Work hard Vamos falar de um tema bastante controverso diante de tanto caos, mas que traz um regozijo impressionante e dá a força que se precisa para continuar. Essa alegria não é nossa, mas nos alegramos pelas conquistas dos outros, sim, do outro. Por quê? Recentemente as meninas da Nervosa foram anunciadas no Wacken. E por que nós vamos nos alegrar? Acompanhamos o trabalho delas há bastante tempo. Praticamente o tempo que temos on-line, elas têm tocando. Vimos nascer, desenvolver, criar as asas que precisam para plantar sementinhas em cada lugar que estiveram. E num passado não muito distante, e não deve ser muito diferente de hoje, talvez como menos ênfase, muitas pessoas e bandas as criticavam, principalmente pela notoriedade que estavam tendo. Sim, vamos entrar na questão mulher. Toda a reclamação não era do som que fa-
ziam, mas pelo fato de serem mulheres e, por isso, conquistar seu espaço com habilidades fora do contexto musical. Não precisamos dizer quão ridícula é essa postura. Você pode não gostar do som que elas executam, mas atribuir o mérito porque são mulheres que usam o meio sexual para galgar espaço? Por favor, se isso não for inveja, não sei o que é. Enfim, elas evoluíram e quando foi anunciado o cartaz com as bandas para a edição do Wacken 2020 o nome da Nervosa estava lá. Que felicidade! É trabalho duro, sério, investimento e foco. Agora elas estão colhendo os frutos. Temos orgulho, sim. Sabemos como é difícil encarar tudo isso e ficam aqui as nossas felicitações. Meninas, vocês estão indo no caminho certo, não se assustem, muito mais ainda vai acontecer de bom para a Nervosa. A sua alegria também é nossa!
06 - Skin - A sexualidade feminina 10 - Live - Zeal and Ardor 16 - Metal Reflections - Nervosa no Wacken 22 - Entrevista - Symphony X 32 - Capa - Warlord UK 44 - Entrevista - Fellps Rocker 52 - Live - Kisser Clan & Sepultura
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DIREÇÃO GERAL Pei Fon CAPA Alcides Burn Jonathan Canuto
COLABORADORES Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo Renata Pen Samantha Feehily
CONTATO contato@rockmeeting.net www.rockmeeting.net
Por Samantha Feehily (Wonder Girls )
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ntre quatro paredes tudo está liberado, não é mesmo? Para algumas mulheres, não. A sexualidade feminina ainda rende tabus. Há quem não consiga explorar e valorizar os próprios desejos. Assim, fica difícil dominar o e mostrar ao parceiro que algumas vontades podem ser prazerosas para ambos. O despertar a sensualidade é essencial. A mulher que ainda se sente tímida ao tirar a roupa ou falar sobre suas preferências deve tentar melhorar a autoestima e livrar-se das paranoias. Saiba como fazer isso. A mulher que procura melhorar sua aparência usando roupas provocantes, cuidando-se e perfumando-se para despertar o interesse do parceiro certamente está com sua sensualidade à flor da pele. Ao se produzir, ela também se sente melhor, garantindo a autoconfiança que precisa para deixar os medos de lado. Ao
sentir que é bem-sucedida em seu objetivo, sente-se segura e continuará agindo dessa forma sensual. Há quem acredite que se masturbar é um erro, por exemplo. Esse é um dos tabus que, além de ultrapassados, podem prejudicar o prazer feminino. A mulher que consequentemente não sabe o que é bom e o que garante bem-estar para si mesma. Por isso, separar um tempo para se divertir e descobrir do que você gosta é, sim, necessário. O sexo anal também é sinônimo de polêmica. Adorado por muitos homens e temido por várias mulheres, o ato deve ser discutido pelos parceiros e praticado, caso os dois se sintam à vontade. Se existe confiança e intimidade, o parceiro irá com calma e você sentirá prazer. O importante é manter diálogo e comentar quando algo está desconfortável.
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Samantha Feehily
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Mitos e verdades da sexualidade feminina 1. Mulheres não têm tanto desejo sexual quanto os homens. Verdade, mas há controversas. Eles pensam muito mais em sexo que elas e, consequentemente, sentem mais desejo. Enquanto os homens pensam no que pode rolar em uma transa, as mulheres não sentem a necessidade de imaginar e pensar nisso ao longo de todo o dia. Ainda assim, o desejo sexual existe e deve ser explorado. 2. A masturbação pode atrapalhar o prazer sexual com o parceiro. Mito. Ela garante o autoconhecimento e proporciona transas mais quentes. A partir do momento em que você descobre do que gosta, deixa de perder tempo com estímulos que não garantem tanto prazer. A masturbação pode atrapalhar apenas se a mulher deixar de fazer a relação sexual com o parceiro para se masturbar. 3. Mulheres apenas sentem prazer por masturbação clitoriana. Mito. É mais fácil sentir prazer com o estímulo clitoriano, fato. O clitóris é o gatilho do prazer na grande maioria das mulheres. Porém, a também pode garantir boas sensações. O orgasmo vaginal depende muito da prática, da intimidade com o parceiro e do autoconhecimento. 4. O orgasmo feminino é difícil de alcançar. Mito. É fácil, desde que você esteja relaxada e conheça os pontos que garantem mais prazer. O orgasmo feminino é difícil nos casos em que a mulher seja sexualmente reprimida ou não esteja excitada. Se o parceiro for empenhado, inclusive, pode garantir sensações únicas e prolongadas. -8-
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Texto e Foto Rafael Andrade
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ma das bandas mais revolucionárias do Metal acabou de passar pelo Brasil, e você nem ficou sabendo disso. Especialmente porque você nem deve saber quem diabos é Zeal & Ardor. Muito bem, antes de detalhar como foi o catártico show da banda no SESC Pompeia, é importante explicar porque você deveria parar tudo o que está fazendo agora e conhecer a banda. Abra seu serviço de streaming favorito e vamos começar. A primeira dúvida que fica ao ouvir o álbum “Devil Is Fine” de 2016 é sobre o gênero. É Blues? Black Metal? Gospel? Sim, sim e sim, para todos os estilos. E cabe espaço para mais alguns gêneros aqui, se é que isso significa alguma coisa para esta banda. Liderado pelo sueco Manuel Gagneux como um projeto independente, ele se baseou na hipótese “e se os escravos fossem satânicos - 12 -
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e não cristãos?”. O resultado é algo extremamente poderoso, assustador, lindo e hipnotizante, que consegue trazer ainda mais energia durante as apresentações ao vivo, e em São Paulo não foi diferente. O setlist contou em sua maioria com músicas do segundo e mais recente álbum de estúdio, “Stranger Fruit”, momento em que a banda consegue expandir sua experimentação musical além do que foi visto no início, quando o projeto contava somente com Manuel na produção de todos os instrumentos. Atualmente a banda conta com seis integrantes,
sendo 3 deles vocalistas. Durante as músicas a banda não é de interagir muito com o público, até mesmo chegando a pedir desculpas por aproveitar o tempo para tocar o máximo possível de músicas, algo que foi prontamente recebido de bom grado pelos fãs presentes. Mesmo sem falar muito, ficou nítido o quanto os fãs e a própria banda ficaram felizes com o resultado do show, que contou com mais de 20 músicas, que após o show ficam ecoando na sua cabeça por muito, muito tempo. E isso é ótimo!
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No dia 04/08/2019, o trio brasileiro Nervosa foi anunciado como atração do Wacken de 2020. Pronto, o Facebook gerou cada reação que, no mínimo, é de doer. Sério: muita militância de um lado, muita implicância do outro. Ambos os lados que não leiam o que escreverei, pois não participo desse tipo de coisa. Basicamente, há tempos, independente de gosto ou outra coisa (e eu gosto da banda), o Nervosa tem se tornado cada vez mais o próximo grande nome do Metal brasileiro, e não por serem mulheres ou saírem transando com quem quer que seja. A coisa é BEM DIFERENTE do que essas turmas pensam e falam. Primeiro: o Nervosa é uma banda exigente em termos de qualidade de gravação e arte gráfica. Mesmo com as trocas de bateristas, Fernanda (baixo, vocais) e Prika (guitarras) sempre mantiveram uma solidez enorme em termos de carreira. Lançaram seus discos
sempre buscando se expressar da melhor forma possível. Independente do gosto alheio, elas nunca gravaram algo sem qualidade, sempre buscando o melhor em termos de arte gráfica e de qualidade sonora. E em termos de selo/distribuição, é melhor lembrar que as bandas (em geral) têm que entregar o material para o selo, que pouco investe em termos de produção/gravação. Quase tudo nesse ponto, graças aos downloads ilegais e streamings da internet, é pago pela banda hoje em dia. Mas o Nervosa nunca abriu mão de ter a melhor qualidade possível em cada disco. Segundo: a banda tem um excelente serviço de agendamento de shows e management. O Nervosa é uma das bandas que mais faz shows. São poucas as vezes que a banda fica mais de um mês parada. Estão sempre na estrada, tocando desde grandes festivais até casas pequenas do underground. - 16 -
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Foto: Bruno Sessa
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O segredo é o agendamento: a banda está sempre disponível para shows, e isso, desde “2012”, seu primeiro registro. É uma das poucas bandas que já passaram por quase todos os estados do Brasil, o que foi gerando uma sólida base de fãs. A gravadora fora do Brasil ajudou a distribuição dos álbuns, o que foi abrindo portas e possibilidades de shows no continente europeu. Basicamente, a banda usa uma estratégia muito parecida com a que Ozzy (em início de carreira solo) e Sepultura usaram: tocar em tudo que é canto, fazendo shows pequenos e acessíveis (em termos de preço) para o público menos abastado. Outra forma de criar uma sólida base de fãs, diga-se de passagem. Terceiro: estão sempre com um “timming” perfeito. O trio não perde as chances que tem. Abrindo shows e turnês internacionais no Brasil e fora, indo tocar no Brutal Assault Festival... Tudo flui para ajudar a banda, mas as meninas estão sempre no lugar certo, na hora certa, e encarando os desafios de maneira profissional. Quarto: a banda sabe se divulgar. Diferente de outros grupos do Brasil, o Nervosa sempre foi de compartilhar entrevistas e resenhas em sua página oficial do Facebook. Coisa que muitas bandas do Brasil não fazem (ou o fazem apenas quando divulgados em revistas e grandes sites), apequenando seu nome mais e mais. O trio coloca tudo, seja de imprensa ou mesmo de eventos, cartazes de show, tudo que podem. Isso é ser inteligente, pois os fãs começam a ter materiais diferentes para poderem ler. Quem não o faz, paciência... Quinto: o profissionalismo com que encaram seus compromissos. - 19 -
Foto: Pei Fon
O Nervosa, desde que acompanho a banda, vem crescendo, mas sem nunca deixarem de honrar seus compromissos com eventos. Não há quem reclame delas, o que revela o famoso “agarrar as oportunidades com unhas e dentes” que muitos não mostram. Cabem ainda dois pontos: Polêmicas: por estranho que pareça, é uma das bandas que menos se envolve em assuntos polêmicos desde que surgiram. Mas permitam este autor lembrar-lhes: a melhor forma de crescer é não pensar que tem fãs ho-
mens ou mulheres, de direita ou de esquerda, militante ou não. Vocês possuem fãs. Música: gostem ou não gostem, elas têm muito talento. Se elas chamam a atenção por ser uma banda exclusivamente feminina, por outro mostram que tem talento musical para bancar essa exposição, independente de opiniões apaixonadas pró e contra. No mais, parabéns ao grupo, que ratifica uma previsão que fiz há dois ou três anos: que eram o próximo nome forte do Metal brasileiro no exterior.
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Texto Pei Fon | Fotos Marta Ayora
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ma das bandas mais icônicas do cenário progressivo retornou aos palcos e ao Brasil. O quinteto do Symphony X voltou a fazer shows após um longo período, por projetos e muito por conta da recuperação de Russell Allen, é sabido do acidente que ele sofreu quando excursionava com o Adrenaline Mob, em 2017. Tivemos a oportunidade de conversar com Michael Romeo e que você acompanha agora. Symphony X volta aos palcos após um hiato. O que motivou esse retorno? Saudades? Sim, nós tiramos um tempo. Algumas coisas aconteceram naquela época, como você deve saber, Russ estava envolvido naquele terrível acidente e realmente precisava de um tempo para resolver as coisas. Além disso, alguns de nós estávamos trabalhando em material solo e outras coisas, então algumas folgas foram uma coisa boa para todos nós. Depois que as coisas se acalmaram, começamos a conversar sobre como voltar a isso e discutimos os planos para um novo álbum ou uma turnê... Decidimos fazer uma turnê. Acho que todos nós sentimos falta e estávamos todos empolgados em voltar para a estrada. - 24 -
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“Underworld” foi o último álbum lançado, já faz quatro anos desde então. Vocês pretendem lançar algo em 2019 ainda? Ou só para 2020? Temos falado sobre planos futuros e um novo álbum é definitivamente algo que estamos discutindo, mas ainda estamos planejando e resolvendo as coisas para um cronograma definido. Faz um bom tempo que vocês estiveram no Brasil e agora tocando clássicos. Como surgiu essa turnê? Como eu disse, nós decidimos fazer algumas turnês primeiro... Todos juntos, tocando as músicas, nos divertindo novamente. Nós tínhamos acabado de fazer um tour pela Europa e foi ótimo. Então, nós queríamos continuar com mais turnês, e que lugar melhor do que o Brasil?! Uma turnê somente de clássicos é bastante complicada. Como foi o processo de escolha das músicas? Imagino quão difícil foi. Sim, não foi fácil, mas sabíamos que não queríamos que fosse uma turnê de ‘Underworld’ (já que muito tempo se passou desde o lançamento do álbum), então decidimos fazer um pouco de tudo. Normalmente, todas as turnês que fizemos giravam em torno daquele último CD, então, na maior parte do tempo, o setlist era a maioria (se não todo) o novo CD. Desta vez foi diferente e decidimos fazer uma música ou duas de muitos álbuns diferentes. Nós sempre recebemos muitos pedidos para tocar ‘The Oddysey’, e nós não tocamos essa música há algum tempo, então colocamos isso no set também. Nesses últimos quatro anos muitas bandas nasceram e outras estão dando - 26 -
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adeus. Como enxergam o futuro do Heavy Metal? Quais dessas bandas novas vocês apontam como destaque? Infelizmente, eu diria que mais estão ‘se despedindo’ do que ‘nascendo’. Eu não consigo pensar em nenhuma banda nova que será o ‘próximo’ Sabbath, ou Slayer, ou Rush, etc, pelo menos no nível do que essas bandas alcançaram. As coisas estão difíceis no mundo do rock e do metal... E o negócio da música está meio que em um lugar fodido agora também. Com a forma como a música é consumida nos dias de hoje, é muito difícil para os músicos sobreviverem financeiramente, especialmente os caras que estão começando. As pessoas simplesmente não compram mais música, então criar música boa (o que demanda tempo e dinheiro) é mais difícil de fazer. Eu não tenho certeza de onde as coisas vão acabar. 25 anos de estrada, qual o panorama do passado e presente que podem fazer sobre a forma de consumo da música. E qual a perspectiva do futuro? Nós tocamos nisso um pouco na questão anterior. Embora seja muito conveniente ter “qualquer música - a qualquer hora - em qualquer lugar”, os músicos estão tendo um impacto financeiro. Como artista, eu sei que uma banda vai ver mais dinheiro com a ‘venda física’ de um CD ou vinil. Então, quando uma banda ou artista que eu gosto lançar novas músicas, eu sempre comprarei o produto. (Claro, eu poderia ouvir streaming por conveniência, mas eu compro primeiro). Eu sei que vai ajudar a banda ou artista que eu gosto e permitir que eles proporcionem mais boa música no futuro. Infelizmente, a maioria das pessoas simplesmente não “compra” música, o que torna a criação de músicas de qualidade cada vez mais difíceis em termos de tempo e dinheiro para os artistas. - 28 -
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Top 5. Quais músicas do Symphony X não podem faltar no setlist? Fale um pouco sobre cada uma delas. Isso sempre mudará. Um novo álbum sempre torna o setlist mais complicado. Mas, estes poucos parecem sempre ir muito bem em turnê ... E tentamos manter alguns deles lá. ‘Sea of Lies’ ou ‘Of Sins and Shadows’... clássicos. Nós recentemente colocamos ‘Evolution’ de volta no set, e esse também foi muito bem recebido. ‘Set the World on Fire’ e ‘Serpents
Kiss’ geralmente aparecem. Estes sempre se sentem bem ao vivo. E ultimamente, ‘Nevermore’, ‘Run with the Devi’l e’ Without You ‘. Muito obrigada pela entrevista e fica aqui o espaço para a mensagem aos fãs. Bem, estamos realmente ansiosos para ver todos de novo! E, como sempre, nossos agradecimentos vão para os fãs por todos os anos de apoio! - 30 -
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Texto Pei Fon | Fotos Tim Finch Tradução Renata Pen
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em-vindo a Rock Meeting, gostaria que você se apresentasse ao Brasil, que é o Warlord UK? O Warlord UK começou em 1991 em Kings Norton, Birmingham, Inglaterra, a partir de uma ideia que veio a Mark White. depois de ouvir The Head Of David & Amebix. Mark também se inspirou em ler os livros de Michael Moorcock, The Chronicles of Elric. Nosso primeiro álbum foi lançado em 1996 com todos os membros originais. A banda, em seguida, teve um hiato em 1998 até 2008, quando Mark foi informado de que havia uma sequência substancial de Warlord UK nas mídias sociais. Isso o estimulou a trazer de volta a máquina Warlord. Desde então, lançamos dois álbuns adicionais; Evil Within (2010) e We Die As One (2013). Tendo passado por algumas mudanças de membros, o Warlord agora está definido em seus quatro membros atuais: Mark White, James Murphy, Dan Brookes e Gaz Thomas, e está trabalhando duro em nosso quarto álbum “Graveyard Planet”, que deve ser concluído e lançado este ano. Em 1996, vocês lançaram o que eu con- 34 -
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sidero ser uma obra-prima do death metal, Maximum Carnage, que teve uma ótima recepção no Brasil, o que você tem a dizer sobre o álbum e desde então. Mark: Foi um ótimo momento para nós no Warlord - na época, eu e meus melhores amigos e irmãos morando juntos e escrevendo músicas na veia de bandas que nos inspiravam. Não tínhamos ideia de como outras pessoas receberiam o álbum, mas todos nós amamos o álbum e nos orgulhamos muito dele. Até então não tínhamos noção quando fizemos uma turnê com o Benediction. Depois do cd lançado na Europa é que nós realmente vimos como esse álbum tinha influenciado as pessoas. Lembro-me de fazer uma passagem de som na Itália ao meio-dia e ver um grupo de garotos de metal no meio do pátio do lado de fora enquanto tocávamos. Era isso que o álbum representava, trazendo nossa música para pessoas que também amavam o que fazemos. Neste momento, outros membros do Warlord estavam entrando na cena musical nos anos 2000. Brookes, nosso guitarrista, pegou uma cópia de Maximum Carnage e imediatamente se tornou um fã de longa data, chegando a vários shows de Warlord no final dos anos 2000 e até mesmo nos apoiando com sua própria banda. Então, em 2011, Brookes se juntou a Warlord e é sempre o primeiro a dizer que devemos tocar certas músicas deste álbum, já que isso foi uma grande influência de seu crescimento. Evil Within foi lançado em 2010, 14 anos após Maximum Carnage, o que levou a esse lapso de tempo? Warlord foi reformulado em 2008 depois de uma separação de 10 anos, como explicado antes, o Mark restabeleceu o Warlord depois de ver que, ao longo dos anos, Maximum Carnage e Warlord haviam ganhado bastante segui- 36 -
dores online. Devido a outros compromissos, Mark foi o único membro original capaz de se comprometer novamente. Warlord passou por algumas mudanças na formação que, na época, eram uma necessidade para trazer a banda de volta e andar nos trilhos. Nós trabalhamos duro em músicas para o álbum e sentimos que estávamos buscando uma abordagem mais esmagadora do que talvez tivéssemos feito anteriormente com o Maximum Carnage. Ainda estou orgulhoso das faixas desse álbum, mas senti o processo de gravação diminuir as versões finais das faixas. Três anos depois veio We Die as One, a identidade do Warlord U.K está lá, só que agora com baterias mais rápidas, essa mudança foi uma progressão natural para a banda? Brookes: Quando entrei em 2011, já havia três músicas finalizadas para We Die As One, que pareciam seguir mais uma abordagem progressiva da música. Mark já estava buscando material rápido e difícil, e isso é algo que eu também amo, então eu tentei trazer muita influência comigo para o Warlord. Nós trabalhamos duro no resto das faixas e tentamos fazer o álbum ser em uma jornada épica através de uma terra árida futurista, um mundo coberto de crânios. Este tema entrou no álbum e tentamos levar todos os ouvintes em uma jornada. Stan W. Decker, da França, fez um ótimo trabalho ao recriar isso. Mark sempre foi e sempre será a principal força por trás das canções de Warlord, escrevendo a maioria das músicas e recebendo feedback sobre o estranho riff ou parte do resto da banda. Eu e Gaz ajudamos a escrever em algumas faixas, mas ainda tentamos manter a visão de Mark sobre essa jornada épica em que levamos nossos fãs ao delírio. Você está agora se preparando para lan- 37 -
çar um novo álbum, Graveyard Planet, incluindo um videoclipe desta música que foi lançado em 2017, você pode por favor falar sobre o álbum um pouco? Brookes: Este álbum tem demorado um longo tempo na tomada de decisões. Um fato que ninguém vai saber é que uma das faixas do álbum é uma faixa que Mark and Gaz escreveu em 2012. Originalmente codificado como The Finished Product (agora When Daylight Ends). Esta é uma faixa que guardamos de We Die As One, uma vez que não se encaixava no tema em que estávamos trabalhando na época. Isso não seria incluído neste álbum. No entanto, com o meu retorno ao Warlord em
2017, e após o lançamento da faixa Graveyard Planet, decidimos reintroduzir isso. O Warlord UK tem que agradecer imensamente ao guitarrista anterior Mick Robinson, que era o outro guitarrista do single Graveyard Planet. Mick foi o guitarrista do Warlord entre 2015 e 2017 e, infelizmente, devido a compromissos familiares, ele decidiu renunciar ao Warlord. Desejamos a Mick tudo de bom para seguir em frente. Nós tínhamos três músicas neste momento, não incluindo as de 2012, mas graças à banda se consolidando, nós rapidamente tivemos 9 faixas prontas para serem gravadas. Estamos atualmente no processo de finalizar dessas músicas. Existem algumas faixas neste - 38 -
álbum que achamos que todos os fãs de Maximum Carnage e We Die As One vão amar. Estamos ansiosos para que todos vocês ouçam este álbum. Este será o primeiro álbum a ter a espinha dorsal atual do Warlord UK, James Murphy no assento de bateria. James é baterista do Warlord desde 2013, depois de lançar We Die As One, e agora ele é um sólido pilar do som do Warlord. Não podemos esperar que você ouça esse álbum com seu ouvido brilhante por colocar as batidas de tambor certas nos lugares certos e sua qualidade insana. Não só isso, mas ele também está gravando e mixando este álbum. Tendo ouvido as músicas cruas até agora, tenho que dizer que nossos fãs têm
muito o que esperar. A arte do Graveyard Planet está sendo criada pelo brasileiro Alcides Burn, ele fez arte para muitas bandas como Krisiun, Nervochaos, Blood Red Throne, Keep of Kalessin, como você chegou a ouvir sobre Alcides e como elas foram criadas? Mark: Alcides é um irmão duro de Warlord que chegou a mim há algum tempo em 2017, perguntando se ele poderia fazer parte do novo álbum, já que ele é um grande fã do nosso trabalho como banda. Com Alcides sendo um fã tão dedicado e devido ao sucesso de seu - 39 -
trabalho (basta verificar a lista acima para ver por si mesmo), é claro que aceitamos. Alcides é um verdadeiro irmão Warlord e foi acima e além para este álbum. Como uma banda, todos nós tivemos ideias para a capa, mas eu tinha essa imagem que não conseguia abalar e senti que era apropriado para esse álbum. Eu queria tentar fazer isso e Brookes fez um pequeno simulado para mostrar a ideia a Alcides, que a transformou em uma capa tão incrível. Ele ainda vem com um bônus que nós trabalhamos, então você terá que esperar e ver o álbum para ver esta surpresa. Alcides não parou por aí - ele também usou sua própria interpretação dos nomes das faixas e criou uma obra de arte adicional para o livreto que apenas grita death metal – É o que nós somos! Estamos aqui para bater cabeças dos povos e pedir desculpas a ninguém! \ m / Como você vê a cena de metal dos anos 90 em comparação com agora? A cena mudou muito desde os anos 90 e eu acho que muito disso está ligado à internet e como as informações disponíveis são hoje em dia. Anteriormente você terminava em um show e festejava muito e acabaria encontrando colegas de equipe etc. Agora, as pessoas sabem onde todos estão e o que todo mundo está fazendo e podem facilmente tomar uma decisão sobre sair ou não com base no que veem ou ouvem online. A cena em si ainda está viva e bem no geral, especialmente para os metalheads. O Warlord UK gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer aos nossos fãs por participarem de shows de tempos em tempos, permanecendo conosco a toda hora e sendo nossos irmãos companheiros de metal. Sem você não há Warlord! Vamos falar sobre redes sociais, eu costumo dizer que a Internet é um mal ne- 40 -
cessário, como você vê isso? A mídia social é uma ótima ferramenta para ajudar as bandas a se conectarem aos fãs e nós concordamos, como você diz, que é um mal necessário. O que fica comigo é algo que eu ouvi o Napalm Death dizer uma vez em uma entrevista. Existem algumas pessoas que realmente se conectam a certas bandas e certas músicas e, sem a internet, não conseguem encontrar essa satisfação. Contanto que nós possamos fazer música que as pessoas lá fora também querem ouvir, então continuaremos fazendo isso e as mídias sociais nos ajudarão a alcançar lugares que não sonharíamos em alcançar. A banda tem muitos fãs no Brasil? O que falta para você tocar aqui? Há alguns anos, ficamos felizes em descobrir que a Europa continental tinha um grande número de seguidores da nossa banda e ficamos orgulhosos com isso. O mesmo vale para o Brasil. Qualquer fã da nossa música, em qualquer lugar do mundo, temos orgulho de ter você como fã e um dia esperar tocar para todos vocês. Teremos prazer em vir e tocar em locais no Brasil e fazer turnês aí, desde que possamos cobrir nossos vistos de viagem e acomodação. Por favor, entre em contato conosco no Facebook se você é um promotor e está interessado. Como está a cena de metal em Birmingham? Como você sabe, Birmingham, no mundo todo, é considerada o local de nascimento do Heavy Metal. Está enraizada em tudo o que fazemos e é uma grande parte de nossas vidas. No entanto, embora a cena esteja muito viva e bem, muitas das cenas tendem a ser bandas assistindo outras bandas nos dias de hoje. O resto é composto por metalheads e pessoas de outras áreas no Reino Unido. Tendo dito tudo isso, - 41 -
tocamos na academia da O2 em Birmingham este ano em um festival chamado Hard Rock Hell, e tocamos para uma incrível multidão de mais de 1000 pessoas que provaram que a cena aqui está muito viva e bem.
você for um promotor em qualquer um desses lugares, lendo isto e também procurando nos fazer tocar. Warlord! \ m / Palavras finais do Warlord UK. O Warlord UK gostaria de agradecer a todas as pessoas que nos deram apoio. Obrigado a Alcides por sua arte incrível para este álbum e todos os seus esforços para tornar este novo álbum bem sucedido. Obrigado a James Murphy por sua energia e esforço de tempo, não apenas por ser um membro valioso, mas também pela mixagem de gravação e pelo trabalho duro no álbum. Agradecemos aos nossos fãs e a Rock Meeting por nos entrevistarem e aproveitarem o tempo para aprender mais sobre a máquina Warlord e, graças a todos que leram isso, ouvir nossa música e se juntar à nossa banda de irmãos de metal em todo o mundo! Avante e para cima!
De quais países você já ouviu falar com os fãs que você não esperava e quais estão em sua lista? Há alguns fãs não europeus que compraram produtos e álbuns que não esperávamos. Isso inclui fãs do Japão (que definitivamente estão lá em cima na nossa lista de lugares para tocar e visitar), Austrália, Filipinas, Quênia e Nova York na América. Nós também tivemos pessoas nos encontrando na Noruega desde que tocamos no Inferno Fest lá em 2009. Mais uma vez, Warlord adoraria tocar em todos esses lugares e está aberto a ofertas para shows como mencionado acima. Por favor, entre em contato conosco em nossa página no Facebook, se - 42 -
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Texto Pei Fon com Rômel Santos | Fotos Guilherme Krol
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ela primeira vez nas páginas da Rock Meeting, Fellps Rocker, conte-nos sobre sua trajetória na música, influências, o que inspira a compor, ou seja, um resumo sobre a carreira. Fellps Rocker: Quero agradecer pela oportunidade, de verdade. Comecei ainda na adolescência a ouvir que a música chamava meu nome, então a escutei. A partir de então ouvia muito Gótico, muito Metal, foi nessa fase que me descobri compositor. Comecei a “musicar” poemas e poesias que eu mesmo escrevi, e então decidi “preciso ter uma banda, corri atrás feito um louco, toquei em bandas covers, tais bandas emo, que no qual era sucesso naquela época. Foi tão frustrante para mim não ter conseguido fazer parte de uma banda, que quase acabei desistindo da música, foi então que a ficha caiu, não sou eu que tenho que pertencer a uma banda para me sentir músico, a música está em mim, e isto já basta. - 46 -
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O álbum de estreia, “Tudo que Havia de Bom em Mim se Foi”, foi lançado originalmente em 2017, mas apenas de fato começou a ser divulgado este ano. O que houve pra demora na promoção do trabalho? Na produção, na gravação, enfim, no período que eu estava criando o álbum, aconteceram coisas horríveis comigo, que no qual me desgastou muito, tirou toda a energia que estava em mim. Antes do lançamento do álbum, eu senti que precisava respirar, mas já era tarde demais. Lancei, cheguei a divulgar ainda em 2017, mas daí aparecerem pessoas que querem te sugar, te roubar da realidade... Perdi o tesão, meti o ‘foda-se’ mesmo. Mas resolvi dar uma chance ao álbum, pois ele merece, eu devia isso ao tempo, ao dinheiro, ao Rei, enfim... Eu devia isso ao álbum. Contando com uma produção, a cargo de Rei Menezes, do Vertigo Studios em São Paulo-SP, “Tudo que Havia de Bom em Mim se Foi” traz uma sonoridade pesada. Foi proposital? Como as letras das músicas encaixam neste conceito? Não, não foi proposital. Na verdade, eu não tinha ideia como resultaria o álbum. Durante as gravações do álbum, eu passei por tanta merda, mas tanta, que a raiva, o ódio, a dor fizeram de mim um abrigo, e o Rei em sua enorme sensatez soube aproveitar isso. Acredito que o álbum é mais dele do que meu, e agradeço pela paciência que ele teve comigo. Cada vez menos pessoas compram CDs. Você ainda pretende lançar a versão física do álbum? Qual sua opinião sobre o papel da mídia no cenário atual do mercado musical? Eu sou um grande consumidor de CDs e Vinil, e sendo um consumidor, tenho vontade sim de - 49 -
lançar meu álbum físico. Mas sou um artista solo e independente, disso eu não preciso dizer mais nada.
engavetado, que em breve irei lançar, que encerra esse ciclo de “Tudo que Havia de Bom em Mim se Foi “.
Você lançou vídeos para as músicas “Eu Fui Comprar Cigarro”, “Quebrando minha Própria Prisão” e “Velha Visita”. Como você encara o audiovisual na divulgação de um trabalho artístico? Há planos para novos vídeos? Tenho certeza que 70 % da música é o vídeo. Há clipes que é bem melhor que a música em si. Hoje em dia, ter um vídeo da música não é fundamental, é necessário para a divulgação da música. No meu caso, ainda tem um vídeo
O Top 5 Rock Meeting é uma pergunta tradicional em nossas entrevistas. Faça um top 5 das bandas ou músicos que influenciam seu gosto musical e comente sobre cada um. Começo com Evanescence, sem dúvidas, foi a banda que me fez perceber que além de ouvinte, eu posso ser compositor. Continuo com Amy Winehouse que me encorajou a ser quem eu sou hoje, me acrescentou de fato o “vintage” em mim. Nesse mesmo tempo, ouço bas- 50 -
tante Erasmo Carlos, queria muito ser ele, ser foda, porém ouvia (ouço) bastante a cantora Duffy, que em suas letras, mostra que o amor e a inocência andam juntos. Termino com Jonnhy Cash, que quando eu o escuto, sinto que tu podes recomeçar, tu podes se apaixonar, que tu podes fazer da escuridão o teu abrigo, mas nunca irá perder quem tu és.
e eu quero viver essas coisas reais. Eu sei que até lá terei voltado ao inferno algumas vezes, e quando eu voltar, quero contar o que vivi. Fellps, lhe desejamos uma carreira bem-sucedida e de realizações. Deixa uma mensagem e contatos para nossos leitores. Quero agradecer pelo espaço e pela oportunidade, de verdade. A mensagem que quero deixar é, não deixem que roubem de ti a tua música, é ela que pode ser o acordar de alguém amanhã. Meu instagram é @fellpsrockeroficial, eu troco likes, mas prefiro que me convidem para tomar uma gelada no bar.
E sobre novidades, seja no formato single, EP ou álbum, pode nos adiantar novos projetos? Depois de lançar o último vídeo previsto, quero dar um tempo para mim. Geralmente componho sobre coisas que não superei, coisas reais; - 51 -
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Texto e Foto Rafael Andrade
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ntes de começar esta resenha, tenho uma confissão a fazer: eu nunca tinha assistido um show do Sepultura antes. Calma, eu sei, eu sei... imperdoável. Difícil de acreditar. Se é uma das minhas bandas favoritas, com shows por todo o país, por que é que nunca assisti um show antes? Puro e simples azar. Nunca deu certo e é isso. Quando fiquei sabendo que o show em São Paulo, no dia 12 de julho estava confirmado, cancelei todos os meus planos e deixei bem claro pra minha (falta de) sorte, “hoje eu vou ver o Sepultura!”. Com uma empolgação que já não sentia há muito tempo antes de um show, fui até o Tom Brasil (antigo HSBC Brasil) e logo na entrada percebi que a havia algo diferente naquela noite. Em todo show de Metal há uma certa energia positiva, onde todos os fãs estão ali por um amor em comum à música e com a intenção de se divertir, mas dessa vez tinha - 54 -
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algo mais. Por algum motivo, eu tive a impressão de que todos ali eram velhos amigos. A abertura da noite ficou a cargo do Kisser Clan, banda composta por Yohan Kisser (guitarra e voz), Amilcar Christófaro (bateria/Torture Squad), Gustavo Giglio (baixo), e o próprio Andreas Kisser (guitarra e voz), que estaria no palco logo após a abertura. O reportório da banda foi um tributo ao “Big 4”, nome dado às quatro bandas que popularizaram o Thrash Metal nos anos 80: Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. Durante a quarta música, lembro-me de ver um dos seguranças ao meu lado falar: “Esse Slayer é do C%#!&*, bom demais &¨%$#!”. Tinha mesmo algo diferente nessa noite, estava cada vez mais certo disso. Com covers de “War Pigs” e “Ace of Spades”, o Kisser Clan encerrou o show subindo ainda mais as expectativas que eu tinha com o Sepultura. Sepultura no palco. “Arise”, “Dead Embryonic Cells” e “Desperate Cry”, logo de cara. Não deu nem para entender o que estava acontecendo, e quando emendaram “Beneath the Remains” eu já percebi que não ia ter tempo de entender nada. Destruindo tudo em cima do palco, o Sepultura não estava dando nenhum sinal de que ia diminuir o ritmo. A voz do Derrick Green poderia ser ouvida a quilômetros de distância, as notas de baixo do Paulo Jr. faziam toda a estrutura do Tom Brasil balançar em conjunto com a bateria incessante do Eloy Casagrande, e o Andreas Kisser mostrou mais uma vez porque continua sendo a grande força criativa por trás da revolução que é o Sepultura. Eu não sei dizer se foi a escolha dos setlists, o conjunto das duas bandas, ou se eu simplesmente conheci o “Sepulnation” de perto e toda vez é assim, mas já quero saber quando vai ser o próximo show do Sepultura. Não perco nunca mais! - 56 -
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