Ação Direta já se apresentou com diversas bandas internacionais, como Napalm Death (UK), CJ Ramone (USA), Agnostic Front (EUA) e outros grandes nomes. Qual foi o que mais marcou para vocês? Todas foram experiências legais, pois dividimos o palco com bandas que nos influenciaram e isso é mágico. Não consigo citar uma ou outra. Todos esses encontros foram peculiares. Recentemente dividimos palco pela primeira vez com o Sepultura e posso dizer que foi marcante para nós também! O Brasil é a casa da banda e vocês já fizeram diversos shows por todo o país. Por onde a Ação Direta ainda não passou e pretende se apresentar nessa nova turnê? A Ação Direta está focada no Brasil nesse momento. Queremos levar a banda a lugares onde ainda não estivemos e também voltar a lugares que visitamos. O Nordeste é uma de nossas prioridades. O Norte idem. Estamos fechando vários festivais e creio que em breve teremos novidades! Aliás, produtores interessados em levar a banda, por favor, entrem em contato pelo e-mail: adgepeto@uol.com.br. ou pelo Facebook ad Paulo Gepeto AD. Muito obrigado pela entrevista e a Rock Meeting agradece a gentileza. Mais sucesso nessa turnê e que se estenda bastante, para que todos possam prestigiar a sonoridade da Ação Direta. Sem palavras! Muito obrigado pelo apoio e oportunidade. Nos veremos nos shows – “World Freak Show” | 25 anos de Ação Direta. www.acaodiretabrasil.com.br 37


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Portugal é conhecido por sua “velhidade” histórica, colonizações que aprendemos nas aulas de História. Mas os lusitanos também sabem fazer música, minha gente. Por esta razão, cruzamos o oceano em busca do que está acontecendo por lá e trouxemos a banda Destroyers of All. O quinteto acabou de lançar o EP “Into the fire” e vamos conversamos justamente sobre esse lançamento. Acompanhe agora uma super entrevista com os caras da banda e saiba o que falam da sua música, influências, cena underground portuguesa e o que conhecem do Brasil. Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

Olá pessoal. Saudações brasileiras. Este é o nosso primeiro contato e, por isso, sintam-se à vontade. Por favor, não meçam as palavras. Como de costume, sempre pedimos para os nossos entrevistados se apresentarem. Creio que este é o primeiro contato com o público brasileiro. Primeiramente obrigado pela entrevista e oportunidade de divulgar o nosso nome no Brasil. Nós somos os Destroyers of All, banda de Coimbra – Portugal. Na bateria temos o Filipe Gomes, baixo Bruno Silva, guitarras Guilherme Busato e Alexandre Correia e na voz João Mateus. Vocês são bem novinhos, datados do ano de 2011 e já se destacam no cenário lusitano. Como surgiu a banda? Quem convidou quem? A banda era um projeto meio antigo 40

que estava parado. Tivemos a oportunidade de retomar as atividades, só que desta vez a sério. Isso tudo foi em outubro de 2011, eu (Guilherme), o Filipe e o Alex fomos os primeiros a nos reunir e a começar a compor músicas. Posteriormente entrou o Bruno e o João, delineando assim o line up. A banda trabalhou intensamente no EP de estreia e preparou para lançar tudo de uma vez, lançando de uma só vez o EP, Video Clipe, site, Facebook...etc. Talvez por isso tivemos um certo impacto e acabamos por nos destacar rapidamente no cenário e as críticas têm sido incrivelmente positivas. A propósito, de onde surgiu o nome da banda? O nome surgiu depois de cada elemento trazer várias ideias, depois separamos os nomes que mais gostamos e através de consenso escolhemos os Destroyers of All.


Enquanto Brasil, conhecemos poucas bandas portuguesas e, principalmente, sobre a cena underground. Pois bem, o que pode nos dizer do cenário por aí? Portugal tem um cenário underground muito forte, mas com pouco apoio. Aqui temos bandas de excelente qualidade em todas as vertentes, principalmente no thrash, death e black metal. Temos também vários festivais dentro do cenário metal que cada vez crescem mais apesar da crise que passamos. Toda banda nova passar por muita resistência e aos poucos vai se adaptando. Como tem sido esse processo de aceitação na cena local ou aconteceu de modo natural? Sinceramente estamos começando agora a fazer shows e a divulgar o nosso nome ao vivo. Porque até agora temos trabalhado muito pela Internet. A aceitação têm sido boa tanto ao vivo como pela net, tivemos vários convites e conseguimos marcar uma mini tour por Portugal, que estamos realizando neste momento. Estamos trabalhando arduamente para que o pessoal goste de nosso som de forma natural. O primeiro EP saiu. Seis músicas. “Into the fire”. “Soul Retrieval” é bem intenso logo no início. O vocal e o peso das guitarras ajuda muito para isso. Porém o baixo sobressai bastante. Foi uma opção ou simplesmente aconteceu? Por incrível que pareça, temos 3 baixistas na banda, mas cada um toca em bandas diferentes e penso que todos na banda adoram um baixo forte. Acho que isso contribuiu para o destaque e o nosso produtor conseguiu isso de uma forma que não afetasse o resto da produção. Penso que isso é um dos pontos 41

fortes do EP, a produção. Ainda sobre “Soul retrieval”. A música é antecedida por uma introdução de dor, muita dor. Logo a “alma se recupera”. Para mim, casou bem a proposta. É isso mesmo? É isso, nossas letras neste EP de estreia são críticas sociais, atacamos o que julgamos estar errado e esse ataque seria o lado positivo, pois é a nossa forma de lutar e criticar contra a política, guerras e outros temas. Não dá para deixar de falar da faixa-título do EP. Minha nossa, “Into the fire” é viciante. Que riffs pegajosos! É, acho que vocês souberam chamar a atenção com ela. Com o surgiu esta música, já que ela é a música de trabalho da banda? Obrigado pelas palavras... O esqueleto da música foi feito por mim (Guilherme), todas a sequência e riffs em uma tarde. Depois levei para o resto da banda ouvir e todos gostaram, a partir daí o João fez uma letra poderosa e ajudamos a construir os vocais. O Alex fez vários arranjos assim como solos e o Bruno e o Filipe deram os retoques finais. No fim era uma das músicas mais diretas que achamos ser ideal para ser o carro chefe do Ep. Engraçado. As faixas são bem longas para quem é do Thrash/Death Metal. Porém não é enjoativo, pelo contrário, é bastante instigante e progressivo. O projeto é bem esse mesmo, não é? Hehehe, você tem razão, cada elemento da banda é virado para uma vertente diferente do metal, apesar de todos gostarem de algumas cenas em comum... Temos pessoal do


black metal, outros do death e thrash, assim como o heavy e o rock... mas também todos gostam um pouco da viagem do progressivo. Então, para que todos ficassem satisfeitos na banda, misturamos um pouco de tudo, mas essa mistura não poderia soar forçada e teria que agradar a todos na banda. Claro que não foi uma tarefa fácil, mas até a fizemos de forma natural. Acho que isso é o Destroyers of All, essa mistura de estilos, mas sempre optando em beirar o Thrash e o Death. Pois bem, quando sai o full-lenght? Já tem esboço dele? Já começamos a trabalhar, temos várias músicas encaminhadas e também gostamos de compor entre todos e discutir os temas. Agora uma data ainda é muito cedo para isso. Mas queremos lançar o quanto antes. Shows. E a agenda, como está? Qual tem sido a resposta do público? Temos alguns shows marcados para as próximas semanas, um pouco por todo o país. A resposta do público tem sido bem mais positiva do que nós poderíamos esperar. Temos sido muito bem recebidos e as pessoas reagem com grande entusiasmo à nossa música e energia! Estamos muito contentes por isso e entusiasmados para os shows futuros. Inspirações. É bom sempre saber de onde vem a inspiração das bandas. De onde vem a de vocês? Quem são suas bases musicais? É difícil responder a isso, porque todos os membros são influenciados por estilos e grupos diferentes. Porém grupos como Death e Pantera são influências unânimes para todos! A nossa inspiração vem da junção dos diferentes gostos e desafio para criar algo di42

ferente e variado. O que vocês conhecem daqui do Brasil? Que bandas brasileiras vocês conhecem e o que poderia destacar destas bandas? Conhecemos alguns grupos, como os lendários Sepultura, também uma influência de todos nós. Porém, aqui não chegam assim tantas notícias sobre a cena Heavy Metal brasileira… Ratos de Porão… Garotos Podres… Depois alguns de nós gostam dos Krisiun, Sarcófago, Vulcano, entre outras… Se pensarmos um pouco, algumas das bandas que foram mencionadas foram enormes influências para os sub-estilos do Heavy Metal de hoje em dia, bandas como Sepultura, Ratos de Porão ou Sarcófago deixaram a sua marca


que demonstra gosto pelo que fazemos.

e influenciaram muitos músicos e bandas. Em falar do Brasil, quem vocês destacam das bandas portuguesas? Moonspell não vale (risos). Aqui em Portugal existem muitas bandas boas, com qualidade e dignas de serem mencionadas, de todos os estilos! Por exemplo aqui no nosso distrito, bandas como os Tales For The Unspoken, Terror Empire, Antichthon, Midnight Priest… E depois existem aquelas bandas que já existem há muito tempo e merecem destaque internacional. Bandas como Concealment (uma banda única), WAKO, Switchtense, Grog, The Last Of Them, Corpus Christii. Dependendo do estilo, posso nomear muitas outras, o país não é muito grande mas existem muitas bandas, o 43

O que o DOA tem ouvido? Relacione 5 bandas e fala um pouco sobre elas. Outra pergunta muito difícil de responder.Devido aos nossos gostos pessoais, cada um ouve um monte de bandas totalmente diferentes! No fundo, todas elas podem servir de inspiração para as variadas secções que as nossas músicas possuem! Bruno: Septic Flesh, Black Sabbath, Ulcerate, The Faceless, Opeth e Diablo Swing Orchestra. Guilherme: Megadeth, Warbringer, Evocation, Obituary, Bloodbath, Angelus Apatrida, Severe Torture e Ghost. João: Cobalt, Darkspace, Pentagram, Cattle Decapitation, Angelus Apatrida e Dissection. Alex: Deep Purple, Kiss, Alice Cooper, Led Zeppelin, Guns n´roses, Skid Row, Camel, Dream Theater, Simphony X, Black Sabbath, Pantera, old Metallica, Megadeth, Kreator, Testament, Judas Priest, Avenged Sevenfold e Slipknot. Filipe: Deathspell Omega, Mgla, Ulcerate, The Faceless, Benighted, Animals As Leaders, Concealment e Ghost. Para finalizar, o que podemos esperar do DOA para 2013? Aproveite e deixe a sua mensagem para os nossos leitores. Saudações galera. Sucesso enorme. Muito obrigado! Até ao final deste ano, esperamos conseguir chegar mais longe, alcançar mais pessoas, tocar mais concertos e assimilar o feedback das pessoas acerca do nosso trabalho. Vamos ver o que 2014 nos reserva, já começamos a trabalhar em novos temas para um futuro lançamento!


Tarja Turunen - Colours in the Dark Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Antes de escrever este artigo eu não tinha qualquer noção do que dizer para você, nosso leitor. Só que eu remoendo minhas coisas dei de cara com o novo álbum da diva suprema, soberana, salve-salve, Tarja Turunen. Eu seria muito injusta se não falasse a respeito. Desde que ele vazou na internet tenho ouvido, porém, nas primeiras ouvidas, não me conquistou, confesso! Estou sendo sincera. “Ah, então agora você ama?”. Não, não estou amando o novo álbum dela, mas dei uma chance para que eu pudesse desfazer as traves que me impediam de ouvir mais atentamente. Depois de tantos amigos me marcando em suas postagens sobre o novo álbum de Tarja, perguntando sobre a minha impressão e eles dizendo que seria o melhor álbum dela, eu, enfim, parei para escutar direito. E, mais uma vez, não estou amando, mas agora eu suporto com mais louvor, digamos assim. A primeira música de trabalho, “Victim of Rrrrritual” é um chiclete só. Meu Pai, é muito chiclete. Essa eu amei. AMEEEEI. 44

Num vou mentir! As músicas que seguem são o problema. Gosto de uma, não gosto da outra. Eu diria que é um álbum regular. Eeeeu, eu estou dizendo isso. Mas os “tarjetes” amaram. É inegável o poder de voz que Tarja tem, isso não é dúvida para ninguém. Neste álbum ela mostra que tem fôlego, potência e são altos agudos, ainda há tempo para a versatilidade. Um pouco desta mostra está em “Victim of Rrrrrritual”. Você deve estar se perguntando, por que tantos “r’s” em Ritual? Escute a música, aí vai me entender direitinho. Enfim, ainda escutando o álbum, mas já posso dizer as minhas preferidas: “Victim of Ritual”, “500 Letters”, “Never Enough” (que eu acho o final bem inconclusivo, porém a música ganhou mais peso e ficou ainda melhor), “Mystique Voyage” (adorei), “Deliverance”, “Neverlight”, “Medusa”. Bom, quero mais peso nas músicas e menos baladinhas. Tarja precisa ser melhor aproveitada. Ok, são lembranças de outras épocas que ainda a persegue.


Judas Priest - Breaking the Law Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

A década de 80 foi muito importante para a história do Metal, já que foi nesse período que várias bandas gravaram álbuns clássicos. Um desses foi lançado em 1980 sob o título de “British Steel” pelos britânicos do Judas Priest. Eles que apareceram para o mundo junto com o “New Wave of British Heavy Metal” (N.W.O.B.H.M – Nova Onda do Heavy Metal Britânico), que foi um movimento que surgiu no final da década de 70 dando uma nova cara para o Metal. O Judas Priest é formada por Rob Halford (vocal), Glenn Tipton (guitarra), K.K Downing (guitarra), Ian Hill (baixo) e Dave Holland (bateria) Esse disco que é considerado como um dos melhores da história do Heavy Metal, têm 9 faixas e a sonoridade é incrível. Esse é um daqueles álbuns que não pode faltar

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na coleção de nenhum amante do estilo. A importância dele é tanta que o álbum já inicia com um dos principais ‘hinos’: “Breaking The Law”. Por aí já dá para entender o motivo de Rob Halford ser considerado o “metal god”, que é título de uma das músicas que merece ser destacada. A que mais gosto é “United”, junto com “Living After Midnight”. É difícil tentar simplificar discos como este, já que é apertar o play e deixar tocar a essência do puro Heavy Metal. Sem contar que são poucas faixas e só para frisar, já citei quase 50% do disco. Não da para discutir: é um álbum maravilhoso. Se ainda não ouviu, procure urgentemente, pois esse é um daqueles álbuns que você não pode deixar de ouvir e esse eu recomendo!



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