Rock Meeting Nº 115

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08 - Metal Reflections - Mötley Crüe 12 - Live - Dee Snider 18 - Entrevista - Everside 26 - Skin - Mentira 32 - Live - Enslaved 38 - Entrevista - The Secret Society 50 - Live - Saxon 56 - Capa - Age of Artemis 68 - Live - Março em Barcelona 78 - Entrevista - Alma de Batera 90 - Live - Leprous 96 - Live - Lacrimosa

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DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto

COLABORADORES Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Renata Pen Samantha Feehily

CONTATO contato@rockmeeting.net www.rockmeeting.net

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Memória Quando o mês de abril chega, sempre me remete a duas coisas: Abril Pro Rock e Metal Open Air. Festivais. Um consagrado. O outro detonado. O festival pernambucano está perto de completar 30 anos de atividade. O mesmo tempo de muita banda brasileira e internacional. Resistir ao tempo é algo grandioso e somente com planejamento se consegue caminhar e respirar diante de tantas adversidades. O outro, o MOA, foi um fiasco total. Abril de 2012, milhares de pessoas foram lesadas por alguns oportunistas que insistem em continuar na cena. Natanael Junior e Felipe Negri foram os causadores desse tormento para o Rock/ Metal brasileiro. Os processos continuam rolando. Algumas pessoas ganharam suas causas, mas, no geral, todos nós queremos que esses caras paguem pelo constrangimento, que não foi apenas financeiro. Os mesmos camaradas estão por aí, promovendo shows com nomes fictícios, e ainda tem bandas apoiando essas pessoas. Até quando você, banda ou público, vai con-

tinuar acobertando os erros dos outros? Sim, todos merecem uma segunda chance. Mas sabe em qual circunstância? Quando se reconhece o erro, pede desculpas pelo transtorno e devolve o valor que o consumidor pagou. Não é para virar um linchamento público, mas esses caras não podem circular por aí como se nada tivesse acontecido e, principalmente, posar de vítima. Quantas pessoas vi no saguão do aeroporto, sem ter dinheiro, nem para onde ir, aguardando o horário do voo. Quantas pessoas eu vi jogadas na lama, num lugar que era para ser um camping. Mas a lista suja de péssimos produtores não fica restrita apenas ao Natanael e o Felipe. Há tantos outros que estão aí, usando outros nomes e te enganando. Não se deixe levar quando ver que a banda que gosta está vindo ao Brasil. Procure saber quem é a produtora e a quem ela está vinculada. Prestem atenção. Antes de fã da música pesada, você é consumidor e merece respeito.


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endo um fã de Metal e Rock de muitos anos, confesso que tenho gostado bastante das produções cinematográficas focando as bandas dos gêneros. E pelo visto vem mais por aí, cruzemos os dedos! Isso pode restaurar o Metal ao topo, como era em 1986, bem como poderá trazer novos fãs ao gênero. Mas é interessante como, mesmo depois de 30 anos, o quarteto Mötley Crüe ainda consegue causar furor e polêmicas para todos os lados! Os dois parágrafos se unem em uma ideia central: com o lançamento de The Dirt (filme baseado na biografia de mesmo nome) pela Netflix, todos tiveram acesso ao que se encontra na história do grupo. Tá, têm coisas que nem foram citadas no filme, mas difícil equilibrar a necessidade de se expor tudo com a duração de um filme. Basicamente, The Dirt conta aspectos referentes à banda, aos seus altos e baixos, e mesmo o conflito de egos entre Nikki, Vince, Mick e Tommy, bem como todas as loucuras e dramas pessoais. Aliás, que se diga que as

atuações de Douglas Booth (Nikki Sixx), Iwan Rheon (Mick Mars, mas o ator é a cara do Tom Warrior do Celtic Frost), Colson Baker (Tommy Lee) e Daniel Webber (Vince Neil) são ótimas. Mas as polêmicas que surgiram: Em uma matéria da Rolling Stone (que pode ser lida aqui) Tommy soltou cobras e lagartos às críticas feitas ao filme. E não deixa de ter motivos para tanto. Mas sinceramente: as críticas são dignas da infantilidade das doutrinações. Dizer que The Dirt é um filme “humilhante para as mulheres” (Madison Vain da revista Square), que eles “tratavam mulheres como panos de prato” (The Altantic) é um reflexo de militâncias, quando na realidade, The Dirt só conta eventos históricos. E como tais, são fatos, e com fatos não existem argumentações ou debates: se aceita que ocorreram, pois fazem parte da vida deles quatro. As drogas, as mulheres, os discos, a convivência e brigas, bem como a doença crônica de Mick (Espondilite anquilosante), a vida familiar e overdose de Nikki, a agressão física de Tommy à sua -8-


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noiva, bem como a vida de Vince mudou devido ao impacto das mortes do baterista do Hanoi Rock Nicholas “Razzle” Dingley e da filha Skylar. São fatos duros de encarar para eles, mas ocorreram. Você pode não gostar dos fatos, não tem o direito de maquiar a verdade para satisfazer egos militantes. Simples assim. Mas o mais legal é ver que o Mötley Crüe ainda é capaz de criar polêmicas, seja contra os setores mais conservadores, contra os politicamente corretos engajados, enfim, contra tudo e todos. Definitivamente, ver estas reações trouxe memórias de quando eles eram ofendidos (mesmo pelos headbangers mais radicais nos anos 80) como gays (por causa do visual andrógino, tão comum da época nos EUA) e, no entanto, cada um deles deve ter pego em uma única tour mais mulheres que todos os seus detratores juntos (risos)... Ah, aqueles anos foram realmente mágicos. Lembro-me de uma polêmica na época em que os primeiros trailers de Bohemian Rhapsody (o filme biográfico do Queen): militantes queriam porque queriam enfoque no lado gay de Freddie. Não vi esse filme ainda, mas quando rebusco minhas memórias pessoais, é fácil lembrar que ninguém afirmava com toda certeza que ele era gay. Mesmo porque a vida pessoal dele era algo bem fechado. Além disso, o público da época não se importava com a vida pública, ou seja, apenas com a música e os shows. Só se soube com 100% de certeza que ele era aidético quando foi divulgada uma carta aberta para todos, escrita um dia antes de sua morte. O filme deveria passar e falar nesse ponto, mas não poderia ser o foco. O Queen não é somente Freddie... Politicamente correto ou incorreto, a verdade é que o Mötley Crüe continua sendo aquilo que é: ofensivo, ferino, provocador, e ainda destila música da melhor qualidade. E The Dirt pode ser um dos estopins para uma nova invasão Metal no mundo. E que venham outros! P.S.: Lords of Chaos é ótimo! - 10 -


Foto: Paul Brown

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Texto e Foto Edi Fortini

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ee Snider retornou ao Brasil, dessa vez com sua banda solo. A abertura dos shows em Curitiba e São Paulo ficou por conta dos curitibanos do The Secret Society. Situado na zona sul da cidade, o Tom Brasil foi a casa escolhida para receber esse evento que trouxe diversos headbangers saudosos do Twisted Sister, antiga banda de Dee, além de novos fãs de seu trabalho solo, For the Love of Metal, lançado no ano passado. Para início da noite, o The Secret Society subiu ao palco para aquecer a casa que ainda estava sendo ocupada pelo público, porém foi uma grata surpresa a todos que chegaram antecipadamente. Formada por Guto Diaz (vocal e baixo), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria), a banda está se preparando para lançar um álbum nesse ano e traz uma fusão entre pós-punk, gothic rock e metal. A banda traz ex-integrante de bandas como Epidemic e Primal, bem conhecidos da cena curitibana e fez um show de quase 40 minutos com diversos singles trabalhados. Para - 14 -


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fechar a apresentação, uma cover competente de “Cry for Love”, do Iggy Pop deixou um ar de que a apresentação poderia ter sido maior. Esperamos que eles retornem brevemente à cidade, dessa vez para apresentar o novo álbum. Após um intervalo para últimos acertos do palco, aos poucos os músicos subiram no palco. A banda que acompanhou o vocalista foi Charlie Bellmore (guitarra, Kingdom of Sorrow e Phantoms), Nick Petrino (guitarra, Sonic Pulse), Erik Joakim (baixo) e Nick Bellmore (bateria, Toxic Holocaust e Kingdom of Sorrow). Os pontos altos da noite, obviamente, foram as músicas do Twisted Sister, as quais o vocalista não poupou talento: We’re not gonna take it, por exemplo, deixou a casa entoando cada palavra, com uma energia incrível entre banda e público. Outro dos pontos altos da noite foi a faixa “The Price”, por exibir no telão a imagem de pessoas do rock que já faleceram, como Ronnie James Dio, Bon Scott, Tim Kelly, Eric Carr (Kiss), Jani Lane (Warrant), Lemmy Kilmister (Motörhead), Freddie Mercury (Queen), Cliff Burton (Metallica), Gary Moore, Clive Burr (Iron Maiden), Dimebag Darrell (Pantera), Robbin Crosby (Ratt), Kevin DuBrow (Quiet Riot), Chris Cornell (Soundgarden), Randy Rhoads (Ozzy) e A.J. Pero (Twisted Sister), dentre outros. A apresentação terminou o primeiro set com I wanna Rock, também do Twisted Sister, mais uma vez deixando todos os presentes satisfeitos. Após um breve intervalo, o bis ocorre com “Tomorrow’s No Concern”, primeira faixa de seu último trabalho, “For the Love of Metal”. Dee então apresentou a banda e encerrou a apresentação com a própria faixa título, trazendo a letra na ponta da língua de muitos presentes ali. - 16 -


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Texto Edi Fortini | Fotos Caroline Nohama

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Everside foi criada em 2018 e é formada por Jessica Waltrick (Voz), Ben Tramujas (Baixo), Nico Sourient (Guitarra), Gus Sourient (Bateria) e Cão Ribas (Guitarra). Batemos um papo com a banda e a entrevista você confere agora: Como é a cena rock/metal aí em Curitiba? Conta com muitas bandas e espaços? No geral, a cena de Curitiba se mostrou muito receptiva a bandas novas, e com a gente não foi diferente, recebemos o tempo todo várias dicas, conselhos e orientações de pessoas com alguma experiência a mais que nós, conhecemos muitas bandas novas e mesmo assim ainda vemos o tempo todo flyers, eventos e material de bandas que ainda não conhecíamos, a cidade anda sendo berço de muita coisa boa de um tempo pra cá e ainda devem ter muitos projetos bons que estão para serem descobertos. - 20 -


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Vocês são uma banda relativamente nova. Como tem sido esse início de estrada? Tem encontrado muitas dificuldades? O começo da Everside foi bem tranquilo, todo mundo que se envolveu no projeto entrou nele com os pés no chão e a gente acabou até se surpreendendo com o resultado do nosso primeiro trabalho, a maior dificuldade tem sido a produção de material que pra uma banda nova, apesar de ser essencial gera muito custo e não tem um retorno direto financeiramente falando, mas ao todo tem sido um início muito bom. Quando teremos a previsão de um lançamento de um EP ou álbum completo da banda? Bom, 2019 vai ser um ano muito show pra quem gosta da gente e foi com a cara do nosso som, temos um ep programado para ser lançado esse ano com a primeira música já para a metade do primeiro semestre, mas algumas outras surpresas podem vir a aparecer entre um lançamento e outro.... Como foi o processo de gravação do single Inércia e do videoclipe? Quando começamos a compor a música tivemos um pouco de trabalho, era a nossa primeira composição juntos e a gente precisou ir experimentando o que funcionava para nós, mas depois dessa primeira fase tudo fluiu muito bem, recebemos uma força do Tiago Brandão da Vox Dei, o que ajudou muito, e o clipe foi bastante tranquilo, estávamos bastante ansiosos pelo resultado final mas graças à RecO Records tudo saiu super bem. O que podem adiantar pra gente sobre as futuras composições da banda? O que tem rolado de efetivo que pode ser - 22 -


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comentado? Sobre as novas músicas, a gente pode adiantar uma coisa, aquele tom mais triste que veio com “Inércia” vai acompanhar os nossos lançamentos por um bom tempo, mas ele também vai vir acompanhado de uma pegada um pouco mais pesada e uma melodia muito bem trabalhada. Como tem sido a experiência de vocês no palco? Já tocaram em muitos lugares? Subir no palco é uma sensação maravilhosa e a gente queria que todo mundo pudesse sentir isso pelo menos uma vez, tocamos em vários lugares da cidade, e em alguns em que nós mesmos íamos (e ainda vamos) pra assistir a shows das bandas que a gente gosta, tivemos também a chance de dividir o palco com pessoas que já admiramos a algum tempo, e ver tudo isso acontecer é uma coisa incrível. Esse tipo de som não é muito comum no Brasil, porém vimos em muitas bandas gringas com fãs por aqui. Vocês acreditam que conseguirão atingir um grande público por aqui? Como vocês acreditam que esse tipo de som possa crescer no Brasil? A gente busca fazer o nosso som de coração, então a gente acredita que o nosso público vai enxergar isso. Mas é claro que tem que trabalhar muito pra isso. Se a música for boa sempre vai ter espaço. A gente acredita que o mercado brasileiro está sim aberto para o gênero.

mas no fundo foi a que mais combinou com a banda.

Desde o início a banda foi concebida para ter uma vocalista? O vocal da Jessica se mescla de forma única com o som de vocês. Não, a gente fez testes com um monte de vocalistas antes da Jessica, homens e mulheres,

Quais são as principais influências de vocês e como vocês enxergam essas influências no som que vocês fazem? Atualmente eu tenho ouvido muito bandas como Casey, Paramore, Blessthefall, Counterparts, Aurora, The Gazette, Billie Elish, Este- 24 -


ban, etc. Todo tipo de coisa, a gente acredita que para fazer um som melhor precisa ouvir de tudo um pouco.

todos a virem conhecer nosso trabalho. Todos sabemos o caminho que o rock está percorrendo nos últimos anos e achamos que isso é decorrente ao pouco espaço que os fãs do gênero dão a bandas novas. Trabalhos como a revista de vocês é essencial nos dias de hoje. Por último agradecemos aos leitores e aos nossos fãs.

Esse espaço é de vocês, por favor falem o que mais achar necessário para nossos leitores. Agradecemos pelo espaço que estão dando as bandas nacionais e autorais e convidamos a - 25 -


Por Samantha Feehily (Wonder Girls )

Ah quem nunca caiu numa brincadeira- por vezes de mau gosto! - de primeiro de abril? É um costume mundial, todo mundo já fez uma gracinha neste dia. Pois bem, pegando esse gancho, que tal falarmos sobre mentira nos relacionamentos? Agora o assunto fica sério, né!? O ser humano mente desde criança, seja para manter sua autoestima ou para que os outros tenham uma boa imagem dele. Mas será que esta atitude combina com relacionamentos amorosos? Para muitos casais, a verdade é requisito básico para manter a união. Entretanto, psiquiatras e terapeutas alegam que levar essa tal verdade ao pé da letra pode magoar o parceiro e dar início a crises que nem sempre são fáceis de serem contornadas. Nenhum casal está imune à mentira. Mentimos para que o nosso parceiro não sofra. Não estamos preparados para conflitos

e discussões e nem para ouvir 100% da verdade. É melhor dizer para a atual parceira que você não tem mais contato com a ex, por exemplo, para não comprometer a relação. O ser humano prefere ouvir uma mentira a uma verdade que lhe possa ser desagradável. Cada cabeça, uma sentença Dentro de um relacionamento, verdade é sinônimo de fidelidade. Porém, é mais comum disfarçarmos nossas próprias imperfeições e cobrar uma boa conduta do outro. Afinal de contas, a mentira é boa para enganar a nós mesmos. Quando dizemos que não traímos, quando na verdade traímos, estamos tentando diminuir nossa culpa, dizer que a gente comete apenas deslizes e que os erros dos outros são mais sérios. A mentira no relacionamento pode - 26 -


Faicy Regis

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causar danos irreversíveis, pois qualquer relação saudável se baseia na sinceridade do casal e na confiança mútua, que vai embora quando a mentira aparece. E, mesmo que o casal continue junto, a relação começa a definhar. Diante da descoberta da mentira, a pessoa enganada passa a se perguntar se todo o seu relacionamento não passou também de uma grande mentira. Como tentar contornar os efeitos da mentira no relacionamento Uma das piores coisas que existe para uma pessoa é descobrir que foi enganada pelo parceiro. Por isso, por mais dolorosa que uma verdade seja, opte por ela. Se você mentiu, pelo menos assuma o seu erro. Isso porque é muito mais fácil perdoar uma fraqueza do parceiro, do que uma mentira. Além disso, é muito mais fácil para o parceiro perdoar quando você assume a mentira do que quando ela é descoberta por meio de outros, porque ninguém gosta de ser enganado. Pode ser que a outra pessoa não queira voltar, mas, pelo menos, sua consciência fica mais tranquila. Não existe um manual sobre como assimilar ou dizer uma mentira, mas o tempo de relacionamento pode interferir no jeito como o casal lida com ela. O tempo ajuda sim a desenvolver a leitura do comportamento alheio. Em um determinado momento, um percebe que o outro está mentindo, mas não liga. Cada casal precisa definir seu jeito de lidar com isso. Já no começo do namoro acontece a “fórmula do príncipe encantado”. Temos a tendência de melhorar a imagem do outro, enquanto o parceiro mostra o seu melhor. Com o aumento da familiaridade, passa-se a ter uma visão mais realista do outro e a mentira afeta cada vez menos a relação. Um - 28 -


Faicy Regis

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Pathy Vamp

exemplo típico é quando a mulher alega que está com dor de cabeça para não fazer sexo. É uma mentira politicamente correta, pois é mais fácil falar isso do que dizer que está com sono, deixando o parceiro chateado. Ele acaba aceitando a desculpa para não criar uma situação ruim. MAS NÃO FAÇAM ISSO! Conversem abertamente sobre o assunto, gostos e insatisfações, isso é a base de qualquer relacionamento. A mentira, além de ter perna curta, pode acabar com um elo de confiança com alguém especial. Uma mentira pode romper com a confiança básica em um relacionamento se for descoberta e pode provocar um afastamento afetivo significativo nos

relacionamentos. Assim como em alguns casos aonde há a uma mentira que ao vir à tona pode acabar de vez com o relacionamento ou mesmo o fato de existir uma mentira pode até salvar. Muitas vezes o cônjuge não admitir uma traição pode proteger e evitar que o relacionamento seja rompido definitivamente. Pois se a verdade vier a tona é provável que a confirmação do fato seja aniquiladora para a relação. ”Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo.” - Abraham Lincoln - 30 -



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Texto e Foto Edi Fortini

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o domingo, 31 de março, os noruegueses do Enslaved retornaram a São Paulo para a turnê de seu último trabalho, “E”. Para a abertura, a banda escolhida foi a dos paulistanos do Basalt. O evento ocorreu no Carioca Club, na zona oeste da cidade. No horário marcado, às 19h, o Basalt entra no palco mesmo com uma casa ainda vazia, mas faz uma apresentação fortíssima, digna de abertura de uma lenda do metal extremo. Formada por Pedro Alves (guitarra), Luiz Mazetto (guitarra), Victor Miranda (baterista), Marcelo Fonseca (vocal) e Leonardo Saldiva (baixista), esta foi uma apresentação importante não somente pelo som, mas por sua postura e discurso, ao ressaltar a data polêmica do dia 31 de março, que marca os 55 anos do golpe de 64, um vergonhoso período de ditadura militar, o qual deveria sempre estar presente na mente dos brasileiros como um ato para nunca mais ser repetido, sob nenhum pretexto. Às 20h, pontualmente, os noruegueses pisam no palco, sob muitos aplausos e fãs animados com a apresentação. Ethica Odini abre - 34 -


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o show, seguida de Roots of the Mountain. O público permaneceu extasiado, ora acompanhando as letras, ora balançando os cabelos, o que deu a certeza de que foi um excelente show. Apesar da divulgação do último trabalho, “E”, a banda baseou o repertório no álbum “Frost”, de 1994, e tocou as músicas Fenris, Gylfaginning, Isöders dronning e Loke, o que agradou bastante o público. A pedido da banda, a luz no palco era quase inexistente. O azul e o vermelho intenso mal possibilitava uma visão dos membros no palco, o que dificultou um registro fotográfico à altura do evento. Uma pena. Mas foi o único ponto negativo, que não dependeu da produção brasileira em si e somente seguiu as recomendações dos integrantes.

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Texto e Fotos Edi Fortini

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The Secret Society foi formado em 2017 e conta com: Guto Diaz (vocal e baixo), Fabiano Cavassin (guitarra) e Orlando Custódio (bateria). Apesar do pouco tempo com esse nome, os músicos já tocaram juntos antes e foram destaque em diversas bandas da cena curitibana dos anos 80. A banda abriu os shows do Dee Snider em Curitiba e São Paulo (cuja resenha está presente nesta edição), quando batemos um papo com a banda e a entrevista você confere agora. Conta pra gente um pouquinho de como surgiu a banda e a formação. A banda foi formada em 2017, mas já nos conhecíamos de longa data. Eu e o guitarrista Fabiano tocávamos juntos desde 1992, quando formamos o quarteto curitibano Primal (que tinha uma pegada mais hard-metal-industrial). Orlando entrou na banda em 99. A Primal lançou diversos trabalhos entre CDs, singles e clipes, mas encerrou as atividades em - 40 -


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2011. Portanto os 3 já haviam tocado juntos por bastante tempo e quando decidimos montar o novo projeto, já tínhamos uma afinidade musical bem grande e mantivemos a química. Como é a cena rock/metal aí em Curitiba? Conta com muitas bandas e espaços? A cena musical em Curitiba é incrível, temos diversos artistas excelentes, em vários estilos dentro do rock e do metal. Facilmente temos centenas de bandas com trabalhos super profissionais como: Escambau, Corram Para As Colinas, Motorocker, Imperious Malevolance, Division Hell, Semblant, Grade, Mongo, Os Catalépticos, Doomsday Ceremony, Exylle, No Milk Today, Vida Ruim, Dedo Podre, Mercy Killing, Sculptor, Motorbastards, Brokken, BraveHeart, Punkake, As Cigarras, HellGun, Sick Sick Sinners, Hillbilly Rawhide, pra citar somente algumas. Ainda temos deficiência de espaços para trabalhos autorais na cidade, mas os poucos que temos são extremamente importantes para a cena musical de Curitiba, 92graus, Basement, LadoB, Jokers e Cavern Club são casas que têm shows semanalmente. Vocês são uma banda relativamente nova, apesar das experiências anteriores. Como tem sido esse início de estrada? Tem encontrado muitas dificuldades? Desde o início da The Secret Society decidimos fazer as coisas com muita seriedade e profissionalismo. Ficamos praticamente o ano de 2017 inteiro imersos em estúdio, focados somente na composição do repertório do novo projeto. Em nosso primeiro ensaio escrevemos a música Fields of Glass (que demonstra bastante as características mais marcantes da TSS) e demos início a Deciduous, que juntamente com The Architecture of Melancholy, foram - 42 -


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nossos 3 primeiros trabalhos de estúdio. Gravamos o single em novembro e fizemos nossa estreia ao vivo em dezembro de 2017. Dessa primeira apresentação, além dos 3 singles, já estavam no repertório as faixas Beyond the Gates, Mephistofaustian Transluciferation, Spirit in the Room, At Dawn We Sleep e Rites of Fire. Após a estreia no final de 2017, tivemos em 2018 um ano bastante agitado, com muitos shows e diversas participações em festivais principalmente no Paraná, Curitiba e região. Fizemos no dia 13 de julho, dia mundial do rock, o lançamento do nosso primeiro videoclipe oficial para a faixa The Architecture of Melancholy, num super evento no Hard Rock Café (desse show lançamos vários vídeos oficiais gravados ao vivo, que estão disponíveis no canal de nossa produtora Red Records, bem como em nosso próprio canal no YouTube). Em setembro fizemos nossa primeira abertura para um artista internacional, com um show lotado no Jokers junto com Uli Jon Roth (ex guitarrista do Scorpions) e encerramos o ano com o lançamento do lyric video de Fields of Glass. Como foi o processo para abertura dos shows do Dee Snider e como foram esses shows pra vocês? O convite para a abertura do show do Dee Snider veio da produtora Top Link, que acreditou no potencial da banda. O show da The Secret Society na Ópera de Arame em Curitiba foi brutal! Tivemos uma ótima receptividade do público que aplaudiu e agitou bastante. Fizemos um set de apenas 40 minutos onde tocamos os 2 singles Fields of Glass e The Architecture of Melancholy, Beyond the Gates, Mephistofaustian Transluciferation e Rites of Fire (que já estavam no repertório em 2018) e a estreia ao vivo de Rubicon e The Final Cut. Dee Snider é uma lenda viva e foi super atencioso conos-

co (bem como toda sua banda e equipe). Seu último álbum “For The Love Of Metal” é uma verdadeira aula de heavy metal, com 64 anos é um frontman de dar inveja. Nosso baterista Orlando Custódio teve oportunidade de passar bastante tempo com o Dee Snider, pois levou ele de carro na sexta-feira de Curitiba para São Paulo. Na viagem conversaram bastante sobre assuntos diversos, cinema e é claro música, - 44 -


Dee Snider ouviu nossos 3 singles no Spotify e assistiu o videoclipe de The Architecture Of Melancholy, que gostou bastante. No sábado 23, foi a vez de fazermos a abertura em São Paulo. O show na casa de espetáculos Tom Brasil foi ainda melhor que em Curitiba, estávamos bastante ansiosos para mostrar nosso trabalho para o público paulista, que apesar de ainda pequeno durante nossa apresenta-

ção, aplaudiu bastante e ficou atento durante o show, tivemos ótimos feedbacks após o show. Novamente fizemos uma grande apresentação, repetindo o mesmo set list de Curitiba, incluindo ao final uma versão para “Cry for Love” do Iggy Pop. Quando teremos a previsão de um lançamento de um EP ou álbum completo - 45 -


da banda? Os nossos primeiros registros profissionais, os singles Fields of Glass, Deciduous e The Architecture of Melancholy foram disponibilizados somente nas plataformas digitais. Ainda não sabemos se algum dia iremos lançar esses 3 trabalhos de forma física. O foco agora é o full album. Ao final de 2018 entramos em estúdio, e fizemos a pré produção de 16 músicas, algumas que já estavam no repertório sendo tocadas ao vivo, e várias músicas novas e inéditas. Dessas 16 músicas escolhemos 10 que farão parte do nosso primeiro álbum. Beyond the Gates, Rites of Fire e Mephistofaustian Transluciferation e as até então inéditas, The Final Cut, Rubicon, Chariots of the Gods, Sleeping Over Debris, A New Day, Mercy e Memento Mori. O que podem adiantar pra gente sobre as futuras composições da banda? As novas composições mostram um enorme amadurecimento musical da The Secret Society, todas foram escritas em um curto período de tempo, entre um show e outro ao final do ano passado, num momento de grande criatividade que tivemos pouco antes de entrarmos em estúdio para a pré produção. Tanto é que músicas mais antigas foram deixadas de lado para dar preferência às novas faixas, que apresentam a banda super inspirada e madura.

rias pessoais e muitas metáforas. Mas isso eu deixo para a interpretação pessoal de cada um. O som de vocês não é tão comum do que é conhecido como o “gosto brasileiro” dentro do rock/metal, infelizmente. Como tem sido a recepção da galera para o som de vocês dentro de abertura de outros shows com estilo um pouco diferente, como foi com o Dee Snider? Exatamente, nosso som não é “comum” para o gosto nacional e até para o público rock e metal pode soar um pouco estranho, mas isso não nos incomoda. Acredito que essa sonoridade

Vejo que a literatura é uma parte importante na estética da banda. Podem falar mais sobre isso? Quais outras artes influenciam a estética de vocês? Música, literatura e cinema são os grandes combustíveis criativos da TSS. Quem adentrar profundamente nas letras e em toda estética da banda vai captar diversas citações a filmes cult e obscuros, literatura russa, poesia, homenagens a bandas que nos influenciam, histó- 46 -


única da TSS é o nosso grande diferencial e uma de nossas vantagens. A música que criamos vem do nosso sangue, do nosso espírito, quando os três estão reunidos dentro da sala de ensaios, acontece uma sinergia inexplicável, e dessa união saem nossas músicas, sem forçar nada e sem se limitar a estilos ou preconceitos, e isso faz com que nossa música tenha autenticidade. Quando tocamos para um público que ainda não conhece a banda, sentimos que as pessoas ficam intrigadas com o som, nossas composições têm momentos climáticos, com dinâmica, acordes dissonantes e muito peso, e isso acaba sendo de uma certa maneira super

hipnótico, a plateia aplaude bastante ao final das músicas e sempre temos um feedback positivo após às apresentações. Quais são as principais influências de vocês e como vocês enxergam essas influências no som que vocês fazem? Eu poderia ficar horas falando sobre nossas influências musicais. Cada um da banda tem gostos super peculiares, mas todos têm uma forte influência do heavy metal, hard rock e do pós punk. Fabiano veio do hardcore e do punk (ainda nos anos 80 com sua primeira banda Abaixo de Deus), enquanto eu venho - 47 -


do Thrash Metal oitentista (fui fundador em 86 do grupo Epidemic, pioneiros do Thrash no Paraná). Orlandinho por sua vez, tem uma influência muito grande de Metallica, Danzig, The Cult, Guns n’ Roses, Stone Temple Pilots e Soundgarden. Na TSS as influências mais notáveis são os grupos de pós punk e goth rock dos anos 80, como The Mission, The Sisters of Mercy, Christian Death, Bauhaus, Siouxsie, The Cure, Joy Division e Fields of the Nephilim. Mas também temos influências de rock sessentista, rock progressivo, Metal clássico, NWOBHM, Stoner, Doom, e os mais diversos estilos musicais possíveis. Minhas maiores influências são Voivod, Nasty Savage, Alice Cooper, Nick Cave, The Triffids, Minimal Compact, Tiamat, Paradise Lost, Einstürzende Neubauten, Kate Bush, Mão Morta, Peter Hammill,

The Mars Volta, Paralisis Permanente, Tool, Celtic Frost e Killing Joke. Esse espaço é de vocês, por favor falem o que mais achar necessário para nossos leitores. Muito obrigado à Edi Fortini e ao Rock Meeting pela entrevista e pelo espaço cedido a TSS. Em nome da banda eu gostaria de convidar os leitores do Rock Meeting para conhecerem um pouco mais o trabalho da TSS e conferir nossos singles nas plataformas digitais, bem como assistirem nosso videoclipe oficial, The Architecture of Melancholy, e vários vídeos ao vivo no YouTube. Em breve estaremos lançando nosso primeiro full álbum e fazendo diversos shows nos principais festivais pelo Brasil! Nos vemos na estrada!!! - 48 -



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Texto Renata Pen | Foto Marta Ayora

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banda britânica Saxon voltou a São Paulo após um ano para comemorar mais de 40 anos de carreira. O regresso promoveu a lotação da casa Tropical Butantã na noite de 16 de março de 2019. A banda que trouxe a turnê Thunderbolt teve a seguinte formação: Biff Byford (vocal), Paul Quinn (guitarra), Nigel Glocker (bateria), Nibbs Carter (baixo) e Doug Scarratt (guitarra). A abertura ficou por conta da banda de hard rock Uncle Trucker, de Franca, interior de São Paulo. Enquanto a galera ainda estava entrando, a UT abusava no palco tocando alguns covers de Mötley Crüe, Quiet Riot e Alice Cooper fazendo com que a galera cantasse alto. Com um atraso de meia hora, finalmente o Saxon subiu ao palco e enlouqueceu os adoradores mais saudosos tocando “Thunderbolt”. Biff falou com os fãs durante toda a apresentação, brincou e até usou um colete de alguém que estava lá na grade. O vocalista também pediu para que todos cantassem com ele a música “Ride like The Wind”, o que foi - 52 -


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atendido prontamente. O quinteto estava muito disposto e foi mandando a pancadaria. A galera respondeu querendo mais e mais porquê Saxon é uma banda que emplacou muitos clássicos. A reação do público foi prever qual seria o próximo sucesso executado no palco, como a sequência “Strong arm of the Law” e “Denim and Leather”. Quando “Power and Glory”, do disco de 95, foi anunciada o vocalista seguiu brincando com o público e perguntando: “ tocamos essa ou aquela?”. “Crusader” foi como um hino que todos cantaram com orgulho, mas não era suficiente. A horda estava faminta por mais e então eles saíram do palco após essa música. Todos clamaram pela volta da banda, logo eles retornaram para alimentar os fãs do mais verdadeiro metal. Sendo assim, o bis veio com “Heavy Metal Thunder”, “Never Surrender”, “Motorcycle Man” e, é claro, “Princess of the night”. Foram duas horas que poderiam durar para sempre, porque o que é bom nunca deve acabar. Vida longa ao heavy metal.

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Texto Pei Fon | Foto Henrique Francois

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o início de 2019, o baixista do Age of Artemis, Giovanni Senna, me contara que o novo cd da banda estava por sair e me convidou para escutar o novo álbum. Logicamente fiquei bastante contente, ter essa confiança e credibilidade é para poucos e isso é construído com o tempo, com trabalho e honestidade. Diante disso, escutei ‘Monomyth’. Tirei minhas impressões e comecei a tirar minhas dúvidas com a banda, que hoje é formada por Pedro Campos (vocal), Giovanni Senna (baixo), Riccardo Linassi (bateria), Jeff Castro (guitarra) e Gabriel Soto (guitarra). Confira agora o que perguntei aos caras.

Novo cd já pronto. Como vocês apresentam ‘Monomyth’? Giovanni Sena – Posso afirmar que “Monomyth” é o álbum que melhor nos representa. O álbum nos mostra de uma forma natural. Acredito que evoluímos a tal ponto de termos a nossa própria voz. Talvez tenho essa percepção pelo fato de estarmos mais experientes, para não dizer que estamos mais velhos, e pela vontade de contribuir com a música pesada no Brasil. - 58 -


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Pedro Campos – “Monomyth” pra mim é definitivamente o amadurecimento musical de todos nós. Foi um trabalho incrível de fazer e principalmente viver as etapas para ele ser feito.

sa que tive com um grande amigo meu Júlio Victor, do canal “Tá Na Capa”, quem, assim como eu, é um grande fã de “Star Wars”. Ele me deu a ideia de criar um disco com o conceito do “Monomito”, a Jornada do Herói. Gostei da ideia e daí passei a ideia pra banda e assim começamos a trabalhar nas letras.

‘Monomyth’ é bem forte de início. Como chegaram nessa concepção? O quê ou quem inspirou? Riccardo Linassi - O conceito do álbum veio da ideia do Pedro. Ele sugeriu que fizéssemos um álbum com este tema. Então estudamos a respeito e trouxemos à tona este trabalho. A inspiração veio dos heróis da ficção e também dos heróis do cotidiano, cidadãos comuns. Pedro Campos – Me lembro de uma conver-

Cinco anos entre um CD para o outro. Entre tantas idas e vindas, mudanças de formação. O tempo ajudou nesse quesito? Giovanni Sena – Sem dúvida. O tempo é o melhor remédio. Como diz o poeta Gilberto Gil – “Mesmo o fundamento singular do ser humano, de um momento para outro poderá - 60 -


não mais fundar nem Gregos nem Baianos”. Tudo é suscetível a mudar. O tempo nos faz mais experientes e nos faz ter o poder de escolha também. Isso é muito bom para evoluirmos como pessoas.

Percussōes no G2D, estúdio dos amigos Gregoree and Deniel. Guitarras, teclados e baixos foram gravados na minha casa. Para finalizar, decidimos mixar e masterizar o álbum em Los Angeles com o Damien Rainaud. Uma questão que não posso deixar de comentar é que tivemos o apoio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura. Com esse apoio, tivemos a chance de gravar dois clipes com o Caio Cortonesi do Broadband estúdio.

O terceiro play do Age of Artemis conta com 12 faixas, diversificadas. Conta para nós como foi o processo de concepção desse álbum. Giovanni Sena – As músicas foram compostas num período de transição. Talvez essas mudanças me motivam a produzir e criar. Houveram muitas noites em claro, suor, colaboração e persistência. Todo o disco foi gravado em Brasília. Baterias, Vozes, Violōes e

Giovanni, hoje você mora fora do Brasil. Como foi para você participar dessa fase da banda estando longe? É diferente, você contou com auxílio técnico onde você mora atualmente? - 61 -


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Giovanni Sena – Durante todo o processo de composição, pré-produção e gravação, eu ainda estava em Brasília. Na verdade, a última seção de estúdio foi um dia antes da minha viagem. Estive presente em todo o processo. Agora estou passando uma temporada fora, mas o Brasil é o meu lugar e retornarei muito em breve. Você produziu um cover, “Power”, o single “Unknown Strength” e agora o ‘Monomyth’. Existe diferença, como foi pra você essa experiência de produção? Giovanni Sena – Gosto de ver a transformação de algumas notas, simples melodias em algo maior. Tudo tem que ser intencional quando faz música. A diferença maior é que conquistei a confiança dos parceiros de banda e a confiança em mim mesmo. Trabalhar como músico profissional por tantos anos te traz a expertise para assumir tal papel. De longe, ‘The Calling’ é a canção que mais gosto do álbum e foi uma das músicas apresentadas desse novo trabalho. Fale um pouco sobre ela. Como tem sido a repercussão? Pedro Campos - Eu me lembro que foi a segunda música que trabalhamos e ali eu pude perceber a grandiosidade desse disco. Eu também adoro essa canção e principalmente cantar ela. A repercussão tem sido excelente e as pessoas estão entendendo o nosso real sentimento nesse momento que é fazer o que mais amamos e com toda a verdade possível! Jeff Castro – “The Calling” é a minha favorita também. Me lembro de passar algumas noites em claro bolando as dobras e solos e dos dias em que passei com o Giovanni na pré-produção. Acho que se trata de uma música forte e imersiva, com letra, melodias e harmonias marcantes. - 63 -


Lendo apenas as faixas do CD, ele dá pistas do positivismo que nele pode conter, é isso mesmo? Pedro Campos - Totalmente! As letras estão fantásticas e tenho certeza que as pessoas vão se identificar muito, e principalmente se emocionar. Aliás queria aproveitar a oportunidade e parabenizar o Giovanni por isso, foi muito emocionante pra mim interpretar todas elas!

um livro, uma música, ou o próprio trabalho. O que te mantém vivo? O que te faz sonhar e acreditar num amanhã melhor? Você é uma boa pessoa? Procura fazer o bem, ser honesto, respeitar o próximo? Isto é o que realmente importa. Giovanni Sena – Acredito que o amor cresce na compreensão, no respeito pelas diferenças, na ajuda sem desejar nada em troca, na tolerância. O amor pode crescer em nós, quando assumimos que erramos e aprendemos com os mesmos. O amor é o que realmente importa. Gabriel Soto – Devo alertar que, apesar de o amor ser a soma de tudo isso, o amor sem ação é só uma palavra.

Na sua opinião, onde cresce o amor? E principalmente, o que realmente importa? Riccardo Linassi - O amor cresce onde você coloca sua energia positiva. Seja por alguém, - 64 -


Esse é o primeiro álbum com Pedro Campos assumindo os vocais. Como tudo saiu? Pedro Campos - O primeiro de muitos. Acredito que tudo saiu melhor do que o planejado. A nossa química aconteceu logo de cara. A banda está num clima muito positivo e estamos muito felizes com todo o resultado que estamos alcançando. Gabriel Soto - O Pedro foi a melhor escolha que a banda poderia ter feito, tanto na interação pessoal, como na profissional. Jeff Castro – Trabalhar com o Pedro foi bastante fácil, fazendo parecer que já tínhamos anos de banda e entrosamento. Ver o Pedro

nas gravações foi espantoso e sensacional. Se eu bem lembro, foram apenas três dias com horas e mais horas de gravação onde tivemos muito empenho e carinho. Vamos falar de futuro. O que podemos esperar com ‘Monomyth’? Shows, mais vídeos...? Pedro Campos – O trabalho de divulgação do “Monomyth” ainda está no começo. Ainda vão ter alguns lançamentos bem legais. Sobre shows já estamos pensando na logística. Fazer metal no Brasil não é uma tarefa fácil e é algo muito diferente do que o fã pensa. Para uma banda sair e fazer uma turnê é algo que de- 65 -


manda bastante trabalho. Mas eu garanto aos fãs que vamos levar isso tudo pra bem perto deles com shows em breve. Jeff Castro – Por isso que o apoio dos fãs é de suma importância para que essa turnê se realize. Cobrar dos produtores locais já que os mesmos precisam saber que os fãs querem a Age of Artemis na cidade deles. Adquirir e compartilhar o nosso material, para que consigamos alcançar o maior número de pessoas possível são bons exemplos de como os fãs podem ajudar.

brasileira divulgando ótimas bandas e provando a força musical que o Brasil tem. Pedro Campos – Agradeço demais. É importante que todos nós estejamos unidos por uma causa maior: a música. E principalmente o metal no nosso caso. Até a próxima. Gabriel Soto - Agradeço aos meus companheiros de banda pelo excelente trabalho, ao Deniel Morais e Gregoree Jr. pelas gravações e a todos os fãs que ajudam a banda a crescer. Obrigado a todos! Jeff Castro - Agradeço a Deus pela força, a todos vocês pelo “feedback” positivo, empenho e entusiasmo. Isso nos tem deixado animados e felizes. Agradeço também aos meus irmãos de banda que deram o sangue pra fazer isso possível, e ao meu grande parceiro Giovanni pela superprodução. Obrigado a todos vocês, um grande beijo!

Por fim, fica o espaço para os agradecimentos. Muito obrigada e sucesso sempre! Giovanni Sena – Gostaria de agradecer o espaço dado pela “Rock Meeting”, revista que tem contribuído com a expansão da cena rock - 66 -



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Texto e Foto Mauricio Melo

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evido ao grande volume de shows, considerando apenas os que conseguimos credenciar, sem contar com outros tantos que não passamos nem na porta, seja por falta de credencial ou mesmo por coincidir datas, isso mesmo, tivemos dias de termos até seis shows num único dia na cidade ou próximo à Barcelona. Me vejo obrigado a fazer um resumo do mês, compactar tudo em uma única resenha e poder levar o que de melhor aconteceu na cidade Condal. 01/03/2019 - BLOWFUSE, VIOLETS & BATEC Abrimos o mês com Blowfuse, banda de punk rock melódico local lançando disco novo, Daily Ritual. O quarteto possui um bom público e uma boa história no território espanhol, o que os leva atualmente a uma turnê nacional antes de visitar alguns países no próximo verão europeu. Estiveram muito bem acompanhados de Batec e Violets. - 70 -


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02/03/2019 - LA INQUISICIÓN & GO VETERANS No dia seguinte fomos até a Rock & Trini, sala de show mítica em Barcelona, bem, na verdade acredito se tratar de um squat localizado abaixo de um viaduto, conferir de perto os shows do Go Veterans e nossos amigos de La Inquisición, unidos num show beneficente e no caso da segunda banda, uma despedida antes da turnê europeia com Bad Co. e Lions Law. Uma noite memorável na qual o La Inquisición mostrou toda sua força e um público que parece já ter absorvido suas músicas. Já é trilha sonora obrigatória na cidade. 07/03/2019 - WARTHOG & MINIMA A banda novaiorquina Warthog visitou a cidade pela primeira vez, também pudera, o quinteto ainda não possue um LP, apenas um EP, mas já foi o suficiente para lotar a sala Rocksound, tudo bem que por lá não cabem mais do que 160 pessoas sem contar com a rapaziada do bar e nem o técnico da mesa de som, mesmo assim, digo com autoridade que por ali já vi passar grupos de nome e não conseguir um sold out, eles sim! Com seu potente Hardcore Crust Punk, ofereceram uma das melhores noites do mês, sem sombras de dúvidas. A abertura ficou por conta da banda local Mínima. 16/03/2019 - KOP & M.C.D. A união entre o Punk mais clássico e o Hardcore/Metal dos anos noventa. O M.C.D., mesmo sem contar com a formação original, segue em atividade e tocando clássicos como “Violencia Macarra” e “Pánico en las Calles”. KOP chegou em cena com grande produção de palco, bandeiras independentistas de um lado, outras pedindo liberdade dos presos políticos (relativo ao referendo ilegal organizado na Catalunha em 2017) e músicas como “Revolta” e - 72 -


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“Freedom” como algumas das que mais levantaram o público. Fato curioso é que minha página de fotos no Facebook (@snapliveshots) foi denunciada como pagina ofensiva e retirada do ar por alguns dias, coincidência ou censura? 18/03/2019 - RADIO MOSCOW Sabe aquela banda puro Rock & Roll, cheia de alma, com irados riffs de guitarra, calça boca de sino, baixo Rickenbacker que de vez em quando aparece e tu diz, “chapei”? Pois essa banda existe e está por aí lançando discos há mais de década, ou melhor, mais uma banda destas e com um som tão poderoso que se diferencia fácil das demais. A princípio o show estava marcado para a sala 3 da Razzmatazz, a menor de todas, mas tiveram que mudar devido à demanda de entradas de última hora, passando assim para a 2. Não tivemos banda de abertura e vale lembrar que o trio americano estará no Hellfest e que nós, possivelmente, estaremos por lá para mais um registro. 19/03/2019 - SEPTICFLESH - KRISIUN DIABOLICAL - XAON Já de cara temos que dizer que não foi possível de chegar a tempo para Diabolical e Xaon, o que nos leva diretamente ao show do Krisiun apresentando para o público catalão músicas do seu recente Scourge Of The Enthroned e confirmar o que já sabemos, brutal. Death Metal assassino com melodias e atmosfera sinfônica. Ainda que não chegam a ter “força” para fechar a noite, estar em turnê com o Septicflesh e sair da Razzmatazz ovacionados com pedidos para um bis, que nunca rolou (possivelmente por falta de tempo), já é uma demonstração de quão grande a banda está aqui fora. Já o Septicflesh foram contundentes e temas como “Portrait of a Headless Man”, “Enemy of Truth” e “Communion”. Seth foi um verda- 74 -


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deiro maestro e conduziu um público que não decepcionou apesar da Razzmatazz não ter o esperado sold out. 30/03/2019 - Poblenou Goes Punk Festival BATEC - BRIGADE LOCO - DEMENCIALS Já em reta final de mês, visitamos a segunda noite do Poblenou Goes Punk com os já habituais por estas páginas o Batec. Punk Rock Catalão de alto nível e que vem crescendo a cada apresentação. Mês que vem o quarteto sai de turnê nacional para defender seu disco, Cicatrius de Guerra. Os Vascos do Brigade Loco e os também catalães do Demencials fizeram a festa de um público mais Skin ou Street Punk, como queiram chamar e não deixaram pedra sobre pedra. 31/03/2019 - Der Weg Einer Freiheit - Au-Dessus & The Devil’s Trade Sim, iniciamos e finalizamos o mês tal como manda o calendário, do dia primeiro até o último. Para fechar março, fomos conferir os alemães do Der Web Einer celebrando uma década de existência e seu bom Black Metal além de músicas de seu disco novo. Quem também chamou atenção foram os lituanos do Au-Dessus com um Death Metal com partes bem experimentais. Nos chamou atenção também sua vestimenta, completamente encapuzados e com tanta fumaça de palco que mal conseguimos ver as luzes de saída de emergência da sala Bóveda. Talvez quem tenha roubado a cena foi The Devil’s Trade e seu Doom/Folk made in Hungria. Fez um show de abertura de alto nível com a grande colaboração do público que não deu um pio durante o set.

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Texto Marta Ayora | Foto Ilana Bar

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Você já era baterista quando fundou o Alma de Batera? Eu sempre gostei de música. Tive aulas de flauta doce quando era bem pequeno e com 15 anos fiz aulas de violão na escola, mas o violão não era o instrumento que eu amava. Nessa época eu ia muito ao ensaio da banda de um amigo baterista e ao invés de prestar atenção no violão e guitarra eu prestava atenção na bateria. Com 18 anos eu fiz aulas de bateria e formei uma banda. Naquele mesmo ano participamos do Fico (Festival Interno do Colégio Objetivo), e ficamos em segundo lugar. Então,

entrevista a seguir é de um projeto muito interessante que mistura música e pessoas com deficiência. Por meio da música, elas aprendem, não apenas um estilo musical ou um instrumento, a serem pessoas como qualquer uma outra, apesar das limitações. Conversamos com Paul Lafontaine, idealizador do Instituto Alma de Batera. O que é Alma de Batera? Alma de batera é uma ONG que ensina bateria para pessoas com deficiência. - 78 -


amigos sugeriram: “Paul, por que você não faz um trabalho voluntário?”. Então, nessa época fui voluntário no Instituto Fundação Dorina Novil, que é uma instituição para cegos. Fui guia para cegos dentro do instituto, ajudei em eventos, fiz de tudo um pouco e nessa mesma época também fui voluntário na Ecoterapia da hípicas de Santo Amaro. Lá eu ajudava pessoas com deficiência intelectual e síndrome de down a montar a cavalo. Foi daí que veio a sua paixão em trabalhar com pessoas com deficiência? Foi nesse momento que despertou essa paixão de trabalhar com inclusão de pessoas com deficiência. E numa conversa que tive com o pessoal da ecoterapia, eu perguntei: O que eu poderia fazer para eu trabalhar nessa área de inclusão? E o pessoal me falou: “Paul, você pode fazer uma faculdade de pedagogia, psicologia ou de educação física e depois se especializar na área”. Aí você imagina... em 2006 eu estava com 26 anos, sem trabalho, já com uma formação em turismo. E fiquei pensando: “Será que eu começo do zero tudo de novo? Faço outra faculdade para tentar trabalhar com inclusão? Quer saber? Vou arriscar!”. E comecei a fazer faculdade de pedagogia, a qual sou formado também. logo de cara eu já fiquei motivado em montar uma banda, em tocar bateria, mas eu nunca imaginei que eu fosse trabalhar com aulas de bateria ou com uma causa social.

E em qual momento juntou bateria com deficiência? Foi mais para frente. Na verdade, quando eu entrei na faculdade eu enviei o meu currículo para várias instituições, para trabalhar com pessoas com deficiência. Eu estava visando um estágio em qualquer área que fosse para trabalhar com esse público.

E como você começou a trabalhar em causa social? Eu fiquei durante anos tocando na noite de São Paulo e achei que para sempre eu ia tocar em banda. Nessa época, por pressão familiar, eu me formei na faculdade de turismo, mas continuei tocando na noite paulistana. Em 2006, eu saí da banda e foi nesse período que

Como você começou as aulas de bateria? Na época da faculdade de pedagogia eu achei - 79 -


que ia estagiar, me especializar e crescer dentro de um instituto. Só que ninguém me chamou, ninguém dava nem retorno. Nesse meio tempo o meu professor de bateria falou: “Paul, enquanto você não consegue o seu trabalho com inclusão, por que você não dá algumas aulas de bateria? Conheço uma comunidade chamada Monte Azul, que trabalha com pessoas que não têm condições de pagar aulas de bateria e você pode dar aulas lá para ganhar experiência’’. Por quatro meses dei aulas de bateria nessa comunidade e no final do ano de 2007 eu liguei para o Vitor para agradecer a oportunidade e disse que em 2008 eu queria focar nas instituições para pessoas com deficiência. Virou o ano e continuei mandando meus currículos, sem pensar em dar aulas, focado só nos institutos. Daí o Vitor me ligou e disse que tinha quatro alunos de bateria para mim e que dessa vez os quatro alunos eram deficientes. Neste momento despertei! Como que eu nunca pensei nisso antes? Em juntar bateria e inclusão, minhas duas paixões? Nunca tinha pensado em trazer o mundo da música para a inclusão. Então aceitei o convite o Vitor e pedi para ele marcar o primeiro dia de aula com os alunos. Isso aconteceu no começo de 2008. Foi ali o começo do conceito do Alma de Batera. Qual era o perfil da primeira turma de alunos deficientes? Eram quatro alunos, três com síndrome de Down e uma menina que nasceu com câncer no cérebro e passou por uma cirurgia para retirar uma parte da massa encefálica aonde estava o câncer, então a parte cognitiva ficou comprometida. Comecei dar aula para eles no começo de 2008 e no final do ano eu já contava com nove alunos, todos com deficiência. Como foi a primeira aula de bateria com - 80 -

esses quatro alunos? Nesses primeiros meses eu aprendi muito, porque eu nunca tinha imaginado trabalhar com bateria para pessoas com deficiência, então eu tive que me adaptar rapidamente, porque o tempo de aprendizagem de cada aluno é diferente. Eu não tinha como usar a metodologia da forma como ela é geralmente ensinada nas aulas de bateria, porque as vezes o aluno não tem a capacidade cognitiva para entender. Então eu tive que adaptar alguns exercícios. Essa experiência foi muito boa porque eu aprendi que eu não tenho que ditar o ritmo para os alunos, são eles que ditam o ritmo para


eu ir me adaptando.

para conversar com ela para saber “Será que se eles estão curtindo?”, “Será que está dando resultado?”. O meu foco era no resultado prático na bateria e ela percebeu que eu estava ansioso por resultados rápidos. E aquele dia foi realmente muito marcante porque ela falou: Paul, estou vendo que você está ansioso por resultados, mas como que eles saíram da aula? Eles saíram tristes e desanimados ou eles saíram realizados e felizes, com a autoestima lá em cima? Eu falei: Eles saíram super felizes! Ao final da aula eles saem muito realizados... Só de sentar na bateria eles já ficavam com brilho nos olhos.

E isso você aprendeu logo de cara ou demorou um tempo? Demorou uns três meses porque eu era muito ansioso. Eu nunca tinha visto um trabalho desses sendo feito no Brasil, de bateria especificamente, então eu não tinha uma referência. A minha ansiedade era muito grande no começo. Eu queria que desse certo, eu queria ver resultado logo na bateria. Só que a coordenadora do instituto do qual eles vinham, tinha mais de 20 anos de experiência e toda semana, quando terminava a aula, eu ia lá no instituto - 81 -


E ela falou: Então é isso! Está aí o seu resultado! Eu sei que você quer buscar resultados práticos na bateria, mas observe se o aluno está saindo feliz de sua aula, pois para mim isso já é um resultado super significativo! Foi daí que você começou a enxergar os resultados? Sim, foi daí que comecei a enxergar com outros olhos. Ao invés de só me preocupar com a questão da metodologia e dos exercícios, eu comecei a observar mais se eles estavam realizados e motivados por estarem ali na aula. Por mais que o exercício seja o mais simples possível, eles estão envolvidos com isso. Observei que meus alunos são muito envolvidos e que a minha forma de tratá-los, não pensando na metodologia, mas pensando na abordagem, de como eu os recebo, com um abraço. “E ai cara! Como foi a sua semana?”, “E aí? Preparado para tocar bateria?”. A forma como eu troco ideia com eles é muito importante. Sou um cara que chego chegando, falo com olho no olho. Eu acho que é por isso que eles gostam muito da aula. Não é mais nem aula de bateria, é “a aula do Paul!”.

to bem ao significado. Eles podem não tocar bem às vezes, mas eles têm alma. Mesmo com todas as dificuldades, eles vão até à aula e dão o melhor de si. Existem pessoas que não têm deficiência, sabem que gostam de algo e não experimentam porquê: “Ah…imagina, eu com 30 anos vou fazer aulas de bateria?”. Eles não, eles já são assim: descobri a bateria? Então vou lá e vou fazer! Eles querem experimentar, eles querem vivenciar.

De onde vem esse nome Alma de Batera? Vieram vários nomes: baquetas aladas, anjos das baquetas… Mas quando veio “Alma de batera”, eu gostei do som, da pronúncia, gostei do sentido. Porque os alunos podem ter a maior dificuldade do mundo em tocar bateria, mas são quando tinha 15 anos, que fazia aula de violão e gostava de bateria. Então, quando a gente gosta de um instrumento, a gente já nasce com isso na alma. Então foi algo que eu me identifiquei e percebi que os meus alunos com deficiência tinham alma para aquilo. Eles olhavam com o mesmo brilho nos olhos que eu tenho pela bateria. Alma de Batera casou mui-

Como começou a ONG Alma de Batera? Comecei do zero. Comecei a divulgar, ligar para instituições para oferecer uma vivência gratuita. “Eu posso ir até aí na instituição, levo a bateria, vocês me dão um espaço de 1h30, para eu fazer um workshop e algumas atividades com eles, para eles experimentarem”. - 82 -


Algumas responderam não, mas as que responderam que sim, geraram interessados. No começo de 2009 eu tinha dois alunos, uma menina que tinha deficiência física com hemiplegia na coluna e tinha dificuldades enormes, e tinha o Ney, que era um dos alunos com síndrome de down que até o ano passado estava comigo. Na época ele tinha uns 44 anos e hoje ele tem uns 51 anos. Quando a menina parou as aulas, ficou só o Ney. E foi o Ney que salvou a ideia de continuar o Alma de Batera.

outra área. Nesse dia eu estava muito desmotivado, foi um dia que era o dia da aula do Ney. Eu tinha decidido que ia abrir mão do sonho, eu vou infelizmente falar para a mãe dele que não está mais dando certo isso e que vou partir para outra. Nesse dia, eu sempre esperava o meu aluno na porta do estúdio, tinha um murinho na porta do estúdio, e eu ficava sentado lá esperando e a mãe do Ney chegava com o carro, parava na porta, ele descia e ela ia estacionar o carro. A gente esperava uns minutos e toda vez era a mesma coisa, esperava ela estacionar, ela voltava e a gente entrava no estúdio. Neste dia eu estava desmotivado, estava longe… eu realmente estava decidido a desistir. E aconteceu a mesma coisa, a mãe dele parou na porta do estúdio, ele desceu e ela foi estacionar o carro. E eu estava com a

Você pensou em desistir? Teve um dia que eu pensei: Vou desistir, ninguém está me dando retorno, não vai dar certo, não vai funcionar, eu não vou conseguir, eu vou focar de novo em enviar uns currículos para instituições para trabalhar em alguma - 83 -


cabeça longe, pensando: “O que vou falar para o Ney?”. Ele sentou do meu lado no murinho e acho que ele sentiu que eu estava triste naquele dia. Ele me deu um abraço e falou: “ Paul você é o melhor professor do mundo!”. Foi muito sincero. Ele me deu um puta de um abraço e falou isso. E no fundo eu estava buscando algum sinal para não desistir e foi nessa hora que eu saquei: Isso é um sinal que eu não devo desistir! Não vou falar nada, vou continuar. E foi a partir daí que eu continuei a ligar para as instituições e começou a virar!

tivemos uma reportagem no SPTV primeira edição. O Alma de Batera começou a sair em algumas revistas e começou a virar. 2010 foi um ano bem significativo, pois além de ter mais visibilidade nas mídias, eu consegui entrar no edital da prefeitura e ser remunerado. E consegui meu primeiro parceiro de apoio de material que é a bateria Odery que na ocasião doaram duas baterias. E em 2010, eu tive a ideia de chamar bateristas conhecidos para participar do Alma e Batera. E como foi essa aproximação? Foi difícil porque na época o Alma de Batera não era tão conhecido. Na verdade, eu fui apresentado por uma amiga para um baterista renomado no Brasil que é o Cuca Teixeira, que na época tocava com a Maria Rita e que

Daí, começou para valer então? No final de 2009, eu entrei no edital da prefeitura e logo fui chamado, fui remunerado, tinha 18 alunos e daí começou a dar mais motivação e mais visibilidade. Foi a primeira vez que - 84 -


O Maguinho foi e levou outros bateristas queriam participar. Eu não precisava nem entrar em contato, porque eles começaram a entrar em contato comigo pela página e aí começou a gerar conteúdo, começou a gerar visibilidade. Bateristas que eu nunca imaginei, o João Barone da Paralamas do Sucesso, foi umas duas, três vezes. O Eloy Casagrande do Sepultura, que às vezes eu via em alguns eventos de bateria, mas eu nunca imaginei que ele pudesse ser um ser humano tão grande como ele é. Ele levou e montou a bateria dele e já participou de eventos públicos com os alunos. Da lista de bateristas já temos mais de 30 bateristas super renomados participando. Hoje estamos buscando patrocinadores, pois estamos com foco em ter um espaço próprio. Futuramente, no espaço próprio vamos montar um cronograma para gerar mais conteúdo. Quais superações você já assistiu que podem incentivar outras pessoas a fazerem aulas de bateria? Temos vários casos, mas posso citar o caso de um aluno com deficiência física que tinha hemiplegia do lado esquerdo, que é uma paralisia. Ele não usava o braço esquerdo e a mão esquerda, porém, notei que ele mexia o braço para alguma coisa. A mãe dele falou: ele não usa o braço para nada. Normalmente eu procuro saber através do responsável quais são as limitações do aluno, mas eu chego no aluno também e pergunto: O que você consegue fazer com esse braço? E eu cheguei no aluno e falei: E aí cara? Qual é a real desse braço? Você usa ele? E eu senti que ele tinha um pouco de vergonha de usar o braço dele, porque ele percebeu que as pessoas usam o braço normalmente e que ele não tinha essa condição. E eu falei para ele: Olha, vamos fazer os movimentos dentro do possível, dentro das condições que você consegue, mas vamos utilizar

tem vários trabalhos de jazz. Na época eu pedi para ele fazer uma visita e tocar umas músicas para os alunos e ele aceitou na hora. O segundo baterista quer participou foi o Maguinho que toca música popular brasileira. Quais bateristas que você nunca imaginou que iria participar do projeto Alma de Batera? Vários. Na verdade foi uma bola de neve, pois o Cuca Teixeira foi e eu comecei a divulgar as fotos do Cuca nas redes sociais, então os outros bateristas começaram a ver que o Cuca participou desse projeto... E aí foi uma bola de neve. Quando fui chamar o segundo baterista, o Maguinho, ele já sabia da participação do Cuca, na hora ele falou: É obvio que quero participar! - 85 -


esse braço de alguma forma. Então ele começou a fazer uns movimentos nas primeiras aulas com muita dificuldade e começou a utilizar mais o braço esquerdo a mão esquerda que ele não queria usar. Passou uns três meses, a mãe dele veio falar comigo: “Paul, o meu filho mudou”. Olha, outro dia eu fui sair com ele, e ele estava com os cabelos cheios de gel, espetados para cima e ele falou para mim: “Mãe, me encontrei!”. Desde que ele começou a fazer aulas de bateria, ele começou a usar a mão dele pra rotinas do dia a dia, como amarrar o tênis, abrir armário, abrir portas, escovar os dentes. Ele começou a usar mais o braço esquerdo para atividades diárias. E aí eu pensei: Que legal ouvir esse retorno, de uma mudança que não é na bateria, mas é uma mudança em casa, na autoestima, na autoconfiança! O foco do Alma de Batera não é usar a bateria para trabalhar esse tipo de retorno. O Alma de Batera não é musicoterapia, a gente não usa a bateria como uma ferramenta terapêutica, mas os resultados acontecem! Desde autoestima, autoconfiança, até na questão física do aluno, na independência. Outro exemplo: Eu tive uma aluna no SESC Vila Mariana que tinha autismo. A aula lá era de 1h30 em grupo de cinco pessoas, todas com deficiência. Ela vinha acompanhada com uma Terapeuta Ocupacional e ela se batia muito. Nas primeiras aulas ela aguentou quinze minutos e depois ela começou a se bater. Então eu falei: Ok, ela aguentou quinze minutos, então pode ir para casa, está ótimo! Se ela quiser vir na semana que vem, por favor venha. E ela começou a voltar e começou a sustentar, meia hora, quarenta minutos, começou a se adaptar à aula. Depois que ela se adaptou e conseguiu ficar dentro das aulas, o meu exercício era ela sair do lugar dela e ir até a bateria sentar no banquinho da bateria por cinco

segundos que fosse, porque ela não conseguia sentar no banquinho, pegar a baqueta para tocar, para mim foi um desafio. Se ela conseguir sentar no banquinho já está ótimo. Aí foi o trabalho de ensinar ela a sentar no banquinho da bateria. Ela teve uma evolução e conseguiu sentar no banquinho da bateria e conseguiu tocar aos poucos e até se apresentou no teatro do SESC Vila Mariana. A gente foi trabalhando, foi respeitando o tempo dela e a estimulando: Vamos só sentar no banquinho e depois você já pode voltar para o seu lugar. Ela ia lá e sentava, e era a maior dificuldade sentar no banquinho, ficar 5 segundos e voltar para o lu- 86 -


gar dela, mas para mim, eu já tinha ganho o dia. Depois ela foi evoluindo, foi pegando na baqueta e se apresentou. Você vê algum desses alunos tendo uma banda de verdade? Tive alguns casos de alunos que chegaram a ter banda. Tem um aluno meu, que às vezes toca com o pai em alguns eventos. Também já tive alunos que formaram bandas na escola.

que tem alguns alunos com mais limitações. No caso do Dedé por exemplo, ele tem uma bateria em casa, ele toca todos os dias, mas ele tem paralisia cerebral e tem uma dificuldade motora maior. A parte cognitiva dele é preservada, mas por causa do físico dele, ele não consegue fazer um movimento mais rápido, mais dinâmico, mas claro que vai melhorar com o tempo, e já melhorou muito mas existe uma certa limitação.

E para tocar em nível comercial? Se o aluno levar a sério estudar, acho que qualquer pessoa! Vai do foco de cada um. Claro

Qual o tipo de deficiência mais difícil de ensinar música? Eu diria a auditiva, mas eu nunca tive essa ex- 87 -


Foto: Nadja Kouch

periência. Eu conheço um projeto que trabalha com música para surdos, eles trabalham com vibração e é muito bacana.

dade. Eu sempre me surpreendendo também com o potencial do aluno, são vários que vão mais além.

Você pode citar os benefícios que estudar bateria proporciona aos alunos com deficiência? Ajuda na concentração, na autoestima, autoconfiança, na autonomia, na coordenação motora, ajuda também na questão do que é lado direito, o que é lado esquerdo, na noção de espaço e tempo. Ele cria ritmo para vida. Eu tinha alunos que não conseguiam marcar o tempo constantemente e marcavam o tempo espaçado, então eu fiz um exercício de andar pelo estúdio e falei: como que você anda no dia a dia em casa ou na rua? Você dá dois passos e para ou você anda em ritmo constante? Daí ele sacou que andava constante e começou a trabalhar essa questão de ritmo. É difícil padronizar, pois cada aluno tem uma necessi-

Como faz para ajudar o Alma de Batera hoje? Dá para ajudar através de boletos de doação em nosso site, que foi reformulado em parceria com a VETEX. Esse ano vamos lançar a nossa loja virtual, com produtos do Alma de Batera (camisetas, bonés, baquetas). Atualmente o Alma de Batera tem o apoio da Oderi (marca brasileira de baterias), da Sabian (marca de pratos) e a VETEX que doou uma plataforma (site). Estamos em busca de parceiros para baquetas, peles e patrocinadores via leis de incentivo para termos o local próprio. Para ajudar o Instituto Alma de Batera clique AQUI. - 88 -



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Texto e Foto Edi Fortini

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s noruegueses do Leprous estiveram em São Paulo pela primeira vez no dia 10 de março, no Carioca Club. Formado em 2001 por Einar Solberg (vocal/teclado), Tor Oddmund Suhrke (guitarra), Baard Kolstad (bateria), Simen Børven (baixo) e Robin Ognedal (guitarra), a banda está conquistando cada vez mais fãs mundo afora, devido à sua sonoridade diversa e profunda, contando com elementos do rock progressivo, avant-garde e pop. Promovendo seu último trabalho, “Malina” de 2017, a banda tocou 5 músicas no show, incluindo Bonneville e From the Flame. Um outro trabalho bastante destacado no setlist foi o “Coal”, de 2013, que contou com mais 4 músicas no setlist. A cover de “Angel”, do Massive Attack também foi tocada e funcionou muito bem ao vivo, o que é um grande ponto positivo para a banda. O bis contou com Mirage e From the Flame e deixou os fãs com a sensação de que o show poderia ter tido ainda mais algumas horas. Para a primeira vez do grupo no país, foi um show mais do que excelente e os fãs já - 92 -


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aguardam o retorno o quanto antes. Setlist 1. Bonneville 2. Stuck 3. The Valley 4. Foe 5. The Flood 6. Acquired Taste 7. The Cloak 8. Illuminate 9. Golden Prayers 10. Angel (Massive Attack cover) 11. The Price 12. Third Law Bis: 13. Mirage 14. From the Flame

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Texto e Foto Bruno Sessa

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omingo, 31 de março, rolou em São Paulo mais um show da banda alemã Lacrimosa. Nesta passagem pelo país, a banda apresenta a turnê Travel World Tour no Fabrique Clube, na Barra Funda. Tilo Wolf e Anne Nurmi, que já estão íntimos do Brasil, estiveram na terrinha mais uma vez para alegria dos fãs numa noite repleta de hits. Apesar dos shows do Lacrimosa estarem diminuindo de tamanho a cada ano, isso não significa que o ânimo ou sua qualidade esteja acabando. A banda alemã possui um público extremamente fiel, dentre eles, os intitulados Lacrimaníacos. Para a alegria dos presentes, a noite teve início já com ‘Ich bin der brennende Komet’ e ‘Lichtgestalt’ na sequência. A banda contou com lindas apresentações no telão, que junto com o som impecável da casa e uma presença de palco empolgante, deu aos fãs uma noite memorável a todos que ali estavam. Um fato curioso ocorreu logo no começo do show, onde Tilo Wolf interrompeu a execução da próxima música buscando na plateia - 98 -


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um casal que estava com uma criança muito pequena nos ombros. Apesar do coração partido, Tilo pediu gentilmente, após identificar novamente, que o casal se retirasse com a criança, pelo seu próprio bem. Após este desconfortável momento, Tilo deu continuidade ao show. ‘Not Every Pain Hurts’, ‘Der Morgen danach’, ‘Stolzes Herz’, vários sucessos da banda puderam ser apreciados junto com suas peculiares performances. Sempre exaltando todo o sentimento presente em suas músicas. ‘Im Schatten Der Sonne’ foi uma das surpresas do show, a música recém lançada foi executada com grande aceitação do público para a alegria da banda. O hit ‘Copycat’ foi um dos pontos altos do show, finalizado com ‘Alles Lüge’.

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