Revista Rock Meeting #15

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Editorial

Para tudo na vida há dificuldades, desde fazer pequenas coisas que ao primeiro olhar parecem simples e que na verdade são um furacão até outras que parecem ser impossíveis e que com um pouco de esforço se tornam possíveis. Isso é o que a Rock Meeting vem enfrentando durante essas 15 edições. Era impossível prever o que viria mais a frente depois das primeiras edições e hoje já está consolidada no cenário alagoano. Lutas e batalhas foram enfrentadas durante o tempo – pouco mais de um ano – em que esta revista vem mostrando o que se tem de melhor e que existe “SIM” música e músicos de qualidade dentro desse estado que é o segundo menor do Brasil. Mas o que há por aqui não é para estar entre os menores e sim entre os “MELHORES” desse país. Dificuldades existem em qualquer lugar e ocasião, mas com bastante esforço e sem desistir da batalha, a Rock Meeting, junto com as bandas e amantes do Rock em Alagoas, está revitalizando e fortalecendo cada dia mais a confiança que o público tem nos eventos que são promovidos com muito esforço e muitas vezes sem recursos, mas com amor ao bom e velho Rock’n Roll.


O tem aqui?

02 Darth Jeder 04 Review - Europe 07 World Metal 10 EXCLUSIVO - Harppia 14 Palhaço Paranoide 16 CAPA - Penitência 23 Show - Lançamento EP 25 Conexão PE - Terra Prima 30 Diário de bordo - Diego Brauna (Sonata Arctica) 32 Perfil RM 34 Eu estava lá - Maceió Jazz

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Pei Fang Fon

Expediente Direção Geral Pei Fang Fon Fotografia Pei Fang Fon Yzza Albuquerque Revisão Yzza Albuquerque Capa Lucas Marques Pei Fang Fon Equipe Daniel Lima Jonas Sutareli Lucas Marques Pei Fang Fon Renato Tiengo Yzza Albuquerque Colaboradores nesta edição Antonio Fon, Flávio Henrique, Camila Gusmão e Daniel Leão

Contato

Email: contato@rockmeeting.net Orkut: Revista Rock Meeting Twitter: http://twitter.com/rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting

As matérias não refletem, necessariamente, a opinião da revista, e sim de quem assina.


Darth Jeder Jeder Janotti Jr. - Headbanger e professor da UFAL-UFPE

Por que ouvir os clássicos

Todo mundo sabe que ouvir heavy metal ou classic rock não é só colocar a música para rodar no mp3 player ou no computador. Qualquer fã de metal gasta muito tempo discutindo qual a melhor banda, o grande guitarrista ou o melhor álbum de todos os tempos ou de um determinado grupo. Isso não é problema algum, significa que a música está tão entranhada em nossas vidas que uma audição não basta. Reviramos as músicas, conversamos sobre elas, nos posicionamos. As canções passam a ser algo mais do que diversão quando ‘lutamos’ por elas. Paranoid, Smoke on The Water e Rock and Roll fazem parte de minha vida tanto quanto meus cabelos, minha voz e meu modo de andar. Até porque, muitas vezes, essas canções conseguem exprimir melhor minhas emoções do que meus próprios pensamentos. Quase todo headbanger já tocou air guitar ou fingiu estar cantando em um grande palco para purgar suas energias. E com isso vêm as discussões que constroem o próprio mundo do metal, ou seja, quais são os melhores álbuns, faixas, guitarristas, baixistas, cantores, bateristas, tecladistas, etc., do mundo. Nunca chegaremos a um acordo, mas continuaremos a debater esses assuntos. Cada geração que chega faz girar a roda das tensões sobre quem são os melhores. Uma discussão em especial que ainda não consegui entender é sobre qual é o melhor “guitarra base” de todos os tempos. Idiossincrasias de lado, discutindo estamos construindo o que chamamos de referências. As referências são fundamentais em qualquer lugar em que estejamos discutindo o valor dos produtos culturais, por isso elas são tão importantes no mundo do metal. Dialogando e marcando diferenças, os headbangers constroem suas próprias identidades. Daí a necessidade que tenho de falar de um dos mais importantes álbuns da história do rock: “Paranoid” do Black Sabbath. 02 Rock Meeting


Independentemente das disputas em torno de qual o maior álbum da história, estamos diante de uma série de canções que fundamentam o que chamamos heavy metal. Mesmo que um fã de metal melódico reivindique um lugar ao topo para o Deep Purple ou Rainbown, não há como negar, esse obscuro objeto do desejo metálico chamado peso é fundido em Paranoid. Estão ali os riffs de guitarra que diferenciam o rock pesado do rock clássico / rock pesado de rock clássico, as linhas de baixo que acentuam o peso das marcações da bateria e os vocais (e letras insanas) que rompem com o mundo das fadas e negocia com as forças obscuras do inconsciente. Talvez por isso tudo que ninguém reclama quando em meio a qualquer show surja o insistente grito de War Pigs. Pouca gente discorda que Iron Man é a música tema do filme homônimo. E nenhum de nós fica cansado quando às sextas-feiras nos mais obscuros cantos do mundo ocidental milhares de bandas toquem nos mais obscuros cantos do planeta o velho e atual riff de Paranoid. É impressionante como uma música até certo ponto fácil de ser executada, repetida ao extremo, continue a fazer parte de diferentes gerações do mundo rock. É isso que faz um clássico! Nos traz a sensação de sermos parte de algo maior do que as repetições do cotidiano, do que o lado maçante da nossa existência, abrindo espaço para que a partir desse material, uma simples canção – quer dizer, uma grande canção – nos prenda a um grupo e nos faça achar que viver vale a pena, mesmo que por três míseros minutos.

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INESQUECÍVEL Por André Torres Fotos: Fernando R.R. Júnior (www.rockonstage.org) O Europe formou-se em 1979 e já vendeu mais de 20 milhões de discos no mundo. Em 2010, finalmente realizou seu primeiro show no Brasil, nos mostrando o seu vigor e virtuosismo, mostrando também que são uma banda que tem muito ainda para produzir no futuro. O Europe fez um sucesso muito grande nos anos oitenta com a música ‘The Final Countdown’, um Hard Rock futurista. Depois do sucesso, reconhecimento e uma grande pausa de 10 anos, a banda voltou em 2004, e desta vez no HSBC Brasil a banda veio promover o seu álbum recente Last Look At Eden ( o oitavo de estúdio ), lançado no ano de 2009. Para quem não é fã, a banda surpreendeu e fez um excelente show. A banda sueca – formada pelo carismático vocalista Joey Tempest (vocais), John Norum (guitarra), John Léven (baixo), Mic Michaeli (teclado) e Ian Haugland (bateria) – iniciou sua primeira apresentação no Brasil com Prelude, em seguida com Last Look At Éden, titulo do último álbum. Percebemos que é uma ótima música de uma banda antiga, e que assimilou tudo o que acontece de rock nos últimos anos, bela canção, belo refrão, sem contar a grande presença de palco e a moral alta que essa música lançou. Depois mandaram The Beast e Rock The Night, e essa última foi simplesmente excepcional, foi puro anos oitenta. Como valeram os anos oitenta para a história do Rock... E quando digo isso não cito as porcariadas descartáveis Rock Pop daquela época, falo de Europe para cima, ou seja, Hard Rock e Heavy Metal, é o que mais incorporou o que foi rock desde seu inicio nos anos 50. Tocaram ‘Scream Of Anger’, ‘Let The Good Times Rock’, que agitou muito a galera e foi cantada por todo o HSBC Brasil, em seguida o simpático Joey Tempest fala para cantarem com ele a balada que fez um grande sucesso na época, Carrie. Sempre enalteço muito as guitarras, por motivos até óbvios, a guitarra é a ponta de lança do Rock, mas a voz também. Nesta balada que emocionou o público do HSBC Brasil, Joey Tempest mostrou uma voz poderosa, com técnica e feeling incríveis, para completar fez vários malabarismos com seu microfone no melhor estilo de David Coverdale do Whitesnake e utilizou de guitarra e violão em vários momentos, além de filmar os fãs com sua própria câmera. Só mesmo em shows para ver essas coisas.

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Os fãs em retribuição jogaram uma bandeira do Brasil e ele a deixou estendida no palco. Além disso, o vocalista soube completar seu visual hard rocker com um chapéu de coro, o que ajudou para que a banda tivesse uma interação ainda maior com os fãs. Depois o vocalista pergunta: “Vocês gostam de guitar heroes?”, e, com a resposta positiva da platéia emendou: “Ótimo, porque trouxemos um conosco...”. Assim, John Norum, depois da balada Carrie fez o seu solo individual; excelente guitarrista, usou no show uma série de guitarras Gibson Les Paul, mostrou grande talento usando pedal Wah Wah e o seu solo foi muito bom. No fim Joey chega ao palco e diz “John Norum Guitar Hero!!!!”. Em seguida retornam tocando Seventh Sign, mais uma que agita a galera e depois mais uma balada, New Love In Town. O show estava ganho, pois o público estava muito feliz, mas, tinha mais Europe para rolar e eles prosseguiram com More Than Meets The Eye. Fizeram esse único show no Brasil e vieram pessoas de todo o lado do Brasil para presenciar a banda (inclusive, por exemplo de lugares mais distantes da capital paulista, como por exemplo, um casal que veio do Ceará), quase todas as

músicas foram cantadas pela platéia. Em More Than Meets The Eye, novamente brilhou John Norum, que fez um solo com muita categoria. Wings Of Tomorow mais uma vez agitou e nos enviou ao clima contagiante e emocionante que o Europe tem, e nesta o tecladista Mic Michaeli sobressai fazendo grandes efeitos no teclados, juntamente com um solo de voz simplesmente magnífico de Joey Tempest. Que pena que hoje tem tanto Power, Melodic, Gothic, que usam muito o teclado, mas ele parece impotente. Não se tocam mais teclados no Rock como os dos anos 70 em que saiam raios deles... hah!!? E por falar em teclado, mais um comentário: Existem muitos ‘Guitar Heroes’ novos, quais??? Bom, já vi o Alexi Laiho que toca como o Malmsteen e ainda canta ao mesmo tempo. Mas e os teclados??? Onde estão os Keyboad Heroes??? No Rock, só nos anos 70, há muito tempo não temos super tecladistas; temos Derek Sherinian ou Tuomas Holopainen, o primeiro é muito bom, apesar de ser uma moça, o segundo é até manero apesar de ser uma fruta perto de um Rick Wakeman ou Keith Emerson, cadê os grandes tecladistas que nasceram de 1980 para frente??!?!.


Voltando ao show do Europe, eles prosseguiram o agito que só eles sabem tocando Love Is Not Emeny. Mais uma vez, John Norum entrou apavorando com a Les Paul, fez vários solos usando ligados, animal. Depois eles tocaram o grande clássico Cherokee e o público foi tão vibrante quanto a banda e eles encerraram antes do bis com outra campeã, não nos deixando de fora da adrenalina com a Superstitious. Uma coisa impressionante que a gente vê no Europe é a originalidade deles, os solos, os arranjos musicais de trecho em trecho da música, eles são únicos. No bis, o Europe tocou a Ready Or Not, mais uma em que o teclado desta banda aparece numa bela intro e depois dá-lhe agito, sempre com a platéia dando apoio total, mais uma vez John Norum voa nas seis cordas de sua Les Paul e por fim tocaram a mais pop deles, a música que arremessou eles para o sucesso, The Final Coutndown. Essa rolou de uma maneira previsível, mas foi cantada com um enorme entusiasmo por todos os fãs que, se não lotaram,

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preencheram praticamente todos os espaços do HSBC Brasil. Joey Tempest disse que eles vão voltar, e lógico, esperamos isso. O Europe não conseguiu o seu sucesso à toa, eles mostraram ao mundo que dá para fazer música pop não fugindo, por exemplo, da raiz rock’n’roll, dado a excelente qualidade de suas composições, valeu demais ir ao show e, com certeza, esperamos uma breve volta. Set List: Prelude Last Look At Eden The Beast Rock The Night Scream of Anger Let The Good Times Rock Carrie Guitar Solo Seventh Sign New Love in Town More Than Meets The Eye Wings of Tomorrow Forever Travelling Love is Not The Enemy Cherokee Superstitious Bis Ready Or Not The Final Countdown


Black Label Society: turnê pelo Brasil em maio de 2011 O site oficial de Zakk Wilde publicou a seguinte nota: “Atenção fãs brasileiros do BLS. Estaremos em turnê no Brasil em maio de 2011!” Por enquanto não há mais detalhes sobre os shows.

Rock in Rio: 62 mil ingressos já foram vendidos

Em anúncio feito pelo Twitter oficial do evento, foi divulgado que dos 100 mil ingressos colocados através do sistema Rock in Rio Card, 62 mil já haviam sido vendidos. A expectativa é que até o Natal todos os 100 mil RIR Card sejam vendidos. Já foram confirmadas bandas como Metallica, Red Hot Chili Peppers, Sepultura, Angra entre outras.

Stratovarius: Jorg Michael diagnosticado com câncer

O tecladista Jens Johansson emitiu o seguinte comunicado: ‘Queridos fãs do Stratovarius, temos notícias terríveis. Nosso amigo e baterista Jörg Michael tem câncer. Ele recentemente descobriu um caroço no pescoço, foi ao médico e eles decidiram operar. Foi descoberto um neoplasma tiroidal maligno. Toda sua tireóide foi retirada para que as chances de o tratamento dar certo sejam maiores. Ele terá que passar por sessões de radioterapia. (...) Quanto ao Stratovarius, vocês sabem que há uma longa tour com o Helloween chegando. Jörg não poderá nos acompanhar, ao menos na primeira parte. Mas ele deixou bem claro que não quer que cancelemos uma apresentação sequer. Após muita procura, encontramos um cara que está livre e pode fazer o trabalho. Se chama Alex Landenburg.’

Destruction: revelados detalhes 09. Church Of Disgust 10. Destroyer Or Creator sobre o novo álbum A banda alemã de Thrash metal, Destruction, lançará seu novo álbum, “Day of Reckoning”, em 28 de fevereiro de 2011 via Nuclear Blast Records. Lista de faixas do álbum: 01. The Price 02. Hate Is My Fuel 03. Armageddonizer 04. Devil’s Advocate 05. Day Of Reckoning 06. Sorcerer Of Black Magic 07. Misfit 08. The Demon Is God

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11. Sheep Of The Regime 12. Stand Up And Shout (faixa bônus em edição limitada) O baixista e vocalista, Marcel “Schmier” Schirmer, comentou sobre o álbum: “Decidimos não usar o tema clássico do açougueiro na capa desta vez, porque o álbum precisava de um olhar malicioso com símbolos que expressam esse título forte, da maneira mais arrojada e simples”. “Day of Reckoning” é o primeiro trabalho com o novo baterista Vaaver.


Within Temptation: novo álbum baseado em quadrinhos O Within Temptation divulgou em seu site oficial o nome do seu novo álbum: “The Unforgiving”, previsto para sair em março do próximo ano. O disco será baseado nas histórias de uma série de quadrinhos, escrita por Steven O’Connell (BloodRayne & Dark 48), e as ilustrações ficaram as cargo de Romano Molenaar (Witchblade Darkness e X-men).

Ozzy Osbourne: T4F confirma cinco shows no Brasil em março

Um dos maiores ícones da música de todos os tempos, Ozzy Osbourne volta ao Brasil para uma série de shows por cinco cidades do país. Numa realização da TIME FOR FUN, a lenda do rock apresenta-se em 2011 em Porto Alegre (30 de março), em São Paulo, na Arena Anhembi (02 de abril), Brasília (05 de abril), Rio de Janeiro, no Citibank Hall (07 de abril) e encerra a turnê em Belo Horizonte (09 de abril).

Judas Priest: “chegou o momento de voltar para a estrada”

Segue um trecho da mensagem que o guitarrista do Judas Priest, K.K. Downing, postou em seu site oficial (kkdowning.net). “Parece que chegou o momento de nós voltarmos para a estrada para a nossa próxima turnê mundial em 2011! É engraçado, mas por volta desses dias - nessa época - eu não posso evitar refletir sobre o passado, quando nós mesmos tivemos que carregar a van com o nosso equipamento. Às vezes no gelo e na neve, com o medo de que iríamos congelar os nossos dedos e não seriamos capazes de tocar no show!” “Parece que foi ontem, como dizem, que estávamos em turnê com os nossos bons amigos do Budgie, Accept, Warlock, AC/DC, Saxon, Pantera... para citar apenas alguns. Muitas e boas recordações, de fato!”

Amon Amarth: novo álbum sairá no próximo ano A banda Amon Amarth anunciou que têm 10 canções já escritas e que começaram as primeiras gravações em outubro, alternando-se entre gravações da bateria e shows, como o primeiro show da banda no Japão, ao participarem do Loud Park Festival. “Surtur Rising” é o título do seu novo álbum de estúdio, com lançamento previsto para 29 de março de 2011 via Metal Blade Records.

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Iron Maiden: não tocará no rock in rio 2011

De acordo com mensagem postada no twitter, o perfil oficial do Iron Maiden confirmou que a banda não irá tocar no Rock in Rio. Apesar da banda já ter confirmada uma turnê no primeiro semestre de 2011 no Brasil passando inclusive pelo Rio de Janeiro, vários fãs e a própria produção do Rock in Rio sonhavam em ter a banda no festival, sonho que agora parece mais distante.



Uma das principais bandas do heavy metal brasileiro concedeu, com exclusividade, uma super entrevista para a Rock Meeting. Acompanhe agora e não perca nenhum detalhe! Por Pei Fang Fon Fotos: Divulgação Inicialmente, muito obrigado pela oportunidade desta entrevista. Apresentem-se para os leitores do Rock Meeting! Saudações da banda Harppia aos leitores fãs e amigos(as) da Revista Rock Meeting Ficamos imensamente gratos pela gentilesa e carinho de fãs, amigos como vocês! Visitem nossos links. Abraço! Sucesso! Tiberio Luthier (Bateria), Neila Abhrão (Guitarra), Eric Bruce (Vocal), Carlos Salles (Baixo), Aya Mae (Guitarra) Vocês fazem parte de um seleto grupo de bandas que surgiu nos anos de 1980. São mais de duas décadas de história. Contem-nos como tudo começou: as dificuldades, o nascimento da banda, a escolha do nome. A banda Harppia, juntamente com muitas outras bandas, surgiu na primeira metade dos anos 80, no auge do movimento “heavy” paulista , e continua na ativa com muita energia do Rock in Roll. Primeira banda de Heavy Metal brasileiro com o primeiro EP gravado em 1985. Desde então vem se apresentado em praticamente todos os estados do Brasil, e sendo citado em mídia nacional e internacional, como uma banda muito bem conceituada. Em sua discografia constam: o EP intitulado “À ferro e fogo”, em 1985, o LP “Sete” em 1991, o “ Harppia ’s Fligth “em 1999 Marcos Patriota e Ricardo Ravache, ex-Aeroplano, se juntaram a Hélcio Aguirra e Jack Santiago para formar o Via Láctea, que depois se transformou em Harppia. Então convidaram Tibério Corrêa Neto, ex-Aeroplano, para assumir a bateria. E com esta formação o Harppia gravou um EP (Extended Play) “A FERRO E FOGO” pela gravadora ‘Baratos e Afins’ e se consagrou

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Estando na ativa há tanto tempo, como vocês avaliam a cena nacional, desde o início da banda até hoje? C.S (Carlos Salles) - Estudando a história da banda Harppia e revendo os vídeos no Youtube e os arquivos pessoais de shows e apresentações em TV, verifiquei que a cena naquela época era ainda mais restrita em relação ao estilo Rock, havia certo preconceito em relação ao estilo digamos “Heavy Metal Nacional” e o Harppia quebrou estes paradigmas de forma profissional e com uma competência musical inédita para a época. Hoje os canais de divulgação de qualquer banda e estilo estão abertos de maneira democrática, diria ainda mais, de maneira “democraticamente Digital”, pois os diversos acessos são inúmeros pós-advento Internet. A cena nacional do Rock (o estilo debatido, acredito eu, dessa entrevista) hoje para mim, e o que estão repassando para a grande massa da população, está sem identidade nenhuma, pois ainda prevalecem os “senhores do Engenho musical” que ditam as regras comerciais para veiculação de “estilos pré-fabricados” de música para a grande mídia, não acho errado fazerem isso, porém deveriam dar mais espaços para outros chamados “produtos musicais” entrarem neste mercado também, essa é uma opinião muito pessoal, pois trabalho para esse “novo mercado do Rock Nacional” de forma bastante atuante. Vocês acompanham o Metal brasileiro de perto? Alguma banda nova que tenha chamado a atenção de vocês? C.S (Carlos Salles) - Particularmente estive em alguns festivais de Heavy/Trash Metal Nacional como jurado e ouvinte mesmo (de pequeno porte a grandes eventos) posso citar algumas bandas que acredito que irão chegar lá (se sobreviverem e persistirem no trabalho) como: Steely Heaven, Clamus, Seita e Sacrament. O que pensam da indústria musical brasileira? Com tantos anos de estrada, como avaliam a experiência que tiveram até aqui? C.S (Carlos Salles) - Em minha opinião, hoje o chamado “mercado fonográfico brasileiro ou indústria musical brasileira” está confusa em se tratando do estilo Rock Nacional, pois nem eles (produtores musicais do momento) sabem definir os monstrinhos que estão criando nos seus cativeiros (estúdios) e lançando na mídia deste país. Para mim, com experiência no mercado musical do estilo Heavy Metal Nacional, enquanto os detentores do poder da indústria musical brasileira não enxergarem o estilo Metal Nacional como gerador de lucros para seus propósitos financeiros, estaremos sempre à margem de tudo que acontece de mais importante deste mercado, ainda (nada contra) valorizando as bandas estrangeiras criadoras do estilo com glamour e prestígio, e o Heavy Metal Nacional (são muitas bandas) viverá com seu legado sobrevivendo como pode, pois há um imenso público neste país que gosta do estilo.

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Diante da memória afetiva de cada um, contem-nos algumas passagens importantes na carreira do Harppia. C.S (Carlos Salles) - Bom, pessoalmente obtive grandes experiências através do Harppia e sempre agradecerei ao Tibério Luthier e a Neila Abrahão por me chamarem a fazer parte desta história. São diversos os “episódios” vividos como baixista do Harppia, mais dentre as experiências dos inúmeros shows que fizemos, não esqueço em uma das cidades do Estado de Minas Gerais (não me recordo o nome do município), onde milhares de pessoas colaram (literalmente “colaram”) em frente ao palco e gritavam enlouquecidamente em uma só voz “Tibério, Tibério....”, para mim foi um reconhecimento sem igual do carinho e do respeito a esse músico que fez e faz da sua profissão um legado sem igual. Em 2008, vocês tocaram na Virada Cultural de São Paulo, e o público foi estimado em mais de 50 mil expectadores. Em virtude da áurea do evento, como foi tocar para tantas pessoas e num evento atípico? 2008 foi um ano marcante para o Harppia, um marco divisório apresentando-se na VIRADA CULTURAL para mais de 50.000 pessoas. Passando por várias formações, criando e acrescentando cada vez mais a sua fabulosa história no universo heavy metal nacional. Uma pergunta simples, no entanto, difícil de responder: o que é ter Tibério Correa na bateria do Harppia? CS (Carlos Salles) - Particularmente tocar e ser amigo do Tibério Luthier é uma oportunidade para poucos músicos, é muita responsabilidade assumir esta posição, pois o Harppia sempre prezou por bons baixistas durante a carreira, e saber que na “cozinha” (jargão popular musical dado para baixo e bateria) da banda, sabendo que lá atrás na batera está o Tibério, é para mim uma experiência sem precedentes. Meu, todos sabem o que o Tibério representa até hoje para o mercado musical deste país, esse reconhecimento nós músicos observamos nos shows do Harppia através do público, por isso, ter o Tibério como representante original na bateria do Harppia é algo que nunca tirarão de nós, realmente nós músicos estamos fazendo parte desta história ao lado de uma pessoa que acredita realmente naquilo que faz. 2008 foi o ano em que Neila Abrahão entrou para a banda. Como foi esse processo? Neila Abrahão: Guitarras, voz, violões, professora de guitarra do Conservatório Musical Souza Lima há 15 anos, pioneira como guitarrista mulher em fazer workshops na Expomusic e em fazer matérias e lições aos leitores em revistas especializadas em guitarra. Eu conheço o Tibério há muitos anos, no meio musical a gente se conheceu, e depois de anos sem vê-lo pela correria do dia a dia, nos encontramos há quatro anos numa festa de aniversário de uma colega em comum, e nesta festa ele me fez o convite para entrar no Harppia. Tive ótima aceitação pelo público, antes dos shows, olhares de curiosidade, e durante e depois dos shows, admiração e elogios.


O último trabalho de estúdio de vocês data do ano de 1999. Para 2011, o que podemos esperar do Harppia? CS (Carlos Salles) - É uma opinião muito particular, mas o público irá se surpreender com o novo formato do Harppia para 2011, não abriremos mão dos conceitos musicais que fizeram e fazem do Harppia uma banda ímpar no mercado musical brasileiro, pois esses diferenciais é que mantiveram o Harppia até hoje uma das melhores bandas de reconhecimento nacional e internacional através de suas músicas. A única certeza que tenho para 2011 é que iremos trabalhar muito para proporcionar ao público o melhor que poderemos oferecer de Harppia para todos, é do reconhecimento do público que se mantém uma banda por muitos anos ainda na ativa, e é isso que iremos buscar, músicas conscientes, letras concisas, uma cozinha (bateria e baixo) avassaladora e muito mais guitarras representadas por mulheres que arrebentam de verdade (Aya Mae e Neila Abrahão). Como anda a banda em termos de turnê? CS (Carlos Salles) - Em minha opinião, 2010 foi e está sendo um ano de grandes shows, o Harppia esteve em regiões do Brasil que nunca havia tocado antes (segundo a história da banda). As perspectivas para 2011 estão intensas e promissoras. Gostariam de dizer algo aos nossos leitores? Agradecemos à oportunidade da entrevista, e esperamos ter contribuído para a memória musical cultural deste país. Aos leitores agradecemos pelo carinho em conhecer a banda Harppia de maneira aberta e intimista, onde prevalece o carinho de vocês com a banda, muito em breve estaremos fazendo shows norte e nordeste. Muito obrigado pela entrevista, foi um prazer imenso. Sucesso!


seu novo Por Daniel Lima (@daniellimarm daniel@rockmeeting.net)

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Lança

Banda Palhaço Paranóide se apresentou no Posto 7 e fez o lançamento do seu primeiro Clipe no Cine SESI Pajuçara

A banda Palhaço Paranoide vem se destacando cada dia mais no cenário Rock em Alagoas e nesse mês de novembro aconteceram dois momentos distintos para a banda. O primeiro ocorreu no dia 7 de novembro no posto 7 durante o projeto Maceió Viva Cultura, quando se apresentou junto com a banda Voz Urbana, que é cover da banda brasiliense Legião Urbana. O outro ocorreu quando no dia 22 de novembro quando fizeram o lançamento do clipe “A Rosa e o Vagabundo” no Cine SESI Pajuçara; dessa vez, contudo, não houve apresentação ao vivo da banda, apenas a festa. Show no Posto 7 No posto 7 a banda foi a primeira a se apresentar no projeto Maceió Viva Cultura onde o show começou com atraso devido a alguns problemas ocorridos com um dos integrantes da banda, mas nada que viesse a atrapalhar a apresentação da banda. A banda – formada por Guilherme Di França (Voz e Guitarra), Bruno Diego (Teclado), Anderson Aredes (Guitarras), Rodrigo Carneiro (Baixo) e Yuri Alexandrovich (Bateria) – fez uma ótima apresentação e realmente ficou comprovado que eles estavam com bastante vontade de fazer um ótimo show. O repertório continha músicas próprias e tocaram uma música da banda inglesa de Rock Alternativo ou Rock Britânico - como muitos gostam de chamar – chamada Radiohead. A banda já tem um público formado e por isso haviam várias pessoas que cantavam as músicas deles e apesar do repertório reduzido fizeram um ótimo show. Em seguida veio a banda Voz Urbana tocando músicas do Legião Urbana. O público estava na expectativa para ouvir as músicas que se tornaram clássicos da banda que lançou para o Brasil e o mundo o vocalista que já não está entre nós Renato Russo. ‘Pais e Filhos’, ‘Ainda é Cedo’, ‘Geração Coca-Cola’, ‘Índios’, ‘Tempo Perdido’, ‘Meninos e Meninas’ estavam nesse set que fez gerações de amantes do Rock Nacional se deliciarem ao som de uma das maiores bandas de rock brasileiro de todos os tempos.

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Lançamento do clipe “A Rosa e o Vagabundo” Tudo começou por volta das 20:30 quando palhaços do grupo Buda Canastra começaram a descer as escadas do Cine SESI, cada um com a sua particularidade. Caminhavam em silêncio, e entre eles havia um que soprava bolhinhas de sabão entre os convidados ao som da música que teria seu clip exibido em poucos instantes. Depois de algum tempo, Guilherme Di França desceu até o palco e agradeceu a todos por comparecerem ao lançamento do primeiro clip da banda e chamou aqueles que colaboraram para que o vídeo fosse gravado, como o elenco, patrocinadores, produtora, ex-integrantes além dos outros componentes da banda. Após isso, aconteceu a exibição do vídeo. O público assistia atentamente e em silêncio para não perder um só detalhe e ao final todos aplaudiram fervorosamente de pé o clipe que acabara de ser exibido. O vídeo foi mostrado mais uma vez e estava estampada nos rostos do integrantes a emoção de ter finalmente exibido para o público o tão esperado vídeo clipe. Depois que todos viram o resultado do trabalho, aconteceu um coffee break onde Guilherme Di França cantou ao som do piano de Bruno Diego a música A Rosa e o Vagabundo e os presentes cantaram numa capelinha suave e bastante emocionante. A banda Palhaço Paranóide mostrou com o lançamento desse vídeo clipe que em Alagoas é possível fazer material de qualidade sem precisar sair do estado. O clipe foi gravado no Teatro de Arena que fica ao lado do Teatro Deodoro e com muito esforço eles conseguiram o que se imaginava ser impossível por aqui. Um vídeo com som e qualidade impecável para todos verem o que tem de melhor por aqui.

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De antemão, a Rock Meeting aproveitou o lançamento do EP ‘The Home Tracks’ e conversou com a galera da banda Penitência. Acompanhe cada detalhe!


Por Pei Fang Fon (@poifang - peifang@rockmeeting.net) Yzza Albuquerque (@yzzie - yzza@rockmeeting.net) Fotos: Pei Fang Fon


Nada melhor do que show de lançamento para falar da banda. Então, apresente a Penitencia para os nossos leitores. Hudson: Somos uma banda alagoana independente que manifesta a sua expressão por meio da sonoridade agressiva, aliando ao peso do Thrash Clássico outras influências do Metal, que juntamente com vocais guturais nervosos dão uma identidade própria as nossas composições. Hugo: A Penitencia já teve vários integrantes desde o início de suas atividades. Atualmente nossa formação é composta por: Hugo Rocha (vocal) Wellington Souto (guitarra) Andrej Alexander (baixo) Hudson Rocha (bateria) Pois bem, agora explique a origem da banda, do nome, a escolha das influências. Hudson - A banda já existia um pouco antes de eu fazer parte dela. Eu tocava em outra banda: a “Gravidade Zero”, que na época tocava um som mais pop (Capital Inicial, Legião Urbana etc.) e o Hugo chegou cantar um tempo nela. Mas ele encheu o saco e queria tocar um lance mais pesado. Daí ele, com o Yguaratã, amigos de infância, montaram a banda, só que ainda não se chamava Penitencia Hugo - Quando eu saí da Gravidade, chamei o Yguaratã (ex- guitarra) para montar uma banda de punk / grunge. Iniciamos atendendo pelo nome de Swell, nome influenciado por nossa ligação com o surf. Em um determinado dia, verifiquei no dicionário o significado do nome Nirvana, pois sempre gostei da banda, enquanto procurava encontrei a palavra Penitência, achando o nome ideal para uma banda de rock Andrej - Em nosso retorno adotamos o nome sem o acento circunflexo, para identificá-lo como um marca própria. Algo como Korn com

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K ao invés de C, por exemplo. Já sobre as influências, cada um tem suas preferências. Eu, por exemplo, gosto desde Alice in Chains até Obtuary. Todas as bandas que ouço acabam de certa forma me influenciando no modo de tocar e compor. Mas, definitivamente, nossa principal influência como banda é o Sepultura principalmente por suas músicas, mas também por ser a maior referência em se tratando de banda de metal brasileira. Depois de um período sem estar na atividade, o que motivou a volta da banda? Hugo - Puro entretenimento. Pra dizer a verdade não voltamos como Penitencia propriamente. Nosso objetivo era fazer um som e tomar umas “biritas” durante o fim de semana. Através disso, eu e meu irmão (Hudson), falamos com o Andrej (ex-baxista do Pé na Cova) e o Wellington, apenas pra tocar uns covers do Alice in Chains, entre outros, mas no decorrer dos ensaios sempre tocávamos umas musicas do antigo repertório e vimos que está união tinha a pegada ideal para um som mais pesado. Assim, decidimos voltar com a Penitencia com esta nova formação. Andrej - Foi. A coisa meio que aconteceu por acaso. Quando eu tocava no Pé na Cova sempre tive um bom relacionamento com Hugo, Hudson e o Yguaratã. Tocavamos e organizávamos show juntos. Depois de anos das bandas se dissolverem resolvemos tocar juntos com a idéia de fazer um som por distração. De repente o negócio foi nos evolvendo de tal modo, semelhante a quando éramos adolescentes, foi quando percebemos a Penitencia havia voltado. Wellington - Eu já havia tocado na Penitencia em alguns shows antes da banda parar. Estava sem tocar em nenhuma banda quando os caras me chamaram, então resolvi participar desse novo projeto Hudson - Eu só queria voltar a tocar um som pesado e beber com meus amigos! (risos)



Vocês acham que mudou muita coisa na cena local durante o tempo em que estiveram inativos? Hugo: Mudou sim, antigamente a cena era mais ampla, existiam mais casas de shows voltadas para gênero, como o Sururu de Capote, Marquês, Marroaz, Maria Tequila, Jaraguá Arte Studio, etc. proporcionando maior oportunidade para as bandas e mantendo um publico fiel nos festivais que sempre ocorriam. Andrej: Sem dúvida. Antigamente o público era maior, no entanto só tinha espaço para quem tocava covers. Poucas bandas que faziam um som autoral na época conseguiram permanecer na ativa até hoje. Atualmente o publico que comparece aos shows é menor, no entanto está mais receptivo às músicas próprias. Temos recebido feedbacks positivos de nossos shows, onde o repertório é em grande parte composto por músicas de nossa autoria. Isso nos motivou a investir em um projeto como o The Home Tracks. Hudson: Sim, tem um monte de estilos novos que estão por aí que eu nem sei o gênero. De qualquer forma, continuo desatualizado desses novos estilos musicais que estão por aí. Mas realmente, a galera tem valorizado músicas da “terra”, uma vez que disponibilizamos para downloads. A galera baixa e já conhece. Isso é massa para as bandas daqui. Um dos projetos já está sendo realizados. O lançamento do EP ‘The Home Tracks’ é o ponto chave desta nova fase. Como foi o processo de gravação, composição das músicas. Contem para nós um pouco desta experiência. É impressão ou a logomarca da banda é um ambrigrama? Andrej: Consideramos este cd demo como um registro histórico e o inicio de um novo ciclo. Todas as músicas que compõe o disco foram iniciadas na fase anterior ao retorno da Penitencia, com exceção de Keep Away, que foi a primeira música composta pela formação atual, sendo todas as músicas adaptadas aos padrões desta formação. Hudson: A gente já tinha a idéia de gravar um disco. Porém, quando começamos a gravar a bateria, que só tinha três microfones para ela inteira, eu só queria analisar como as músicas estavam saindo como ouvinte, já que eu acho diferente de quando se está tocando. Mas quando o negócio foi rolando, a gente quis dar continuidade. A gente mesmo que fez a edição com o equipamento que possuímos. Não precisou de nada especial. Hugo: Gravamos as músicas em casa, sem

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nenhuma produção, de modo totalmente independente. Daí o título “The Home Tracks”. Você consegue imaginar como foi gravar num quarto onde mal cabiam duas pessoas? As pessoas se surpreendem quando contamos. Wellington: Eu fiquei um pouco nervoso mesmo sendo uma gravação caseira. Cometi vários deslizes, mas fui tentando até conseguir. Alguns solos eu trouxe prontos de casa, pois não estava conseguindo encaixar no momento da gravação. Andrej: Sobre a logomarca, quando eu li Anjos e Demônios do Dan Brown eu conheci e achei interessante os ambigramas e fiquei com isso na cabeça. Em certo momento vi que era possível fazer isso com o nome Penitencia, então passei horas desenvolvendo um rascunho. Com auxílio de um colega da minha antiga banda, Rodrigo, transformei o rascunho no atual logo. Algumas pessoas acham difícil de ler o nome Penitencia de imediato, mas quando descobrem o “truque” entendem o motivo. ‘The Home Tracks’ lançado. Qual a essência que a banda quer transmitir? Hugo: Por ter sido gravado em casa, acho que a banda transmite a idéia de quebra de barreiras. Tipo, quando gostamos do que fazemos não existem obstáculos impossíveis de serem superados. Determinamos que iríamos gravar nosso som de uma forma diferenciada, com qualidade e com certeza bem underground (risos). Deste modo, conseguimos quebrar paradigmas. Andrej: Estamos vivendo a Era Digital, onde o mp3 tornou a música descartável e o CD está em extinção. The Home Tracks foi feito de maneira totalmente artesanal. Se você considerar a gravação caseira, que a tiragem foi feita por um integrante em seu próprio computador, que cada CD foi pintado manualmente e posteriormente embalado por um membro da banda, The Home Tracks é mais que um simples EP. De certa forma é a materialização do espírito da Penitencia. Hudson: Exatamente! Essa demo é para nós um importante registro de trabalho que mostra nosso ponto de vista sobre fatos que acontecem no mundo e até sentimentos pessoais, como estresse e vida pós-morte, mesclando todas as nossas opiniões com a idéia de fazer o que você quer sem que as barreiras sejam suficientemente motivos para desistir! Atualmente, qual é o top 5 das músicas que representam bem a sonoridade da banda? Explique cada item.


Hugo: ‘Arise’ (Sepultura), sonoridade potente característica e influenciadora de nossas musicas; ‘Yesterday don’t Mean Shit’ (Pantera) – influência desde o reinicio, tocamos em alguns shows; ‘Would’ (Alice in Chains) – intensidade e expressividade; ‘Fuck Your Enemy’ (Superjoint Ritual) – Apesar da simplicidade, instiga legal; ‘Disorder Decay’ (Claustrofobia) – por ser uma musica trabalhada e pertencer a brasileiros que fazem o trash ser valorizado com a qualidade de suas músicas. Andrej: Vou escolher 4 das músicas que compõem nossa lista de covers: ‘Desparate Cry ‘(Sepultura), nossa maior referência. ‘A New Level’ (Pantera), pela identificação do público quando tocamos. ‘Ace of Spades’ (Motorhead), devido à energia que transmite. E ‘Paranoid’ (Black Sabbath), que dispensa comentários. A última música, de escolha pessoal, é ‘Ride the Lightning’, pois é a música que me fez gostar Metallica e que eu gostaria ter composto (risos). Hudson: Os caras já falaram tudo, mas só queria acrescentar uma: ‘Murder’, do Sepultura, pois é uma faixa do disco ‘Arise’ que eu acho uma porrada nos ouvidos e a pegada da música é inspiradora pra mim. Wellington: Eu costumo escutar as bandas como influência. Posso citar como músicas inspiradoras ‘Spirit Crash’ e ‘Symbolic’ do Death; ‘Into the Pit’ do Testament. Também escuto muito músicas do Arch Enemy.

2010 já está indo. E os planos para 2011? Planos para tocar fora do estado? Andrej: Planejamos lançar um novo EP em 2011 e desenvolver uns clips. Já temos material, só

falta entrar em estúdio. Mas isso vai depender de como o The Home Tracks vai ser recebido, pois não queremos apenas gravar as músicas e jogar na internet. Quanto a tocar fora do estado, é algo que temos vontade e estamos amadurecendo, pois como todo mundo da banda trabalha, e no caso do Wellington e no meu, às vezes nos finais de semana, então isso precisa ser bem planejado. Em falar dos outros estados, quais são as bandas cujo trabalho vocês têm acompanhado e que podem dar uma referência legal para os leitores da Rock Meeting? Andrej: Eu assisti ao Cruor abrindo para Megadeth em Recife e achei incrível a performance da banda. Além dessa, a Karne Krua, banda antiga de Sergipe, são referências legais de outros estados. Hudson: Cara! Eu gosto do Paura e Questions de São Paulo e Hanagorik de Pernambuco. Muito obrigado! Sucesso e sigam com o trabalho. Andrej: Nós que agradecemos o convite da Rock Meeting e os votos de sucesso. Gostaríamos de retribuir entregando-lhe uma cópia do The Home Tracks. Espero que vocês gostem da nossa demo. Um forte abraço. (CD entregue a Pei Fang no dia do show) Hudson: Eu admiro o trabalho de vocês, por ter a iniciativa de fazer um lance muito bom com as bandas daqui. Muito grato pelo espaço cedido e que continuem com esse trabalho. Valeu! Wellington: Obrigado pela matéria e sucesso!



O Rock Voltou ao Orákulo Eventos

Nem só de som foi dedicado o evento

Por Daniel Lima Fotos: Pei Fang Fon

Com letras marcantes e fortes a banda Penitência lançou seu primeiro EP entitulado The Home Tracks no dia 21 de novembro do corrente ano no Orákulo Chopperia com a participação das bandas Zé Pequeno, Blastose, Abismo, Adrenaline e Cheiro de Calcinha. O público compareceu em um pequeno número – como já se tornou rotina – mas nada que viesse a abalar as bandas que iriam se apresentar, ao contrário, deram o máximo e mostraram que ainda acreditam em melhorias no Underground alagoano.

O show começou O show iniciou com atraso – outra coisa que já virou rotina – devido alguns problemas técnicos, mas o importante mesmo é que a banda Zé pequeno foi a primeira a se apresentar no palco do Orákulo. Com o repertório “bastante” reduzido, tocaram música regional com uma vêia Rock na sua guitarra gritante. Com a participação na guitarra de Hudson Rocha (baterista da Penitência) a eles fizeram um ótimo show apesar do guitarrista da banda não ter se apresentado por problemas pessoais. Músicas próprias foram executadas pelo grupo que está na ativa há bastante tempo, rodando pelos palcos de Alagoas. Em seguida veio a banda já consagrada no cenário alagoano, que, por isso mesmo, dispensa apresentação. Abismo mostrou toda a agressividade que as verdadeiras bandas de Metal em Alagoas possuem. Parecia que o tempo afastado dos palcos só fez aumentar a vontade de tocar, bater cabeça e mostrar que a banda Abismo está firme e forte como sempre. No repertório estavam músicas próprias e entre elas uma mais recente, além dos covers que já fazem parte da origem musical da banda Abismo. A terceira apresentação ficou por conta da banda Blastose, Grunge de primeira qualidade e sem frescura. Com a solução básica do Rock’n Roll que constitui Guitarra, baixo e bateria, eles tocaram desde músicas próprias e outras de bandas já consagradas no estilo como “Pure Massacre” do Silverchair e “Heart-Shaped Box” do Nirvana. A diversidade musical estava presente nesse evento e isso foi ficou explícito com as três primeiras bandas demostrando que união entre bandas de diversos estilo é a melhor forma para crescer a cena independente em Alagoas. A principal banda da noite foi a quarta a apresentar o seu trabalho para o público presente. O vocalista da banda, em seu momento particular com o público, lembrou que tanto o evento quanto o apresentação da banda era dedicado a Marcelo Gomys e Tayra Macedo vítimas de acidente de moto na principal avenida de Maceió, ocorrido em outubro passado.

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Penitência iniciou o show com músicas próprias que estão no EP The Home Tracks para que todos conhecessem o trabalho que está contido no CD. Thrash Metal – que, na verdade, deveria se chamar porrada na orelha – foi o que a banda trazia no seu repertório, que além das músicas do Ep contiam covers do Sepultura e Pantera. Mas, infelizmente, a pequena platéia estava meio desanimada. Para encerrar o show, a banda Penitência convidou vários vocalistas para cantar “Roots Bloody Roots” do Sepultura. A banda está de parabéns e fez um ótimo show. A banda que veio em seguida toca uma mistura de rítmos que contagia e não é necessariamente Rock. Cheiro de Calcinha com Lobão e sua trupe jogou no Orákulo uma boa dose de bom humor e irreverência contidas nas suas letras para animar o show. A apresentação inicou com a música “A Mulher do delegado é Muito Boa”, em seguida tocaram “João da Venda (gonorréia)” entre outras. Igualmente as outras bandas, Cheiro de Calcinha teve seu tempo reduzido e para encerrar tocou um dos maiores, e se não o maior clássico da banda, que se chama “As Periquitas das Meninas”. Para encerrar a noite subiu ao palco a banda Adrenaline com um som peculiar e que ao ouvir já se sabe que são eles quem está se apresentando. Com um repertório muito, muito bom, a banda tocou para um publico bastante pequeno já que era por volta das 22h e lembrando que o evento foi num domingo, o que complica mais ainda. Sempre a ultima banda toca para um público quase zero e o que anima as bandas é que existem aqueles que resistem até o ultimo minuto além do público que a banda já possui. Cada dia está ficando mais difícil fazer eventos em Maceió e estar em uma banda que vive no underground não é nada fácil. Tem que ser guerreiro numa batalha eterna contra o preconceito e ser autêntico no que faz sem precisar baixar o nível. Assim é a rotina da banda de Thrash Metal genuinamente alagoana chamada Penitência que está com um CD de qualidade sonora e musical. Acreditar e continuar lutando, essas são as palavras-chave para o desenvolvimento do Rock em Alagoas.

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Conexão PE Dando continuidade a ponte feita entre Alagoas/Pernambuco a Rock Meeting entrevistou uma das bandas que vem se destacando no cenário do Metal nas terrinhas pernabucanas. Confira agora com exclusividade. Por Pei Fang Fon (@poifang - peifang@rockmeeting.net) Yzza Albuquerque (@yzzie - yzza@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação


gostado muito, pois ele está sempre mesclado à música, ao contrário do que tantos fazem por aí que ficam colocando pedaços isolados só pra dizer “aaah a gente também usa!”. Desde o início da banda até aqui, já foram lançados duas ‘Demos’, e este ano saiu o primeiro álbum de vocês. Quais as mudanças que são perceptíveis desde o “Life Carries on” até o mais novo trabalho, “And Life Begins”? O Life Carries On foi de 2004 e o Step by Step de 2006... o And Life Begins é de 2010, mas foi gravado em 2009, então são 5 anos pelo menos de distância entre o primeiro e o atual, sem contar que tivemos produção profissional de Pompeu e Heros... TUDO MUDOU. A banda soa mais pesada, o vocal mais agressivo, demos umas diminuídas nos teclados para deixar o som ainda mais denso e pesado. As músicas ganharam outras caras ao longo desses anos e da pré-produção realizada em São Paulo. Enfim, houve uma evolução em TODOS os aspectos.

Primeiramente, gostaríamos de agradecer por esta entrevista. Apresentem-se para os nossos leitores. Olá a todos os leitores da Rock Meeting. Somos o Terra Prima, uma banda de Heavy Metal Melódico de Recife e estamos cheios de novidades que vocês vão conferir nessa entrevista, então fiquem com os olhos grudados aqui... Contem-nos um pouco sobre a origem da banda. Como surgiu o nome “Terra Prima” e como se deu a escolha do estilo musical? O nome Terra Prima vem do latim, e significa Terra Primeira, ou a Terra em sua essência. A partir daí tivemos os links com o estilo, que já tinha sido baseado no Heavy Melódico, mas com um nome que fala tanto em Essência da Terra, tínhamos que colocar realmente a essência musical do Planeta Terra todo no nosso som. Então ficou essa mistura, que muita gente tem

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Falando no novo projeto, ele foi produzido junto com Marcello Pompeu e Heros Trench, ambos do Korzus. Contem-nos como foi esta experiência ao lado de renomados músicos. Bem, você já adiantou uma bela parte. RenomBem, você já adiantou uma bela parte: renomados músicos. O estúdio lá, além de ser o mais preparado pra se gravar Heavy Metal no Brasil, é o mais bem frequentado também, sempre com pessoas importantes do meio indo e vindo, como os caras do Dr. Sin, Oficina G3, Aquiles Priester etc. Você começa a se sentir músico profissional a partir do momento que você tem uma experiência dessas: estúdio profissional, isolamento pra gravar, músicos influentes olhando seu trabalho... Você simplesmente se sente parte do meio. Além disso, os caras do Korzus tem uma bagagem musical de mais de 20 anos e souberam extrair exatamente o que eles achavam interessante no Terra Prima e limar o que eles achavam que não condizia com a proposta. PRODUÇÃO DE PONTA!


Continuando sobre o “And Life Begins”, houve algumas participações especiais na composição do CD, como Gilmar Bolla 8, da Nação Zumbi, Andria Busic, do Dr. Sin, e Rafael Bittencourt (Angra, Bittencourt Project). Como foram as gravações? Como foi feito o convite a esses músicos? Gilmar e Babi gravamos em Recife, ligamos e eles toparam de cara. Rafael já havíamos ligado e ratificamos o convite na gravação do DVD do Oficina G3... Ele pediu pra ouvir a música, curtiu e foi lá no estúdio gravar. Andria Busic gravou a pedido de Marcello Pompeu, que identificou a cara dele em New Dawn, que realmente é uma música mais rock do CD. Ficamos incrivelmente satisfeitos e com todas as expectativas superadas nas participações especiais. Recentemente, o lançamento do Terra Prima ganhou um review na edição 148 da revista Roadie Crew. Como foi recebida esta notícia? Já estávamos esperando que fosse sair o review. Mandamos o CD em atenção ao próprio Ricardo Batalha, que declarou não ser muito fã do gênero e que só faria o review se realmente o CD fosse bom. Deu no que deu, Ricardo

Batalha nos deu 8, ou seja, um dos jornalistas mais importantes do meio Heavy, que não é fã do nosso gênero, nos deu um 8. Ficamos com a sensação que se fosse um cara normal, fã de melódico, teríamos tirado 12 pelo menos hahaha. Esta pergunta é meio clichê, mas qual o motivo que levou a banda a optar por cantar em inglês ao invés de português? É realmente a adequação do idioma. O português não é um idioma fluido como o inglês, então as coisas não ficam tão bonitas. Você pode comprovar pela quase inexistência de bandas que se destacam no gênero cantando em Português. Em setembro vocês tocaram no Sun Rock Festival, na Paraíba. Como foi a receptividade do público? E deu para acompanhar o show do Scorpions? Foi incrível. O show do Scorpions foi um dia antes do nosso. Deu pra acompanhar o Matanza, Children of the Beast, Angra e Sepultura, que fizeram shows incríveis para um público maravilhoso, cheio de energia e com muita fome de boa música.


Diante do histórico da Terra Prima, já tendo aberto o show para algumas bandas conhecidas nacionalmente e internacionalmente, entre elas: Viper, Angra, Atrocity e Leave’s Eyes; quais valores foram agregados a essas experiências? Essas oportunidades influenciaram na sonoridade e no comportamento da banda? Sempre se agrega conhecimento abrindo shows de bandas como essas. Mas é principalmente em questão de formato de equipe, que a nossa já toma cara de uma equipe profissional, pois conta com roadies, mesário, produtor de palco e muitas vezes até iluminador. Quanto ao som eu diria que não... algumas dessa lista até nos influenciaram, mas não pelo fato de termos aberto shows. Falando sobre música, o que vocês escutam? Citem alguns exemplos. Escutamos coisas incrivelmente variadas. Heavy Metal, claro, MPB, Rock n’ Roll, pop, Hard Rock e o fato de alguns da banda tocarem na noite dão ainda mais contato com estilos muito variados. Como está sendo o processo de divulgação do “And Life Begins”? Alguma turnê sendo planejada ou executada? Estamos sim. 2011 será o ano dos grandes shows do Terra Prima. Temos algumas datas sendo negociadas ainda pra 2010, mas 2011 temos uma sensação que será o grande boom, com viagens internacionais e todas as coisas que uma banda tem direito, mas isso é tudo que podemos revelar por enquanto hahaha. E para finalizar, alguma mensagem para o público alagoano? Obrigado pela entrevista! Sucesso! Muito obrigado à Rock Meeting e aos leitores que ficaram até aqui essas últimas palavras. Quanto ao público alagoano não queremos dizer nada por aqui, queremos sim é tocar aí e dizer ao vivo. Até breve, se Deus quiser, e um grande abraço a todos!

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Diego

Brauna

Diário de bordo

28 de julho de 2010: Finalmente sai a notícia tão esperada, Sonata Arctica faria sua terceira apresentação em terras brasileiras, tinha mais uma chance para conseguir a um show deles. Em 2008, infelizmente, não consegui, mas agora não ia perder a chance de ver uma das melhores bandas de Power metal do mundo. 29 de julho de 2010: Confirmada a data e o local do show, era hora de correr contra o tempo para garantir ingresso e passagens para SP. 09 de setembro de 2010: Dei um dos passos mais importantes, comprei minhas passagens para o show. Viajaria dia 29 de outubro e retornaria 1º de novembro, só tava faltando o tão esperado ingresso. 11 de setembro de 2010: Chega a confirmação do site da ticketmaster do meu ingresso. Só faltava reservar um hotel e estaria tudo pronto para assistir o show de uma de minhas bandas preferidas. 07 de outubro de 2010: Confirmei o hotel, seria o hotel Plaza, que fica perto do local do show. Mas não foi nem preciso ficar no hotel porque dias depois meu irmão me ligou pedindo pra eu ficar na casa dele, que é em são Paulo. Cancelei a reserva e fui embora pra SP. 29 de outubro de 2010: E chega a hora de pegar o avião. Fui para o aeroporto com duas horas de antecedência, onde fiquei escutando sonata até não querer mais. O avião saiu sem atraso do aeroporto Zumbi dos Palmares em direção a Guarulhos-SP. Saí 3 horas da manha e cheguei a Guarulhos por volta das 7 da manhã. Peguei um ônibus da gol, que me deixou em congonhas, e tive que pegar um táxi para casa do meu irmão. Chegando lá, reencontrei meu irmão que não via há anos, mas a primeira coisa que fiz foi dormir, porque estava cansado da viajem. Acordei por volta das 2 da tarde e fui direto pra galeria do rock, andei de metrô pela primeira vez e é muito legal, fora do horário de pico, é claro. Fiquei espantado com uma fila que dava a volta pelo quarteirão do centro e perguntei a meu irmão o que era aquilo, ele disse que era a fila para pegar o ônibus. Consegui chegar à galeria do rock, a primeira coisa que fiz foi comprar uma camisa do Sonata, e ainda consegui comprar todos os CDS da banda. A galeria é muito grande e tem muitas lojas, visitei todas e por todos os lados que você ande vai ouvir as máquinas de tatuagem. Voltei com várias sacolas de compras. Chegando em casa fui dormir porque no outro dia seria o ‘’grande dia’’.

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O Show 30 de outubro de 2010: Apesar do sábado chuvoso, estava quente e abafado, e mesmo assim o Carioca Club ficou lotado para receber o Sonata Arctica, que conta com uma enorme e fiel legião de fãs. Do lado de fora a fila estava enorme, e lá dentro os fãs se aglomeravam na pista ocupando todos os espaços. O palco do Carioca Club não é tão grande, mas a vantagem é que de qualquer lugar da casa se consegue ter uma boa visão do show. O Sonata Arctica é uma banda finlandesa de Power metal, formada em 1995, e esta é sua terceira passagem pelo Brasil. Agora a banda veio divulgar o seu álbum mais recente, The Days of Grays (2009). Atualmente a banda é formada por Tony Kakko (Vocal), Elias Viljanen (Guitarra), Henrik Klingenberg (Teclado), Marko Paasikoski (Baixo) e Tommy Portimo (Bateria). Por volta das 19h a intro Everything Fades To Gray começa a tocar nos PAs e o público já vai a loucura. Um a um os integrantes da banda vão surgindo no palco e começam o show com ‘Flag In The Ground’, do disco novo, seguida por ‘Black Sheep’. Depois eles mandam uma sequência de petardos: ‘The Last Amazing Grays’, ‘Juliet’, ‘8th Commandment’, ‘As If The World Wasn’t Ending’, ‘Paid in Full’, ‘Tallulah’ e ‘In Black and White’. Todas as músicas foram executadas com maestria pela banda e seus refrões pegajosos foram cantados por todos os presentes. Depois foi a vez de o guitarrista Elias Viljanen mostrar que domina as seis cordas através da canção ‘Liberty’ de Steve Vai, tocada com muita propriedade. Ao final ele e o tecladista Henrik Klingenberg ainda travam um pequeno duelo entre os seus instrumentos. O vocalista Tony Kakko agita o tempo todo e é um palhaço (no bom sentido). Fez brincadeiras e caretas durante todo o concerto, o que acabou irritando algumas pessoas que preferiam mais músicas no lugar dos “falatórios”. Eu, particularmente, achei legal e acho que isso serve para diminuir a distância entre banda e público (deixa o espetáculo mais humano). Era hora do Bis, que começou com uma brincadeira de Tony Kakko dividindo a platéia em partes. Cada uma deveria fazer o som de uma parte da bateria (chimbau, bumbo e caixa). Assim, sentado em um banquinho e com as baquetas ele foi imitando o toque da bateria e conduzindo a platéia para emitir os sons, e com isso conseguiu fazer a intro de ‘We Will Rock You’ do Queen. Ficou muito legal. Depois a banda toda apareceu no palco e eles tocaram Fullmoon. Antes de começar a cantar, Kakko fez mais umas brincadeiras vocais e emendaram ‘Don’t Say A Word’, encerram o show com a engraçada ‘Vodka’ (Hava Nagila). O som estava ótimo. Alto e claro como deveria ser em toda apresentação. Todos saíram satisfeitos, com certeza.

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Perfil RM

O perfil deste mês traz o mais novo colunista da Rock Meeting ,Jeder Janotti. Conheça um pouco mais sobre ele.

Apresente-se Meu nome é Jeder Janotti, além de professor do curso de comunicação da UFAL e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE, sou um baterista ocasional e um apaixonado por rock. Quando tinha meus doze anos fui fisgado por um vírus do qual nunca mais consegui a cura: o heavy metal. Sou um felizardo, pois minha paixão também está conectada ao meu trabalho, minha pesquisa na universidade é sobre música e comunicação, o que significa que oriento trabalhos sobre música, viajo o país para discutir música sobre a perspectiva da comunicação e publico sobre gêneros musicais e comunicação. Esta é uma pergunta bem desgastada, mas necessária. Como surgiu o seu interesse pelo rock? O rock me fisgou na escola, eu tinha um amigo que era fã de Led Zeppelin. Acreditem no início dos anos 80 era quase como descer de marte no meio da caatinga. Eu já gostava de música, mas ouvia de tudo um pouco, achava que Cor do Som e 14 Bis eram rock da pesada. Convivendo com Evandro, o amigo da escola, comecei a me interessar pelo rock, quer dizer, me apaixonei pelo rock. Como na época erámos poucos, não escolhi o Led Zeppelin como minha banda do coração, pois só havia espaço para uma banda e um coração, assim comecei a seguir a trajetória do Queen, até que ouvi Back In Black do AC/DC e vi o filme do disco ao vivo de ‘If you want blood you´ve got it’, a partir daí me enfurnei no heavy metal e não saí mais de lá. Como professor, pesquisador e headbanger, você já escreveu alguns

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títulos a respeito do metal. Qual foi o intuito de falar sobre o assunto? Como foi a receptividade? A receptividade foi muito boa, tem muita gente na área de comunicação que trabalha a música como indústria do entretenimento e como um produto cultural que ajuda a construir nossas identidades. Mas meu intuito sempre foi simples, entender como um gênero musical cativou e mudou a experiência de mundo de um garoto que vivia na periferia do mundo roqueiro nos anos oitenta. Você possui um bom número de CDs, de dar inveja a qualquer metalhead. Por que decidiu fazer essa coleção enorme? De qual o CD tem mais ciúme? Sinceramente não me considero um ciumento dos CDs. Sou de uma geração que ouvir música significava colecionar discos. Esperar pela chegada dos LPs às lojas, chegar em casa, retirar o disco do plástico, parar tudo e dedicar pelo menos uma hora ao exercício da escuta. Mas, se não tenho ciúmes tenho o meu predileto (já tive várias versões), o disco que me toca e me tocou todas as vezes que escuto e escutei: Live Evil do Black Sabbath. Muito se fala da midiatização das bandas mais antigas do Metal, como Metallica, Iron Maiden, Megadeth... Fala-se também que até o som é mudado para atender à indústria da música. Como você enxerga isso? Olha, vamos ser honestos, boa parte das grandes bandas do heavy metal estiveram atrelados às grandes gravadoras e não tem jeito, isso significa ser embalado, passar por uma produção grandiosa e estar no mercado da música. O que acho é que algumas bandas como Metallica e Iron Maiden já produziram suas melhores obras. Mas isso não é só no metal. Alguém espera que os Rolling Stones ou Bob Dylan lancem obras que possam superar sua produção musical na década de sessenta?


Dentro desta perspectiva mercadológica, pode-se dizer que o Metal foi vendido, ou acredita que algumas bandas simplesmente optaram por esse caminho, fazendo desse o destino delas? O Iron Maiden, por exemplo, é uma marca, não há como fugir disso, Mas temos que reconhecer que, por outro lado, as bandas de pequeno e médio porte passam por gravadoras especializadas, que trabalham dentro de mercados de nicho. Mas isso tudo é coisa do passado, o que move mesmo a indústria da música nos dias atuais é a música ao vivo e nesse quesito bandas como Metallica, Iron Maiden e Rush continuam sendo autênticas e imbatíveis. Por isso seus shows continuam a ser celebrações da cena metálica. O que você pensa de o acesso à grande mídia ser tão difícil para as bandas ativas na cena? Acha que seria interessante reverter essa situação, ou compartilha da ideia de que o que está no underground deve permanecer no underground? O heavy metal não é mais ‘mainstream’ como chegou a ser na década de oitenta do último século. Após a virada do Thrash metal e a ascensão das bandas de Death e Black o metal volta a suas raízes underground. Mas esse não foi um movimento de negação do mercado ou da visibilidade do metal, ele é mais complexo e está relacionado tanto com o amadurecimento de uma geração de consumidores de música que ouviam metal. Não se pode esquecer que hoje vivemos um outro momento no consumo da música. Eu, particularmente, acho que há uma ligação entre a formação de um mercado de nicho, uma grande cena mundial de pequenos shows, a especialização dos subgêneros do metal com a valorização das relações entre a cena local e a circulação global de música. Não é uma questão só de preferências, é uma questão de aceitar a complexidade do mundo em que vivemos. Mas uma coisa permanece, o metal não está atrelado de maneira direta aos ditames passageiros do mercado da música pop. O que acha das atuais bandas mais populares do Rock nacional?

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Se for do rock brazuca depende. Não curto a onda Emocore e coisas desse tipo, mas acho que isso é um problema geracional, sou um velhinho do rock e como todo velhinho, tenho uma tendência (estúpida) a achar que as bandas do meu tempo eram mais legais. Saindo um pouco desta discussão, qual o seu Top 5 das músicas que mais gosta. Explique em poucas linhas cada uma delas. ‘Heaven and Hell’: A faixa que fez a passagem do heavy rock setentista para o metal da década de oitenta. Uma letra forte, que fala da dualidade de nossa existência, longe dos estereótipos atribuídos ao heavy metal... My life is heaven and hell ‘The Number of the Beast’: Mestre é mestre. Uma canção que pega, que não te larga, que brinca com peso e com os clichês do metal... sonho ou realidade? ‘Free Will’: Rush com refrão, destreza técnica e “simplicidade”, Neil Peart é um gênio das baquetas e das letras, um libélulo contra a caretice das normas religiosas. Meu lema... ’If you choose not to decide, you still made a choice, You can choose from phantons and fear, A kindness that can kill...Iwill choose a perfect clear, I will choose free will’... ‘Agora sò falta você’: Rita Lee em seus melhores momentos, com uma banda de arrepiar, rock and roll nas veias... Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo que eu queria fazer. me libertei daquela vida vulgar que eu levava estando junto à você...No ar que eu respiro eu sinto prazer... ‘Argumento’ de Paulinho da Viola: Um samba pra competir com a busca da autenticidade no mundo metal. E para finalizar, você já teve alguma banda ou vontade de montar uma? Muito obrigado pewla sua participação. Sucesso! Bem, já tive várias bandas, a banda Thor na década de oitenta foi um marco no rock capixaba e até 2009 toquei nos Mizeravão (quem quiser pode conferir no youtube)... Versões metal de música pra dançar....


EU

E STAVA LÁ Fotos de um dos momentos gloriosos do Maceió Jazz Festival com a presença do Brasil Modern Jazz Quarteto (AL), Chau do Pife, Orquestra Santa Cecília e, o grande nome da noite, Arthur Maia. FOTOS: ANTONIO fON | pEI fANG fON


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