Revista Rock Meeting #26

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EDITORIAL Realizações

Na cena musical, a palavra “realizações” pode significar muitas coisas, mas para um organizador de evento é dar a oportunidade de uma atração se apresentar na cidade em que você mora, além de proporcionar este tipo de vivência para as demais pessoas. “Realizações”, neste momento, tem sido de boas notícias para os que escutam o Heavy Metal. Nos próximos dois meses, alguns shows acontecerão, e já há a prenúncia de outros para um futuro próximo. Enquanto imprensa, não podemos fazer qualquer menção para não atrapalhar os planos dos que fazem as “realizações” acontecerem. Mas as nossas “realizações” têm sido nos mantermos firmes no mesmo propósito de divulgar, estabelecer conexões com outros estados, criar laços e, principalmente, enxergar a tal “luz no fim do túnel”. Não muito distante da utopia, ainda há muito o que fazer, manter e cativar. Não estamos querendo impor algo, ou tentando te fazer acreditar que tudo é um problema e não há solução. Incrivelmente, o sentimento está sendo renovado, e a cena, movimentada mais uma vez. O que esperamos, de verdade, é que as “realizações” não cessem num primeiro ato. Que haja outros capítulos desta mesma história que está sendo contada há tanto tempo. Acreditamos que ainda estamos em “estado de coma” para a movimentação da cena musical, muito embora, nos próximos meses, a cena deva sair do seu leito atemporal e abrir os olhos para enxergar o que ainda não viu.


CONTENTS

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World Metal Reffer em Maceió CAPA: 2 anos RM Korzus Entrevista: Unearthly O que estou ouvindo?

EXPEDIENTE Direção Geral Pei Fon Revisão Yzza Albuquerque Capa Lucas Marques Equipe Daniel Lima Jonas Sutareli Lucas Marques Pei Fon Yzza Albuquerque Colaboradores Chales Curcio João Marcelo Cruz Agradecimentos Cactus Instrumentos Musicais Fernanda Medeiros Instituto Zumbi dos Palmares Kedma Villar Pepper Shop - Moda Rock Naipe Records Reign in Metal Solara Tchuk Jhones CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Orkut: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting

Pei Fon



Korpiklaani: entrando em estúdio em novembro Os finlandeses do Korpiklaani entrarão no Petrax Studios, em Hollola, Finlândia, no próximo mês, para preparar seu novo álbum. A banda postou em seu Facebook oficial: “Estamos felizes em anunciar que em 07 de novembro nós invadiremos o Petrax Studios em Hollola novamente, para gravar o próximo álbum. O título ainda é alvo de discussão, por isso não podemos revelá-lo. A quantidade de músicas ainda não é certa, continuamos escrevendo... fluxos de inspiração! Muitas canções são baseadas na Kalevala (a nossa epopeia nacional). A data de lançamento também está em discussão. Então, não é um monte de notícias, mas supomos que vocês gostariam de saber que um outro álbum está a caminho, um álbum muito legal, o melhor que já fizemos... pelo menos, pensamos assim.”

1. Slipknot – Slipknot (32.27%) 2. Korn – Korn (8.88%) 3. Guns N’ Roses – Appetite For Destruction (8.84%) 4. Rammstein – Herzeleid (6.92%) 5. Pantera – Cowboys From Hell (6.2%)

Maurício Santana

Slipknot: debut é eleito o melhor dos últimos 25 anos A revista Metal Hammer está comemorando 25 anos e realizou uma enquete com seus leitores para elegerem o melhor álbum de estreia lançado nos últimos 25 anos. Foram mais de 16.000 votos e os leitores da revista escolherem o disco auto-intitulado do Slipknot como o melhor, desbancando bandas como Pantera, Machine Head e Guns N’ Roses. 6. System Of A Down – System Of A Down (4.67%) 7. Linkin Park – Hybrid Theory (3.78%) 8. Machine Head – Burn My Eyes (3.35%) 9. Bullet For My Valentine – The Poison (3.01%) 10. Rage Against The Machine – Rage Against The Machine (2.78%)

“Chinese Democracy”: um dos 10 vinis mais vendidos de 2011 De acordo com o site do semanário impresso estadunidense Seattle Weekly, o último trabalho de Axl Rose, “Chinese Democracy”, é um dos 10 vinis mais vendidos nos EUA em 2011. 1. Abbey Road, The Beatles (20,200) 2. Helplessness Blues, Fleet Foxes (20,200) 3. King of Limbs, Radiohead (15,400) 4. Sigh No More, Mumford & Sons (14,800) 5. Tomboy, Panda Bear (11,500)

6. Bon Iver, Bon Iver (10,900) 7. The King Is Dead, The Decemberists (8,300) 8. Chinese Democracy, Guns ‘N Roses (8,200) 9. Angels, The Strokes (7,900) 10. People’s Key, Bright Eyes (7,900) 06


Nightwish: teaser de “Storytime” single do novo álbum A banda finlandesa de Symphonic Metal, Nightwish, divulgou, em seu site oficial, o teaser do single “Storytime”, segunda faixa do novo álbum intitulado “Imaginaerum”. O single será lançado no dia 09 de novembro e o álbum no dia 30 do mesmo mês, mas só chega ao Brasil em 10 de janeiro. Confira o teaser de “Storytime” AQUI

Judas Priest: Halford sugere Big 5 do metal clássico Devido ao sucesso do Big Four, que congrega 4 bandas de Thrash dos anos oitenta - Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax, Rob Halford e Ian Hill do Judas Priest falaram ao Artisan News sobre a possibilidade de fazer algo similar dedicado ao Metal Clássico, que incluiria, além do Judas, Black Sabbath e Iron Maiden. Diz Halford: “O Big 4 americano provou que todos podem deixar seus egos de lado e se juntar para algo especial. Se aqueles caras puderam fazer, não há motivo para que não se possa juntar Priest, Maiden, Sabbath, Motorhead, Led Zeppelin! Seria algo grandioso!” Veja os eles disseram AQUI Deep Purple: lançando mais um disco ao vivo em Montreux

Sodom: trabalhando em músicas para o próximo álbum

O Deep Purple lançará mais um álbum ao vivo gravado no lendário Festival de Montreux. Como o nome já deixa claro, Deep Purple with Orchestra – Live at Montreux 2011, captura a performance da banda na recente turnê com orquestra, que rodou Estados Unidos e Europa durante o verão do hemisfério norte. O lançamento oficial em CD, DVD e Bluray acontece em 8 de novembro.

De acordo com o vocalista da banda Sodom, Tom Angelripper, em uma entrevista concedida à Rock Overdose, o grupo já está compondo novas músicas para o próximo álbum. “Não quero fazer os fãs esperarem muito. Completaremos 30 anos de banda e quero o novo álbum, além de um Box especial de DVDs. Para completar, celebraremos com um show especial. Entraremos em estúdio lá por maio de 2012. Quero lançar o trabalho ainda ano que vem”.

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Megadeth: fotos promocionais e letras do novo álbum A versão francesa do site da gravadora Roadrunner liberou em sua página fotos promocionais do álbum Th1rt3en do Megadeth, além de disponibilizar todas as letras do álbum para download. Para ver a galeria de fotos, clique AQUI

Within Temptation: banda retornará ao Brasil em fevereiro A produtora Dark Dimensions confirmou o retorno da banda holandesa Within Temptation ao Brasil. O grupo, que se encontra em turnê de divulgação de seu mais recente álbum “The Unforgiving”, se apresentará no dia 11 de fevereiro de 2012, no Espaço Victory. Até o momento apenas o show de São Paulo foi confirmado. Data: 11 de fevereiro de 2012 (sábado) Local: Espaço Victory (Rua Major Angelo Zanchi, 825 - Penha - Ao lado da estação de Metrô) Horário: 20h30 (abertura da casa às 18:30)

Ingressos à venda na loja online da Dark Dimensions AQUI Children Of Bodom em SP: alteração do local do show A Free Pass Entretenimento informa que o local da apresentação única do Children Of Bodom no Brasil, marcada para o dia 4 de dezembro, foi alterado do Espaço Lux para o Carioca Club, em São Paulo (SP). O grupo finlandês, um dos ícones do Melodic Death Metal mundial, segue em sua “The Ugly World Tour 2011”. Serviço - Children of Bodom - “The Ugly World Tour 2011”: Data: 4 de dezembro (domingo) Horário: Portas – 18h / Show – 20h Local: Carioca Club Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 - Pinheiros Telefone: (11) 3813-8598 Classificação etária: 14 anos 08



Tudo que começa, nunca acaba! Pela primeira (e última) vez em Maceió, Reffer faz show histórico em ritmo de despedida Por João Marcelo Cruz (@jota_m | jomarcelo@hotmail.com) Fotos: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)



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om, para começar, não sou assim tããão fã do Reffer. Assim como em outros shows da vida, acho que me tornei mais fã após essas duas apresentações. Conheci a banda através do split CD “Faces do Terceiro Mundo”, de 2002, que reúne as bandas Dead Fish, Noção de Nada, Street Bulldogs, e o próprio Reffer. Nesse CD, eu já conhecia e era (e ainda sou) fã das outras três. A ideia do disco é muito boa: quatro bandas amigas, que compartilhavam o mesmo cenário, mas de regiões diferentes (Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), e cada uma toca uma música inédita e tira cover das outras. Com toda certeza, é um dos meus melhores CDs. Muita gente ainda se confunde com a autoria das músicas desse álbum, pois algumas ficaram mais conhecidas na versão do cover. Então, recapitulando um pouco, o Reffer foi uma das bandas mais representativas do Hardcore Melódico no Brasil, se destacando pela pegada técnica e melódica. O grupo atuou nos anos dourados do gênero, entre 1995 e 2005. Os pedidos para que a banda voltasse passaram a ser constantemente clamados por diversos “degustadores” do gênero, até que, no início deste ano, os caras anunciaram uma volta para uma pequena série de shows, onde iriam captar imagens para um DVD. Até aí, OK, legal, vão voltar, tocar, acabar de novo, nada muito empolgante para nós aqui do nordeste. Mas, por sorte, na nova formação, quem assumiu as baquetas foi o conhecido baterista sergipano Thiago Babalu (Gigante Animal), daí, para o show acontecer em Aracaju, foi apenas questão de tempo. E, mais uma vez, por tabela, nós, de Maceió, também fomos contemplados. OK. Parte dois. Como Maceió demorou a confirmar o show, fiquei pilhado e programei a viagem para Aracaju, para, além de ver um prometido showzaço de despedida, reencontrar alguns amigos em um show/confraternização. Para eu não ter que fazer um review das duas apresentações, vou limitar os comentários

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a comparações entre os shows. A grande diferença entre os dois eventos foi o público: em Aracaju, parecia ter algo pra lá de 300 pessoas, e aqui em Maceió, na hora do Reffer, tinha cerca de 100. Essa é a segunda vez que escrevo sobre um show de Harcore para a revista, e também a segunda vez que lamento a ausência do público alagoano. Tudo bem que houve o Enem, mas, pelo atraso do evento, daria tempo desse público comparecer. Acredito que o principal fator na diferença foi a mania maceioense de confiar em divulgações apenas pela internet e redes sociais, enquanto que Aracaju usou todas as maneiras possíveis: rádios, porta de escolas, panfletagem, colagens pela cidade etc. Os shows também foram proporcionalmente instigantes. A diferença foi que, em Aracaju, o guitarrista, Ian, no maior estilo Kurt Cobain, se jogou na bateria no final do show. Confesso que esperei algo semelhante aqui em Maceió. Infelizmente, não vou poder comentar sobre os shows de abertura das bandas Not My Problem e Varial, pois, como havia chegado de viagem praticamente na hora do show - já estava na metade da apresentação da “Not” -, e estando um tanto quanto cansado, preferi aguardar do lado de fora com alguns amigos. O setlist foi praticamente toda a produção do Reffer. Segundo o repertório que tenho em mãos, o show foi composto por todo o “Interference” (2001), duas músicas (“Glasstime” e “Conquest Your Dreams”) da demo “Sweet Illusion” (1997), “Neutral” do split CD, “Take Control” da coletânea HC “Scene Vol.1”, e ainda um cover da banda curitibana Pinheads. Mas, em Maceió, além de terem cortado a música “3 Pontos” – que, 13


por sinal, só conheci no show de Aracaju, e tratase de um tributo ao time Atlético Mineiro -, acho que devem ter cortado mais umas duas músicas desse todo que citei. O show foi praticamente sem pausas: foram cerca de 15 músicas, uma atrás da outra. Também notei que os caras criaram umas introduções para algumas canções. E outra coisa que eu achei bastante legal, foi que o Phil teve o cuidado de gravar os samples do CD na pedaleira, e ia soltando de acordo com as músicas, aumentando a sensação de estarmos escutando os

sons diretamente do tocador de discos. Antes de a banda subir ao palco, o que eu via era várias pessoas ansiosas, meio que sem acreditar que estavam prestes a ver o primeiro, e último (!), show do grupo. Durante a apresentação, a maioria dos presentes parecia muito feliz. O público se dividia em quatro tipos, basicamente: havia os que preferiam, ao invés de “pogar”, prestar atenção em todos os detalhes da execução frenética das músicas; os que instigavam com uma pequena roda e tímidos moshes; os que cantavam


junto; e os que faziam as três coisas. No final, só comentários positivos e elogios, principalmente para o Philippe Fargnoli, ou, simplesmente, Phil, considerado, quase que unanimemente, o melhor guitarrista do gênero. Para quem não sabe, Phil é mais conhecido por ser o guitarrista do Dead Fish, e também participou da banda carioca Zander, que, por sua vez, é formada por ex-membros do Noção de Nada. Também acho válido destacar que todos os membros da banda foram bem simpáticos, e estavam acessíveis

a quem quisesse chegar junto e trocar uma ideia. Admiro bastante isso nas bandas. Por fim, assim como sugere a banda, em seu blog, e o título deste texto, “Tudo que começa, nunca acaba!”. Resta-nos aguardar o lançamento deste DVD/CD, que promete um material muito bom para os fãs, pois vai conter, além das imagens dos shows de reunião, vários depoimentos e imagens de diversos shows de toda a carreira da banda.


2 anos em po


oucas horas Num dia cheio de surpresas, no último dia 15 de outubro a Rock Meeting comemorou seus dois anos no Espaço Cultural Linda Mascarenhas

Texto e Fotos: Pei Fon (@poifang | contato@rockmeeting.net)


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Em mais um ano de perseverança, a Rock Meeting comemorou a passagem de seus dois anos em grande estilo: bandas de alto nível, público fiel e convidados. Estes elementos não poderiam faltar. A noite dos quinze dias de outubro de 2011 foi bem atípica. O evento ocorreu no Espaço Cultural Linda Mascarenhas, no Farol, em mais uma investida em lugares alternativos para a realização de shows. Apesar das restrições do espaço, o público cooperou e não houve qualquer incidente a respeito. Não muito distante do objetivo da revista, não houve aquela presença em massa, como em outrora, dos headbangers e rockers de Maceió, em virtude de eventos paralelos que aconteciam naquele mesmo dia, muito embora os que estiveram presentes puderam conferir um dos eventos mais emocionantes da noite. O line-up contemplava um “pouco de tudo”, com predominância do Death/Thrash. Foram seis bandas, entre as quais houve uma jam session em homenagem ao grande ícone do Death Metal mundial, Chuck Schuldiner. Duas bandas eram de cidades vizinhas: Caruaru e Aracaju. A Alkymenia trouxe seu Death/ Thrash técnico e veloz direto de Caruaru, e os meninos da One Last Sunset embacaram no Metal/Hardcore. As bandas alagoanas que tocaram no aniversário da RM foram Raiser, Goreslave, Autopse e Varial.

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Show Com os atrasos, a banda alagoana Varial iniciou a noite das comemorações. Tocando seus sucessos e músicas novas, como “Sempre foi assim”, single lançado há poucos meses. A galera cantou junto e a banda acabou o seu repertório ovacionada. Logo depois, a banda Raiser, uma das joias do novo Death/Thrash alagoano, subiu ao palco para mostrar o seu som. A banda já esteve em destaque nas páginas desta revista, e na edição nº 24, merecidamente, foi capa. A Raiser trouxe para o palco do Linda Mascarenhas músicas próprias e já conhecidas da galera. Seu repertório agradou bastante aos bangers naquela noite. Sem ter muito o que mudar na estrutura de palco, apenas o baterista, Tiago Simplício, saiu para dar lugar a Messias Junior, com toda a sua brutalidade, encarando a jam session. Este momento foi um dos mais aguardados da noite. A banda norteamericana Death ainda é um ícone para os antigos e os mais novos ouvintes do Metal, e no aniversário da RM não poderia faltar esta homenagem ao seu falecido e eterno frontman, que, este ano, completou dez anos de morte. Goreslave e Raiser abriram com “The Phylosopher”, grande clássico. O setlist foi tão variado que ainda coube dois covers de


Slayer: “Raining Blood” e “Angel of Death”, momento épico que levou ao delírio até os que não estavam tão ligados no show. Mas, desta vez, quem ocupou o vocal e o baixo foi o vocalista da Raiser, Victor Silva, enquanto Jonathan Canuto contemplava o momento com o público, que ficou o gostinho de “quero mais”. Após a jam session, a primeira banda de fora tocou. One Last Sunset trouxe para Maceió seu Metal/Hardcore, e, mesmo não sendo o estilo musical preferido de grande parte dos expectadores, o público, sentado, não saiu do seu lugar e aplaudiu a cada término de música. Comportaram-se bem! A banda ainda é nova, e ainda ouviremos falar deles. Então, a Autopse, lançando o seu CD “Descontrole Mental”, deixou muitos marmanjos boquiabertos pelo vocal gutural saindo de Dani Serafim. A banda já foi destaque das nossas páginas e até capa, como a Raiser e a Varial. Executando as músicas do seu novo álbum, empolgou bastante os já cansados metalheads, naquele dia. Por fim, a Autopse executou uma cover de Sepultura. Para fechar a noite, já beirando o amanhecer, a banda de Caruaru, Alkymenia, subiu ao palco com o público reduzido, mas que pode ver a qualidade técnica desta banda. Muitos ficaram impressionados com a velocidade e a “cavalice” com que o baterista, Dennis Kreimer, tocava. Até os técnicos de som ficaram abismados. O trio é formado por Lalo Kreimer (baixo e vocal), Sandro Silva (guitarra), além de Dennis. Eles executaram as músicas de seu novo álbum, “Dark and Nebulous”, e fizeram um setlist curto, devido ao horário, muito embora tenham saído do palco recebendo inúmeros elogios.

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Sorteios A noite da comemoração do aniversário também foi marcada por sorteios. Grandes clássicos do Heavy Metal e do Rock estiveram na lista: os álbuns “Killing is My Business… and Business is Good!”, do Megadeth, “From Chaos to Eternity”, do Rhapsody of Fire, “Vol. 2”, do Led Zeppelin, “Painkiller”, do Judas Priest; os DVDs “Live in San Diego”, do Metallica, e “Live in Chicago”, do Guns N’ Roses... Foram sorteios bastante disputados, onde os bangers até gritavam seus números, para tentar ganhar os prêmios. Agradecimento importante para a loja virtual Reign in Metal, que ofertou dois CDs. Ah, uma dica: lembre-se de prestar atenção ao seu número, em sorteios futuros!



Com show em Maceió marcado para 13 de novembro, a banda retorna à cidade para movimentar uma cena-zumbi Por Yzza Albuquerque (@yzzie | yzza@rockmeeting.net) Fotos: divulgação


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ostar de Metal, em Maceió, tem dessas coisas: a nossa cena tem a irritante mania de nos dar sustos monstruosos, de vez em quando. É muito comum, infelizmente, termos longos períodos de marasmo “metálico” aqui, sem um show decente, que faça o nosso sangue correr mais rápido. Este ano começou até bem, tivemos alguns shows nos primeiros meses - inclusive com bandas de fora dando as caras (Caravellus, Cruor, Desalma) -, o que acendeu, no coração do headbanger local, aquela velha e conhecida esperança: “Poxa, acho que agora vai!”. Bem, ledo engano. O que tivemos no restante de 2011 foi um belo, vistoso, gigantesco montante de... nada. Ainda tivemos o aniversário da RM, o que fez as coisas se agitarem (menos do que deveria, mas, paciência, outros eventos aconteceram no mesmo dia), mas a impressão que tínhamos era a de que entraríamos em 2012 sem um show que realmente mobilizasse os frequentadores de nosso cenário. Bem, ledo engano. Surpresa! Quando tudo parecia estar perdido, algumas almas iluminadas (Lamparina Produções) resolveram trazer nada mais, nada menos, que uma das bandas mais importantes do Metal brasileiro: Korzus. Dispensável dizer que lágrimas rolaram bochecha abaixo de todo metalhead alagoano, né? E aí, fácil assim, simples assim, a atmosfera se tornou mais leve, os ânimos foram invertidos e as coisas se tornaram mais fáceis. E lá vamos nós, mais uma vez, torcer por dias melhores para nossa cena... ...E esperar que este não seja mais outro ledo engano.


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Korzus surgiu em 1983, em São Paulo, e desde então vem trilhando um caminho no qual poucos têm coragem de se arriscar: o de tentar (e conseguir) sobreviver aos percalços do cenário brasileiro de Metal. Os membros carregam orgulhosamente a bandeira do som pesado nacional, e são a prova viva de que é, sim, possível fazer esse tipo de música no nosso país - só não é fácil. Com seis discos de estúdio, dois ao vivo e um DVD lançados ao longo das quase três décadas de carreira internacional, o quinteto se apresenta em Maceió no Clube Fênix Alagoana, com a

turnê do disco mais recente. Técnico, pesado e bem elaborado, e ao mesmo tempo melódico e grudento, no melhor sentido da palavra, o som do Korzus evoluiu ao longo de seus álbuns. “Sonho Maníaco” (1987), “Pay for Your Lies” (1989), “Mass Illusion” (1991), “KZS” (1995), “Ties of Blood” (2004) e “Discipline of Hate” (2010) formam uma discografia indispensável para os apreciadores do Metal brasileiro, que poderá ser conferida ao vivo no dia 13 de novembro (domingo). Atualmente sob a tutela do selo alemão AFM Records, o Korzus passa


por uma fase extremamente positiva: desde o lançamento de seu álbum mais recente, a banda tem recebido um feedback até então inédito. Veterano da cena underground e famoso entre seus frequentadores, parece que o grupo sempre esteve em lenta, porém estável, ascensão, e somente agora, 28 anos depois, começa a experimentar o gosto do auge, com direito a uma merecida (e histórica) apresentação no Rock in Rio deste ano como sobremesa, ao lado da estirpe de pesos pesados do Metal e do Rock, entre eles o Sepultura, o Motörhead e o Metallica. E tem mais:

poucos dias antes de chegar à capital alagoana, a banda dividirá o palco com um dos maiores nomes do Thrash Metal mundial: o Overkill, que passa por Curitiba em 6 de novembro. É com esse gás que o Korzus chega a Maceió, com a promessa de abalar as estruturas da Fênix Alagoana diante dos sedentos fãs de Metal alagoanos. Os ingressos podem ser adquiridos pelo valor inicial de R$ 20,00, através do e-mail contato@rockmeeting.net, pelos telefones (82) 93298108 e (82) 88397168, nos estúdios Poker e Music Paradise, ou na loja Pepper Shop.


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Por Charles Curcio (Blog - Charles Curcio)

Como vocês encaram o cenário carioca? Há locais para shows, organizadores comprometidos e meios para divulgação das bandas? M.Mictian: Bem, como em todo o país, as coisas por aqui são “meia boca”. A cena é pequena, tem muitas bandas boas, mas locais pra shows são poucos, e nem sempre, ou quase nunca, você terá suporte para fazer um bom show. Na verdade, já estamos, de certa forma, acostumados com isso. Pra se fazer um bom show, tem que se fazer uma peneira e tentar escolher os melhores, que, como eu disse, são poucos. Eregion: Infelizmente, temos de encarar o cenário carioca apenas como um degrau, um passo no caminho. Aqui, como o Mictian disse, é difícil encontrar pessoas que, de fato, trabalhem com Metal e levem isso a sério. Pra maioria das pessoas, o Metal é apenas mais um hobbie. Para nós, não. Metal é nossa vida e nossa profissão. Vocês têm ganhado bastante terreno no meio nacional e despontado para o exterior. Como tem sido esse trabalho em busca desse reconhecimento? Eregion: Durante muitos anos, nosso foco era sobreviver e crescer no meio do Metal brasileiro, mas a experiência nos prova, por mais dia, menos dia, que aqui, no Brasil, a banda só ganha notoriedade depois de ter conquistado e se firmado fora do país. M.Mictian: É árduo. A banda tem quase 13 anos de estrada, e estamos sempre trabalhando duro, com muita seriedade, e buscando ser o mais profissional possível. Sabemos que, realmente, o reconhecimento é difícil no Brasil, mas temos a nítida certeza de que, continuando nosso trabalho da forma que estamos, teremos um reconhecimento bem maior a cada dia. Vocês estão apresentando convidados nos CDs da Unearthly. Contem-nos sobre como se desenrolam esses contatos, os meios de gravação da banda e as participações especiais. M.Mictian: Teremos a participação de Steven Tucker, ex-Morbid Angel, nos vocais da música “Osmotic Haeresis”, do novo álbum, “Flagellum Dei”, que gravamos na Polônia. O Steven, eu conhecia há algum tempo, pela Internet, e ele sempre elogiava o Unearthly e nossas músicas. Então, decidi convidá-lo pra gravar algo conosco e ele atendeu prontamente. Acabou sendo bem interessante ter a participação dele em nosso disco. 29


Há uma temática central nas letras e postura da Unearthly? Falem-nos um pouco sobre essa parte da banda. Eregion: Como toda banda que evolui, é passível que as letras também evoluam. Apesar da “temática” anti-Cristã continuar no centro, muita coisa mudou e evoluiu em torno disso. No novo disco, pude explorar mais os conceitos sobrenaturais da natureza humana, desenvolvi mais sobre temas que põem o homem no centro de suas decisões. Também explorei mais o lado poético da dissertação. Quem gosta de conteúdos mais contundentes e que te façam pensar, com certeza se interessará pelas letras. Vocês estão trabalhando de maneira bem profissional no cenário, quanto a shows e tudo o que envolve a banda. Isso seria uma maneira que a banda encara para dar uma organizada, aos poucos, no cenário, num geral? M.Mictian: Nós tentamos fazer sempre o melhor, dar o melhor de nós mesmos para a nossa banda e, desta forma, dar alguma contribuição para o Metal nacional. Adoramos o que fazemos e fazemos o que adoramos, mas não somos os “salvadores da pátria”: isso tudo só mudará e melhorará quando todos encararem o Metal como algo profissional. Enquanto tivermos pessoas achando que as coisas têm que ser feitas de forma amadora, malfeitas e de qualquer maneira, nada mudará. Todos que tocam no exterior, principalmente na Europa, comentam que o Brasil está a quilômetrosluz de distância da organização gringa. Como vocês poderiam nos falar que seria um caminho para nos equipararmos à organização europeia?

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Ou, para vocês, o Brasil está indo bem? Eregion: Sim, estamos a quilômetros-luz de distância, principalmente pelas coisas básicas que servem de estrutura, como equipamentos, organização, profissionalismo, compromisso, pontualidade. Aqui, é normal dar um “jeitinho” nas coisas, é normal que um evento comece, no mínimo, com 2 horas de atraso. Também é normal que as bandas não sigam cronograma num show. Eu sei que existem problemas bem maiores, como impostos altos que dificultam a compra de certos equipamentos, burocracia que atravanca a liberação de alvará para alguns eventos, mas, se pensarmos no básico para coisa funcionar, o mínimo, aqui, por muitas vezes, já começa errado. Se algo começa errado, não tem como dar certo no final. M.Mictian: Tivemos a experiência de fazer uma turnê sul-americana, e as coisas não são muito diferentes daqui do Brasil, não, mas também fomos à Polônia, gravar nosso álbum novo, e tivemos contatos com bandas, público e produtores. Aí sim, pudemos constatar a diferença - que, você pode ter certeza, é infinita. A nossa “cena” está, como você mesmo disse, a anos-luz da Europa. Lá, tudo é organizado, profissional, você é respeitado como músico, como artista, bem diferente daqui. Para ser igual à Europa, é preciso se organizar e ser profissional. No Brasil, é tudo feito de forma amadora. Estamos no final de 2011. Há planos para o lançamento de um DVD e uma turnê nas gringas? Eregion: Temos tudo isso em negociação. Atualmente, estamos com cinco propostas para realizarmos nossa primeira tour na Europa, mas ainda estamos analisando, ainda está tudo de maneira embrionária, pois os produtores

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trabalham com muitos meses de antecedência, então, certamente, se acertarmos algo agora, será só pro ano que vem mesmo. Quanto ao DVD, estamos com esse projeto em mente, sim, mas gostaríamos de fazer um grande trabalho, a altura do disco que está por vir. Então, vamos deixar as coisas rolarem. Vamos nos focar, agora, no lançamento do play, e, assim que ele estiver nas ruas, vamos nos programar pra esse DVD. Vocês se dedicam exclusivamente à banda? Acredito que não. Então, o que fazem em questão de trabalho? Isso pra que saibamos a sua opinião, M.Mictian, se há como músicos brasileiros chegarem a viver só de suas bandas. E como chegar a isso. M.Mictian: Cada tem seu trabalho, mas, basicamente, relacionado à música. Eu sou gerente de um estúdio de tatuagem, mas antes era técnico de som de uma casa de shows. Eregion trabalha com produção musical e fotografia, Rafael Lobato e Vinnie Tyr trabalham dando aulas de música... Se a banda ficar aqui no Brasil, sem fazer tour pelo mundo e ter uma gravadora lá fora, acho impossível viver só de Metal. Mesmo porque aqui o apoio é bem pequeno, e pra se ter essa situação de viver de banda, com certeza tem que estar atuando na Europa e/ou Estados Unidos. Como adquirir o merchandise da banda? E o que vocês têm disponível no momento? Eregion: Infelizmente, se esgotou todo o nosso material, tanto CDs, quanto camisas. Todas as prensagens de todos os discos já se foram. Como estamos negociando o lançamento do “Flagellum Dei”, pretendemos repor o estoque logo em breve, mas assim que tivermos algo, com certeza será anunciado. Por favor, encerrem! Satisfação e honra ter a Unearthly aqui! Sorte e força! Eregion: A honra é nossa de poder participar desta entrevista. Esperamos que as pessoas que curtem nosso trabalho e que nos acompanham ao longo desses anos possam aproveitar mais esse lançamento, e pra aquela galera que curte Metal e não conhece a banda, espero que essa seja uma oportunidade de poder conhecer melhor nosso trabalho. E pra fechar, fica o recado: se você ama o Metal, lute por ele, trabalhe por ele, viva o Metal, não fique em casa apenas no computador, sentado, baixando música e reclamando da cena. Levante e faça a sua parte! 32

Serviço Site oficial: www.theunearthly.com

Videoclipes oficiais: “Age of Chaos” ASSISTA “Murder the Messiah” ASSISTA


Maylene and the Sons of disaster Por Yzza Albuquerque (@yzzie | yzza@rockmeeting.net)

A banda que escolhi para esta edição é uma velha conhecida minha, que entra para várias das minhas listas mentais (que, convenientemente, acabei de inventar só para tentar explicar o quanto eu a acho incrível): 1) bandas que ouço sempre, independente de quanto tempo passe; 2) bandas que me agradam a cada álbum lançado, mesmo que haja alguma mudança no som; 3) bandas com letras de músicas simplesmente sensacionais; e, é claro, 4) bandas com os nomes mais irados do universo. A Maylene and the Sons of Disaster (repito: nome-mais-irado-do-universo*) surgiu em Birmingham, Alabama (EUA), em 2004. O vocalista e líder da banda, Dallas Taylor, é particularmente famoso entre o pessoal chegado em Post-Hardcore e Metalcore, principalmente a galera “das antigas”: ele fundou uma das bandas mais influentes do estilo, a Underoath. Só que, em 2003, o cara resolveu deixar o grupo, porque o som não mais o agradava, e, para a minha felicidade, criou o Maylene logo em seguida. Mas que fique um alerta para os que forem com muita sede ao pote depois dessa informação: os dois grupos só têm em comum mesmo o fundador, porque a música não é parecida em nada. Para mim, bandas de Rock e Metal com um 33

feeling Southern, com alguma influência da música Country norte-americana da velha escola (Johnny Cash, Merle Haggard, Waylon Jennings, Willie Nelson, entre outros), são, em 90% das vezes, irresistíveis. Se você adicionar a isso um sotaque caipira bem carregado, barbas, letras criativas, um banjo aqui ou ali, e uma guitarra extra (o Maylene costuma sair em turnê com três guitarristas), sai da frente. Quase garantido que você ganhou uma fã. Para quem se interessar, indico os quatro álbuns dos caras, e com uma sugestão de brinde: ouça pela ordem de lançamento dos discos, para ter uma real dimensão da evolução da música. Meus CDs favoritos deles ainda são o primeiro, “Maylene and the Sons of Disaster” (2005), e o segundo - em minha opinião, insuperável -, “II” (2007), mas os outros dois também são muito dignos de serem ouvidos. Também vale a pena ouvir o EP “The Day Hell Broke Loose at Sicard Hollow”, de 2007, e o vinil “Hand Numbered 7”, que faz parte da versão deluxe do álbum “III” (2009). O lançamento mais recente, “IV”, que saiu no fim de setembro, é, de longe, o mais melódico da banda, mas a identidade musical ainda continua lá. Eu recomendo. *Saiba mais sobre a origem do nome da banda AQUI


Rootdown Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

E lá vêm os mesmos questionamentos de sempre: o que vou escrever sobre “o que estou ouvindo?” Foi difícil. No entanto, achei o que estava buscando, depois de um longo período esquecido nas minhas lembranças musicais. Rootdown é a banda que estou ouvindo. Prepare-se, pois é uma odisseia o que está para ler nas próximas linhas. Vamos lá! Depois que nossa colega, Yzza, escreveu sobre a banda Iration, lembrei que gostava de uma banda cujo som é semelhante ao que ela escutara. Procurei bastante, fui ao fundo do baú da minha memória, e não lembrei. Através de um newsletter, recebi a informação de que vários CDs haviam sido atualizados no site Gospel Downloads. Na lista, um nome me chamou atenção: Rootdown. Olhei, cliquei no link, e parece que algo estava me dizendo que era a banda que tanto procurava. Baixei o CD novo (“Tidal Wave”), escutei e notei uma semelhança incrível na voz do vocalista com a que ainda vagava pela minha memória. Não me contive, procurei bastante, até que, no Myspace da banda, estavam lá as músicas que me fizeram

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gostar do estilo Reggae/Pop Rock que cheira a praia que o Rootdown executa. Então, o meu destaque do mês vai para o primeiro EP da banda, que leva o nome deles, de 2007. São apenas quatro faixas: “Real Love”, “Don’t Walk Away”, “Pick Up Yourself” e “Roots”. Gostos das quatro, mas “Don’t Walk Away” é a minha favorita. Esse clima praiano e calmo está se apoderando de mim. Fiquei realmente feliz em ouvir novamente essas músicas, lembrar de tantas coisas legais num determinado período da minha vida. Agora, mais calma, e bem diferente do que estava ouvindo na edição passada, as “porradarias” (...É, deve ter sido por conta da TPM), entro de vez na positive vibration... Neste mês. (risos) A banda é americana, de Oregon, e possui um full-length (“Tidal Wave”), e dois EPs (“Rootdown” e “Summer of Love”). Começaram os seus trabalhos em 2007. São cristãos. A banda é formada por Paul Wright (vocal/guitarra), Matt Salinas (guitarra), Jackson Michelson (baixo/ vocal) e Craig Paulsen (bateria).


The Head Cat Por João Marcelo Cruz (@jota_m | jomarcelo_@hotmail.com)

The Head Cat é nada mais, nada menos, que um projeto Rockabilly daquele roqueiro ranzinza, com cara de mau, que um dia foi roadie do Jimi Hendrix. É ele mesmo, o saudoso Lemmy, do Motörhead. E para minha surpresa, o projeto passa longe da sonoridade que estamos acostumados com o Motörhead - até a sua voz é completamente diferente: é mais limpa e menos rouca. E, diferente do que eu pensava, não é um projeto novo: o projeto já tem, pelo menos, 10 anos. A ideia da banda surgiu no ano de 2000, quando Lemmy se encontrou com Danny B. (Rockats e 13 Cats) e Slim Jim Phantom (baterista de uma das bandas mais representativas do Rockabilly, o Stray Cats) para gravar um tributo ao rei Elvis Presley, chamado “Swing Cats: A Special Tribute to Elvis”. Ainda em 2000, lançaram o álbum “Lemmy, Slim Jim & Danny B”, com releituras dos clássicos de Buddy Holly, Carl Perkins, Johnny Cash e Elvis Presley. Em 2006, relançaram o mesmo disco com o título “Fool’s Paradise”, e acrescentaram mais algumas releituras. Em 2007, gravaram ao vivo, em Los Angeles, o DVD “Rockin’ the Cat Club: Live 35

from the Sunset Strip”. E agora, em Junho deste ano, lançaram o segundo disco, chamado “Walk the Walk... Talk the Talk”, que, mais uma vez, traz inúmeras releituras de clássicos do Rock and Roll e do Blues, e apenas duas músicas próprias e inéditas. A origem do nome é fácil de deduzir, né? É uma junção de pedaços das bandas dos três senhores. Motörhead + The Stray Cats + 13 Cats = The Head Cat. Uma curiosidade é que, no estúdio, o Lemmy gravou a guitarra acústica e as gaitas, mas em apresentações ao vivo ele toca seu clássico baixo Rickenbacker, alegando que não é muito bom com guitarras. O som é, como já foi dito, de clássicos de Rock and Roll, Blues, Folk, com a pegada Hillbilly que dá aquela sensação de música caipira americana. Soa muito agradável, é um som que dá pra escutar com toda a família. Seu pai pode até gostar. Também pega muito bem pra escutar em qualquer boteco, pois dá logo vontade de pedir uma garrafa de Jack Daniels. Escutem, e vocês irão se surpreender em como o Lemmy pode ser cativante.


Engenheiros do Hawaii Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

Anos 1980, no Brasil, foi o auge do Rock, quando apareceram dezenas de bandas. Algumas se manteriam firmes depois de quase trinta anos; muitas sofreram mudanças no visual, estilo e, de certa maneira, o público também mudou. Os fãs do Engenheiros do Hawaii se mantiveram fieis desde aquela época. “10.000 Destinos” é o terceiro álbum ao vivo, lançado em 2000, com direito a DVD, que foi gravado em São Paulo no Palace (atual Citibank Hall). O show começa com uma pequena introdução, e emendando na música “A Montanha”, o público fervoroso responde. Em seguida, dois clássicos, que são “Infinita Highway” e “A Promessa”. “Infinita Highway” tem uma particularidade: nos anos 1980, quando foi lançada, ela tocava inteira, sem cortes, como tem hoje, com versão para rádio e outra para CD. Mas a pergunta é: por que tocou inteira na rádio? Ela tem mais ou menos seis ou sete minutos. Qual a rádio que hoje tocaria uma música desse tamanho? Resposta: NENHUMA. Continuando, tem “Ninguém = Ninguém”, “Parabólica” (música que Humberto Gessinger fez para a filha dele). Duas músicas acústicas, com a participação de Renato Borghetti, são executadas, e elas são “Toda Forma de Poder” e “Refrão de um Bolero”. “Somos Quem Podemos Ser” ficou em um clima mais tranquilo do que já é. “Pra Ser Sincero” (a música mais conhecida da banda) e “Piano Bar” continuam com a seleção romântica 36

do CD. A segunda parte acústica (apenas voz e violão) vem com as músicas “Ilex Paraguariensis/ Alívio Imediato”, “Terra de Gigantes/Quanto Vale a Vida” e “Era um Garoto, que Como Eu, Amava os Beatles e os Rolling Stones” mostram o clima íntimo que há entre a plateia e a banda. A parte ao vivo se encerra com “Ouça o Que Eu Digo: Não Ouça Ninguém” e “O Papa É Pop”. Depois dos clássicos ao vivo, vêm quatro músicas de estúdio. A primeira é uma inédita chamada “Números”, que até teve videoclipe. A segunda é uma regravação que marcou os anos oitenta: “Rádio Pirata” é uma música do RPM, e a faixa tem a participação do cantor Paulo Ricardo, fazendo uma versão mais Rock and Roll que a original. A terceira é outra inédita, chamada “Novos Horizontes”, e a última é “Quando o Carnaval Chegar”, que é outra regravação, mas desta vez de Chico Buarque. A variedade musical que esse álbum contém é surpreendente, e mostra que, para ser um CD de Rock, não é preciso necessariamente que as guitarras estejam gritando: elas podem estar num formato acústico e ainda assim demonstrar o poder que a música tem. Falamos muito em bandas estrangeiras, mas deveríamos valorizar mais as que estão no nosso país, dando ênfase nas bandas locais que possuem músicas tão boas, ou melhores, que de muitos gringos. Esse álbum, para quem não conhece, eu recomendo!


KoRn Por Jonas Sutareli (@xSutarelix | jonas@rockmeeting.net) Lá vamos nós, de novo, com New Metal. Sinto que serei apedrejado logo, logo... (risos) Mas, falando sério, já disse aqui que o New Metal é um dos meus estilos prediletos. Já me defendi, já utilizei meus argumentos, e agora apenas falarei de uma dessas bandas, a qual tenho ouvido com muita frequência: KoЯn. Eles foram um dos que começaram a mandar o som que a maioria dos bangers abomina. Em declaração do próprio Jonathan Davis (vocalista, que foi convidado pelos guitarristas após verem Jonathan se apresentar em um bar, com sua então banda na época, SexArt - que ainda titubeou em aceitar e consultou uma cartomante, que disse que ele seria estúpido caso recusasse este convite), o New Metal é o “Metal para quem não gosta de Metal”. Isso, provavelmente, é mentira, uma jogada de marketing ou algo do tipo. Eu gosto de Metal (sobretudo, o Thrash oitentista) e também gosto de New Metal. Justamente por isso, estou falando do KoЯn aqui. Eles surgiram em meados de 1992 como “Creep”, e em seguida mudaram o nome. Alguns dos integrantes faziam parte de outra banda, que 37

chegou a lançar um disco, mas não durou nada mais que isso. Muitas das bandas de New Metal tiveram inspiração no KoЯn, e dizem ter sido eles os precursores disso tudo. Daí vem o ódio muito grande dos “tr00 bangers” em relação ao KoЯn... O que eu acho babaquice. Gosta? Ouve. Não gosta? Deixa de lado. Aí todo mundo é feliz. KoЯn me lembra bastante a minha adolescência, que foi quando os conheci. Ouvia muito. Nessas últimas semanas, tenho ouvido bastante. Bateu aquela vontade de ouvir o som que você tanto curtiu há uns anos atrás, “sacomé”? Aí fui ouvindo, relembrando, curtindo... Indico os discos “Follow the Leader” e “Untouchables”. Gosto bastante, também, da coletânea “Live and Rare”, que tem cover de “One”, do Metallica, e “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, tudo na voz inconfundível de Jonathan Davis. Dos últimos trabalhos, “See You on the Other Side”, para mim, é o que ganha mais destaque. Divergências de lado, KoЯn também é Rock. Keep rocking!



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