Revista Rock Meeting #54

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Lançamentos

Editorial Gostaríamos, inicialmente, de parabenizar as bandas brasileiras que estão lançando novos álbuns, projetando e buscando o seu espaço. Porém vamos enfatizar uma publicação, dentre poucas, sobre o metal pernambucano. O nosso amigo, o jornalista Wilfred Gadêlha, acaba de lançar seu primeiro livro que conta um pouco da origem do Metal em Pernambuco. Entre teses e dissertações, este é o primeiro livro que faz este registro. Para quem estiver em Recife vale conferir. Sentimo-nos honrados de sermos citados nos seus agradecimentos e estamos aqui para ajudar as bandas, os músicos e, principalmente, a região Nordeste a ganhar mais espaço e ser destaque em todo o país. Estamos aqui para apoiar os que iniciam e para os que continuam o trabalho que é árduo e requer muita determinação. Então, não poderíamos deixar que esta publicação passasse em branco. Ao nosso amigo Wilfred mais sucesso sempre e quem puder adquirir o livro leia mais na matéria relacionada ao lançamento do PEsado. No mais, galera, keeping rock!


Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 11 - News - World Metal 14 - Review - Savages 16 - MatĂŠria - PEsado 18 - MatĂŠria - Ariel Coelho 22 - Entrevista - Cauterization 28 - Entrevista - Vitamin X 36 - Capa - Havok 44 - Entrevista - Malefactor 54 - Entrevista - Skin Culture 62 - Entrevista - Kid Joe 75 - Coluna - Review


Direção Geral

Pei Fon

Revisão

Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa

Alcides Burn

Colaboradores

Charley Gima Ellen Maris Jonathas Canuto Mauricio Melo (Espanha) Rodrigo Balan Rodrigo Bueno Rômel Santos Sandro Pessoa

CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting



Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press)

Nortt

AS BANDAS DE UM HOMEM SÓ E m um mundo onde uma grande parcela de pessoas optam por viver isoladas, muitas vezes, por questões de segurança, facilidade em adquirir meio de sobrevivência (comida, vestuários e até mesmo o conhecimento). Existem aqueles que optaram em adquirir e, também, produzir arte isolados e sozinhos. Devido às dificuldades em lidar com uma banda, onde três ou mais cabeças discutem a produção do trabalho, muitos artistas resolveram apostar na carreira solo. Sendo assim, o músico tem a total autonomia e responsabilidade no processo de criação de um álbum. Devido à estrutura clássica da maioria das bandas é visto que boa parte do público ainda torce o nariz quando o assunto é assistir um show onde uma única pessoa no palco. Ainda mais sem uma banda de apoio,

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como é o caso de cantores solos. A banda de um homem só é caracterizada pela utilização de samplers junto da performance do vocalista que, hora ou outra, traz consigo um instrumento. Isso já é algo que evolui de forma natural em estilos mais alternativos como também no próprio Black Metal. Porém, a maioria destes artistas, ainda preferem se resguardar nos estúdios. No Doom Metal não é diferente. Estes projetos passaram a ser mais evidentes dentre os velhos e novos artistas do gênero. Exemplo disto é a banda dinamarquesa “Nortt” que, desde 1997, vem apresentando um Funeral Doom com elementos de Black Metal. Assim como a americana “The Howling Void”


Mortiferik

com seu Symphonic/Funeral Doom Metal e a “Dreams After Death” da Hungria com seu Atmospheric Funeral Doom. No Brasil, algumas bandas passaram a representar este método de produção. Dentre elas, a “My Threnody” de Minas Gerais, é pioneira no país quando o assunto é Doom One Man Project. A banda possuía características fortes de Black e Dark Metal e chegou a lançar dois álbuns full, uma demo e um EP. A “Bloody Tears” do vocalista “Earth” (Sedu-

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ced By Suicide) do Estado do Rio Grande do Sul, com uma demo e dois MCD lançados e, por fim, um single disponibilizado no ano de 2013. A “Hermit Age”, que apesar de possuir traços de Doom, apresentava também fortes influências de Death, Gothic, Black Metal e Industrial, com dois álbuns full lançados, uma demo tape e um single também lançado em 2013. Atualmente uma banda que vem se destacando, por estar quebrando barreiras devido suas peculiares apresentações ao vivo, é a carioca “Mortiferik”. Fundada em 1998 por Anderson Morphis, este projeto carrega densas passagens do mais puro Funeral


Doom/Black Metal. A utilização de samplers de bateria e instrumentos de base, oferecem o suporte para os vocais e guitarras utilizados pelo vocalista. A banda ainda assusta boa parte do público mais tradicional e conservador, porém de acordo com os resultados de suas primeiras apresentações, a avaliação foi positiva por aqueles que puderam contemplar a “Mortiferik” em palco. Algo bastante satisfatório para os adeptos destes tipos de projetos. As “Bandas de um Homem Só” tendem a aumentar devido as facilidades que hoje temos em compor e gravar nosso material. E, caso haja um aumento nas apresentações destas, podemos nos preparar para novas perspectivas de palco, ideias para melhor entreter o público e os adeptos deste gênero, o que seria realmente muito bom!

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Novo álbum Para os fãs da banda Arch Enemy, que estão esperando um novo lançamento, eis que há boas novas. A banda liderada por Angela Glossow divulgou que “War Eternal” está sendo mixado e a previsão é para junho, via Century Media Records. Segundo o guitarrista, Michael Amott, “estamos produzindo nós mesmos como fizemos com o ‘Khaos Legions’ em 2011”. O “War Eternal” está sendo mixado por Jens Bogren (Opeth, Paradise Lost, Kreator) do Fascination Street na Suécia.

Nova formação

Queen + Adam

A banda pernambucana Inner Demons Rise apresentou sua nova formação. A banda é composta por Jairo Neto (baixo), Miguel Dantion (guitarra), Alcides Burn (vocal), Alejandro Flores (guitarra) e Davi Souza (bateria) que está como convidado e vai participar do próximo EP com previsão de ser lançado ainda neste semestre. Agora é só aguardar!

O Queen anunciu uma longa tour pelos EUA junto com Adam Lambert, que foi descoberto pela banda quando cantou “We are the champions” no American Idol em 2009. Em 2012, a banda convidou Lambert a fazer uma tour pela Europa, três deles na Inglaterra tiveram ingressos esgotados. A tour começa em junho e vai até julho.

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Novo álbum 2

Novo Álbum 3

A banda paulista Slasher lançou seu segundo full-lenght com o novo vocalista. “Katharsis” está disponível para download na página dos caras. É só acessar o site e lá tem o link para você ouvir antes de baixar. O sucessor de “Pray for the Dead” vem com uma faixa em português, até para manter a tática de ter uma faixa na língua portuguesa. Então, corre para o site e baixe já. Acesse AQUI.

Para os fãs do Mayhem eis a boa notícia. A banda norueguesa retorna de seu hiato e anunciou que gravará o sucessor de “Ordo Ad Chaos”, 2007. E se você não se aguentar, já pode ouvir uma amostra do que está por vir. E lembrando que 2014 é o ano em que se comemora 30 anos da banda mais famosa do Black Metal. Escute a faixa “Psywar” e tire suas próprias conclusões. Clique AQUI.

Aponsetadoria Eric Clapton não precisa de apresentações. Após 40 anos de estrada, Clapton já anuncia a sua aposentadoria: “Subir no palco é fácil. Se eu pudesse fazer isso em minha vizinhaça seria ótimo. Há caras no Texas que tocam em seu próprio circuito e isso os mantêm vivos. Mas, para mim, a luta é a viagem. (...) Então, o plano é: quando eu completar 70 anos eu vou parar. Eu não vou parar de tocar ou me apresentar de vez em quando, mas eu parar de fazer turnês, acho”, frisou Clapton. Em outras palavras, se você tiver a oportunidade de ver um show desse cara, não hesite, vá. Você não terá outra chance! 12


Realizando sonhos A banda holando-finlandês Nightwish recentemente realizou o sonho de um jovem polonês chamado Marcin, ele possui uma doença em estado terminal e um de seus desejos era conhecer a banda. A ação foi divulgada em uma entrevista para um jornal finlandês onde o frontman da banda, o tecladista Tuomas Holopainen, falou sobre o pedido: “O menino está gravemente doente e não há esperança. Seu último desejo era conhecer todos nós do Nightwish, tivemos uma reunião e vimos que as nossas preocupações pessoais parecem triviais”. Emocionado, o garoto escreveu uma carta onde agradece a todos que o ajudou a realizar seu sonhos, e finaliza: “Todas as coisas boas chegam ao fim. Estou muito contente por ser capaz de conhecer o Nightwish, não há palavras para descrever”.

De volta ao Brasil 2 A banda Rotting Christ volta ao Brasil para quatro shows em maio: Rio de Janeiro (15), Limeira (16), Varginha - Roça N Roll (17) e São Paulo (18), assim confirmou a produtora TC7. Ainda não há informações sobre os valores dos ingressos, porém em breve serão divulgados, uma vez que os shows acontecerão em maio. No mais, o mês de maio está recheado de bons shows, agora é só escolher.

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De volta ao Brasil 3

O grupo italiano Lacuna Coil retorna ao Brasil em maio para três shows: Curitiba (09), Rio de Janeiro (10) e São Paulo (11). A banda traz consigo a turnê “Revolver Hottest Chicks in Hard Rock Tour”. Além dos sucessos já esperados, a banda liderada por Cristina Scabbia e Andrea Ferro já lançou “Nothing stands in our way”, música do próximo álbum - Broken Crown Halo -, e é muito provável que executem a música nos shows. Portanto, é ir ao show e conhecer o que está por vir.


Savages Texto e Foto: Mauricio Melo

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titude! É disso que falamos, pensamos e sentimos quando nos vem à cabeça a palavra Rock and Roll. É o que realmente esperamos quando vamos a um show, ainda que o mesmo não tenha um grande público, ainda que a banda não seja de ótima qualidade, ainda que... Para o show de ontem à noite, na Sala Apolo, destacaremos nossa pequena introdução acima até o que definimos como Atitude, pois a banda em questão, além de tê-la ainda possui qualidade e bom público. Várias evidências nos levam a esta conclusão, a primeira nos recepciona na escadaria de entrada. Um pequeno cartaz anunciava que a banda pedia para não gravar ou fotografar o show. Não era uma proibição pois, no texto original colado logo abaixo e melhor explicado na língua inglesa, idioma materno onde a banda Savages provém (Londres), a mesma expressava seu desejo de poder, nos dias atuais, viver uma daquelas mágicas noites de rock como existia há poucos anos e que parece extinta nos dias atuais, que é o poder e o prazer de assistir, cantar e cultivar quem nos oferece um show ao invés de assistir o mesmo através de uma pequena tela, fazer “selfies” para publicar nas redes sociais a cada minuto com o simples intuito de tirar onda com o vizinho, esse era o pedido para um público (em geral) que há muito necessita de um puxão de orelha. 14


Por falar em público, um bom número compareceu a esta que pode ser considerada a primeira jornada do Primavera Sound do ano. Um show que a princípio estava marcada para a pequena Sala 2 porém, por questões de força maior, ou melhor, de público maior, a organização se viu na necessidade de mudar para a sala principal. Já no palco, o quarteto britânico não deixou dúvidas sobre sua tão badalada e “repentina” fama. Um quarteto feminino não sexy, não divertido e nada de baladas. Distorção, escuridão, roupas negras, cabelos curtos e uma postura de palco que flerta entre Joy Division e a primeira versão de Souxsie and the Banshees. Não! Não estamos brincando ou exagerando e aquele aviso na escadaria já expunha a personalidade da banda. Para os que pensam que abriram a noite descendo a madeira, um engano. Uma interpretação pra lá de limpa de Jehnny Beth (vocal) em “I Need Something New”, uma versão quase à capela. Em “Strife” a versão plugada da banda já começa a tomar forma junto aos primeiros acordes distorcidos da guitarra de Gemma Thompson e “City’s Full” já oferecia o formato completo do grupo com o baixo a todo vapor, distorção em camadas com a guitarra, bateria marcada e vocal com olhar desafiador ao público. Que o digam as sombrias “I Am Here” e “Wainting for a Sign” mas a que agitou o público sem dúvida foi “No Face” com direito a um stage dive indie de algum empolgado, que para tal público foi todo um espetáculo. Curiosidade mesmo foi ver no setlist a seqüência que fechava a noite. “Husbands”, “Hit Me” e “Fuckers”.interpretem como queiram. Até! 15


PEsado: o Metal de Pernambuco como nunca visto Livro do jornalista Wilfred Gadêlha remonta às origens e discute o heavy metal em Pernambuco

Por Assessoria

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ma publicação inédita, que revisita os primórdios e estabelece as conexões da cena metal de Pernambuco com outros gêneros, como o punk e o mangue. Em 352 páginas, o autor Wilfred Gadêlha relembra fatos, esclarece lendas e confronta opiniões no livro PEsado – Origem e consolidação do metal em Pernambuco. Mais do que apenas contar uma (s) história (s), PEsado lança luz sobre o underground do Estado em suas contradições e conquistas ao longo de pelo menos cinco décadas. O lançamento da obra acontecerá no bar Rocket 48, no Espinheiro, no dia 11 de março, às 19h e na Livraria Saraiva do Shopping Recife no dia 27 do mesmo mês, também às 19h (vide serviço). Patrocinado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), mecanismo de financiamento de produtos culturais do governo do Estado, PEsado é fruto de um trabalho iniciado em 2009, por intermédio dos pesquisadores pernambucanos Amílcar Bezerra, Daniela Maria Ferreira e o franco-lusitano Jorge de la Barre, além 16

de Gadêlha. Após duas pesquisas culturais (Transformações – A cena metal no Recife pós-mangue-2011 e Além da capital: música pesada no interior de Pernambuco-2012), ambas via Funcultura, o grupo resolveu transformar as informações obtidas em um livro. Cultura e Saraiva. O livro irá custar R$ 25,00 e será comercializado nas livrarias Cultura e Saraiva ou de forma direta com o autor através de encomendas pelo e-mail pesadoolivro@gmail.com. Mais de 150 entrevistas foram feitas para a produção de Pesado. Entre as fontes, produtores de eventos, músicos, fanzineiros e designers a donos de loja, fotógrafos e jornalistas, passando por proprietários de bares e casas noturnas. Além dos protagonistas e coadjuvantes da cena local, foram ainda entrevistados nomes como Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy), Andreas Kisser (Sepultura, De La Terra), Carlos “Vândalo” Lopes (Dorsal Atlântica), Cláudio Bezz (Taurus) e Marcelo Laranja (Chakal), entre outros personagens importantes para o desenvolvi-


mento do movimento headbanger no Estado. Com projeto gráfico assinado pelo designer Alcides Burn, PEsado não aborda a cena de maneira cronológica. Em vez disso, estabelece três eixos de discussão por onde os debates trilham: Espaço (onde se ouvia música pesada, onde se comprava disco, onde acontecia show), Som (as bandas em suas peculiaridades estéticas e sonoras, em uma geral que tem início com os pioneiros da psicodelia pesada no Estado, como o Phetus de Zé da Flauta, Laílson e Paulo Rafael) e Imagem (como o metal era retratado na mídia, como os próprios headbangers assumiram a tarefa de contar suas histórias via fanzines, fotos, cartazes e ilustrações). Assuntos como a popularização do metal pós-Rock in Rio (1985), a convivência (quase) harmoniosa entre metaleiros e punks, o advento do mangue (o grunge pernambucano, na visão dos bangers locais), as novas tecnologias, o festival Abril Pro Rock, o primeiro show do Sepultura (no longínquo 30 de maio de 1987, em Caruaru) – uma gama de assuntos que interessa até a quem nunca ouviu um acorde pesado e que vai fascinar os amantes do estilo Brasil afora. SOBRE O AUTOR Wilfred Gadêlha é jornalista, formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Começou a carreira em 1990, escrevendo em fanzines. Teve textos publicados em veículos como IstoÉ, O Estado de S. Paulo e Diario de Pernambuco. É editor de Cidades no Jornal do Commercio. Foi baterista das bandas Dark Fate e Cérbero e hoje é vocalista do Cruor e do Câmbio Negro. O jornalista Wilfred Gadelha segurando o seu primeiro livro: PEsado.

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O CENÁRIO ATUAL DA PESQUISA E ENSINO DA VOZ ROCK NO BRASIL Por Assessoria Fotos: Divulgação

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ão é novidade que o acesso dos cantores e cantoras de bandas brasileiras de rock ao ensino das técnicas vocais utilizadas no gênero é deveras restrito, seja por falta de recursos financeiros, seja pela falta de profissionais preparados para o ensino de tais técnicas. Isso porque a esmagadora maioria dos professores de técnica vocal do país ainda foca suas atividades exclusivamente no ensino das técnicas utilizadas e desenvolvidas para o canto erudito e derivações. E os que se aventuram no ensino das técnicas vocais aplicadas ao canto popular, ou por desconhecimento, ou por falta de preparo mesmo, subestimam as técnicas vocais desenvolvidas e aplicadas para o rock e seus subgêneros (metal, hard, etc.). E no intuito preencher tal lacuna da pedagogia vo18

cal, baseado nos mais modernos conceitos em técnica vocal, bem como nas mais avançadas pesquisas das chamadas Ciências da Voz (laringologia, fonoaudiologia, etc.), em 2006 nasceu o Curso Livre de Técnica Vocal Aplicada ao Rock, com o objetivo de instrumentalizar teórico-praticamente os candidatos a rock singers acerca daquela que é considerada a questão fundamental e mesmo o maior dos desafios de uma autêntica pedagogia vocal rocker: “é possível cantar rock com todas as suas exigências técnicas (voz power, agudos encorpados, drives, etc.) e ao mesmo tempo ter/manter uma voz saudável?”. E da necessidade de congregar os esforços teórico-metodológicos e experiências dos profissionais que trabalham com a voz rock no Brasil (vocalistas, professores de


canto e técnica vocal, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, etc.), nasceu em 2014 o 1º Congresso Brasileiro de Profissionais da Voz Rock. Trata-se de uma iniciativa do Curso Livre de Técnica Vocal Aplicada ao Rock, mas prontamente abraçada por vários profissionais brasileiros que já vêm arduamente trabalhando na/pela causa em seus respectivos estados/cidades. E por fim, o Conservatório/ Faculdade Souza Lima abraçou a causa para garantir que o evento seja algo realmente primoroso! Com o objetivo promover um espaço propício para a sistematização de uma agenda comum de trabalho dos profissionais da voz rock, visando o aprimoramento das suas práticas com os rock singers brasileiros; de provocar/produzir um balanço das instituições/ pessoas envolvidas com questões circundantes à prática do canto rocker em todo o território nacional, em todas as suas dimensões; de ampliar a capacidade de produção técnico-

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-artística das bandas de rock brasileiras, através da instrumentalização teórico-prática em técnica vocal rock dos seus cantores e cantoras; de proporcionar aos cantores(as) brasileiros(as) de rock uma compreensão teórico-prática mais abrangente das técnicas vocais utilizadas pelos cantores mais expressivos do gênero, tanto no âmbito nacional quanto no internacional; e de inaugurar na cena rocker brasileira um espaço para eventos do gênero, com um pano de fundo expressamente pedagógico, desdobrando no enriquecimento cultural dos músicos brasileiros, o evento será realizado em São Paulo (Faculdade Souza Lima), nos dias 15 e 16 de março, com muitas palestras, exposições, debates, uma super jam e um show para fecharmos com chave de ouro. Os ministrantes confirmados são Ariel Coelho (SC), Lyba Serra (SP), Reinaldo Yazaki (SP), Guilherme Pecoraro (SP), Márcio Markkx (SP), André Rima (SP), Raphael Dan-


tas (PE), Fábio Caldeira (SP), Bruno Francesco (RJ), Beto Sorolli (MG), Matheus Farro (AP), Gardênia Azevedo (GO), Stephanie Shirmbeck (SP), Kátia Gally (SP), Fernanda Hay (PR), Cristiana Camboim (RS), Evandro Teixeira (SC), Mauro Andrea (SP), Osvail Junior (SP), Vívian Veríssimo (RJ) e Mizuho Lin (PR), Sérgio Faga (SP), Iuri Sansom (RS), André Fanton (DF), Ivan Alexandre (BA). Informações completas sobre a programação, bem como sobre os palestrantes, no site www.vocalrock.com.br. Por fim, é preciso registrar que trata-se mesmo de um marco histórico na pedagogia vocal brasileira, quiçá mundial. Lets rock, guys!

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Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding) Fotos: Divulgação

Sabe aquele power trio sonzeira e muito barulho? Você pode nem achar que vai render alguma coisa, mas há muitas bandas que estão aí para dizer o contrário. A entrevista desta edição mostra que é possível fazer um som genuinamente pesado, extremo, com letras fortes, melodias impactantes e tudo isso com o sotaque brasileiro.

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Conhece a banda Cauterization? Aproveite o momento, reserve um tempo para a leitura e conheça esta banda que ainda vai dar muito que falar. Além de ser um power trio, o vocal é feito por uma mulher e é com ela, Maysa Rodrigues, que vamos trocar um papo. Deleitemse!


Vocês formaram a banda em 2008, como foi a dura batalha até a gravação do debut EP “Males Infestus”? Olá Rodrigo, primeiramente agradeço o espaço aqui cedido pela Rock Meeting. Bem, o projeto iniciou-se em meados de 2008 como um duo: Trojillo e eu. Em 2009, convidamos o Well para juntar-se a nós. A necessidade de registrar um material veio com as primeiras apresentações ao vivo, em 2010, onde as pessoas começaram a se interessar pela banda e solicitar material concreto. Ensaiamos incansavelmente três peças durante alguns meses, queríamos entrar no estúdio mais do que preparados, é claro. Escolhemos um estúdio muito bacana e o resultado está aí. “Males Infestus” foi lançado em 2011. Como tem sido o feedback até hoje? Foi lançado em 2011, de forma independente, depois, no mesmo ano, com o apoio da LAB 6 Music. Em 2012 foi lançado na Polônia em versão Tape pela Till You Fukking Bleed. Já em 2013 lançado pela Morbid Syndicate em versão digipack contendo o vídeo oficial da peça “Infernal Battlefield”, acompanhando button, poster e patch bordado. Sabe-se lá qual será a próxima versão(risos). O fato é que, até hoje, esse material é pauta de resenhas, matérias, comentários no mundo todo. Evidente que isso é muito mais do que esperávamos. Muito embora eu nem ache que esse Ep é a “cara da banda”, mas tenho consciência da importância que ele teve para nós, como músicos. Honestamente, eu ouvi esse material uma vez, quando saiu a primeira prensagem, e eu tive que ouvir pra ver se estava tudo ok, tenho problemas com isso, aquela história de músico crítico “ah eu poderia ter feito diferente aqui ou ali”.

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O Ep “Nasu” era para ter saído no final do ano passado, mas vocês tiveram alguns problemas com a capa. Expliquenos o que ocorreu? Realmente tivemos problemas com prazo. A princípio seria uma tela pintada à mão por um artista Prudentino, achamos que seria interessante essa coisa mais “retrô” por se tratar de um lançamento analógico. Trata-se também de um material conceitual, mas acabou não rolando da forma que idealizamos. Atualmente quem desenha a capa é o conceituado artista brasileiro Rafael Tavares, esse menino é sensacional, sabemos que o resultado será incrível. O que você pode nos adiantar de “Nasu”, ele sairá independente ou por algum selo? Serão apenas duas peças da banda e uma introdução eletroacústica composta pelo Doutor em Arte e Tecnologia, André Luiz Gonçalves de Oliveira, que foi meu professor na Graduação e é um grande amigo. O compacto 7” sairá pela Misanthropic Records e Lab 6 Music, dois grandes amigos e parceiros que sempre nos apoiaram. Como está a agenda de shows de vocês para esse ano? O que já teve de contato de organizadores do Nordeste querendo nos levar pra lá não está escrito (risos). É sempre um dilema isso. Custos altíssimos que acabam por destroçar quaisquer possibilidades de apresentação por lá. Torcemos muito pra que uma hora role. Veja, como sempre digo, o Cauterization não é exatamente uma banda Live. Mil e um motivos nos impedem de cair na estrada. Vez ou outra rola algum show que as condi24


ções e suporte são interessantes aí vamos. Esse primeiro semestre a prioridade é lançar o compacto “Nasu”, mas rolam algumas negociações com alguns organizadores de MG, SP, PR. Já vi em alguns blogs o EP de vocês disponíveis para download. Qual é a opinião sobre os downloads “ilegais”, até onde isso ajuda ou atrapalha a banda? Atrapalhar? Pode até “atrapalhar” o músico comercial que ganha a vida com música de massa, no aspecto financeiro. Eu não ganho a vida vendendo discos de metal extremo aqui no Brasil, infelizmente essa realidade está muito distante de nós, sejamos sinceros! Não tenho como controlar essa exposição, propagação, divulgação “ilegal”; então não me oponho a ela, uma vez que eu só tenho a ganhar através dessa ferramenta tão eficaz de comunicação instantânea e compartilhamento de arquivos. Há tempos que temos mulheres na cena extrema mas, após a grande exposição da Angela (Arch Enemy), que as pessoas começaram a olhar com outros olhos e as mulheres deixaram de ser aquele ser frágil que assolou o planeta no final dos anos ‘90, com aquela avalanche de bandas com mulheres cantando de forma lírica. Eu acredito que as raízes desse paradigma sejam mais profundas do que pensamos. Estou pra te dizer que, com a pouca experiência que tenho, conheci pouquíssimas mulheres que realmente apreciam o som extremo em toda sua essência. Imagine, se temos essa dificuldade com o verbo “curtir” ou “apreciar”, quem dirá no “fazer” ou “produzir”. Creio que teremos mais mulheres pro25


duzindo metal extremo quando tivermos mais mulheres (apreciadoras) interessadas pelo metal extremo. Mudando um pouco de assunto, você é formada em licenciatura em música e gostaria de saber até onde a teoria musical ajuda em suas composições? O que surge primeiro é o feeling e depois você verifica se está tudo ok? Essa graduação me fez ser outra Maysa (risos). Conheci e desvendei muita coisa de que não fazia ideia que existia no contexto musical, e melhor, pude me apaixonar por muitas delas. Música contemporânea, atonalismo, é um bom exemplo disso. Os conhecimentos de harmonia me ajudam nas composições, é claro, entretanto, eu recorro muito mais ao que “eu” acho interessante utilizar, seguindo dessa forma o caminho contrário da harmonia tradicional. Porque aí as regras passam a ser secundárias e o que vale mais é a minha concepção do belo. Alguns dos seus solos me lembrou muito aquela veia Death Metal dos anos 90, que foi/é muito explorado pelo Peter do Vader. Onde há aquele falso harmônico seguido de uma alavancada. Como você constroi os seus solos e quais são suas principais influências? Solo sempre foi um problema pra mim. Sinto muita dificuldade em criar algo que me agrade. Eu sempre cito um cara que eu acho fenomenal como influência, não no sentido de querer que minhas composições soem como as dele (nem que eu quisesse), mas é realmente um multi-instrumentista admirável que eu quase furo os discos de tanto ouvir: Dave Suzuki. 26


Vocês já chegaram a cogitar um segundo guitarrista, ou preferem manter a banda como um power trio? Já cogitamos a entrada de um session, sim, apenas para ao vivo. Mas como não tocamos tanto ao vivo e, de fato, temos uma certa preferência por seguir em trio, devido à ligação extra musical que temos, essa possibilidade se desfez quase que instantaneamente. O que você anda escutando atualmente, qual o seu playlist atual? Sinceramente?! Esse ano eu ainda não parei para ouvir música como sempre fiz. O meu momento de apreciação musical atualmente é apenas das 6h às 7h quando estou treinando (risos). No playlist contém: Azarath, Belphegor, Myrkskog, Dissection, Witchmaster, Infernal War, Iperyt... por aí vai. Obrigado Maysa por essa entrevista, deixo o espaço livre para suas últimas considerações. Rodrigo, foi um imenso prazer! Eu agradeço o espaço e o apoio da Rock Meeting. Fiquem ligados, em breve o novo material “Nasu”! Sucesso a todos!

Para ter conhecer a banda, acesse os perfis nas mídias socias. Cauterization - Facebook | MySpace.

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Texto e Fofos: Mauricio Melo (Espanha)

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banda holandesa de hardcore Vitamin X desembarca no Brasil neste mês de Março para uma série de shows. No total, 10 shows incluindo a cidade de Belém que, pelo menos para a banda, está sendo aguardado com muita expectativa e não duvidamos que do lado do público seja diferente. Não é a primeira vez que o grupo visita nosso país e ainda tem um estreito relacionamento com os integrantes de um dos maiores representantes da música pesada no Brasil, o Ratos de Porão. Foi para conversar sobre alguns detalhes, lembranças de turnês passadas, disco novo, Steve Albini, Negative Approach e muito mais que esbarramos com o guitarrista Marc após avassaladora apresentação na segunda noite do Can’t Keep Us Down Barcelona Hardcore 2014. Após rápido contato visual através das lentes da câmera passamos a trocar perguntas por respostas, daí formalizamos uma entrevistinha despre30

tensiosa que rendeu um bom papo, risos, sessão de fotos promocionais e uma boa amizade. Com vocês, Vitamin X! Hardcore made in Amsterdam. Começamos falando sobre o último álbum. Normalmente as bandas lançam discos com mais frequência , como a cada dois anos. Vitamin X lançou os últimos dois com 4 anos de diferença. Algum motivo especial para levar tanto tempo? Nos primeiros anos lançamos um disco por ano. Mas, depois de “Full Scale Assault”, tivemos tantos shows e turnês que não tivemos tempo de gravar alguma coisa. Novamente com Steve Albini, um produtor de música hardcore realmente incomum. Como é a experiência de


trabalhar com ele e a diferença sobre outros produtores? Nunca pensei que eu estaria trabalhando com o mesmo cara que trabalhou com o Nirvana, Jimmy Page, Robert Plant (Led Zeppelin), Iggy Pop… Quando entramos no estúdio de Albini ele estava usando um macacão de estilo trabalhador pesado (uma roupa de encanador) no qual é a sua roupa de trabalho e tem o nome de seu estúdio na parte nas costas. Sua equipe de engenheiros também utiliza o mesmo macacão. É como se eles fossem cientistas nucleares ou algo assim. No início ficamos impressionados por Albini e o estúdio. Ele trabalhou com algumas das maiores bandas da história do rock, mas ele é um cara super legal e super descontraído. Depois de um dia mais ou menos ele já começou a fazer piadas e contar sobre o Kurt, Iggy, Jimmy Page, etc. A diferença com outros produtores é 31

que Albini tem trabalhado com muitas grandes bandas, então ele tem muita experiência. Ele está trabalhando com equipamento completamente analógico e não usa qualquer computador. Utiliza umas bobinas, as maiores que consiga, para obter o som o mais alto possível. As baterias foram gravadas em um quarto tão grande quanto uma igreja e o som é incrível. Uma outra diferença foi que todos tínhamos nosso próprio quarto. Foi assim que nós trabalhamos de 12:00 até às 24:00 ou uma da manhã. Íamos para a cama e levantávamos às 10 ou 11 para se preparar para a gravação. No meio, enquanto os outros estavam gravando seu solo ou vocal, estávamos comendo ou jogando sinuca (Albini tem uma mesa de bilhar grande em seu estúdio). Então estávamos completamente concentrados nas gravações.


A banda gravou com John Brannon (Negative Approach) e também publicou um vídeo-clip. Alguma possibilidade de gravar algo no Brasil, com participações de brasileiros? O Billy do Biohazard já fez isso algumas vezes... Isso seria ótimo! Talvez devêssemos pensar sobre isso! Quando falamos em Amsterdam geralmente pensamos nos Coffee Shops, no Bairro Vermelho, etc. Mas o Vitamina X é uma banda Straight Edge. É difícil de ser e banda deste estilo em uma cidade como essa e como é a cena por lá, é forte o suficiente? Todos os membros da banda não bebem, não fumam, etc. Mas, musicalmente, liricamente e estilisticamente não somos uma banda de SE. Letras: Nós não temos nenhuma letra sobre Straight Edge, porque não nos interes32

sa se uma pessoa é straight ou não. Principalmente porque também temos letras políticas ou letras pessoais. Vivendo na sociedade capitalista e todos os tipos de coisas que você tem que lidar como seu trabalho, insegurança econômica, aquecimento global, o capitalismo e a falta de paz no mundo. Na verdade, temos várias músicas sobre legalização de drogas. Algumas pessoas realmente não entendem como pode apoiar a legalização de drogas. Mas para nós, isto é uma questão política e pensamos que legalização reduz o crime e o vício. Música: nossas influências vem de bandas do início dos anos 1980 como Bad Brains, DRI, Black Flag, Discharge, Motorhead, Infest, UK 77 punk e alguns anos 70 rock de bandas como Black Sabbath ou AC/DC. Como está a cena Straight Edge? Não sei nada sobre isso. Continuando com o movimento. Quan-


do tudo começou, ou pelo menos há 2 ou 3 décadas, não tínhamos internet e sabemos que atualmente nos traz um monte de facilidades no momento de oferecer a música. Durante a década de 80, pelo menos no Brasil, quando uma banda como Minor Threat lançava um álbum, poderíamos levar anos até que alguns de nós tivesse uma cópia, ás vezes só tínhamos uma fita cassete que era uma cópia de uma cópia, baixa qualidade, sem letras, etc, etc. Hoje em dia temos toda uma geração com direito a estas facilidades, mas o movimento hardcore ainda é um underground. Na sua opinião, o movimento deveria ser maior ou de qualquer forma, nasceu para ser underground? Sim. Punks de todo o mundo agora podem se comunicar uns com os outros, configurar programas, baixar músicas, etc. Na época eu também tive que esperar para ouvir a música 33

até que alguém me enviar um registro, ou fez-me uma fita, ou quando a banda tocava em Amsterdam comprava seus discos, mas agora tudo está disponível para todos em todos os lugares e continuamos underground. Como é a vida do Vitamin X fora da banda? Algum projeto especial ou vida normal? Marko tem uma nova banda de hardcore chamada Open Wounds, ele toca guitarra. Eu tenho uma banda chamada Demon Eyes em que canto e toco guitarra. A música é mais estilo do início dos anos 70 como Black Sabbath. Ouvimos algumas estórias sobre os shows asiáticos (talvez Indonésia?), que estava um calor infernal, talvez o show mais quente da carreira, não? Vocês estão indo para o Brasil no mês que vem e tocam em Belém, vocês sabem


que ali e no Rio de Janeiro, pelo menos neste momento, está uns 45 graus? Em 2005, nós tocamos em Jakarta, Indonésia com Boka do Ratos De Porão na bateria. Esse show foi extremamente quente, e nós tivemos que terminar o show antes do tempo, porque nós estávamos quase morrendo. Boka até tinha algo branco saindo da boca dele. Depois do show, o promotor disse-nos que uma semana antes, o cantor de uma banda tinha morrido no palco por causa do calor. Quais são as expectativas da banda para que concertos? Porque aqui em Barcelona o concerto e o público estavam selvagens, mas acredito que lá o 34

público não ficará para trás... Estamos ansiosos para todos os shows do Brasil incluindo os shows no Norte (Amazonas?), será muito louco!! Já comentamos que Boka do R.D.P. tocou com vocês da última vez. Além do Ratos de Porão, alguma outra banda que tenham contato ou gostariam de assistir ao vivo? Temos muitos amigos no Brasil. Nós amamos RDP e o Boka, eles são muito bons amigos. Também pessoas como Kalota, Juninho, Pedro, etc. são nossos amigos e estamos muito ansiosos para ver todos os nossos amigos brasileiros!


Conte-nos sobre a experiência de estar no Gordo Freak Show da última vez que a banda visitou nosso país e você chegou a comentar comigo em Barcelona que naquela ocasião as pessoas te reconheceram na rua ou algo assim, não? Foi engraçado da MTV e Gordo Freak Show. O Boka tocou com a gente, e o Gordo também cantou durante a última música. Nós tocamos 6 ou 7 músicas, e quando tocamos a última música, eu e Alex (baixo) destruimos os intrumentos. Em seguida, o público veio ao palco e tentou pegar as peças de guitarra e baixo destroçados e então a segurança veio e houve uma grande luta (risos). O produtor 35

do programa disse que foi uma gravação interessante (risos)! Sim, depois da TV as pessoas nos reconheceram na rua (risos). Qualquer segredo “nos bastidores” dessa época que você pode nos contar? Hoje em dia todos estão checando a internet quando estamos nos bastidores, então nada de interessante está mais acontecendo... Alguma mensagem para o público brasileiro? Estamos ansiosos para vê-los em nossos shows, caramba!!!!


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Pela 1º vez no Brasil Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Tradução: Jonas Sutareli Fotos: Ester Segarra

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Olá pessoal. Saudações do Brasil. Em primeiro lugar, é uma satisfação imensa por esta entrevista. Sejam bem-vindos. Para começar, ansiosos para a primeira tour no Brasil? Demais! Estou sempre empolgado para ir a lugares que nunca estive!

ciais a vinda de vocês foi bem vista. Vocês costumam ler as mensagens dos fãs na fanpage da banda? Normalmente eu checo o Facebook da banda algumas vezes por semana. É difícil às vezes quando estamos na estrada e temos acesso muito limitado a internet.

O que sabem sobre o Brasil? E as bandas brasileiras? Sepultura não vale (risos). Sei que a lingual materna do Brasil é o Português e que é o lar da Amazônia e de muitas florestas tropicais. Eu realmente não conheço nada mais do que isso sobre o país. Além de obviamente Sepultura, eu conheço Violator, é claro!

Estão na estrada desde 2004 e muita coisa mudou desde então. Já são 3 cd’s e muitos hits. O que vocês prometem para a tour no Brasil? Eu posso prometer que nós tocaremos coisas de todos os álbuns da Havok, incluindo o EP “Point”. Os fãs podem esperar para tomar uma dose gigante de heavy metal! É nossa intenção mandar todos para casa com pescoços doloridos e vozes roucas.

Há uma ótima expectativa para a chegada de vocês em abril. Nas redes so38

Bandas do mesmo estilo de vocês como


o Fueled by Fire e Lazarus AD estão na mesma vibe do revival do Thrash old school. Seria este o novo momento do Thrash Metal resgatar as raízes? Qualquer momento não é o certo para riffs poderosos de heavy metal, rápidos e agressivos para serem revividos?! Muita coisa do que é chamada de “metal” atualmente não é o que eu cresci conhecendo como metal. Riffs coerentes e boas composições de letras estão se tornando escassas nos dias de hoje. Alguém tem que manter a tocha dos riffs de rock flamejantes! 2014 já começou com duas grandes turnês: Ásia e América Latina. Chegou a hora do Havok conquistar o mundo? Eu acho que eventualmente as pessoas crescerão e cansarão dessa coisa de “post-tech-prog-djenty-doom-grind”. Quando isso 39

acontecer, elas procurarão por uma banda que faça o metal “do jeito que ele costumava ser no passado”. Prevejo uma época em que as pessoas estarão famintas para ouvir um riff de guitarra legal com um solo devorador. Provavelmente, todas as bandas “clássicas” já vão ter parado na próxima década ou perto disso. O mundo precisará de bandas com riffs pesados e Havok estará lá para preencher o vazio. Vocês se consideram os sucessores ou a próxima geração do Thrash Metal que tem como representante o Slayer? Nos considero como ambos. Fã de Heavy Metal é igual em qualquer lugar do mundo? A música é mesmo uma linguagem universal? Com toda a certeza! Além dos números, a


música é a única verdadeira linguagem universal. Não importa qual língua a pessoa fala, se ela é um músico, você pode colocá-la em uma sala com outros músicos que não falam a mesma língua e elas ainda seriam capazes de se comunicar sonoramente entre eles. Apesar de não serem capazes de conversar um com o outro, eles seria capazes de criar músicas harmoniosas juntos. É realmente incrível quando você pensa sobre isso. Música é essencial à vida humana. Pelos lugares que já tocaram, o que de mais interessante e estranho vocês podem falar? A coisa mais surreal para mim foi quando nós estávamos em Bogotá, para o festival ‘Rock Al Parque’. O show foi absolutamente de explodir a mente: imagine um oceano de pessoas e algumas dezenas de circle pits simultanea40

mente. Ainda não caí na real que nós tocamos para um público tão grande! Mais tarde, pela noite, no lado de fora do hotel, estávamos fumando um baseado na frente de soldados do exército colombiano que empunhavam metralhadoras! Mesmo sabendo que eles estavam lá para nossa proteção, ainda era loucura ver soldados completamente armados, parados lá nos assistindo infringir a lei. Nossa primeira viagem à América do Sul para tocar no Rock Al Parque sempre estará em minha mente como um dos melhores momentos em minha jornada musical. Costumo perguntar aos nossos entrevistados qual o Top 5 das bandas que influenciam a banda. Qual o top 5 que influencia o Havok? Cite um álbum de cada banda e fale um pouco sobre eles. Eu não tenho um top 5 definitivo de bandas.


Eu escuto muitos estilos de música diferentes para escolher apenas cinco, mas aqui vai uma pequena lista de cinco álbuns que mudaram a minha vida: Metallica - “Ride The Lightning”: Não há muito que eu possa falar sobre esse disco que já não tenha sido dito. É classic por uma razão. Eu posso honestamente dizer que esse album salvou minha vida quando eu era aolescente. Mr. Bungle - “Mr. Bungle”: Se eu estivesse encalhado numa ilha deserta com um tocador de música, esse álbum definitivamente teria que vir comigo. A criatividade e facilidade com que as músicas desse álbum grudam na sua cabeça é algo inacreditável. Eu sou inspirado por esse disco toda vez que o ouço porque a música é tão caoticamente complexa, exótica e assustadora. Além do mais, eu nunca ouvi um álbum que tivesse tantas coisas 41

atrativas adicionadas em sua pós-produção. Dou meus calorosos parabéns aos homens que fizeram está dinâmica obra de arte. Toda vez que o ponto para tocar eu ouço coisas que nunca tinha notado antes. De quantos álbuns você pode falar isso?! Slayer - “Reign In Blood”: Até hoje, eu não tenho certeza se já ouvi outra coisa tão feroz e diabólica. Para mim, este album define o thrash metal. Tem attitude o bastante, velocidade, agressividade, adrenalina e range até praticamente arrancar sua cabeça fora quando você escuta pela primeira vez em um volume adequado. Pantera - “Cowboys From Hell” : Isso é Heavy Metal! Para mim não há na história um vocalista de metal melhor do que Phil Anselmo cantando neste álbum. Desde os riffs, aos vocais, bateria, a produção, tudo envolvendo este álbum é absolutamente esmagador! Al-


gumas de minhas seções musicais favoritas de todos os tempos estão neste disco. Megadeth - “Peace Sells... But Who’s Buying” : A guitarra base tocada nesse álbum é loucamente amarrada, a bateria é de matar, as linhas de baixo tem muito embalo, Mustaine e Chris Poland estraçalham em uma outra dimensão, e as letras batem forte. Este álbum exala saborosos riffs e ganchos incríveis; Ele nunca envelhece! Continuo tendo uma ereção auditiva cada vez que escuto aquele riff veloz no meio de “Black Friday”. Para finalizar, desta tour pode sair algum documentário ou gravações para algum novo videoclipe da banda? Muito obrigada pela entrevista, esperamos vocês no Brasil. Tem um novo vídeo no qual estamos trabalhando que os fãs podem esperar para ver em Junho ou Julho. Estamos muito empolgados em vir ao Brasil pela primeira vez e nós estamos ansiosos para ver os circle pits brasileiros.

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“Nosso som não Por Pei Fon com Alcides Burn Foto: Divulgação

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o está na moda” 45


A banda lançou, em 2013, o “Anvil of Crom”. Na minha opinião, o álbum mais maduro e bem produzido. Como está sendo a repercussão e como o público está recebendo as novas músicas ao vivo? Lord Vlad – Nós temos passado por um processo que já tinha um tempo sem acontecer, que é ter de conquistar um novo público, tentando manter aqueles que já nos acompanhavam. Nosso som não está “na moda.” Seguimos aquela escola da década de 90, que começou na Grécia com o Horrified e o Rotting Christ, na Finlândia no começo do Amorphis, aliada às nossas influências nacionais e gringas que geraram este som diferenciado. Mas, ao que parece, a “Krisiun mania” (com enorme respeito ao grande Krisiun) e a moda “retro-80” deram uma diminuída e as pessoas voltaram a se interessar por este tipo de som mais cadenciado e com músicas maiores. Músicas como “Elizabathory”, “Blood of Sekhmet” e “Anvil of Crom” já são reconhecidas e pedidas nos shows, embora uma grande parte ainda esteja nos redescobrindo. O cenário metal se recicla a cada 5 anos e, a maioria dos caras que ouviam nossas demos e nossos 2 primeiros discos, já estão casados, coroas, mais reclusos e percebemos o grande número de adolescentes e jovens no underground. Estamos sendo bem recebidos, como sempre, e só temos a agradecer. O disco conta com algumas participações especiais como no “Centurian”. Fale-nos quem são e como chegaram a eles? Existem bandas que fazem um som “linha de frente” no Brasil. O Unearthly, hoje, pratica um tipo de metal extremo próximo às algumas bandas do leste europeu, que por aqui eu não via rolando. Mas somos amigos desde a 46


época de demo-tape deles. O vocalista, Eregion, é um grande amigo e sempre demonstrou apreciar muito nosso trabalho, além de ser um vocalista fenomenal. Ele cantou comigo a faixa “666 Steps to Golgotha”. Já a Susane Hecate é vocalista do Miasthenia, que pra mim, sempre esteve no grupo de elite, no que se refere à criatividade e lealdade ao underground. É uma das minhas bandas preferidas e sempre tive vontade de tocar com eles. Uma tour das 3 bandas juntas seria matadora demais, ao meu ver. Hecate cantou e compôs comigo a letra de “A Guerra Virá”, uma das mais agressivas do álbum. Não ficamos pensando em participações para chamar as vendas, são bandas do underground. Pensamos em ter amigos/irmãos e que façam um som do qual sejamos apreciadores. Fale um pouco sobre o conceito do disco, desde as letras até a concepção gráfica que, por sinal, ficou excelente. Nós levamos muito tempo para compor e gravar este disco por inúmeros fatores. Tivemos muitas reuniões e concordamos que era hora de tentarmos surpreender novamente. Quando lançamos “Celebrate Thy War”, em 1999, fazíamos um som próximo ao som do álbum novo mas não tínhamos controle sobre produção. Não tínhamos nem mesmo condições técnicas na época. Desde 95 que o Malefactor foi pioneiro na América do Sul nesta mescla de Black metal com heavy metal épico. Mas de 96 em diante que a coisa realmente tomou forma, com a entrada de Jafet e Elaine, nossa primeira tecladista realmente participativa. No “Anvil...” tentamos retornar ao nosso som desta época, surpreendendo a muitos, mas claro, seguindo também a sonoridade dos últimos discos. Hoje podemos fazer o que queríamos em 99 pois agora já temos estúdios tão bons quanto os gringos na Bahia. Já temos 47


profissionais que entendem esta linguagem, e, claro, somos mais técnicos na execução da nossa arte. Apesar de a música título ser mais uma homenagem a um personagem de Robert E. Howard, o criador da Era Hiboriana, a maioria das letras são anti-religiosas, hinos de guerra, poemas obscuros, retratando um mundo de sombras, “iconoclastia” e sempre trazendo grandes personagens e símbolos pagãos e diabólicos de outras eras. Desde o começo da banda já se notava uma influência de heavy metal no som. Hoje estas influências são ainda maiores e é possível ouvir muito mais elementos melódicos e épicos nas músicas. Gostaria de saber quais as influências de vocês e como isso é colocado nas composições? 48

O heavy metal tradicional sempre esteve muito forte nos nossos discos. Talvez apenas eu usasse menos vozes “clean”, mas os riffs de heavy tradicional estão lá desde sempre. Se existisse uma forma clara de separar nossas influências, eu diria que somos filhos da escola grega do Black metal, do heavy metal tradicional, e do Bathory nas fases Viking e Black Metal. Claro que você encontrará pequenas doses de thrash, doom e death metal ainda, pois não somos presos a nenhuma proibição na hora de compor. Nós somos metalheads desde moleques (só de banda já se vão 23 anos) e ouvimos de tudo no metal, contanto que não seja White, nem nazi, nem palhaçada. Não tenho problemas em ouvir Saxon quando acordo, depois o “INRI” do Sarcófago e depois o “Nightfall” do Candlemass. Eu venero todos estes estilos. E isso tudo nos in-


fluenciou, claro. Basta ouvir um disco nosso. A banda se encontra com uma formação bastante estabilizada há muito tempo, o que é meio difícil de acontecer nos tempos de hoje. Como vocês vêm isso e qual o segredo para se manter desse jeito? O segredo é todo mundo levar o metal a sério, gostar de beber e ser muito verdadeiro um com o outro. Temos pequenas brigas quase todo dia, mas somos irmãos. Irmãos não perdem tempo guardando rancor por merda. E claro, tem que aguentar muita onda. Já teve muita gente que entrou nesta banda e não soube lidar com nossa forma de agir. As brincadeiras são pesadas. No passado distante a gente se metia em muita briga, tudo era envolto em muito radicalismo. Mesmo assim, a gente se 49

dá bem com todos os ex-integrantes, e foram muitos em 23 anos. Mas desde 2006 que eu acho que o time fechou. Sempre existem momentos que a coisa está pior pra um, mas é a hora de conversarmos e acharmos uma saída. Mas ninguém que tocou com a gente foi sacaneado, ou saiu falando mal do Malefactor. Pode ter ficado magoado um tempo, mas se você viesse um dia na Bahia, ia ter uma surpresa. A “familia” quase toda sempre reunida pra beber, ouvir metal. Tirando os que moram fora da cidade, quase sempre todo mundo que é ou já foi do Malefactor se vê bastante ainda em show e reuniões metalizadas. Vocês lançaram o clipe de “Blood of Sekhmet” que ficou bem interessante pelo fato de ter sido feito dentro de um estúdio como se a banda tivesse


ensaiando. De quem foi a ideia e vocês pretendem lançar outro clipe desse álbum? Na verdade ali é um “making of” da gravação do disco novo. Não de um ensaio. A idéia foi nossa, e deu muito certo, se levarmos em conta até a questão de custos e porque curtimos bastante clips como este. Acho do caralho o “Perfect Strangers” do Deep Purple. Fizemos quase na mesma época o vídeo para “Anvil of Crom”, mas com uma produção grande. Com muitos efeitos especiais, muito foda. Infelizmente, foi uma parceria, e até hoje a empresa não entregou o vídeo. Quase 2 anos depois do começo das filmagens. Tivemos que refazer algumas coisas e realmente gostaríamos que ele saísse antes da metade do ano. Já estamos começando a pré-produção em breve para um vídeo de “Elizabathory” e tomaremos mais cuidado com prazos. A cena de Salvador sempre foi de grandes nomes e muito respeitada, a maioria das bandas seguem a linha mais Death Metal, mais porrada. O Malefactor sofreu algum tipo de preconceito quando resolveu enveredar pra essa linha mais melódica? Nós começamos tocando Death Metal, na linha Morgoth, Sepultura, Acheron, Headhunter DC. A diferença é que eles sabiam tocar, e nós não. (risos). Mas era meio que obrigatório em 91 você ter uma banda de death metal. O Cannibal Corpse, o Deicide e o Napalm Death começavam a vender como água e todo mundo só ouvia death metal 24 horas por dia. E tem que lembrar que era uma época difícil ainda pra ter material. Só rolava LP e fita cassete. Cd ainda era bem caro. O thrash era quase que uma ofensa, tinha virado algo divertido e famoso demais e a gente gostava e ainda gosta de música com cheiro de enxofre. As50

sim como outras bandas nasceram grindcore e foram moldando seu som ao Death Metal, nós começamos como uma banda de Death/ Thrash, e fomos pendendo para “o lado negro da força”,(risos)a partir de 95. Alguns na época nos odiaram. “traidores do death metal”. Pow! Nós tínhamos 14 ou 15 anos. Hoje tenho 37. Estávamos na construção de uma identidade musical. Que banda você conhece que faz o mesmo som da época da demo tape e tem 23 anos na ativa? Das bandas baianas que gostávamos, na época em que começamos, só sobreviveram o Headhunter DC e o Mystifier, que vieram poucos anos antes da gente, e mesmo mantendo-se bem mais pró-


ximos dentro de suas vertentes, também tiveram mudanças no formato de suas composições em alguma época. Nunca deixamos de amar o death metal. Eu realmente fiquei uma época bastante chateado com isso de ter que ser o que querem que eu seja. É muito cristão e quadrado ao meu ver. Até parei de ouvir muitas bandas de death metal uma época, porque todas soavam como fórmulas. E ainda não ouço algumas delas, não me dizem nada. Assim como ouço pouquíssima coisa de grindcore. Preciso de riffs e mudanças de andamento. Mas sem exageros de um lado ou de outro.

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Vocês irão se apresentar ao lado do Obituary em abril, e Headhunter D.C. também faz parte do show. Vocês estão preparando algo diferente para o show e o que vocês esperam do evento? Estaremos tocando com o Obituary, na cidade maldita, numa estrutura muito boa. Isso já é diferente para Salvador, acostumada a shows em locais ruins e raríssimos shows internacionais. Teremos músicas do novo álbum ao vivo, e estaremos ao lado de grandes bandas. O resto é bater cabeça e fazer o melhor show possível. Espero que apareça um público digno de um show deste porte. Deixaremos para produzir algo maior nosso, afinal o headliner


é o Obituary, para a gravação de nosso DVD, ainda este ano. Recentemente vocês fizeram uma minitour com o Kataphero e o Mordazse, fale um pouco do que vocês acharam desses shows. Foi bastante corrido, cansativo, mas também divertido. Obrigado a todos que compareceram ou produziram os eventos. Tivemos pouca chance de conhecer o pessoal do Mordazse, mas desejamos toda a sorte aos caras. O Kataphero, além de serem tranquilos pra caralho, o que tornou a viagem muito melhor, pois viajávamos juntos, pra mim é uma banda que irá bastante longe ainda. Depende muito deles continuarem querendo. “Ninguém sai”. Top 5. Sempre perguntamos sobre as influências de quem entrevistamos. Cite o top 5 das bandas que influenciam o Malefactor, cite um álbum e fale um pouco sobre ele. 5 bandas: Rotting Christ, Horrified, Bathory, Iron Maiden e Septic Flesh. Se fosse para falar sobre um álbum, eu escolheria o “In The Garden of the Unearthly Delights” do Horrified. Ele é bastante desconhecido pela maioria. Quando se fala em Grécia, lembram sempre do Rotting Christ, do Septic Flesh, Necromantia, Varathron, mas estes caras fizeram um disco que mudou nossas mentes. Eles são os culpados de tudo. Eu sempre fui fanático pelas histórias de Robert E. Howard (Conan, Rei Kull, Sonja), e viajava muito no Manowar, pela sonoridade do “Into Glory Ride” (que o Bathory “homenageou” no Blood on Ice) e pensava em como seria uma banda que mesclasse o lado épico do Manowar com a veia do Celtic Frost, Bathory. Tinha que vir da Grécia, o berço da filosofia. Quando ouvi este disco eu fiquei pa52

rado no tempo. Basta ouvir este disco e nosso primeiro álbum, pras pessoas entenderem do que eu falo. Por fim, o que estão preparando para 2014. Muito obrigado pela entrevista e sucesso sempre. Estamos já com uma filmagem profissional de nosso show no Roça and Roll 2013 que ficou fantástico, e filmaremos um show em Salvador pro nosso DVD em um ótimo Teatro, porém ainda estamos na época de captação de recursos. Iremos lançá-lo com os 2 shows, junto com todos os clips e o show do Brasil Metal Union remixado e remasterizado. Além disso, imagens da tour e outros bônus. Vai ser um DVD com MUITA coisa e vai valer cada centavo investido por quem comprar. Obrigado pelo espaço. Stay Evil!

Conheça um pouco mais sobre a banda acessando seu perfil na rede social. Malefactor - Facebook



Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Ale Ruaro 54


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Saudações galera do Skin Culture. Satisfação imensa neste nosso primeiro contato. Shucky Miranda (vocal): Olá amigos da Rock Meeting, é um prazer estar aqui com vocês. Já se vão quase dez anos de banda e muitas conquistas. Mudanças ocorreram, mas a pegada é a mesma. O que ficou desde o início da banda para a atual formação? Shucky: Quando eu criei o Skin Culture, em 2003, a banda já nasceu com o espírito de ser um projeto pessoal meu o qual pudesse administrar livremente de acordo com os meus anseios. Eu não queria passar pelos mesmos problemas de ego natural em todas as bandas. O que ficou até hoje foi essa postura de trabalho centrado. Mas hoje, finalmente, consigo enxergar o Skin Culture a caminho de se tornar uma banda sólida e não mais um projeto. O último álbum de vocês, “The Flame Still Burns Strong”, é uma verdadeira mistura de estilos e participações especiais. Conta pra nós como foi o processo de gravação e, principalmente, da escolha das personalidades? Marcus Dotta (baterista): O Skin Culture começou a escrever algumas músicas pro novo álbum em 2012. Chegaram a gravar uma demo com 4 músicas até que eu entrei na banda no mesmo ano já para um show com o Ill Nino em São Paulo, até chegar a formação atual e cair de cabeça no estúdio levou mais um ano. O positivo foi que, com essa demo, a banda já tinha uma direção a seguir. Já os convidados, embora haja algumas personalidades, todos são antigos conhecidos dos músicos da banda. 56


Ouvindo atentamente o recente cd do Skin Culture, as influências musicais estão bem evidentes, tanto que há uma faixa no estilo “balada” e outra como uma mistura com Reggae Roots. Era bem esta mistura que era para ser apresentado ao público? Nathan Soler (baixo): O Skin Culture sempre foi uma banda livre de preceitos e rótulos. E essa liberdade de poder fazer uma música livre é o que faz do Skin Culture uma banda diferente, inovadora e antenada. Você nunca vai poder dizer que o Skin Culture é uma banda previsível. Entre o mix de fúria lírica e riffs velozes. O Shucky trouxe suas influências para compor a banda depois de uma reformulação na banda. Sonoramente falando, pode ficar ainda mais pesado do que já é? Shucky: É bem possível que o próximo álbum venha a ser ainda mais pesado pois conseguimos entrosar as ideias dos 5 músicos da banda, o que é muito difícil encontrar uma banda com todos os músicos voltados para o mesmo propósito musical. Já passamos por situações onde cada músico queria transformar a banda em algo totalmente oposto. Um queria Killswitch Engage, outro Dance Of Days, Outro Hatebreed e por aí adiante. Fica difícil ser uma banda quando os músicos idealizam ser outra já existente. Ainda sobre influência, como um tipo de homwenagem, há uma faixa cover de “Slave New World” do Sepultura. Qual o motivo de ter regravado na versão Skin Culture? Marcus: Quando o Shucky deu a ideia de gravar uma versão do Sepultura, ficamos meio reciosos principalmente por estarmos 57


numa ideologia diferente em termos de sonoridade, mas quando entendemos que todo fã de musica pesada no mundo assim como nós é fã do Sepultura, demos conta da importância em homenagear essa banda. O maior desafio foi readaptar a sonoridade do Sepultura na musicalidade do Skin Culture. No fim ficou realmente bom, mandamos pra eles e eles curtiram muito. Continuando no peso musical, o que uma guitarra de oito cordas, para um leigo entender, pode proporcionar ao som de uma banda, no caso, do Skin Culture? Tueu Isaac (guitarra): Ok. Falando de modo que um leigo possa entender (risos), estávamos estudando uma maneira de trabalhar o novo álbum da banda e que fosse diferente de tudo o que a maioria das bandas vem fazendo. Como não somos uma banda de músicos virtuosos que ficam fritando solos doentios, um dia eu e o Shucky estávamos conversando ouvindo Meshuggah e Divine Heresy quando um olhou para o outro e disse: Bingo! Peso extremo!!! O cd “The Flame Still Burns Strong” foi masterizado pelo gabaritado Brendan Duffey do Norcal Estúdio em São Paulo. Como foi a aproximação com Brendam e como surgiu o nome dele para finalizar o álbum? Attilio Negri (guitarra): A principio, iríamos finalizar o álbum com o produtor americano Tim LauD (Soulfly / Morbid Angel / Six Feet Under). O Tim já trabalhou com o Skin Culture no Cd The Earth Spits. O problema é que o Tim LauD trabalha num sistema vintage o que é totalmente o oposto do conceito que o produtor Raul Dipeas trouxe para o The Flame Still Burns Strong. Com essa incom58


patibilidade de sonoridade entre eles, fomos abrigados a procurar uma outra pessoa que entenda o que queríamos. O Shucky já conhecia o Brendan, mandou as músicas pra ele e o resultado foi que o álbum seguiu para uma terceira dimensão, mas que ficou mais próximo do que queríamos para esse trabalho. Shows. Vocês já tocaram dentro e fora do país com bandas renomadas como Sepultura, Korn , POD, Ill Nino, Soulfly, Chimaira entre outros nomes. As pessoas são diferentes, mas fã de Heavy Metal é tudo igual. A linguagem é a mesma. Ou existe diferença? Nathan: Na verdade, acredito que o Metal seja uma dimensão paralela, onde não importa de que país você seja, estaremos sempre conectados em prol desse ideal de vida. Embora cada país tenha a sua cultura, o Metal sempre unirá as pessoas que vivem esse estilo de vida. O Skin Culture estava programado para tocar no festival Monster Of Rock 2013, o que realmente aconteceu? Marcus: Estávamos negociando com a produtora do festival dês de que o festival havia sido anunciado. Em princípio, nos pediram um milhão de mudanças no release da banda e informações; Quando confirmaram a banda disseram que teríamos que chamar convidados de nome para tocar com agente no show. Chamamos o Paulo e o Andreas do Sepultura e o Pompeu (Korzus), que participa da música Ashes And Flames no novo The Flame Still Burns Strong. E por último, eles vieram com uma ideia de que deveríamos nos inscrever em uma seletiva de bandas para tocar no festival através de voto popular, o que foi prontamente negado por nós. Pois não queremos disputar com ninguém, e sim queremos tocar 59


pelo mérito de 10 anos de banda, 4 CDs, 1 DVD e inúmeras turnês de âmbito nacional e internacionais. Futuro. O que vocês estão planejando para 2014? Attilio: Estamos planejando gravar alguns videoclipes para promover o novo álbum. Também lançaremos uma edição comemorativa de 10 anos em versão VINIL do The Flame Still Burns Strong e claro pretendemos fazer muitos shows.

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E aí, o que vocês conhecem do Metal do Nordeste? Nathan: Em 2008 quase fomos junto com o POD para Recife. Ouvimos falar muito sobre os fãs do Nordeste e estamos ansiosos para levar a música do Skin Culture pra lá. Será intenso tenho certeza. Top 5. Cite as cinco bandas e os álbuns que influenciam o som do Skin Culture. Fale um pouco sobre elas. Tueu: Sepultura (Chaos AD) por ser um ál-


bum cru e cheio de riffs massacrantes. Pantera (Vulgar Display Of Power) por ser um dos álbuns mais pesados da historia do Metal e pela sonoridade da bateria bem industrial. Meshuggah (Destroy Erase Improve) pela insanidade das guitarras e contratempos absurdos. Whitechapel (2012) pelo peso absurdo nas linhas de guitarra e vocal. Slipknot (Iowa) por ser o álbum mais monstruoso que uma banda pode fazer.

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Muito obrigada pela entrevista. Sucesso sempre. E esteja livre para deixar o recado para os leitores da Rock Meeting. Shucky: Obrigado a família Rock Meeting pela oportunidade, e a todos os leitores. Vamos apoiar o Metal do nosso país, longa vida ao Metal brasileiro. Acesse o site oficial do Skin Culture AQUI.


Por Pei Fon com Romêl Santos Fotos: Assessoria/Divulgação

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Apresentem a banda, falem um pouco sobre como a banda KID JOE como iniciou as atividades. Daniel Ribeiro: Fundei o Kid Joe há alguns anos, ainda tocando covers nos bares de Florianópolis, e com algumas mudanças de formação, começamos a criar nossa identidade musical e com isso nossas próprias composições. Buscamos aperfeiçoamento no curso de Gestão Musical do nosso amigo Caio de Cápua, baterista da banda Vírus, que nos anos 80 ajudou a profissionalizar o Heavy Metal no Brasil junto com várias outras bandas, lançando o clássico SP Metal. Leonardo Godinho: Eu conheci o Kid Joe em 2010, quando fui convidado a me juntar a banda como tecladista e, com as mudanças na formação da banda, hoje sou baterista. No começo tocávamos covers em bares e casas noturnas mas, com a vontade de expressar nossa angustia e indignação com o que estava acontecendo com o nosso país e o mundo, começamos a compor e trabalhar fundo na lapidação das nossas músicas e em 2013 lançamos nosso primeiro trabalho, o EP “Nossas Armas”. Tem sido uma longa jornada de muito trabalho e evoluindo mais e mais a cada dia para mostrar um trabalho profissional de acordo com os padrões das maiores bandas de Rock do mundo. Cássio Nogueira: Os fundadores da banda são o Daniel e o Thiago e após conhecer o Daniel em um curso de gestão musical em meados de 2010, fui convidado para fazer uma participação em um show deles. Logo depois disso o Thiago sugeriu que eu entrasse na banda, fiquei muito feliz pois já sabia que eram pessoas do bem, que realmente gostavam de trabalhar sério e só poderíamos colher bons frutos juntos. Thiago Freitas: O Kid Joe iniciou suas atividades em 2010 e tem o vocalista e guitar64

rista Daniel Ribeiro como fundador. Todos os membros já tinham experiências com bandas, mas, todos sentiam falta de estar em um projeto com o nível de profissionalismos e potencial como possui o Kid Joe. O destino foi encaminhando cada membro, e o cuidado com pontos que realmente importam em uma convivência duradoura, pontos esses aprendidos em um curso de gestão musical ministrado por Caio Montenegro de Cápua, faz com que estejamos juntos todo esse tempo, e por muitos anos mais. O nome da banda é bem interessante. O que os inspirou na criação? Seria nome de algum personagem? Vocês tem a ideia de ter um mascote, a exemplo do Iron Maiden? Daniel: O Kid Joe nasceu como um personagem de histórias em quadrinhos, aquele nosso alterego, de um herói que surge para lutar por todos nós, revelando uma realidade paralela, dando a oportunidade de que todos necessitam: Uma segunda opinião, um segundo


caminho a ser seguido, deixando a escolha do que é certo ou errado a nosso critério. Temos sim a idéia de criar um personagem, assim com o Eddie!!! Thiago: Realmente, transformar esse personagem em físico, é um ponto que buscamos trazer para nossos shows. Principalmente para somar com todo o enrolar das nossas letras e postura no palco. E nada melhor que se espelhar nos melhores, portanto, Iron Maiden é o exemplo número 1 da banda neste ponto. Leonardo: Existe toda uma ideologia por trás do nome Kid Joe... “Kid” que tem a ver com o novo. Com os jovens que serão nosso futuro. “Joe” seria o nome dessa personificação da ideologia da banda, que representa a imagem de um guerreiro alado com suas lanças e escudo, representando assim nossas armas e nossa defesa para sobreviver ao nosso mundo, onde o controle e a manipulação que nos é imposta reinam dia após dia. E essa ideia fica bem clara quando veem nosso logo.

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Em 2013 vocês lançaram o primeiro trabalho oficial, o EP “Nossas Armas”. Comentem sobre o processo de composição e gravação. Daniel: Levamos muito tempo pra criar esse trabalho da maneira que queríamos. Foi onde criamos nossa identidade, filosofia, timbres, enfim o nosso som. Tivemos 3 parceiros nos co-produzindo esse EP que foram: O Maestro Willian Farias, que nos ajudou com os arranjos e vozes, o Alexandre Green, que gravou o EP e nos ajudou principalmente a entender a importância de tocar junto, tocar pra música e manter dinâmicas, e o nosso mestre Caio de Cápua, que trouxe todo o material necessário pra que pudéssemos evoluir em nossas filosofias pessoais e como Kid Joe. Temos alguns vídeos que publicamos no nosso canal do YouTube, onde explicamos todo o processo de gravação, equipamentos usados, etc. Leonardo: O EP “Nossas Armas” foi lançado em 2013, mas passamos o ano de 2012 selecionando as músicas que estariam dentro da temática que o EP propunha e assim lapidan-


do-as para chegar em um nível de qualidade que agradasse a todos, não só os fans, mas nós da banda também. Foi um ano de muito trabalho, e muitos sacrifícios. Passamos por três fases no processo de gravação do EP: No primeiro: Nosso Diretor Artístico, Caio Montenegro de Cápua, baterista da lendária banda Vírus, ajudou agente com a parte filosófica do EP. Oferecendo vários materiais e ferramentas para colocar em palavras e sentimentos tudo aquilo que sentíamos. Em Segundo: tivemos com agente na parte de harmonia, arranjos e melodias o grande maestro William Farias, Ganhador do Concurso de Corais da Xuxa em 2012, uma pessoa maravilhosa e foi um aprendizado muito grande poder trabalhar com esse grande profissional da música brasileira. Em Terceiro: Alexandre Green, produtor do EP “Nossas Armas”, ele colocou a máquina para funcionar a todo o vapor dentro do estúdio e conseguiu captar uma energia inacreditável através dos microfones. O que define bem o Kid Joe é a clareza de como tudo é passado, seja através das letras ou instrumental, tudo é muito bem cuidado para oferecer para os fãs verdadeiros gritos de guerra contra a opressão das massas. Tudo isso somado a muito peso, força e atitude. 66

Cássio: O processo de composição não é nada fácil, e chega a ser doloroso. (risos). Claro que somos influenciados por algumas bandas que curtimos, mas as nossas maiores influencias em nossas composições tem sido livros, sim livros mesmo. As pessoas hoje em dia se preocupam muito com os arranjos das musicas, não que isso não seja importante, mas pra nós o mais importante são as letras e mensagens que serão passadas, os arranjos vem como adornos pra darem mais sentido a letra, e como as letras são o principal os livros tem um peso muito importante. Grandes escritores também são grandes leitores. Thiago: Foi simplesmente demais. Tocar na noite para o público é o que mais buscamos nos aperfeiçoar, mas, na gravação foi quando de fato evoluímos tecnicamente. No cd o público não está te vendo, logo, se cada nota não sair com a devida emoção e interpretação, vira somente um cd. Como buscávamos fazer com que as pessoas ouvissem nosso som, e além de entender para que viemos, conseguirmos seguidores para que os pontos citados sejam alcançados, gravar foi um passo muito importante e inesquecível. As letras das músicas da Kid Joe tem um forte teor crítico sobre o sistema


político do Brasil, o que nos lembra muito do perfil do rock nacional praticado na década de 80. A banda pretende trazer de volta essa temática ao cenário? Daniel: Queremos sim trazer temáticas que ajudem as pessoas a viver da melhor forma possível, como indivíduos e em sociedade pois somos seres gregários. Talvez tenhamos sim forte influência de bandas dos anos 80 nesse sentido. Porém nosso objetivo é fazer com que todos possam ver uma luz no fim do túnel, não só apontar problemas, como possíveis soluções, ou no mínimo, dar forças pras pessoas buscarem as soluções. Leonardo: Acreditamos que é uma coisa natural que vai acontecer; muitas coisas estão sendo empurradas goela abaixo. A mediocridade é incentivada todo dia, não só no ramo da arte em si, mas na maneira de entender e querer viver dentro do mundo que coexistimos. Um exemplo disso foram as manifestações que aconteceram ano passado, não houve liderança. A angustia está acumulada dentro de todos por ai. Uma hora isso vai explodir, e quem estiver preparado verá a mudança. Cássio: Temos trabalhado muito em cima disso, pois as coisas não mudaram muito dos 67

anos 80 até hoje e depois de ver muitas reclamações das pessoas sobre a politica e os políticos do brasil, notamos que isso é o que elas precisam, alguém que venha lutar por elas, e junto com elas façam as coisas mudarem, não somos contra a politica, pelo contrário somos a favor, e temos que lutar por uma politica justa e limpa. Se você não gosta de politica será governado por quem gosta. Esse é o nosso maior problema. Thiago: Acho que, antes de ter a volta da temática, buscamos ter de volta cabeças pensantes como as da época. Reviver esse tema é uma necessidade do momento, e buscar o resultado desta mudança antes de buscar deixar o tema comercial é o nosso principal ponto. Meses após o lançamento de “Nossas Armas”, como vocês avaliam a recepção por parte do público e imprensa especializada? Daniel: Primeiramente, gostaria de agradecer todo o apoio que temos conseguido. Muitos novos amigos a cada show e muita gente querendo ajudar. Nossa equipe está sempre aumentando, e tudo através das nossas músicas. As pessoas têm entendido muito bem o recado que queremos passar e viram nossos


seguidores assíduos e em muitos casos parte da banda, como o nosso técnico de áudio Vinícius Macedo que foi incorporado ao Kid Joe! Quanto às mídias especializadas, estamos muito felizes também, e é importante dizer que a crítica, sendo construtiva, são analisadas pelo Kid Joe e nos ajudam a melhorar todo dia. Sabemos que o caminho é longo e estamos dispostos a rever tudo se for preciso. Leonardo: Da parte do público posso falar que é gratificante ver sempre nossos fans fardados e cantando nossas músicas nos shows. Nosso EP tem sido muito bem recebido onde ele é apresentado, sempre vem alguém conversar depois do show para comentar sobre as letras e a emoção que isso foi transmitido... Cantar em português também nos ajuda muito a passar nossa mensagem as pessoas. Quanto a imprensa todos os reviews do EP “Nossas Armas” sempre são positivas, e estamos muito felizes com o resultado atingido... mas sabemos que isso é só o começo da jornada. Cássio: As pessoas têm recebido muito bem o nosso EP e mostram isso nos shows curtindo e cantando junto. Também recebemos muitos comentários pelas mídias sociais, onde ouvimos o que os fãs têm a dizer e sempre retornamos, as vezes demora um pouquinho pois são muitas pessoas, mas sempre damos a mesma atenção a todos os fãs, pois todos têm suas singularidades. Cada fã é um fã e todos merecem o mesmo respeito, não seriamos nada sem eles. Thiago: Ouvir alguém cantando uma música que você fez, é algo quase inexplicável. Você lembra da escolha do instrumento, das cordas (no meu caso), do trajeto casa/estúdio, da convivência com o produtor, da espera do disco físico, e de repente uma pessoa que também tem todos seus afazeres aparece na sua frente cantando. Isso faz valer cada se68

gundo e centavo envolvidos no projeto. Saber que você pode ter dado uma nova guinada na vida de uma pessoa com um som de criação sua. É demais! Nossos temas são temas fortes, muitos talvez achem pesado demais por saber da dificuldade que se tem em lapidar tais assuntos. Nesses a sementinha já foi plantada. E a quem não se identificou, sempre tem e sempre terá, damos a nossa palavra que estamos aprendendo com cada ponto de nossa carreira, para que possamos ter vocês junto com a gente nos próximos álbuns. E a recepção da imprensa também tem sido muito boa. Geralmente são pessoas com mais base de comparação e avaliação, e quando ouvimos


destas pessoas comentários positivos ficamos muito felizes, e em eventuais comentários que possam parecer negativos, usamos como injeção de ânimo para que nos próximos trabalhos tenhamos mais dedicação e estudo, e assim poder dar a essas pessoas minutos do melhor do Rock’nRoll. O Kid Joe tem provado que dá pra trabalhar profissionalmente, com uma estrutura de empresa, mesmo sem uma gravadora por trás, e mesmo ainda sem ter um retorno financeiro investem tempo e dinheiro no projeto. Falem sobre toda essa estrutura em 69

torno da banda e o que inspira vocês a continuarem. Daniel: O que nos inspira é simples. Todas as grandes bandas passaram por esse momento. Analisamos, no curso de Gestão Musical, as carreiras de diversas bandas, e ainda fazemos isso, e todas elas passaram por esse momento de investimento. Na verdade o mercado da música é igual a qualquer outro mercado profissional. Você precisa investir, trabalhar duro, e as coisas vão acontecendo conforme planejamos. Leonardo: Fizemos um Curso de Gestão Musical em Florianópolis, ministrado por nosso então diretor artístico, Caio Montenegro de Cápua. A partir dai analisamos e chegamos na conclusão que não tem outro jeito se você quer fazer isso da sua vida, você tem que levar a sério todo dia. Pensar 100% nisso o dia todo. Nos encontramos todos os dias, quando não temos ensaios, temos reuniões ou estudamos juntos algum material. Estamos sempre em movimento. Acredito que quando se tem um sonho NADA pode atrapalhar você realmente. Continuamos com os trabalhos porque acreditamos na mensagem que está sendo passada e acreditamos no nosso sonho que juntos são muito mais do que simplesmente quatro pessoas, são o Kid Joe! Cássio: O que nos motiva são sempre os fãs e a vontade de fazer algo melhor pra eles e por eles. O que notamos é que bandas grandes, internacionalmente reconhecidas, não só trabalham como empresas como na verdade são uma empresa, sem essa estrutura jamais seriam o que são e inspirados e motivados por elas, temos trabalhado no mesmo nível de profissionalismo, afinal lucro é proporcional a investimento e quando digo isso não digo só de dinheiro e sim investimento pessoal, realmente dar o sangue por algo que você acredita.


Thiago: Bom, toda empresa tem seu começo. Começamos como deve se começar. Com planejamento, lapidando as peças, estruturando do vestuário aos equipamentos e estamos chegando na parte de começar a colher os frutos. Dedicamos muito tempo realmente, e é natural que se precise de dinheiro para viver, e no começo da estruturação a empresa não brote dinheiro do nada. É mais do que importante planejamento. Colocar os principais pontos para se alcançar os objetivos, e trabalhar por eles. Conseguir o apoio de todas essas empresas que temos no momento: Albion, Music Maker, Fire, Heil Sound, Prime, Impression e Milke US, já nos mostra estar bem encaminhados, e também o que mais nos motiva. Ver empresas reconhecidas Nacional e Mundialmente vestindo a sua camisa, é um sinal de que o trabalho tem potencial. Vocês pretendem lançar um videoclipe em divulgação do EP? Alguma previsão de quando será lançado? Daniel: Sim, e já estamos soltando algumas fotos das locações em nossos canais oficiais. Claro que a música e o teor será surpresa. Ainda não temos prazo pro lançamento pois estamos agora com planos anteriores que precisam ser finalizados, mas muito em breve nosso tão aguardado, e solicitado, vídeo clipe será lançado. Leonardo: Já fizemos algumas reuniões e visitamos uma locação para o Videoclipe, posso adiantar que a música já foi escolhida e não poderia ser melhor para o momento nesse ano de 2014. Alguém arrisca um palpite? O Clipe vai ser gravado em SP dentro dos próximos meses, mas ainda, não temos uma previsão de lançamento. Cássio: Sim, já estamos dando andamento nesta parte, possivelmente as primeiras gra70

vações serão em meados de Março, esperamos logo lançar o clipe. Thiago: Sim. Já estamos finalizando a equipe, pesquisando os locais onde gravaremos e logo começaremos a gravar. Aguardem, vai ser demais! Façam o seu top 5 das bandas e consequentemente dos CDs que você tem escutado recentemente. Fale um pouco sobre elas. Daniel: Não são necessariamente lançamentos... O que costumo ouvir mais são: Metallica – “Master Of Puppets”, Foo Fighters – “Wasting Light”, Plebe Rude – “O Concreto


já Rachou”, Black Sabbath – “Paranoid” e Dio – “Holy Diver”. Todos esses CDs eu costumo ouvir regularmente... Você sempre consegue pegar novas influências e ideias. Leonardo: Foo Fighters – “Wasting Light”: Na minha opinião esse é o melhor álbum deles, todas as músicas são maravilhosas, nada sem pensar… tudo muito bem cuidado… da gravação a execução. Scorpions – “Humanity Hour 1”: Esse album foi uma surpresa para todos nós… o Scorpions acertou em cheio nesse trabalho. Show de produção e peso. Grande influência para o Kid Joe também. Pink Floyd – “The Wall”: O melhor álbum conceitual já feito. Uma obra-prima da música mundial. Beatles – “Abbey Road”: É uma pena uma banda dessa ter chegado ao fim tão cedo. Guns ‘N’ Roses – “Appetite For Destruction”: O album que mudou minha vida, soube que era isso que eu queria quando ouvi ele pela primeira vez. É uma loucura. Cássio: “Back In Black” - é um dos discos mais vendidos no mundo, riffs simples e perfeitos, com certeza se você quer vender discos ele deve ser uma de suas influências. Metallica – “And Justice For All” – O nome diz tudo, justiça pra todos, é o que acreditamos e é por isso que lutamos. Van Hallen – “Balance” – ele mostra muito bem que o menos é mais e que arranjos e detalhes simples acrescentam muito em uma música, o disco é tecnicamente demais. Plebe Rude – “O Concreto já Rachou” – Tem músicas bem fortes, uma delas (Até Quando Esperar) temos no nosso set list de shows. Paralamas do Sucesso – “Longo Caminho” – Tem algumas músicas que me motivam bastante, ex. “O Calibre” que fala muito do que queremos dizer Barão Vermelho – “Declare Guerra” – temos uma forte influencia do Barão Vermelho em nossas mú71

sicas. Inclusive, regravamos uma versão da “declare guerra” que também tem uma mensagem muito forte. Thiago: Rush – “Clockwork Angel” – Minha banda preferida. Adoro os timbres dos instrumentos, e a capacidade de preencher o som com apenas 3 pessoas. Sem contar nas letras. Van Halen – “Balance” – Pra mim o álbum espelho para nossas novas músicas. Scorpions – “Humanity” – ouvi pelo menos 200 vezes antes de gravar o nosso primeiro álbum Nossas Armas, e pretendo ouvir mais 200 vezes antes de gravar todos meus álbuns daqui pra frente. Aerosmith – “Big Ones” – não lembrava de quanto eu gostava deste dis-


co. Muitos detalhes do novo CD terão como parâmetro esse disco. Dr. Sin – “Ao Vivo” – Conheço a pouco tempo de perto o trabalho da banda, mas, depois que dava atenção aos detalhes que dou hoje, virei fã! E sobre o debut álbum, a banda já está compondo novas músicas? Irão manter o direcionamento ou teremos novidades na sonoridade? Daniel: Já temos algumas músicas sendo lapidadas sim. Algumas mais prontas e outras mais cruas, em andamento ainda. No nosso EP – Nossas Armas, a idéia era ser o mais direto e simples o possível, pra realmente deixar espaço pras pessoas assimilarem as letras e as idéias, mas nesse novo trabalho, queremos manter tudo o que funcionou claro, po72

rém levar pra um patamar acima. Mais peso, arranjos mais trabalhados, e no caso das letras, “dar nome aos bois“ (risos) Seremos bem mais diretos e falaremos o que precisa ser dito! Leonardo: Novidades, com certeza! Esse álbum promete vir com mais peso e mais agressividade que o anterior. Cássio: Sim. Já estamos compondo músicas pro nosso novo álbum. Manteremos o direcionamento, mas com outros pontos de vista mexeremos com o medo, que acaba se mesclando ao primeiro EP. Thiago: Já temos algumas músicas bem encaminhadas sim, em breve lançaremos um novo trabalho. Sobre a sonoridade, ouvimos todos os comentários a respeito do Nossas Armas, e levamos tudo em consideração. Te-


nho certeza de que todos sentirão a evolução no nosso som, e conseguiram sentir de forma bem presente o que notamos já fazer parte da nossa identidade sonora. Obrigado pela entrevista, desejo sucesso nos próximos passos da banda. Deixem uma mensagem aos leitores da Rock Meeting. Daniel: Muito obrigado a todos da Rock Meeting. Foi um prazer conceder essa entrevista, e fiquem ligados que o Furacão Kid Joe está chegando!!!! Grande abraço a todos. Leonardo: Muito Obrigado pelo convite, ficamos muito felizes em participar e fiquem ligados nas nossas redes sociais para ficar por dentro das novidades e agenda de shows do Kid Joe. 73

Cássio: Muito obrigado a todos pelo espaço!!! Nossa Arma é o Rock`n`Roll. Thiago: Muito obrigado a todos que estão lendo a nossa entrevista, a todos que acompanham o trabalho da Rock Meeting, proporcionando assim que eles tenham força e por consequência abrindo oportunidades para bandas como essa nos dada. E nos acompanhem nas redes sociais, e pessoalmente é claro, que estamos trabalhando duro para que o seu próximo show do Kid Joe, ou primeiro para quem não viu, faça com que vocês voltem pra casa com vontade de lutar pelas melhorias mencionadas nas letras, e com uma só pergunta ecoando em seus pensamentos: Quando será o próximo show?



Deicide

Por Rodrigo Bueno

O final de 2013 foi marcado por dois lançamentos brutais. O primeiro, Deicide, dispensa comentários! Apesar de ter lançado álbuns regulares nesses últimos anos, sentia falta daquela dose cavalar de brutalidade (lê-se feeling) que era recheado, na época dos irmãos Hoffmann. O disco abre com o petardo que da nome ao disco “In the Minds of Evil”. Foi a primeira faixa que eles liberam antes no lançamento. Nela, meio que se resume o álbum, com as gutarras de riffs brutais, bumbos dobrados e as blasfêmias características. Na sequência, temos Thou Begone, que é uma faixa onde encontramos uma mudança andamento, e seu riff embalado nos transporta para os anos 90 na época de ouro do Death Metal. Talvez por essas semelhanças que as faixas “Godkill” e “Beyond Salvation” nos lembrem tanto essa época. “Beyond Salvation” tem um mesmo embalo que da faixa “Deicide” do álbum homônimo, ou seja, um bate cabeça mais do que certo. O disco poderia terminar aqui, mas ainda temos mais pancadaria pela frente, destaques para: “Between the Flesh and the Void”, “Trample the Cross”, “Kill the Light of Christ”, “End the Wrath of God”. Espero que Glen Benton & Cia venham para a América do Sul com esse trem desgovernando chamado Deicide. Selo Century Media 75


DOWN AMONG THE DEAD MEN Nossa segunda banda, “Down among the dead men” , conta com uma lenda do death metal britânico, ninguém menos que Dave Ingram (ex-Benediction / ex- Bol Thrower). Apresenta uma pancadaria igual, mas eles adicionaram ao seu death metal uma pitada de crust, o que deixou ainda mais sujo o som. Os vocais de Ingram, apesar de inconfundíveis, aqui apresentam uma pequena diferença da época em que urrava no Benediction. O petardo abre com “Draconian Rage” e a destruição sonora começa. Numa levada bem punk, a nossa primeira reação é sair pulando pela sala e esmurrar a primeira coisa que vier pela frente. “The Doomsday Manuscript” não chega a ser tão rápida (na velocidade) mas é rápida no tempo, sendo a faixa mais curta do disco. 76

“As Leeches Gorge” é bem DOOM (não o estilo, e sim a banda), com uma melodia fácil e convidativa para abrir uma roda na sala de casa. “Bones of Contention” é um dos destaques, com sua porrada direta na cara e uma levada bem death metal. “A Handful of Dust”, tem uma pegada característica do death metal suéco do início dos anos 90, outro convite a bater cabeça. A faixa que da nome a banda e ao disco “Down Among the Dead Men” tem a participação do filho de Dave Ingram, mas em meios ao urros e grunhidos, somente os ouvidos treinados identificarão os dois vocais. Em tempo, não podemos deixar de mencionar a presença de Rogga Johansson (Paganizer/The Grotesquery/Demiurg/entre outras), nas guitarras. O que mais poderíamos esperar da junção de dois mestres do death metal, hein? Selo: Cyclone Empire


The More I See A banda foi formada em 2002 e, ao longo de sua carreira, teve algumas mudanças significativas em seu line-up. Recentemente, com uma nova formação, o grupo lançou o 4º álbum da carreira. Vasculhando o site “Metal-Archives” fui obter mais informações sobre a “The More i See”, já que o site oficial é meio precário. Lá relatava que a banda é de Melodic Groove/ Metalcore. Sinceramente, desconheço o que eles fizeram no passado, mas escutando esse “The Disappearing Humans”, pouco ou nada tem a ver com o estilo mencionado. Podemos dizer que o som está mais para um Heavy/ Thrash Metal com umas passagens Hard Rock seguindo a veia do super grupo “The Damned Things”. O álbum abre com “Crossed Over” e uma bela harmonização de guitarra feita por Gizz Butt (ex-English Dogs, ex-The Prodigy, entre outras). “Rise Up and Start” vem na sequência e traz consigo uma pegada de guitarra que lembra os bons tempos do Anthrax, sendo uma ótima música para um início de 77

álbum. Os vocais de James Cluer é uma mistura de Belladonna com um jovem Hetfield. “Still” vem numa pegada mais hard rock e vem abrindo caminho para a melhor faixa do álbum, na minha opinião. “Alone you will Enter” tem uma pegada Heavy Tradicional e com um refrão pegajoso que você logo está cantarolando junto com a banda. Na sequência vem a anti-climática “Mourning and Melancholia”. A música não é ruim, mas depois da faixa anterior, o que viesse pela frente se tornaria mais fraca. “7Deadly Sins” levanta um pouco o pique do álbum para novamente dar uma pequena baixa em “Reversible” que também não me agradou muito. Da música “Spirit of Freedom” até “The Eye that Offends”, passando pela excelente “Humans”, o álbum dá uma guinada para o alto e, certamente, se não tivesse as duas faixas citadas, que quebraram um pouco o clima do álbum, este seria digno de nota máxima. Selo: Earache



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