Rock Meeting Nº 112

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Metas Ouvindo o que foi destaque em 2018, percebo que as metas traçadas por essas bandas foram cumpridas. Será que tivemos os mesmos resultados com as nossas metas? Sem querer pegar no pé das pessoas, ter metas é direcionar o nosso caminho para a conquista. Mas é claro que esse trajeto não é nada fácil e merece toda a atenção necessária para não se perder ou desistir. Diante disso, te desafiamos a traçar seus objetivos. O que é para daqui a um mês? Para o primeiro bimestre? Para o primeiro semestre? Nós da Rock Meeting já traçamos nossas metas. E sabe quais são? Levar informação, conhecimento, pensamentos, e críticas

para nossos leitores, que são a base da nossa existência. 2019 é um ano importante para esta revista, porque marca os dez anos de atividade deste periódico digital. Fomos pioneiros nesse tipo de publicação e estamos resistindo. Acompanhamos todas as modificações tecnológicas e esperamos continuar. 2019 já começou. Não deixe que os seus planos sejam afundados por meia dúzia de péssimos incentivos. Afaste-se do que te faz mal. Saiba separar o joio do trigo e vá conquistar. Não deixe de sonhar. Lute. Conquiste. As nossas metas já estão traçadas. E as suas?


08 - Lapada - Danilo Gentili e Krisiun 12 - Live - MTV Headbangers Ball 22 - Entrevista - Suicidal Angels 30 - Skin - Metas do ano novo 36 - Entrevista - Armaggedon 44 - Capa - Foto do ano 56 - Especial - Lemmy 68 - Entrevista - Mnemocide 74 - Top 5 - Os melhores lançamentos 2018 80 - Entrevista - Psycothic Eyes 90 - Review - Vídeo 96 - Entrevista - Cozinha do Inferno

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DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto

COLABORADORES Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Renata Pen Samantha Feehily

CONTATO contato@rockmeeting.net www.rockmeeting.net


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omo sempre, parece que ser contraproducente é um estigma do fã de Metal brasileiro. A recente polêmica se volta contra um dos grupos brasileiros de maior expressão no exterior: Krisiun. No dia 21/12/2018, o grupo foi convidado e compareceu ao programa The Noite, do apresentador Danilo Gentili. Pronto: soube de gente reclamando horrores por eles terem ido. De cara, jurava que era a mentalidade errônea dos fãs brasileiros sobre o que é underground imperando, mas para o desgosto de muitos, as reclamações tinham fundo ideológico de esquerda em termos políticos do que com o cenário. Não sou muito de TV aberta, admito. Mas vejo a presença do Krisiun, bem como do designer Marcelo Vasco (da PR2Design) com muito bons olhos por muitos motivos. O mais importante de todos é que esta visibilidade causará em primeira instância o surgimento de novos fãs para o Metal, ou seja, existirá a renovação do público. Lembrando que Rock e suas vertentes são músicas de jovens, logo, se não é capaz de entender isso e quer ficar preso ao passado ou aos porões do underground, azar o de vocês. Que venham mais e mais jovens ao meio. Por outro lado, há a questão mercado-8-


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lógica: aparecendo em um programa de TV aberta, o Krisiun ganhou maior exposição, logo, a possibilidade de mais shows em eventos fora de Metal, como festivais multiculturais pelo Brasil afora, podem lhes abrir as portas, bem como para outros nomes. E isso é bom, gera lucro e novos fãs também. Ainda nesse ponto, é preciso respeitar o trabalho do Krisiun. A banda já não tem mais os laços amadores que permeiam o nosso underground. Eles possuem a mentalidade do underground, o que é diferente e é ela que dita as regras no processo de composição de suas músicas, mas são um grupo altamente profissional. Aliás, desde que chegaram em São Paulo (conforme conversas que eu tive com uma pessoa ligada à banda há alguns anos) mantiveram essa mentalidade, ensaiando 2 horas todos os dias, tocando em tudo que é canto e atendendo seus fãs com respeito. Eu mesmo os conheci bem depois do sucesso, e sempre fui tratado com enorme respeito. E é esse respeito pelos fãs e essa mentalidade underground que os levou a ser um dos grandes nomes do Metal nacional. Aliás, tanta reclamação quando ocorre algo do tipo não é algo recente. O Ratos de Porão chegou a tocar no finado Viva a Noite (do apresentador Gugu Liberato) em 1991, quando tocaram a música Sofrer, do recém-lançado Anarkophobia. Óbvio que naqueles tempos as reclamações ocorreram, mas não foram notadas porque a internet não existia. No entanto, o Kreator e o Sepultura chegaram a tocar no Programa Livre do Serginho - 10 -


Groisman. Acho que a maioria dos reclamões não falou muito por dormir muito cedo... Voltando, o grupo foi entrevistado e tocou uma de suas músicas ao vivo. Fez sua parte. Sobre o lado ideológico, torno a dizer: enfiem isso no ouvido. A banda não tem que obedecer ao que você pensa. Ela faz o que bem quer. Ela precisa fazer isso, não pode ficar estagnada, tem que alcançar mais e mais fãs. Ainda mais nos tempos de hoje, em que as bandas não ganham dinheiro com venda de CDs, mas com shows e a consequente venda de merchandising. Aparecendo no The Noite, podem ter aberto chances para mais e mais shows. Por outro lado, pensando no aspecto de pioneirismo, o Krisiun pode estar sendo a ponta-de-lança que está abrindo novas possibilidades, sendo a primeira de (assim espero) outras que poderão estar lá. E isso desencadearia a renovação e crescimento do cenário por aqui. Agora, se você é contra, faça um favor: se for por sua mentalidade bolorenta de banger underground ou banger “lacrador”, fique caladinho. Em ambos os casos, quanto mais falam, pior as coisas ficam, logo, vosso silêncio é sua maior dádiva ao cenário. Finalizando: espero que o Krisiun continue crescendo, e que tenha aberto portas para outras bandas. E ao apresentador Danilo Gentili e à produção do programa, peço encarecidamente: por favor, levem mais bandas de Metal ao programa. Faço questão de fazer propaganda dos mesmos. - 11 -


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Texto Virginia Pezzolo | Foto Tarakum Photography

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eria impossível perder um show com um line-up desses. Três bandas Old School, duas americanas e uma germânica, acompanhadas de um grupo grego de Thrash Metal de história mais recente. A MTV Headbangers Ball foi uma turnê com 17 shows, passando pela Inglaterra, Áustria, Alemanha, entre vários outros países. O show relatado foi em Breslávia, cidade que fica na Polônia.

SUICIDAL ANGELS Mesmo sendo a primeira banda e com um set bem enxuto, contando que eles têm seis álbuns, os caras foram capazes de mostrar bastante de si mesmos no palco. A casa estava quase cheia, e o público também se mostrava atento a esse grupo de Thrash Metal vinda da Grécia. Percebe-se que eles já têm um bom tempo de estrada, pois são muito seguros no palco, entregando um show enérgico. Também vi fãs convictos na plateia e prova- 14 -


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velmente agora ganharam muitos novos. Começaram bem com “Capital Of War”, do último disco “Division Of Blood”. Emendaram com “Bleeding Holocaust”, do álbum “Dead Again” de 2019. A ênfase continuou no último trabalho da banda com “Front Gate” e “Eternally To Suffer”. Veio então “Bloodbath”, do álbum homônimo. “Seed Of Evil” era uma das mais pedidas, do excelente disco “Divide And Conquer” (2014). Terminaram com “Moshing Crew” e “Apokathilosis”, esta mais antiga, do trabalho de 2009, “Sanctify The Darkness”. Excelente começo de noite! DEATH ANGEL Enganou-se quem pensou que a banda formada por jovens integrantes em 1982 tocaria seu mais recente trabalho, “The Evil Divide”, nesta turnê. Talvez pelo line-up e por ter passado pela Europa apenas um ano atrás, eles decidiram se concentrar em seus velhos sucessos. Infelizmente eles também tiveram pouco tempo para tocar. Começaram com “Evil Priest”, do disco “The Ultra-Violence” de 1987, seguido de “Left For Dead” e “Claws In So Deep” dos discos “The Dream Calls For Blood” e “Relentless Retribution”, respectivamente. Aí foi um festival de volta ao primeiro disco, vieram “Mistress of Pain”, “The Ultra-Violence” (ok, esta teve ‘Thrown To The Wolves’ do ‘The Art Of Dying’ grudada) e “Kill as One”. Terminaram com “The Moth”, como disse, a única do último disco lançado. Ver o Death Angel ao vivo é sempre bom, pois percebe-se que os caras se entrosam muito bem no palco e dão o sangue para fazer uma boa performance. SODOM

Um pequeno descanso e apareceu o So- 16 -


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dom, uma das principais bandas do Thrash teutônico. Bom, eles não precisam de introduções. Depois de tantas mudanças de integrantes, o grupo agora é um quarteto. Um dos novos membros é Frank Blackfire, que já esteve ao lado de Tom Angelripper. Agora o jogo mudou, desta vez a banda teve um set demorado, confirmando um status de segunda maior atração da noite. Iniciaram com “Christ Passion” do “Persecution Mania”, de 1987. A orquestra de “Angelripper” sempre foi mais famosa por obras seguindo um instinto agressivo, não muito pela virtuosidade. Não vejo o motivo de ter duas guitarras, mas se é vontade do dono, que assim seja. Com fãs cativos e diversos clássicos no bolso, não há como negar que foi um show intenso. O que mais dizer quando eles tocam “Outbreak of Evil”, “Sodomy And Lus”t, “Agent Orange”, “Remember The Fallen” e terminam com “Bombenhagel?”. Foi simplesmente excelente! EXODUS Teve Gary Holt? É melhor nem perguntar, sendo que o Slayer esteve bem ativo no ano de 2018. Mesmo sem o importante membro fundador, dá para ficar feliz com Lee Altus e Kragen Lum, pois são ótimos. O Exodus rodou a Europa por diversas vezes nos últimos anos, desde o lançamento “Blood In Blood Out” de 2014. Já está mais do que na hora deles entrarem em estúdio de novo e a promessa é que vão demorar um pouco para voltarem para cá. A banda literalmente é o próprio Thrash Metal cuspido e escarrado; sendo que, quando eles começam, pode ter certeza que vai ser pancadaria até o final. Apenas um pequeno estranhamento foi notado nesta turnê. Nenhuma das músicas gravadas com o Rob Dukes foram tocadas. Uns gostam, outros torçem o nariz, enfatizando a potência da voz de Dukes. - 18 -


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Mesmo assim, Zetro sempre entrega uma performance de qualidade, sendo um grande anfitrião e entretendo a platéia. O setlist completo acompanha uma música do Metallica que é totalmente desnecessária, pois o Exodus não precisa prestar tributo pra ninguém. 01. Bonded by Blood 02. Exodus 03. And Then There Were None 04. Body Harvest 05. Impaler 06. Fabulous Disaster 07. Metal Command 08. Piranha 09. A Lesson in Violence 10. Blacklist 11. Motorbreath (Metallica) 12. The Toxic Waltz 13. Strike of the Beast - 21 -


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Texto Virginia Pezzolo | Foto Tarakum Photography

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Suicidal Angels é uma banda que foi formada no início de 2001, época em que o fundador Nick Melissourgos tinha apenas 16 anos de idade. Os primeiros passos musicais que a banda seguiu foram na linha Old School Thrash Metal, a maior influência musical de Nick. Isso é bastante óbvio na primeira demo da banda, “United by Hate” (julho de 2001), que hoje em dia é bem difícil de encontrar. Naquela época, o Suicidal Angels era mais uma banda de escola sem muitas pretenções. Depois de algumas mudanças na formação inicial, Nick conhece Orfeas Tzortzopoulos (bateria) e nasce uma química musical única. A banda grava sua segunda demo, “Angels’ Sacrifice” (2003) e as coisas gradualmente se tornam mais sérias. O primeiro disco, “Eternal Domination”, foi lançado 2007. O álbum recebeu críticas muito boas em todo o mundo e o Suicidal Angels embarcou em uma turnê interminável para promovê-lo. Em maio - 24 -


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de 2007, a banda fez um de seus shows mais importantes, apoiando o Kreator em Atenas, na Grécia. Mille Petrozza ficou impressionado com a banda. Em novembro de 2007, o Suicidal Angels fez uma turnê com os pioneiros do death metal Massacre na Europa. Assim, ficaram definitivamente seu nome no Thrash Metal. Em 2009, saiu o segundo álbum chamado “Sanctify the Darkness”. O terceiro longplay intitulado “Dead Again” foi lançado em 2010. Desde então vieram “Bloodbath” (2012), “Divide and Conquer” (2014) e “Division Of Blood” (2016) fixando o Suicidal Angels como uma banda estável no Thrash Metal atual. Conversei com o vocalista e guitarrista Nick em Breslávia, na Polônia e ele contou os planos futuros da banda. Vocês tocaram apenas uma vez no Brasil, como foi a experiência? As pessoas são lunáticas. Não dá pra explicar. A gente esteve no Brasil em 2013, foi maluco. Passamos por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba... Que mais? Porra, eu não me lembro. Mas foram shows doidos. Boa hospitalidade, as pessoas foram muito amigáveis. E com certeza a gente quer voltar, talvez ver um pouco do país. Me lembro também que as pessoas no Brasil dirigem como loucos, mas essa é outra história. Vocês tem oferta de shows na América do Sul? Ou fica mais difícil pela logística da coisa? Não fica mais difícil, é o que eu acho. É tranquilo, até mesmo antes dessa turnê no Brasil, nós tivemos outras ofertas na América Latina. Porém, também acontece muito de pessoas que parecem organizadores de shows, mas são picaretas. Já aconteceu no passado de termos alguns problemas, então agora somos mais cuidadosos. Acredito que com o novo álbum a - 26 -


gente vai voltar, há possibilidades. O Suicidal Angels é uma banda bem sucedida e tem lançado álbuns sólidos e arrojados. Como é fazer Thrash Metal sem cair nos clichês? Tem sim como expandir. E também não vejo como “old school”, “new school”, para mim no final é apenas música. O mais importante, como banda, é fazer a música que nós gostamos. Se temos público, excelente, mas essa é a prioridade número um. Talvez se possa até dizer que o primeiro, segundo álbum seria numa linha mais “lugar comum”. Porém, caindo na estrada, falando com as pessoas, tendo paixão pela música, observando como outros músicos trabalham... Juntando todas essas experiências, com certeza o nosso trabalho se torna algo mais pessoal, mais único como banda. Te força a fazer algo diferente. A gente não vai criar a roda, mas vamos fazer algo diferente. Como é o processo criativo da banda? Sei que nem todos vocês moram no mesmo lugar. Eu e o baixista moramos na Suiça, quase fronteira com a Alemanha. Antes a gente morou em Stuttgart por alguns anos, mas agora fica mais fácil. Não é complicado para os outros membros viajarem e ensaiarem com a gente. Morando assim, fica mais fácil na questão de shows. Nosso ensaio e preparação de um álbum é na base da tentativa e erro. Venho com as idéias e a gente vai tentando, repetindo, até poder sentir a música com todo nosso corpo. E por aí vai. Quais são os planos para o futuro? Esta turnê (MTV Headbangers Ball com Sodom, Death Angel e Exodus) é o último capítulo da divulgação do disco Division of Blood, que saiu 2016. Agora fechamos o ciclo. O verão - 27 -


europeu passado não foi muito agitado, a gente passou a maior parte do tempo compondo o novo disco, que vai ser o nosso sétimo lançamento. Nos concentramos mais nisso. Pedimos pro nosso manager para diminuir um pouco o ritmo para fazer o álbum. Fizemos o festival Alcatraz na Bélgica e o Motorcultor na França em agosto. Logo em seguida entramos no estúdio pra gravar a bateria na Alemanha. As guitarras foram gravadas em Atenas e daí eu levei todo o material pra Suécia para a mixagem e masterização. O álbum está quase pronto. Acho que vai ser lançado em breve, começo de 2019 e aí começamos uma nova turnê.

versando com alguns organizadores. Com certeza no começo de 2019 saberemos mais. Como tem sido a turnê MTV Headbangers Ball até agora? Pessoalmente falando, é como encontrar amigos, porque não é a primeira vez que eu toco junto com o Exodus e Death Angel. É a primeira vez que a gente se encontra com o Sodom. Com o Exodus e Death Angel a gente fez uma turnê em 2010, depois em 2011 e também em 2012. Nós ficamos muito felizes de sermos convidados porque não são apenas os shows que contam, mas também encontrar os amigos e toda essa coisa de camaradagem. A gente tem no backstage as mesma piadas de oito anos atrás, é muito legal.

Teria algum festival em 2019? Nós ainda não sabemos, estamos também terminando o artwork do novo disco, mas con- 28 -



Por Samantha Feehily (Wonder Girls )

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aneiro já começa com papel e caneta na mão... ou, no mínimo, um plano na cabeça. Eu não sei vocês, mas tirando o IPVA e IPTU (vida de adulta, tsc, tsc, tsc....), eu AMO essa época do ano. O tempo cronológico continua o mesmo, o que muda é a maneira como ele é avaliado. Cumprir tais metas ao longo do ano, no entanto, pode ser uma tarefa difícil. Época de renovar as energias, de colocar em prática os sonhos. E por mais céticos que sejamos, há uma esperança de dias melhores em todos nós! Para tal, conversei com a psicóloga Dra. Cristiane Pertusi sobre como colocar (de verdade!) em prática (e cumprir!) as metas de ano novo. Sabemos que é meio inevitável não fazer nenhuma promessa para si mesmo no

começo de ano. Mas para alcançar os objetivos traçados para o novo ciclo que se inicia não adianta só pular as sete ondinhas, comer romã, uva, beijar o próximo. É preciso que, de fato, você esteja apto para fazer as mudanças em sua vida. Descubra em que pontos da rotina dá para mexer de forma que seja possível seguir os novos hábitos. “Demarcar uma divisão no tempo parece amenizar o sentimento de angústia do que não se consegue controlar, do que está por vir, nos dando a sensação de mais autonomia diante da própria vida e nos tornando mais responsáveis pelas próprias escolhas. Porém, o limite que mostra até onde posso ir – com aquilo que está ao meu alcance – e onde devo parar é muito tênue”, explica a psicóloga. A profissional esclarece - 30 -


Beatriz Vieira

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que decodificar esses limitadores envolve autoconhecimento e investimento emocional. Para que a famosa lista de promessas seja cumprida com sucesso, é preciso – em primeiro lugar – verificar se esta é factível com a realidade e com as possibilidades da pessoa. “Criar altas expectativas, sem desenvolver primeiro as habilidades necessárias, pode aumentar o sentimento de frustração e desmotivá-lo nessa jornada de mudanças”. Feita tal mensuração, o segundo passo é a disciplina. “Disciplinar-se requer planejamento e organização. Por isso, para tornar essa nova etapa possível, apropriar-se de técnicas e ferramentas costuma ser de grande valia. Estruturar uma lista contendo itens que gostaria que fossem modificados, inserindo-os dentro de uma escala de prioridades, e em seguida implementá-los na rotina diária, costuma ser eficaz para a grande maioria”, explica. É importante, entretanto, tomar certo cuidado para não tornar-se escravo dessas regras, pois “saber reconhecer o momento que a vida pede flexibilidade faz com que a criatividade apareça e mostre outros caminhos”. Projetos que estão além dos nossos limites consomem muito da nossa energia e, portanto, fazem com que desistamos deles com facilidade. Temos que pensar em coisas viáveis e executáveis dentro do ano, que é um período de curto prazo. Além de demandar grande foco, a fase de mudança pode ser assustadora por deslocar o indivíduo de sua zona de conforto. Uma parte do nosso cérebro está programada para evitar situações estranhas que podem nos colocar em risco. A saída é fazer um esforço de inteligência para vencer essas programações defensivas e entender que as situações novas podem nos dar a oportunidade de crescimento. Temos que ver no estranho e no novo sempre algo que

pode ser apreendido e conquistado. Temos que encarar as mudanças como um desafio positivo que nos ensina a sermos melhores. Para a concretização dos objetivos, é importante a organização formal das metas. Todavia, os rituais não precisam ser deixados de lado. “A associação do que acontecia de bom ou de ruim na nossa vida com fenômenos da natureza, mesmo que em um passado remoto, fez com que víssemos um elo entre os dois. Então fazemos rituais como vestir-se de branco na virada do ano, comer sementes de romã, chupar uva etc. Não há nada de mal em fazer isso por diversão ou puramente como autoindução para buscar mais autoconfiança, mas, na verdade, não existe essa relação de causa e efeito. Temos que acreditar no nosso esforço, na nossa dedicação e coragem pois não há limites para o que possamos realizar”, resume Cristiane. Se a sua meta é: Começar um novo relacionamento É comum que mulheres à procura de compromisso criem expectativas a cada pretendente que conhecem, mas é preciso dosar a ansiedade. Nada de pensar que o primeiro que aparecer é o amor da sua vida. Ele pode até ser, mas, se você demonstrar desespero, irá afastar o rapaz”. Estar aberta às oportunidades e conciliá-las com o que a mulher realmente quer é a melhor estratégia para encontrar um parceiro que a faça feliz. Começar um projeto pessoal O segredo para o sucesso neste caso é começar algo que seja prazeroso; escolher uma atividade não por necessidade profissional, mas por hobby mesmo. A chance de desistir de um curso que não seja do agrado da mulher é - 32 -


Paula Ruus

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Heloisa (Loli) Peixoto

muito grande. É essencial também colocar o compromisso como parte importante da rotina, sem cancelar ou faltar por qualquer motivo.

ver o reconhecimento, é necessário repensar a permanência no emprego. Pagar as dívidas e guardar dinheiro Para cumprir esse objetivo, o primeiro passo é listar todas as pendências e verificar quais são as com maiores juros, para focar nelas em um primeiro momento. Não pegar empréstimo para pagar outras dívidas também é uma dica importante. O ideal é reservar 20% da renda para poupar ou investir, mas apenas quando já estiver tudo quitado.

Conseguir uma promoção ou um aumento É preciso ser realista com os pontos fortes e fracos e desenvolver algumas habilidades para atingir determinada posição. Se a profissional não se sentir valorizada, ela deve apresentar argumentos ao chefe que mostrem porque ela merece benefícios ou uma promoção. No caso de mesmo assim não ha- 34 -



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Texto Raphael Arizio | Foto Banda/Divulgação

Armaggedon é uma das novas bandas nacionais que chegaram para mostrar renovação no gênero extremo do Metal. Sua mistura de Death Metal com Grindcore vem obtendo um bom destaque nacional, e principalmente no Nordeste, onde sabemos que existe uma enorme cena para o Metal Extremo. Lançaram seu primeiro EP “Horda Infernal” e deixou a certeza de que a banda está no caminho certo. Conversamos com o baterista Will sobre os planos da banda, sua recente apresentação com o Nervochaos e sua união com bandas pernambucanas que deu origem a Metal Union Tour. A banda lançou o EP “Horda Infernal” em formato digital, como o público tem reagido? Existe a chance de lançarem em formato físico ou em outras plataformas digitais, como Spotify ou Deezer por exemplo? A reação do público tem sido bem positiva, lançamos o em formato digital no Youtube e estamos lançando no Spotify. Também fizemos o material físico que vendemos nos shows, ficou um trabalho muito bom. Foi lançado um webclipe para a faixa - 38 -


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Horda Infernal contendo várias imagens de horror e que remetem a vários filmes de terror. Até que ponto esse gênero de filme influência a banda? Procuramos algumas imagens bem perturbadoras para dá aquela ênfase na ‘’Horda Infernal’’ um conjunto de demônios que nos atormentam. A banda está em andamento com a Metal Union Tour, com outras bandas de Metal de Pernambuco. Como tem sido essa experiência de realizar uma turnê com bandas em conjunto? E como partiu essa ideia? A Metal Union Tour está sendo umas das melhores experiências que a banda está vivendo, a ideia partiu das bandas Scream e Confounded, ambas de recife, e nós recebemos o convite com muito entusiasmo para divulgar nosso trabalho junto com duas bandas de grande porte, é uma responsabilidade para a banda. A “Metal Union Tour” consiste entre vocês, Confounded e Scream. Como foi feita a escolha dessas bandas? Existe a possibilidade de mais banda se unirem a esta causa? A escolha foi feita através do contato entre as bandas, somos todos amigos, e já tocamos outras vezes fora do Metal Union, dai surgiu a ideia de unir as 3 bandas para fazer o máximo de show possível para divulgar os trabalhos. No momento apenas as três bandas participam da turnê, com a proposta crescendo e ganhando nome, o Metal Union Tour, pretende convidar várias bandas do cenário metal nordestino, e quem sabe lá na frente não fazer um evento de grande porte, estamos otimistas com a ideia. Há pouco tempo a banda divulgou a fi- 40 -


cha de todos seus integrantes, com seus gostos pessoais e influências de cada um. O que se pode perceber é que todos têm gostos bem diferentes uns dos outros. Como que a banda faz na hora de definir seu som e de compor suas músicas para saírem com a cara do Armaggedon? Os gostos pessoais de cada integrante são bem diferentes mesmo, cada um trouxe um pouco de si, para introduzir nas composições, assim com muitas ideias surgem várias melodias, mas no final a proposta é uma só. Vocês são uma banda relativamente nova, que já nasceu com o uso da tecnologia de uma forma que bandas antigas não tinham. Como a banda usa isso em prol da música e da divulgação de seu nome? A banda foi fundada em 2004, naquele tempo já existia toda essa parada de internet, mas não era tão aberta como hoje, isso é uma coisa que nós usamos a favor da banda, mandamos nosso som para fora do país em questão de minutos, apesar de ser fácil a divulgação, bandas de Rock, principalmente quando não é comercial, precisa de sorte e mostrar um trabalho profissional. Temos visto ultimamente muitos ídolos do Metal/Rock morrendo, ou encerrando as atividades, como Slayer, Vinnie Paul (Pantera), Black Sabbath, Chris Cornell, e muitos desses artistas não têm peças de reposição a altura de seu nome. Como a banda vê essa era da morte das bandas clássicas e como acham que o estilo estará daqui há algumas décadas? Nós acreditamos que estão surgindo bandas com o potencial que, com certeza irá ‘’tomar o - 41 -


tal Union Tour. Qual o balanço que a banda faz desse ano, e quais são os planos para 2019? O ano de 2018 nos fez amadurecer bastante, tanto musicalmente como nos palcos. A experiência de dividir palco com a Nervochaos e Nervecell nos fez abrir mais os olhos para nossos projetos futuros. Em 2019, esperamos fazer mais shows, lançar nosso álbum completo, clipes e viajar bastante levando o nome do metal nordestino pelo Brasil e mundo afora.

lugar’’ dos grandes, exemplo disso são bandas como Violator, Nervosa, Torture Squade, apesar de dizerem que o rock está morrendo, nós sabemos que ele renasce a cada década e vem muita banda boa por aí. Estamos procurando nosso lugar ao sol nessa jornada. O ano de 2018 foi muito importante para a banda, lançaram seu primeiro material, começar a fazer mais show, dividiram o palco com grandes bandas como o Nervochaos e realizaram a Me- 42 -



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O ano de 2018 foi caracterizado por uma enxurrada de excelentes shows nacionais e internacionais, sobretudo no segundo semestre. Felizmente, eu tive a oportunidade de fotografar os mais importantes shows deste referido ano e que englobaram estilos musicais tão distintos quanto a MPB e o metal extremo. Como consequência, produzi uma vasta quantidade de imagens que me agradaram imensamente. Uma dessas imagens é a do exímio guitarrista Richie Faulkner que integra o Judas Priest desde 2011. O Judas Priest, uma das mais importantes e influentes bandas de heavy metal de todos os tempos, foi o headliner da segunda edição do festival Solid Rock que ocorreu no Allianz Parque, em São Paulo, no mês de novembro. A minha expectativa antes do show era máxima, pois a iluminação em shows de rock que ocorrem em estádios costuma ser fantástica. Além disso, eu ainda não havia tido a oportunidade de fotografar esses monstros do heavy metal, apesar de a banda já ter vindo diversas vezes ao Brasil. Pouco antes do show começar uma garoa caiu e a chuva ameaçou atrapalhar todos os meus planos, mas felizmente ela cessou antes da banda subir no palco. Nos primeiros minutos de apresentação eu já tive o “feeling” em perceber que o Faulkner me renderia as melhores imagens, pois além do seu visual impecável, o músico tem uma presença de palco sensacional. O fato de o Judas Priest ter lançado indiscutivelmente um dos melhores álbuns de metal de 2018 também reforçaram a minha escolha. Portanto, a imagem que ilustra esta página também é a minha modesta homenagem a estes gigantes do metal mundial.

Renato Jacob

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Pei Fon Eu poderia tecer muitos adjetivos e inventar tantos outros para explicar um dos momentos mais alegres que tive em 2018. Estar presente na turnê comemorativa da banda que mais amo é indiscritível, mas para mim, enquanto profissional da fotografia, precisava de algo mais para me tornar completa. Eis que o grande dia chegou, naqueles vinto e oito dias de setembro, uma sexta-feira à noite, me assombrava com a emoção versus razão. Fotografar a banda do coração não tem preço, sabe?! Estava completamente concentrada para fazer as melhores imagens que já fiz e consegui. Aqui é o meu registro hipnotizante da vocalista holandesa Floor Jansen, do Nightwish.

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Fernando Pires

As bandas de Black Metal sempre são um belo convite à fotografia de shows pelo visual de palco. Costumo sempre levar uma tele aos shows. Apesar de carregar o peso, vale o resultado. A primeira foto (esquerda) foi feita com tele, sempre busco a riqueza de detalhes nesse caso principalmente quando o vocalista capricha na expressão somada ao corpse paint. Na segunda, a máscara é praticamente a foto somada aos olhos arregalados. Tenho várias fotos dessa sequência mas com o olhos abertos apenas essa, que faz toda diferença. - 49 -


Ao escolher a foto do ano, em meio a fotos de tantas bandas e musicistas incríveis que tive a oportunidade de fotografar em 2018, eu buscava uma que carregasse significado e representatividade. E foi em meio a essa busca que escolhi esta foto que fiz da Isa Nielsen, uma virtuosa guitarrista dinamarquesa, que adotou o Brasil como seu lar desde os dois anos de idade. Desde os seus quatorze anos estudando música, ela fez história com uma bela apresentação no festival Samsung Best of Bues, em São Paulo. O fato é que desde adolescente sou admiradora da figura feminina no rock e ao fotografar mulheres no palco, eu sinto um misto de alegria e orgulho, porque me sinto representada por elas, que tem papel fundamental no contexto musical, pois ajudam a romper barreiras e constroem trabalhos que servem de inspiração e influência para várias gerações de mulheres, que como eu batalham por um espaço em meio a um cenário predominantemente masculino. E é por essas e outras, que é chegada a hora de homenageá-las!

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Marta Ayora


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Bárbara mARTNS A banda holandesa Epica retornou a São Paulo no Tropical Butantã no dia 10 de Março, com a turnê do álbum “The Holographic Principle”. Em uma casa de shows lotada, o Epica realizou um show intimista para a legião de fãs que acompanham a banda por toda sua trajetória. Escolhi essa foto, pois além de ser uma das minhas bandas preferidas, também acompanho a banda por mais de 14 anos, já atingindo o número de 15 shows assistidos, desde a primeira vinda ao Brasil em 2005, e também em Buenos Aires e no festival Download Festival em Paris. Nessa passagem pelo Brasil tive a oportunidade de fotografar o show exclusivamente para a banda, e por esse motivo essa é uma das minhas fotos com mais repercussão na fotografia musical, e claro, uma das preferidas pelo valor sentimental.

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eDI fORTINI Eu sei, meu ano foi monotemático falando sobre shows, mas não poderia ser diferente! São mais de 20 anos esperando pelo Nick Cave retornar ao Brasil. Adicione a isso ter os principais críticos mundiais de música descrevendo o espetáculo do cara como sendo um dos melhores do mundo, como uma catarse coletiva. Imagina a expectativa da garota aqui como estava nas alturas. E digo: esse show superou minhas expectativas. Ali vivenciei algumas emoções inéditas em shows para mim. Quem esteve lá sabe do que estou falando, porque as palavras faltam. E esse foi o motivo de escolha dessa foto que fiz do meio da plateia usando uma câmera compacta: a emoção está presente no ato da fotografia em si, seja ela com uma câmera profissional ou não. Pode não ser perfeita tecnicamente, mas a emoção está ali, presente, trêmula, perfeita, subjetiva. E eternizada.

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Texto “Metal Mark” Garcia | Foto Mauricio Melo

1985

Havia me tornado exclusivamente fã de Heavy Metal há poucos meses por conta do Rock in Rio (embora eu goste de Metal desde 1983, e de Rock desde os 4-5 anos). Como na época não havia internet e suas facilidades, dependia muito da TV, não sabia de absolutamente nada sobre cenário, estilos, enfim, era apenas um principiante. Em um belo dia de maio daquele ano, vendo o finado BB Vídeo Clip (um programa de vídeos na finada TV Record, no canal 9), fui apresentado ao lado mais barulhento e agressivo do Metal. Uma dobradinha com “One Track Mind” e “I Got Mine”, e lá estava aquele coroa com suíças, verrugas, óculos Ray Ban, baixo Rickenbacker e uma voz rasgada de arrancar verniz de móveis. Confesso que não - 58 -


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gostei de “One Track Mind” de cara, mas amei “I Got Mine”. Um nome: Motörhead! Óbvio que o tempo foi passando e eu fui me interando mais e mais com o trabalho do grupo. Mas sempre foi uma relação estranha: havia hinos do grupo que eu adorava como “Ace of Spades”, “Iron Fist” e outras. Mas existiam outras que eu nem chegava perto, justamente as que eram mais cadenciadas. Isso acontecia porque, em essência, sou um primeiramente um fã de Hard/AOR que acabou embarcando no Metal extremo. Ou seja, gostava de coisas pesadas e melodiosas como Iron Maiden e Saxon, mas adorava coisas velozes e agressivas como Exodus, Possessed, Hellhammer e outros. Para ser sincero, aquelas músicas mais cadenciadas de todas essas bandas eu fui aceitando, e depois gostando. Infelizmente, nessa época, o Motörhead acabou saindo da evidência por conta até mesmo dos problemas da banda com selos (uma olhada na biografia White Line Fever mostra isso), o que os afastava da mídia. Até gostava, mas aquela velha ideia de uma banda de “boas música, outras nem tanto” inicial persistia. Mas o meu gosto musical foi evoluindo com os anos, eu amadureci. Tive discos do Motörhead, mas sempre a mesma ideia. Até que vi o show da banda no Monsters of Rock de 1996. Nunca mais esqueci o massacre sonoro, a força do grupo. Pronto: a insistência do Mr. Rock ‘n’ Roll enfim me ganhou completamente.

2015

No dia 28 de dezembro, conversava sobre Metal com o amigo Fernando “Cê é Loco” Passos pelo Messenger sobre algum assunto de música, e ele me falou que alguém havia postado algo sobre Lemmy ter falecido. Pronto, não dormi mais e fiquei esperando as notí- 60 -


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cias. Infelizmente, era verdade... É bem verdade, eu creio, que a maioria de todos nós já esperávamos por isso. Lemmy já vinha mal há anos, desde o lançamento de “Aftershock”. Era shows e mais shows cancelados, que a banda não acabava, porque a saúde do “velho” estava muito mal. No Monsters of Rock no Brasil, em 2015, ele estava desidratado após ter complicações gástricas. Desde que fora diagnosticado como diabético e hipertenso no início dos anos 2000, a saúde de Lemmy foi piorando, primeiro lentamente, mas de 2013 até 2015, a degeneração dela foi se tornando cada vez mais rápida. Por uma fina ironia do destino, Lemmy nascera no dia 24 de dezembro, e seu aniversário de 70 anos foi comemorado em grande estilo por ele e amigos em 13/12 no Whisky A Go Go, em Hollywood (Lemmy morava em Los Angeles desde 1990). Lá estavam Slash, Duff McKagan, Matt Sorum, Gilby Clarke, Robert Trujillo, Steve Jones, Scott Ian, Billy Duffy, Whitfield Crane, Sebastian Bach, Billy Idol, entre outros, que nem imaginavam que a comemoração seria um último adeus. A junção de um câncer na próstata, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca levou o Senhor Rock ‘n’ Roll. Silêncio! Eu já estava antenado completamente com a banda e havia resenhado Bad Magic, seu último disco de estúdio. Agora eu era fã e finalmente conseguia resenhar um de seus discos. Agora eu compreendia o que era o Motörhead e sua selvageria. Agora eu entedia o quanto Lemmy significava para o Metal e para o Rock como um todo. Na música, é simples: se não existisse esse velho calhorda (no bom sentido), não existira Metal extremo. Por isso o Motörhead é considerado como um dos 3 pilares do Metal, - 63 -


ao lado do Black Sabbath (o criador) e do Judas Priest (o modernizador, o canonizador do que é Heavy Metal em essência). Mas Lemmy era mais que o baixista/vocalista do Motörhead. Era uma figura, um ícone cultural, e como costumo dizer, o irmão mais velho, aquele tiozão bonachão e amigo que te ensinou a fumar e beber, aquele paizão sacana que te ensinou a bolinar a empregada boazuda quando sua mãe não estava em casa. Mas ao mesmo tempo, era um cavalheiro com visões sobre muitos assuntos que transcendiam seu tempo. Além disso, com o testemunho de seus erros na carreira, muitos aprenderam como lidar com os aspectos mais espinhosos do show business. Para mim, que lhes escrevo estas linhas, esses três anos não foram simples. Ficou o vazio que a personalidade chamada Lemmy Kilmister deixou, mas ficou também seu legado musical (pois cada vez que ouço um disco ou música do Motörhead, ele vive novamente, canalha como sempre), além de suas histórias e opiniões fortes que inspiram-me. Não canso de rir e lembrar muitas que ele aprontou em vida e que eu pude ler nas revistas, como quando atendeu um telefonema em meio à entrevista que concedia ao Toninho Pinary da Rock Brigade em 1985, balbuciou algo e mandou a pessoa (uma mulher que procurava pelo finado Wurzel) se f**** com todas as letras; o de quando tascou um beijo em uma mina desprevenida na coletiva quando o grupo (então um quarteto) veio ao Brasil pela primeira vez. Lemmy nasceu para perder, mas viveu para ganhar. E ganhou você, a mim, a todos nós, os seus fãs...

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Texto Pei Fon | Foto Banda/Divulgação

N

ão tão distante do nosso objetivo, fomos além mar e conhecemos o Mnemocide, banda suiça que nasceu um dia desses, mas mostra personalidade, ambição e quer conquistar o seu lugar. Aproveitando a maré, trocamos algumas palavrinhas o vocalista Matthias e você pode conferir agora mesmo. É costume que bandas novas se apresentem. Por favor, quem é Mnemocide? Somos cinco caras que se conhecem há muitos anos de um projeto anterior. Somos bons amigos e compartilhamos o amor pela música extrema, principalmente o death metal. Com o Mnemocide nós honramos as raízes desse estilo de música: cru, bem pesado e intenso. Para início de conversa, o que significa Mnemocide? Qual é a história por trás do nome da banda? - 68 -


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Mnemocide significa: Assassinato da memória. Se você observar a história da humanidade, verá que as tragédias do passado não têm nenhum impacto profundo no comportamento futuro da nossa espécie. Isso quer dizer que apesar de termos sofrido tanto por conta de guerras e por poluir nosso planeta, continuamos a repetir a mesma merda sempre. Essa cegueira nos conduzirá, cedo ou tarde, a um obscuro e frio futuro. Onde a sociedade terá um colapso e o caos e a destruição reinarão. Esse será o resultado do chamado «assassinato da memória». Se não formos capazes de aprender com o passado, a extinção nos aguardará no futuro. Vocês praticamente nasceram ontem. Acabaram de lançar seu primeiro EP “Debris”. Como tudo iniciou até chegarem ao seu début? Mnemocide nasceu 2017 com o Chris (Guitarra), Richy (guitarra); Niggi (Baixo), Laurent (bateria) e eu (Matthias) nos vocais. Assim finalizamos nosso projeto anterior para focar na nossa visão de uma banda de Death Metal muito boa. Com o sentido de montar uma banda nova veio muita energia e motivação. Nesse meio tempo nós tivemos nossos primeiros shows (teremos mais a seguir) e gravamos o EP “Debris” (no estúdio Iguana com o produtor Christoph Brandes). “Debris” é nossa declaração à cena metal: Aqui estamos. Inicialmente escutando ‘Debris’ tenho a sensação de ser ‘músicas de guerra’, caos. Soa até ‘Mad Max’. “Only Shades” me dá essa margem. A intenção é essa mesmo? Essa é exatamente nossa intenção. Você não poderia ter nos dado um elogio maior. Então soubemos: missão cumprida. Seu sentimento está absolutamente certo. É nossa proposta - 70 -


criar essa imagem aos ouvintes. Vocês são de Basel, na Suíça. O que podem falar da cena Rock/Metal? O que podemos lembrar logo de cara são de outros suíços, o Eluveitie. Sim, Eluveitie é bem conhecido na cena. A cena de Basel cresceu bastante durante os últimos anos. Temos muitas bandas interessantes como Gurd ou Total Annihilation (Thrash). Muitas bandas especiais e únicas como Zatokrev, Schammasch, Cold Cell e especialmente Zeal and Ardour. Zeal and Ardour faz uma fusão de música gospel com black metal. A cena metal da nossa cidade vale a pena de se acompanhar. Há muitas bandas por aí! “Pawns” é poderosa. Um passeio com riffs pesados e um vocal cheio de ódio. Fale um pouco sobre essa música. Pawns é uma música sobre soldados. Mas não do estilo glorioso. É uma espécie de rebanho que marcha num tabuleiro de xadrez de política internacional. Sacrificado como cânone da forragem para conquistar mais poder e influência para os que estão por trás da cortina. “Collapse” é bem no sentido de sua palavra. Fazendo um paralelo com a atualidade, onde vocês enxergam esse colapso? Nós podemos ver o colapso em todos os lugares. A destruição do nosso planeta está acontecendo muito depressa e muitas espécies estão próximas da extinção. A humanidade perde sua confiança nas instituições internacionais, nações, governos, globalização, ciência, religião e tudo mais. Se toda a confiança em tudo se foi, por que manter a sociedade unidade? O que sobrará? Eu acredito que será o caos, os clãs e os punhos direitos. Se não há nenhuma grande história para seguir que nos traga con- 71 -


forto e identidade aos homanos, o caos prevalecerá. Espere e veja… “Soul Collector” chama atenção já pelo nome. Sem entrar muito no som, o que vocês acreditam que seja um coletor de almas? Seria bom ou ruim? É sobre as trevas que vivem dentro de cada um. É só uma questão de quão profundo você deve cavar para descobrir. Em certas circunstâncias, as almas de todas as pessoas podem ser infectadas. O colecionador de almas traz o ódio, desespero e a violência. Ele está dormindo em você… então não o alimente. No texto de apresentação vocês deixam claro que querem conquistar. O que querem de fato? Estão prontos? Claro que queremos espalhar ao mundo o nome da banda, a música e nossos conceitos. Queremos ser respeitados na cena, alcançar e influenciar muitos headbangers com nossa música. Conquistar o mundo? O tempo dirá… Brasil. O que vocês sabem sobre a nossa cena, o nosso país? Como é transmistida a nossa imagem para vocês? Acredito que quase todo mundo conheça o Sepultura. Outra grande banda do seu país é o Krisiun. E claro, todas as bandas com os irmãos Cavalera. Acredito que há um grande número de bandas ótimas no Brasil. Quais você recomenda? Top 5. Dentre as suas inspirações, quais os cinco melhores lançamentos de 2018? Fale um pouco sobre cada uma. É difícil para nós escolher apenas 5 bandas que nos influenciaram. São tantas bandas fantásticas com tanto metal oldschool e temos muitas influências. Dentre os lançamentos de 2018, destacamos:

• Weak Aside: Forward into Darkness • Sulphur Aeon: The Scythe Of Cosmic Chaos • Crescent: The Order Of Amenti • Wombath: The Great Desolation • Bloodbath: The Arrow of Satan is Drawn • Judas Priest: Firepower - 72 -


Por fim, o que podemos esperar de vocês para 2019? Sucesso e muito obrigada! Teremos alguns shows na Alemanha e Suíça, então fiquem de olho na nossa página do Facebook para ver as datas: facebook.com/ mnemocide. E pretendemos voltar ao estúdio

Iguana na primavera para gravar mais sons para nosso próximo lançamento, então fiquem antenados. Muito obrigado pela entrevista e quem sabe tocaremos no Brazil algum dia… quem sabe…

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Luciano Piantonni – Lanciare Comunicação

Judas Priest - Firepower Mx - A Circus Called Brazil Voivod - The Wake Gruesome - Twisted Prayers Tosco - Revanche

Warrel Dane - Shadow Work Cérebro De Galinha - Sociedades Secretas Nervosa - Downfall Of Mankind Dee Snider - For The Love Of Metal Saxon - Thunderbolt

Pedro Humangous – Hell Divine

Revocation - The Outer Ones Obscura - Diluvium Anaal Nathrakh - A New Kind Of Horror Mayan - Dhyana Ihsahn - Ámr

Deicide - Overtures Of Blasphemy Exmortus - The Sound Of Steel Fleshpyre - Unburying the Horses of War Powerwolf - The Sacrament Of Sin Soulfly - Ritual

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Tony monteiro - Redator Roadie Crew

Greta Van Fleet – Anthem Of The Peaceful Army Paul Mccartney – Egypt Station Lucifer – Lucifer Ii Roger Daltrey – As Long As I Have You Black Label Society – Grimmest Hits

Judas Priest – Firepower Magpie Salute – Mary The Gypsy St. Madness – Bloodlustcapades Casch – High Level Low Profile Baranga – Motör Vermelho

‘Metal Mark’ Garcia – Heavy Metal Thunder

Orphaned Land - Unsung Heroes & Dead Messiahs Riot V - Armor of Light Amorphis - Queen of Time The Night Flight Orchestra - Sometimes the World Ain’t Enough Judas Priest - Firepower

Creye - Creye Dimmu Borgir - Eonian Kamala - Eyes of Creation Saxon - Thunderbolt Witchery - I Am Legion

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Carlos Pupo (Headbanger News)

Behemoth - I Loved You at Your Darkest Judas Priest - Firepower Primal Fear - Apocalypse Watain - Trident Wolf Eclipse Korpiklaani - Kulkija

Sinaya - Maze of Madness Nervosa - Downfall of Mankind Grave Digger - The Living Dead Amorphis - Queen of Time Stormwitch -Bound to the Witch

Costábile Salzano JR – The Ultimate Music

Behemoth - I Loved You at Your Darkest A Perfect Circle – Eat The Elephant Amorphis - Queen of Time Watain – Trident Wolf Eclipse Sleep - The Sciences

Marduk - Viktoria Deafheaven - Ordinary Corrupt Human Love Black Label Society - Grimmest Hits At the Gates - To Drink From the Night Itself Unleashed - The Hunt for White Christ

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Alcides Burn – Rock Meeting

Monstrosity - The Passage Of Existence Behemoth - I Loved You At Your Darkest Deep Memories - Rebuilding The Future Deicide - Overtures Of Blasphemy Unleashed - The Hunt For White Christ

Krisiun - Scourge Of Enthroned Crematory - Oblivion Decomposed God - Storm Of Blasphemies Funeratus - Accept The Death Angra – Omni

Pei Fon – Rock Meeting

Amorphis – Queen of Time Powerwolf – The Sacrament of Sin Orphaned Land - Unsung Heroes & Dead Messiahs Mayan – Dhyana Auri - Auri

Angra - Omni Nervosa - Downfall Of Mankind Krisiun - Scourge Of Enthroned Bloodbath – The Arrow of Satan is Drawn Decomposed God - Storm Of Blasphemies

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Augusto Hunter (Portal do Inferno)

Oceans Of Slumber - The Banished Heart Judas Priest - Firepower Warrel Dane - Shadow Work Saxon - Thunderbolt Between The Buried And Me - Automata II

Sleep - The Sciences Ihsahn - Ă mr Krisiun - Scourge Of The Enthroned Obscura - Diluvium DeafHeaven - Ordinary Corrupt Human Love

Charley Gima - fUTEROCK

Angra - Omni Judas Priest - Firepower Dee Snider - For The Love Of Metal Myles Kennedy - Year Of The Tiger Behemoth - I Loved You At Your Darkest

Disturbed - Evolution Tremonti - A Dying Machine A Perfect Circle - Eat The Elephant Sevendust - All I See Is War Ministry - Amerikkkant

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Alexandre Afonso (Rádio Rock Freeday)

The Night Flight Orchestra - Sometimes the World Ain’t Enough Amorphis - Queen of Time Angra - Omni Judas Priest - Firepower Ghost - Prequelle

Greta Van Fleet - Anthem on the Peaceful, Army Lúcifer - II Armored Dawn - Barbarians in Black Warrel Dane - Shadow Work Behemoth - ‘I Loved You at Your Darkest’

Erick Tedesco - Tedesco COmunicação & Mídia

Fiddlehead - Springtime and Blind Habitants - One Self Basement - Beside Myself Hopesfall - Arbiter The Spacetime Ripples - Legend of Creation

Earthless - Black Heaven War Industries Inc - WWIII Gods & Punks - Enter the Ceremony of Damnation Carson Wells - No Relic Psilocibina - Psilocibina

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Texto e Fotos Edi Fortini

E

m dezembro, o duo paulistano Psychotic Eyes lançou “Olhos Vermelhos”, que de acordo com o release da banda, é o primeiro disco acústico de death metal da história. Feito e produzido diretamente pela banda, levou alguns longos anos para ser finalizado e acompanhou diversas mudanças na banda e com seus integrantes. Hoje, o duo é o Dimitri Brandi (vocal e guitarra) e o baixista/ violonista/vocalista Douglas Gatuso. Batemos um papo com o Dimitri dias atrás, você confere agora o resultado e os links para acompanhar o trabalho deles.

Vocês acabaram de lançar o que vocês chamaram de “primeiro disco acústico de death metal da história”, o “Olhos Vermelhos”. O trabalho levou alguns anos para ficar pronto e acompanhou várias mudanças pelas quais vocês passaram. Conta pra gente como foi a concepção e a execução deste projeto. Anos mesmo! Foi muito difícil. Tudo começou quando perdemos nosso baterista, o Alexandre Tamarossi, que fundou a banda comigo lá nos idos de 1999. Ele anunciou que não con- 82 -


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seguia mais continuar. Começamos a procurar um substituto, lamentando muito a saída do amigo. Não encontramos ninguém. Nesse meio tempo, uma faixa nossa saiu na coletânea “Ainda respira”, que reunia diversas bandas de rock brasileiras, da revista “Gatos & Alfaces”, editada pelo Luiz Carlos Chichetto, o poeta, radialista, webdesigner e crítico de música também conhecido como Barata. Haveria um show de lançamento e eu comentei com ele que seria legal tocarmos, mas não tínhamos baterista. Ele, meio que de brincadeira, propôs que tocássemos um número acústico. Rimos muito da ideia mas aquilo virou a semente de algo mais sério. O que motivou vocês a fazer um disco de death metal acústico? Principalmente foi a vontade de fazer algo diferente. Eu toco desde os quinze anos de idade e nunca gostei muito de copiar, sempre tive uma preocupação com a inovação. O Psychotic Eyes é uma banda que inovou sempre. Claro, nunca fizemos algo tão radical quanto isso, pois acabamos criando um estilo musical novo, inédito e inusitado, que mistura extremos (metal extremo!). A extrema brutalidade dos vocais guturais com a extrema suavidade dos violões acústicos, sem percussão, sem baixo, sem nada eletrificado nem nada intenso no instrumental, senão os berros e gritos guturais que caracterizam o Death Metal. Acho que conseguimos mostrar que o estilo é muito mais do que isso, pois a falta de guitarra ultradistorcida, de riffs técnicos e pesados, de baixo pulsante e distorcido e de uma bateria tocada em alta velocidade, ainda assim o estilo que está lá é Death Metal. O macabro, o agressivo, o melancólico e o depressivo que aparecem nos arranjos de violão mostram que o Death Metal é mais do que isso e não depende, necessariamente, da massa sonoro agressiva dos - 84 -


timbres tradicionais. Vocês pretendem fazer shows com essa modalidade? Já fizemos um, na galeria Olido, muitos anos atrás. A repercussão desse show foi tão boa que nos incentivou a gravar o disco. Não teríamos tido essa ideia não fosse o show. Foi um evento organizado pelo Luiz Carlos Chichetto, o Barata, em que se misturava rock e poesia, com uma exposição de arte belíssima da pintora gaúcha Nua Estrela. Por coincidência, ela que desenhou a capa do disco, e o Barata escreveu a letra da faixa título. Ou seja, tudo o que viria a ser o EP já estava nesse evento. Há uma filmagem do evento no YouTube. Fiquei aqui imaginando num show, vocês fazendo covers de alguns clássicos do death metal em versão acústica. Vocês já têm algo pronto? Ou pensam em fazer isso também? No show da galeria Olido tocamos “My Kantele”, do Amorphis. Mas é uma música que a própria banda já havia apresentado em versão acústica. Temos ideias para outras versões, mas nada definido ainda. Além das óbvias “Desolate Ways” do Morbid Angel e “Voice of the Soul” do Death, que são instrumentais. Eu, particularmente, adoraria fazer uma versão acústica do Cannibal Corpse, acho que eles tem um lirismo inexplorado, que se destacaria muito numa versão com violões! Durante a troca de e-mails nesta entrevista, vocês disseram que hoje não usam mais um logotipo. Comentem sobre, o que levou a essa escolha e por quais motivos? “Psychotic Eyes” já é um nome difícil, não ajuda nada na divulgação da banda. Nosso logotipo é aquele formato clássico das bandas de - 85 -


composição. Essa letra é um poema do Luiz Carlos Chichetto, o poeta Barata. Ele publicou esse poema na finada (infelizmente) revista Gatos & Alfaces. Eu adorei e pedi permissão para musicar. Ele concordou na hora. Compus uma harmonia baseada na letra, o que é muito difícil, pois geralmente trabalho o instrumental e a melodia vocal antes das palavras. No caso da “Olhos vermelhos” tive que fazer o caminho inverso: partir das palavras, pensando uma melodia na voz e um arranjo instrumental. A música seria uma composição normal do Psychotic Eyes, o Alexandre chegou a trabalhar em arranjos de bateria. Mas aí ele saiu e nossa única possibilidade de lançar a composição seria no formato acústico. Eu e o Douglas trabalhamos no arranjo de dois violões e o resultado é o que se

death e thrash metal das décadas de 80 e 90. Ou seja, difícil de ler. Acho que não precisamos dessa estética mais. Na capa do EP nem tem o nome da banda nem do álbum, só a arte da Nua Estrela. O quadro é tão lindo que seria um crime profaná-lo com letras ou palavras em cima, só pela intenção comercial. Não precisa isso. Até porque, como a maioria das pessoas vai ouvir pelo streaming, em algum lugar aparecem o nome da banda e da música, essas informações não precisam estar na capa. Não foi cópia do Led Zeppelin ou do Pink Floyd, juro! É que hoje em dia logotipos e títulos na capa são desnecessários e inúteis, quando sua intenção não é comercial, mas artística. Como surgiu a faixa Olhos Vermelhos? Contem um pouco sobre o processo de - 86 -


Foto: Bolivia e Catia Rock

ouve no EP!

sempre tive o maior cuidado com as letras, é algo que eu gosto muito de fazer. Mas compunha em inglês, não adiantava, ninguém prestava atenção nem se comovia com as palavras. E veja que no encarte do nosso primeiro CD, o único que saiu físico, coloquei a tradução de todas as letras. As bandas brasileiras precisam passar a compor em português, sua pergunta mostra que essa é a única maneira de realmente atingirmos nosso público. E não digo isso por causa de algum preconceito estético ou radicalismo, pois sempre compus em inglês e minhas músicas favoritas de metal são cantadas em inglês. Acho que nossa situação é diferente da Europa. Uma banda alemã pode compor em inglês e tem certeza de que o público vai entender, pois lá todo mundo fala inglês como segunda língua. Nada mais distante

A letra é maravilhosa! Há bastante lirismo ali. Percebo que há uma veia de literatura grande na banda. O que vocês usaram como influência para a letra? Obrigado pelo elogio! O Barata vai ficar feliz. Ele é um excelente poeta, com dezenas de livros publicados, mas, infelizmente, não obteve ainda o devido reconhecimento, talvez por não se submeter aos ditames do mercado editorial falido que há no Brasil. Sua pergunta é muito interessante, e me fez perceber uma coisa: essa é a primeira vez, em quase quinze anos de carreira, em que alguém me pergunta, em uma entrevista, sobre uma letra da banda. Acho que isso mostra a importância de uma letra em português. Eu - 87 -


da nossa realidade. Felizmente, muitas bandas brasileiras estão adotando o português como idioma das composições.

ma, basta adaptar a pronúncia. Nossa língua é muito fonética, mais do que o inglês, em que se pode “engolir” sons sem problemas. No nosso caso isso não é possível, nosso entendimento depende da pronúncia de todas as sílabas das palavras. Por isso, eu acho, o Rap brasileiro é tão forte e fica tão esquisito uma canção de metal melódico em português.

Quais são os próximos passos para a banda? Já vão iniciar um novo álbum? Temos composições suficientes para até mais do que um álbum. Mas não temos baterista, não somos hoje uma banda completa. Não pretendo gravar outro disco acústico, esse processo todo foi muito difícil, demorado e desgastante. Mas não descarto haver uma ou duas faixas acústicas no próximo trabalho, quem sabe misturando instrumentos inusitados no death metal como piano, saxofone, percussão, sei lá. Por enquanto são somente ideias. O que tenho claro para mim é que vou me esforçar para compor em português. Gostei muito da sonoridade brutal da minha voz no nosso idio-

Obrigada pelas palavras! Esse espaço aqui é pra vocês dizerem algo aos nossos leitores. Fiquem à vontade! :) Eu que agradeço o espaço, te parabenizo pelo maravilhoso trabalho e aproveito para convidar a todos os leitores a ouvirem o primeiro disco acústico de death metal da história. Não é todo dia que você ouve um estilo musical novo, ainda mais criado aqui no Brasil! Amando ou odiando, ouçam e comentem! - 88 -



Drowned - 7th

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Morbid Angel - Altars of Madness

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Bathory - Under the Sign of the Black Mark

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Pagan Throne - Pagan Empire & Live Thorhammerfest

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Rotting Christ - Genesis

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Saturnus - Veronika Decides to Die

Marcos Garcia é formado em Física pela UFF/RJ, Mestre e Doutor em Geofísica pelo ON/MCTIC/RJ. Headbanger desde 1983, é redator-chefe do Metal Samsara, colaborador da Rock Meeting, Metal Temple (Europa) e The Black Planet (Europa). Tem apreço pelos bangers e bandas mais jovens, respeitando o passado, esperando o futuro, mas sempre com a mente no presente.

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Texto Renata Pen | Foto Banda/Divulgação

E

m 2016 Ricardo decidiu brincar com seu baixo, quando se deu conta estava com sete músicas, que imediatamente ele gravou para ter guardado. Nesta época ele ainda estava no Centúrias. Decidiu então falar com seu amigo batera Julio Principe sobre suas músicas e pediu que ele escutasse, até porque o que havia criado não poderia ser usado pela banda, pois não era heavy metal. Ele levou o pen drive pra casa, animou-se e adicionou a bateria ao baixo, e logo decidiram que as músicas seriam apenas instrumentais. Mas por algum motivo Julio decidiu largar a música, deixando Ricardo sem ter o que fazer. Apenas em janeiro Ricardo convidou Miguel para dar continuidade aos projetos da Cozinha dos Infernos. E foi com uma proposta milionária e um projeto de uma turnê intergalática que Ricardo Ravache convenceu o Migdiablo com um ótimo humor a embarcara nesta nave.

com outro baterista. Daí, o Miguel assumiu as baquetas de forma magistral. Quando a música é instrumental, como é para dar nomes a ela? Boa pergunta. Às vezes demora para “baixar” o nome. Mais ou menos como uma psicografia. Obviamente não quero fazer comparações no aspecto técnico, mas imagine o que acontece na música erudita na verdade é uma moldura para motivar a imaginação do ouvinte. Digamos, “O lago dos cines” tem todo um aparato com orquestra e corpo de balé, tudo para contar uma história subjetiva. Sem palavras, é mais ou menos isso. Como e quando vocês pretendem lançar este material no qual estão trabalhando? Já existe um material disponibilizado no Spotify, Deezer e Youtube, ainda com o antigo baterista. São cinco músicas, uma “demo”, a Demo dos Infernos. Agora, com o Migdiablo, o novo baterista, estamos produzindo mais seis gravações. Ele já fez a parte dele e logo estarei gravando minha parte. Daqui um mês, mais ou menos.

O que houve com o Centúrias? Sinceramente eu não sei dizer. Como fui excluído da banda sem ao menos ter uma conversa, fiquei naquela situação de cachorro que caiu do caminhão de mudança. A Cozinha dos Infernos ficou com o baterista do Centúrias? O baterista da Cozinha não é mais o mesmo do Centúrias. Apesar de ter contribuído muito no início da dupla, o Júlio Principe, em determinado momento, desencanou da música. Esperei quase meio ano e combinei com ele e chegamos a um acordo. Que eu continuaria

Já pensaram como vão fazer para divulgar o trabalho de vocês? A principio, a divulgação deverá ser feita de modo intimista... “with a little help with my friends”(risos). Certamente usaremos as redes sociais e procuraremos fazê-la da maneira mais profissional que estiver ao nosso alcance. - 97 -



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