Editorial
É hora de crescer
Tenho lido nas redes sociais muita indignação sobre a inveja. De tanto que temos noção do assunto, que já foi debatido aqui em outras oportunidades, resolvi abrir um editorial sobre este singular sentimento que já está até saturado. Vamos lembrar, etimologicamente, o que significa? Inveja - s.f. Sentimento de cobiça à vista da felicidade, da superioridade de outrem: ter inveja de alguém. Ficou bem claro o significado da palavra, não é mesmo? Nossa, como é difícil para algumas pessoas superar o crescimento do outro, né? Nossa, quantas postagens eu leio das pessoas que sofrem por conta desta terrível vontade do outro ser como você é, estar no mesmo lugar que você ralou para conquistar, ter o que você tem. Mas sabe o significado da palavra “trabalho”? Vamos lá. Trabalho - s.m. Atividade física ou intelectual que visa a algum objetivo; labor, ocupação. / O produto dessa atividade; obra. / Esforço, empenho. Empenho para conquistar o objetivo
que está sendo visado. Sacou? Ou é preciso desenhar? “Nossa, que ríspido!”. Problema de quem achar grosseiro. Mas dizem que é preciso falar na mesma língua para o outro entender. Portanto, fica aqui o breve recado: Vai fazer o teu, mané. Vai olhar para a tua casa primeiro e veja que está desabando. Pare de se fazer de coitadinho! Almeje algo pra sua vida. Caramba, é de ficar impressionado, bem como, chateado com situações assim. Que absurdo! Entendo que é algo corriqueiro, mas é inaceitável, saca? Inveja não é sinônimo de trabalho. Só se for de empenho. Porque para sair por aí cantando aos quatro ventos é de ter muito empenho na desgraça que quer fazer. Aos invejosos, um beijo no ombro. Calma! Parafraseei a atual pensadora intelectual que é graduada no assunto, pelo menos se diz ser. Enfim, deixe a vida dos outros, vá olhar a sua, por favor! Faça este favor a si mesmo, tá certo, chapa?! Vou cuidar da minha vida! #PartiuCuidardaMINHAVida
Table of Contents 07 - Coluna - Doomal 10 - News - World Metal 15 - MatĂŠria - Dry 18 - MatĂŠria - Friends of Rock Guitar 22 - Entrevista - Nervosa 38 - Capa - Torture Squad 56 - Review - Hellfest 76 - Entrevista - Eu Acuso! 84 - Entrevista - D.A.M
Direção Geral
Pei Fon
Revisão
Katherine Coutinho Rafael Paolilo
Capa
Alcides Burn
Colaboradores
Charley Gima Ellen Maris Jonathas Canuto Maicon Leite Marcone Chaves Mauricio Melo (Espanha) Rodrigo Bueno Rômel Santos Sandro Pessoa CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting
Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press & União Doom BR)
Doomed Serenades Vol. 2 A
pós dois anos de muita espera, o segundo volume da Doomed Serenades finalmente será lançado. A compilação que é uma produção da União Doom BR, grupo dedicado a divulgação de bandas do gênero, teve uma ótima repercussão em seu primeiro lançamento, contando exclusivamente com bandas nacionais. O resultado foi bastante positivo em relação ao esperado, sendo distribuída inclusive na Rússia e em países europeus. Originalmente fundada por Ellen Maris (Ex-Apocalyptichaos e editora-chefe da Sunset Metal Press), a União Doom BR possui uma frente administrativa que definiu a seleção das bandas, da arte e parcerias para que o lançamento desta segunda compilação
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venha a ter repercussão semelhante a primeira. A arte ficou mais uma vez por conta de Rodrigo Bueno (Funeral Wedding), devido a qualidade de seu trabalho e pela fidelidade ao gênero, algo que este conhece muito bem. A seleção das bandas aconteceu de forma semelhante a primeira, onde somente bandas ativas poderiam participar, gravações com boa qualidade, apoio a cena e etc. A data do lançamento oficial ainda não foi divulgada, informação que em breve estará sendo disponibilizada no site da União Doom BR e Facebook. Diferentemente da primeira coletânea esta será constituída por 11 bandas,
uma a mais do que a anterior. Confira mais detalhes a respeito de cada uma delas a seguir: ...DO FUNDO ABISMO - Com intuito de traspassar abjetos pensamentos em forma de música, versando sobre a decadência do ser e seus sentimentos perante o abismo de incertezas bem como as inúmeras representações da Morte erigiu-se em meados de 2007, na cidade de Manaus-AM a banda de Death/ Doom Metal ...DO FUNDO ABISMO. ASARADEL - banda de Doom black metal formada em 1990, pioneira no estilo no país. Originada das cinzas do Invoker teve passagem por outros estilos incorporando alguns novos elementos, mas na sua essência retorna em 2013, após um hiato de 15 anos se mantendo no Doom que a caracterizou nos anos 90.. Sua Alma se baseia em poesia e sofrimento. BULLET COURSE - Lançou em 2011 seu primeiro EP “Without Memories”, contendo duas amostras: Without Memories e Dripping. A Bullet Course faz um som com guitarras melódicas, vocais guturais e limpos, criando um ambiente atmosférico, resgatando temas sobre civilizações antigas e combinando com a realidade atual, retratando o vazio da existência numa forma expressiva. DEAD REWARD - Banda formada em meados
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de 2005 na cidade de Londrina-PR, o Dead Reward aborda em suas letras um conjunto de temas que versam sobre as perturbações e conflitos da natureza humana. Com uma sonoridade que mescla andamentos lentos e moderatos, alinhados a riffs melódicos e obscuros que se unem aos elementos do doom, death e gothic metal. Após um hiato e uma formação estabilizada lançam o seu primeiro trabalho no ano de 2013, o single intitulado Crossing Over. IN ABSENTHIA - banda de gothic/doom metal formada no início de 2013 em Rio Grande/RS (Brasil). Nesse mesmo ano, a banda lançou seu primeiro EP/demo intitulado “Amongst the Lovers” e o seu primeiro videoclipe, da música “Pilgrimage”. No momento, a In Absenthia prepara seu primeiro álbum, enquanto se apresenta em diversas performances ao vivo. INTO SPECTRUM - Banda de Death/Doom Metal fundada em março de 2013 em São Gonçalo-RJ. Com músicas obscuras, pesadas ao mesmo tempo mórbidas e lentas... a banda lançou o seu primeiro trabalho em julho, um EP intitulado “The Path of Perdition” com intuito de espalhar os sentimentos de suas músicas ao maior número de pessoas possível.
pos dos Goytacazes-RJ. Lançou em 2013 o EP “Empire of Sadness Returns”, para retornar furiosamente com sua existência no Movimento Underground. Denso, pesado e sombrio como só a Mortiferik pode ser.
LABORE LUNAE - banda de Doom/Death Metal inspirada por autores como Augusto dos Anjos, Edgar Allan Poe e Dostoievski, produz letras que tratam de temas relacionados à natureza humana enquanto explora novas sonoridades. Labore Lunae faz música extrema libertária, vagando entre a brutalidade e a loucura, alçando estandartes contra os grilhões ideológicos e psicológicos que limitam a humanidade. MICTIAN - banda de death/doom metal formada em 2003 na cidade de Vitória da Conquista-BA. Os dois trabalhos lançados pela banda, Hallucination (cd-demo 2005) e Lost in My Sick Mind (cd-demo 2010), possuem uma sonoridade que agrega várias influências, e abordam temáticas obscuras, como reflexões de quem espera pela morte, narrações de experiências sobrenaturais e relacionadas com estágios de insanidade e morbidez mentais, mas apresentam também um caráter subjetivo que deixa espaço para a interpretação do ouvinte. MORTIFERIK - Trabalho one-man-band iniciado em 1998 por Anderson Morphis, seguindo a linha Doom/Black Metal e representando o estilo musical na cidade de Cam-
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PANTÁCULO MÍSTICO - Formada em Fortaleza-CE no ano de 1997 a banda aborda temas relacionados a misticismo, ocultismo e paganismo. Recentemente lançaram o EP “Velado Por Entidades” com 4 faixas inéditas, mesclando Doom, Black e Pagan Metal. SOUL’S SILENCE - Apostando numa sonoridade mais voltada para o Doom Death Metal, com uma dose consciente e eficaz de Prog Metal em alguns momentos, a Soul’s Silence (São Paulo – Brasil) em nenhum momento se prende a antigas fórmulas que acabam por assim datar o estilo, conseguindo assim, agradar tanto aos fãs mais fervorosos do Doom Metal, quanto aqueles que gostam de um som mais rápido e pesado.
Conheça o Doom Serenades Vol. 1 http://uniaodoom.com.br/pt/
SELO AMERICANO O Unearthly acaba de assinar um contrato com o selo estadunidense All Dead Records para o lançamento de ‘The Unearthly’ na América do Norte. Com este contrato a banda alcançará pela primeira vez de forma oficial o mercado dos EUA, além da Europa com o renomado selo Metal Age e o Brasil com a Shinigami Records, que também lançou o clássico nacional ‘Flagellum Dei’. Recentemente o grupo apresentou a capa de ‘The Unearthly’. O trabalho ficou sob a responsabilidade de M. Mictian (concepção) e F. Eregion (edição). O álbum está sendo gravado no Rio de Janeiro, no renomado AM Studio sub a tutela do produtor Fernando Campos. Para a masterização foi convidado o grego, ex-guitarrista do Rotting Christ, George Bokos. Fonte: Metal Media.
“New Faith”
Video lyric
Uma das músicas mais adoradas do álbum ‘Evolustruction’ ganhou uma versão audiovisual, ‘New Faith’, sexta faixa do mais recente trabalho do Woslom. O clipe foi produzido pela Wyvern Films e dirigido por Marcos Rocha com apoio técnico de Guilherme Sarmento, confira AQUI. Fonte: Metal Media.
A Banda DevilDrive está na reta final de sua turnê norte-americana em promoção de seu álbum “Winter Kills”. E eles acabaram de lançar mais um video lyric agora para a música “Gutted” do aclamado pela crítica álbum “Winter Kills”. Confira a estreia do novo vídeo no link. Clique AQUI.
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Nova Formação
Relançamento
Desde o inicio da carreira o cantor Haaley Alves vem conquistando um ótimo público e ganhando seu espaço no cenário nacional. Com o lançamento do EP “The Call” e, após o lançamento juntamente com a banda Almah e Skin Culture, a banda oficialmente anuncia a sua formação com os integrantes: Diego Pezenatto (Guitarras), Al Destro (Baixo), Pedro Segundo (Bateria e Percussão).
Novo álbum da banda Suidakra “Emprise To Avalon” (originalmente lançado em 2002) será re-lançado em 25 de julho. Nova edição do álbum vai incluir três faixas bônus e uma nova arte para a capa, com a assinatura do ilustrador Kris Verwimp quem trabalha com a banda há anos. A banda está formada atualmente por Arkadius (vocais e Guitarra), Lars (Bateria), Tim (Baixo) e Jussi (Guitarra).
“Breathing Road Tour” Com o título de seu segundo disco já revelado, “Old Skulls”, a banda carioca Forkill parte agora para mais uma leva de shows divulgando o debut “Breathing Hate”, desta vez voltando ao Estado de São Paulo para mais três shows, além de dividir o palco com o Krisiun em Mesquita/RJ. Confira as datas: 12/07 Club Rock com o Krisiun - Mesquita/RJ 25/07 Caveira Velha Rock Bar (Aliança Thrash) - Jandira/SP 26/07 Dynamite Pub - São Paulo/SP 27/07 Lolla Palooza (Thrash Attack ABC) - Santo André/SP Assista o clipe de “Breathing Hate” AQUI. Fonte: Wargods Press. 11
CD de estreia Prestes a finalizar seu CD de estreia, a banda Zaltana divulga capa e tracklist. São dez faixas mesclando peso e melodias marcantes e algumas podem ser conferidas em seu canal do YouTube. Segue o tracklist: 1. 2 Can Play This Game 2. Skull face 3. Always Left Behind 4. Quid Pro Quo 5. Heartstrings 6. Hungry for Life 7. Sovereign
8. Terminal Speed 9. Outliars 10. Dukkha-Satya
Nova Baixista
Novo álbum
A banda germânica de epic metal Equilibrium adicionou a baixista Jen Majura a sua formação. Majura substitui Sandra van Eldik que saiu da banda recentemente. Com passagens pelas bandas Knorkator e Black Thunder, Majura assumi mais uma missão em sua carreira. Ainda nesse contexto de boas noticias, a Nuclear Blast divulgou a posição 16 do novo álbum “Erdentempel” na parada Alemã, este é a melhor posição da banda em toda a sua carreira.
Os suecos da banda Evergrey lançará seu tão aguardado novo álbum, “Hymns For The Broken” dia 26 de setembro. O sucessor do “Glorious Collision”, de 2011, terá 12 faixas inéditas. E o som, como sempre, muito pesado! Ouça o trailer do novo álbum “Hymns For The Broken”. Trailer 1 - http://youtu.be/P-PDW-m0NC8 Trailer 2 - http://youtu.be/WOJcMLyCCtY
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PE - RJ - SP
“Wholly Wicked”
A banda holandesa de Symphonic Heavy Metal, Within Temptation, está de volta ao Brasil. Com a turnê de seu mais recente álbum, “Hydra”, a banda liderada por Sharon den Adel, vai tocar em três cidades brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, que é a novidade. Pela primeira vez no Nordeste, o show será no dia 28 de novembro, no Clube Português.
O Vulcano, historicamente pioneiro do estilo mais obscuro do Metal Pesado em toda a América Latina desde o início dos anos 80, está com um novo trabalho! O tempo não abateu esta usina criadora de riffs rápidos e distorcidos que segue falando ainda mais alto e ruidosamente “Wholly Wicked”, disponibilizando para streaming em seu site oficial. “Wholly Wicked” está disponibilizado para streaming em seu site oficial, AQUI.
“King” Os suíços da banda Eluveitie acabaram de lançar o clipe de “King” música do novo álbum “Origins” (AQUI). O álbum foi produzido no estúdio Sound Studios por Tommy Vetterli (Coroner, Kreator entre outras bandas) sendo sucessor do aclamado “Helvetios”. E com previsão de lançamento para os dias 1 de agosto. Tracklist »Origins« 01. Origins 02. The Nameless 03. From Darkness 04. Celtos 05. Virunus 06. Nothing 07. The Call Of The Mountains 13
08. Sucellos 09. Inception 10. Vianna 11. The Silver Sister 12. King 13. The Day Of Strife 14. Ogmios 15. Carry The Torch 16. Eternity
Após lançamento de álbum, Dry encara nova fase Por Mônica Carvalho (Sunset Press) Fotos: Assessoria/Divulgação
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á dois meses a banda Dry representou o rock goiano em uma campanha publicitária da maior emissora de TV de Goiás, que é afiliada da Rede Globo. O misto de imagens no qual Marco Bauer (vocal), Pedro Bernardi (guirtarra), Augusto Zimian (bateria) e Gustavo Gontijo (baixo) estavam inseridos – tocando, é claro – foi narrado da seguinte maneira: “Goiano é quem adora uma boa moda (vestuário), a outra moda (sertaneja) e uma moda mais pesada (rock goiano). Ah! E essa moda também (pamonha)”. Dry não foi escolhido aleatoriamente. O quarteto faz parte da nova safra de 15
bandas goianas que fomentam a cena e encantam o público. “Foi um lance (a escolha) bem informal mesmo”, lembra Bauer. Não fomos indicados exatamente como “Dry” e sim como atores globais mesmo (risos)”, completou em tom de gozação. Aliás, esta é a característa da banda: entrosamento com boa dose de ‘zoeira’. A banda surgiu em 2010, mas os caras só fizeram o primeiro show em 2011. “Ficamos enfurnados no estúdio (ensaiando) para tocar só em 2011 (risos)”, lembra Zimiani. Pois bem, a “concentração” valeu a pena. Naquele mesmo ano eles se apresentaram em
festivais renomados como o Vaca Amarela, Goiânia Noise Festival, o Unconvention, dentro do Canto da Primavera, além do Anti-Música. Em agosto de 2012 iniciaram o processo de produção e gravação do álbum de estreia, o “Enjoy the Fall”. Após o lançamento do disco em março deste ano, a banda encara a nova fase com vigor e maturidade. Entusiasmados, planejam expandir o circuito. Para isso, se revezam na criação de merchandising, na atualização do site e das redes sociais, estabelecem contato direto com produtores, para realização de shows e planejam gravar videoclipes. “Depende mais de nós do que dos outros. Não somos uma banda, somos praticamente uma empresa. Seriamos uma banda se precisássemos apenas compor e tocar e ainda bem que não é assim”, pontuou Bauer. “No contexto atual das coisas, se a banda não for sólida e produzir pelos próprios recursos, agencia-
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mentos não resolve porque é uma parte bem pequena da equação”, completou Pedro. Para Pedro Bernardi, embora o processo seja lento no universo do rock alternativo/ metal, o interesse por parte do público pela banda aumenta a cada show. “As pessoas pedem músicas nos shows pelo nome, ao invés de ‘aquela que tem aquele solo de baixo’ (risos)”, afirma o guitarrista em tom de descontração. No que diz respeito a público, predomina entre os integrantes o desejo de atingir a cena de forma geral. Contudo, Bauer não esconde a vontade de mostrar aos headbangers o som pesado da Dry. “Sou o cara mais metaleiro que eu conheço, então, quero que outros ‘Marco’s Bauer’s’ do mundo ouçam. Gosto do que eu faço, é só uma questão de conseguir que minha música chegue até outros como eu”.
Friends of Rock Guitar
Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação
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antos projetos por aí reúnem bandas, guitarristas renomados, umas jam sessions incríveis. Mas que tal fazer uma coletânea com guitarristas do Brasil afora? Este projeto já existe, já tem nome e está em seu terceiro volume. “Friends of Rock Guitar” nasceu para agregar valor à guitarra, promovendo o encontro dos guitarristas do Brasil aproximando-os através de uma única paixão. Em seu terceiro volume, que acabara 18
de ser lançado, conversamos com o idealizador do projeto, Cauê Leitão, que é guitarrista também. Numa conversa franca, ele fala sobre o passado e o motivo pelo qual resolveu continuar com a coletânea. Feita com muito carinho, leia até o final! Olá Cauê, satisfação imensa. Por favor, não meça as palavras, ok? “Friends of Rock Guitar” é um projeto que surgiu para reunir os guitarristas do Brasil.
Como nasceu esta ideia e qual o objetivo do projeto? Eu que agradeço pela oportunidade, Rock Meeting. A ideia da coletânea é unir amigos guitarristas de todo o Brasil que tem um bom trabalho musical e fazer com que a classe de guitarristas seja mais unida. Além, é claro, de destacar novos nomes, e sair um pouco das “panelinhas” de guitarristas que a grande mídia insiste em fazer. Nas duas edições foi possível conhecer muitos trabalhos e de diversas regiões. Além das amizades, não deixa de ser um aprendizado, não é? É um aprendizado e uma experiência incrível. Fico muito feliz e orgulhoso em idealizar um projeto como esse e fazer realmente a diferença. Temos muitos talentos no Brasil e não consigo aceitar que eles não sejam conhecidos. A dificuldade de desenvolver uma carreira é muito grande, predomina a lei de quem tem mais dinheiro ou quem tem mais contato, infelizmente é assim, mas acredito que atitudes como essa, da coletânea, pode amenizar um pouco esse problema. E foi lançado o terceiro volume do projeto, o que pode nos adiantar? Olha, sendo bem sincero, as duas primeiras edições tivemos um retorno bem bacana da mídia especializada, só que algumas mídias maiores realmente não deu apoio algum, isso me deixou um pouco desanimado para fazer o volume 3. Só que, recentemente, saiu a última entrevista que o mestre Paulo Schroeber fez em vídeo, e para minha surpresa ele me cita e fala muito bem da coletânea. Falou também que é muito importante atitudes como essa. Eu sou e vou ser eternamente um grande fã do mestre Paulo, e seria até injusto 19
Cauê Leitão - idealizador do Projeto
da minha parte não continuar fazendo a coletânea depois de ver uma declaração como essa. Então decidi na hora fazer o volume 3 totalmente em homenagem ao Paulo Schroeber que, infelizmente, não está mais com a gente. Acredito que ele está vendo de algum lugar e está feliz. - Assim como os demais, o terceiro volume conta com guitarristas das cinco regiões brasileiras. Como é feito o contato e, claro, a seleção dos caras? Eu já conheço o trabalho de muitos guitarristas brasileiros e sei o nível dos seus trabalhos.
Convidei os 15 primeiros e os outros me mandaram material para eu analisar. A ideia realmente é agregar e unir cada vez mais a classe e não recriminar o trabalho de ninguém. Já me falaram algo assim “cara você vai colocar tal guitarrista que ninguém conhece”, e eu respondi “claro”. A ideia da coletânea é essa, misturar conhecidos e desconhecidos. Se não for assim, eu prefiro nem fazer. Já estou cansado de “panelinhas”. Paulo Schroeber era um entusiasta da ideia e participou das outras duas edições. Diante da perda deste exímio guitarrista, o que representa o Friends of Rock Guitar neste momento? Olha, se não fosse pelo Paulo eu confesso que não ia fazer o volume 3. O Paulo é um exemplo de músico, de pessoa, de um ser humano que realmente lutou pelo que acreditava e sonhava. Para mim, no metal do Brasil, era o guitarrista número 1. Foi uma perda irreparável que até hoje não consigo entender e aceitar bem o que aconteceu com o mestre. Ele me parabenizava sempre pela ideia da coletânea. O volume 3 é uma homenagem a ele 20
e um agradecimento por tudo que ele fez e representou para a guitarra do Brasil. O projeto é todo distribuído de modo virtual e gratuito. Onde a galera pode baixar o Friends of Rock Guitar volume 3? A princípio soltamos o link pelo site “4shared”. Logo vamos soltar no Sound Cloud e em alguns sites de distribuição de músicas em todo o mundo. No facebook temos um grupo chamado “Cd Friends Of Rock Guitar” que é só chegar e ficar mais por dentro do projeto. Aí vai o link para download gratuito do Volume 3 AQUI. Sucesso neste projeto e que venham outros. Muito obrigado Rock Meeting pelo apoio. Estou muito feliz, pois a coletânea se consolidou como umas das principais coletâneas de guitarristas do Brasil. Fiquem ligados no Vol.3 em homenagem a Paulo Schroeber. Baixem e mandem os amigos baixarem. Vamos fazer barulho! Valeu!
Entrevista
“Toda at tem uma con 22
titude nsequência” 23
Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Pri Secco
“
O primeiro (preencha como quiser) a gente nunca esquece”. E não dá para esquecer do seu primeiro full-lenght, do trabalho que deu pra conceber as ideias, as músicas, a capa, onde gravar, como gravar, horas e horas destinas para a concretização de um sonho, de um objetivo. Mas não é apenas de sonho que vamos tratar aqui. Tive uma conversa super aberta com as meninas do Nervosa. Como vocês já bem sabem, esse powertrio lançou seu primeiro álbum, “Victim of Yourself” e já desponta na mídia nacional e internacional. A Rock Meeting está antenada nas novidades e trouxe para você leitor uma entrevista franca e super legal com Prika Amaral e Fernanda Lira. Curioso? Não perca tempo, deleite-se nesta leitura! Primeiro de tudo, muito obrigada por dispor um pouco do seu tempo para nós e não meça as palavras, por favor! Este ano foi lançado “Victim of Yourself” o que já estão colhendo dele? Fernanda – Imagina! Nós é que agradecemos pela oportunidade de falar um pouquinho sobre nosso trampo! Bom, por enquanto o feedback tem sido animal! Eu acompanho muito as redes sociais da banda e também as mídias que acabam lançando algo sobre nós. De ambos os lados as críticas do disco têm sido muito legais! Pelo que vejo, conseguimos atender às expectativas de quem estava à espera desse trabalho e por isso ficamos muito felizes. Agora estamos na melhor fase da divulgação de um álbum: cair na estrada! Já es24
tamos há alguns meses tocando bastante e os próximos também serão recheados de shows afim de divulgar melhor esse disco! Até agora a receptividade tem sido muito boa! Prika – Primeiramente, obrigada por nos ceder este espaço e pela oportunidade. Bom, os frutos que estamos colhendo é o reconhecimento pelo nosso trabalho, o disco tem sido muito bem recebido pela crítica, o que nos dá forças para compor um próximo. Muitos meios de comunicação, como rádio, Zine, blogs, revistas do mundo inteiro, tem se interessado bastante em nos contatar para uma entrevista ou resenha. Agora estamos na estrada em turnê para divulgação desse disco, mas logo mais o próximo já estará a caminho. Mas todo o feedback tem nos deixado bastante feliz! O primeiro full-lenght ninguém esquece. Conta pra nós como foi o processo de composição, inspirações, dificuldades. FERNANDA – Sem dúvidas produzir o primeiro fulo length da banda foi algo muito especial. Devotamos muito esforço no processo pra que tudo saísse como esperávamos, de maneira que atingisse a nossa expectativa e também a da galera que acompanha a banda. O processo de composição foi bem orgânico como sempre é e eu particularmente considero que esse disco representa muito bem a personalidade que a banda tem hoje musicalmente, representa o que a banda realmente é, já que as composições tem todas inspirações e contribuições minhas e da Prika, de maneira bem equilibrada, por isso acredito que seja um álbum mais maduro, também porque evoluímos como musicistas e pessoas também. As inspirações, pelo menos da minha parte, vêm sempre das bandas que costumo ouvir, 25
pois como sempre digo, o resultado das minhas composições vêm sempre daquilo que eu ouço, juntamente, é claro, com as minhas próprias características. Gosto de compor aquilo que eu gostaria de ouvir e acho que nas minhas contribuições no disco isso ficou bem evidente: ali tem uma pitada de todos os meus estilos favoritos dentro do metal, das minhas bandas favoritas, e também meus elementos favoritos na música no geral: riffs pegajosos, refrães marcantes, blast betas, etc. Tivemos várias dificuldades durante o processo de produção desse disco, que acabou sendo bem longa. Além de problemas burocráticos, já que nossa gravadora é austríaca e o estúdio que gravamos é brasileiro e então às vezes a comunicação ficava um pouco mais difícil, até problema de saúde rolou no meio da gravação! Mas no fim, tudo serviu como um grande aprendizado, como uma grande experiência enriquecera, sempre aprendo muito toda vez que entramos em estúdio. Além disso, eu curti muito o resultado final, chegamos muito perto do que estávamos desejando. PRIKA – O processo de composição foi bem legal e foi um momento marcante onde todas nós aprendemos a lhe dar com as diferenças de gostos e opiniões, e acredito que num próximo disco não teremos mais essa adaptação, pois já sabemos lhe dar com isso. E as composições sempre funcionam de uma iniciação de uma ideia particular de uma de nós, eu faço alguns riffs e mando pra elas, aí a gente vai moldando a música todas juntas e vice-versa. Minhas inspirações vêm daquilo que eu mais admiro, porém eu gosto de buscar coisas novas, ou combinações sutilmente diferentes, pra mim a inspiração não tem dia e nem hora pra vir, ela vem do nada e tem que aproveitar o momento, por isso eu tenho um acervo de riffs ao longo de todos esses anos que eu toco, 26
porém eu sempre acabo modificando, inserindo mais técnica ou melhorando as harmonias. A maior dificuldade pra mim foi minha tendinite no meio das gravações, porque eu desenvolvi essa praga por ficar mais de 10hs no computador todos os dias, aí inflamou de tal maneira que tive que engessar e tomar antibiótico, mas agora deixei de trabalhar tantas horas no computador e esse problema passou, acho que por enquanto isso não deve ser crônico. Vítima de si mesmo. Muitos exemplos podem ser contados por diante de nossas ações. Como chegaram nesta concepção? FERNANDA – Essa definição é bacana porque é muito ampla e pode ser interpretada de muitas maneiras e também pode ser aplicada em situações diferentes, de acordo com a experiência de cada um, mas o sentido geral vai ser sempre o mesmo: toda atitude tem uma consequência. Tudo o que está acontecendo agora com alguém é fruto de uma atitude tomada. Então, você pode escolher fazer o bem ou o mal, mas sempre ciente de que aquilo que você fizer vai ter uma consequência e quando chegar a hora do enfrentamento, deve-se admitir sua responsabilidade naquilo, senão, não adianta reclamar, pois você será uma vítima, mas vítima de você mesmo, das suas atitudes e decisões. Passamos por algumas coisas na banda onde esse conceito acabou ficando claro pra ambas, Prika e eu, quando tentaram nos prejudicar e isso acabou se voltando a quem queria isso pra gente. Como tudo o que acontece comigo acaba virando inspiração pra letra de música, me inspirei a escrever uma letra sobre isso e pensava em dar o título a ela de 27
‘Victim of Yourself’, e a Prika havia pensado em algo semelhante para o título do álbum. Depois, concordamos em usar a inspiração da Prika com o título que eu daria pra minha música e concluímos que ‘Victim of Yourself’ seria bem apropriado. PRIKA – Quem perde tempo tentando prejudicar alguém perde tempo de investimento em sua própria vida. Se você desconfia de todo mundo ninguém vai confiar em você, e assim segue. A ideia veio desse tipo de comportamento, onde pessoas tentam de diversas formas nos prejudicar, aí quando olhamos para a vida da pessoa, ela está cada vez mais sozinha e fechando portas pela sua própria atitude de invejar os outros e não correr atrás do seu. Foi a partir disso que sugeri o título de “Victim of yourself”, pois naquele momento estávamos passando exatamente por isso, e além disso, já tinha a concepção da capa, e uma coisa incorporou a outra. Sob a confiança de Andrei Bouzikov e Rafael Romanelli os designers captaram bem a ideia do disco e exemplifi28
caram na arte do álbum, não é mesmo? FERNANDA – Sem dúvida! É claro que nós deixamos bem claro o que esperávamos deles pra artes, mas a habilidade deles contou muito pro resultado final ficar ideal! O Andrei, que desenhou a capa, já tinha trabalhado conosco antes no EP ‘Time of Death’ lançado em vinil lá fora, e o que eu sempre gostei nele é que ele tem uma veia bem old school mas, ao mesmo tempo, ele tem traços bem polidos e muito agressivos! Ele sem dúvidas seria mesmo o artista ideal para o que estávamos buscando: algo que lembrasse aquela coisa old school, mas com essa coisa mais moderna do traço polido mais agressivo. Quanto ao Rafael, ele é meu tatuador e, além disso, é um designer muito experiente. Sempre gostei dos traços dele, ele é muito talentoso e perfeccionista, o que seria essencial para quem fizesse nosso encarte. Fizemos a proposta pra ele e ele topou na hora! Gostamos tanto do resultado das inspirações dele para o encarte que usamos praticamente os rascunhos crus que ele tinha enviado pra gente, pois ficou muito bacana e
bem de acordo com o que esperávamos. Com certeza vamos trabalhar com ele novamente em um futuro próximo, eu particularmente gosto muito de ter sempre pessoas de confiança e talentosas como ele por perto! PRIKA – Sim, os dois são muito competentes e admiramos o trabalho deles. Quando já tínhamos a ideia definida do título, já sugeri o lance das caveiras, uma esfaqueando a outra, mas ambas representando a mesma pessoa, e quando jogamos na mão do Andrei foi demais! O resultado nos agradou logo de cara, sem nenhuma modificação no desenho. E o Rafa, um grande amigo talentoso, e não pensamos duas vezes para chamá-lo para ilustrar cada música no encarte, e o resultado não foi diferente, curtimos demais cada desenho! “Into Moshpit” soa como um bom convite abraçar o seu amigo e bater cabeça junto. É isso mesmo? FERNANDA – Você captou exatamente o espírito da música! O principal intuito da música é ser uma homenagem ao Thrash metal. Tanto que a letra é feita a partir de 20 no29
mes de discos do estilo, ao longo da letra você pode encontrar essas referências! Como sempre que componho minhas bandas preferidas estão ali presentes sentindo de inspiração pra mim, nada mais justo do que oferecer uma pequena homenagem a elas da maneira que pude! Ela é uma verdadeira celebração também da irmandade que a gente pode ver entre os headbangers. Ela fala daquela sensação de o headbanger se sentir parte de algo maior, de se sentir irmão de sangue de seus amigos, da sensação de entrar num moshpit, enfim.. é uma homenagem àquela sensação que só o headbanger tá ligado qual é! PRIKA – Essa letra foi uma ideia genial da Fe de unir vários títulos de álbuns de metal. A música chama o headbanger para bangear, e é isso que queremos ver quando tocamos essa música ao vivo, pois não há nada mais empolgante do que ver a galera curtindo. Musicalmente falando, o álbum conta com muitos riffs pesados, variações e uma presença bem mais marcante do baixo. Para um leigo soa maravilhosa-
mente bem. Tecnicamente, o grau de dificuldade aumentou? FERNANDA – Eu acho que houve uma evolução natural. Nós ainda somos uma banda nova e assim como toda banda, há uma constante evolução que fica mais polida a cada álbum lançado e com esse não foi diferente. Como disse ali em cima, esse álbum está sim mais maduro, porque conta com um equilíbrio de composições minha e da Prika. Inseri muito mais inspirações minhas nesse disco do que da demo, onde contribuí, mas não de maneira tão intensa como nesse álbum! Quanto ao baixo e a voz nesse disco, não digo que o grau de dificuldade aumentou, mas sim a atenção que dediquei a eles dessa vez. Só parei de dar pitaco quando tudo ficou de acordo com o que eu tinha em mente! haha Gosto sempre de trabalhar com o Pompeu me produzindo nos vocais, pois sempre aprendo muito e ele também sempre se empenha bastante em extrair o melhor dos meus vocais, dessa vez eu e ele trabalhamos muito juntos para fazer nosso melhor! No baixo, me inspirei muito no som do Alex Webster do Cannibal Corpse, pois mesmo com o som pesado da banda, ele consegue fazer o baixo dele 30
se destacar, e esse sempre foi um dos meus maiores objetivos: adicionar peso à música, mas também fazer com que o som do baixo seja cristalino e bem audível, e consegui isso muito bem nesse disco, caprichando bem no médio dele, o resultado ficou muito próximo do que eu tinha em mente, e acredito que no próximo ficará ainda mais legal, pois estou bem próxima agora de chegar no meu som característico que sempre busquei, pois estou com um equipamento bem bacana que tem me auxiliado muito nessa tarefa! PRIKA – Tivemos um bom tempo para nos dedicarmos a esse álbum, mas no final foi tudo bem corrido, tive que simplificar muitas coisas, pois não havia tempo para treinar e minhas condições físicas durante a gravação não eram muito boas devido a tendinite, mas no final o resultado nos agradou muito, e poder ouvir um trabalho duro gravado e gratificante. Mas ainda sim não consegui inserir o meu timbre de guitarra, pois na época não tinha o met set completo, hoje eu conto com os pedais do Ed’s Mod Shop, um deles, o de overdrive, foi totalmente desenvolvido conforme as minhas necessidades e gostos, então muito do meu som vem dele, outra parceria é
com o Purkott que também desenvolveu uma guitarra signature, e agora pra finalizar estou fechando uma parceria de amplificador, e aí sim o meu som estará completo e definido, não vejo a hora de começar o próximo disco! “Urânio em Nós” é a primeira faixa em português e a mais pesada, diga-se de passagem. É pancadaria total! De onde surgiu a ideia de cantar no seu idioma? FERNANDA – Eu acho muito bacana essa coisa de cantar em português, acho que nada mais é do que prestar uma homenagem à nossa terra natal. Acho que os vocais em português caíram muito bem na Urânio, porque toda atitude tem uma consequência eu sempre gostei muito mais de metal cantado em português quando é mais extremo, ou seja, no Thrash, no Grind, no Death, acho que combina melhor, e como ela é a faixa mais agressiva do disco, acho que caiu muito bem! PRIKA – A “Urânio em nós” é uma das músicas mais antigas. Ela foi nossa terceira música, era para ela ter entrado na demo, mas resolvemos deixar para o disco, e na letra me inspirei no Ratos de Porão, que pra mim é o melhor cantando em português, na parte de 31
composição eu queria uma música com blast beat e compus o riff em cima dessa técnica de batera, e tinha em mente uma virada de bateria em cima de umas sequências de notas na guitarra e foi assim que construí, mas o refrão “Urânio em nós” já imaginava os gringos cantando em português, e o mais legal foi ver o Tom, batera do Exodus, cantando essa música logo depois que abrimos o show pra eles. Em pouco mais de quatro anos de existência, já alcançam um patamar expressivo dentro do cenário brasileiro. Vocês estão no lugar onde desejariam estar ou ainda falta muito? FERNANDA – Na verdade, eu considero que são 3 anos apenas, pois foi a partir de 2011 que realmente começamos a seguir de uma maneira mais ativa e profissional, entrando em estúdio, fazendo shows, divulgando bastante, etc e por isso, mais ainda, fico muito surpresa com tudo o que conquistamos! É claro que ainda estamos no começo de tudo, temos muito o que viver e aprender, temos muito o que evoluir, mas acho que estamos seguindo no caminho certo. Como sempre desejamos mais e mais para a banda,
acho que dificilmente vamos estabelecer um patamar pra gente alcançar, o céu é o limite e sempre que pudermos contribuir pra evolução da banda de alguma maneira, não mediremos esforços e daremos de tudo pra que isso ocorra! Mas, no momento, estou muito feliz com o que conquistamos e sou grata a cada passo que demos adiante! PRIKA – Não só nós da Nervosa, como a cena, não só no Brasil como no mundo inteiro, precisa evoluir muito. Conquistamos muitas coisas boas, e somos gratas a todas as pessoas que nos ajudaram e que nos ajudam, eu acho que cada banda tem o que merece, não existe essa de banda injustiçada, porque não basta ser uma banda boa musicalmente se você não faz mais nada por ela, hoje em dia temos uma ferramenta maravilhosa que é a internet, que tornou o mundo menor e mais unido, nós abrimos mão de muita coisa pra se dedicar a banda, e esse é só um exemplo. Tem muitas marcas querendo apoiar músicos, mas o músico tem que correr atrás, a marca não irá vir até você, você tem que ir atrás dela e oferecer a sua proposta e o que você pode oferecer em troca para a marca, pois a marca só virá atrás de você se você for o Slayer, caso o contrário, quem tem que correr atrás é você. Crie os seus contatos, movimente sua banda, crie um site e trabalhos apresentáveis, ninguém vai apoiar trabalho mal gravado. Enfim, há muito chão pra correr, muita coisa pra aprender e muito a evoluir, mas de todo jeito nós sempre agradecemos a todos. Nervosa já desponta na mídia mundial com destaque nas revistas Buurn (Japão) e nas conhecidas Guitar World e Revolver. Como vocês enxergam este destaque lá fora? FERNANDA – Somos uma banda que tra32
balhamos muito e abrimos mão de muita coisa pra que a banda aconteça, mas é claro que ficamos muito surpresas com toda essa repercussão na gringa. Acho que as coisas acabaram acontecendo bem cedo, nunca esperaria sair matérias da Nervosa nessas revistas icônicas, pelo menos não agora e por isso somos muito, muito gratas! Além disso, acho essencial pra nossa divulgação essas matérias lá fora. Por mais forte que tentamos fazer com que nosso trabalho de divulgação seja, há lugares que não conseguimos alcançar, principalmente fora do Brasil e nesse quesito a nossa gravadora, Napalm Records, tem sido essencial, pois eles fazem a ponte entre essas revistas que tem interesse em nos ajudar a divulgar o trabalho e nós! Esse trabalho em equipe tem sido muito bacana e tem trazido muitos resultados bons! PRIKA – Enxergo da melhor maneira possível, pois essas são as primeiras portas a serem abertas lá fora, e lá é como aqui, só que aqui a estrutura é mais precária, mas pra mim é tão importante estar lá como aqui. A nossa gra-
vadora tem nos dado um suporte incrível nos ajudando muito na divulgação do nosso disco na mídia internacional, e isso tem sido essencial para divulgarmos o nosso trabalho onde não temos muito acesso. Ainda sobre música, com um pouco mais de dificuldade. Top 5. Quais as bandas que influenciam o som do Nervosa? Cite as 5 bandas e um álbum. Fale um pouco sobre eles. FERNANDA – Putz, esses top sempre me ferram!(risos) É sempre difícil destacar os favoritos entre tantos que tenho, e cada um deles é tão importante pras minhas composições! Mas vamos lá: Iron Maiden – Powerslave. Esse pra mim é um dos maiores discos da história e pra mim o Iron Maiden é a melhor banda do planeta! haha É uma banda completa em vários aspectos e pra mim, sempre foram uma grande inspiração. Sem contar que o Steve Harris é o responsável por eu tocar baixo hoje em dia, ele foi minha maior inspiração em começar e 33
continua sendo até hoje! Kiss - Creatures of the Night. Kiss foi a primeira banda que ouvi e pirei e que definitivamente me fez querer escolher esse caminho do metal. Ouço desde que tenho 7 anos e eles simplesmente me doutrinaram e abriram caminhos pra tudo o que sou e ouço hoje! Rush - Permanent Waves. Rush é um exemplo de técnica com feeling, eles são a mescla de duas das coisas mais importantes quando se faz música, eles fazem essa mescla com maestria, sem contar que são três ETs, ninguém compõe música que nem eles! haha Por mais que eu nunca chegue nos pés do que o Geddy Lee toque, ele é uma fonte de inspiração enorme pra mim e esse disco é foda! Coroner - Mental Vortex. Pra mim, eles são exatamente o que descrevi do Rush, só que no Thrash metal, eles são simplesmente revolucionários no que fizeram, sempre foram uma banda muito a frente do tempo deles. Por mim, eu destacaria toda a discografia deles que é excepcional e também são essenciais pra base de qualquer headbanger.
Death - Individual Thought Patterns. Death também sempre foi uma banda à frente do tempo, e é uma das melhores que temos na história do estilo. Além de mestres no estilo que fazem, foram praticamente professores de muitas gerações que se seguiram depois que o Death infelizmente acabou, muitas bandas hoje em dia, por exemplo, tem como fonte principal a maestria das composições do Chuck Schuldiner. Além disso, o Chuck é um exemplo de pessoa e headbanger! Apesar de o meu disco favorito deles ser o Leprosy, acho que o Individual é um marco inigualável no gênero, foi onde eles alcançaram o ápice! PRIKA – 5 é sempre difícil de escolher, esse top tinha que ser 50!(risos) Mas vamos lá: Slayer – Rainning Blood. Slayer é sempre perfeito, escolher apenas um disco deles é sacanagem, mas escolho esse por ter sido o primeiro que ouvi, e acho esse um dos discos mais importantes de todos os tempos para o metal num geral. Esse é um disco que me inspira até hoje ele é fantástico do começo ao fim, e é impossível escolher a melhor música. Metallica – Kill’em All. Toda a minha 34
concepção de cavalgadas no Thrash metal vem desse disco, pra mim o melhor disco do Metallica, e como já disse em algumas entrevistas, pra mim o Metallica são os 4 primeiros álbuns, depois disso já é outra banda, ainda sim uma banda boa, porém não me empolga a ouvir e gostar, mas o Kill’em All tem uma importância muito grande em questões de composição de riffs. Vader – Black to the blind. A energia, raiva e peso que esse disco tem me impressiona, é muito inspirador, e pra mim a melhor mistura é do Thrash com o Death metal, então gosto de ouvir Vader para sugar o melhor do death metal, e Vader é uma das melhores opções sem dúvida, e esse disco é o meu favorito deles. Testament – The Gathering. Esse disco o Testament que é uma das minhas maiores influências. Matador, muito pesado e o Chuck Billy está fazendo uns guturais muito grave, os solos maravilhosos e riffs destruidores o disco inteiro, eu gosto do lado mais agressivo e pesado do Testament e esse disco é o que mais representa isso.
muito aquecimento! Meu nódulo tem voltado a me incomodar e creio que por conta disso vou ter que buscar acompanhamento com fonoaudiólogo e talvez alguém que me ajude a reeducar a maneira como uso minha voz no dia a dia, mas nada que me impeça de seguir gritando a plenos pulmões nos shows e discos da Nervosa :)
Cannibal Copses – The Bleeding. Porque death metal é tão foda! Esse disco junto com o “Altars of Madness” do Morbid Angel, me fez amar e querer tocar Death metal, foram esses dois disco que me iniciaram no death metal, gosto muito de me inspirar no Cannibal Corpse quando vou compor um riff, o que eu extraio deles é a escolha melódica do riffs, acho que o death metal tem uma escolhas harmônicas incríveis, e esse disco é totalmente inspirador! Essa vai para a Fernanda. Para cantar existe todo um cuidado. Como você cuida da sua voz? Tem acompanhamento de um profissional? Acho que assim como cada instrumento, a voz exige muita dedicação, técnica e cuidado, tirando pelo fato de que ela é ‘esgotável’, digamos, e por isso me preocupo muito com minha voz e a maneira que canto. Eu possuo há muitos anos um nódulo nas pregas vocais que me limita um pouco, por isso sempre tive muito cuidado com a minha voz, antes e após os shows: muita hidratação e muito, 35
Recentemente vocês dividiram o palco com Ratos de Porão, Krisiun e Korzus no OZ Storm Festival. E aí, como foi o evento? FERNANDA – Dividir o palco com esses monstros da cena nacional não somente é único, como é um aprendizado! Essas 3 bandas são fontes impressionantes de inspiração e tocar junto com elas todas foi muito bacana, e, contando com o apoio e palavras de carinhos vinda deles, torna tudo mais legal ainda, nos sentimos muito gratas e felizes com a oportunidade. A galera compareceu em peso e agitou muito no nosso show, mesmo com os horários do jogo da Seleção tendo nos atrapalhado um pouco, pois teve prorrogação e pênaltis, então algumas pessoas não conseguiram chegar, Mas quem estava lá nos fez sentir completas, pois foi um show com muita energia, com direito até a wall of death! PRIKA – Foi demais! Agradeço ao Paulão, grande amigo nosso que nos deu essa oportunidade, ele sempre nos apoiou e não se esqueceu de nós para esse show. Valeu Paulão! Não é sempre que temos esse 3 grandes nomes do metal em um show só e com preço justo de entrada, e foi incrível poder participar desse momento tão especial, a galera curtiu muito o nosso show. A nossa cena cresce a cada dia é maravilhoso poder ver isso e participar disso. Costumo perguntar se as bandas do
Sul e Sudeste conhecem o cenário do Norte e Nordeste. Vocês conhecem as bandas destas regiões? Tem previsão de shows? FERNANDA – Com certeza sim! O cenário nessas regiões do país é muito forte e sólido, é de impressionar! Não só dos guerreiros que fazem a cena acontecer como os fãs e produtores que vêm mudado a rota de shows no país, como também das diversas bandas excelentes de lá! Dentre as que eu mais gosto estão Jackdevil, Vocífera, Autopse, Facada, Warpath, mas existem dezenas de outras excelentes e que apoiamos muito! 36
E sempre um prazer tocar por lá, pois a galera faz com que a experiência seja sempre bem enérgica e brutal! Estamos planejando uma tour pelo Norte e Nordeste do país em novembro, e é bem possível que role, faremos nosso possível para que aconteça, pois são regiões muito especiais pra gente! PRIKA – Sim, já tocamos com muitas delas, o norte e nordeste assim como o Brasil todo, tem uma cena muito rica, cheia de bandas boas, os bangers são muito dedicados e muito guerreiros. O Brasil é um país fantástico nesse aspecto, aqui podemos fazer várias turnês, é possível passar um mês no norte e nordes-
te, um mês no sul, e mais um mês no sudeste e centro-oeste, e isso pouquíssimos países tem essa oportunidade, eu sempre digo que o Brasil é um conjunto de cenas. Temos muitos shows sendo agendado no norte e nordeste para o final do ano, estamos ansiosas, pois nós adoramos estar na estrada e tivemos uma ótima experiência ano passado por lá. Por fim, o que podemos esperar de vocês neste segundo semestre? Sucesso sempre. FERNANDA – Planejamos continuar o trabalho de divulgação do Victim of Yourself, 37
tocando em vários lugares que não passamos ainda no Brasil, e também fora, já que temos uma tour pela América Latina engatilhada! Após isso, é começar a compor já um novo disco, e expandir nossas tour pra outros continentes! PRIKA – Obrigada pelo apoio novamente! Bom, nosso plano é tocar muito, fazer muitos shows, e logo mais muito em breve, começaremos a compor um novo disco para gravarmos ano que vem, esse são os nossos planos principais!
Entrevista
“A música se sempre será a
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empre foi e a nossa vida�
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Por Pei Fon com Rômel Santos Foto: Assessoria/ Divulgação
E
sta banda dispensa apresentações. Já são 25 anos de Torture Squad. Fizemos um passeio no passado, no presente e no futuro da banda. O que você pode esperar? Muita história, declarações, sentimentos e, claro, você vai ficar afiado no que tange a banda. Portanto, se eu fosse você, não deixaria de ler esta super entrevista com Castor, André e Amilcar. Enjoy! Primeiramente quero dizer que é um prazer entrevistar o Torture Squad. Tenho conhecimento que nem o Amilcar, nem o Castor são fundadores da banda. Sendo assim, falem um pouco para nossos leitores como foi a entrada de vocês e o início de tudo ao lado do guitarrista Cristiano Fusco. Castor: Prazer é nosso, valeu! Bem, eu tinha uma banda na época chamada Toxic Stage. Nós ensaiávamos no mesmo estúdio que o Torture Squad aqui em São Paulo. Na época, o Cristiano Fusco estava reformulando a banda e até aquele momento ele só tinha arrumado o Amilcar. Se não me engano, no primeiro ensaio que ele foi fazer com o Amilcar, eu estava por lá e então ele sugeriu se eu podia ensaiar com eles enquanto ele procurava um baixista definitivo pra banda. Mas logo de cara eu senti que aquele era o som que eu estava atrás e com músicos que eu realmente queria tocar e trabalhar! Daí então deixei o Toxic Stage pra me dedicar 100% ao Tortue Squad. Amilcar Christófaro: É isso mesmo. Eu e o Castor entramos praticamente na mesma época, eu um pouquinho antes talvez, em 40
1992. A banda existia desde 1989 como um trio com Cristiano, seu irmão Marcelo na batera e o Dirceu baixista e voz, mas nunca gravaram nada com essa formação. A banda se dissolveu e o Cristiano curtiu me ver tocar com a minha primeira banda, o RTH, de Thrash/Crossover e me convidou a entrar no TS. Me entregou uma fita com as músicas que viria a ser a demo “A Soul in Hell” só com guitarra, pra eu colocar a batera. Começamos a ensaiar em um estúdio na região de Pinheiros e foi nos ensaios de lá que o Castor se juntou, e o resto é história. O Torture Squad foi fundado em 1989, a primeira demo com o Amilcar e Castor lançada em 1993 e apenas em 1998, quase 10 anos depois do início das atividades. Amilcar e Castor poderiam nos dizer o que ocorreu para que houvesse tanta demora? Castor: Logo após a gravação da demo tape “A Soul In Hell”, nosso objetivo era dali pra frente lançar CDs. Já tínhamos na época repertório suficiente pra poder fazer o nosso primeiro full lenght, que foi o “Shivering”. Essa demora para o lançamento ocorreu pelo fato de nós termos que fazer tudo independente e também acreditamos em pessoas e empresas que nos ludibriaram durante todo esse tempo. Mas conseguimos superar toda essa situação e lançá-lo somente depois de 3 anos! Amilcar: O primeiro disco “Shivering” era pra ter saído em 1995 e o “Asylum of Shadows” em 1998. Teve dois motivos que fez atrasar o lançamento do primeiro disco. O primeiro foi um Italiano, dono de uma loja da galeria do rock, que tinha uma gravadora e se interessou em lançar o disco, o que pra gente era maravilhoso, mas ele não lançava. Ele 41
nos enrolou por muito tempo fazendo a gente acreditar que iria lançar, até que demos um basta e pegamos todo material, mas já tinha passado muito tempo. Depois dele optamos por lançar independente, mas precisávamos de uma empresa terceirizada para mandar nosso material para a fábrica de CDs, e demos outro azar. A empresa fez a mesma coisa, nos enrolou já com o pagamento feito e isso deu até caso de polícia, saindo no jornal e tudo (risos), pois essa empresa também lesionou uma dupla sertaneja da mesma forma que a gente. Mesmo assim, demorou, mas a prensagem dos CDs que foram pedidas por essa empresa finalmente chegaram pra gente, mas somente 60%, porque no caminho, acredite se quiser, roubaram o caminhão levando boa parte dos CDs que estavam lá, e os nossos 40% eram parte deles. Com esses CDs em mãos começamos a divulgar, até que a Destroyer Records se interessou em começar a trabalhar com a gente, então eles relançaram o “Shivering” e ficamos com eles até o “The Unholy Spell”. Posso falar pra você que por mais que esses pilantras atrapalhavam a gen42
te, estávamos tão cegos pela banda, que nem de longe fez a gente pensar em parar ou desistir de algo em relação a banda. Tínhamos certeza que isso era só uma pedra no caminho e que tínhamos que saber lidar, pois esse poderia ser apenas o primeiro de muitos obstáculos que iriam aparecer na nossa frente. Após essa fase inicial a banda engrenou com lançamento de vários trabalhos de impacto: Pandemonium (2003), Death, Chaos and Torture Alive (2004/CD), Death, Chaos and Torture Alive (2005/DVD), Chaos Corporation (2006/EP) e Hellbound (2008), ganhando muitos fãs no Brasil. Falem sobre essa fase, a qual em minha opinião foi onde a banda deu um grande passo para ser um dos principais nomes do metal nacional. Castor: Foi com certeza uma fase divisora de águas na nossa carreira! Tínhamos sofrido a primeira mudança na nossa formação com a saída do Cristiano Fusco, mas isso não nos afetou em nada, pois eu e o Amilcar estáva-
mos sedentos e confiantes no que estávamos fazendo! Foi quando o Mauricio Nogueira, velho amigo nosso entrou na banda, e então dali em diante começamos a desbravar e encarar a estrada como uma banda mesmo! Acho que isso foi o que nos ajudou a começar a ter uma base de fãs aqui e na Europa também. Amilcar: Na verdade não vejo a carreira da banda como fases, pra mim ela faz parte de um todo, porque na minha visão nunca fizemos nada de diferente, e isso é até hoje. Ensaiamos bastante, compomos no mesmo feeling, gravamos e tocamos o máximo que podemos. Sempre foi assim e sempre será. O que posso falar dessa época é que guardo grandes lembranças como as várias tours pelo nordeste e Brasil em geral. Fomos para a Europa também, fazendo o Killfest tour com o Overkill, Exodus e Gama Bomb, tendo o disco lançado por lá. Tínhamos um amigo alemão que se tornou nosso manager, mas que tempos depois, percebemos que seria melhor manter ele somente como amigo mesmo do que como manager (risos). O show de lançamento do Hellbound mesmo foi no MarktHalle, 43
uma tradicional casa de shows em Hamburgo na Alemanha, junto com o Holy Moses e foi animal, mas um dos shows que considero mais importante da minha vida foi o do lançamento do Hellbound em São Paulo em 12/12/2008, que no mesmo dia estava tendo mais três shows de bandas relevantes, tanto gringa quanto brasileira, e o nosso show na Eazy, antiga Brodway, estava lotado, foi uma emoção indescritível. Acho que independente da época, o que fez o nome da banda correr foi a atitude natural de todos terem a banda e a música como o fator primordial na vida. De sermos realmente uma banda, uma banda de estrada que ama a sua música, que é o que nos faz estar aqui até hoje. Diferente de outras bandas nacionais, o Torture Squad não hesitava na hora de viajar e fazer turnê no Brasil, mesmo sabendo de todas as dificuldades que iriam encontrar. Conte-nos como foram às viagens, shows, encontro com os fãs. Ainda há fatos ainda não revelados sobre essas aventuras que podem
ser ditas? Castor: Cara, foi realmente isso que nos fez crescer como banda e músicos! Encarar dificuldades, superá-las e ir atrás de um objetivo! Abrir mão de tudo na vida, por a cara a tapa e o pé na estrada com certeza não é pra qualquer um! Tem bastante fatos que aconteceram na estrada e ainda acontecem na verdade (risos). Mas lembrei de um agora que foi quando estávamos fazendo a turnê do album “Pandemonium” indo de SP pra Belém do Pará. O nosso ônibus quebrou em frente a uma aldeia indígena e tivemos que ficar lá por várias horas debaixo de um sol escaldante esperando por ajuda. Ficamos sem água e comida por horas! Foi quando o nosso técnico de som, daquela época, e grande brother Tchelo Martins foi até um índio que estava lá por perto e perguntou a ele se poderia pegar água e algumas frutas. Por sorte aquela era uma tribo pacífica e nos deixaram pegar o que precisávamos, porque nos disseram que mais pra frente tinha uma tribo mais selvagem e as estórias que ouvimos lá sobre eles não eram boas!! (risos) Amilcar: Não hesitamos justamente por que adoramos tocar. O melhor lugar que uma 44
banda pode estar é na estrada, e fizemos disso o nosso estilo de vida. Abrimos mão de valores que muitas pessoas não abrem para estar com a banda onde quer que esteja, moldamos nossa vida para isso, por isso sempre estaremos na estrada. Tour é tour né (risos). É maravilhoso você estar tocando todos os dias, só a estrada te deixa afiado como uma lâmina e, claro, sempre acontece coisas engraçadas e coisas que você nunca irá esquecer. Como, por exemplo, no dia do meu aniversário em 2009, estávamos tocando em Aschaffenburg, cidade da Alemanha onde mora nosso ex-manager e que se tornou o nosso QG na Europa, e que fizemos vários e grandes amigos, que temos até hoje, e depois do show, o primeiro a me dar parabéns foi o Gary Holt, ou seja, no mínimo marcante para um headbanger amante de Thrash Metal. Nosso ex-manager que foi esquecido durante uma madrugada na estrada enquanto saiu pra mijar em uma das viagens onde cruzávamos a Alemanha de norte a sul (risos). Numa tour, você sabendo curtir com responsabilidade você está no paraíso e não quer mais voltar. Em 2007, a banda venceu o Metal Batt-
le e representou com méritos o Brasil no Wacken Open Air na Alemanha. O quão importante foi pra banda ir para Europa e tocar em um evento tão importante para o Heavy Metal mundial? Essa participação abriu novas portas? Mesmo passado anos, vocês ainda colhem frutos relacionados ao Wacken Open Air? Castor: Decidimos participar mais pela divulgação e exposição da banda, independente se ganhássemos ou não. Quando fomos escolhidos a representar o Brasil no festival, nós preparamos um press kit pra poder divulgar a banda pra revistas, gravadoras, etc... Essa era a chance de entregar e fazer que o nosso material realmente chegassem nas mãos dessas pessoas! Com a vitória no festival, assinamos com a Wacken Recs e começamos ter um trabalho mais sólido pela Europa com o CD lançado e turnês mais extensas com um pouco mais de estrutura. Amilcar: Na verdade, antes de 2007 já tínhamos feito duas tours na Europa com o intuito de divulgar a banda e arranjar uma gravadora, e como não tínhamos fechado com nenhuma, nos deu a possibilidade de 45
participar do Wacken Metal Battle, e fomos com aquele feeling de não temos nada a perder, e acabou que deu tudo certo. Tocar no Wacken é muito foda. Puta festival de metal onde nos faz sentir que estamos em um planeta headbanger. Gente de todo mundo conhecendo sua banda. Tocamos três vezes no festival e, em um deles, encontramos uns japoneses que era fan do TS. É realmente muito especial. Com certeza ter ganhado o Metal Battle lá e assinarmos com a Wacken Recs, fez a gente alcançar o nosso objetivo, que era de assinar com uma gravadora fora do Brasil. Eles fizeram um bom trabalho no Hellbound e isso nos fez ficar muito felizes com o futuro que estava por vir. Mas, para a nossa tristeza, com o AEqulibrium eles não fizeram absolutamente nada. E não foi só com a gente não, com todas as bandas do cast eles não fizeram nada. Tanto que a gravadora acabou já faz alguns anos, realmente uma pena. Assim como nas tours, com certeza tem pessoas que conheceu o TS no palco do Wacken e desde então segue a banda, indo nos shows da gente quando vamos pra Europa. Tem também a credibilidade que você ganha na cena de ter tocado no festival. Isso com certeza é uma
coisa bem legal que acontece. Após Augusto Lopes deixar a banda, vocês escolheram o guitarrista André Evaristo (ex-Magister e Sounder), um músico técnico e compositor talentoso. André, como você se sentiu ao poder entrar no Torture Squad? André Evaristo: Primeiramente, obrigado pelo elogio. Bom, as fichas não caem! Sinceramente, além de muito feliz, fico empolgadaço quando penso nisso. Sou fã do Torture Squad desde os primórdios e poder tocar numa banda de alto nível como esta é um grande privilégio. Em 2012 houve a saída do vocalista Vitor Rodrigues, pegando de surpresa fãs e imprensa. Como vocês encararam a saída do frontman que, para muitos, era a característica principal da banda? Em algum momento pensaram em encerrar as atividades? André: Jamais! Trocas de integrantes nunca abalaram o trabalho do TS. Aliás, isso aconteceu várias vezes e a carreira da banda sempre progrediu, independentemente disso. Castor: Com certeza, não! Respeitamos a decisão dele em sair da banda, mas isso não nos afetou a pensar nisso, nem de perto! A nossa determinação e vontade de compor, estar no palco com o TS é maior do que qualquer coisa e qualquer um! Amilcar: Nunca. Nada contra o Vitor, mas a banda e a música sempre foi e sempre será a nossa vida. Se ele não sente mais isso o problema é dele e não nosso. Por isso, nunca! Em nenhuma saída de nenhum integrante, mesmo com a saída do Cristiano que era um membro fundador, que era o cara da banda, 46
que fazia todos os corres, escrevia as músicas no começo, fez com que a gente pensasse dessa forma, aliás, parar, é uma coisa impensável (risos). Pra te dizer a verdade, eu fiquei muito triste e desapontado e continuo com esse sentimento, pois conheço o Vitor desde meus 4 anos de idade. Antes da banda fomos amigos de infância, do mesmo bairro, sempre tive um carinho muito grande por ele, muito grande mesmo, sempre achei ele o cara mais legal de se estar do lado, pois ele sempre foi divertido e criativo, temos muitos gostos em comum, enfim. Irmão de vida mesmo. Então nunca ia esperar que ele saísse da banda por qualquer motivo que seja. Embora pouca gente saiba, mas ele já saiu uma vez quando
tão boa e em time que está ganhando não se mexe! Castor: Nós já sabíamos que o André tinha a habilidade de tocar e cantar nos trabalhos com as bandas em que ele tinha antigamente. Fizemos o primeiro teste com ele ao posto e, quando a coisa começou a se encaixar nos ensaios, vimos que podíamos trabalhar com o vocal dele e que podia também ser algo interessante e inovador pra banda. Comecei também a trabalhar mais minha voz nas partes guturais que se encaixou no nosso estilo e estamos curtindo muito essa nova etapa da banda! Amilcar: Teve dois motivos em falar com o André. O primeiro foi de não substituir o Vi47
tor, era de simplesmente acharmos a solução, mas sem pensar em substituir. A segunda, e que foi perfeita pra gente, foi de o André cantar porque ele já fazia isso nas outras bandas dele. Então não seria tão novo pra ele. Claro, que com músicas que ele não tinha composto ele tem que pensar como duas cabeças, pois foi assim que as músicas foram feitas, com um vocal e um guitarrista, mas nada que muitos ensaios e determinação da parte dele não resolva. E agora temos uma voz mais Thrash Metal, que é a dele. Com uma voz Death Metal, que é a do Castor, que sempre esteve ali, mas que agora estamos usando e abusando (risos).
Muito recentemente estávamos entre o Shivering Amilcar e o Asylum foi capa of Shadows, de umastanto das que revistas fizemos mais um show conceituano Garage no das no Rio quede diz Janeiro respeito comaobateria. Peninha, Em um vocalpostagem sua amigo nosso, nae rede o outro social, em Santa você Izabel, fala interior de que não de SP, ligaria que opara Peninha algodeu desta umnatucambal nase reza, gente para eo fezbem desse oushow paraooúnico mal. show Mas daque o banda é estampar que o Castor a capa cantou. daEu versão sempre brafui muito verdadeiro sileira da Modern com Drummer? o Vitor, assim como sou com todos, Amilcar: Mesmo mas sem mais terainda focadocom minha ele pelo vida fato a buscar de sermos isso, com irmãos certeza de vida é de euma sei que realização ele me considera muito grande. da mesma Essa realização forma. Acho é no que sentido amigo de tem que fazer você ser sentir assim, queverdadeiro, tudo que você não passou tem nada na de tapinha vida valeu nas a pena. costas Aquilo não, amigo é umatem assinatura que falar as em baixo verdades, de quepor todo mais seuque esforço, doe, etodo ao mespromo tempo blema que você puxar teve, o amigo todo obstáculo pra cimaque pravocê ele sentir que soube superar tem por um causa irmãodo verdadeiro seu amorao aolado seu e isso eu valeu objetivo, fiz a minha a pena.vida Quando inteira. eu Por falomais que que eu não ligofizesse para algo isso assim, oscilando tanto entre para umo tembem peramento quanto paramais o mal, incisivo eu quero ou calmo. dizer que Eu eu estava não sendo crio expectativa verdadeiro, para honesto absolutamente e querendo nada o bem em dele acima relação ao que de tudo. os outros Achoirão que dizer no mundo ou fazer de hoje isso sobre meujátrabalho. basta para Eu sou vocêdo considerar tipo de pessoa uma pessoa que só que tenho demonstre certeza de issouma por coisa, você. Não quando nos falamos eu mesmo desde vejo, a saída escuto, dele. como, Já teve bebo, um evento enfim, onde só quando a banda eu tenho dele e onós contato, tocamos meio naque mesma São noite, mas Tomé mesmo fiz questão (risos).deMesmo não aparecer tendo antes amiparaque gos nãosão noscríticos encontrarmos de música pois, e respeitando pra mim, o nosso o trabalho encontro deles, não eupode não ser vouum pela simples crítica“eou aí beleza?” de resenha temdisco, que ser filme mais e etc, queporque isso. Ele muitas sabe que a nossa vezes já achei relação muitoé bom muitouma fortecoisa e se que for assó sim, prefiro meteram o pau, não ter. e já achei uma merda as coisas que falaram super bem. E também queNovamente ro dizer nesse sentido vocêsde criar impressionaram expectativa do todos que podem ao anunciar fazer pelo meu André trabalho, como pornovo mais vocal, sendo merecido que seja, quemas poucos não crio sabiam porquerealnormente davivemos malmente capacidade em um dele mundo como onde cano ditor. Falem nheiro se compra comomuita chegaram coisa, os a conclusão valores das que o André pessoas parece que deveria não são também mais osassumir mesmos, eosa maioria vocais. das Cogitaram coisas nãoprocurar acontecempor por meum novo frontman? recimento e a gente sabe disso, então quando André: Asevibe acontece torna nosuma ensaios coisaentre muito nós especial três é 48
mesmo. Então eu vivo numa vibe de, se rolar lindo, se não rolar, uma pena, mas vou continuar tocando a minha vida da mesma maneira, acreditando no que eu acredito da mesma forma. De uma forma ou de outra, foi muito especial a matéria com a Modern Drummer e isso será um orgulho que carregarei por toda minha vida. Vocês lançaram há alguns meses o “Esquadrão de Tortura” (2013), um trabalho com uma pegada bem Thrash Metal. Conte-nos como foi o processo de composição, houve participação ativa do André nas novas músicas? Castor: A banda sempre está compondo e, antes mesmo do André entrar na banda, já tínhamos composições novas e ideias de outras músicas pra trabalhar. Quando começamos a ensaiar com o André, logo nos primeiros ensaios, ele trouxe muitas ideias e músicas inteiras também! Então, daí, começamos a juntar todo o material e montar o tracking list do novo álbum. Amilcar: Houve sim e esse disco é bem uma mescla entre composições antigas com riffs do André entrando nas músicas. Mantemos a nossa tradição em compor, nos ensaios todos conversando, tocando e sentindo se estávamos indo para o lugar certo. Um dos destaques do novo álbum é a produção a cargo de Brendan Duffey, do Norcal Studios, em São Paulo - SP. Falem sobre como foi trabalhar novamente com ele. André: No meu caso, essa foi a primeira vez trabalhando com o Brendan e o Adriano. Além da competência técnica eles são pessoas maravilhosas e dedicadas. Não podia ter ficado mais satisfeito. Devo dizer também que 49
aprendi muito sobre gravação de vozes. Castor: Foi o tiro certo trabalhar com eles (Brendan Duffey & Adriano Daga) novamente! Eles captaram exatamente o que queríamos em termos de sonoridade pro Esquadrão de Tortura! Eles conseguiram transmitir isso perfeitamente na produção! Amilcar: Foi perfeito. O que nos fez gravar no Norcal novamente foi a conversa que tivemos quando estávamos procurando alguns estúdios. O Brendan simplesmente parecia outro integrante da banda, nunca uma pessoa de fora da banda esteve numa vibe tão próxima ao da gente quanto ele nessa gravação. Ele sabia o que tínhamos que fazer, sabia que o disco tinha que soar forte e que tínhamos músicas para dar esse impacto, então o que faltava era a gravação, que era a parte dele. Amamos o som desse disco. Todos os instrumentos estão extremamente pesados e nítidos. Foi um privilégio ter gravado lá novamente. Outro fato que impressionou foi a temática lírica do disco, relacionado a Ditadura Militar no Brasil, ainda mais que este ano completou 50 anos. Foi difícil reunir informações? Chegaram a entrevista pessoas envolvidas no fato histórico? Na história pessoal de vocês houve conhecidos, parentes, amigos que sofreram com a repressão militar? André: Felizmente, nada grave aconteceu com ninguém da minha família, mas algumas pessoas chegaram a ser presas só por estarem na rua. Castor: Tivemos a ideia em abordar esse tema sobre o qual o nosso país passou porque realmente foi uma época muito importante da nossa história onde muita coisa aconteceu e fizeram o rumo de muita gente mudar as50
sim como o do país! Começamos a nos aprofundar mais sobre o assunto fazendo muitas pesquisas. Conversamos com o historiador Alexandre Rossi e o escritor Roniwalter Jatobá, que nos deram uma grande orientação, assim como documentários na internet, reportagens, filmes, etc... Amilcar: Hoje em dia tem informação pra todos os lados né. Você tem livros, pessoas, internet, basta encarar com seriedade e ir atrás da informação, e foi isso que fizemos. Conversamos com o historiador Alexandre Rossi e com o escritor e jornalista Roniwalter Jatobá, e foi a conversa com eles que abriram as portas do assunto pra gente. Admito que rolou uma obsessão comigo sobre o assunto enquanto eu estava estudando para fazer as letras. Conversamos sim com amigos, familiares e tive contato tanto com pessoas que nem perceberam passar a ditadura militar no Brasil quanto com pessoas que sofreram algo, e isso nos fez direcionar o disco para narrar a história, sem pender pra lado nenhum. A história conta por si só o que aconteceu, o golpe com a influência americana, os políticos brasileiros vendidos desde sempre, a mídia manipulada, repressão sem sentido e desgovernada, a reação de parcela do povo que era politicamente engajada que lutou contra o regime montando as guerrilhas armadas, os tipos de torturas que os militares faziam, a Guerrilha do Araguaia, os desaparecidos, até chegarmos nos dias de hoje com esse nepotismo nojento que existe na política brasileira. Se a história queima o filme dos militares pela repressão e tortura eu não posso fazer nada, pois a história é essa. Para deixar claro, tenho alguma coisa contra os militares? Não. Tenho alguma coisa contra quem tortura e desrespeita aos valores de bem do ser humano seja ele quem for? Sim, e muito. A intenção do 51
disco está na música For the Countless Dead onde perguntamos se, mesmo que possa ter tido algum lado bom do regime militar no Brasil, se o preço por tudo aquilo que aconteceu não é alto demais? Cabe a todos que escutarem o disco, terem sua própria opinião. Sonho para muitas bandas do metal nacional, mas raridade, “Esquadrão de Tortura” foi lançado no Brasil pela gravadora Substancial Music. Como foi o processo para fechar com eles? Quais dicas podem dar para que bandas assinem com uma gravadora em nosso país? Castor: Eles, da Substancial, já estavam trabalhando com o relançamento em Digi Pack dos nossos álbuns antigos, o “Asylum of Shadows” e “The Unholy Spell”. Eles se demonstraram interessados em trabalhar com o “Esquadrão de Tortura” e aceitamos. Cara, eu acho que uma boa dica é ver mesmo se a gravadora realmente oferece e pode dar uma estrutura de trabalho e divulgação digna a banda. Amilcar: A Substancial é uma gravadora do querido amigo Edilson, que conhecemos desde a época da Paradoxx e Laser Company. Ele conhece, curte o trabalho da banda e sabe do nosso potencial. Por isso, quando montou a Substancial, ele se interessou em lançar não só o disco novo e sim de relançar os antigos álbuns remasterizados. A Substancial tem uma boa distribuição e isso é uma grande parte do trabalho, o disco tem que chegar em todos lugares possíveis. Existem algumas gravadoras no Brasil de pessoas que conhecem a cena e sabem trabalhar, pois estão na ativa há muitos anos, mas também acredito que hoje em dia, se você tem um capital para investir na sua banda, faca isso e procure uma boa distri52
buição. Isso, junto com as vendas do seu merchandising nos shows da banda, irá te ajudar a ter o retorno e fazer a locomotiva começa a rodar. A banda tem realizado muitos shows no Brasil e em breve também na América Latina. Há planos para turnê na Europa e EUA? Castor: Sim, temos planos de fazer turnês nesses continentes assim que fecharmos com as gravadoras por lá. Amilcar: Nos EUA já é muito difícil você ir com o disco lançado, não tendo ainda, fica quase impossível e na Europa e Japão a ideia é ir somente quando tivermos o disco lançado por lá. Por enquanto vamos trabalhando aqui onde está caminhando tudo certinho, com o disco lançado e a divulgação sendo feita do jeito certo. Top 5 Rock Meeting já é tradicional em nossas perguntas. Se possível, cada um de vocês façam um top 5 das banda que influencia o gosto musical. Destaque um álbum e, se possível, teça algum comentário a respeito. André: Difícil escolher só cinco. Maiden, Sabbath, Metallica, Kreator, Sepultura. Dois álbuns que mudaram minha visão da música são “Images and Words” (Dream Theater) e “Altars of Madness” (Morbid Angel). Castor: Kiss – “Creatures of the Night”, por ser o álbum e banda responsável por eu estar no mundo da música! Iron Maiden - “Killers”, Steve Harris fez eu escolher a profissão que tenho hoje através desse álbum! Ozzy Osbourne – “Speak of the Devil”, o Rudy Sarzo me impressionou muito nesse álbum! O timbre do baixo e a performance nas músi53
cas do Black Sabbath tocadas nesse álbum é espetacular pra mim até hoje! Black Sabbath - “Master of Reality” é um álbum lançado a mais de mais de 40 anos atrás, e na minha opinião, continua soando muito atual! Tanto musicalmente como na parte lírica! Rush – “Exit, Stage Left...”, é um absurdo! Os trabalhos do Geddy Lee e Neil Peart nesse álbum ao vivo é algo de fora desse planeta! Cozinha coesa, pesada e de um extremo bom gosto! Amilcar: Sepultura – “Beneath the Remains”. Fora musicalmente foi a banda que fez todos nós acreditarmos que era possível viver da paixão pela música pesada. Os primeiros que mostraram a vida para todos nós e não foi por acaso, estavam à frente do tempo. O Beneath The Remains é um disco perfeito que transmite todo entrosamento mágico que eles foram adquirindo com o passar dos anos e com a entrada do Andreas. Todos musicalmente e espiritualmente conectados com a mesma atitude, como disse, mágico. Korzus - “Mass Ilusions”. Thrash metal afiado como uma navalha. Palhetadas cortantes junto com partes pra bangear até a cabeça cair no chão. Outra banda que me fez acreditar no que sou hoje. Betão na batera arregaçando com agressividade e bom gosto. Obra prima do mundo Thrash metal. Sou privilegiado de tê-los como amigos hoje. Krisiun - “Ageles Venomous”. Poderia citar discos mais antigos, mas faço questão de falar desse porque assim que escutei já notei o mundo grande que eles iam desbravar dentro do extremo Death metal. Esse disco é muito criativo, chega a ser progressivo até, com melodias e levadas quebradas, e tudo dentro da extrema violência. E sim, gosto da gravação cristal clean do disco. 54
Firebox - “Out of Control”. O melhor disco de Heavy metal do Brasil. Monstros do rock. Paulão na batera deixando o som com uma estrutura que nenhum outro batera deixaria. Guitarras com melodias de extremo bom gosto com riffs sendo despejados a todo momento. Furei esse disco de tanto escutar. Tive a sorte, não só de ir em um show, como de ter tocado juntos no começo da década de 90 em uma casa de shows em Pinheiros, SP. Necromancia - “Necromancia”. Esse disco é uma obra prima do Heavy metal. Os irmãos D´castro são os irmãos do bom gosto. Outro disco que furei. Todas as músicas são excelentes. O som do disco é muito bom. O disco
já é curto, e por ser bom, fica mais curto ainda (risos). Foi um prazer imenso poder entrevistar vocês e saber um pouco mais sobre Torture Squad. Deixem uma mensagem para nossos leitores e onde eles poderão encontrar novidades e material sobre a banda. André: Nunca desista dos teus ideais e princípios. Never Surrender! Castor: Prazer foi nosso! Nós que agradecemos pela entrevista e o espaço cedido por vocês da Rock Meeting pra nós podermos divulgar mais o nosso trabalho! Todas infos sobre 55
a banda como novidades, shows, merchandise, etc... é só acessar o site oficial. Amilcar: O prazer foi nosso de você ter cedido seu espaço para divulgarmos mais do nosso trabalho, ainda mais com perguntas que demonstra que você realmente conhece a trajetória da banda. Agradecer também ao Romel e Island Press pelo belo trabalho de divulgação que está fazendo com a gente. Estamos em tour do nosso disco novo “Esquadrão de Tortura” e quem quiser saber mais é só acessar o site ou o Torture Squad Metal no facebook, onde atualizamos direto com tudo que tem acontecido com o TS atualmente. Nos vemos na estrada.
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Texto e foto: Mauricio Melo (França) (http://500px.com/starpicturesproject)
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emorou mas chegou o grande dia. Lá estivemos para conferir de perto este que é um dos maiores festivais de música extrema do planeta, o Hellfest. Nosso correspondente e fotógrafo, que lá esteve em edições passadas, nos conta com detalhes o que mudou e cresceu dentro deste evento nos últimos anos. Todos os detalhes e imagens de nossa visita nas linhas e páginas seguintes. Campings maiores e mais estruturados e uma verdadeira cidade com temas apocalípticos foi construída para receber o público e mais de uma centena de grupos que por ali passaram. Desde carros destruídos, corvos, caveiras, uma tela que simulava um castelo na entrada, cemitérios, um bosque sombrio e até canhões de guerra com meninas fazendo malabares com fogos durantes algumas apresentações. Além dos pratos principais que são as bandas, num dos melhores line-ups de 2014 que incluiu Black Sabbath, Iron Maiden, Soulfly, Slayer, Deep Purple, Hatebreed, Rob Zombie, Aerosmith, Skid Row, Angra, Sepultura, Soundgarden, Gorgoroth, Death to All, Carcass, Emperor, Watain, Dark Angel, Phil Anselmo and the Illegals, etc. Já apresentaremos estas e outras na sequência da nossa cobertura que também incluiu palcos menores e bandas mais undergrounds. Talvez a grande decepção do cartaz tenha sido o palco Warzone. Sempre conhecido por receber a nata do hardcore mundial e, neste ano, os poucos “grandes” nomes previamente confirmados, deram de baixa no último instante, deixando órfãos o bom público hardcore que sempre comparece. 7 Seconds foi um destes, além das infelizes coincidências de horários que afetaram nomes como Misfits, Comeback Kid, Brutal Truth, Walls of Jericho, Mad Sin, entre outros.
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Kerry King - Slayer
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We Came As Romans
DIA 1 – 20/06/2014 Ao contrário de outras edições, onde o fator climático impõe partes das regras com tradicionais chuvas e baixas temperaturas, este ano de 2014 ficou marcado pelo verdadeiro deserto que tomou conta de Clisson. Na pista de cada palco, palhas foram espalhadas em grandes quantidades e nos caminhos que te levavam de um palco a outro, onde o fluxo era mais intenso, o solo foi coberto com uma boa quantidade de pedras que, em caso de tempo chuvoso, muito ajudaria na não formação de lama. Porém, com o calor que fez, muito contribuiu para espessas nuvens de poeira. Às duas e vinte da tarde, e com o termômetro ainda subindo, foi Joel Grind quem subiu ao palco liderando seu Toxic Holocaust e tocando “Awaken the Serpent” que mistura com boas pitadas do thrash sujão dos anos 60
Brutality Will Prevail
80 e o primeiro caos tomou conta da pista no Mainstage 2. Ainda não havíamos nos despedido de Joel quando o Stick To Your Guns iniciava sessão no Warzone. Com um pouco mais de tempo diante de seu fiel público apresentaram mais de uma dezena de temas, uma delas “We Still Believe” e seu forte refrão. Show berrado, poeira e suor. Com a mesma rapidez que fomos ao Warzone retornamos ao Mainstage 2 para conferir o M.O.D., banda de Billy Milano, sim o mesmo do S.O.D. e suas letras politicamente incorretas. Bastante acima do peso, barbudo, cabeludo e desconhecido pela maioria do público fez um show acima da média e provou para os presentes porque é reconhecido como lenda para quem o conhece. Entre os clássicos desenterrados estavam “Aren’t You Hungry?”, “Get a Real Job”, “True Colors” e uma sequência matadora de Stomtroopers of Death com “Kill Yourself”, “Milano Mosh”, “Fuck the Middle East” e “Speak English or Die”, entre outras. Para quem nunca sonhou em estar num show do S.O.D., até que foi uma boa experiência. Em mais uma ponte “aérea” retornamos ao cenário anterior para o Slapshot. O quarteto de Boston foi o melhor representante do hardcore 80’s do festival e não tivemos que esperar tanto para ver Jack “Choke” Kelly quebrar um bastão na cabeça e sangrar ao 61
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som de “Watch me Bleed” após “No Friend of Mine” e “I’ve had Enough”, mais casca grossa impossível. Mais adiante conferimos a combinação de duas grandes paixões, rock e filmes de terror proporcionada por Rob Zombie. O diretor e músico tocou alguns de seus maiores sucessos sob o olhar ameaçador de Frankenstein, King Kong e Lobisomem em telas espalhadas no palco. A única coisa que podemos lamentar do show foi que, à luz do dia, Rob perde muito de seu espetáculo visual, porém o lado musical com “Dragula” abrindo o set e seguindo com “Superbeast” é algo que merece destaque, além de covers de “Am I Evil?” de Diamond Head, “More Human Than Human” e “Thunder Kiss ‘65”, ambas de sua antiga banda, White Zombie. Obviamente, o destaque do dia ficou por conta dos britânicos do Iron Maiden. Talvez a banda mais esperada em Clisson desde o surgimento do Hellfest em 2006. Bruce Dickinson, que além de piloto de avião e vocalista da maior banda de heavy metal de todos os tempos, ainda fala um francês de dar inveja a muitos. Bruce liderou o grupo por pouco mais de duas horas, o que não deixou triste nenhum fã. Para os franceses, Dickinson fez questão de anunciar o placar do jogo entre França e Suíça, em que a seleção galo massacrou com uma goleada de 5 x 2. Após passarmos por rigorosa revista até o pit dos fotógrafos, podemos ver de perto como a introdução de “Doctor Doctor” era tocada enquanto chamas saíam da beira do palco junto a estrondosas explosões. Já na hora do vamos ver “Moonchild” foi a encarregada de abrir caminho. Enquanto Harris corria com seu baixo a um frenético ritmo, Janick Gers simulava uma metralhadora com sua guitarra, Dickinson em pé na bateria soltava as pri63
meiras palavras, mais previsível impossível. Talvez pela altura do palco e do pouco espaço entre a linha de seguranças no pit e o mesmo, nos fizesse esticar o pescoço na tentativa de ver Dave Murray e Adrian Smith, mais recuados ao fundo. Com “Can I Play With Madness” podemos ver o grupo mais próximo do público. Não faltaram ao encontro “2 Minutes to Midnight”, “Fear of the Dark”, “The Trooper” e “Aces High”. Também esteve presente o mascote Eddie e a festa só não foi mais completa por conta da já comentada luz do dia, que às onze da noite ainda marcava presença e que assim como mr. Zombie deixou o visual mais pobre. O dia não acabou com o “boa noite” de Bruce e sua turma, uma vez mais conferimos o que o Slayer tinha a nos oferecer. Muitas novidades quatro anos após sua última participação no evento. Naquela ocasião víamos um quarteto às vésperas de tocar num festival na cidade de Sofia, onde foi gravado o DVD do Big Four, com formação original e após quase três décadas de agressão, ainda com sede de sangue apresentando World Painted Blood. Neste ano, apesar de tão brutal quanto naquela ocasião, musicalmente falando, já não temos Lombardo destruindo a cozinha e não voltaremos a ver Jeff Hanneman empunhando sua guitarra cervejeira. Confesso certa tristeza ao presenciar isso e completar o comentário vendo um quase imóvel Tom Araya. Os problemas de coluna são evidentes no vocalista e baixista, o que acarreta consideráveis quilos a mais no personagem em questão. Já o setlist muito lembrou, salvo algumas alterações, o apresentado na gravação de Decade of Agression com “Hell Awaits” e “The Antichrist”, atacando com “Necrophiliac” e “Captor of Sin” e “Mandatory Suicide”. Foi deixado para a metade do show algo mais 64
Slapshot
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recente com “Hate Worldwide” e “Disciple”. Para a sequência final, mais clássicos como “Raining Blood”, “Black Magic”, “Angel of Death” e South of Heaven que também teve de fundo de palco uma homenagem a Hanneman. Apesar de tudo, destruidor! DIA 2 – 22/06/2014 A única coisa que teríamos certeza para o segundo dia de festival era que deveríamos abandonar de vez a possibilidade de casacos e capas de chuva e investir em sombras e protetor solar. O golpe era forte já nas primeiras horas da manhã. Mas, o que chamou mesmo a atenção, foi a interdição do pit de fotógrafos no Mainstage 1, porque o Aerosmith simplesmente montou seu catwalk para sua apresentação. Deixando todos os artistas do dia a se apresentar neste cenário sem fotos oficiais. A própria organização reconheceu que aquilo era um pesadelo. Porém, o primeiro show que passamos para conferir foi o hard rock dos californianos Buckcherry e suas músicas dedicadas ao sexo, drogas e rock and roll. “Crazy Bitch”, “Lit it Up” que e até mesmo “Big Balls” do AC-DC foram tocadas. Minutos mais tarde e no mesmo palco tivemos um sentimento misturado ao ver We Came As Romans. Um som cheio de breakdowns e vocais berrados, guitarristas e baixista saltando como loucos até que entra a parte melódica, com refrões épicos feito por um rapaz bonitinho. Entra pelo cérebro aquela sensação de estarmos assistindo ao discípulo mais pesado do Linkin Park, difícil digerir mas tem lá seu público. Muito mais honesto foi o show dos canadenses Protest The Hero. Um heavy metal técnico, rápido e eficiente. Seus integrantes também tem caras de bonzinhos mas o som 66
Dark Angel
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segue uma mesma linha. Para sermos sinceros, talvez tenha sido um dos melhores shows do Warzone no festival. Com o pôr do sol chegou o devastador show do Hatebreed. O tempero que faltava para completar a edição de 2014. O quinteto evoluiu num estilo único, fazendo o chão estremecer e a poeira subir. Foi com certeza a apresentação mais suada, empoeirada, brutal e tudo mais o que se imaginar dentro desta edição. A verdadeira porrada de uma das bandas que melhor representa o hardcore moderno no momento além de ser uma das mais rentáveis. “To The Treshold” foi a concebida para abrir o set seguida de “Dead Men Breathing” e “Not The Truth” em terceiro posto, já não conseguíamos ver o palco tamanha era a nuvem, de poeira é claro. Com “Everyone Bleeds Now” os seguranças tiveram demanda em dobro para receber a galera do stage dive e assim foi até “Destroy Everything”. Já não era a primeira vez que Max Cavalera visitava o Hellfest liderando uma de suas bandas. E não foi difícil de imaginar que nosso personagem em questão quebraria dois protocolos. O primeiro, fazer com que a organização suspendesse a interdição do Mainstage 1 para os fotógrafos que, mesmo aos trancos e barrancos, conseguimos alguma imagem válida enquanto o Soulfly destruía com “Cannibal Holocaust”, “Refuse / Resist”, “Bloodshed”, “Prophecy”, um par mais de covers (podemos chamar assim?) do Sepultura. O segundo protocolo foi quebrado quando em “Jumpdafuckup” e “Eye For An Eye” Max largou a guitarra e passeou, na moral, no catwalk do Aerosmith quando ninguém havia arriscado, talvez para evitar alguma bronca. Estava nítido que o Cavaleira estava “amarradão” caminhando pela passarela, com um gingado meio rapper agitando o
público. Demais! Em visita escolhida a dedo no palco Valley conferimos de perto o que Phil H. Anselmo nos oferecia junto a sua louca trupe, os Illegals. Uma maçaroca sonora com o melhor que seu único disco pode oferecer e alguns temas do Pantera, entre eles “Domination” e “A New Level”, uma versão brutal de Agnostic Front com “United & Strong” que fizeram as lágrimas rolarem e até um par de temas de Superjoint Ritual, sua antiga banda. Pode não ter a melhor voz e a pouca que tinha já se foi, mas é, em definitivo, um dos maiores frontmans da história, por seu carisma, atitude e postura encima do palco. Para finalizar a noite, tínhamos três opções: Avenged Sevenfold, Carcass e Millencolin. Optamos pelo reformulado Carcass por sua história e por ter lançado um dos melhores discos do ano de 2013, o Surgical Steel. Fotograficamente foi um caos total e absoluto. Luzes vermelhas, poeira e fumaça de palco. Musicalmente foi indescritível. Insano, técnico, rosnado, com um fundo de palco muito mais simples que da vez anterior onde um telão exibia a autopsia de um cadáver. Também da vez anterior os membros eram os originais porém com um feeling pisoteado, com a formação atual Jeff Walker e Bill Steer parecem mais à vontade. Abriram com “Buried Dreams” do clássico Heartwork e “Incarnated Solvent Abuse” de Necroticism, situação brutal. Confirmaram e justificaram expectativas do grande lançamento com “Cadaver Pouch Conveyor System” e mesmo que o vocalista superasse a taxa de álcool permitida, a peteca não caiu. Assistimos quase toda apresentação do lado de fora da lona, através de um buraco feito pelo publico pois, dentro da lona, somente com máscara de gás para suportar o caos. 68
Against Me!
Dia 3 – 22/06/2014 As energias já haviam se esgotado na noite anterior, mas a paixão pela música falava mais alto. Fomos nos adaptando às adversidades, roubando uma sombra aqui, uma garrafa d’água ali e pelo menos conseguimos cumprir a agenda dos grandes compromissos. O primeiro foi o sludge metal do Crowbar, o vocalista Kirk Windstein é um velho conhecido do público, pois quando não está com a banda em questão, visita o evento junto ao Down. Pouco mais adiante e no palco ao lado conferimos o bom show do Angra. O público foi bem receptivo e mesmo com o calor batendo forte não arredou o pé e desperdiçou a oportunidade de ver um dos ícones do heavy metal brasileiro celebrando os vinte anos de Angels Cry, seu disco de estreia. O primeiro a pisar no palco foi o jovem baterista Bruno Valverde para em seguida receber os guitarristas Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, muito bem assessorado por Felipe Andreoli. Fábio Lione agradou em cheio, ainda que um e outro ainda resmungasse por André Matos. Apesar de curto, um excelente show com a apurada técnica que bem conhecemos. Alter Bridge e Annihilator também marcaram presença. Apesar de Miles Kennedy sempre chamar atenção por suas boas apresentações, destacamos mais o show da segunda banda. Os canadenses estão de volta com o álbum Feast e não deixaram pedras sobre pedras com o segundo melhor thrash “oitenteiro” do dia. O primeiro? Este posto foi reservado ao Dark Angel, que ocupou o a vaga deixada por Megadeth na última hora. Oportunidade única para relembrar velhas pauladas com um grupo que se dissolveu há mais de vinte anos e recupera folego com for69
Emperor
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Crowbar
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BuckCherry
Hatebreed
Stick To Your Guns
Brutality Will Prevail
BuckCherry
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Hatebreed
Protest The Hero
Protest The Hero
Brutality Will Prevail
mação original. Ver a bandeira com o símbolo ao fundo do palco foi como voltar no tempo. Gene Hoglan com seus tradicionais óculos escuros maltratando os bumbos da bateria na introdução de “Darkness Descends”, o baixista Mike Gonzales há muito perdeu suas mexas e o mesmo não podemos dizer de Eric Meyer e Jim Durkin que continuam com seus riffs afiados. O vocalista Ron Hinehart ganhou vários quilos, mas a fúria vocal continua em alta. Assim como o Angra, o Dark Angel também teve um setlits tão curto quanto intenso. A partir daí, todas as forças foram guardadas para as grandes bandas da noite e algo mais como sobremesa. Traduzindo, o Soundgarden pisava ao palco principal com a única intensão de desfilar clássicos daquele movimento que ficou conhecido como grunge. A nata do excelente Badmotorfinger foi tocada, desde a abertura com “Searching With My Good Eye Closed”, “Rusty Cage”, “Outshined” e “Jesus Christ Pose”, passando por “Spoonman”, “Black Hole Sun”, “My Wave” e a lenta “Black Hole Sun” de Superunknown até finalizar com a densa “Beyond The Wheel”. Curiosamente nenhuma de seu último lançamento, King Animal, foi tocada. Apesar dos músicos se destacarem entre si, o que mais chama atenção é o baixista Ben Shepherd, sua performance é no mínimo instigante. Por motivos de força maior, quando 72
Soulfly
o evento abriu as portas do inferno para receber Behemoth estávamos assinando contratos de limitações e direito de imagem para poder registar o Black Sabbath, mas ainda deu tempo de assistir ao Emperor também celebrando vinte anos. Os Noruegueses podem não ter classificado sua seleção para a Copa do Mundo mas em matéria de Black Metal provaram que são os melhores, tocaram In The Nightside Eclipse na íntegra, uma celebração aos vinte anos do primeiro lançamento do grupo. Para encerrar a participação nos palcos principais, os sacerdotes da noite Black Sabbath, liderados pelo “Principe das Trevas” Ozzy subiram ao palco sem nem um minuto de atraso. A introdução ao som de sirenes e explosões avisava que “War Pigs” abria a noite desatando a loucura no público. Ozzy dando seu show à parte, saltando, batendo palmas, rindo de tudo, de si mesmo, do público. Tommy Iommi bem ao fundo do palco e quase não víamos desde a linha de fotógrafo o canhoto vestido de negro, com suas palhetas de guitarras personalizadas, strap de guitarras com cruzes invertidas e um leve sorriso no rosto, como se tudo aquilo fosse corriqueiro e banal. Geeze Butler o acompanhava na posição de palco, pouco se arriscava a proximidade. O baterista Tommy Clufetos fazia bonito e confirmou mais tarde em “Rat Salad”, com um impressionante solo, o porque de ter sido escolhido para o posto. O incansável Osbourne deu um respiro quando Iommi tocou a introdução de “Into the Void”. Quan73
Alter Bridge
do “Snowblind” apontou na reta já não havia tempo para mais registros de imagem, fomos conduzidos à saída do pit e acompanhamos numa considerável distância Ozzy imitando o som de passarinhos e rindo da própria piada. Quem diria, o príncipe das trevas imita passarinhos... Do disco lançado ano passado apenas “God is Dead?” e “Age of Reason” foram tocadas, dedicando os preciosos minutos a agradar as gerações com clássicos como N.I.B. com direito ao solo matador de Butler além de “Children of the Grave”. Finalizando a noite com “Iron Man” e “Paranoid”, ao redor da pista vários fãs ajoelhavam e faziam reverência ao grupo. Já com a sensação de missão cumprida no bolso, nos despedimos do Hellfest 2014 ao som dos suecos Turbonegro. Existem grupos que carregam no nome a etiqueta de show caótico, suor, diversão, piadas de gordo e testosterona de sobra para encerrar o show com “I Got Erection”. Foi assim e ao pé da letra com “Selfdestructo Bust”, “You Give Me Worms” e “All My Friends are Dead” com direito a loucura geral incluindo pelados surfando por cabeças alheias até cair diante do palco para desespero dos seguranças que recebem tais surfistas de braços abertos, recolher marmanjos completamente nus foi para no mínimo dar esporro e ameaçar expulsar do evento, que à aquelas alturas já nada faria diferença. Ano que vem o evento celebra sua décima edição e promete, por incrível que pareça, um cartaz arrebatador. Can’t wait! Fim.
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Phil Anselmo
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Entrevista
“Tudo que acontece n nos inspira de u
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no Brasil e no mundo uma certa forma�
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Por Pei Fon com Rômel Santos Fotos: Assessoria/Divulgação
Algo de muita criatividade e perfeição é a capa do disco “Liberdade Presumida”. Qual o significado de todos os “elementos” contidos na mesma. Marcelo Cougo: A capa tem elementos referentes às letras das músicas, refletindo o caos e o pesadelo de um mundo dominado por megacorporação. Vigiados e manipulados nos resta a arte como forma de resistência. A capa foi concebida pelo Ronaldo Sabin e o nosso vocal, Sandré Sarreta. Se tratando de uma banda gaúcha, vocês têm alguma influência com músicas regionais ou sempre focaram mais no som pesado. Como músico, nas produções individuas, minha (Marcelo) e do Carlos, sim. Eu sinto essa influência. Na banda, aí é bem menos. Temos uma letra que fala de uma lenda na cidade de 78
Pelotas, um tema regionalizado, sobre o passado de escravidão nessa cidade. Mas no geral a banda se volta mais para o som pesado. A temática das letras são focadas para o lado político. Hoje o país se encontra em uma situação de grande desequilíbrio nessa esfera. A ideia do “Eu Acuso” seria tentar ajudar mais ainda sobre o momento ruim que o país vem enfrentando? As coisas são muito complexas. Tentar refletir sobre algumas coisas é importante e talvez essa seja a troca que propomos. Fazermos as coisas de forma coletiva. Se os partidos políticos se encontram dominados pela grana e os interesses econômicos de poucos, que todos nós aprendamos a fazer juntos um contraponto a isso.
Qual a visão da banda sobre os grandes eventos que estão prestes a acontecer no Brasil, como Copa do Mundo e Olimpíadas? Será mesmo que o país precisa é disso? Como desafio acho que sim. Como realidade se prestou a que o grande capital se realizasse em cima de imensas injustiças cometidas contra populações pobres removidas, direitos trabalhistas tenham sido descumpridos, que a repressão policial tenha dado as caras com força. Para manter um nível de emprego que desafia a grande crise capitalista mundial talvez tenha sido interessante. Vejo o lado mais à direita no pensamento político torcendo muito contra o Brasil de uma forma quase criminosa, quando se trata, por exemplo, da grande mídia, que trata os políticos de forma diferente, dependendo do partido. 79
Qual a visão religiosa de cada membro da banda. Muito individual. Temos uma posição crítica a intolerância das religiões. São espaços que se prestam a muita manipulação. A espiritualidade de cada um deve ser respeitada, desde que não agrida outras pessoas. Quando as religiões não proporcionaram violência? Grandes bandas vêm surgindo hoje no país, focando bem em cantar usando nosso idioma como o Hellena, Maieuttica e vocês. Por que esse diferencial? Vontade de ser compreendido por um maior número de pessoas no nosso país. Também a vontade de trabalhar artisticamente na língua, que é muito bonita e rica. Como tem sido o retorno do público com relação ao disco?
Muito positivo. Onde tocamos sempre temos público que se relaciona de forma bem intensa com a banda. Na internet, também, temos nossas músicas bem baixadas no site e nas redes sociais. Existem propostas para algum evento fora do país? Sempre, mas nada de concreto ainda. A oportunidade deve ser construída e, quando aparecer, a gente certamente vai querer passar por essa experiência. Cite quais foram os fatos mais marcantes da história brasileira para a banda. Também ajudam como fonte de inspi80
ração para composições de letras e melodias? Tudo que acontece no Brasil e no mundo nos inspira de uma certa forma. No Brasil certamente a relação de violência contra as populações mais pobres. As poucas vezes que algum governante se levantou contra isso foi massacrado pela mídia e pela elite associada ao capital estrangeiro. O suicídio de Getúlio Vargas, a Cadeia da Legalidade com Brizola, o Golpe Civil/Militar contra Jango. São acontecimentos importantes. Mas o ponto vai pra resistência e luta do nosso Povo, certamente o melhor que temos no Brasil, sua gente! Faça o seu top 5 das bandas e conse-
quentemente dos CDs que você tem escutado recentemente. Fale um pouco sobre elas. Ratos de Porão, “Século Sinistro”. Um som rasgadão, direto, com o vocal berrado do jeito que o diabo gosta! Tenho curtido muito. “Worship Music’, do Anthrax, gosto das levadas e do vocal bem cantado. As bases são muito legais. “Euforia” do Fito Paez, um CD que eu adoro e essa semana ouvi bastante por conta da invasão argentina em Porto Alegre. Lindas melodias e letras com uma poesia incrível. Os dois CDs da Bataclã FC, aqui de Porto Alegre, uma banda que eu toquei faz uns anos e tem músicas e letras incríveis, uma mescla de rock com samba gaúcho, reggae, 81
música tradicional e Rap. Doidera pura! Deixe a mensagem da banda para o público. Retrate o país que o povo precisa! Um país mais coletivo, que tenha alternativas importantes para que as pessoas possam se desenvolver. Mais respeito ao Povos Nativos, mais respeito e cuidado com o Meio Ambiente e buscar minimizar a diferença social ainda presente no país. Lutar sempre pela liberdade. Precisamos ficar de olho nas manipulações midiáticas. Precisamos de mais povo nas ruas, confraternizando e enriquecendo nossa cultura.
“Deixar de ser um projeto solo e se tornar uma banda” Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação
Saudações galera do D.A.M. Este é o nosso primeiro contato, prazer imenso. Por favor, não meçam as palavras, fiquem à vontade. Pois bem, apresentem-se para os nossos leitores. Banda: Saudações equipe da Rock Meeting e leitores, é um enorme prazer participar dessa entrevista. Guilherme Alvarenga: Eu sou o Guilherme vocalista e tecladista. Eduardo Megale: Eu sou o Edu, o guitarrista e escravo no D.A.M(risos) Antes de entrar nos assuntos pertinentes, como surgiu o nome da banda? Qual o significado de D.A.M? Guilherme: Em relação ao significado do nome D.A.M posso dizer apenas que é um segredo que será revelado no fim da primeira Trilogia. O nome surgiu pois eu queria algo que retratasse de alguma forma o estilo das músicas e, um dia, eu sonhei com o significado de D.A.M e resolvi seguir esse caminho. 82
Oriundos de Minas Gerais, um dos fortes celeiros do Heavy Metal brasileiro, a banda nasceu como um projeto solo e cresceu. Por qual razão deixou de ser um projeto solo e se tornar banda? Guilherme: Na verdade o D.A.M está passando por um momento de transição entre deixar de ser um projeto solo e se tornar uma banda. Pegando o gancho da brincadeira do Edu que falou que a função dele na banda é de escravo, no momento estamos gravando as músicas que são fruto das minhas pesquisas em misturar técnicas composicionais da música erudita com o heavy metal. Nestas músicas eu escrevo todos os instrumentos devido a um certo rigor e conexão que existe ao se empregar tais técnicas, sobrando pouco espaço para um trabalho coletivo, de banda mesmo onde cada um faz sua parte, se discute idéias etc. Nosso combinado é até o fim da primeira Trilogia mas, quando isso ocorrer, vamos ponderar sobre o que será melhor para todas as partes envolvidas. Decidi montar a banda pois sempre sonhei em fazer shows ao redor
do mundo e, como a receptividade da música Dark Night of the Soul e do EP Possessed foi excelente, é muito natural querer montar uma banda para tocar as músicas do D.A.M. Edu: Dentre as escolhas que tínhamos essa foi a melhor para conseguirmos cumprir o cronograma, pois como banda há uma certa burocracia para resolver os assuntos. O que acaba dificultando o processo, inclusive, muitas bandas terminam por isso. Em 2013 foi lançado o single “Dark Night of the Soul” e foi aclamado pelos fãs e a mídia especializada. Era possível imaginar que teria esse alcance todo? Guilherme: Olha eu esperava que algumas pessoas fossem gostar e tal, mas fiquei bem surpreso e feliz com o impacto que causou no mundo virtual. Foi muito trabalho e carinho empregado e todo mundo que escuta sente uma energia e se conecta com a música. Então me sinto realmente recompensado. Edu: Na verdade o meu pensamento não foi nem se iria ter esse alcance todo, mas se seria possível tocar a música ao vivo. É uma escrita não convencional para a guitarra. Como não completamos a formação cedo, tivemos bastante tempo para treinar ( risos). Nominados como Melodic Death Metal, o que é bem perceptível ao ouvir o som da banda. A sonoridade mistura técnicas eruditas e o peso do Heavy Metal. A proposta é testar e mesclar os estilos? Guilherme: Minha proposta inicial foi a de pesquisador. Ao verificar se seria possível usar algumas técnicas da música erudita para construir as músicas ( vide exemplo Battlefield) sem perder o peso, a essência do metal. 83
Minha esperança é que tais técnicas sejam popularizadas no contexto do Metal e da música popular em geral. Ressuscitar esse estilo composicional mas trazendo para a nossa época com estilos que usamos e ouvimos hoje em dia. Acho que penso mais em fazer heavy metal de uma maneira erudita do que mesclar os estilos. Edu: Acredito que isso foi uma consequência natural do estudo do Alvarenga e de seu gosto musical. Agora, em relação a ser considerados como Melodic Death Metal, é o meu estilo favorito e me sinto muito bem de poder tocar numa banda assim. Sempre escutei Arch Enemy e guitarristas neoclássicos como Jason Becker, Malmsteen, Ritchie Blackmore e bandas como Racer X e Cacophony cuja velocidade e execução dos guitarristas são impressionantes. “Battlefield” é uma faixa muito legal do seu primeiro álbum, “Tales of the Mad King”, a proposta é bem direta: riffs, blastbeats, agressividade e um toque medieval. Algo bem diferente do que se tem feito no Brasil, ou seja, tudo é possível não é? Guilherme: Muito obrigado pelo elogio. Olha, o lance medieval está mais relacionado com o contexto da Trilogia, o álbum Tales of the Mad King reflete a fantasia que o protagonista está vivendo na mente dele, então dentre as músicas que compus no meu período maior de pesquisa ( 2009) selecionei aquelas que tinham uma temática mais relacionada com fantasia etc. Entretanto eu diria que sim tudo é possível, eu componho pensando na música e no que eu gosto, misturo os estilos bastante e isso me agrada muito. Tudo depende do tema do álbum da proposta lírica, tiro influência inclusive de estilos não muito
populares entre os ouvintes de heavy metal! Edu: Battlefield é assustador de ouvir e mais assustador ainda de tocar. Eu não conheço muitas bandas no Brasil que abordem tais elementos. As bandas em geral tendem a seguir apenas uma linha de som, o que diferencia o D.A.M das demais é justamente a empreitada em unir características de vários estilos sem se perder no decorrer da música. No final de maio lançaram o mais novo EP “Phantasmagoria”. Conta pra nós como foi todo o processo de composição e o motivo por ser um EP e não um outro full-lenght. Guilherme: As músicas já haviam sido compostas em 2009 com exceção da Phantasmagoria que é de 2008. O processo envolveu pesquisas relacionadas com conexão de motivos onde, por exemplo, temos a Fear(Lunar Body) e a Empty Silence( Solar Body) que são músicas “gêmeas” e a abordagem de formas mais complexas como a Forma Sonata na Lord of Dreams que inclusive é a minha predileta do EP. A opção por lançar o Ep está 84
relacionada com o fato da Trilogia. Decidi lançar 3 albuns de 12 músicas que teriam um EP de 6 músicas cada um como uma espécie de Prelúdio. O Possessed é o prelúdio do Tales e o Phantasmagoria é o prelúdio do álbum que lançaremos ainda esse ano intitulado The Awakening. Como está sendo a receptividade da mídia e dos fãs com este lançamento? Guilherme: Está sendo excelente, temos recebido um feedback positivo de todas as partes do mundo e em especial no Japão! A galera tem empolgado bastante com as músicas e isso é muito legal de ver. Edu: Acho que está sendo ótimo porque o pessoal já acostumou com a sonoridade do D.A.M e o EP Phantasmagoria teve o som mais agressivo de todos. Para um guitarrista é sempre bom poder mostrar o que sabe. Mas conta para nós Edu como foi a Jam com o Paul Gilbert, exímio guitarrista que dispensa apresentações?
Edu Megale numa jam com Paul Gilbert
Edu: Realizei meu sonho, o Paul é uma pessoa genial que, com certeza, dispensa apresentações. Eu nunca imaginei em ver um nível tão perfeito de execução ao vivo, toca de uma maneira fácil. Eu tive a oportunidade de passar o dia inteiro com ele e ganhei inúmeros conselhos e ensinamentos que vou guardar para sempre. A jam foi sensacional. As vezes me pego viajando e relembrando, pois, com certeza o Paul é o maior ídolo que tenho! E sem contar na presença do Rafael Bittencourt (Guitarrista do Angra) que é uma pessoa que não tenho palavras para descrever. Foi um enorme prazer conhecer ambos. Top 5. Costumamos perguntar para os entrevistados quais as 5 bandas que influenciam sonoramente seus projetos. Por hora, cite as 5 bandas e o álbum. Fale um pouco sobre cada um. Guilherme: Essa é muito difícil porque eu estou sempre renovando meus gostos e bandas que escuto. Mas vou tentar falar das mais importantes. Nightwish- Angels Fall First: Este é o álbum 85
que o Tuomas (tecladista do Nightwish) menos gosta e o que mais admiro. Você sente uma essência nas músicas, uma simplicidade charmosa ao escutar essas canções cativantes. Comecei a tocar teclado aprendendo boa parte desse cd, então ele foi muito importante para meu aprendizado e foi minha primeira grande influência. Wintersun- Wintersun: Jari Maelpan foi o músico que me inspirou a tocar e cantar ao mesmo tempo e esse cd junto com o Ensiferum foram os cds que me levaram a curtir gutural e death metal melódico. Tenho um carinho especial por esse álbum e acho todas as músicas muito foda. É um disco bem variado e é uma boa inspiração para a maneira como organizo as canções nos álbuns do D.A.M, tentando sempre variar os estilos de uma música para outra! Iron Maiden- Somewhere in Time: Iron Maiden foi uma das primeiras bandas que conheci(assim como boa parte da galera que curte metal) e lembro que tinha arrepios sinistros ouvindo Rock in Rio ao vivo deles. Entretanto, quando descobri esse álbum em 2008, ele me levou a estudar com mais atenção as técnicas dele e incorporei bastante da linguagem do Maiden. Sobretudo duetos de guitarra que, para mim, são a coisa mais linda do mundo musical. The Black Dahlia Murder- Unhallowed : Essa banda abriu a minha cabeça para estilos mais pesados e para blast beats etc. Esse cd é uma boa transição para ouvir coisas mais pesadas porque ele é bem melódico. Minha maior inspiração advinda deles é para compor as baterias do D.A.M. The Human Abstract- Digital Veil: Esse cd é simplesmente uma obra de Arte. Foi o álbum que abriu minha cabeça para o progressivo para o Djent e para o Metalcore. Essa é a úni-
ca banda até hoje que encontrei que explora técnicas similares as que uso no D.A.M. Faust é uma música com uma rica polifonia e há um momento genial em que o A.J Minette sobrepõe duas melodias em contraponto. Uma derivada do acompanhamento do refrão e a outra que fora anteriormente usada para fazer uma transição entre o refrão e o verso. Esse álbum possui uma música na forma sonata( Antebellum) também e mais uma série de técnicas que se for falar a entrevista não acaba tão cedo( risos). Ouvi com atenção e percebi tais elementos no ano passado e realmente me abriu um leque imenso de possibilidades para serem exploradas em relação à breakdowns, vocais limpos, compassos alternados e uma série de “nerdices” musicais que a galera vai poder perceber nas músicas do D.A.M feitas do ano passado em diante. Possuo uma grande influência do Travis Ritcher também. Acho ele um cantor sensacional! Edu: Iron Maiden- Seventh Son of a Seventh Son: É o album que tem um astral místico, com uma sonoridade mais obscura, todas as linhas de guitarras são perfeitas e foi a primeira vez que eles usaram sintetizadores daquela maneira. Deu uma sonoridade diferente e, para mim, é o álbum predileto deles. Cacophony - Speed Metal Symphony: É impressionante, assustador, empolgante, quando eu o escutei eu não acreditei que era possível tocar naquela velocidade. Racer X – Street Lethal: Foi o primeiro álbum que eu escutei de metal e o que me atraiu para me tornar um guitarrista. Yngwie Malmsteen – Rising Force: O Malmsteen é o Malmsteen! Foi a primeira vez que escutei uma mistura de música clássica com metal. Arch Enemy – Doomsdays Machine: Repre86
sentou na minha vida a transição do Heavy Metal a la Iron Maiden para algo mais pesado sem perder o senso melódico. A figura do guitarrista Michael Amott me remete muito à do guitarrista do Iron Maiden Adrian Smith. Por fim, o que podemos esperar do D.A.M nesta metade de 2014? Sucesso galera. Guilherme: Anunciamos, em primeira mão, que recentemente recebemos uma proposta excelente de uma gravadora japonesa que quer lançar o EP Phantasmagoria com o álbum The Awakening, que está vindo aí, em um disco duplo. Recebemos também um convite, por parte deles, para realizar uma turnê no Japão que deve acontecer no final desse ano ou no começo do ano que vem. Sendo o começo de nossas apresentações ao vivo. Eles estão negociando conosco também o lançamento do Ep Possessed com o Tales of the Mad King em um álbum duplo e uma participação nos Dvds da Young Guitar. Muitas novidades mesmo! Esperem um álbum brutal e extremamente bem trabalhado. Esperem uma banda completa que irá fazer shows muito legais junto com vocês que tem esperado pacientemente por nossas apresentações. Todo esse trabalho é para vocês, galera! Edu: Eu finalmente gravei um álbum inteiro( risos), virão novos álbuns e Eps com muito mais peso, ritmos loucos, fritação nível master. Banda: Gostaríamos de agradecer à Rock Meeting pela entrevista e a todos os leitores e fãs que curtiram essa entrevista e tem nos acompanhado. Deixamos aqui um convite para a galera baixar nosso EP Phantasmagoria e curtir nossa página no Facebook. Muito obrigado galera \m/.