Rock Meeting Nº 122

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words of editor

VALORIZE O MÚSICO

. PEI FON @peifon jornalista formada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS, fotógrafa e editora chefe da rock meeting

Nas últimas semanas a vida me reservou novas experiências. Tenho acompanhado o processo criativo de uma música, como nasce uma canção. Nós, que não tocamos nada, que somos o público alvo, não temos noção nenhuma de como tudo acontece. Nesses 10 anos de Rock Meeting, acompanhei vários ensaios de músicas já prontas, mas nunca vi nascer. Tenho me surpreendido a cada reunião que me faço presente. Eu sempre achei bateria linda, ouvir o pedal duplo cada vez mais rápido, em sintonia com riffs matadores e aquele baixo marcante... Me deixa arrepiada, me ganha na primeira ouvida. Isso porquê nem falei do vocal. A verdade é que eu, definitivamente, não consigo compreender nenhuma terminologia musical. Eu só quero ouvir o resultado daquilo que estavam discutindo. É bom pegar tudo prontinho, não é? Faço até uma alusão com comida. É bom comer quando está tudo prontinho, pois fazer ninguém quer. Não sei para onde vai a escala harmônica, a escolha de timbre, qual preset usar, que cabeçote é melhor para a guitarra. Se baixo de 4, 5, 6 cordas. Bateria eletrônica ou acústica. Mix. Masterização. Confesso que estou compreendendo estes dois últimos agora. Realmente não entendia a função deles, mas hoje sei que faz uma diferença absurda. Outra coisa que percebi é que

não adianta ter o conhecimento do mundo inteiro, tocar as músicas de artistas famosos, se o músico não cria o seu próprio som, a sua identidade. A sensação que tenho é que uma pessoa dessa não é completa e ainda posa de ‘sou muito bom nisso’. A gente sempre bate na tecla de valorizar os músicos, que viver de música não é fácil. E não é fácil mesmo. Para qualquer profissão é preciso estudar, e muito, para tentar se destacar ou estar no mesmo patamar daqueles que se consideram os melhores. O caminho é árduo, e não só tem uma pedra, mas várias e em um curto espaço de tempo. Então, ver uma música nascer me fez ter uma noção melhor do trabalho que é compor, unir pessoas com mundos distintos entorno do mesmo projeto. Não é fácil estar em sintonia. A música não é apenas diversão, é trabalho, sim, e criar é mais trabalhoso do que se pode imaginar. E conseguir juntar ideias e sintetizar numa música, tocando a pessoa de forma arrebatadora, é certo de que o objetivo foi alcançado. Se não, continua, amadurece e faz mais uma vez. Hoje o meu discurso sobre valorização do músico muda. Eu sei que não vou sair uma engenheira de som durante as minhas passagens nessas reuniões, mas já ganhei uma bagagem muito melhor e me faz entender ainda mais esse universo do qual tanto amamos.


sumário xxxx

08 22 08. Estressadas Sexo não se fala

36

12. no future fest gbh retorna a barcelona 16. carniça novo cd em 2020 22. samsung best of blues ZAKK WYLDE, Kenny Wayne, Nina e Tatiana Pará 30. dark dimension folk festival Evento reuniu os amantes do folk 36. hatefulmurder ‘reborn’

82

44. cruilla de tardor Gluecifer em barcelona 54. Divulsor ONE MAN BAND 60. horror expo Deathstars e THERION 70. tROPICAL RIOT Punk Rock & Cerveja Artesanal

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76. rOCK STATION THE OFFSPRING E BAD RELIGION 82. fINAL DISASTER Nova vocalista


DIREÇÃO GERAL PEI FON CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto

48 EPICA SHOW DOS 10 ANOS DO ÁLBUM “dESIGN YOUR UNIVERSE”

COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bruno Sessa Edi Fortini Luiz Ribeiro Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renata Pen Samantha Feehily CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


COLUNA . ESTRESSADAS

SEXO NÃO SE FALA, SE FAZ! SERÁ? por Samantha feehily

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estritamente na reprodução, realmente não é necessário o uso de tal poder. Mas a gente não é bicho, certo? Ah, e também não fazemos sexo apenas para reprodução. Fazemos sexo por prazer, né? Pensando que a relação sexual precisa de no mínimo duas pessoas e que, portanto, duas pessoas querem sentir e proporcionar prazer, como não utilizar esse poder? Primeira Já pensaram como seria mente, sexo só se for consense tivéssemos o poder da cosual! E o que isso quer dizer? municação? As duas pessoas envolvidas Que bobagem a mitêm que querer! Como vamos nha, esse poder já existe há saber? Comunicação: verbal anos. Apesar de que, ninguém ou não verbal! Perfeito. Vamos liga muito pra ele, mesmo ele para o segundo passo. sendo incrivelmente poderoso, No sexo vale tudo? Não as pessoas ainda assim, muisei. Perguntou pra sua parcetas vezes, fingem que ele não ria o que vale? Mas aí não tem existe. Ele tem que ser utilizagraça! Tem sim, lembre-se: a do de maneira correta, é vergraça e o prazer são dos dois, dade, caso contrário pode ser se for só de um, não faz sendestruidor. tido. Preste atenção no que é Há quem diga, por comunicado com a voz e com exemplo, que esse poder não o corpo. Se foi tirada a sua mão pode ser usado no sexo. Afinal dali, por que você está colode contas, sexo todo mundo cando outra vez? Mas é assim sabe fazer – tipo bicho, eles que aprendi a fazer! Com sabem e fazem! É, pensando quem? Cada pessoa é uma e



COLUNA . ESTRESSADAS

por isso é preciso entender o que aquela pessoa gosta e como aquela pessoa deseja ser tocada. Assim como é importante falar sobre o que você gosta e o que não gosta também. Foi bom pra você? Acho que sim, mas minha parceria tem me evitado. Foi bom pra ela/ ele? Não sei, mas ela/ele disse que está com falta de desejo! Como ter desejo novamente por algo que não foi bom? Mas o que eu fiz de errado? Não sei! Ela/ ele não me ama mais! Você está querendo dizer que para provar que te ama tem que fazer sexo, mesmo se sua parceria estiver fazendo um sexo que não traga prazer? Hum…! Toma aqui o poder da comunicação, não tem nenhuma restrição, pode usar à vontade! Tomei! Foi um desastre! Ela/ele disse que eu deveria saber o que ela/ele gosta. Ah é, tinha medo que isso acontecesse! Já sei, diga que você só pode adivinhar depois de muito ela/ele falar. Quanto mais se comunicar, mais consegue adivinhar. E foi assim que eles conversaram: Se eu te pergunto algo, não preciso adivinhar. E por favor, não fique ofendido (a), eu não tenho obrigação de saber. Se pergunto é porque me importo com você. Mas parece que cada vez que pergunto, você me diz que eu deveria saber. É que já nos conhecemos há tanto tempo, como ainda não sabe? Você nunca me disse, mas a culpa não é só sua…eu nunca perguntei.

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live . no future fest

NO FUTURE FEST

NO FUTURE FEST invade Barcelona! Cartaz de luxo traz bandas clássicas e resgata o Punk na cidade Condal Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

O cartaz já deixava claro de seu primeiro disco e clásque a expectativa era grande e sicos do TDK, mítica banda podemos adiantar que o obje- espanhola, extinta há algum

tivo foi alcançado. Fazer a ale- tempo e que deu origem ao gria dos Punks em Barcelona Mad Punk. Não foi difícil ver não foi tarefa difícil tendo as alguns veteranos cantando os bandas como GBH, UK Subs, clássicos com os punhos cerOne Way System, Anti-Pasti e rados. Mad Punk. Até mesmo a com- Na sequência tivemos plicada missão de abrir os ser- o Anti-Pasti desfilando clásviços foi surpreendente.

sicos como “No Government”

Às 18h30 de uma sexta- e “Another Dead Soldier”. -feira e lá estava o Mad Punk Também apresentaram comencarando um bom público posições recentes como “Lies, com vontade de escutar temas Lies, Lies” e “Rise Up” que

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T

dá titulo ao último álbum da uma boa quantidade de moibanda ou pelo menos do disco canos coloridos e jaquetas de que temos conhecimento.

Igualmente

couro.

formados

Um dos grandes no-

no final dos anos 70, e após mes da noite e porque não várias formações, o One Way da história do Punk, Charlie System demonstrou o porquê Harper liderou com maesde ainda terem crédito a ga- tria o UK Subs em clássicos lera. Entraram em cena com como “Warhead”, “Tomorvontade de pisotear os desa- row Girls”, “I Live in a Car”, visados e contagiou o público “C.I.D.” e uma sacola de diverque a aquela altura já somava são sonora. Ainda deu tempo

No Future Fest levou bandas clássicas para Barcelona


live . no future fest

para um par de conversações

da grande. Sua história fala Immunity”. Colin Abrahall

sobre cerveja já que, segundo

por si e clássicos como “Time continua dando seus clássicos Bomb”, “Big Women” e “Bos- saltos, Jock e Ross funcionam

o próprio Harper, são anos e anos de experiência. Alguém duvida?

ton Babies” só vieram confirmar a credibilidade e a indis-

Donos da noite sem

cutível qualidade da banda.

nenhum tipo de questiona-

“City Baby Attacked by Rats”

mento, o G.B.H. entrou, to-

e “City Baby’s Revenge” fo-

cou e atuou como realmente esperávamos, como uma ban-

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como duas pilastras de sustentação no quarteto e Scott Preece vem demolindo tudo desde 1994.

Viva o Punk!

ram tocadas a pedido do pú- Viva o inconformismo! blico assim como “Diplomatic “Sick Boy!”



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INTERVIEW

CARNIÇA Banda gaúcha está em estúdio e vai lançar material inédito em 2020 por Renato Sanson foto Ana Paula Omizzolo


interview . carniça

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017 foi o ano do 4° lançamento de estúdio da banda – intitulado de “Carniça” – que marcou sua saída do baixo assumindo apenas os vocais, sendo que neste trabalho as linhas de baixo foram gravadas pelo guitarrista Parahim. Como foi lidar com este processo? Mauriano Lustosa - Muito tranquilo, pois era uma questão inevitável e como as linhas de baixo sempre acompanharam a guitarra na história do Carniça, foi um trabalho fácil. Carniça continua um legado bem peculiar, onde a musicalidade fica cada vez mais própria, onde ouvimos os primeiros acordes e já temos aquela noção de qual banda estamos escutando. Essa maturidade demora e exige paciência, como foram os processos de composições até o momento atual? Isso é um fato muito importante ao você ter uma banda.

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O reconhecimento da sonoridade é algo que todos os músicos deveriam buscar. Lá no comecinho dos anos 90 nós tínhamos quase todas as nossas músicas com milhões de riffs cada. Mas lá naquela época já tínhamos uma sonoridade peculiar. Com o passar dos anos limamos um pouco as composições e

conseguimos imprimir uma identidade única em nossa sonoridade. Desde o primeiro lançamento (“Rotten Flesh” – 99, relançado com bônus em 2016), o Carniça sempre trouxe um cover para os álbuns, e o mais interessante, são covers que


O lance dos covers é uma homenagem justa para bandas que, de uma certa forma ou outra, marcaram nossa trajetória. Cada cover escolhido teve sua história ou particularidade em um determinado momento de nossa carreira. Isso sem falar nos covers dos tributos ao Running Wild e Kiss, os quais participamos. Existe a possibilidade de lançarem um material somente de covers? Com o atual enfraquecimento do poder de compra do banger é complicado, pois estaríamos alocando recursos em um disco cover para deixarmos de lado um com nossas composições... Mas em 2020 teremos gratas surpresas na questão “tributo”.

vão de certo modo na contramão do estilo que apresentam, quem sabe “Hell Waits” (Slayer) que saiu no 2° disco “Temple’s Fall... Time to Reborn” em 2011, possa ser o mais próximo musicalmente, mais como referência. Conte-nos um pouco da escolha de cada cover.

Com você focado apenas nos vocais, para o seu posto foi recrutado o baixista Vinicius Durli. Como foi este processo de escolha? A adaptação do músico a banda, foi tranquila? Sempre buscamos tocar com pessoas que se assemelhem ao nosso estilo musical e também fechem com o lado pessoal. Logo quando saí do baixo, recrutamos o Marcelo Zabka, que, por motivos pessoais, deixou a banda um ano e pouco depois. Aí “achamos” o Vini. Sangue jovem (tem a idade da banda)


interview . carniça

e com muita técnica e dispo- ano. Porém, em primeira mão sição de levar as 4 cordas ao aqui, anuncio o lançamento limite. Ficou muito massa! para o 2° semestre de 2020. Surgiu um outro projeto e tiA ideia ainda para este ano vemos que alterar o cronoé o lançamento de um novo grama. Mas o EP já está com EP, certo? Já consta algum capa pronta, terá três músimaterial pronto, quantas cas (uma ao vivo) e sairá no músicas? Teremos uma formato digipack de luxo. prévia antes do lançamento? Em termos visuais a CarO planejamento original era niça sempre brindou os fãs de que fosse lançado este com ótimas artes em seus 20 // rock meeting // novembro . 2019

álbuns, com capas que impressionam pela temática e qualidade artística soando impactante. Existe algum artista em questão que vocês gostariam que cuidassem da arte do novo lançamento? Geralmente o artista cai meio que por um acaso na hora. Metemos bastante a colher no trabalho. Podemos dizer que as artes são feitas


50% pelo artista e os outros 50% por nós. Existem muitos nomes ótimos no cenário nacional atualmente, mas quem for trabalhar conosco terá que ter identidade própria e muito saco para nos aturar (risos). Recentemente vocês foram convidados para participar do tributo brasileiro a banda Kiss (“Brazil

Rock City”) que no qual irão figurar no mesmo com o clássico “Love Gun”. Como está a expectativa para este lançamento e como surgiu o convite? Expectativa enorme, pois trata-se de uma saga de lançamentos da Secret Service. O cover ficou muito massa, pois trata-se de Kiss e no primeiro momento é difícil encaixar nossa sonoridade

no som deles. Mas a nossa versão ficou ótima, e o que é melhor: dá para saber qual música que é, coisa que às vezes algumas bandas não conseguem transmitir direito em tributos ou covers. O convite veio na forma muito simpática do Luiz Rizzi, que após escutar nossa música “Revolução Farroupilha”, acabou por pedir “Love Gun” para nós.


live

SAMSUNG BEST OF B

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BLUES

COM zAKK WYLDE, SAMSUNG PROMOVE O melhor do Blues e do Rock ao ar livre tEXTO E FOTO MARTA AYORA

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live . best of blues

N

o último dia 27 de outubro, São Paulo recebeu mais uma edição do Samsung Best Of Blues, um festival patrocinado pela líder mundial em tecnologia, em parceria com o Ministério da Cidadania e produzido pela Dançar Marketing. Com apresentações gratuitas no palco externo do Auditório do Ibirapuera, o festival presenteou o público com shows de grandes nomes do blues e do rock tais como o americano Kenny Wayne Shepherd, um blueseiro mais premiado da atualidade, as notáveis brasileiras Nina e Tatiana Pará, além da grande atração da noite, o adorado guitar hero Zakk Wylde. Ao final de uma tarde quente, uma multidão de fãs aguardava o grande momento para prestigiar seus ídolos. Como era de se esperar, os cabeludos dominavam a plateia e a faixa etária estava bem diversificada, já que Zakk influencia diversas gerações há mais de 30 anos. Dentro do auditório, 24 // rock meeting // novembro . 2019

pouco antes das apresentações os músicos participaram de uma coletiva com a imprensa onde responderam perguntas sobre a carreira e as apresentaçōes no Brasil. Zakk sentou na minha frente usando uma touca com chifres com a sigla B.L.S (Black Label Society). Com seus grandes olhos azuis e barba comprida, eu estava frente a frente com um dos meus ído-

los da adolescência e confesso que foi um momento muito emocionante para mim. Ao pegar o microfone fiz três perguntas ao Zakk: 1 - Como surgiu a ideia do projeto Pride & Glory? 2 - Qual é a importância do country & folk music em sua carreira? 3 - Se ele pretendia trazer essa pegada durante a apresentação daquela noite?


Apesar de muito divertido e carismático, Zakk é objetivo em suas respostas, tendo em vista a grande quantidade de jornalistas no local. Ele respondeu que a ideia do projeto Pride & Glory surgiu na mesa de um bar bebendo cerveja e que a country music é muito importante na vida dele, pois ele pôde explorar as sonoridades, acordes e a versatilidade desse estilo nesse álbum que deu origem ao seu estilo presente. Por fim, sorriu e disse que se alguém estivesse esperando a pegada country do Pride & Glory em sua apresentação no festival, sairia decepcionado. E já entregou o ouro de cara... que o show seria exatamente igual ao de Porto Alegre. Outro ponto que chamou a atenção foi que, ao ser questionado por outro repór-


live . best of blues

ter se tinha algum músico ou banda brasileira preferida, sem pestanejar ele respondeu “gosto de Almir Satter” (pois é...Zakk é no mínimo surpreendente!). Finalizamos a coletiva ouvindo o som incrível das gêmeas brasileiras Nina e Tati Pará que estavam no palco, pois saíram antes para abrir o festival que deu início às 17h30.

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A dupla composta por guitarra e bateria foi bem recebida pela plateia e surpreendeu a todos com músicas autorais instrumentais de boa qualidade e alguns covers. São mais de 15 anos de carreira dessa dupla, que curiosamente se iniciou na música sertaneja despontando para o rock e blues. Tati estava visivelmente feliz e sorria muito enquan-

to dedilhava sua guitarra com maestria, ao passo que Nina, a advogada guitarrista que virou baterista se manteve concentrada dando um show à parte. Além das músicas autorais, elas tocaram “Frankenstein” de Edgar Winter seguido de “Fresh Air” que foi a última faixa, pois por conta do horário super apertado não foi possível finalizar com “Crazy Cow”. Resumindo...foi


uma escolha certeira e senti muito orgulho de ver essa dupla arrasando no festival. A segunda apresentação da noite ficou a cargo de um dos melhores blueseiros da atualidade, dono de vários prêmios e que anda emplacando o topo da parada de blues americana, Kenny Wayne Shepherd em sua primeira vez no Brasil apresentou-se acompanhado de uma banda impecável, que deu uma aula de blues e rock instrumental para uma incontável multidão. Com um setlist rico, intercalou músicas instrumentais e algumas do álbum “The Traveller” que contou com os vocais de Noah Hunt além de uma releitu-


live . best of blues

ra de “Yellow Ledbetter” do Depois de alguns minutos, o man Brothers Band. Andando Pearl Jam, que foi batizada show mais aguardado come- de uma ponta à outra do palcomo “While We Cry” onde çou com uma breve introdu- co, para que os fãs pudessem Shepherd deu seu próprio to- ção que misturava “Whole vê-lo mais de perto, emendou que na melodia deixando-a Lotta Love”do Led Zeppelin e “The Ocean”do Led Zeppemais especial. O guitarrista “War Pigs”de Black Sabbath lin e “Crossroads” do Eric ainda tocou “Voodoo Child” de nas caixas. Jimi Hendrix fechando com

Clapton.

Acompanhado de sua

Emblemático, Zakk le-

“Chile Meddley” que aqueceu renomada banda “Black La- vou o público ao delírio too público para o tão esperado bel Society” com Jeff Fabb cando a guitarra com a boca e headliner do fest. Podemos (bateria), Dario Lorina (gui- fazendo batalha de solos entre dizer com propriedade que foi tarra) e John DeServio (bai- ele e Dario Korina com a guia melhor performance da noi- xo), Zakk Wylde adentrou ao tarra nas costas. Coisa linda te e que não só impressionou placo mandando covers como de ver! como ganhou de vez a plateia. “Whipping Post”do The All- 28 // rock meeting // novembro . 2019

O ponto mais alto do


show foi quando o clássico trapassavam o teto do audi- dos os presentes ali. Agora som de sirene iniciou o acla- tório do Ibirapuera e ao som nos resta esperar pela próximado hino “War Pigs” do Bla- hipnotizante de sua guitarra a ma edição do Samsung Best ck Sabbath. Foi incrível ver lua minguante sorrindo com- Of Blues que sempre nos suraquele mar de gente de mãos pletou o cenário em um espepara cima batendo palmas e táculo à parte. cantando a música inteira. Para finalizar, Zakk ba Além da habilidade imteu no peito no melhor estilo pecável com a guitarra, o que king kong, tirou seu colete de impressiona é a energia de couro escrito Black Label SoZakk, que ao longo de seus 52 anos prendeu a atenção do ciety e o levantou como um

preende com suas excelentes escolhas.

Agradecimentos espe-

ciais à Samsung Brasil, ao Luiz Carlos Franco da Primeira Página Assessoria de Comunicação e Eventos, ao Minis-

público do início ao fim com troféu. Ovacionado pela mul- tério da Cidadania e a Dançar tidão se despediu. Marketing pela atenção e creseu magnetismo implacável.

As projeções no telão

Foi um show curto, po- denciamento da equipe Rock

com elementos coloridos ul- rém muito marcante para to- Meeting.


live . Folk Fest

FOLK FEST

Folk Festival alegra tarde de domingo em São Paulo

texto e fotos renta pen

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Quatro bandas brasileiras e uma italiana compuseram a terceira edição do Folk Festival realizada no do dia 27 de outubro, no Backstage Hall, em São Paulo. O intuito do evento era reunir o metal pesado com o folclórico. Como já se esperava, o público era composto por admiradores do rock cabeludos e suas camisetas pretas. A abertura da casa estava marcada para as 14h e o início dos shows as 16h. Com 15 minutos de atraso a pri-

meira banda, com um público bem pequeno, começou a festança. Eldhriminir (que segundo a mitologia nórdica significa o caldeirão mágico) trouxe o seu estilo “pirata” de fazer música. Os integrantes da banda que são: Luan Unelmoija “Naul” (Voz/ Acordeon/Flautas), Marcos Maschio (Violão/Backing Vocals), Dênnys Silva (Bateria/Percussão) e Felipe César (Banjo/Backing Vocals) incorporam toda aquela fantasia e o show rola como


se todos estivessem em uma festa no convés. A sanfona de Naul (rei da cerveja) dita as regras do baile enquanto todos curtem as letras que abordam a bebedeira, mares e espadas. O pessoal timidamente foi entrando no clima e começando a levantar seus chifres com hidromel e cervejas. Saudavam Naul dançando em círculos. Na

última música eles fizeram uma homenagem ao fígado com a música “Santo fígado furado”. Uma apresentação alegre e divertida. Pagan Throne foi a segunda convidada. Em um clima de suspense, o tecladista Hage entrou trajando uma capa preta com capuz e, acompanhado de um coro de vozes, ele deu início a apresentação. Tão logo entraram os outros integrantes e, por úl-

3º Edição do Dark Dimension Folk Festival aconteceu em São Paulo


live . folk fest

timo, trajando roupas épicas, Rodrigo Garm. Fazendo um mix de vocais guturais e limpos, ele conduziu as músicas pesadíssimas ao nível que o estilo faz necessário. Na segunda música, eles se apresentaram ao público que foi aumentando e partiram para a pancadaria. Em “Fallen Heroes”, que foi a terceira música, teve um solo de guitarra maravilhoso. Cds da banda foram distribuídos para algumas pessoas de graça, como forma de divulgar o trabalho da banda e agradecimento pela presença das pessoas. Chamando o público de 32 // rock meeting // novembro . 2019

guerreiros e agradecendo muito, a banda representou seu death metal viking dando orgulho ao metal brasileiro. Hugin Munin estiveram presentes na edição do ano passado ao lado de Tyr (Ilhas Faroé) e Arkona (Rússia). Cânticos e fumaça fizeram o suspense no início do show. Então entram todos os integrantes: Surt (vocalista), Thorgrim (guitarra), Hjalmar (guitarra), Njord (baixo) e Troll (bateria). Fazendo um som pesadíssimo e ousado, a banda seguiu e fez até homenagem ao Manowar. O vocalista se comunicou bastante com o público,


simulando até uma situação de guerra onde havia dois lados. Perguntou se todos já tinham tomado hidromel ou se estavam tomando cerveja porque naquela noite todos iriam jantar no inferno e encerraram com “Hail”. Trend Kill Ghosts é uma banda de Power metal formada em 2018 por Rogerio Oliveira (Guitarra) e Diego Nunes (Vocal). Com o projeto já pronto, decidiram incorporar mais membros e transformar o projeto em uma banda. Assim, Danilo Perez veio para o baixo e Leandro Tristani para a bateria. Após a formação completa,


live . folk fest

lançaram o single “Frozen”. Meses depois veio o segundo, “Ghost’s Revolution”, e então o álbum foi lançado em 2019. Diego explicou que estavam fazendo a turnê juntamente com Elvenking, passando então por alguns países da América Latina. Com seu speed metal era evidente a influência da banda Helloween na musicalidade do EKG. A velocidade da guitarra, acompanhada do baixo e a força que a bateria tinha, só podíamos esperar uma bela 34 // rock meeting // novembro . 2019

apresentação. Abordaram temas como o lado subversivo da religião e teve até balada. Elvenking, banda italiana que, na primeira edição, abriu para o Ensiferum, na terceira foram headliner. Com a casa mais cheia, a banda entrou aos poucos. Com seus rostos pintados e mesmo não tendo dormido o suficiente durante esta turnê, eles se surpreenderam com a fidelidade dos fãs que demonstraram uma tremenda alegria em cima daquele palco. Abriram com

“Heathen Divine” do álbum recém lançado, mas somente em “Pagan Revolution” o pessoal se empolgou e abriu aquela roda bonita. Damna fez questão de agradecer a presença de todos e durante o show foi contando sobre as aventuras que eles tiveram durante essa turnê. Foi de perderem mala no México até saírem correndo após o show em Lima por causa da manifestação que estava vindo na direção deles. Lethien tocando seu violino, trouxe uma leveza para o


metal e fez com que o espírito nórdico ficasse mais aflorado nas canções. Em vários momentos, eles fizeram solos. Hora violino e bateria, hora violino, bateria com Simone e baixo com Jacobi. Em uma outra conversa com o público, Damna disse que há 24 anos recebem cartas do Brasil. Explicou que no começo eram apenas meninos tirando seu som e recebendo mensagens do outro lado do mundo. Quando alguém levantou a mão e disse “fui eu”. Damna riu e perguntou: “Ah, foi você”...

E agradeceu pelo apoio. O pessoal estava pedindo músicas que eles não tocam em shows. Eles alegaram que não lembravam mais como tocar e sempre com bom humor ouviam e respondiam. Em “Silverseal” os fãs já sabiam a letra decorada do último álbum lançado, “Reader of the Runes – Divination”, que contem 12 músicas muito bem trabalhadas. O ponto mais divertido do show foi quando os fãs fizeram o gesto com a mão imitando os italianos e falando “pizza, pizza, pizza” e Damna respondeu “sim, é o que

somos, fazedores de pizza” e acrescentou, “mas vocês falam italiano e eu estou aqui falando em inglês”. Em seguida, tocaram mais algumas músicas que não podiam ficar de fora como “Divided Heart” e “Elvenlegions”. Agradeceram muito a todos por estarem ali e pelo apoio, principalmente ao produtor Marcos Batista que sempre os acompanha nestas “empreitadas”. Após tocarem, se arrumaram e desceram para atender os pedidos dos fãs.


INTERVIEW

HATEFUL MURDER renascidos, hatefulmurder lança seu terceiro álbum, “reborn’. por Augusto Hunter // foto Alessandra Tolc

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interview . hatefulmmuder

11 anos depois, alguns EP´s, discos e um single com o lendário vocalista Jimmy (ex-Matanza), o Hatefulmurder nos presenteia com “Reborn”, um disco mostrando uma banda completamente refeita, reestruturada e sim, renovada. Dentro de sua formação com Angélica Burns nos vocais, Renan Campos na guitarra, Felipe Modesto no baixo e Thomás Martin na bateria, vamos falar sobre esse renascimento do Hatefulmurder. 11 anos depois e temos um Hatefulmurder completamente remodelado, como vocês analisam os processos até hoje? Renan Campos: Salve, galera! Bem, na verdade é até difícil avaliar o tempo de atividade da banda. A ideia da banda surgiu em 2008, gravamos uma música que saiu em single, em 2009 e uma primeira demo, em 2010. Mas as atividades constantes de ban38 // rock meeting // novembro . 2019

da ativa, como shows, discos etc, começaram a rolar a partir de 2011. Vivemos muitos momentos. Alguns bons, outros bem ruins, outros muitos bons. Mas todos importantes e fundamentais para continuar a fazer o que amamos. “Reborn” nasceu e é fruto também de um crowndfunding, com apoio dos fãs da banda.Vocês acreditavam que daria certo assim? Olha... Tive um certo receio (risos). A ideia veio do Thomás (bateria). Mas é aquela coisa, só poderíamos saber o que ia rolar se a gente fizer. Então, metemos a cara. A gente estava meio cansados de depender dos contratos que apareciam para gente. Tínhamos um planejamento e seguimos com ele. O formato tem sido cada vez mais banda e público. Cientes que não somos uma banda que gera milhões em receita. Então, decidimos pegar com as próprias mãos e


Angelica Burns e Renan Campos em sintonia durante apresentação


interview . hatefulmurder

fazer acontecer da nossa maneira. No final, o resultado foi mais que positivo. Pedimos um valor, no final da campanha ultrapassamos meta. Batemos 125% do que tínhamos pedido. Isso nos deixou surpreendidos de forma muito positiva, nos aproximou das pessoas que conhecem e curtem a banda. Nos trouxe para nossa realidade e nos ajudou a entender nosso real espaço. Essa formação da banda tem se mantido em certo tempo, qual o segredo? Acho que entendemos o que queremos de fato. Cada um tem seu jeito de enxergar as coisas, seus sonhos, seus medos, seus anseios. Acho que isso deve ser respeitado entre nós quatro. E claro, o objetivo em comum deve ser praticamente o mesmo sempre. Sabemos a função de cada um dentro da banda. E a importância de sermos unidos para trabalhar onde queremos chegar. A gente nem briga tanto quanto antes (risos). 40 // rock meeting // novembro . 2019


Sabemos a função de cada um dentro da banda. E a importância de sermos unidos para trabalhar onde queremos chegar

Em palco, a banda demonstra uma energia incrível e interação ímpar. Qual a principal arma do Hatefulmurder para manter o seu público atento ao show? A gente ensaia o show inúmeras vezes. Não é só ensaiar as músicas. Mas sim o show. Preparamos o set e vamos pensando em elementos e movimentação para fazer rolar o show de forma que se conecte com a música que estamos tocando. Eu particularmente sou muito chato em relação a isso (risos).

tos eletrônicos somados aos arranjos. Fizemos isso junto com o produtor Celo Oliveira, achei bem equilibrado. Não soa forçado, nem exagerado.

Sobre a capa do novo disco, ficou a cargo de quem e o que a banda queria passar com ela? Essa capa é obra do Vitor Arante. A gente explicou o conceito de cada letra e do disco como um todo. Ele ouviu as músicas. Além da capa, ele criou uma arte para cada música. Leu as letras, entendeu as ideias e entrou no projeto com a gente. E O resulComo vocês poderiam ex- tado ficou animal. Curtimos plicar o “Reborn”? muito! A capa tem inúmeras Eu acho que esse disco mos- interpretações. tra uma banda renascida a partir de si mesma, saca? É Tenho visto um movicomo se ele fosse uma evolu- mento de não ter mais ção do que fizemos em “Red material físico de alguEyes” (2017). Muito mais ele- mas bandas, mandando mentos utilizados e mais li- o produto direto para o berdade na criação. “Reborn” Spotify. Vocês vão seguir traz uma banda mais madura, essa tendência em algum mais experiência. Eu procurei momento ou acreditam compor pensando nas harmo- na importância do matenias no que cada música con- rial físico? taria com seus momentos ao O disco saiu dia 12 de outubro. ouvinte. O que eu mais curto Tanto nas plataformas diginele é a entrada de elemen- tais quanto em cópias físicas.


interview . hatefulmurder

com Jimmy, “Engrenagem”. Como tudo aconteceu? Contato, encontro, composição, gravação... Jimmy é brother! Nos aproximamos depois que fizemos alguns shows com Matanza. Ele sempre deu uma força para gente. No processo de composição do “Reborn”, eu notei duas músicas que sei lá o motivo eu ouvia a voz dele. MosAgora, vamos falar do trei para ele. Ele não curtiu a som que vocês gravaram primeira, mostrei a segunda e Ainda vendemos os discos. Acho que ele serve como um artigo da banda. Por isso caprichamos em toda parte gráfica do álbum. Claro que todo mundo ouve pelos aplicativos da vida. Mas muita gente ainda compra físico. É como uma lembrança da banda. Principalmente nos shows, rola bastante.

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topou fazer alguma coisa com ideia de cantar e produzir. Fizemos duas reuniões em estúdio: eu, ele e o Thomás. Depois fechamos a estrutura e fomos para o estúdio. Foi da hora trabalhar com ele em estúdio, aliás... Ele e o Jorge Guerreiro (um puta técnico/engenheiro de som/produtor). Gravamos em dois dias a música, para fazer tudo com calma. Muita coisa foi mudando até chegar no resultado final. Curtimos


essa mistura. Foi a primeira mos e tocar em outras que ain- de clipes e também podem esletra em português que fize- da não fomos. Vai ser ótimo, perar mais músicas soltas em mos.

acho que o timing está muito 2020. bom, disco é recém lançado e

Vocês estão começando vai ser ótimo! E eu particular- Obrigado

demais

pelo

a tour de divulgação do mente adoro essa banda!

bate papo, deixe aí um re-

“Reborn”. Quais as expec-

cado para os leitores da

tativas e como vocês rece- O que podemos esperar Rock Meeting. beram a notícia de dividir do Hatefulmurder no fu- Muito obrigado a todos do uma tour com o Angelus turo? Apatrida?

Rock Meeting e aos leitores.

A ideia é cair na estrada. Di- Toda galera que nos dá esse

A gente está amarradão com vulgar o “Reborn” por lugares apoio para gente manter o essa turnê! Vamos voltar para que ainda não passamos. Tem rolê vivo. Nos vemos por aí, algumas cidades que já passa- muita novidade por vir! Além galera!


live

GLUECIFER

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Os noruegueses do Gluecifer voltaram à Barcelona após quatorze anos Texto e Fotos Mauricio Melo & Snap Live Shots

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live . gluecifer

O

que acontece em Vegas fica em Vegas. O que aconteceu na Sala Apolo, em Barcelona no dia 24 de outubro, ficou na Apolo, só saberá quem por lá esteve e nós fomos um deles. Os noruegueses do Gluecifer voltaram à Barcelona após quatorze anos, dando um desconto de que a banda ficou treze anos na inatividade. Em 2005, a banda terminou com a promessa de não mais voltar, mas aí estão, promessas são como regras, existem para serem quebradas.

Em 2018, retornaram

com força total e deixaram boas sensações quando tocaram no Hellfest e ao que tudo indica as possibilidades de uma nova hibernação fica descartada. Numa sala Apolo repleta de rockers, com o helicóptero da polícia local ainda sobrevoando nossas cabeças, em consequência dos protestos que vem assolando a cidade Condal desde o dia 14 de outubro, os noruegueses nos demostraram o porquê de se auto definirem como Kings of Rock. 46 // rock meeting // novembro . 2019

Com temas que já entraram para a história da música como “I Got a War”, “Automatic Thrill” e “Take It”, eles fizeram a alegria do público e deles mesmos, talvez não esperassem serem tão bem acolhidos após a larga ausência já mencionada. Foram mais de vinte temas e duas tentativas de dar boa noite e finalizar, mas a combinação de felicidade entre banda e pú-

blico estava tão em alta que só conseguiram finalizar a apresentação na terceira tentativa e com o cover de “Nice Boys (Don’t Play Rock and Roll)” e antes dessa “Leather Chair”, “Evil Match” e “Black Book Lodge” reforçaram o tom de fim de festa, daquelas que ficam gravadas para sempre. O gran finale de nossos pitacos vai para a banda de abertura Kosmic Boogie Tri-


be, provenientes (também) de Oslo, provando que o Rock and Roll na Escandinava não se limita aos suecos como Hellacopters, Refused ou The Hives. Fizeram uma apresentação à altura da banda principal, quem por lá chegou cedo, teve direito à dose dubla do bom e velho Rock and Roll... Early birrrrrrd!


CAPA

EPICA 48 // rock meeting // novembro . 2019


Comemorando os 10 anos do álbum “Design Your Universe”, ePICA FEZ UMA APRESENTAÇÃO ARREBATADORA tEXTO E FOTO MARTA AYORA

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CAPA . EPICA

P

ara a nossa sorte, não demorou muito para os holandeses do Epica, uma das bandas mais relevantes do metal sinfônico, fazer uma turnê pela América Latina. Eles estiveram no Brasil para agraciar os brasileiros com um show arrebatador em comemoração ao décimo aniversário do aclamado álbum “Design Your Universe” (2009), na noite de sábado, 26 de outubro, no Tropical Butantã em São Paulo. Com 17 anos de carrei-

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Sinome Simons (acima), Rob van der Loo (baixo) e Coen Janssen (teclado) durante apresentação em São Paulo


ra, o sexteto liderado pela vocalista Simone Simons conta com Mark Jansen nos vocais e guitarra, Coen Janssen no teclado, Rob van der Loo no baixo, Ariën van Weesenbeek nas baquetas, fechando com a outra guitarra de peso com o grande Isaac Delahaye. Logo na chegada da casa de shows, observei o que era de se esperar: uma legião de fãs em uma fila enorme que quase completava uma volta no quarteirão. A casa teve sua capacidade esgotada como não se via há algum tempo. Ao som de “Samadhi” nas caixas de som, a banda adentrou ao palco, um a um, pontualmente às 20h30, dan-

do início à apresentação com “Resign to Surrender” e mostrando uma forte conexão com o público presente. Houve vários pontos altos no show e certamente um deles foi quando Simone pegou e se enrolou em uma bandeira de arco-íris do movimento LGBTQ+ que foi jogada no palco por um fã durante a música “Martyr of the Free World”, o que foi super pertinente, tendo em vista que esta faixa fala sobre liberdade e respeito. “Kingdom Of Heaven” com seus mais de dez minutos de duração não foi um problema para os fãs, que hipnotizados cantavam e se encantavam com cada integrante que interagia e dava o melhor de si ali. De repente, a luz do palco se apagou e apenas um


CAPA . EPICA

feixe de luz direcionado sobre Simone acendeu, dando início a faixa “Tides Of Time” que foi acompanhada pelos flashes dos celulares dos fãs, o que causou um efeito muito bonito. Confesso que durante esta música em especial eu fiquei realmente emocionada, pois foi sublime e arrebatadora. Eu que nunca tinha visto Epica ao vivo fiquei impressionada com a beleza e voz

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impecável de Simone Simons, que transita entre o delicado e a ópera, se entregando com sinceridade e força, justificando assim o seu título de musa do metal. Todos os integrantes esbanjavam energia e carisma para a alegria dos fãs que cantavam em uníssono todas as músicas do setlist. Mark Jansen foi o que mais interagiu, tendo em vista

que não esconde a sua paixão pelo Brasil. “Consign to Oblivion” fechou com chave de ouro uma apresentação onde a maioria das músicas foram cantadas em coro e a plenos pulmões por um público apaixonado e fiel. Após quase duas horas da apresentação, a banda se despede ao som de “White Waters” em versão instru-


mental nas caixas de som. Em meu primeiro show do Épica posso dizer que saí apaixonada pelo trabalho da banda que é surpreendente ao vivo. E agradecimentos especiais à “Liberation Tour Booking” pela realização e à “The Ultimate Music” pelo credenciamento e atenção à equipe Rock Meeting.


54 // rock meeting // novembro . 2019


INTERVIEW

DIVULSOR One man Band, é assim que Bruno Schmidt faz o seu Death Metal

por Aline pavan // fotos Divulgação


interview . divulsor

V

indo de Curitiba/PR, o Divulsor ganhou um grande destaque na cena nacional com seu atual trabalho, “Defiled Corridors of Ruptured Oblivion”. Hoje conversamos um pouco com Bruno Schmidt (único membro) para saber um pouco mais dos próximos passos da ‘one-man-band’ para 20192020, confira! Primeiramente, muito obrigada pela entrevista. Conte-nos, como o Divulsor iniciou seus trabalhos? E qual o principal motivo para se manter como one-man-band? Olá, primeiramente obrigado pelo espaço concedido aqui no Rock Meeting para o Divulsor e por apoiar o underground e o death metal. Começou quando ainda estava em outras bandas, mas acabou tornando-se prioridade para mim. Eu ia compondo partes de música que 56 // rock meeting // novembro . 2019

seriam, de certa forma, difíceis de serem tocadas na bateria, mas mantive assim, posso dizer que o Divulsor já foi concebido para ser tocado desta forma.

Bem eu acredito que estará musicalmente e sonoramente superior ao EP, já venho tocando músicas do novo disco ao vivo, diria que vai sair algo um tanto mais extremo.

Como estão os preparativos para o novo álbum? Há algo que o Divulsor poE o que podemos esperar deria adiantar para nossos leitores sobre este novo dele?


pe, quem sabe? Ah sem dúvida um videoclipe será feito para este disco, tão logo o disco sair. E na parte de composição, como você trabalha neste sentido? Aproveitando a pergunta, quais as temáticas abordadas nas letras? Na parte de composição eu sempre preparo a parte instrumental antes e depois vou vendo com o que se encaixa. Quanto as letras são temas sempre presentes no Death Metal, como a morte, a violência, mas também muito relacionado aos filmes clássicos de Sci-fi ou algo que esteja lendo no momento.

trabalho? Talvez o título em primeira mão? Creio que não muito ainda (risos), não posso adiantar o título, mas posso adiantar que terá 11 músicas.

Fale um pouco mais sobre as influências da banda, tanto lírica, quanto instrumental? Bem, creio que tudo o que acabamos por ouvir nos influencia, mas dentro do metal eu escuto praticamente todas as vertentes, mas posso dizer que o death metal clássico dos anos 90 e uns sons mais recentes como Pathology, Septycal Gorge, Inveracity, Guttural Secrete, Cerebral Effusion, o grande Dying Fetus... são diversas bandas com certeza.

E para a divulgação, você pretende trabalhar em algo para impulsionar este O que você acha desta novo álbum? Um videocli- crescente cena “one-man-


interview . divulsor

-band”? E quais as principais bandas deste formato que você mais curte nos dias de hoje? Há alguma que pouca gente conhece e você indicaria para nossos leitores? Eu não encaro muito o “one-man-band” como algo à parte do Death Metal, ouço como qualquer outra banda do estilo. Mas existem excelentes por aí, como o mestre Shawn Whitaker com o Insidious Decrepancy e o Viral Load, tem o Putrid Pile tam58 // rock meeting // novembro . 2019

bém que é super conhecido, por aqui mesmo, planejar Cemetary Rapist, Menstrual umas datas e, se possível, leDisconsumed e por aí vai. var o Divulsor para Estados que nunca toquei. Recentemente o Divulsor tocou na Inglaterra, corre- Muito obrigado pela entreto? Qual a previsão de uma vista, deixamos este espaturnê pela Europa? ço para as considerações Sim, tive o prazer de tocar lá, finais. junto com o Death Komman- Eu quem agradeço, mais uma der, Body Harvest e o Carna- vez obrigado pelo espaço tion da Bélgica, foi um show aqui, espero que gostem do muito bacana lá. Mas previ- disco que está por sair e essão nenhuma ainda, quando pero ver os leitores da revissair o disco vou fazer shows ta em algum show. Valeu!



live

HORROR EXPO

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ROCK MEETING ESTEVE PRESENTE NO hORROR EXPO E CONTA COMO FOI por RENATA PEN // foto rAFAEL ANDRADE

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live . horror expo

P

rimeira “Horror Expo” reúne grandes atrações e garante diversão do final de semana A Expo 19 trouxe o mundo do horror para o Pavilhão de exposições do Anhembi. Entre os dias 18, 19 e 20 de outubro, o evento contou com atrações internacionais, experiências de entretenimento, além de expositores de diversas áreas como: cartunista, escultores, artesões, escritores e muito mais. Na entrada já era possível ver o painel, onde os artistas palestraram sobre suas obras e responderam ao pú62 // rock meeting // novembro . 2019

blico questões diversas. Isso deu a oportunidade ao público de conhecer grandes nomes como o do cineasta Mick Garris, que participou de diversas obras importantíssimas para o mundo do suspense e terror trabalhando, inclusive, ao lado de ninguém menos do que Stephen King. Naomi Grossman, também falou sobre sua participação na aclamada série American Horror Story e sobre a temporada The Freak Show, onde ela interpretou uma das aberrações que o circo tinha como atração. Quem está acostuma-


do a ir para este tipo de feira, sabe o quão é difícil chegar perto destas atrações. Na Comic Con o pessoal dorme na fila para garantir um lugar e ver um painel deste. Quando a feira começou, não era tão disputado assim, creio que o mesmo vá acontecer com a Horror Expo. Sessões de autógrafos com artistas como Locklyn Munro (série Riverdale) e a própria Naomi (de American Horror Story) fizeram com que uma bela fila se formasse ao lado do camarim. Tinha um ótimo stand


live . horror expo

da gravadora Nuclear Blast, onde haviam itens bem legais à venda e o pessoal da Shinigami atendeu o pessoal com toda a atenção e recebeu as bandas para as sessões de autógrafos. No sábado, Deathstars, com atraso e desfalque de integrantes, apenas Skinny e Nitro compareceram. Já no domingo, Therion fez bonito e a banda toda reunida promoveu um lindo meet and greet. As atividades no palco propostas para o período da tarde, começaram timidamente e foram tomando proporções maiores com o passar dos dias. Cosplays bem planejados e gente comprometida com a causa participaram, o que fez com que os jurados tivessem certa dificuldade em escolher os melhores.

Os stands eram dis-

tintos, cada um oferecia um trabalho diferente: leitura de tarô, cerveja artesanal, itens de filmes como: mapas do filme Harry Potter e lâmpadas sobre a série Stranger Things. Haviam stands enormes da ColorMake que trabalharam a todo vapor para que as pes64 // rock meeting // novembro . 2019

soas tivessem maquiagens incríveis e de graça. Houve também um concurso para selecionar a melhor maquiagem artística. O ingresso solidário tem sido uma ação que muitos eventos têm usado como recurso para ajudar algumas instituições e baratear os ingressos. Neste evento foram arrecadadas 2 toneladas de ração que foram doadas a al-

guns lares sortudos. SEXTA Os shows começavam à tarde e terminavam no fim da noite. Na sexta a banda de K-pop coreana iria se apresentar, mas o pessoal da montagem de palco deu mancada e elas precisaram desmarcar e se juntou com a galera do rock no sábado.


Secret Society, banda de Goth Rock de Curitiba, abriu a temporada de shows e entregou uma apresentação satisfatória, muito embora o som do lugar apresentasse algumas falhas. A banda tem um clima melancólico e depressivo. O som foi apropriado para a ocasião, guitarras bem trabalhadas de Fabiano Cavassin combinadas com o vocal delicado de Guto Dias (que também é baixista) e o ótimo baterista Orlando Custodio que mantinham a serenidade na apresentação. A banda sueca de Gothic Metal Deathstars veio com um integrante a menos, mas botaram para quebrar. Com a maquiagem e toda a caracterização necessária para aquela apresentação, eles subiram ao palco e deram vida e o clima que o show precisava. Whiplasher, com seu chapéu, batom vermelho e voz grave seduziu a plateia com sua performance. Fazia bicos e aper-


LIVE . HORROR EXPO

tava a bunda de seus colegas de banda, quando na segunda música ele mergulhou na galera. Ficou ainda cantando no meio do povo, só voltou quando a música acabou. Tenho minhas dúvidas se ele caiu ou se jogou, já que ele estava meio alegrinho. O backing vocal de Skinny é um ponto alto do show porque sua voz dá um tom a mais de terror nas músicas. Enquanto isso, o guitarrista Cat Cassino fazia poses, biquinhos e tocava pra caramba. O baterista Marcus (Nitro) não ficava atrás nas 66 // rock meeting // novembro . 2019

artes de tocar e seduzir. SÁBADO No sábado a feira estava bem mais cheia e as filas para as atrações de entretenimento ficaram mais longas, mas não impossíveis. Mais uma vez menciono a Comic Con porque as filas lá são gigantescas. Para participar de uma brincadeira em um stand e ganhar um brinde, é no mínimo uma hora ou mais de espera, dependendo do dia. Tinha mais stands funcionando no sábado. Derek

Riggs, o ilustrador que criou o mascote da banda Iron Maiden, também estava lá. Iria ter o Meet & Greet com ele também, mas infelizmente houve um problema relacionado aos assentos do avião causando este cancelamento, mas ele mandou seus desenhos autografados para a feira. A tarde as meninas do K-pop Highschool puderam se apresentar com toda a doçura que esse estilo tem. Elas estavam usando máscaras e roupas delicadas, dançaram e fizeram coraçõezinhos com


os dedos. Usaram playback e falaram bastante em coreano, cantaram um cover da banda mais famosa de k-pop BTS o que agradou seus fãs. Em um determinado momento as luzes do pavilhão todo se apagaram, impossibilitando as meninas de terminarem o show. Assim elas foram para o stand de Meet & Greet (pago) atender aos fãs. Depois elas voltaram para terminar o show. Chris Young, produtor musical brasileiro, que mora na Suíça há 4 anos, veio com seu projeto Synthretrowave. Inspirado nas trilhas sonoras

dos filmes de terror e o visual do hard rock, o Midnight Danger usou e abusou dos efeitos dos sintetizadores juntamente com a pegada da sua guitarra anos 80. Foi realmente uma viagem aquela apresentação. A noite o som ia pegar mais pesado com três bandas que estão em evidência ultimamente. A primeira banda a se apresentar foi o Furia Inc. Com um som bem carregado e um vocal forte, a banda descarregou toda a energia em cima daquele palco. A banda está atualmente trabalhando na divulgação

PAPO RÁPIDO No sábado conseguimos trocar algumas palavras com o baixista Skinny. Por que o outro guitarrista não veio? Skinny: Bem, Nightmare decidiu ficar em casa porque estamos compondo um novo álbum bem agora. Ele realmente precisava continuar com isso ou o álbum atrasaria, então planejamos e tocamos apenas nós quatro enquanto ele terminava o álbum. Como é tocar no Brasil pela segunda vez? Skinny: Incrível. Sempre somos bem recebidos, é maravilhoso.


LIVE . HORROR EXPO

do segundo álbum “Raw”. Em seguida foi a vez da banda que também está em divulgação do novo trabalho Venomous com “The Black Embrace”, som pesadíssimo de muita garra. Fizeram apresentação calorosa e vibrante, tocaram alguns covers. Esta banda tem demonstrado uma energia tremenda e é evidente o quão se preparam para alcançar o sucesso. E fechando a noite a garotada do Sioux 66 veio ainda com aquela euforia toda de ter participado do Rock in Rio. Nesta mesma semana eles lançaram o terceiro álbum MMXIX. Com o repertório voltado a este novo trabalho, os meninos também fizeram alguns covers, explorando o talento do novato Yohan Kisser com sua guitarra. A postura hard rock que sempre tiveram continua presente, mas o som é evidente que ficou um pouco mais pe68 // rock meeting // novembro . 2019


sado e amadureceu. Igor tem uma belíssima voz, mas foi prejudicado com som do lugar que não estava nada bom. Houve momentos em que não dava para ouvir nada da voz dele. O entrosamento entre Bento, Fabio e Yohan fez toda a diferença. As coisas fluíram melhor e até o Gabriel, que é pequenininho, ficava de pé atrás da bateria para fazer parte da bagunça. Um convidado muito especial foi chamado para o palco e cantou “Diversão” do Titãs. Bibi do Matilha “tenta” cantar, mas aquele problema com o microfone atrapalhou durante toda a apresentação, porém não acabou com a alegria de ninguém.

Pra quem já foi a um show do Therion sabe que a banda é absurdamente incrível em palco e que a entrega deles é máxima ao público e, começar o show com To Mega Therion é covardia pra qualquer coração de fã e Cult Of The Shadows, Nightside Of Eden, a incrível Invocation Of Naamah, Siren Of The Woods, tem como melhorar essa apresentação? Sim, tem, além do Theli ainda tivemos músicas como Rise Of Sodom And Gomorrah, Flesh Of The Gods, Ginnugagap e Sons OF Starve and Time, nesse som, o vocalista Thomas Vikström passa a palavra a Christofer, que fala da importância daquele show e das escolhas que ele fez, ao lançar o disco

DOMINGO

e vamos pra última música do disco e do show, Grand Fina-

Christofer Johnsson e sua trupe retornariam ao Brasil, para dessa vez, comemorar o aniversário de 24 anos do lançamento de um dos discos mais importantes de sua carreira, o clássico Theli e eles prometeram(e cumpriram) tocar o disco em sua íntegra e se você é fã da banda já deve estar se perguntando: e aí, como foi? Simplesmente incrível!

le, que é um instrumental lindo, encerrando com chave de ouro o show e o evento inteiro. Falar da composição atual do Therion é chover no molhado, Christian Vidal continua com seus solos incríveis, notas claras e perfeitas, Thomas Vikström continua cantando maravilhosamente bem, as sopranos, bateria e baixo, tudo incrível, perfeito.


live

TROPICAL RIO

70 // rock meeting // novembro . 2019


OT Punk Rock & Cerveja Artesanal - Mistura Explosiva Texto e Fotos Mauricio Melo & Snap Live Shots

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live . tropical riot

H

á algum tempo havíamos comentado sobre uma verdadeira proliferação de festivais na Europa e em especial, na Espanha, território nacional para quem vos escreve. Os festivais de verão já não existem, temos e teremos festivais para o ano inteiro e a prova de tudo isso foi o Tropical Riot que, ao ser agendado para o início do mês de setembro, deixa de ser um festival de verão para ser considerado como o ponto de partida da temporada 2019/2020. Sim, nosso início de ano se dá em setembro, assim como o ano letivo e a temporada de futebol. Para muitos é o início do calendário, algo comparado ao pós-carnaval no Brasil. Foi nesse clima que subimos a serra até Ullastrell, uma cidadezinha no alto da montanha e com clima típico, pois lá o frio já chegou. Por um momento achei que estávamos perdidos entre curvas e paisagens, difícil de imaginar que em algum momento chegaríamos a uma bonita cidade como encontramos

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ali, no meio do nada, tocaria uma banda como No Fun At All além de grandes nomes da cena local, mas sim, isso foi possível! Responsáveis por dar o tiro de partida no evento (difícil missão como sempre), o Bad Mongos deu mais uma demonstração do porquê estarem entre as bandas mais promissoras da temporada. Tocando temas de seu recém

lançado Mongo Machine (segundo álbum), acabou deixando de boca aberta os desavisados com verdadeiros petardos como “Not Anymore”, “Neon Boy”, “Too Late” e “A Pendre Pel Cul”, temas que já vão se tornando habituais e clássicos no setlist do quarteto. Logo em seguida, tivemos mais uma visita habitual com o Violets, trio de Punk


Rock clássico com pitadas daquele Grunge que tanto encantou o mundo nos anos noventa e que nos ofereceu um punhado de boas canções. Assim como o Panellet que, dentro do cartaz oferecido, foi a banda mais leve da tarde, porém encaixou perfeitamente dentro da proposta do evento. A partir do momento que La Inquisición subiu no palco, passamos a falar em palavras maiores. Banda que estamos tendo o prazer de acompanhar de perto a evolução, tanto musicalmente quanto aceitação pelo público. Com um crescimento alarmante, passaram de ser banda de abertura para se tornar uma referência na cena local e já alcançando visibilidade no exterior com turnês pela Europa e apresentações no Mé-


live . tropical riot

xico. “Abril”, “Verdadera Fe”, “El Dolor”, “Guerra Total” e “Rosa de Mort” são apenas algumas dos habituais temas tocados em suas explosivas apresentações e que não foi diferente no Tropical Riot. Para dar aquela quebrada no ritmo, entrou em cena o Buster Shuffle com seu piano, aquela Telecaster com sons limpos e muito Ska. Seguindo com os ritmos alternativos o The Movement ofereceu seu Mod-Rock-Punk-Ska made in Dinamarca. Elegância no palco, riffs matadores na guitarra, um baixista que é o verdadeiro showman e um 74 // rock meeting // novembro . 2019

show que, por unanimidade, foi considerado o melhor do evento. A banda EINA teve a difícil missão de tocar após o The Movement, mas como são locais e vem como herdeiros de outra banda famosa dos anos noventa, o acolhimento do público foi massivo. Quem definitivamente não teve problemas e tocar após outras bandas foi o No Fun At All. Típico nome que chega no evento com o jogo ganho, mesmo que as outras bandas citadas anteriormente tenham tocado de maneira espetacular. Afinal de con-


tas, 25 anos de carreira tem que servir de alguma coisa. Dentro destas duas décadas e meia, bons discos de Punk Rock saem uma coleção de hits que faz a alegria da galera como “Beat ‘em Down”, “Catch Me Running Round”, “Suicide Machine” e “Wow and I Say Wow” além das novas e boas canções como “Spirit” e “The Humdrum Way”. Uma apresentação à altura do esperado. Talvez tenha faltado um espaço para os stage divers darem aquela pitada de noite épica, mas são coisas a melhorar para um futuro já que essa foi apenas a segunda edição do evento. Até.


a terceira edição do rock station teve bad religion e the offspring e lotou o espaço das américas por Ricardo Yasuda // foto Edi fortini

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76 // rock meeting // novembro . 2019


live

ROCK STATION


live . rock station

N

o dia 29 de outubro aconteceu a terceira edição do Rock Station em São Paulo, no Espaço das Américas, reunindo as bandas de punk rock The Offspring e Bad Religion. Estas mesmas bandas foram individualmente headliners das edições anteriores do festival, que também já contou com Dead Kennedys e Pegboy, entre outras. Mesmo com pouco tempo desde as suas últimas passagens, juntar as duas bandas acabou por lotar o Espaço das Américas, que tem capacidade máxima de 8.000 pessoas. A noite começou com o Bad Religion, ainda com o público chegando. Havia filas enormes para entrar e muita gente deve ter perdido o começo do show, que já teve “21st Century (Digital Boy)”, um dos grandes hits da banda. Depois de “Fuck You” e “Anesthesia”, Greg Graffin anunciou “Chaos from Within”, do novo álbum “Age of Unreason”. Em dado momento do show, justamente em “New

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Dark Ages”, começou o coro, cada vez mais frequente, criticando o Presidente da República. Antes dessa música, Graffin disse que “muita coisa mudou” nesses dois anos que eles não vieram para cá, o que motivou o coro. Ele fingiu que não sabia o que estava sendo gritado, mas incentivou mesmo assim. Em pouco mais de uma hora a banda californiana

conseguiu tocar 25 músicas não dando quase tempo de descansar, e a plateia, que ficava cada vez maior, também não parava. Tinha até gente levantando a muleta no meio da galera. Depois de todas essas músicas, que incluíram “Sorrow”, “Infected” e “Los Angeles is Burning”, o show terminou com a indispensável “American Jesus”, preparando o terreno para a loucura


que foi o The Offspring. A esta altura o ar condicionado da casa já não estava dando conta de tanto calor, e a temperatura iria subir ainda mais, já que o Offspring subiu ao palco já começando com “Americana”, “All I Want” e “Come Out and Play”. Apesar da banda ter tantos hits que marcaram os anos 90, ela ainda arrumou espaço para duas covers: “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones, e “Whole Lotta Rosie”, do AC/DC. Segundo o guitarrista Noodles, essas eram as únicas músicas que não foram escritas pelo “Dr. Dexter Holland”. Holland é PhD em biologia molecular, título que Greg Graffin do Bad Religion também tem, só que em biologia evolucionária. Mesmo sendo uma banda de punk rock, a triste


live . rock station “Gone Away” foi tocada no piano por Dexter. “É uma música sobre perda”, disse. Ela foi escrita em homenagem à sua então namorada, tragicamente morta em um acidente de trânsito. Depois do momento triste, o show foi caminhando para o final, mais uma vez cheio de hits, com “Why Don’t You Get a Job”, que teve bolas pulando no público, “Pretty Fly (for a White Guy)”, e “The Kids Aren’t Alright”. Ainda deu tempo de um bis, menos para quem tinha que pegar o metrô, já que o show terminou perto da meia noite. Mesmo sendo numa terça-feira, a força das duas bandas conseguiu juntar muita gente nesta edição do festival, o que gera uma expectativa para uma próxima. Quem sabe já em um estádio?

80 // rock meeting // novembro . 2019



INTERVIEW

FINAL DISAST

82 // rock meeting // novembro . 2019


TER

Apresentando nova vocalista, a banda final disaster fala sobre presente e futuro por renata pen // foto thiago almeida


interview . final disaster

O que podemos esperar

para que sejam desenvolvi-

deste novo álbum? Quan-

das. E, no final, acredito que

tas músicas têm?

esse seja o segredo, o caos

O Final Disaster é uma banda

dando à luz para algo com a

que tenta, sempre, surpre-

cara da banda.

ender, fazer algo novo, fugir daquilo que é muito óbvio.

Existe uma temática para

Então posso prometer 12

cada álbum?

músicas que vão representar

Esse nosso full será um ál-

algo diferente, que flerta com

bum conceitual, cuja história

diversos estilos, mas coerente

possui alguns links com o

com o que a banda já fez até

que já foi apresentado no EP

hoje, porém de forma muito

anterior, “The Darkest Path,

mais amadurecida, já que

de 2017”. Inclusive, alguns

somos hoje músicos mais

‘easter eggs’ podem ser vistos

maduros.

nos dois últimos vídeos da banda, ‘The Dark Passenger’

Como são compostas as

e ‘Oblivion’, mas a história

músicas?

inteira só vai ser revelada

Acho que não existe fórmu-

com o lançamento do álbum.

la, ou alguém traz uma ideia bem estruturada para o am-

Como a situação políti-

biente da banda e os outros

ca do nosso pais atua na

vão lapidando, ou algo é cria-

criação das músicas?

do em conjunto ou alguém

Os integrantes, via de regra,

traz uma ideia mais ‘crua’ que possuem posições polítiacaba juntando com alguma

cas bem definidas, porém a

outra ideia que já existia e

banda não é uma entidade

as peças vão se encaixando,

politizada, nós tentamos não

é um processo caótico e, do

abordar temas políticos. Nós

caos, a gente tenta minerar

abordamos temas relacio-

algumas ideias interessantes

nados à cultura do Horror

84 // rock meeting // novembro . 2019


Deborah foi escolhida para assumir os vocais entre 12 talentosas vocalistas


interview . final disaster

e tudo que está no entorno. Porém é impossível negar o peso que a conjuntura política atual exerce no dia-a-dia de todo brasileiro, estamos vivendo um momento muito pesado, em que estão todos descontentes de alguma forma, tanto direita quanto esquerda (uns mais, outros menos) e isso não vem de hoje. Esse peso foi sentido de forma muito mais intensa durante o processo eleitoral do ano passado, então, foi uma carga de energia muito pesada e negativa para todos durante o pleito. Então uma forma que encontramos de abordar essa temática é botar para fora esse sentimento ruim, descarregar essa energia em forma de música, mas não adotamos discursos políticos para nenhum lado. Por que a Laura deixou a banda? Acho que ela e a banda esta86 // rock meeting // novembro . 2019

A banda já chegou em um ponto que consegue gerar renda


vam em momentos diferentes de bandas, etc. Ao todo cheda carreira. As necessidades e gamos a conversar com 12 anseios dela eram diferentes

vocalistas, todas com perso-

das necessidades e anseios do nalidades e características

Foto: Paula Thaíza

Final Disaster, o que acabou

musicais bem distintas, su-

culminando na saída dela,

pertalentosas e, por diversos

que, acredito, foi o melhor

fatores, optamos pela Debo-

para todo mundo.

rah.

Como foi feita a escolha na nova cantora e por que tinha que ser uma

Está dando para viver de

mulher, ou isso não rola? Chegamos a discutir a possibilidade de não colocar ninguém no lugar dela e tentar seguir como um quinteto, mas isso nos limitaria de alguma forma, ter duas vozes na banda permite uma quantidade de recursos muito maior na hora de compor e na hora de executar as composições, algo que não estávamos dispostos a abrir mão. Como já havíamos criado uma identidade como banda com dois vocalistas, sendo um masculino e um feminino, decidimos priorizar a manutenção dessa identidade e começamos a divulgar publicamente que estávamos realizando a seleção de novas vocalistas, pedir indicações a conhecidos, procurar vídeos

adaptaram ao mains-

música neste momento? Por que as bandas já se tream e estão vendendo merchan. É o bastante? A banda já chegou em um ponto que consegue gerar renda. Nós vendemos diversas opções de merchan, como, por exemplo, várias camisetas diferentes, versão física do nosso EP (CD, quando for lançado também será vendido), chaveiro, abridor de garrafa, adesivo, e temos o nosso hidromel de hibisco, que é algo diferente, que não se vê muitas bandas fazendo. Então, conseguimos gerar alguma renda, o que ajuda, mas não nos permite viver apenas de música, todos na banda possuem trabalhos chatos e ‘normais’ para manter as contas do dia-a-dia.



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