EDITORIAL E
Pausa
nquanto fevereiro durou, nada se pensou do que iria ocorrer no mês seguinte. Agora que está sendo vivido, é sentida uma pausa... Respire! Fevereiro foi marcado por shows de bandas locais e de fora cuja falta soa estranha. É, ficamos mal acostumados! Março foi bem diferente, lembrando alguns tempos do ano de 2010 em que se passavam dois meses escassos de apresentações. Mas, se lembrar direitinho, ano passado também foi um pouco parado. É até compreensível que, até o momento, não tenham shows. Abril está aí, repleto de shows incríveis, para todos os gostos e bolsos, principalmente. Abril Pro Rock e seus vinte anos, Metal Open Air iniciando um marco na cena brasileira, Misery Index pela primeira vez no Nordeste, Lollapalooza para os mais “calminhos”, Paul McCartney no Recife... Fora o que vai acontecer na cidade, para os que não irão sair “de casa”. De qualquer modo, é um apanhado
apenas de um local específico, não levando em consideração outros lugares onde o volume de apresentações é maior que o de onde esta revista tem base. E sobre a nossa localização, toda a “tranquilidade” que a cidade oferece, algumas bandas resolveram dar uma pausa para criar, outras estão lançando novos materiais... Embora não haja shows, ao menos as nossas bandas estão compondo para trazer novidades, o que é muito bom de saber. Fizemos um apanhado de algumas bandas e, com certeza, elas estarão nas próximas edições para mostrar o que há de novo. Não esqueça que março também reserva novidades. Incrivelmente, a mais nova, e já sabida por uma leva de pessoas, é a abertura da nova loja de CDs, DVDs e artigos de Rock, sob o comando de uma das figuras mais antigas da cena local. Sabe o que mais? Leia o que trouxemos para vocês.
CONTENTS 04 Doomal - Doom no Brasil 07 Randy Rhoads 12 World Metal 17 Paul McCartney no Recife 20 capa - RPM 30 Impasse entre os “Lobões” 39 Janis Joplin 41 Bastidores: Bandas AL 44 O que estou ouvindo?
EXPEDIENTE Direção Geral Pei Fon
Divulgação
Revisão Yzza Albuquerque Capa Pei Fon Equipe Daniel Lima Jonas Sutareli Lucas Marques Pei Fon Yzza Albuquerque Colaboradores Breno Airan João Marcello Cruz Rodrigo Bueno Thiago Santos (Ilustração) CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting
rpm
Por Rodrigo Bueno
(Funeral Wedding | requiem@funeralwedding.com)
Doom no Br asil
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ão há muitos relatos que afirmem qual foi a banda pioneira no Brasil. Muitas gravações datam do início dos anos 1990, e muitos desses registros ficaram conhecidos regionalmente devido à própria divulgação, que era feita através de carta, na época, e muitas informações desencontradas impossibilitam um conhecimento maior. Algumas pessoas colocam os paulistas do Pentacrostic como o primeiro registro Doom brasileiro, mas antes deles, os mineiros do Asaradel registraram sua demo em 1991, e logo em seguida os baianos do The Cross em 1992, e ambas se intitulavam como Black/Doom Metal. Em conversa com um amigo que esteve presente nessa época, ele comentou que os primeiros registros do Pentacrostic eram mais voltados ao Death Metal. Podemos afirmar que muitas dessas bandas, apesar da sonoridade lenta e melancólica, carregavam o rótulo de Black Metal, talvez pela influência de Celtic Frost, Venom, Bathory, obviamente do Black Sabbath e, também, do até então não muito conhecido Candlemass. A partir de 1993, com o Death Metal entrando em voga, e com ele os subestilos que o acompanhavam, além do licenciamento dos materiais lançados pelos selos Earache e Peaceville em terras tupiniquins, o Doom foi tomando a forma de como o conhecemos atualmente. Em diversas regiões do país tivemos o surgimento de bandas que são conhecidas até hoje, e outras que sucumbiram tempos após terem lançado seus materiais.
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Um dos grandes nomes do estilo, vindo do Rio Grande do Sul, é o Serpent Rise, que deu a cara ao mundo em 1993 com seu single “Misericordium”. Além do Serpent Rise, temos uma das mais ativas bandas até os dias de hoje, A Sorrowful Dream. Em Santa Catarina, tivemos a Lugubrious Aesthetics, surgida nos idos de 1994/95. Registraram apenas uma demo, “Love to Wisdom”, e sucumbiram anos depois. Após o término da Lugubrious Aesthetics, alguns membros remanescentes criaram a Pain of Soul e lançaram algumas demos e seu debut ano passado, aliados a uma tour pela Europa. No Paraná, tivemos o Gory Host, que surgiu por volta de 1992, tendo sua única demo, “Crown of Thorns”, lançada. A banda sucumbiu por volta de 1996. Outro destaque paranaense é a Eternal Sorrow, que surgiu em 1994, carregada de influência da “Tríplice Aliança do Doom Metal” (Anathema, Paradise Lost e My Dying Bride), lançando em 1995 sua demo, que é um marco no Doom metal nacional. No final da década de 1990, tivemos o nascimento da Lugubrious Hymn, com uma grande influência de Candlemass/ Solitude Aeturnus e contando com a presença de violino e teclado em seu som, ambos tocados pelo também vocalista Wander’Son. Lançaram duas demos, que se tornaram indispensáveis na coleção de qualquer doomer, e dissolveram a banda no final da década passada. Há boatos que o vocalista Wander’Son está tentando reformulá-la. Nós ficamos na torcida. Em São Paulo, tivemos o nascimento de Mythological Cold Towers, HellLight, Centennial entre outras. Vale ressaltar que,
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em breve, a MCT irá se apresentar na Europa, dando um importante passo para os doomers brasileiros. A HellLight iniciou em 1996 e teve dois trabalhos lançados por selos europeus, sendo o mais recente pelo selo russo Solitude Prod. Já a Centennial surgiu em 1995, no interior de São Paulo. Lançaram uma demo e um full-length, e tempos depois encerraram as atividades. Por volta de 2003, voltaram com uma banda chama The Past, praticando um Heavy/Doom. Em Minas Gerais, além da já citada Asaradel, tivemos o não menos importante Silent Cry, e juntamente com o Theatre of Tragedy da Noruega, os brasileiros também se arriscavam adicionando um vocal lírico em suas melodias tristes. Com essa formação, lançaram a clássica demo “Tears of Serenity”, e depois o debut, “Remembrance”. Tivemos também a Cursed Chaplet, surgida em 1992 sob o rótulo de Black/Doom. Teve em seu curriculum 3 demos, para também sucumbirem. No Rio de Janeiro, tivemos a Refugium Pecatorum, lançando um EP e duas demos, para também encerrarem as atividades, no início dos 2000. Uma das bandas mais bem sucedidas até hoje é a Imago Mortis, sendo praticante do que eles chamam de Heavy/Doom/Filosofia e tendo seu início em 1995, com o lançamento da demo “Réquiem”. Seu mais recente trabalho, o “Transcendental”, foi lançado em 2006. Pouco tempo depois, a banda encerrou as atividades, retornando recentemente com um line-up todo reformulado. Indo lá para cima, vindo da Paraíba,
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temos o Medicine Death, surgido também em 1989. O grupo carregava em seu som um Death Metal “podrão”, com influências de Doom Metal. Tivemos, também, por aqueles lados, mais precisamente de Teresina, o Monasterium. Apesar de algumas resenhas também apontarem como Death Metal, mas com uma certa influência de Amorphis em seu som, gravaram duas demos e um full-length, para pendurarem as “chuteiras” no início dos anos 2000. Com uma formação diferente, retornaram como Anno Zero, com um som voltado para o Dark/Doom Metal. Em Brasília, tivemos o surgimento da Tides of Eternity, em 1994, gravando apenas três demos, para sucumbirem na metade dos anos 2000. Para a nossa “alegria”, o Doom ainda rende bons frutos no país, e aos que pensam que a cena aqui é somente de um ou dois nomes, sinto informar que estão completamente enganados. Para logo será lançada uma compilação com 10 bandas nacionais, que irá mostrar a força do cenário Doom nacional. Vale mencionar dois lançamentos, que apesar de não conterem o rótulo Doom Metal, têm uma influência direta dele. São os álbuns do Amen Corner (“Jachol ve Tehila”) e Murder Rape (“...and Evil Returns”). Após essa pequena apresentação da cena deste vasto país, cabe ao leitor correr atrás desses materiais e se deleitar com as belas melodias depressivas do Doom Metal brasileiro.
30 anos sem Randy
O eterno garoto prodígio Randy Rhoads, considerado um dos maiores guitarristas de sua geração, deixou o mundo da música mais preto em 1982 Por Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com) Fotos: Divulgação
A carreira de Randall William Rhoads, de 25 anos, foi interrompida bruscamente numa queda de avião, na Flórida. Mais conhecido como Randy Rhoads – e também como integrante integrar da banda solo do então ex-cantor do Black Sabbath, o maluco Ozzy Osbourne –, ele estava com planos de se afastar do Rock and Roll. O sucesso era grande, mas o desejo de continuar tocando e lecionando música clássica era bem maior. Ao lado de Ozzy, nos vocais, Don Airey, nos teclados, Bob Daisley, no baixo, e Lee Kerslake, nas baquetas, Rhoads não era só mais um. Ele, bem como gênios do naipe de Jimi Hendrix, Jimmy Page e Eddie Van Halen, criou toda uma áurea e um estilo próprio de se tocar. Antes disso, ainda aprimorando suas “palhetadas”, o guitarrista figurou seu virtuosismo nos dois primeiros álbuns do Quiet Riot.
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Senta aí Depois de sair do Black Sabbath, em 1979, Ozzy Osbourne estava sem prumo. Fez várias audições, com guitarristas diversos, em seu quarto de hotel e nada. Um jovem cabeludo sentou-se ao seu lado e perguntou se poderia ligar sua guitarra no amplificador para poder fazer alguns exercícios, antes de se apresentar para ele. De soslaio, o madman permitiu e olhou para o outro lado, não dando a mínima – ele tem dislexia. Randy começou a deslizar suas mãos pelos limiares das seis cordas GHS 0.11 que geralmente usava. O cantor simplesmente girou a cabeça, boquiaberto, e disse “Você está contratado!”, antes mesmo de o guitarrista começa a tocar “pra valer”. “Onde você aprendeu a tocar assim,
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garoto?!”, teria perguntado ele. Ao que o “garoto” respondeu: “Toco desde pequeno. Música clássica”. “Hmmm, tragam cerveja aqui para o garoto”, teria dito o vocalista. “Não, eu não bebo. Prefiro uma CocaCola”, pontuou Randy. “Nada disso! Você já é um homem!”, completou o cantor, sempre com seu humor apurado, pondo uma loira gelada na frente daquele que seria seu melhor amigo. Desta feita, muitos ensaios ocorreram até que a banda lançou, em setembro de 1980, o debut “Blizzard of Ozz”, com uma foto bem obscura na capa, somente do vocalista. Nele, hits como “Crazy Train”, “I Don’t Know” e “Mr. Crowley”, além da polêmica “Suicide Solution”. Rhoads estava perto de se tornar um guitar hero. No ano seguinte, no mês de novembro, o grupo lança seu segundo play, chamado de
“Diary of a Madman”. O curioso é que, durante a tour do “Blizzard...”, na estrada, Randy estava em seu violão, quando Ozzy se aproximou, perguntando: “O que é isso?!”. A resposta prontamente veio no mesmo tom: “Mozart!”. Mais alto ainda – o vocalista à época só vivia bêbado e tomava, em média, quatro Chardonnays por dia –, Ozzy retrucou: “Ei, eu quero isso no nosso novo disco!”. E assim se fez. O guitarrista estadunidense adaptou a canção, com alguns detalhes aqui e ali, e pronto: estava feita a introdução da música que dava nome ao LP - por sinal, um dos melhores dos anos 1980, com “Flying High Again”, “Over the Mountain” e “Believer”, expondo todo o talento precoce daquele garoto de 24 anos. Uns vêm, outros vão Nesse ínterim, Osbourne tinha colocado mais alguém em sua vida. Pôs o seu sobrenome em sua produtora, Sharon. E todos seguiam felizes. Em 18 de março de 1982, a banda tinha feito um ótimo show – sempre vibrante, com Ozzy pulando em alto estilo – no Civic Coliseum, no Tennessee, nos EUA. No dia seguinte, a tragédia. O quinteto ia se apresentar no “Rock Super Bowl XIV”, ao lado de figuras como Bryan Adams, UFO e Foreigner, em Orlando, na Flórida. No meio do caminho, a trupe resolveu passar na casa do motorista do ônibus, em Leesbur, pois ele, Andrew Aycock, precisava de algumas peças para o coletivo seguir viagem
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pelo resto do país sem quaisquer problemas. No local, havia um hangar, uma pista de pouso e mais três casas. Andrew pegou um dos aviões do hangar – ele também era piloto, mas não havia dormido por muito tempo durante as longas viagens – e fez um passeio com o tecladista da banda e o empresário Jat Duncan. A subida foi tranquila, o pouso também. “Quem serão os próximos?”, teria perguntado o motorista e piloto Aycock, enquanto Ozzy, Sharon e demais músicos, em uníssono, permaneciam em seus “quartos” dentro do ônibus, dormindo. Rhoads relutou, mas acabou cedendo aos apelos da maquiadora Rachel Youngblood, que estava com medo de ir sozinha. Antes de embarcarem para nunca mais sorrirem de novo, uma foto foi registrada. Era a última aparição do mestre Randy. O avião decolou. Andrew Aycock fez algumas firulas no ar, um loop. “Que tal?”. Para brincar ainda mais, ele deu um voo rasante, bem perto do ônibus onde ainda dormiam todos o “sono dos justos”. O aeroplano subiu de novo, mais uma investida e mais outra. Na seguinte, a asa esquerda do avião tocou no teto do coletivo de raspão, o que fez Ozzy – apesar da terrível ressaca – acordar no mesmo instante, achando que havia acontecido um acidente de carro. Quando ele e os outros foram para fora, a cena: o avião espatifado dentro de um hangar pegando fogo. Randy e Rachel estavam mortos. E Ozzy se viu novamente sem prumo. E sem seu melhor amigo da guitarra Flying V de bolinhas pretas...
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20 anos mais vulgar O disco que é definitivamente o divisor de águas do Pantera, o “Vulgar Display of Power”, completou 20 anos em fevereiro. Para celebrar o momento e lembrar do falecido riffmaker Dimebag Darrel, a produtora Rhino disponibilizou o uma versão deluxe do álbum, devidamente remasterizado e com uma faixa que estava perdida. A “Piss” terá, inclusive, um clipe com fãs ‘batendo cabeça’. Para mandar o vídeo é clicar AQUI.
Accept: veja a capa correta de Staligrad Há algumas semanas atrás, o Accept havia divulgado a capa do seu aguardado novo álbum, “Stalingrad”. Sites de todo o mundo publicaram a notícia, mas agora a banda revelou que as coisas não eram como todos pensavam. A capa verdadeira do álbum está em destaque, muito mais elaborada e com o subtítulo “Brothers in Death” estampado. A anterior, veja AQUI, é uma capa exclusiva para a edição especial limitada do trabalho, que virá com um DVD bônus que terá: Live at Bang Your Head!!! 2011 Princess of the Dawn Pandemic
No Shelter Live at Masters of Rock 2010 Teutonic Terror The Abyss Videoclipes Teutonic Terror Pandemic
Stalingrad: Brothers in Death será lançado dia 6 de abril.
Lady kissing A diva e atual rainha do pop Lady Gaga não é adorada por todos, é bem verdade. Mas é notória sua influência roqueira, sobretudo em seu último play, o “Born This Way”, lançado em 2010. A cantora e compositora já revelou que tem uma queda pelo Iron Maiden, Black Sabbath, Alice Cooper, David Bowie, Queen e Kiss. A prova máxima, inclusive para este último, foi a ‘Mama Monster’, como é conhecida por seus fãs, fazer um pequeno ensaio fotográfico recentemente pela ‘Egotastic!’. Nele, Gaga faz mais uma homenagem à ‘banda mais quente do mundo’, pintando-se de ‘Star Child’, a personificação épica de Paul Stanley. 12
Luto no rock Parece que todo mês os headbangers são fadados a perder alguém importante. Foi, por exemplo, o caso do guitarrista estadunidense Ronnie Montrose, de 64 anos – que já tinha tocado com Sammy Hagar, Van Morrison e Gary Wright. Ele estava lutando contra um câncer de próstata há cinco anos e não resistiu. Outro que também nos deixou foi o baixinho galã dos Monkees, Davy Jones, de 66 anos. Ele morreu de um infarto fulminante, em sua casa, na Flórida. Cartoludo com tudo O ex-guitarrista do Guns N’ Roses, Slash, está com a cartola a todo vapor. Ele compôs riffs e letras juntamente com o vocalista Myles Kennedy, emprestado do Alter Bridge, e disse que o compacto deve sair no dia 22 de junho deste ano. O ex-gunner disponibilizou ainda no final de fevereiro na internet “You’re a Lie”, o primeiro single do trabalho que se chamará “Apocalyptic Love”. No ano passado, a banda solo dele estava em turnê pelo Brasil.
Plantando para colher O ex-frontman do Led Zeppelin, Robert Plant, está em uma nova empreitada musical. Agora ele é líder do The Sensational Space Shifters, que já tem data marcada para seu primeiro festival. O show será entre os dias 27 e 29 de julho no Womad, evento organizado pelo ex-vocalista do Genesis, Peter Gabriel.
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Ramone em bio O guitarrista Johnny Ramone, integrante da banda punk Ramones, morreu há oito anos e mesmo assim sua autobiografia manteve-se nas gavetas dos seus. Mas, a partir do dia 2 de abril, as livrarias finalmente terão as histórias contadas pelo próprio fundador da banda, que morreu em 2004 por conta de um câncer de próstata. O livro se chamará “Commando: The Autobiography of Johnny Ramone” e terá 176 páginas. A introdução foi escrita pelo baterista Tommy Ramone, o último do grupo ainda vivo.
Metallica: veja segundo trailer do Orion Music+More A galera do Metallica disponibilizou um segundo trailer para o Orion Music + More, o seu próprio festival de música a ser realizado em 23 de junho e 24 em Atlantic City, New Jersey. Assista AQUI.
Marduk: revelados capa, track-list e datas de lançamento Os suecos do black metal do Marduk irão lançar seu 12º álbum de estúdio, “Serpent Sermon”, via Blooddawn Productions/Century Media Records. “Serpent Sermon” tracklist: 01. Serpent Sermon 02. Messianic Pestilence 03. Souls For Belial 04. Into Second Death 05. Temple Of Decay
06. Damnation’s Gold 07. Hail Mary (Piss-Soaked Genuflexion) 08. M.A.M.M.O.N. 09. Gospel Of The Worm 10. World Of Blades Como se fosse a primeira vez
Killswitch Engage: iniciadas as gravações do novo álbum A banda Killswitch Engage iniciou as gravações de seu novo álbum, que tem previsão de lançamento para setembro/ outubro, após a saída do vocalista Howard Jones. O novo álbum também marca o retorno de Jesse Leach à banda, que assumiu os vocais da banda entre 1999 e 2002. 14
O Mötley Crüe entrou no estúdio do baterista Tommy Lee, o The Atrium em Calabasas, Califórnia, para começar a gravar uma nova canção que será lançada para coincidir com a próxima turnê de verão juntamente com o Kiss. O baixista e principal compositor, Nikki Sixx, falou sobre nova música da banda: “Nós vamos tocá-la na turnê. Nós apenas escrevemos e gravamos. Estamos terminando a mixagem. Se chama ‘Sex’ e sua sonoridade é bem parecida com a do nosso primeiro disco (“Too Fast For Love” de 1981). Era essa a proposta. Eu escrevi riffs bem simples no ano passado e trabalhei esses riffs com Vince, levei para o estúdio com Tommy e Mick Mars onde ela ganhou vida”.
Grave Digger: novo álbum em agosto Os germânicos do Grave Digger lançarão um novo álbum no fim de agosto pela Napalm Records. Atualmente o disco está sendo gravado no estúdio Principal em Münster, Alemanha. Ao menos dez novas faixas estarão nesse play, além de “um cover de um artista homem ‘não-metal’”, que segundo a banda “não será outra música do Schlager”. Kimberly deixa carreira para ser professora e mãe Após algumas decepções no cenário musical, a jovem Kimberly Goss resolveu deixar a carreira musical de lado e dedicar-se somente a lecionar Música em uma escola em Naperville e cuidar de sua pequena filha de 4 anos. Kimberly Goss foi vocalista e membra fundadora da banda finlandesa de heavy metal Sinergy. Goss já fez contribuições também para outras bandas, escrevendo algumas letras para Children of Bodom, além de atuar como vocalista e tecladista da banda norueguesa de black metal Ancient e de ser tecladista da banda Dimmu Borgir. Leia uma entrevista, em inglês, que conta um pouco mais do que ela vai fazer agora. Clique AQUI Nas Paradas
Ex-baixista da Legião na rua
O cantor e compositor Bruce Springsteen tirou o álbum “21”, da nova diva Adele, do 1º lugar da Billboard 200 com seu novo - e excelente “Wrecking ball”. O disco dele vendeu cerca de 196 mil cópias na primeira semana. Springsteen já este outras nove vezes no topo das paradas.
Em meio às gravações do longa-metragem “Faroeste Caboclo”, dirigido por René Sampaio, os fãs da Legião Urbana descobriram que o ex-baixista da banda, Renato Rocha, está morando nas ruas do Centro do Rio de Janeiro há cinco anos. Filho de Sebastião Rocha, ex-sargento aposentado do Exército brasileiro e hoje advogado, ele optou por largar tudo e “se exilar” nas calçadas frias da capital carioca. Rocha teria se divorciado da esposa e entrado em depressão, algo aliado ao consumo de drogas. Hoje, seu repertório é o pão de cada dia e o bônus track, acordar vivo... Uma pena!
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Patek Philippe
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McCartney tem duas datas con na região Nordeste. Essa é a ter brindar o público c Por Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com)
Abril promete, na capital pernambucana: artistas consagrados vão por os pés no mangue e tocar seus hits. No já tradicional evento “Abril pro Rock”, que comemora seus 20 anos de existência, haverá shows do calibre de Exodus e Brujeria – sem contar com um espetáculo da turnê de 15 anos da banda Los Hermanos, queridinha dos adeptos da “nova MPB”. Falando nisso, no mesmo final de semana, o cantor e compositor Chico Buarque mostra as músicas de seu novo trabalho, intitulado apenas “Chico”, lançado no ano passado. No entanto, os boatos que percorriam a Internet – ou melhor, as “tuitadas” – eram acerca de outro ser, um certo sir. O ex-beatle Paul McCartney vai, sim, tocar em Recife. Desde 2009, o Nordeste tentava trazê-lo e esperava por isso. Os rumores na rede mundial de computadores só aumentaram a expectativa. Seria mesmo possível, o intérprete de “Yesterday” tocar ao vivo nas terras de Chico Science? O secretário Municipal de Turismo da cidade, André Campos, avisou via Twitter. A notícia se espalhou feito chama, mas só acendeu de vez quando a Luan Promoções, no dia 15 de março, confirmou tudo. O local do show deve ser o palco do time tricolor Santa Cruz, no Estádio do Arruda. Anotem, 21 de abril. Sendo assim, este será o terceiro ano
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nfirmadas para shows únicos rceira vez que ele vem ao Brasil com sua excelência Página pessoal
consecutivo que sir Paul toca no Brasil. Essa nova turnê deve revisitar toda a carreira de McCartney, indo dos tempos do “iê-iê-iê” dos Beatles até a fase mais obscura e psicodélica. E, claro, haverá diversas canções de sua fase solo. As canções a serem executadas, em suma, devem ser praticamente as mesmas da última tour, a “On the Run”, descartando, assim, músicas jazzistas de seu novo álbum, “Kisses on a Bottom”, lançado ainda este ano. Além de Recife – única cidade pela qual Paul deve passar em solo nordestino –, mais shows devem acontecer em Florianópolis e Brasília. Famoso Depois de ganhar seu lugar na Calçada da Fama de Hollywood - os Beatles, em conjunto, tinham uma estrela no local desde 1998 –, no dia 8 deste mês, o sir McCartney ganhou uma outra homenagem. No dia 18 de junho deste ano, ele completará 70 anos de idade, e, como forma de um “tributo em vida”, Alice Cooper, KISS, B.B. King, Billy Joel e Corinne Bailey Rae lançarão, em breve, um disco com as composições do eterno membro dos Fab Four. O produtor do play vai ser Ralph Sall, veterano em álbuns do estilo. Em entrevista recente, ele disse que “será um bom jeito para mostrar a admiração pelo catálogo dele. Você pode perceber, pela variedade de artistas participantes, que a música de Paul é atemporal. Todos amam Paul McCartney”.
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Entrevista
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Com um olhar diferente
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A banda RPM está de volta, e agora pra ficar; reformulado, o quarteto conversou com a Rock Meeting sobre fãs histéricas, Internet, Luiza e, sim, a carreira Por Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com) Fotos: Site Oficial RPM
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uitas das reportagens dos anos 1980 sobre a banda Revoluções Por Minuto – ou somente RPM mesmo – começavam com um trecho de alguma música deles em alta. Mas não há como resistir: “Se você pudesse me dizer? Se você soubesse o que fazer? O que você faria? Aonde iria chegar?”. Se pudesse escolher, outra canção se encaixaria aqui. Contudo, essa é a última grande música do grupo, lançada em 2002, promovida como tema do reality show Big Brother Brasil, em sua primeira edição. “Vida Real” é uma versão para a “Leef”, do cantor holandês Han van Eijk, mas a marca do RPM está ali, em cada segundo. Pouco depois, a banda lançaria um disco e um DVD ao vivo e se separaria novamente. A história de Paulo Ricardo (vocais e baixo), Fernando Deluqui (guitarras), Paulo P.A. Pagni (bateria) e Luiz Schiavon (teclados e programações) teve vários episódios intrigantes, brigas internas, egos inflamados, drogas até o nariz, turnês longas, muitas mulheres e milhares de álbuns vendidos. O RPM foi o sucesso daquela década; o fenômeno; os Beatles tupiniquins (em alguma matéria de 1980, isto pode até ter sido dito, inclusive). É porque era inegável o quanto o quarteto era querido por seu público.
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Repentinamente, quatro moleques magricelas e sonhadores conquistavam as rodovias Brasil afora, criando uma nova levada para a música brasileira: um mix das tendências techno com a mais pura influência de Rock. E quando... “Ei, cara! Deixe-me dizer logo. Você [o repórter em questão] foi um dos poucos a fazer isso aqui; a ficar com a gente numa boa, dentro do camarim. Que fique registrado!”, pontua o baterista do RPM, Paulo P.A. Pagni, atrapalhando, mas de bom grado. E quando o grupo começou, em 1983, ganhou, pouco depois, as estampas de revistas e cadernos B de jornais de todo o país, pois eram lançados hits após hits: “Alvorada Voraz”, “Olhar 43”, “A Cruz e A Espada”, “Revoluções por Minuto”, “Loiras Geladas”, “London London” e outras mais.
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Então, o sucesso. Garotas correndo atrás. Dinheiro chovendo pela janela do ônibus. Cansaço. Rotina. Fim. No entanto, o ponto continuativo deu espaço para alguns retornos, algumas jams. E a partir delas, nasceu o mais novo álbum do RPM, o ótimo “Elektra”, no mercado desde o ano passado. O CD é duplo e conta com o segundo compacto recheado de canções remixadas – justamente, talvez, para arrematar esse público que conhece o quarteto somente pela música-tema do BBB. O play tem pretensos singles que caberiam perfeitamente em qualquer programação de rádio. Os destaques são as dançantes “Dois Olhos Verdes”, “Tudo Muito”, “Crepúsculo” e “Elektra”, as românticas “Deusa das Águas” e “Vidro e Cola”, e a bluesy “Problema Seu”, de longe a melhor.
Misturando sintetizadores, guitarras distorcidas, limiares de baixo por cima, bateria eletrônica e algumas letras por vezes politizadas (Rock and Roll é isso, não?), a banda resolveu voltar com tudo, deixando de lado os projetos paralelos. Algumas tentativas de retorno foram frustradas, mas os quatro sentiam a necessidade de mostrar ao público “do que estavam falando”. Eles revolucionaram o Rock no país. Carregavam isso no nome. Não poderiam deixar os fãs para trás, no limbo da utopia. A revista Rock Meeting bateu um papo de exatos 11 minutos e 12 segundos com os agora quarentões do RPM sobre essa nova fase e a tour pelo Brasil. Eles estiveram em Maceió no dia 18 de fevereiro para um show privado, e receberam a equipe com muito zelo e bom humor.
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- Bem, obrigado por me receberem dentro do camarim de vocês. Falo aqui em nome de uma revista digital alagoana que está há dois anos, digamos, no “mercado”, tentando manter a cena viva no estado. Paulo Ricardo: Seria “MaceiOZZY”?! (risos) - Não (risos). O nome dela é Rock Meeting! Na verdade, primeiramente queria dizer que eu nem imaginava entrevistar vocês, porque depois de 2003 eu achava que a banda não iria tocar mais junto. P.A. Pagni: Nem nós (risos). Paulo Ricardo: Plano de marketing! Luiz Schiavon: Nos escondemos atrás do muro (risos). - Se não me engano, esse é o terceiro retorno de vocês. O primeiro foi em 1988, com o álbum “Quatro Coiotes”; o segundo, em 2002, quando vocês lançaram um CD ao vivo; e este. Schiavon: Três é uma boa conta. Paulo Ricardo: Três retornos, primeira esquerda, primeira direita e a gente chega lá...
futuro é disponibilizar esses tipos de arquivo para compartilhamento. Acaba sendo, de certa forma, um meio a mais de promoção, de divulgação dos mais recentes trabalhos, não? Schiavon: A gente não tem medo da Internet. É uma ferramenta muito eficiente para a divulgação, especialmente para os jovens. - Vocês todos participam de redes sociais, como Twitter e Facebook? Schiavon: Twitter, “Face”... O que você imaginar! E a gente usou isso justamente como ferramenta de divulgação, e funcionou bem pra cacete. A gente, quando começou a turnê, notou que já havia pessoas cantando as músicas novas conosco. E eu acho que quem faz o download de um arquivo pra ouvir num celular, iPod, iPad, mp3 player, o que for, não vai deixar de comprar o CD, o registro físico, se ele gostar.
- Eu cheguei a conferir um material disponibilizado por vocês na Internet. É como se fosse uma mostra do que viria, um EP virtual com quatro faixas do novo CD “Elektra”: são as “Tudo Muito”, “Crepúsculo”, “Dois Olhos Verdes”... Paulo Ricardo: A gente sabe quais músicas são... (risos). Brincadeira!
- O grupo, pelo menos para mim, que não vivi aquela época, tinha um quê de Beatles. Digo isso no sentido de os fãs correrem atrás de vocês, literalmente. Houve certa vez que as meninas os alcançaram e ficaram, digamos, cheirando cada um? Fernando Deluqui: É, o RPM foi um dos grandes fenômenos dos anos 1980. Talvez a banda que tenha feito o maior sucesso naquele tempo. E a mulherada é bem-vinda! Sempre foi. Sim, em um certo momento, quando a gente procurava o ônibus da turnê – a gente estava realmente perdido –, depois de acabar um ensaio num ginásio em Campinas, em meados de 1980, algumas garotas que estavam do lado de fora vieram correndo e a gente pensou que...
- ... e “Ela É Demais (Pra Mim)” (risos). Como é lidar com essa nova mídia? Afinal, o
- Elas não chegaram nem a beijá-los ou sequer abraçar vocês? Não fizeram nada?!
- Beleza (risos). Então, agora vai?! Paulo Ricardo: Tá indo, tá indo... Shiavon: Já foi!
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P.A.: É, não fizeram. Ficaram paradas! Deluqui: Pois é. Elas vieram e nos encurralaram... Schiavon: Sabe aqueles cachorros que correm atrás dos pneus dos carros, que quando eles [os automóveis] param, o cão não sabe mais o que fazer? Pronto, é isso. P.A.: Isso! (risos) Deluqui: Exatamente! Nós quatro saímos correndo achando que elas iam massacrar a gente... E quando chegaram perto, elas não sabiam o que fazer e ficaram somente nos cheirando! Foi uma surpresa muito grande pra todos... - E certamente voltaram a correr delas. Maravilha! E quando a banda começou, de fato, quantos espetáculos faziam por ano? Uns 250, não? Schiavon: Na nossa segunda turnê, conseguimos fazer exatos 230 shows. E isso
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em 18 meses. Na época, houve mês em que a gente fez uns 27 shows! P.A.: Até chegamos a tocar mais de uma vez num só dia. Mas isso somente umas três ou quatro vezes na carreira... - E hoje? Schiavon: Bem, estamos bem perto dessa marca. Fazendo de 10 a 12 espetáculos por mês. - O primeiro show do RPM foi em março de 1985. Verdade que na ocasião só havia 16 espectadores? Paulo Ricardo: O primeiro show com disco gravado foi no Morro da Urca, no Rio de Janeiro, em março de 1985. Isso mesmo! - Com 16 pessoas... Paulo Ricardo: Dezesseis pagantes! (risos) A maioria era convidada; em grande parte,
presidentes de gravadoras, e, no final, deu tudo certo. P.A.: Teve até uma tempestade no dia, que os bondinhos balançavam pra caramba. O pessoal ficou com medo de sair de casa pra ir pro show. Deluqui: Nós mesmos ficamos com medo. Schiavon: Águas de março fechando o verão, literalmente (risos).
- Uh, com Jon Lord, nos teclados. Schiavon: Rock and Roll pra caramba! Enfim, tinham algumas garotas que eram amigas do dono da casa, que era o baixista. E uma delas [Eloá] era namorada do Paulo. Um dia, ele chegou de Brasília e foi até lá ver um ensaio. A gente se conheceu e tal. Eu tinha 19 anos, e ele, 15. De lá pra cá, é uma praga na minha vida (risos).
- Luiz, e como foi o primeiro contato seu com o Paulo Ricardo? Foi em um ensaio da sua banda anterior? Schiavon: É, era uma banda de cover que eu tinha.
- No caso, o RPM completa, já, já, 30 anos de banda, não é? Schiavon: É, a gente tem 28 de carreira.
- Mas era de Rock Progressivo, ou algo nessa linha? Schiavon: Na verdade, era uma banda que fazia covers de músicas do Deep Purple.
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- Vocês pretendem fazer uma turnê mais abrangente, visitando inclusive os interiores dos estados brasileiros, quando fizerem três décadas? Schiavon: A gente já está fazendo isso, indo para o interior... Paulo Ricardo: Cara, pra gente fazer 30
anos vai demorar muito. Digo isso, contando o tempo de atividade da banda, na estrada. Turnê de 30 anos mesmo só em 2038 (risos).
estava um pouco à frente. A música Pop deu uma volta completa até nos alcançar, onde a gente sempre esteve.
- Vocês sempre tiverem letras embasadas, e não somente falando em festas, drogas, bebidas, muita mulher e no Rock and Roll em si. Inclusive, até tiveram músicas “censuradas” à época do fim da ditadura. Mas o quarteto teria alguma preocupação de não cair no Pop? Paulo Ricardo: Não, na verdade não. Seria o contrário. A gente está com um conteúdo até mais voltado para os jovens. Desde o começo, a banda flertava com a música eletrônica, com aqueles efeitos todos e tal. Colocávamos sintetizadores nas músicas, bateria eletrônica... Schiavon: Computador no palco... Paulo Ricardo: É, e isso como parte integrante de todas as músicas. Só que o que aconteceu de lá para cá é que a música eletrônica cresceu e se ramificou em outras vertentes. Na verdade, pra gente é muito natural haver remixes dessas novas músicas. Nosso novo CD, o “Elektra”, lançado no ano passado, é duplo e contém um compacto só com canções remixadas. São sete ao todo. E é aquela coisa: nós nunca fomos, digamos, um trio Punk... Sempre tivemos esse lado da música eletrônica. A gente sempre foi uma banda de Technopop.
- Mas vocês chegaram a sentir alguma diferença num desses retornos? Paulo Ricardo: Sim, inclusive, em 2002, a gente sentiu essa dificuldade de nos encaixarmos de novo.
- O RPM foi até um dos primeiros grupos de Rock a fazer um remix no Brasil. Paulo Ricardo: O primeiro grupo! Foi com “Loiras Geladas”, do primeiro álbum da gente. Na verdade, o que aconteceu é que a gente já
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- O DJ Joe K fez as remixagens do CD 2 de “Elektra”. Como foi o trabalho com ele? Paulo Ricardo: Não foi um trabalho com ele, especificamente. O Joe K teve total liberdade de fazer o que quisesse. Da mesma forma como os DJs fizeram nos anos 1980, com outras canções nossas. - E a relação com a gravadora? Vocês estão em outra agora, não? Paulo Ricardo: É, estamos na Building Records. Vamos para onde o dinheiro está (risos). Mas tudo vai funcionando muito bem. - Em uma das novas músicas, vocês cantam que “há muita festa, muita coisa, muito tudo”. Em se tratando do fato de sermos bombardeados com notícias fúteis todo dia, sem muito a dizer, como filtrar esse “muito tudo”? Paulo Ricardo: Foco. Tem quem ter foco, né? E fica cada vez mais difícil. O grande desafio da nossa geração era “cavar” as notícias, saber o que estava acontecendo no mundo. Se você quisesse escutar determinada banda, tinha que comprar um vinil importado. Só tínhamos acesso quando um amigo que ia pra Londres e tal trazia pra você, na mala, um LP. Hoje em
dia, você aperta um botão no computador e vê o que tá rolando na Bulgária, em Portugal, na cena Indie. “Baixa” o que quiser. Schiavon: Antigamente, valorizava-se a informação. Era difícil ter acesso a elas. Mas, porra, a gente está num país hoje onde a coisa mais importante da semana é saber se a Luiza voltou do caralho do Canadá. Eu quero que a Luiza exploda com o avião dela no meio do Oceano Atlântico (risos). Paulo Ricardo: Quem é Luiza?! (risos) Mas eu achava que a coisa mais “interessante” da semana era aquela história do suposto estupro no Big Brother Brasil 12, com aquela menina, a Monique... Schiavon: Não, já não é mais. P.A.: Até porque ela já voltou do Canadá. Schiavon: Foi uma propaganda, Paulo, feita lá em João Pessoa. Era a respeito de uma construtora vendendo apartamentos, essas coisas. Lá, estava todo mundo, só não a Luiza, que estava de férias no Canadá. Aí virou mania na Internet logo. “Todo mundo vai pra tal canto, menos a Luiza, que tá no Canadá”, algo assim... - Virou um “meme”, como os próprios internautas chamam... Mas agora o assunto já é outro. Uma tal de Julia Bueno, que apareceu pelada numas fotos em seu próprio Facebook. O detalhe é que as imagens eram de uma orgia... Foi “Trending Topic” do Twitter tranquilamente. Deluqui: É, sexo sempre dá audiência, sempre vende... (risos). Mas, enfim, há muita coisa boa na Internet.
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Anivaldo Luiz da Silva, o agora ex-Lobão, por “pedido” enviado através de notificação judicial do músico carioca, é o novo líder da alcateia roqueira local e herói da cultura pornô Por Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com) Fotos: Pei Fon - Arquivo RM (@poifang | peifang@rockmeeting.net)
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oão Luiz Woerdenbag Filho hoje tem 54 anos. Pelo nome, ele não é tão conhecido. Mas com sua alcunha, obteve notoriedade no mundo da música, sobretudo construindo os pilares do Rock nacional nas décadas de 1980 e 1990. O cantor, compositor, produtor, exbaterista da banda Blitz e agora apresentador de TV teve de tudo na vida. Nasceu num ambiente promissor – aos seis anos ganhou sua primeira bateria de brinquedo, e aos 13, uma profissional – e teve a oportunidade que poucos têm em toda uma vida de tentativas e esboços artísticos. De ascendência holandesa, em certos pontos de sua longa carreira – sem dubiedade –, o carioca, como que uma “laranja mecânica”, atropelou alguns “obstáculos” por seu caminho.
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Ele sempre teve essa paranoia de estarem o imitando; de estarem o perseguindo – e isto mesmo sem que estivesse sob efeito de drogas. Em 1999, por exemplo, era lançado “A Vida É Doce”, que chegou a 100 mil cópias vendidas em todo o país. Número este de certa relevância, já que os contemporâneos de Lobão só estavam lançando álbuns em formato acústico e nenhum de estúdio. Na obra, uma música em especial: “Vou Te Levar”. A canção, segundo o compositor, foi feita em exatos 15 minutos, enquanto esperava a esposa, do lado de fora da aula de computação dela. Ele achava que ia morrer a qualquer momento e andava com um enfermeiro do lado, 24 horas por dia, tamanha sua paranoia.
À época, inclusive, ele tentou se matar. Certo dia, meio bêbado, pegou um canivete suíço e atravessou superficialmente suas veias dos pulsos e foi direto para a janela, a fim de pular. Alguém o segurou. Seu anjo. Precisou de tudo isso, de todo esse karma, para entender que não era bem assim. Contrito, ele estava começando a perceber o quanto tinha errado. Em 2001, quando o cantor e guitarrista do Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna – com quem teve discussões durante 17 longos anos –, caiu de ultraleve e ficou paralítico, mais uma vez, o músico viu que era hora de parar a “locomotiva holandesa”. Novo capítulo Recentemente, Lobão entrou na Justiça exigindo que um também músico e produtor, mas dessa vez alagoano, parasse de usar “seu” apelido – como se ninguém pudesse ter um cognome parecido ou idêntico ao de outrem. Anivaldo Luiz da Silva, de 35 anos, conhecido como Lobão e chamado como tal desde a juventude, afirma que “o Lobão ‘original’ tem toda a razão de querer preservar seu nome, sua marca, que demorou tanto a erguer”. A confusão toda começou depois de Anivaldo ir até o programa “Agora É Tarde”, da Band, e virar fenômeno na Internet, com mais de 38 mil visualizações no Youtube. O caso chegou até os agentes do músico carioca, “detentor dos direitos” sobre o apelido, o qual pediu a retirada do mesmo sob qualquer hipótese. Mais uma vez, Lobão (o de ascendência das terras dos irmãos Van Halen) e sua paranoia. Palavra! 32
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Voltando à questão Herbert Vianna, de 1983 a, pelo menos, 1999, eles não se batiam. No entanto, o líder dos Paralamas era grande fã de seu trabalho. Em entrevista, ele chegou a dizer que, se ouvisse o nome do Herbert, ficava transtornado. “Eu queria matar o Herbert; esganar o Hebert”. Em seu livro autobiográfico, lançado em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, em 2010, das 871 páginas que escreveu - pelo menos dois terços disso foram jogados fora -, Lobão reservou um espaço para falar de sua “treta” com Vianna. Em 1982, Lobão lançava o play “Cena de Cinema”; os Paralamas, “Cinema Mudo”, no ano seguinte. Ele compõe o megahit “Me Chama” - interpretado por diversos músicos populares -, em 1984, e Herbert e Cia, “Me Liga”, no mesmo período. Pouco depois, lança “Revanche”, com um conceito de que “a favela é a nova senzala”, justamente o que foi usado em “Alagados”, de 1986, um dos maiores sucessos dos Paralamas. E diversas outras coincidências que deixavam Lobão transtornado. Único Anivaldo Luiz da Silva, o recém “exLobão-das-Alagoas”, teve uma infância difícil. Filho único - ele diz que é, “pelo menos, do mesmo pai e da mesma mãe. Mas tenho uma irmã” - e nascido na comunidade Vila Brejal, no bairro da Levada, em Maceió, a oportunidade de crescer na vida tinha um percentual muito pequeno. A possibilidade de que ele entrasse no mundo das drogas era latente - às vezes, a única forma de prazer para as pobres crianças alagoanas, às margens da miséria. Impassível a qualquer adversidade, Anivaldo sempre procurou um rumo.
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Encostado no umbral da porta de sua casa, via a inocência ganhar nova forma. Homicídios em via pública, corrupção atingindo em cheio as bases e os pilares de uma sociedade fadada ao caos. Chão de barro. Os mesmos pés cheios de calos foram até São Paulo - diz a lenda que é lá o point, a terra prometida dos ditos nordestinos. Ainda na adolescência, ele deixou o cabelo crescer e recebeu o apelido que carrega(va) até hoje. Era janeiro de 1991, e o Rock in Rio ganhava sua segunda edição... no Rio de Janeiro, claro. Artistas como Guns N’ Roses, Judas Priest, Megadeth, Queensryche e Sepultura se apresentavam no dia 23, mesmo dia em que Lobão (o carioca) subia ao palco ainda na parte da tarde. Vaias e latinhas se sobrepuseram às letras marcantes do cantor logo na segunda música. A bateria da escola de samba Estação Primeira de Mangueira nem chegou a fazer a participação especial que estava acordada. Mesmo assim, com o que aconteceu no festival, os amigos de Anivaldo decidiram chamá-lo por esse epíteto: Lobão. O cabelo já estava grande e as feições eram um pouco parecidas, devido ao rosto alinhado de ambos. Bem... Nada demais. Nada demais, até essa atonia que tomou repercussão no Brasil inteiro, em se tratando de “seu nome, sua marca”. Antes desse episódio, bem antes, em 1996, Anivaldo dava forma à sua banda, a Cheiro de Calcinha. O som mais parecia um “Pop-Brega-
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Ragga-Dance-Fuleiragem”, como ele mesmo disse. “Mas optamos recentemente por colocar apenas como estilo a denominação ‘Brega Rock’”, conta. Com músicas como “As Periquitas”, a primeira a ser escrita pelo grupo, e “A Mulher do Delegado”, Anivaldo foi à luta, foi à capital paulista. “Fui em 1998 pra lá pra tentar a sorte mesmo. Divulgar meu trabalho, meu projeto. Vendia até lanche no trem! E eu ia periodicamente pra São Paulo naquela época. Procurava sempre os produtores-referência, como o Carlos Eduardo Miranda [que inclusive produziu o premiado Acústico MTV do Lobão, em 2007] e o Rick Bonadio, que revelou figuras como os Mamonas Assassinas”, lembra Anivaldo. Foi então que, em novembro deste ano, o ensejo dessa vez se postou diante dele. Afora a banda, Anivaldo Luiz se tornou produtor de filmes pornográficos. “No final de 2004, pensei: ‘Poxa, quero ser um empreendedor, mas no que mais posso investir? Já se fez de quase tudo em Alagoas...’ Aí, tive a ideia de fazer material erótico. Minha primeira película foi o ‘Pânico nas Xoxotinhas Alagoanas’, que logo depois ganhou duas sequências. Daqui a dois meses, pretendo preparar a 4ª edição dele”, diz. E continua: “Tenho ainda o ‘Bimbadinhas em Maceió’, ‘Penetrando no Centro de Maceió’ e ‘O Senhor do Anéis: a Saga do Anel Alagoano’, dedicado ao público homossexual. Bem, meu querido, se eu pudesse, faria um [filme] por mês”. O pequeno produtor já tem 10 deles, com mais de 12 mil cópias vendidas.
Proposta Em meados de 2011, um show do Biquini Cavadão e da Plebe Rude levantava o público na casa de show Vox Room, em Jaraguá. Nos bastidores, Anivaldo conseguia uma brecha. Falou com o guitarrista Clemente Nascimento, da Plebe Rude e dos Inocentes, o qual tem um programa musical em São Paulo chamado Show Livre. “Eu mostrei meu material pra ele. Dei vários CDs da banda e ele aprovou. Perguntei se poderia ir até o programa e disse que sim; só não bancaria as passagens. Eu concluí: ‘Deixe por minha conta mesmo’, e fui. A gente marcou para o mês de novembro”, pontua Anivaldo. Lá, na capital do mundo, o ainda Lobão das Alagoas tentou não só o Show Livre, como também várias emissoras de TV. “Fui no Programa do Jô, no Altas Horas e até atrás do jornalista alagoano Márcio Canuto [da Rede Globo], na MTV, na Record, e nada”, comenta. Um amigo seu de infância, José Clóvis Rolemberg Júnior, deixou que ele ficasse em sua casa, em Guarulhos. Júnior, como Anivaldo o chama, “mexe com sites” e tentou a sorte em São Paulo. Por lá ficou. Tudo OK. “Foi ele quem fez o site da nossa banda... Ele quem me emprestou uma câmera de vídeo para que eu fizesse meu primeiro filme pornô. Um cara e tanto. Devo muito a ele. E lá, em sua residência, fiquei perambulando pela Internet até achar uma inscrição para se candidatar a integrar a plateia do programa ‘Agora É Tarde’, da Band. Cliquei e fui aprovado!”, diz o ainda Lobão, mostrando os caninos.
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O músico e produtor alagoano levou ao programa cerca de 100 projetos seus – 40 CDs da Cheiro de Calcinha e mais 60 DVDs pornôs. Era início de novembro de 2011, e Anivaldo estava com a camisa de seu grupo, promovendo-o, como sempre. O primeiro entrevistado do talk show foi o ex-boleiro Dinei, que jogou no Corinthians. Depois do primeiro bloco, Anivaldo entrou em ação. Foi nos bastidores e tentou falar com o produtor. “Era um rapaz bem jovem, quase que da sua idade, eu acho. Bem educado e atencioso. Entreguei meu CD e alguns DVDs a ele. Dei [o material] para o cameraman, o caboman, o pessoal da iluminação, do camarim, da plateia... E voltei pro meu canto”, rememora. Dali a pouco, o bloco teve início e o burburinho se intalou. As risadas sadias vinham da plateia, de trás da cortina, de dentro para fora. O apresentador, o ex-CQC Danilo Gentili, ficou sabendo da presença do alagoano no meio do público e o chamou, de supetão. Durante os pouco mais de seis minutos de conversa e fama instantânea, muitas risadas e um papo franco. A banda de apoio do programa, a Ultraje a Rigor, deu o tom – e o “tundum-tis!” – da brincadeira. Querendo ser diplomático, o Lobão das Alagoas se apresentou como Anivaldo Luiz. Contudo, nem isso deixou o coração do “original”, João Luiz Woerdenbag Filho, mais leve. Sua assessoria jurídica mandou, no dia 7 de março, uma notificação, uma ação
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judicial para que Anivaldo não mais usasse “Lobão” em nenhuma de suas produções. Tanto em shows, como em material erótico, ou assinando composições da Cheiro de Calcinha. A orientação era a de que se suspendesse “imediatamente o uso do nome Lobão, ou qualquer outro que a este se assemelhe, como seu nome artístico”. “Não tive culpa de me chamarem assim. Eu nem gostava desse apelido quando tinha meus 13 anos... Queria ser chamado pelo meu nome mesmo. Mas acabou pegando, né? Ah, sim: eu não quero nenhum atrito com o Lobão. Sou grande fã dele e de sua música. Realmente ia ficar complicado, ia pegar mal para ele, ter seu nome atrelado
a algo pornográfico. Afinal, o público, de um modo mais generalizado, acaba confundindo as coisas. O Lobão sempre foi polêmico, mas não chegando a esse ponto. Eu faço música, ele também; eu produzo shows, ele, da mesma forma. Então, é melhor assim, para que não haja nenhuma situação constrangedora para ele”, afirma. O filho da Vila Brejal usa agora somente “Morango Filmes” em seus materiais pornográficos, e, nos eventos, Anivaldo Produções. No dia 14 do mesmo mês, ele enviou um pedido para o artista carioca: para que, pelo menos, ficasse com o cognome “Lobo” na sua marca, pois seria impossível retirar algo de si
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tão rapidamente. Lobão aceitou de bom grado. “Embora isso tenha acontecido – o que é sinal da repercussão que minha aparição teve no talk show –, foi um bom, um ótimo começo para a minha carreira”, conclui o eterno Lobão de Maceió, que já foi candidato a deputado estadual pela legenda do PSB. Com o número 40.666, ele conseguiu - de forma limpa, como gosta de enfatizar - exatos 2.115 votos. “Política é tudo; tudo o que está à nossa volta tem a ver. Estou limitado, enquanto cidadão. Já cheguei a estruturar a Feira da Praça Guedes, arrumando uma tenda. Mas, quando começo algo, vou até o fim. Nem que seja por mais seis minutos”, profetiza. A alcateia tem, enfim, um novo líder.
As pĂŠrolas de Janis 39
Dona da voz rouca mais inenarrável da história do Rock tem álbum póstumo relançado com edição de luxo Por Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com) Fotos: Divulgação
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o dia 19 de janeiro, a cantora estadunidense Janis Lyn Joplin faria 69 anos de idade se ainda estivesse entre nós, pobres fãs mortais. E esse numeral, intrinsecamente, indica muita coisa. “Meianove” é a alcunha de uma posição sexual bem conhecida, e, em 1969, houve ainda o megafestival Woodstock, em uma fazenda com quase 2,5 km², na cidade de Bethel, em Nova Iorque. A analogia ao número só foi feita porque, justamente àquela época, a liberdade sexual mostrava sua cara, seu tudo. O desejo de se fazer o que quisesse. E o que todos almejavam era a paz – os EUA estavam em guerra no Vietnã – e muito Rock na lama. Para “comemorar” esses 69 anos que a dona da voz rouca mais famosa do mundo faria, seu álbum póstumo, “Pearl”, de 1971, será relançado no próximo dia 17 de abril, com nove faixas inéditas, sendo, então, duplo. Além das canções já conhecidas, haverá, neste “novo álbum”, algumas versões alternativas para “Cry Baby” e “Get It While You Can”, por exemplo. Afora, será disponibilizada uma edição em vinil, de nome “Highlights from the Pearl Sessions”. No mês passado, foi lançada a filmagem ao vivo de um espetáculo gravado na Carousel Ballroom, com a banda Big Brother and the Holding Company, com Janis nos vocais, em 1968. Joplin morreu em outubro de 1970, por overdose de cocaína e heroína, e suas cinzas foram espalhadas pelo Oceano Pacífico. O sonho de uma geração ia acabando...
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Nos bastidores:
O que as bandas alagoanas est達o fazendo?
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Três meses se passaram desde o início do ano, e a Rock Meeting resolveu ir atrás de algumas informações sobre as bandas alagoanas Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)
Banda Foxy abrindo show para o SupreMa
S
Segundo o ditado popular, “o ano só começa depois do Carnaval”. A Rock Meeting resolveu, então, fazer um apanhado do que está acontecendo na cena alagoana para deixar você, caro leitor, por dentro das novidades.
Iniciando com as “idas e vindas”. 2012 reservou um tempo para
trazer à tona as bandas que estavam correndo pela tangente, digamos assim. Essas bandas, que estavam dando um tempo do público e resolveram aparecer, foram mencionadas na edição nº 30 (leia AQUI).
Entre elas, a banda de Heavy Metal, Foxy. Passaram um longo
período parados, mas, recentemente, abriram o show para a banda paulista SupreMa. “Voltamos, sim, à ativa. Na verdade, nunca paramos, só demos uma pausa em shows para focar mais nas músicas próprias. O que vocês puderam ver no show da tour do SupreMa foi um trabalho de um ano de muito esforço, e tocamos quatro músicas que farão parte do nosso EP”, comenta Alex Walker, vocalista da banda.
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Raiser (esq/dir) - Canuto (baixo), Victor (Vocal), Marlus (guitarra), Tiago (bateria) e João (guitarra)
Na mesma ideia de lançar material com músicas próprias estão as bandas Raiser (Thrash/Death) e DarkTale (Doom/Gothic Metal), de diferentes estilos, mas com um pensamento em comum: compor, gravar e lançar. “Basicamente, ficamos ‘trancados’ no estúdio, compondo o material pra esse próximo lançamento, divulgando a banda e fazendo contatos com outras”, comenta Eduardo Moraes, guitarrista da DarkTale. Para o pessoal da Raiser, as gravações estão sendo trabalhosas, porém prazerosas. “Vemos o nosso trabalho tomando forma a cada parte do processo de gravação. Sem dúvida, é a realização de um sonho e uma satisfação pessoal muito grande para cada um dos integrantes da banda, e é algo está nos dando fôlego para seguir em frente com o que mais gostamos, que é o Metal”, disse Jonathan Canuto, baixista. Você pode estar se perguntando: “Certo, estão gravando, mas os novos trabalhos já têm nome e data de lançamento?”. As bandas prometem que ainda neste primeiro semestre teremos acesso às músicas que estão gravando. A Foxy não tem nem a data, nem o nome do EP. Já a Raiser, o EP se chamará “From the End to the Beginning”, e a DarkTale apresentará “Time Destroys Everything”. Houve banda que também lançou material recentemente. A Morcegos, por exemplo, lançou mais um disco ao vivo, chamado “Grounded”. Outras bandas estão gravando seus materiais, e pode ter certeza que estarão nas páginas da RM. É só esperar.
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Eluveitie Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Bem simples e direta. O que estou ouvindo este mês é uma banda da qual praticamente acompanhei a evolução desde que fora criada, em 2002. Estou falando dos suíços do Eluveitie. Dois anos mais a frente, conheci o EP “Vên”... Não lembro quem foi que compartilhou comigo, mas sei que o EP ficou bastante tempo arquivado. Não gostei! Em 2008, com o vídeo “Inis Mona”, do álbum “Slania”, retomei a audição da banda e não percebi que havia deixado passar o primeiro full-length, “Spirit”. Voltar a escutar o Eluveitie foi uma sensação tão boa! Folk Metal com um pé no Melodic Death Metal. Então, o álbum de destaque é “Everything Remains (As It Never Was)”, de 2010. Antes de seu lançamento, considerava “Slania” o melhor CD deles. No entanto, o quarto disco do grupo foi uma surpresa incrível, pois o seu antecessor foi completamente sem peso e bem Folk. Alguns não se agradaram tanto,
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esperando uma boa “porradaria” sonora, que só veio depois. Eu gostei! Eluveitie é uma joia. Para quem gosta de Folk Metal, é uma das bandas que não dá para deixar de escutar. Os suíços reúnem, além de guitarra, bateria e baixo, os mais diversos instrumentos, como violino, gaita de fole, flauta, bandolim, Bodhrán (tipo de tambor tribal) e o Hurdy Gurdy (viola de roda) - este em que é preciso, literalmente, girar uma manivela para conseguir tirar o som... que é incrível. As faixas que destaco são “Thousandfold”, “Nil”, “The Essence of Ashes”, “Kingdom Come Undone”, “(Do) Minion” e “Setlon”. São músicas de um peso incrível, mas que não se libertam tanto dos elementos do Folk. É um mix interessante, que não dá para deixar de lado. Isso porque nem falei do álbum mais novo, “Helvetios”. Com certeza ele está na minha lista de melhores lançamentos de 2012, mas aí é para um outro momento.
Dead Fish Jonas Sutareli (@xSutarelix | jonas@rockmeeting.net)
Ultimamente, meus ouvidos estão mais voltados ao Hardcore. Comeback Kid, Bullet Bane e Dead Fish são o que mais tem rolado pra mim. Escolhi falar do Dead Fish por causa do meu irmãozinho de 15 anos. Dia desses, ao ouvir Dead Fish na minha playlist, ele comentou: “Por que você nunca me apresentou Dead Fish antes? É muito massa!”. Desse sentimento de alegria, nasceu a vontade de falar um pouco sobre a banda aqui. Dead Fish é uma banda de hardcore do Espírito Santo, criada nos inícios dos anos 1990 por Marcelo “Suicidal” (vocal), Marcel Dadalto (guitarra solo), Gustavo “Arroz” Buteri (guitarra base), Leonardo “Formiguinha” (baixo) e Leandro “Nô” (bateria. O grupo começou sob o nome Stage Dive. Após algum tempo, Rodrigo Lima assume os vocais. Quando descobriram
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que já havia uma banda com o mesmo nome, puseram algumas ideias em papéis para sortear uma nomenclatura nova. O grande sortudo foi Dead Fresh Fish, que foi reduzido para Dead Fish, como conhecemos hoje. Fazia algum tempo que eu não ouvia o som dos caras. Como eu estava mais na vibe do Hardcore, decidi ouvi-los também. E o que mais me surpreende é que ainda me arrepio a cada música. Ainda me causam a mesma euforia e a vontade de estar em um show de Hardcore. É o tipo de banda da qual eu ouço a mesma música cinco vezes seguida, antes de passar para a próxima, sem enjoar. Todos os álbuns e quase todas as músicas são destaque. Dead Fish é Dead Fish! Dá pra curtir o som dos caras no site deles: www.deadfishoficial.com.
Led Zeppelin Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)
Olá, caros leitores. Continuando o que já virou tradição, estou aqui para descrever um pouco do que ouvi ultimamente. Poucas bandas conseguem ter o prestigio e a glória de serem lembradas e cultuadas décadas após encerrarem sua carreira. Este mês, venho falar um pouco sobre o primeiro álbum da banda britânica Led Zeppelin. Intitulado com o nome da banda, este álbum foi lançado em 1969. A banda era formada por Jimmy Page (guitarra), John Bonham (bateria e percussão), John Paul Jones (baixo e teclado) e Robert Plant (vocal e gaita). A banda encerrou a suas atividades após a morte do baterista John Bonham, no dia 25 de setembro de 1980, que morreu em um quarto na casa do guitarrista Jimmy Page, engasgado com o próprio vômito. O disco começa com “Good Times Bad Times”. Essa é uma daquelas que qualquer um que conheça um pouco da banda já ouviu, assim como a segunda faixa, chamada “Babe I’m Gonna Leave You”. A primeira é contagiante e mostra toda a fúria do Led. Já a segunda é inicialmente mais calma, com voz e violão, para que mais a frente toda banda apareça. A terceira faixa é uma das que mais gosto, “You Shook Me”. É um Blues com a essência 46
virtuosa de Jimmy Page. É o tipo de música que não se tem como descrever, tem que ouvir para saber. “Dazed and Confused” é uma faixa muito singular, pelo fato de que, no CD, ela tem pouco mais de seis minutos, e ao vivo chegava a ter mais de 30. Improvisação era uma das marcas registradas do Led Zeppelin, e sempre havia algo diferente. A quinta, “Your Time Is Gonna Come”, começa com um sintetizador, e o seu seguimento é uma obra prima. É uma baladinha “a la Led Zeppelin”, que segue na cola de “Black Mountain Side”, uma pequena instrumental, de violão e percussão, nada sofisticada. Após o “momento de descanso”, vem “Communication Breakdown” para quebrar animar o ambiente. “I Can’t Quit You Baby” é uma faixa difícil de descrever, é mais uma que só tem como saber ouvindo. O álbum termina com a faixa mais longa do disco, “How Many More Times”. Rock and Roll de primeira qualidade, uma daquelas músicas que qualquer um que ouve Rock deveria conhecer. Esta é mais uma na qual o guitarrista se destaca bastante, com seus solos e improvisos, além de John Bonham também brilhar, um baterista fantástico.
Janu Matuto Urbano Breno Airan (@brenoairan | brenoairan@hotmail.com)
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Januário Leite, de 23 anos, carrega consigo nada menos que o nome do avô. Sob alcunha de Janu, ainda leva nas costas (ou “no lombo”) a Matuto Urbano: Adams, no baixo, Elisson Xuxa, nas baquetas, e Cristian, nos teclados – não necessariamente com os instrumentos a postos. A banda arapiraquense começou em meados de 2010, e já em julho daquele ano fazia seu primeiro show, abrindo para o cultuado Sonic Júnior. No começo, o grupo contava com Diego Wally, nas guitarras, Adams, nas linhas de baixo, Vitor Nicotina, na bateria, e Janu, nos vocais e ao violão, dando um toque mais “classudo” à coisa. Janu e os Matutos Urbanos, que desde janeiro de 2011 tentam manter a mesma formação, fazem um som calcado nas raízes. Embora nascidos em terras do forró elétrico, a pegada deles é mais zabumbada com um toque de Samba-Rock – vestígios claros de um certo Jorge Ben. Num primeiro projeto, um EP com seis faixas - que na verdade terminam por serem oito -, canções que retratam o Anticristo aparecendo, as janelas da percepção sendo abertas através da Internet e suas polissemias, contradições de quem se é, obsessões bregas de Lampião e Graciliano, rindo. Nuances “funkeadas” e roqueiras – em certo ponto –, com letras muito bem encaixadas e irônicas. Um som sobrevivente das Alagoas. E bem antes dessa carreira solo, o cantor e compositor de Arapiraca se aventurava nas guitarras distorcidas da banda de Rock que tinha com amigos de colégio e de infância, a “Senhora Rita”. Janu, com efeito, junge alguns elementos populares e “de fora” que o tornam único. Seu grupo não parece com nada igual antes feito; nem nova MPB, tampouco algo que se assemelhe com a moda “manguebeatiana”. Januário Leite e os Matutos Urbanos são a banda e o povo, a música que eles simplesmente espelham e escrevem sobre.