Revista Rock Meeting #40

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Editorial

Novos planos, novos rumos 2013 já começou. O que você já planejou

para este novo ano? Nada? Tudo? São tantas coisas que buscamos e a realização delas se tornam distantes do querer, do desejo. Muito embora, a maior culpa de não dar certo é de nós mesmos. Somos o nosso próprio obstáculo. Quer mudar? Então, diga para você mesmo que quer e não hesite. Este promete ser um ano de muitas novidades, lançamentos e repleto de shows. Não seja apenas sonhos inatingíveis,

barreiras do tamanho do mundo. Desejamos que tenha força suficiente para suportar todos os problemas e, principalmente, paciência, não é apenas uma virtude, mas sim a base de muito sucesso. Para tanto, continuem lutando. Continuem buscando. Não desistam, nem esmoreçam. A recompensa vem logo em seguida. 2013 de realizações para todos!


Table of Contents 07 - Previsรฃo - O que vem em 2013? 10 - News - World Metal 14 - Entrevista - Marmore de Carrara 22 - Review - Nightwish 30 - Entrevista - The Bronx 39 - Review - Primavera Club 2012 46 - Review - Born From Pain 50 - Entrevista - JackDevil 58 - Capa - Voodoopriest 68 - Show - Shadowside 75 - Diรกrio de bordo - Moonspell 79 - Review - Kreator e Morbid Angel 84 - Review - The Hives e The Bronx 90 - O que estou ouvindo?


Direção Geral

Pei Fon

Revisão

Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa

Alcides Burn

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima João Marcelo Cruz Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Mauricio Melo (Espanha) CONTATO Email: contato@rockmeeting.net Facebook: Revista Rock Meeting Twitter: @rockmeeting Veja os nossos outros links: www.meadiciona.com/rockmeeting



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O que esperar de 2013? Você já viu muita coisa neste 2012, mas vai ver ainda mais em 2013. Confira agora os principais shows que estão marcados para este próximo ano e você vai agradecer pelo mundo não ter acabado! Os últimos anos têm sido bastante generosos com os roqueiros do nosso imenso Brasil. Várias bandas tem dado as caras por aqui, verdadeiros monstros do rock! Em 2013 Pearl Jam, Metallica, Bruce Springsteen, Slayer, Iron Maiden, Alice in Chains, Queens of The Stone Age e Elton John já confirmaram passagem pelas terras Tupiniquins. Em abril, Demon Hunter se apresenta dois dias seguidos, no Rio de Janeiro e em São Paulo. São shows para todos os gostos e haja dinheiro para quem gosta de várias destas bandas. Além dos shows internacionais pelo Brasil afora, em Maceió começaremos o ano com Matanza, além do Grito Rock - que já está marcado - e do Festival Maionese, que se tornou o festival de música independente mais badalado e importante das Alagoas. Boatos também dão contas de algumas atrações de peso no Abril pro Rock, que assim que forem confirmadas, nossos leitores serão informados. Este 2012 foi um ano sabático para o rock no Brasil. Ocorreram alguns projetos audaciosos que deram certo, outros que foram um fiasco, mas disso tudo se tirou muitas lições, além do que foi o ano com mais shows de rock por todo o país. Esperamos um 2013 muito mais movimentado, com muito mais rock e mais dinheiro para gastar! Preparem seus bolsos! 08

Alice in cHAINS

qUEEN OF THE sTONE AGE

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eLTON jOHN sLAYER 09


Sozinho se vai cedo Acadêmicos da Universidade de Liverpool analisaram a vida de 1489 músicos que alcançaram a fama entre 1956 e 2006. Desses, 137 faleceram até 2012, sendo que a maioria eram artistas solo. A idade média da morte era de 39 anos para os europeus e 45 para os norte-americanos. Dois fatores são apontados como causas principais. Em modo geral, artistas que se foram jovens passaram por uma infância atribulada. O segundo aspecto, que diferencia os que levam carreira solo com integrantes de bandas, é a solidão nos momentos difíceis, além de toda a carga de responsabilidade caindo sobre os próprios ombros. O trabalho em equipe ajuda os membros de um grupo a suportar a pressão.

Luto no Rock Colapso no palco Michael “Mike” Scaccia, guitarrista do Ministry, do The Revolting Cocks e do Rigor Mortis, morreu na noite de 22 de dezembro último num clube do Texas, enquanto a banda fazia um show para comemorar o aniversário de 50 anos do vocalista, Bruce Corbitt. Não foi divulgada a causa da morte do guitarrista, que estava com 47 anos de idade. 10

O baixista Lee Dorman, conhecido por seus trabalhos no Iron Buttterfly e Captain Beyond, foi encontrado morto em sua casa. Ele tinha 70 anos. De acordo com o TMZ, o músico foi localizado pela polícia às 10h do dia 22 de dezembro, em seu carro, na garagem. Dorman tinha um histórico de problemas cardíacos.


Caffery em voo solo

Angra com novo vocal

Em postagem para desejar um bom fim de ano aos fãs, o guitarrista Chris Caffery (Savatage) adiantou planos futuros. “Quero gravar um novo álbum solo. Muitas pessoas me pedem isso quando estou em turnê. Quanto ao Savatage, ainda mantenho a mesma esperança que vocês, mas todos sabem como funcionam as coisas na banda. O Trans-Siberian Orchestra continuará tocando, mas detalhes são misteriosos”, conta ele.

Fabio Lione (Vision Divine/Rhapsody Of Fire) será o vocalista convidado para o próximo show do Angra que acontecerá no cruzeiro “70.000 Tons Of Metal”. O navio “Majesty Of The Seas” sairá de Miami em 28 de janeiro rumo ao Caribe por 5 dias e 4 noites. O maior cruzeiro de Heavy Metal do mundo contará com a participação de 40 bandas, entre elas, Evergrey e Kreator. Mais informações AQUI.

Bon Jovi mais cru O guitarrista Richie Sambora declarou à Billboard que o próximo álbum do Bon Jovi, What About Now?, terá algumas diferenças em relação aos mais recentes. “Quando Jon e eu nos juntamos tudo soa como Bon Jovi. Não há explicação, apenas acontece. Mas dessa vez faremos um disco mais cru, com uma produção mais direta. Basicamente tiramos alguns elementos e acrescentamos outros. As letras são muito positivas, buscamos algo nesta direção”, destacou o músico. O primeiro single, “Because We Can”, será mostrado oficialmente no dia 7 de janeiro. 11


Nirvana + Paul McCartney No 12-12-12 Concert for Sandy Relief, no Madison Square Garden de New York, promovido para arrecadar donativos para as vítimas do furacão nos EUA, em meio a apresentações de Bruce Springsteen, The Who e Rolling Stones, entre outros, o destaque foi a colaboração entre o ex-beatle Paul McCartney e os membros do Nirvana, Dave Grohl e Krist Novoselic e o guitarrista do Foo Fighters, Pat Smear, na nova música “Cut Me Some Slack”. A faixa será usada no documentário “Sound City”, um estúdio que lançou inúmeros artistas, inclusive o Nirvana. A viúva de Kurt Cobain, a sempre polêmica Courtney Love não aprovou a canção e fez diversos comentários contra nas redes sociais

Presente aos fãs

Sucesso virando pó

Desejando boas festas aos fãs nas redes sociais, o vocalista e guitarrista Dave Mustaine, do Megadeth, aproveitou para atualizar o status do próximo álbum da banda, o que será sucessor do excelente “TH1RT3EN”, lançado no final de 2011. “Já temos três faixas registradas e quase prontas. O novo disco está chegando para pegá-los! Feliz natal a todos”, adiantou ele. O nome de uma das músicas seria “Forget to Remember”. O detalhe é que se pensava que o último trabalho seria o derradeiro da carreira dos rockers.

Em entrevista ao programa de rádio norte-americano In The Studio, Ozzy Osbourne lembrou a causa das primeiras brigas no Black Sabbath, durante as gravações do álbum Volume 4. Após o primeiro estouro mundial, os egos já inflados foram aditivados por certa substância. “No começo, todos tínhamos o mesmo objetivo. Mas com a chegada da fama, aconteceu o inevitável. A verdade é que o sucesso muda as pessoas, é impossível não ser assim. E isso me afetou”, pontua.

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Black Crowes renovado

Iommi agradece

Comemorando o retorno à estrada em 2013, o Black Crowes lança, no dia 19 de março, o álbum ao vivo “Wiser For The Time”. O trabalho estará disponível em vinil quádruplo, contendo 26 faixas, 15 acústicas e 11 elétricas. Todas foram registradas em uma série de cinco shows em Nova Iorque, no ano de 2010. A obra também estará disponível para download digital. Paralelamente, o grupo anunciou a entrada do guitarrista Jackie Greene.

O guitarrista Tony Iommi, do Black Sabbaath, emitiu o seguinte comunicado nas redes sociais: “Que ano! Certamente não como eu esperava. Obrigado a todos pelo enorme apoio, foi algo muito encorajador. Ainda estamos trabalhando no novo álbum e conseguimos fazer três shows. Nada mal, com as notícias que recebi. Estou ansioso por 2013 para ver o que vocês acharão do disco (...) sem positivos”.

Clima pesou Recentemente, fotos foram postadas na internet com Dave “Snake” Sabo, guitarrista do Skid Row, e Sebastian Bach, ex-vocalista da banda. Rumores tomaram o mundo, achando que o grupo de Hard Rock faria em breve uma reunião. Em bate-papo com o Metaltalk. net, Bach citou suas apresentações no Download Festival e Sweden Rock como pontos altos de 2012. As recepções nestes eventos deixaram algo claro para o cantor. “As pessoas continuam me perguntando quando voltarei com minha antiga banda. Mas estou muito bem sozinho. Não dá para se conseguir algo melhor que o Sweden Rock e o Download lotados. Não preciso mais daqueles merdas”, coloca. 13


Autobiografando os sons

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Lançado o novo play, a banda Mármore de Carrara, de São Paulo, tem um quê de déjà vu nas atitudes, mas uma inovação no jeito de lidar consigo mesma Por Breno Airan (@brenoairan | breno@rockmeeting.net)

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ock N’ Roll. A parede da sala condena que ali vive alguém desmembrado de qualquer música fútil. Condenado, não. Talvez escolhido. O termo não importa tanto. Mas, sim, o fato de já na capa, assinada pelo ilustrador Felipe Moreno, a banda Mármore de Carrara estampa que não está para brincadeira. Uma mulher deitada, extasiada a ouvir um violão de nylon, fica embrenhada num sofá carcomido, só curtindo talvez uma “Perfumaria”. O som que sai do cubo – que faz vibrar o gelo e a bebida quente provisoriamente encimada no local – faz a garota se contorcer, à luz de uma lua cheia, sob os estalos da chuva forte. É nesse clima que o quarteto de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, quer ganhar os olhares do mundo. E os ouvidos também. Este, muito embora, não é o debut deles, que estão na ativa desde 2003. O grupo ficou, no entanto, “em coma” por um bom tempo. Nesse ínterim, a essência deles foi reformulada, acabando de ser lançada no dia 13 de outubro durante festival na cidade natal da Mármore. Esse show de promoção do álbum “Rock N’ Roll” foi espetacular, nas palavras do vocalista Lucas “Patropi” Vetorasso. Ele explica que, ao longo do caminho 16

da banda até este momento, houve algumas deserções, até que ele, o único fundador da banda ainda presente, se reuniu aos amigos Tiago Paganini (guitarrista), Raphael Lanfredi (baixista) e Steve Rock (baterista), ressurgindo assim, com força total. Rock Meeting: A banda existe desde 2003. Vocês mudaram a formação alguma vez? Lucas Vetorasso: Sim. Da formação original, apenas eu permaneci. Tivemos algumas deserções, algumas desistências de sonhos. Afinal, “it’s a long way to the top if you wanna rock and roll”, certo? [Em tradução livre, é um longo caminho ao topo se quer detonar]. Mas a Mármore sempre manteve a sua linha. Por exemplo, sempre fomos banda autoral. É óbvio que fazemos alguns covers nos shows, mas eles sempre ganham a nossa cara, o nosso jeito de fazer. Logo naquele ano, o que vocês começaram, o grupo alçou voos que não imaginaria tão cedo ao lançar seu primeiro CD, conseguindo até emplacar uma música na MTV. Que canção foi? Falem sobre o processo de composição dela. É verdade. Mesmo sem pretensões, porque éramos todos muito meninos na época, conseguimos uma visibilidade muito grande. Na verdade, foram dois videoclipes seguidos. A primeira canção se chamava


“Bem-Aventurados” e a seguinte “Corre, Vem Ver”. A segunda, sem dúvida, deu uma repercussão maior. O processo de composição dela foi como todos os outros. A música está presente em todo lugar, em toda situação. Só nos resta abrir os ouvidos e escutá-la. É assim com todas as nossas canções, elas simplesmente nascem. Agora, se você me perguntar sobre o significado, eu posso ser mais específico. “Corre, Vem Ver” é uma canção que retrata aqueles momentos em que caímos na real, sabe? Ela diz “Corre, vem ver, estão todos sozinhos, vem me dizer se se parecem com você”. É como uma conversa no espelho. Qual foi a sensação de estarem sendo vistos e ouvidos Brasil afora? Muito massa. Principalmente no início de carreira, você se prende muito nisso, né? É preciso tomar muito cuidado para não esquecer a arte que você está ali pregando. Mas 17

claramente as portas se abriram de uma maneira diferente. Ver pessoas cantando músicas que você fez na escuridão do seu quarto é sempre estranho. Ainda não me acostumei (risos). Mas por que houve esse hiato tão grande - sete anos - do registro em estúdio de um álbum para outro? Realmente, houve esse coma. Aconteceu algo muito triste. Eu perdi um grande amigo e baixista da banda na época. E isso acabou desmotivando todos. Os sonhos se misturaram aos pesadelos e cada um foi para o seu lado. A Mármore nunca acabou oficialmente, mas esteve ‘em coma’. Uma das motivações para o retorno é a sede que fica. Você não se sente completo sem estar no palco. As músicas continuam nascendo e não são mostradas, não são tocadas. Isso chega a ser sufocante.


Como os novos integrantes pegaram o fio de meada? Digo, eles tiveram que entrar no grupo já com uma história anterior e acompanhá-la, pondo suas idiossincrasias. Sim. O fato de já termos história não atrapalha em nada. Muito pelo contrário. Eles já conheciam as canções e foram grandes incentivadores do retorno. Mas cada um colocar a sua cara nas canções e na musicalidade da banda em si só ajuda. Creio que as influências da Mármore nunca mudaram de forma radical, mas irrefutavelmente amadureceram. E, mesmo se fossem todos os integrantes da primeira formação, esse crescimento é inevitável. Como se deu a criação desse segundo CD? Quem compôs as canções? Todas as canções deste álbum são de minha autoria, exceto um trecho de “Árvore no Deserto” que tem a coautoria de um velho ami18

go, Marcus Camolezi Jr. [que foi da primeira formação da Mármore]. Este trecho estava guardado há tempos, e pedia pra ser gravado; não resisti. Qualquer compositor que diga que não há autobiografia em suas músicas é um belo mentiroso. É óbvio que as canções nascem de situações em que vivemos, misturadas com sentimentos e loucuras que passamos. Mas, de uma maneira geral, a forma de transcrever isso tudo, no meu caso, é quase psicografado. Elas são sussurradas aos meus ouvidos. Simplesmente nascem. Desde o começo da banda vocês optaram por criar tudo em português? Afinal, há bandas que acham mais fácil “cantar em inglês”, indo por outra via. Sim. Essa é fácil... Moramos no Brasil. As nossas mensagens são muito mais importantes do que a facilidade de fonética. Isso é até uma vergonha. Na hora de estudar guitarra por horas e horas a fio, ninguém se impor-


ta. Ler um livro de vez em quando é tão difícil assim? (risos)

acho até hoje que foi nos dois anos em que o Dr. Sin ficou sem lançar nada (risos).

A banda se autointitula como sendo “de Rock”, sem rotulagens. Por quê? Fazemos Rock N’ Roll. Pura e simplesmente. O mesmo Rock que acabou com preconceitos e transformou gerações. Rock, Hard, Heavy, Punk, Progressivo... são nomenclaturas que só servem pra prender a banda musicalmente. Preferimos nos libertar disso.

Em outra entrevista, você falou: “Não fazemos Rock Colorido, nem Rock Demagógico; nós fazemos Rock pra gente grande, Old School, tocado e sentido”. É essa basicamente a essência da banda? O que vocês procuram retratar nas letras das músicas? Cara, é essa a nossa essência. Eu quero o público gritando ao nosso lado. Chorando, rindo, sentindo. Eu não quero agradá-los. Eu quero ser a voz deles, estar ao lado deles. As nossas canções falam sobre tudo... Falam sobre a minha vida, a sua vida, as nossas vidas. Nós estamos ligados e muitas vezes nem percebemos isso. Mas, com a música, conseguimos permanecer juntos, unidos, nem que seja por quatro minutos de pura loucura.

Vocês foram considerados, no entanto, a maior banda de Hard Rock do Brasil por um por site especializado, não? Qual foi ele? Sim, na época se chamava Club do Rock. Não sei nem se ele existe, pra ser sincero. Mas é como disse na pergunta anterior... Agradecemos demais esse título, mas preferimos não nos prender a isso. Além do que, 19

Como foi o show de lançamento do se-


gundo trabalho de vocês, o “Rock N’ Roll”? E como se deu a bela capa? O show foi um espetáculo. Não apenas pelo show delicioso, mas pelas grandes parcerias. Tivemos Sara Winter abraçando a canção “O Poema de um Assassino” como hino do Femen, em um “quase” ritual conosco no palco. Tivemos pole dance também! Tivemos drama, comédia, tivemos de tudo. A galera cantando ao nosso lado, como sempre. Foi tudo perfeito. E a capa do álbum foi feita pelo artista Felipe Moreno, que devo dizer, é genial. Nós enviamos algumas prévias, sem mixagem, sem nada, e uma semana depois, a capa estava na caixa de entrada do e-mail da banda. E a usamos sem alterações. Ele retratou o sentido de Old School, de intimidade e de explosão de sentimentos, tudo ali, em 12x12. O novo álbum tem a produção fonográfica de Juliana Primo, mixagem de Alessandro Sá e produção musical da própria Mármore. Há duas canções já disponibilizadas para audição no portal de compartilhamento Youtube: 20

“Mas aí” e “Perfumaria”. Qual a resposta do público? A resposta do público foi espetacular. O pessoal sabe de cor e pede todo show. “Mas aí” e “Perfumaria” eram duas canções que não entrariam no álbum, sabe? Após ter composto, eu decidi gravar e chamei os rapazes pra fazer comigo. Talvez fosse algo pra matar essa sede, mas não tinha certeza se elas entrariam no álbum. Mas depois de tamanha resposta do público - e do Raphael me chamar de “maluco” por querer deixar elas de fora - elas entraram. E agora vejo que estava errado. Elas compuseram bem o CD. Do interior de São Paulo para o mundo? É essa a meta maior de vocês? Sim. Sem dúvida. Não em uma questão de fama vazia. Absolutamente. Mas estamos aqui com uma mensagem maior. Por isso, não tenho vergonha de dizer que nossos sonhos sempre foram grandes, como tenho certeza que é o sonho de cada um dos seus leitores. Viemos para pregar o Rock N’ Roll e se pudermos gritar isso, quanto mais alto melhor.



Review

“Last ride o 22


of the day” 23


Em uma noite de muita expectativa, a banda holando-finlandesa se apresentou em São Paulo na última noite da turnê brasileira do Imaginaerum Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Pei Fon e Charley Gima (FuteRock)

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rimeiro de tudo, peço desculpas se o texto ficar emocionado em demasia, mas não há como conter a emoção quando se assiste ao show da sua banda preferida. Tentarei ser o mais imparcial possível. Tentarei! Tão logo, ainda no começo do dia daquela quarta-feira, 12 de dezembro, mesmo com todo o calor que fazia na capital paulista, já se formavam pequenos grupos de fãs da banda Nightwish na porta do Credicard Hall e, com o passar das horas, a aglomeração foi aumentando. Após passar por Porto Alegre e Rio de Janeiro, a banda finalizou a turnê do recente álbum “Imaginaerum” em São Paulo, onde houve o maior número de fãs. Fãs dos mais variados lugares, das mais variadas regiões, até oriundos do Nordeste (como eu), estiveram presentes naquele que seria o melhor show do Nightwish desde a mudança de vocalista. RELEMBRE Tudo estava indo muito certo na turnê pelos EUA, junto com a banda Kamelot, quando a sueca Anette Olzon passou mal e foi preciso passar uma noite no hospital para realizar exames e ficar em observação. O show daquele dia não foi cancelado e fora 24

executado pelas vocalistas Elize Ryd (Amaranthe) e Alissa White-Gluz (The Agonist) – acompanhantes do Kamelot –, cantando com as letras das músicas impressas. Veja o vídeo AQUI. Dois dias após este show, uma nota oficial (LEIA) é divulgada pela banda dizendo que Anette Olzon não fazia mais parte da banda e quem continuaria com a tour, temporariamente, seria a holandesa Floor Jansen (ex After Forever e ReVamp). Como tudo no Nightwish é bem obscuro, a mudança gerou muitos comentários e especulações de que Floor já estava ensaiando as músicas do Nightwish e que a saída de Anette seria questão de tempo. Esta não deixou por menos e até soltou algumas farpas em seu blog (LEIA). A dúvida estava lançada até os primeiros vídeos, após a saída de Anette e já com Floor Jansen assumindo os vocais, saírem. Músicas que antes nem se imaginavam ser tocadas entraram no setlist como “Ghost Love Score”, antes só executada por Tarja Turunen, cuja saída também tumultuada gerou muitas críticas. Vários vídeos foram vistos, setlist modificado e a vontade de se ver o show da banda se tornou ainda mais notória. Assim foi no Brasil, onde muitos fãs resolveram ir por causa da mudança realizada.


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O Show O Credicard Hall já estava tomado por nightwish maniacs desde cedo, no calor do verão paulista que, durante à noite, deu uma esfriada, mas apenas no lado de fora... Por dentro era diferente. Os ânimos à flor da pele denunciavam o nervosismo, a ansiedade em cada pessoa que ali estava, inclusive nesta que vos escreve. Muitos nem tinham adentrado nas dependências da casa de show quando os gaúchos do Tierramystica começaram a tocar, mas pergunto: quem estava prestando atenção neles? Com a minha credencial em punho, pude circular por vários setores e sentir o clima daquela noite. Muitos conversando, sentados e largados por aí, outros comprando o merchan26

dising (eu fiz isso), (re)encontrando amigos. Show serve para isso mesmo. Já passava das dez da noite quando a banda de abertura terminou sua apresentação. Já se ouviam urros e mais urros aguardando a banda que levou centenas de fãs a assistirem uma apresentação em plena quarta-feira. Dentre outros privilégios, assistir ao show da banda que você gosta da grade, do frontstage, é bem emocionante, mas o que dizer quando você assiste naquela área que só ficam os fotógrafos e seguranças, coladinho ao palco? Esta era eu. Não há sensação que pague isso. Quem é fã de verdade entende muito bem o que digo. Senti o mesmo em Brasília, no show da solista finlandesa Tarja Turunen (review que pode ser lida na edição nº 19).


Enfim, voltando ao show. Todos os fãs do Nightwish sabem que o tecladista/compositor Tuomas Holopainen é aficionado por trilha sonora e adora o compositor alemão Hans Zimmer, conhecido por exímias trilhas sonoras dos filmes Piratas do Caribes, Batman – O cavaleiro das trevas, O Rei Leão, Anjos e Demônios e Rei Arthur, por exemplo. Ao som da canção “Crimson Tide” de Hans Zimmer, as cortinas foram subindo, os flashes das câmeras piscando freneticamente, o coração palpitando e a certeza de que o show ia começar. Um a um os integrantes foram tomando os seus lugares: bateria, baixo, guitarra e teclado. Com o braço erguido para o alto, Tuomas anuncia que ali é o ponto inicial do show. “Storytime” começou a tocar, os gritos aumentaram e Floor Jansen surge ao lado da bateria para mostrar a que veio. 27

Uníssonos, os fãs cantaram a primeira música de trabalho do “Imaginaerum” de forma única e impressionante. Eu, colada no palco, pouco fiz para demonstrar tamanha satisfação por vivenciar aquele momento, a não ser algumas vezes que esmurrei o palco com toda a força existente dentro de mim, ali eu era a profissional, mesmo com o meu lado fã ficou querendo sair... Difícil conter! A cada vez que Marco (baixo), Emppu (guitarra) ou Floor se aproximavam do público, a galera ia ao delírio total. Era possível ver alegria, sofrimento, dor, choro, sorriso num misto de sentimentos em poucos segundos. Só sendo fã para entender isso. “Dark Chest of Wonders” veio na sequência e Floor cantou muito bem. Um pouco antes do show iniciar cheguei a ouvir, caminhando pelo público, que a holandesa é me-


lhor que Tarja Turunen. Será? Na sequência, do período “tarjariano”, é executada “Wish I Had an Angel” , também cantada em alto e bom tom. Logo após vieram “Amaranth”, “Scaretale”, “I Want My Tears Back”, “The Crow, The Owl and The Dove”, “Nemo”, “Last of the Wilds”, “Wishmaster”, “Ever Dream”, “Over the Hills and Far Away”, “Ghost Love Score”, “Song of Myself” e “Last Ride of the Day”, encore “Imaginaerum”, faixa instrumental que finaliza o álbum de mesmo nome. Como fã, eu esperava que duas músicas fossem tocadas, “Planet Hell” e “Ghost River”. Ao chegar ao Brasil, o setlist foi modificado dando lugar a “Amaranth” e “Song of Myself”, confesso que fiquei frustrada, entretanto, o show foi incrível. Duas músicas eram esperadas: “I Want My Tears Back” e “Ghost Love Score”. A primeira canção conta com a participação indispensável de Troy Donockley. Sua presença foi notada no álbum “Dark Passion Play”, porém neste recente trabalho ele tem sido mais evidente por estar presente na tour com a banda. Pós-show Os comentários eram dos mais diversos possíveis. Mas o que era inegável foi a atuação de Floor Jansen nos vocais e sua presença de palco singular. Uma das poucas vocalistas que bate cabeça. Simpática, sorridente e com uma interpretação ímpar. É possível entender porque Tuomas a chamou para continuar o “Imaginaerum World Tour”. O show foi lindo, maravilhoso... mas as incertezas continuam. Será que Floor continua? Será que vai haver seleção para nova vocalista? Até o Wacken de 2013 não se pode dizer muita coisa. Por hora, Floor continua assumindo os vocais. Em 2014 veremos as cenas dos próximos capítulos. 28


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Lisa Johnson

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Texto e Foto: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

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s californianos do The Bronx, passaram por Barcelona no início do mês de Dezembro como banda de abertura para o The Hives. Para quem não conhece, se trata de uma banda californiana que não sabemos em que estilo encaixar, se punk, punk-rock, hardcore ou mesmo mariachi. Sim, aquele estilo de música mexicana que se toca como seresta. Engana-se também quem acha que se trata de um grupo de jovens formado há pouco tempo, nada disso. A banda já atinge uma década e está prestes a lançar seu quarto disco, The Bronx IV. A mesma lançou dois mais como Mariachis El Bronx e ainda uma primeira experiência como The Drips ainda no início da década passada. Desta vez com os Hives, anteriormente com o Gogol Bordello e em algumas ocasiões junto ao Refused. O que será que tem este grupo para ser tão requisitada por grupos tão diferentes entre si? Para entender um pouco da história deste quinteto, nos sentamos à borda do palco da sala Razzmatazz em Barcelona, antiga sala Zeleste onde os Ramones gravaram o Loco Live e o Sepultura seu primeiro video oficial, Under Siege, durante a turnê do Arise. Apesar do curto tempo, tivemos o simpático vocalista Matt por diante, numa fria tarde de início de inverno. Conversamos um pouco de tudo e sobre as possibilidades de um dia a banda visitar nosso país. Os melhores momentos desta entrevista vocês conferem agora. 32

Disco novo: Poderia nos adiantar algo? Como foi gravado, onde...? Matt - Sai em Fevereiro. Antes de mais nada, gostaria de dizer que estamos bem orgulhosos do que conseguimos gravar. Provavelmente o mais simples e básico álbum de The Bronx. Não criamos nenhuma expectativa em torno do disco porque, na maioria das vezes, o resultado não é o que imaginávamos. E uma das coisas que queríamos era simplificar. Decidimos então fazer algo estilo Ramones, mas ao melhor estilo The Bronx e acho que conseguimos. É um bom disco e estou ansioso pelo lançamento. Também levou muito tempo entre um e outro. Sim, esta é outra pergunta que temos. Cinco anos entre o terceiro e o quarto. Porque tanto tempo? Matt - Primeiro porque El Bronx Mariachi foi algo sensacional para a gente. O projeto decolou e não esperávamos que decolasse. Saimos em turnê, tocamos em diferentes países e tivemos a oportunidade de tocar com muitas e diferentes bandas que sempre respeitamos e tocar em cidades que nunca havíamos tocado antes. Então, quando chegou o momento de decidir entre gravar um segundo disco do Mariachi ou um novo disco do The Bronx, ainda estávamos muito conectados com o El Bronx Mariachi. Não fazia sentido escrever um disco do The Bronx naquele momento. Toda nossa inspiração girava entorno do Mariachi. Então, decidimos escrever


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o segundo disco do El Bronx. Claro que todo este ciclo para compor um disco, gravar e lançar te ocupa por um ano e meio ou até dois. Tudo bem que demorar cinco anos é muito, mas como estamos sempre em atividade, seja como uma banda ou com outra, não temos a sensação de tanto tempo. Mas sim, é um tempo considerável sem lançar um disco. Quando finalmente terminamos a última turnê do El Bronx Mariachi, todos nós estávamos ansiosos e desejando ir ao estúdio para gravar o novo The Bronx. Todos inspirados, com vontade de plugar os instrumentos e tocar alto. Acabamos de comentar sobre a dupla identidade da banda. Poderia contar um pouco sobre “El Bronx Mariachi” para os brasileiros? Tipo, como surgiu a ideia, etc. Matt - O The Bronx é uma banda considerada punk, algo agressivo. Soa bastante punk, tanto como música quanto de mentalidade. Mariachi El Bronx é nossa versão da tradicional música estilo Mariachi, algo que crescemos escutando já que em em Los Angeles, a cultura latina é muito grande. Um dia decidimos tocar algumas músicas ao estilo porque estávamos sem fazer nada no estúdio e gostamos. Então é como que todas as músicas que tocamos naquele momento, foi feita por nós, tocamos os tradicionais instrumentos, aprendemos muito com estes discos. Muitos instrumentos acústicos. A maioria dos Mariachis não tocam bateria, nós tocamos bateria no disco, todos os integrantes do The Bronx tocam no Mariachi El Bronx e se converteu em algo interessante, é como ter dupla identidade. E acho que agora com as duas bandas estamos completos, todos os tipos de emoção e coisas da vida, entre as duas bandas temos uma visão de 360º de como o mundo é lou34


co e de o quanto é louca a vida. Realmente é muito bom. Até onde sei, somos o único grupo de pessoas que realmente tem duas bandas tão diferentes. Foi muito bem aceito pelo público. Acho que as pessoas definitivamente estão abertas para novidades. A mentalidade está muito aberta com relação à música do que há cinco anos. Voltando ao disco novo. Quanto tempo demorou a ser gravado? Matt - Demorou um mês mais ou menos. Gravamos em nosso próprio estúdio na cidade de Venice. Mas compomos o disco em lugares diferentes, por estarmos em turnê. Escrevemos o disco e tivemos mais ou menos uma semana e meia de pré-produção com 8 músicas escritas. Então saímos em turnê, voltamos e fizemos mais umas 6 ou 7 músicas em uma semana, uma semana e meia. Após isso, fomos ao estúdio e gravamos 14 músicas, e doze, estarão no disco. Foi fácil. Realmente foi bem legal porque o mundo é louco e sempre temos coisas acontecendo em nossas vidas e esta foi a primeira vez que estávamos focados somente em nossa música. Não existia nada de fora e nada em nosso caminho. Então, foi realmente bom e um momento inspirado para gravar um disco. Como você mesmo disse, o The Bronx e Mariachi El Bronx tocaram com muitas bandas de respeito como Refused, Gogol Bordello e agora com o The Hives, por exemplo. Claro que cada uma destas bandas tem um público distinto. O setlist por exemplo, vai de acordo com o público ou o The Bronx é o mesmo independente do público, seja Hives ou Refused? 35


Matt - The Bronx é o mesmo em qualquer situação. Tocamos o que queremos, claro que nestes casos tocamos algumas músicas que as pessoas gostam mais, não seremos sacanas de ser radical diante de um público que não é especificamente o nosso, mas seremos sempre o que somos. Não montamos um setlist de acordo com A ou B porque no final das contas soaremos como The Bronx. Apenas queremos tocar e nos divertir. Não tocar a mesma coisa sempre e sempre. Tocamos coisas antigas e coisas novas. E o The Drips? Matt - Esperamos que saia algo em breve, estamos trabalhando em cima. Estranho porque o The Drips é muito parecido ao The Bronx mas não funcionou. Alguma explicação? Matt - Acho que não se trata de que funcionou ou não. Acho que definitivamente não nos dedicamos a nossa primeira banda. Gravamos um disco muito rápido, acho que fizemos tudo em cinco dias e foi para fazer algo. Me sinto feliz por ter feito e que anos depois as pessoas continuem gostando. Faremos outro, já que não teremos pressão, expectativas, nada com o The Drips. Quando sair, saiu. Quatro de nós estão tão ocupados com duas bandas e turnês, etc, que não temos tempo para dedicar a algo mais. Se fala muito sobre a crise financeira na Europa atualmente. Até mesmo aqui na Espanha onde as coisas mudaram muito...Sabemos que as bandas punks americanas não se interessam tanto pela política, a atitude fala mais alto. Ainda assim, como a banda vê tudo isso? 36


Matt - São coisas pessoais, cada um vê de um jeito. Temos muita sorte de ter a vida que temos e poder viajar tanto. Podemos conhecer novas culturas, diferentes economias e hierarquias sociais. O que nos deixa triste com estas viagens, é que em poucos lugares conseguimos ficar mais do que 24 horas. Então se torna impossível ter um conhecimento mais profundo da situação. Hoje mesmo caminhamos por Barcelona por umas três horas, visitamos a praia, a catedral, etc e na verdade, que parece estar tudo igual que dois anos atrás quando sabemos que a economia está muito pior. Claro que me importa saber se as pessoas estão bem ou não, mas não é o mesmo que “vi com meus próprios olhos”. Porque temos o conhecimento, mas não sentimos as situações, vamos embora amanhã. Nos importamos, porque é algo mundial, não é só aqui. Uma das coisas que acho realmente legal é sobre o estado atual do mundo. Parece como há um tempo, quando era mais jovem no Estados Unidos, vivendo na América somente pensa sobre a América, não te importa o resto do mundo e acho que agora mais do que nunca existe uma ideologia que todos pensamos globalmente. Você não quer que um mau sistema econômico aqui seja o mesmo sistema econômico ruim em sua casa então quando um se machuca se machucam todos, e fora isso, por outro lado toda esta situação inspira músicos, poetas e tanta coisa boa pode sair de um momento ruim, como Los Angeles 92. Sou uma pessoa muito positiva, tenho como já comentei, uma sorte de estar viajando e acho que isso me amedronta. Quero que todos lugares, que a maçã inteira seja boa, não quero que somente os Estados Unidos esteja bem ou que somente Londres seja a melhor cidade, quero que todos se sintam bem. 37


Falando em Estados Unidos. Como você ou a banda vêem a reeleição de Obama? Matt - Legal. Exatamente o que falávamos. Obama é um presidente global. Ele é bom com o restante do mundo e não somente com os Estados Unidos. O candidato da oposição era um candidato a presidente americano dedicado aos interesses dos americanos, não era um pensador global. Do tipo: “Esta é nossa maneira de ser e quem quiser que nos aceite”. Obama foi muito inteligente, e quando foi eleito, o mundo odiava os Estados Unidos. Levávamos anos numa guerra, um presidente de merda e todos nos odiavam onde quer que fôssemos. E ele foi inteligente ao restabelecer o nome dos Estados Unidos antes de tudo. Ele fez isso antes, e depois começou a trabalhar em nossa restruturação econômica. Não é divertido ser destratado por ser americano a qualquer lugar que íamos e foi ótimo que ele tenha feito isso pelos americanos. Agora, tenho a sensação de que em muitos lugares já não somos o alvo, não somos odiados pela nossa nacionalidade. Acho que entre outras coisas ele tem feito progressos para que tudo seja comum, público. Para finalizar. Brasil um dia? Matt - Deus, espero de verdade. Adoraríamos ir e fazer El Bronx e The Bronx, tocar duas vezes. Abrir com o Mariachi e detonar tudo com o The Bronx na segunda parte. Esperamos de verdade ter a oportunidade em tocar lá. Quem sabe com o disco novo?

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San Miguel Primavera Club 2012 Texto e fotos: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

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hega dezembro e o que temos em mente em Barcelona é a edição do irmão caçula do Primavera Sound, o Primavera Club. Apesar do nome primavera, o mais novo é realizado no início do inverno europeu e, para nossa primeira jornada, tivemos uma temperatura de quatro graus. E não só isso, vale lembrar que nossa tradicional Sala Apolo está temporariamente fechada para obras de infraestrutura. Esta informação que pegou os organizadores de surpresa, mas com bom senso e rapidez tudo foi resolvido. O que havia sido combinado com antecedência era a realização de alguns shows no Sant Jordi Club, até o momento o maior recinto de todas as edições do Primavera Club, o que demonstra o crescimento do evento e que deu o tom de ironia no encerramento, já contamos o porque. Para chegar ao “Club” é necessário atravessar parte da montanha de Montjuic, passar pelo estádio e ginásio olímpico e “aterrizar” no evento. Para a edição deste ano tivemos como destaques nomes como Mark Lanegan, The Vaccines, Toy, Redd Kross e Swans. Swans Em nossa primeira jornada, tivemos o show dos Swans, o prato principal do dia. Isso mesmo, aquela banda dos anos 80 que se reuniu 14 anos após o lançamento de “Soundtracks for the Blind”, apesar de que a palavra reunião é negada por Michael Gira, um vocalista sem sobrancelhas. Melhor dizendo, a banda que voltou a lançar discos após 14 anos e faz música para ser assistida. Um amigo me dizia que a música era para ser escutada e não vista, por isso não ia aos shows. Está aí uma banda que contraria esta teoria. Talvez, com a ajuda de “estimulantes”, dá para escutar os 40


Swans em casa, viajando um pouco, mas definitivamente o que não se pode perder é o espetáculo oferecido pelos “Cisnes”. Uma verdadeira celebração da música, tocada de uma maneira que só estando no show para poder entender. Camadas sonoras, muita distorção, experimentalismo e poesia. Uma verdadeira demolição sobre as tábuas do palco montado no Sant Jordi Club, apenas um ano e meio após sua visita anterior, também no Primavera Sound, lançando My Father Will Guide Me Up a Rope No The Sky”. Agora, na edição de inverno, apresentando The Seer. Nada mal para quem ficou 14 anos em silêncio. Redd Kross Para o segundo dia de evento tivemos como destaque o Redd Kross. Mais uma banda que vem dos anos oitenta e com continua com muita força. Não se espantem quando comento que é concorrente ao melhor show do evento. Não que musicalmente o grupo tenha se superado ou feito algo diferente. Mas ao ver Jeff McDonald entrar no palco, olhar em volta e ver o teatro Artéria que, além da pista contém dois anéis superiores com confortáveis cadeiras, praticamente lotado e vibrando com a entrada do quarteto, fazendo com que McDonald sorrisse com o canto da boca e solte um baixinho “uau”, era a pista de que a banda tinha ganho uma inspiração extra para a noite, um tipo de cumplicidade entre banda e público poucas vezes vista. Todo e qualquer artista gosta se sentir prestigiado e sentir que sua obra deixa uma marca. O público era bem adulto - como deveria ser, um palco relativamente baixo, sem barricada e onde a relação com a banda era mais “intima”. “Researching the Blues” foi a responsável por abrir a noite. Havia até um setlist, muito bem produzido 41


com caneta piloto colado no canto do palco, feito por um fã na tentativa de pedir alguma favorita. É claro que entre qualquer set da banda “Jimmy’s Fantasy” não podia faltar, ainda mais em um início de show. De quebra deu para rever Steve McDonald atuando nas quatro cordas após sua passagem com OFF!, na edição de verão do evento. Os primeiros acordes de Uglier sacados por Robert Hecker e seus chutes ao ar contagiaram a pista, que não parou de vibrar até a última distorção de “Crazy World”. Deixaram o palco ovacionados e com a certeza de dever cumprido. Toy Se na noite anterior, quem foi ao recinto Sant Jordi Club desfrutou de uma jornada completa com bandas espanholas, com direito a ver de perto Los Planetas (banda histórica de granada com seu post rock oitenteiro) como destaque. No sábado, terceiro e último dia do Primavera Club, o mesmo teve direito a uma jornada de bandas gringas, com exceção de Stand Up Against Heart Crime, que é espanhola mas faz um perfil Joy Division. O primeiro nome internacional da noite foi a mais recente novidade do mercado britânico, seguindo a mesma linha da banda anterior, ainda que com pitadas pop. Os londrinos do Toy trouxeram para a noite a distorção do shoegaze e psicodelia com “Colours Running Out”, “Dead and Gone” e “Kopter”, além de algumas inéditas como “Left Myself Behind”. Um show curto como esperado por terem somente um disco lançado e apenas meia dúzia de composições. Muita fumaça no palco, guitarras com eco e delay. Uma boa apresentação dos quase adolescentes. Mark Lanegan 42


Mas o que despertava ansiedade naquele momento foi a presença de Mark Lanegan lançando o excelente Blues Funeral. Foram várias tentativas, sem sucesso, de cobrir a apresentação de Mr. Lanegan aqui na Espanha, mas sempre havia algo que nos impedia. E como cada artista tem sua mania - ou seu ego - como já foi comentado em outras ocasiões, Mark gosta mesmo de cantar no escuro, ou melhor, no vermelho escuro. Seu palco tem sempre a mesma iluminação, segundo comentários de pessoas mais experientes. O público em geral só conseguia ver um silhueta no palco. Para os fotógrafos cobrir a apresnetação é uma missão é quase impossível. Abrindo com “The Gravedigger’s Song” (a mesma que abre o álbum) não demorou para levantar o público com “Hit The City”, antes de oferecer “Wedding Dress” e “Methamphetamine Blues”. Para não deixar a plateia em transe, plugaram guitarras e as distorceram com “Riot in My House” e “Quiver Syndrome”, fazendo todo mundo dançar e bater cabeças. Com pouco mais de uma hora no palco, sem discursos, sem palavras e com nada mais a oferecer que não fosse sua rouca voz, Lanegan deixa o palco para não mais voltar, sem essa de bis. Foi sob medida. The Vaccines Já os ingleses do The Vaccines, que ganharam o mundo em 2011 de maneira repentina com seu pop rock ao melhor estilo “yêyêyê” da jovem guarda, aterrizava em Barcelona em dívida com o público, já que estavam confirmados para a edição de verão do festival do ano passado quando cancelaram este e muitos outros para saírem em turnê com os Arctic Monkeys pelos “states”. Com certeza os organizadores esperavam mais pú43


blico, ainda mais tendo todas estas bandas ao preço de 25 euros por cabeça, nada mal já que um único show dos Vaccines poderia facilmente custar algo mais em uma sala menor. Mas a grande verdade é que o Sant Jordi Club é muito grande, aliados com a crise e o frio muita gente preferiu ficar em casa, dando a sensação de show vazio, o que não foi verdade. Nada que diminuísse a intensidade da banda no palco desde a abertura com “No Hope” do recém-lançado Come of Age. Destaque total para Justin Young e sua movimentação no palco, quase que emendando uma música na outra entre “Wrecking Bar (ra ra ra)” e “A Lack of Understanding”. Com “Wetsuit” e seu refrão pode se ter uma melhor dimensão do momento em que os jovens 44

atravessam, pois o público cantou cada palavra da letra. Não sei como a banda está no Brasil, mas aqui na Espanha ela é totalmente popular, destas que você escuta até nos autofalantes de supermercados naquelas musiquinhas que distraem os clientes. Com “Teenage Icon” o ritmo volta a acelerar e mesmo com um setlist bastante recheado de música de seus dois álbuns, pouco mais de 50 minutos foi o tempo que durou a apresentação e, para demolir todas as esperanças de um bis, o baterista fez questão de jogar metade da bateria por terra. Num geral, foi uma ótima jornada. A nota triste e surpreendente do fim de semana foi a revelação de que esta pode ter sido a última edição do Primavera Club, pelo


menos por algum tempo. Após seis anos de realização, o irmão caçula, como chamamos por aqui, passa a ser realizado em 2013 somente nas cidades de Guimarães, em Portugal, que este ano recebeu o evento pela primeira vez, e em Bordeaux, na França. Era algo esperado por todos, já que o novo governo da Espanha é caótico, fazendo com que o acesso à cultura, que antes estava à alcance de todos, passe a ser artigo de luxo graças as subidas de impostos, minando o território. Sem contar que este ano o universo conspirou contra o evento com a interdição da Sala Apolo, onde ele normalmente é realizado; o já comentado cancelamento de Cat Power muito próximo da data de apresentação, deixando aos organizadores pouco tempo para conseguir um 45

substituto à altura, o que na verdade não foi possível apesar dos esforços. Tudo isso somado a tragédia recente de uma rave em Madrid, fazendo com que as licenças para eventos sejam mais difíceis de conseguir, a colaboração nula da polícia local fazendo com que cada evento contrate empresas particulares de segurança, tanto para dentro quanto para fora de seus locais, o que aumenta e muito o custo de cada produção, entre outras coisas. Estamos em um país onde, seja o artista que for, preços altos significa fracasso de público. O europeu em geral gosta de se divertir e passear a preço baixo e com toda a razão. Ócio é um direito e não um luxo. Até a próxima!


Born From Pain fec alta acompanhado Texto e fotos: Mauricio Melo (Correspondente RM - Espanha)

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cha 2012 em o de 8 Oz

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uinta-feira, vinte de Dezembro de 2012, o jantar está servido e com direito a um bom aperitivo de entrada. Às vésperas do fim do mundo, a trilha sonora não poderia estar mais de acordo com a situação. Com títulos de álbuns como “In Love With the End”, “War e Survival”, a banda Born From Pain passou por Barcelona para apresentar seu novo trabalho, The New Future, título perfeito para se, por acaso, o mundo não se acabe. E antes do fim estremeceu as paredes do Rocksound com muita competência. Para o já comentado aperitivo, tivemos a abertura do 8 Onzas, banda local que também faz o perfil hardcore com alguns breakdowns e um pretigioso público catalão cantando boa parte dos temas junto ao vocalista num show com mais minutos do que o de habitual para uma banda simples de abertura, é a vantagem de jogar diante de sua torcida. O palco da Rocksound na verdade é um pequeno tablado com mais ou menos cinquenta centímetros de altura, perfeito para a ocasião. Com um som bastante técnico, limpo e boa postura, temos a certeza que o grupo estará presente em muitos shows locais em 2013. Há três anos sem tocar em Barcelona, o Born From Pain escolheu a cidade para abrir a turnê européia do disco novo. Na verdade um bom teste para saber como está a banda com (uma vez mais) nova formação, já que para este início poucas apresentações agendadas até o final do ano (ou do mundo) para, aí sim, sair em turnê de maneira definitiva e com as pilhas recarregadas. Talvez seja a diferença entre esta excelente banda e bandas como o Hatebreed

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por exemplo. Apesar da diferença de “idade” entre ambas, já que os americanos liderados por Jasta iniciaram suas atividades mais ou menos com meia década de antecedência. Os holandeses do Born From Pain sempre tiveram potencial e competência para ser tão bom representante do estilo na Europa quanto os americanos mas a desfragmentação da banda em diversas ocasiões, ou seja, as constantes mudanças de formação, a inconstância na hora de lançar discos nos últimos anos e sair a defendê-los pelo mundo afora tenham feito com que a mesma não segurasse um bom público ao longo de sua carreira e perdido algum espaço, ainda que este show deixa claro que a capacidade de remontar é muito maior do que muitos imaginavam. Diante do quinteto sobre o tablado o que se viu foi um Rob Franssen muito mais 49

em forma do que há dois anos e meio no Hellfest na última vez que pude conferir a banda ao vivo. Com quilos à menos e muita atitude vimos, como Rob e a banda arrasaram os tímpanos desde a abertura com músicas como “Death and the City”, “Rise or Die”, “Reclaiming the Crown” e “State of Mind” deixando claro que músicas mais arrastadas não estavam no setlist. Do disco novo petardos como “Change or Die” e “American Treason”, algo mais melódico com “Sons of a Dying World” do disco anterior e até mesmo o já considerado clássico com “The New Hate”. Um show na medida certa, nem muito longo, nem curto como habitualmente acontece por aqui e a certeza de que a banda soube uma vez mais dar a volta por cima e criar uma nova chance de ganhar e recuperar um espaço já conquistado na cena hardcore. 2013 tem mais!


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Em breve, o quarteto maranhense estará em Maceió junto com os canadenses do Skullfist, ambos, pela primeira vez. Aproveitando o momento, a Rock Meeting conversou um pouco com os caras.

Por Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

Muito obrigado por conceder essa entrevista e para iniciar, apresente a banda e conte de onde surgiu o nome Jack Devil? O nome surgiu bem antes de a banda estar formada. Assim que idealizamos o projeto, logo veio o nome e ele surgiu devido a vários fatos, mas, um motivo importante para a escolha deste nome, era que queríamos um nome que as pessoas aqui de nosso país pudessem pronunciar com facilidade mesmo que fosse em inglês. O JACKDEVIL é nada mais nada menos do que “Zeca Diabo” mesmo, uma leve referência aos nomes dos cangaceiros e pistoleiros do nordeste como Lampião etc. A banda lançou o “Under The Satan Command” que é uma remixagem de uma demo tape de 2010. Como está sendo a receptividade do público por onde a Jack Devil está passando? O primeiro ponto crucial para a nossa 52

escalada com esse material foi a surpresa que tivemos ao ver o Under The Satan Command como destaque na revista de alcance nacional(Roadie Crew do mês de agosto deste ano). Após isso, tudo mudou! Esta é a grande realidade. Muitas dificuldades tentaram obstruir o nosso caminho até a gravação deste material. Tivemos que acabar gravando nós mesmos, e à moda antiga. Todos juntos tocando. Foi muito complexo, e com certeza, este foi o momento onde mais evoluímos. Em seguida veio a recompensa e hoje somos orgulhosos por podermos ver o material criando vida e ver as pessoas baixando e repassando pra outras.


Por onde passamos sempre somos recebidos com muito carinho. Por muitas vezes quando, chegamos às cidades, já conseguimos ver pessoas com as músicas na ponta da língua, avistamos sempre uma galera usando patchs escrito “JACKDEVIL” e com certeza isso vale mais do que qualquer dinheiro no mundo. Ver o público respeitando e te empurrando pra frente vale ouro. O álbum contém cinco faixas e foi gravado em apenas um dia, fale um pouco dessa correria para conceber este re53

gistro. Bem, na época nós tínhamos apenas 4 meses com aquela formação, mas desde o primeiro mês, a gente já se entendia bem, e apesar das limitações e dificuldades, a JACKDEVIL conseguiu atravessar aquele momento e gravar as cinco faixas. Gravamos e mixamos aquilo à moda antiga. Foi tudo muito rápido pois em menos de 24 já estava tudo terminado. O resultado foi legal, porém depois contamos com a força do Cid Campelo, que nos ajudou com a remixagem e daí, o “Under The Satan Command”


realmente ganhou vida. Nossa cidade ainda é bem prematura em relação à estúdios de gravação, portanto tentamos fazer o que podíamos naquele momento. Hoje, as coisas estão bem melhor, tanto que o próximo álbum vem bem mais trabalhado. Deste último lançamento foi gravado o clipe “Under The Metal Command”, algo que não é tão fácil de se fazer. Como foi que surgiu a idéia de fazer o vídeo e utilizar as ruas maranhenses como parte do cenário. A gente queria fazer algo bem amador mesmo. Queríamos passar a nossa realidade naquele momento, então nada melhor que mostrar as ruas por onde passamos diariamente, o local onde vivemos. O clipe começa com uma frase escrita na parede, ”Fuck Sarney”, frase esta que já fala por si só, o resto das imagens se divide em imagens da gente tocando no estúdio e imagens das ruas do 54

nosso centro histórico, que se encontra em estado de abandono, infelizmente é isso aí. Mas foi uma forma da JACKDEVIL protestar, pois no ano em que vem, completamos 400 anos o nosso centro histórico, o local onde nossa cultura exala, está simplesmente abandonado à própria sorte. O som forte da banda vem de influências individuais de cada membro, cite algumas bandas e álbuns que contribuíram para que vocês chegassem a sonoridade atual. Basicamente os álbuns que mais ouvíamos naquele momento eram o “Show No Mercy” do Slayer,o “Kill ‘em All” do Metallica e o “Killers” do Iron Maiden. Um assunto triste, mas que não tem como fugir dele é o MOA. Foi um fato marcante em 2012 e vocês por serem do Maranhão, como reagiram tanto como fãs de Metal e como cidadãos ma-


ranhenses? O Metal Open Air,vulgo “M.O.A”,nos deu um grande presente, a sua prévia. Foi incrível tocar na maior praça de nossa cidade para aproximadamente 10.00 maranhenses que apoiaram totalmente a JACKDEVIL naquele momento. Hoje quando nós olhamos as imagens do vídeo no youtube acabamos sempre ficando perplexos com aquilo. O povo agitou do começo ao fim e o evento todo em si foi ótimo. Já o Metal Open Air em si, temos que admitir que não foi um sucesso. Aconteceram vários erros que acabaram precipitando tudo, e naquele momento a gente assistia tudo no local, víamos ali um sonho caindo num abismo sem volta. Naqueles dias a gente estava muito feliz por ver que o Brasil todo se virava para ver a nossa pequena ilha rebelde mostrar que aqui também existia heavy metal, mas infelizmente nem tudo é como queremos. A população da cidade passou a ver os headbangers de uma forma diferente, 55

mais positiva ou não? Colhemos vários frutos daquela época e com certeza o povo de São Luís hoje tem consciência que o heavy metal maranhense definitivamente está vivo, e se depender da JACKDEVIL, permanecerá vivo ao longo de muitos anos. Vocês foram para o Metal Opens Air? Se foram, o que podem comentar sobre a estrutura e tudo que viram por lá. Apesar da nossa banda não estar envolvida na produção e não ter ciência de nada que estava acontecendo detrás das cortinas, nós da JACKDEVIL e toda a nossa equipe e amigos estávamos lá em todos os dias, acompanhando tudo de perto. O primeiro dia continha uma estrutura bem legal, mas os problemas técnicos surgiam a todo o momento. O Anvil, Exciter, e principalmente o Megadeth, sofreram com isso. Já por outro lado, conhecemos várias pessoas de outras cidades, trocamos muitas informações e conhecimentos


ali. Nós sempre tentamos aproveitar ao máximo cada situação e ali não foi diferente. De alguma maneira isso afetou o cenário underground no estado? Inicialmente afetou, coincidiu com o fim de muitas bandas e uma leve escassez de show pela cidade, mas hoje retomamos o fôlego e quem sobreviveu tenta fazer o heavy metal continuar vivo aqui. Hoje a impressão que temos é que a cidade está se reformando em relação ao metal, o público se renovou uma moçada nova entrou e os shows voltaram a lotar. Sonhamos ainda com o dia em que as pessoas irão valorizar mais ainda as bandas locais, mas já percebo que isso vem sendo alterado aos poucos e ao que tudo indica em breve nossa cidade estará mais forte do que nunca. 56

Deixando esse fato lamentável para trás, vamos falar do que virá. Em janeiro a Jack Devil fará um show com a banda canadense Skull Fist em Maceió, qual a expectativa da banda para este show? Primeiramente, a gente precisa dizer aqui que somos fãs do Skull Fist. Conhecemos eles desde a demo “Heavier Than Metal” e vai ser incrível tocar ao lado destes caras. Em seguida a gente também precisar falar que sempre ouvíamos falar muito bem de Maceió, que a cena aí é muito calorosa e que o público é muito receptivo. Então, vai ser a realização de um sonho tocar aí, já que almejamos isso a muito tempo. A galera de Maceió pode esperar, que estamos indo para dar o nosso máximo nesse show e botar a casa de show pra ferver.


Quais outras cidades que estão previstas para que a banda faça shows após esse? Juntamente com o Skull Fist, tocaremos em Recife (PE) e mais duas outras cidades no Maranhão que são Balsas e Imperatriz. Sem o Skull Fist, também passaremos na mesma época em João Pessoa (RN), Carajás (PA) e antes um pouco em Parnaíba e Teresina no Piauí. Quais as novidades que todos podem esperar para 2013? Logo no primeiro dia do ano de 2013 será lançado o nosso cd novo, o “Faster Than Evil” juntamente com o nosso site oficial. Em seguida sairá o nosso segundo clipe. Ainda em 2013, provavelmente sairemos em tour pelo Brasil através da Cronos Produções. A divulgação de todas as news ficará por conta 57

do Maicon Leite e da RF Divulgações. A Rock Meeting agradece pela entrevista, Maceió está a espera da Jack Devil e deixe uma mensagem para os leitores. Nós da JACKDEVIL fazemos sempre muita questão de responder a todos com muita atenção e dedicação. Cada pessoa que chega para ajudar, para somar, nós sempre agradecemos muito, e com vocês da Rock Meeting não seria diferente. Queremos, neste espaço, agradecer à todos os leitores deste excelente e super bem falada revista que divulga o heavy metal de forma impecável. Para finalizar, pedimos a cada um de vocês que nos ajudem a espalhar o nosso trabalho para as pessoas, para que o nosso heavy metal soe cada vez mais alto. Obrigado!


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“Não me passava pela cabeça uma volta tão rápida” Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

Embebida de expectativas, a banda Vooodoopriest é cercada daquela “positive vibration” desde o anúncio da sua criação. Bem pudera. Seu frontman, Vitor Rodrigues, lidera este grupo paulista e nos faz imaginar o que está por vir. Prestes a conhecermos o primeiro EP do Voodoopriest, a Rock Meeting conversou com Vitor sobre o Torture Squad, a carreira e, claro, o futuro. Acompanhe esta entrevista sincera, divertida e conheça um pouco mais do que está por vir com a Voodoopriest.

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- Olá Vitor! É um prazer enorme desfrutar deste momento. Não meça as palavras nas respostas. Para este início, quem faz parte do Voodoopriest? O Voodoopriest é formado por mim - Vitor Rodrigues - no vocal, César Covero (Endrah, ex-Nervochaos) e Renato De Luccas (Exhortation) nas guitarras, Bruno Pompeo (Aggression Tales, ex-CPM) no baixo e Edu Nicolini (ex-Nitrominds, ex-Musica Diablo) na bateria. - Em abril todos foram pegos de surpresa com a sua saída do Torture Squad. Já no final de 2012, foi anunciada a criação do Voodoopriest. Um misto de tristeza e alegria. Em dois momentos este ano, você teve que responder sobre estas novidades. Como se sentiu 61

em relação a isso? Irritação? Algo normal? Conte um pouco para nós. De certa forma eu sabia que iria passar por esse processo, portanto foi algo normal. Não me senti nem um pouco irritado, pelo contrário. Os fãs ficaram surpresos com minha saída, mas respeitaram minha decisão e me apoiaram. Eles também me incentivaram a voltar logo com outra banda e isso me deixou muito feliz. - Já sobre o Voodoopriest, como se deu a reunião de músicos de bandas tão distintas para este projeto? O que você, Vitor, disse para eles? Pra falar a verdade não me passava pela cabeça uma volta tão rápida, mas como recebi muitas mensagens na minha página no Facebook e e-mails de fãs, amigos e músicos me perguntando sobre meu novo projeto, co-


mecei a pensar nos integrantes que poderiam fazer parte dessa nova banda. A primeira coisa que fiz foi uma lista com alguns caras que eu já conhecia e que eu considerava bons instrumentistas, além de serem pessoas legais. Meu primeiro contato foi com o Covero, que eu conhecia desde 2002. Desde essa época eu o achava um ótimo guitarrista, com uma palhetada muito sólida o que é fundamental numa banda de metal. O outro guitarrista, o De Luccas, conheci quando o Torture Squad fez um show no interior de São Paulo, que contou com a abertura da 62

banda dele, o Exhortation. Fiquei impressionado com a forma que ele tocava death metal mesclando com solos melodiosos. Começamos a conversar e ele me mandou várias músicas legais, o que acabou sendo fundamental para que eu o escolhesse. O baixista Bruno Pompeo foi recomendação do De Luccas. Eu não o conhecia, mas gostei dele por ser um bom instrumentista e um músico aberto para outros estilos. O Edu Nicolini eu já conhecia de longa data e, como ele estava sem banda na época, o chamei para integrar o Voodoopriest. Eu o conhecia mais


como um baterista de bandas de hardcore, mas sabia que ele era muito criativo e habilidoso. Depois vim a descobrir que ele é fã de thrash metal e que já tocou em várias bandas de metal. - De onde nasceu o nome Voodoopriest? Algum significado especial? O nome Voodoopriest nasceu quando eu ainda fazia parte do Torture Squad. Eu tinha o costume de virar os olhos em alguns momentos dos shows, deixando só o branco do olho aparecer. Um dia, fizemos uma apre63

sentação em uma cidade da Alemanha e havia uma luz vermelha em cima do palco. A certa altura da apresentação, me posicionei debaixo desse spot vermelho e virei os olhos. Deve ter sido uma visão assustadora (risos). Depois do show, um alemão veio nos cumprimentar e me disse que quando eu virava os olhos, eu parecia um ‘voodoo priest’, ou seja, um sacerdote vodu. Achei muito legal esse elogio (risos). Desde esse dia o nome Voodoopriest não saiu mais da minha cabeça e, quando estava pensando em um nome para a banda, achei seria um nome bem legal, ade-


quado para o nosso tipo de som. Quando revelamos o nome da banda, muita gente curtiu e elogiou a escolha, então acho que acertei! (risos). - O primeiro EP já está pronto, já tem nome e data de lançamento? Sim, as sessões de gravação já foram finalizadas, só falta a mixagem e masterização. O EP será auto-intitulado e pretendemos lançá-lo no início de 2013. - Com o lançamento da primeira música do Voodoopriest, como está sendo a receptividade do público? “Reborn” é o que podemos esperar no som do VDP? Fale um pouco sobre a música. A receptividade está sendo melhor do que esperávamos, aliás, estamos bastante surpresos e o som do Voodoopriest é a junção de todos os estilos dentro do metal e mais 64

os estilos de cada integrante, em suma... uma sonoridade totalmente voodoo (risos). - Primeiro passo: EP. Segundo passo: divulgação. Terceiro passo: shows. Quando é que veremos uma apresentaçãodo Voodoopriest? Nosso objetivo é fazer um show de lançamento em São Paulo assim que o EP for lançado. Depois, já temos algumas datas confirmadas em festivais como o Otacilio Rock Fest em Santa Catarina e o Festival Rock Humanitário em Cabo Frio. - Há uma expectativa tremenda sobre a banda. Vemos e lemos isso pelas redes socias. O que estão achando deste feedback? Estamos achando tudo isso simplesmente incrível! Não imaginávamos que essa nova banda iria causar tanta repercussão e


ansiedade nas pessoas. Isso é muito bacana, porque a banda não lançou nada ainda e já existe essa enorme expectativa em torno do Voodoopriest. - Mudando um pouco de assunto... Não sei se está confortável para responder sobre sua antiga banda, mas há várias lacunas em relação a isso. Por que resolveu sair do Torture Squad? Houve algo que o desagradasse ou precisava de novos ares? Tive muitos momentos legais com o Torture Squad, mas como você mesmo disse, eu precisava de novos ares. Foram 19 anos de lutas e realizações, mas chegou um momento em que eu decidi largar o comodismo e enfrentar novos desafios na minha vida. É mais ou menos como se você estivesse a 20 anos trabalhando na mesma empresa. Você pode até gostar do seu emprego, mas chega uma 65

hora que você precisa decidir em continuar na mesmice ou começar algo novo, mesmo que isso seja complicado e desafiador. - Toda mudança gera um pouco de desconforto. O que ficou fazendo após a sua saída do TS? Na verdade, quando eu saí da banda, o único desconforto que senti foi saudade de viajar e fazer shows. Aproveitei o tempo livre para aprender um pouco de guitarra. Quando comecei a compor alguns riffs, fiquei bastante empolgado. - Você esteve presente naquele fracasso que foi o Metal Open Air e cantou junto com o Korzus. Como foi isso? A banda te chamou? Ninguém esperava por você lá, inclusive eu, que estava naquele lugar. O que achou do público? O que você tem a dizer sobre tudo aquilo


que aconteceu? Na época do festival, eu já tinha saído do Torture Squad e meus ex-companheiros haviam informado que eu não ia participar do show, mas mesmo assim eu decidi ir, porque a minha passagem já havia sido emitida e eu queria assistir as bandas. Assim que eu cheguei no hotel, encontrei com os meus amigos do Korzus no corredor, que me convidaram para cantar uma música com eles. Escolhi a “Agony”, porque foi através dessa música que eu conheci o Korzus muitos anos atrás. Esse festival foi um desastre para todos nós que somos parte do mercado brasileiro de metal e uma vergonha diante de todo o país e o resto do mundo. Mesmo assim, os headbangers tiveram um comportamento exemplar, pois apesar de terem motivos de sobra pra colocar tudo aquilo abaixo, não agiram de forma violenta. - O que você está ouvindo ultimamente? Faça um top 5, destaque uma música e fale um pouco sobre a banda. De coisa nova, estou ouvindo Gojira (The Way Of All Flesh), uns franceses que estão fazendo um som pesado e meio psicodélico, com uma quebradeira sensacional. Krisiun (Blood Of Lions), o nosso ZZ Top do inferno, que neste CD equilibra peso, velo-

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cidade e cadência de uma maneira genial. Command 6 (Before The Storm), uma molecada que está vindo com tudo, com novas ideias e no palco a coisa fica séria. King Of Bones (We Are The Law) é uma banda brasileira nova que está lançando seu primeiro álbum, com composições muito bem feitas e um vocalista excepcional. Suicidal Angels (Bloodbath) é uma banda grega que faz um thrashão arrasador. Não é algo exatamente novo, mas os caras tem uma garra fenomenal. - Para finalizar, o que podemos esperar do Voodoopriest? Primeiramente, quero agradecer a vocês do Rock Meeting pelo espaço. O público pode esperar boas músicas e apresentações com muita garra, suor e fúria! Estamos chegando com tudo, temos nos dedicado bastante para fazermos algo que dê orgulho aos headbangers brasileiros e que mostre ao mundo que o Brasil continua sendo um celeiro de grandes bandas de metal. Espero que a galera curta e que eu possa retribuir um pouco do apoio e do carinho que tenho recebido de tanta gente. Estou louco pra voltar aos palcos e gritar: Headbangeeeeeeeeeeeeeersss!

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Uma noite p todos os seu 68


para soltar us monstros 69


O domingo que antecedeu às vésperas do Natal foi celebrado com muito heavy metal sob o comando de Dani Nolden da banda paulista Shadowside Texto e foto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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oi uma noite bem atípica para a cena alagoana, porém era uma confraternização e o público que esteve presente viu o quanto a banda Shadowside surpreende por onde passa. Não é à toa que irão fazer uma turnê europeia junto com o Helloween e Gamma Ray. Sendo a atração da noite, os paulistas fizeram o último show da tour Norte/Nordeste em Maceió, se apresentando pela primeira vez na terrinha. O público foi aquém do espe70

rado, muito embora o quarteto não tenha desanimado, mas sim subido ao palco com gás total. Ficam duas coisas: quem foi assistiu a um show incrível e quem não foi perdeu, simples assim! Já passavam das 22h quando a banda anunciava o seu início ao som de “Hurricane”, dos lendários Scorpions. Ao final de muito “Here I am, rock you like a hurricane”, a introdução épica inicia, de fato, o show do Shadowside.


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Mostrando o seu lado sombrio, Dani Nolden, a “bunita” que assume os vocais, mostrou domínio e segurança vocal, performance, além de esbanjar muita simpatia. “Gag Order” iniciou a apresentação, música do recente álbum “Inner Monster Out”, lançado em 2011, gravado e mixado na Suécia pelo renomado Fredrik Nordström. O setlist foi um passeio pelos três álbuns já lançados pela banda para não deixar fã algum insatisfeito: “Theatre of Shadows”, “Dare to Dream” e “Inner Monters Out”. Esta foi a primeira tour com o novo baixista, Fabio Carito, após a saída de Ricar72

do Piccoli, e ele não deixou por menos. Carito substituiu à altura o seu antecessor e nem parecia que entrara outro dia na banda. Em nota, ele falou das dificuldades, das noites sem dormir e da empolgação que foi viajar pelos mais diferentes lugares do Brasil: “18 dias de viagem, 8 datas marcadas, 2 regiões do país, centenas de quilômetros percorridos, poucas horas de sono e nenhuma frescura! Descobrir a energia, a receptividade e o carinho dos nossos fãs ao longo dos shows foi o necessário para recarregarmos as baterias para mais uma viagem em busca da próxima apresentação”, desabafou e acrescentou:


“Uma ótima experiência para guardar para sempre nas boas lembranças. Em poucos dias de viagem, você percebe que a sua equipe e companheiros de banda são a sua família, percebe que sua casa é a estrada e que o seu teto são as nuvens”. Dentre as músicas tocadas estavam “Highlight”, “Nation Hollow Mind”, “In the Night”, “Hideaway”, “Inner Monster Out”, “Habitchual”, “In the Name of Love”, “My Disrupted Reality”, “ADD”, “Waste of Life” e fechando com “Angel with Horns”. Mas ainda houve tempo para dois covers, um do Motörhead com “Aces of Spades”, bastante 73

aplaudida, e “Inútil” do Ultraje a Rigor, que está no último trabalho da banda, na versão brasileira. Ao final do show, Dani convidou a todos para continuarem no local e poder falar com a banda assim que recuperassem o fôlego. Simpática, atendeu a todos, posou para as fotos, bem como os outros integrantes. Unânimes, todos elogiaram a banda e seu desempenho em palco. Assim como o organizador, a vontade de todos é voltem mais vezes.



Malevolent Creation Vital Remains Moonspell Por Alcides Burn

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V

iajar sempre é muito bom, e quando é pra você assistir a shows, é melhor ainda. Sou um grande fã do Moonspell, banda portuguesa que acompanho desde os primeiros álbuns. Quando soube que eles iriam tocar no Brasil, eu não poderia perder de jeito nenhum. Comprei minhas passagens, meus ingressos e fiquei contato os dias. Nesse meio tempo, apareceu um cartaz de um outro evento no dia anterior ao Moonspell. Nimguém menos que o Malevolent Creation e o Vital Remains também iriam estar na cidade num show junto com Krisiun. Dia 15 de dezembro peguei um voo pra São Paulo, cheguei na cidade às 6h da manhã, fui direto pra casa de meu tio. Após o café da manhã, sem demora, fui à Galeria do Rock comprar umas coisinhas. O movimento tava grande na galeria. De lá voltei pra casa do meu tio, troquei de roupa descansei um pouco e fui pra o Carioca Clube. Chegando lá, já estava tocan76

do a segunda banda de abertura, por conta do trânsito perdi a primeira. Com a pulseira de “all acess” tive, a oportunidade de conhece o vocalista do Vital Remains, entregar um CD do Sanctifier pra ele e trocar umas poucas ideias. Após um tempo e algumas cervejas, as luzes se apagam e em meio a escuridão do palco, o Vital Remains subiu ao palco. Assistir ao show dos caras é uma experiência insana, extamente o que eles fazem no CD. O novo vocalista da banda, Brian Werner, tem um timbre de voz bastante parecido com Glen Benton. Da formação orginal apenas Tony Lazaro. Brutalidade e instigação a toda hora são marcas do show do Vital Remains. Em uma parte do show o vocalista convocou o público pra fazer um Wall of Death, foi insano! O repertorio foi basicamente em cima do “Icons of Evil” e “Dechristianize”, sendo essa a última música do show. Enfim, o Vital Remains mostrou pra o público como se fazer um show de Death Me-


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tal de verdade. Após o Vital, uma pausa pra mais cerveja e descansar o pescoço. Eis que entra no palco então o Malevolent Creation! Após uma introdução, Phil Fasciana e companhia destilam seu poderoso death metal para todos presentes. O show da banda em si, é uma grande sequência de clássicos da banda. Brett Hoffman, na minha opinião, é um dos melhores frontmen do Death Metal. A banda soa perfeito ao vivo, não poderia ser melhor, todos os presentes batendo cabeça e vibrando a cada som tocado. Infelizmente, após o Malevolent não pude ficar pra conferir o Krisiun, mas enfim, foi perfeito. De volta pra casa que no outro dia tinha mais metal! Domingão, já acordo com o jogo do Corintinhas na TV, acaba o jogo e é so festa em Sampa! Vou da um rolé na Av. Paulista e tá la a torcida inteira invadindo a cidade. Às 17h sigo pra o Inferno Clube, não conhecia o local. Em frente ao Inferno tinha outra casa de show onde estava rolando um show de Hardcore com o Worst, a outra banda de Fernadão (Paura), que em breve estará fazendo uma tour pelo nordeste. Cheguei a conversar com ele sobre a mesma. Bom, de volta pra fila pra entrar no Inferno Clube. Confesso que estava muito ansioso! O Moonspell, pra mim, é umas das melhores bandas no estilo. Eu estava realmente 78

empolgado pra vê-los ao vivo. Após comprar a camisa da tour, que é muito linda por sinal, entrei no local pra esperar o começo do show. Então, as luzes se apagam. Começa a introdução de “Axis Mundi”, primeira faixa do novo CD da banda “Alpha Noir”. A banda entra no palco e Fernando Ribeiro com uma mascará parecida com que Russel Crowe usou em “O Gladiador”. Ele cantou “Axis” inteira com ela. “Alpha Noir”, “Finisterra” e “Night Eternal” foram as seguintes. A essa altura, o público já estava extasiado. O show foi feito em cima de clássicos da banda: “Opium”, “Mephisto”, “Vampiria”, “Alma Mater”, todas elas rolaram. Destaque para as novas “Lickanthrope” e “Em Nome do Medo”, que ao vivo, ficaram brutais. A fase mais gótica da banda também foi lembrada com “Nocturna” e “Scorpion Flower”. Até “Trebaruna” entrou no Set. Foram 2 horas de um show empolgante. A banda se mostrou bastante simpática com o pequeno público presente. Enfim, acabou o show, e eu confesso que sai satifeitíssimo com o evento. Todas as músicas que eu queria que tocasse foram executadas, posso dizer que fiquei emocionado vendo o Moonspell. E digo a todos que se tiverem uma oportunidade de vê-los um dia que vão, é realmente espetacular! Gostaria de agradecer a minha esposa Milla por compreender minha paixão pela banda e ter me liberado no dia do nosso aniversário de casamento pra ter ido ver o show.


Kreator Morbid Angel Nile Fueled By Fire Sala Salamandra - Barcelona Texto e Foto: Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha)

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arece mesmo que esta semana foi inesquecível para o mundo do metal, em geral. Se em São Paulo e no Rio de Janeiro o público brasileiro tinha um encontro com o Cavalera Conspiracy e Kiss em dias diferentes, na Espanha a coisa não era diferente. Claro que isso não é uma comparação, mas em um fim de semana ter Kreator e Morbid Angel juntos e tendo como boas aberturas Nile e Fueled by Fire pode se considerar algo marcante. Apesar de ser um domingo e de o palco iniciar suas atividades às 19 horas, o público até que compareceu em bom número para assistir e vibrar com o curto show do Fueled by Fire. Apenas seis músicas e pouco mais de vinte minutos bem aproveitados os rapazes do F.B.F. tiveram para deixar seu recado com seu thrash metal oitenteiro com nítida influência de bandas como a Exodus, por exemplo. O castelhano falado pela maioria de seus integrantes, que são de descendência latina, facilitou o bom entendimento. Os PA’s da Salamandra começaram a falar mais alto e consequentemente mais grosso com a entrada em cena do Nile. O quarteto teve um pouco mais de tempo que seus compatriotas e levaram a cabo nove petardos em forma de brutalidade musical. “Sacrifice Unto Sebek” foi a responsável por abrir o curto e já comentado set. Nessa hora a casa já podia ser considerada lotada. Tudo bem que não estamos falando de nenhum ginásio. Segundo informações oficiais a mesma suporta no máximo 800 pessoas, mas considerando que existem pontos “mortos” ou podemos dizer “cegos” - já que em algumas partes se torna impossível ver o palco, podemos considerar que pelo menos 600 ingressos foram vendidos. Com toda a sinceridade, acho pouco espaço para tal evento, ape-

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sar da boa acústica. Apesar de terem um disco fresquinho no mercado, o At The Gates of Sethu, no show apenas duas das nove músicas foram executadas deste álbum: “Enduren the Eternal Molestation of Flame” e “Supreme Humanism of Megalomania”. O restante do set foi um apanhado dos diversos álbuns já lançados. Logo após a saída do Nile do palco, uma enorme bandeira com o inconfundível nome/ logo do Morbid Angel já se erguia ao fundo do palco e os bumbos da bateria também recebiam seus devidos adornos. Apesar do grupo já não contar com integrantes do porte de Pete Sandoval nas baquetas, o quarteto segue muito bem representado por David Vincent e Trey Azagthoth. Para provar que não esqueceram suas raízes. Os rapazes abriram com “Immortal Rites”, do já considerado um clássico no estilo, Altars of Madness. David Vincent com sua imagem de canastrão demonstrava toda sua satisfação em visitar Barcelona após anos de espera do público catalão, que foi recompensado com os primeiros acordes de “Fall From Grace” de Blessed Are Sick e “Rapture” de Covenant, que fechava a tríplice coroa da abertura. Três músicas que não por coincidência abrem três discos marcantes da banda. E o desfile de clássicos não parava por aí. Apesar de terem um disco considerado lançamento, já que por aqui é a primeira vez que a banda se apresenta desde a publicação de Illud Divinum Insanus, em 2011, o quarteto seguia atacando de antigas, como por exemplo “Maze of Torment” e “Sworn to the Black”. Do disco novo mesmo somente duas músicas, “Existo Vulgoré” e “Nevermore”, tocadas mais ou menos no meio da apresentação. Daí por diante o que voltou a dominar foram os já comentados discos Altars of Madness e Covenant, até 81


finalizarem com “World of Shit (The Promise Land)”, com direito aos já conhecidos riffs Trey - não só nesta mas em praticamente toda a trilha sonora, que durou um pouco mais de uma hora. Após toda essa maratona, ainda faltava o grande nome da noite: a Kreator. Com seu recém-lançado “Phantom Antichrist”, no qual tem em sua música título um excelente video clip, deixando transparecer toda a crítica da banda à humanidade e à sociedade em que vivemos. Esse disco possui duas diferentes capas para o mesmo album, o difícil é escolher a melhor. A expectativa, que já era grande para o ato, aumentou quando a equipe cobriu o palco com uma tela branca para decoração. Assim como na tournê de Hordes of Chaos, o palco contém telas decorativas com a ilustração de capa e contra-capa do disco, uma iluminação especial, bateria com pinturas personalizadas, etc. Sabendo que o disco atual mostra um Kreator mais épico do que nunca, o público foi ao delírio quando a tela branca à qual nos referimos serviu de telão, onde ao som de “Personal Jesus” (Johnny Cash) eram mostradas várias imagens antigas da banda, desde o princípio, quando uns moleques alemães decidiram tocar rápidos e furiosos, a evolução, as capas dos discos lançados e a cada uma delas o público urrava. Foram mostradas imagens de turnês passadas, uma verdadeira recapitulação de imagens até entrar em cena o “Mars Mantra” (junto a imagens do já comentado video clipe), introdução que abre Phantom Antichrist e na sequência a música título, tudo muito épico. Em seguida “From Flood Into Fire”, também do álbum recém-lançado, deu uma segurada na galera e

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demonstrou todo o lado épico deste excelente trabalho. Com certeza este foi o melhor encaixe para um inicio de concerto, já que uma sequência matadora com “Enemy of God”, “Phobia” e “Hordes of Chaos” estava por vir. Foi tão matadora que no momento de berrar O refrão da música “chaos”, a sala não aguentou e um apagão tomou conta do local. Mille Petrozza deixou o palco imediatamente e furioso, talvez por já estar desgostoso com a localização e o tamanho da Salamandra, que é uma boa sala dependendo do show que se realiza, mas definitivamente não era a melhor indicação para o evento. Um show se complicou naquele momento. Quarenta minutos depois, ou seja, quase meia noite, algo totalmente atípico por aqui, a banda retoma atividades após um furioso discurso de Petrozza, que exibiu toda sua insatisfação com a organização e local. Com certeza o público foi o maior prejudicado, já que muita gente foi embora antes da retomada do concerto e toda a performance de apresentação do disco foi alterada, deixando o tempo que restava para clássicos como “Extreme Agression”, “People are the Lie”, “Coma of Souls” e os clássicos dos clássicos como “Pleasure to Kill”, “Tormentor” e “Flag of Hate”, uma verdadeira sequência quebra ossos. Apenas “Death to the World” e “Violent Revolution” foram incluídas entre estas, entretanto a atmosfera de novidade já havia se dissipado. Talvez a raiva e a fúria sentidas pelo imprevisto tenham feito desta uma das apresentações mais brutais que se podia ter destes alemães. Viva o blackout!!!!

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The Hives & Domínio

Texto e Fotos - Mauricio Melo (Correspondente RM – Espanha) 84


& The Bronx absoluto

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D

omingo, 2 de dezembro, cidade condal mais conhecida da Espanha, Barcelona. Algo de frio na “noite” de quase seis da tarde. Diante da Sala Razzmatazz pouco movimento e o momento exato de perguntar sobre o tour manager do The Bronx. Muito bem recebido pelo mesmo, adentro pelo backstage local. Enquanto espero Matt para um bate papo rápido sobre o novo disco da banda e também recebo ofertas de água, refrigerante ou cerveja para minha curta espera vejo tranquilamente os integrantes do The Hives em seu jantar pré-show, igualmente simpáticos e tranquilos. Quem não os conhece não sabe o que aqueles comedidos rapazes são capazes em cima de um palco, mas mais tarde falaremos deles. Nosso encontro com Matt foi exatamente no palco, sentado na borda e com os pés apoiados no lugar habitual, o fosso dos fotógrafos. Porém era a primeira vez em anos que eu poderia visualizar a sala de tal ângulo. Realmente uma sensação única, sabendo que ali foi gravado Loco Live dos Ramones, o video oficial Under Siege do Sepultura e que tantos outros nomes passaram por ali. Nomes que vão de Slayer a Jack White, passando por Cobain e toda geração de Seattle, Queens of the Stone Age, Prodigy e muitos outros. Pouco mais de uma hora após nossa conversa o mesmo Matt estava ali, saltitando como um boxeador com microfone em punho liderando os californianos The Bronx. Abrindo a noite com “Ribcage”, “Shitty Future” e “Unholy Hand”, já de cara podemos sentir como será o disco novo, anunciado para fevereiro com dois pertardos entre as três primeiras. Esta não foi a primeira vez que os californianos pisaram na Razz: há uns dois anos eles abriram para o Gogol Bordello, porém 86


vestidos de El Mariachi, a segunda identidade do grupo. Sorte nossa e do público em geral receber junto ao Hives a primeira identidade do mesmo e poder curtir “Knife Man” na primeira fila e escutar os repetitivos riffs de guitarra na intro. Diante de músicas como “Heart Attack American” ou “History’s Stranglers” fica a pergunta: em que estilo exatamente se encaixa a banda? Talvez a melhor resposta é que não encaixa e por isso tocam junto aos Hives, Refused e Gogol. Foram quarenta minutos que passaram voando, talvez porque a apresentação tenha sido de tirar o chapéu. Por falar em chapéu, chegava a hora dos suecos que, a julgar pela capa do disco Lex Hives, viriam vestidos tal e qual, com seus trajes e chapéus, ao menos é assim em cada turnê. Como gostam muito de um showzinho à parte, seus roadies e assistentes de palco estavam vestidos de ninja. O público já vibrava só ao ver aceso o nome da banda em letras luminosas ao fundo do palco, algo como programa de auditório, bem comum em suas apresentações. Talvez seja essa a única coisa que incomoda um pouco e escrevo antes de comentar o show, porque a sensação é sentida neste momento. Para quem nunca viu aos Hives, é um show a ser assistido sem a menor sombra de dúvidas. É divertido, é rock, é suor e é alegria. Para quem já assistiu, o espetáculo entra em outro estágio, o de conferir músicas novas e sentir-se bem de estar naquele ambiente porque as novidades param por aí. As mesmas palavras, brincadeiras e teatrinhos se repetem. Até mesmo aquela congeladinha da banda no final da apresentação enquanto os instrumentos distorcem continua existindo. Lembro de quando os assisti pela primeira vez, lançando o Veni Vidi Vicious no pequeno Cabaret de Montreal, que cheguei 87


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em casa emocionado e de lá pra cá tive a sorte de assistir pelo menos um show de cada turnê, um deles em praça pública em Barcelona e que fique claro, todos são uma maravilha, principalmente para quem gosta da banda e está disposto a assistir ao filme uma vez mais. Quando a banda escreveu a música “Come On!”, com certeza pensaram na abertura de um show e não é a toa que na gravação de estúdio incluíram gritos do público. E assim foi a abertura, um minuto intenso e de alegria recíproca. Ainda mais tendo “Try it Again” e seus pegajosos riffs. Não tão festeiro com “Take Back The Toys”, que muito me lembra The Stooges, e dando caña - como dizem por aqui - com “1000 Answers”. Claro que não faltaram músicas como “Main Offender”, “Die All Right” e claro “Hate To Say I Told You So”, já em fim de festa quando Pelle disse aos espanhóis que Nicholaus Arson tinha um riff especial para eles, o que gerou certo protesto, fazendo com que o mesmo Almqvist mudasse de discurso e pedisse que os catalães os apoiassem, uma eterna discussão que não levará a nenhum lugar e a nada. Por falar em Almqvist, o rapaz vem melhorando seu castelhano e consegue manter uma boa conversação com o público, que claro, somado ao sotaque sueco e ao personagem que 89

interpreta em cima do palco se torna ainda mais engraçado. O que realmente sentimos falta foi de alguma música de Barely Legal, que é um excelente disco. É incrível ver a escassos centímetros de seus olhos a movimentação da banda, principalmente o já comentado guitarrista Arson e o vocalista Pelle, que frequentemente se aproximam do público, deixa o mesmo acariciar a guitarra e este recebe as palhetas após serem romanticamente beijadas. Não menos intenso o outro guitarrista, Vigilante Carlstroem, carinhosamente apelidado de “presuntinho” sua bicas ao lado de Dr. Matt Destruction, contando ainda com Chris Dangerous que parece um gigante numa bateria de criança. Foram cerca de vinte músicas, quase todas do Lex Hives, como por exemplo “Go Right Ahead”, “I Want More” e “My Time is Coming”, outras tantas do The Black and White Album, algumas delas mais curtas e outras mais extensas como o caso de “Tick Tick Boom” em que o grupo senta para descansar e pede para que o público faça o mesmo demonstrando um controle total sobre a festa que eles são mais do que protagonistas. Por um momento, uma pequena parcela do planeta se rende aos domínios do The Hives. E viva o Rock & Roll.


Jack White Breno Airan (@brenoairan | breno@rockmeeting.net) Notoriamente, o músico estadunidense Jack White é um dos petardos de sua geração. Dá pra ver e ouvir de longe que o cara não tem nada a perder – por isso mesmo, joga todas as suas fichas e, sempre, acertadamente. Foi o que fez ao dar sua cartada última: nada mais de The White Stripes, um duo blueseiro que tinha com sua ex, a baterista Meg White. A parceria durou de 1997 a 2011. “Só volto com a banda, se estiver pobre”, brincou ele, certa vez, em uma entrevista. Mas pelo futuro que almeja, não só de dinheiro viverá Jack. Ele já tem reconhecimento. É um verdadeiro guitar hero, sem precisar fazer um bululu sequer nas seis cordas. A prova máxima e magnânima disso é seu disco solo de estreia, o melhor que escutei nesse ano de 2012. “Blunderbuss” traz uma sonoridade da velha guarda dos bluesmen. Nada é comparado a essa investida. Não há déjà vu forçado de forma algu90

ma. O álbum abre com “Missing Pieces” reagrupando cada centelha de esperança que há nos roqueiros de hoje em dia. O estilo, definitivamente, não morreu. Isso se confirma com o riff da música seguinte, a excelente “Sixteen Saltines”, e ainda mais vibrante com “Freedom at 21”. A linda “Love Interruption” acalma com seus backing vocals harmoniosos e a poesia segue. Outra boa pedida é “Hypocritical Kiss” e o belo cover “I’m Shakin’”, de Little Willie Johnson. “On And On And On” e “Take Me With You When You Go” fecham o debut com a vontade de ouvir mais teclados aliados aos licks (im)precisos de White. A amplitude desta sua obra é, sem dúvidas, maior do que se pode ouvir do som de casa ou do fone do mp4. Um clássico já feito, já aclamado, já em outros Top 10, irradiando seu azul-turquesa.


Vivendo o Ócio JonasSutareli Sutareli(@Sutareli (@Sutareli | jonas@rockmeeting.net) Jonas | jonas@rockmeeting.net)

Não tenho muito o que falar. Já conhecia a banda, mas só a pouco comecei a ouvi-los de verdade. Eles são uma banda independente da Bahia, que fazem um rock que também costumam rotular como independente. Para mim, os caras tocam rock e rock dos bons, representando muito bem o Nordeste, mostrando que por essas bandas o estilo musical é bem vivo, levado a sério e muito bem feito, musicalmente e profissionalmente falando. VDO, como os fãs chamam, tem dois excelentes discos gravados. Não consigo negativar uma música ou dar um destaque. São discos muito lineares, mas isso não é algo ruim, muito pelo contrário. Indica uma constância no trabalho dos caras. Apesar de não conseguir destacar uma música, particularmente eu gosto bastante de Dilema, Fora Mônica, Nostalgia e Silas. Quer sacar um pouco? É só conferir o perfil deles na Trama Virtual AQUI.

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Led Zeppelin Daniel Lima (@daniellimarm | daniel@rockmeeting.net)

2012 foi um ano marcado por muitos lançamentos e aos 45 minutos do segundo tempo saiu um ao vivo que pode ser considerado histórico. No dia 10 de dezembro de 2007, depois de quase 30 anos, o Led Zeppelin se reuniu para fazer um único show que foi registrado e só lançado dia 19 de dezembro de 2012. O baterista foi Jason Bonham, filho de John Bonham que faleceu em 1980, substituiu o pai que foi o baterista original da banda. O álbum saiu intitulado como Celebration Day. Este contém 16 faixas que foram dividas em dois CD’s e também pode ser encontrado em DVD e Blu-Ray. A sonoridade é perfeita, como se eles não tivessem parado por tanto tempo. Todas as faixas foram executadas como em outros shows dos anos 70, a energia transmitida pela banda e toda estética encontrada é única. Jimmy Page viaja nas melodias como fazia há décadas atrás, assim como Robert Plant e John Paul Jones. Nota-se que eles estavam em sintonia, o tempo todo com sorriso no rosto e Jason Bonham teve a oportu92

nidade de sentir o gosto de ser um membro do Led Zeppelin, sem contar que ele teve um papel bastante importante. Gostaria de destacar algumas faixas como “Good Times Bad Times”, “Black Dog”, Dazed And Confused” (música na qual Jimmy Page costumava fazer solos com mais de 15 minutos, mas dessa vez ele fez o básico). “Stairway To Heaven” é uma daquelas faixas que até quem não conhece a banda já ouviu a música em algum lugar e esse é um momento bastante emocionante. Outras faixas que merecem ser citadas são “Kashimir”, “Whole Lotta Love” e “Rock And Roll”. Esse, com toda certeza, foi um dos melhores lançamentos - se não o melhor - de 2012. Ele não esteve na minha lista do final do ano porque não havia ouvido quando enviei os melhores álbuns que havia curtido durante o ano inteiro, mas comprei na semana do lançamento e só posso dizer que se você ainda não escutou, procure e ouça a essência do rock. Esse é mais que eu recomendo.


Autoramas

João Marcelo Cruz (@jota_m | jomarcelo_@hotmail.com) O disco que mais tenho escutado nas últimas semanas, é sem dúvidas, o último lançamento do power trio mais fofo do rock’n’roll brasileiro, o álbum Música Crocante (2011, Coqueiro Verde), do Autoramas. Sempre gostei do Autoramas, principalmente depois de vê-los ao vivo pela primeira vez. Acho que isso foi em meados de 2005, lá no Orákulo, em uma oportunidade ímpar, onde eles se apresentaram dois dias seguidos aqui em Maceió. De lá pra cá pude ver mais dois shows e não à toa eles possuem lugar cativo na minha lista de melhores apresentações da vida. É um grupo completo. Carisma, presença de palco, personalidade e o fator X, letras e melodias com alto teor de ‘chicletismo’. Costumo dizer que o Autoramas acaba criando uns mantras na minha vida, com músicas como “Você Sabe”, “Nada a Ver”, “Fale mal de mim”, etc. 93

O Autoramas como o próprio hitmaker, Grabriel Thomaz, diz: é Rock pra dançar. Pra quem não sabe, Gabriel já fez músicas para o Raimundos e para o Ultraje à Rigor. Coloca aí no caldeirão o ritmo dançante da Jovem Guarda com o rock’n’roll dos anos 60, pitadas de Rockabilly e doses apimentadas de Surf Music e Powerpop. Eles conseguem misturar melodias pop com guitarras e linhas de baixo altamente distorcidas, às vezes beirando até um Noise Rock. As coreografias executadas ao vivo são a cereja do bolo. São mais de 10 anos de estrada, com turnês em diversos países do mundo. Ainda sim, a cada disco lançado eles conseguem se reinventar. Deste último álbum eu destaco as faixas ‘Verdade Absoluta’, ‘Tudo Bem’, ‘Abstrai’ e ‘Domina’. E ainda te desafio: escute essas músicas e tente não ficar com elas na cabeça. Se você não se pegar cantarolando alguma dessas, eu me dane!



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