sumário 2020
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08. metal mind reflections tempos de pandemia 12. hammathaz tudo tem a hora certa 20. Alcides pensando em algumas ideias 28. Sinaya nova formação 36. dani serafim 10 anos de carreira
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46. Suck this pUnch criar músicas impactantes 64. GOAT NECROPSY DUO LANÇA BLOOD AND FRESH 74. Hellgarden mostrar nossa música 79. review em vídeo Marcos Garcia comenta
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84. Bastardz sem rótulos 90. Warshipper Não pretendemos parar por aí
DIREÇÃO GERAL PEI FON DIREÇÃO EXECUTIVA FELIPE DA MATTA CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto
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COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bárbara Martins Bruno Sessa Edi Fortini fernando pires Luiz Ribeiro Marcos garcia Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Renata Pen Samantha Feehily CONTATO contato@rockmeeting.net
www.rockmeeting.net
nervosa prika amaral fala sobre o futuro da banda
words of editor
RESPEITO
. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal, fotógrafa e direção geral da rock meeting
O que leva uma pessoa a comemorar o fim de uma banda? Eu não vejo motivo algum. Para que uma banda decida encerrar suas atividades, é preciso chegar em vários pontos, questionar todos eles, discutir bastante, só assim ter o denominador comum, para o bem de quem está nessa banda. Sobre a tal comemoração, veio a partir do desligamento de duas meninas naquela banda que está em mais ascendência da cena rock/metal brasileira. Até esse ponto, enquanto comunicadora, é de se pensar o que aconteceu e, principalmente, respeitar a decisão, o espaço e não ser invasivo. Tomar decisões não é fácil. Quem afirmar que é, por favor, ou você está mentindo, ou você nunca fez isso de verdade. Todos nós fazemos isso dia após dia, seja em casa, no trabalho, no campo pessoal, seja onde for, decisões precisam ser tomadas. Uns vão gostar, outros não. É preciso respeitar o espaço do outro. Eu sei que, após a tomada de decisão, o que menos queremos é gente vir até nós perguntar o porquê disso.
Venha, mas venha com apoio, com aquele ombro amigo, com conforto. Chega de perguntas, traga alento. As meninas, agora ex Nervosa, tomaram suas decisões, estão isoladas e pensando bastante. Tudo é doloroso. Imagina para quem ficou na banda, a pressão ainda é maior. Nesse momento, tenho certeza de que, o que menos se quer, é dúvida, há muita questão a ser resolvida e pouca, ou quase ninguém, para ajudar a solucionar. Ao invés de jogar palavras ao vento, apoie, mas apoie de verdade. O nosso estilo precisa de mais união. Mais segmentado que já somos sonoramente, essa separação não deve ser uma extensão no campo concreto. E, em tempos de pandemia, precisamos de mais apoio. Talvez nunca precisamos tanto como agora. Faz o seguinte, compre a ideia: apoie uma banda, uma do seu estado e não a banda que você só viu no Youtube. Não tenho vergonha de ser do Heavy/Rock, tenho vergonha das pessoas e suas idiotices. Porque isso, independente de estilo musical, é falta de educação, de respeito.
Metal . mind reflections
OS TEMPOS DA PANDEMIA a proliferação das lives nas mídias sociais
por marcos garcia // foto Ettore Chiereguini
Desde que a pandemia de Covid-19 tomou o mundo (não quero entrar em discussões políticas/politicamente corretas da responsabilização deste evento), todos temos, à duras penas, buscado nos isolar socialmente para evitar a dispersão e contágio pelo coronavírus SARS-CoV 2. Óbvio que isso causou a paralisação de toda a indústria de entretenimento, com lançamentos físicos e turnês sendo abruptamente canceladas ou postergadas. Neste ano, infelizmente, Wacken Open Air, Party.San e Hellfest já cancelaram suas versões. E em uma tentativa de amenizar o tédio, o sofrimento 8 // rock meeting // maio . 2020
e mesmo a ausência de eventos, muitos grupos estão usando um recurso muito interessante: a transmissão de “lives” por meio das mídias sociais. Uma das primeiras, senão foi a primeira a usar o recurso, foi o Metallica (o que não seria estranho, pois em geral, a banda é uma fonte de ideias de vanguarda que outras irão copiar posteriormente). Na que eu vi estes dias, basicamente, Lars aparece, fala um pouco e são exibidos “takes” de shows ao vivo (pelo menos, na que eu vi), onde existe um local para doações a instituições (não lembro qual). Óbvio que todo mundo viu ali uma chance de se manter ativo e em evidência, uma forma de chamar a atenção para o próprio trabalho, o que de forma alguma é indigno. Uma das coisas mais legais que tem acontecido é que muitas bandas fazem suas “lives” com cada integrante em sua própria casa, gravando (ou tocando ao vivo mesmo). Isso dá uma sensação de que, apesar de tudo, a música não pode
Metal . mind reflections
parar e que, os músicos, se mostram responsáveis e exemplos para todos nesse momento em que não há soluções em curto prazo (ou seja, vacinação e medicação próprias para o Covid-19). Perdão por este autor não querer entrar em méritos ou discussões sobre se é correto ou não (muitos especialistas se mostram favoráveis ao isolamento, logo, a ciência aponta nesta direção), mesmo porque assuntos de política/ ideologia não são mais focos de meu interesse pessoal (eu com as minhas, vocês com as suas, e vamos adiante). Ao mesmo tempo, o uso de plataformas como Spotify e YouTube para audições deve estar tendo picos de uso. Mas as bandas já se pronunciaram que não conseguem se manter 10 // rock meeting // maio . 2020
apenas com o que ganham das audições nelas, o que pode ser uma mostra de uso do empreendedorismo: talvez o uso de uma plataforma nova, criada pelas gravadoras e/ou bandas, possa entrar como locais para que os fãs tenham acesso ás músicas e, por tabela, a fatia destinada às bandas e gravadoras seja maior. Óbvio que não faço ideia do quanto deve ser gasto em tal ideia, mas Bill Gates não foi revolucionário à toa, quando apostou no futuro dos computadores para utilização doméstica (o que muitos diziam que não iria acontecer), ou seja, uma boa ideia pode se tornar uma realidade (rentável, inclusive) dependendo de quanto se aposta nela, e de quanto se empenha. Por agora, o melhor é:
se você pode ficar em casa, fique; se não pode por ter que trabalhar, se proteja, lavando sempre as mãos com água e sabão, ou higienizando com álcool em gel (ou álcool 70%). E evitem a histeria, especialmente na internet, com compartilhamento de notícias ruins (muitas delas são puro sensacionalismo, ou estão usando você como “boi de piranha”, ou que muitos compartilham apenas pode interesses políticos/ideológicos cuja procedência não é de fontes confiáveis). Alimentem-se de coisas boas e de esperança. Finalizando: já que toquei em esperança, vamos tê-la em cada dia, pois vai passar... E enquanto não passa, ótimas lives a todos (inclusive a Rock Meeting tem postado alguns vídeos no Instagram, então, boa diversão).
INTERVIEW
HAMMATHAZ Como forma máxima de expressão, a música é a válvula de escape da banda Texto Susi dos Santos Foto Fábio Augusto Fortinho
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interview . hammathaz
O Hammathaz é conhecida como uma banda estradeira, com mais de 15 anos de carreira. Em agosto do ano passado vocês fizeram uma mini tour passando por Campinas, São Paulo, Boituva, Sorocaba, Indaiatuba e Rio de Janeiro. No show do Rio de Janeiro vocês foram a primeira banda a subir no palco da segunda edição do Friburgo Rock Festival. Como foi dividir o palco com grandes nomes do metal como Mike Portnoy, Noturnall e Edu Falaschi? E como está sendo para banda ficar sem tocar nesse período de isolamento social? Rodrigo Marietto - Além de um sonho realizado, foi uma grande responsabilidade 14 // rock meeting // maio . 2020
apresentar nosso som junto a esses gigantes do Metal, uma oportunidade singular graças ao convite que recebemos do Thiago Bianchi da Noturnall. Estamos nos adaptando à situação do isolamento, sentimos muita falta dos palcos e receptividade do público, mas nesse momento aproveitamos
para improvisar nossa técnica musical, trabalhar em material novo, e graças à nossa assessoria de imprensa Som Do Darma, estamos conseguindo ter uma grande visibilidade através de entrevistas virtuais, festival da Roadie Crew, novos contatos, curtidas em redes sociais, etc.
foto daniel mazza
Trabalhar com o Thiago foi fenomenal, tivemos praticamente um tratamento vip em todos os sentidos, desde as acomodações até as ideias por trás de cada detalhe das músicas. Sabemos que o resultado foi surpreendente e estamos ansiosos para ter o feedback de todos vocês, pois ficou old school e ao mesmo tempo moderno.
Falando sobre Noturnall, o Thiago Bianchi é quem está produzindo o full-length da banda, intitulado “The One”. Conta um pouco como foi trabalhar com o Thiago e o que podemos esperar do novo trabalho da banda em termos estéticos e de gravação?
A discografia do Hammathaz é formada por duas demo-tapes (“Antahkarana” de 2006 e “Downfall” de 2009), dois EPs (“Crawling” de 2011 e “Inner Walls” de 2013) e três singles (“Cursing” de 2010, “Enslaved” de 2012 e “So it Comes” de 2018). Por que só agora vocês decidiram gravar o primeiro disco? Apesar da banda ter feito trabalhos incríveis em sua carreira, acreditamos que tudo tem a hora certa, nada é por acaso. Nosso baixista foi dono do maior estúdio da nossa ci-
interview . hammathaz foto daniel mazza
dade (Sorocaba) e nesse período o disco não saiu, então o momento oportuno chegou, pois estamos na melhor fase da banda. Falem um pouco de onde surgiu o título do álbum e o conceito das letras e capa de “The One”, primeiro full-length do Hammathaz? A ideia do título do álbum já existia no subconsciente do nosso baixista Anderson Andrade e só decidimos 16 // rock meeting // maio . 2020
usar após as músicas estarem prontas, pois identificamos que para nós “The One”, como o próprio nome diz, significa algo único e escolhido por si só. A capa de “The One” foi desenvolvida pelo artista Jean Michel e, de acordo com o baixista Anderson Andrade, reflete toda a diversidade de temas explorados nas letras. As letras das músicas do ‘The One’ abrangem desde um contexto de cotidiano até batalhas internas, especialmente a maior questão da vida: sobre
quem somos e de onde viemos! A capa representa mais ou menos tudo isso. O anjo simboliza nossa alma, ofuscada pelos sete pecados capitais. Ela ainda traz uma corrente nos pés (escravização pelo sistema) e o símbolo do infinito (espírito). E ao seu lado direito, o jardim do Éden, em sua representação original numa progressão pelas pirâmides maias até os tempos atuais. Há ainda referência aos anjos caídos, o símbolo do alfa e o ômega. É, de fato, uma capa
cheia de símbolos.
cas possuem peculiaridades rotina habitual, colocar para musicais distintas, porém ca- fora o que não consigo no co-
Vocês lançaram recente- racterísticas sonoras de uma mente dois singles, “So it produção única, suprema e a Comes” em 2018 e “New reação do público não foi diBlood” em 2020, produ- ferente. zidos pelo Thiago Bian-
tidiano, uma válvula de escape da realidade. Lucas Santos - Música nada mais é do que você expressar aquilo que realmente é em
chi. Vocês e o público cur- Gostaria que cada inte- forma de arte. Muitas vezes tiram o resultado final? grante respondesse essa você é bloqueado por razões e A qualidade da produção do pergunta. Qual o sentido obrigações do cotidiano, mas mestre Bianchi superou nos- da música e arte na vida ela sempre será a válvula de sas expectativas, é grande a de cada um de vocês? escape, aonde você expressa diferença entre uma gravação Rodrigo - A música é uma até mesmo esses problemas
convencional e outra sendo boa fração do sentido em mi- do cotidiano transformando ministrada por uma mente nha vida na qual consigo ex- em forma musical. brilhante. Ambas as músi- pressar minhas ideias fora da Thales Stat – Acredito que
interview. hammathaz fotos daniel mazza
a música é a melhor maneira expressão, onde você pode de expressar a personalida- escrever, falar, colocar atmosde. E é por isso que você não fera, usar dinâmicas e ritmos escolhe o que vai gostar de para se expressar... e, no fim
15 anos de batalha e experiência para chegarmos no formato atual
ouvir. Você apenas chega até das contas, a música as vezes aquilo. E o mais interessan- acaba se expressando mais do te é que a música é uma lin- que você mesmo esperava. guagem universal... qualquer Anderson Andrade - A múum que saiba o mínimo de al- sica sempre foi algo presente gum instrumento pode fazer em minha vida. Desde criança uma Jam com qualquer ou- lembro que minha mãe ouvia tra pessoa de qualquer lugar muitas bandas, ela era apaixodo mundo. Por esse e outros nada pelo rádio, chegava dormotivos, a música, para mim, mir ouvindo programações da não é só um elemento presen- época (anos 80). Lembro-me te no mundo, mas um estilo que as preferências dos meus de vida. A forma máxima de pais eram bem ecléticas, eles
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tinham vários discos da épo- arte presente em minha vida! ca... minha mãe mesmo ouvia desde Genesis, Scorpions, Deixem um recado para Led Zeppelin, Roberto Carlos quem não curte o som do até Odair José e Amado Batis- Hammathaz. E por que ta; já meu pai ouvia bastante deveria curtir? sertanejo da época, Milioná- Rodrigo - Recomendo ourio e José Rico, Tônico e Tino- virem a qualidade sonora da co, Chitãozinho e Xororó, etc. nossa banda, independente A música se estabeleceu em do seu estilo, pois certamen-
CANAL OFICIAL
Se você quer conhecer mais o trabalho do Hammathaz, acompanhe os perfis oficiais.
minha vida em 1997 e desde te você irá se identificar com lá veio pra ficar, vi minha vida algum detalhe que irá lhe tose projetar em cima da mú- car. Porque foram 15 anos de sica, deixei bastante projetos batalha e experiência pra chepra seguir esse meio e tenho garmos no formato atual e escerteza que a música veio pra taremos em constante evoluficar até os últimos dias. Não ção pra vocês acompanharem consigo me imaginar sem essa as novidades.
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INTERVIEW
ALCIDES
BURN Com mais de 20 anos de carreira, alcides burn fala do passado, presente e o que quer do futuro
TEXTO renato sansom // Foto marco antonio
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interview . alcides burn
Alcides, você está no mundo das artes há bastante tempo. Poderia nos contar um pouco do início da sua trajetória como designer? Olá Rock Meeting, primeiro agradeço a oportunidade, é sempre muito gratificante mostrar meu trabalho a veículos importantes como essa revista. Vamos lá, sempre gostei de desenhar e sempre gostei de música... minha mãe gostava de música, mas não Metal. Cresci escutando Nelson Gonçalves, Júlio Iglesias, Benito de Paula, era o que minha mãe mais escutava, depois comecei a curtir as trilhas sonoras de filmes, música internacional, o lado pesado veio quando vim morar no Recife. Então, em meados dos anos 90, eu comecei a escutar Metal através de uns 22 // rock meeting // maio . 2020
amigos. Nessa época fui presenteado por um tio que me deu um computador e aí tudo começou de verdade. Minha primeira arte oficial que saiu em CD foi “The Last Prayer” do grande Decomposed God. Qual foi a capa ou arte de disco que te despertou este desejo? Quem fez eu pirar foi o Eddie, personagem do Iron, aquela capa do “Killers” mudou tudo. Em 2014 você foi um dos finalistas para criação da arte do novo álbum da banda norueguesa Keep Of Kalessin, na ocasião você não chegou a vencer, mas a banda gostou tanto do seu material criado que acabou utilizando a arte para outras demandas. Conte-nos está história. Sim, o engraçado é que eu tinha produzido um show do KOK dois anos antes aqui no Recife, então comecei a acompanhar a banda, soube do concurso e resolvi participar,
interview . alcides burn
enviei aquela arte, mas infelizmente não ganhei. Logo depois do resultado, o vocalista Obsidian C entrou em contato pelo inbox do Facebook e disse que tinha gostado muito da arte e que ela se encaixava perfeitamente com uma das músicas deles que se chama “Dark Divinity” e disse que queria a arte para transformar numa camisa, e assim foi feito. Dentre todos os seus trabalhos, tem aquele que é o seu preferido? Poderia elencar os cinco mais importantes e que mudaram a sua vida? Todos têm sua importância, mas tem alguns que eu poderia citar: Decomposed God – “The Last Prayer” (a arte é muito simples, mas foi o primeiro, então tenho um carinho por ela). Headhunter D.C – “God’s 24 // rock meeting // maio . 2020
Spreading Cancer”. Krisiun – Arte de camiseta e lyric vídeo. Keep of Kalessin – Camiseta “Dark Divinity”. Blood Red Throne – “Brutalitarian Regime”. E agora mais recente a arte do merchan do LOCK UP.
O que o Covid-19 tem impactado em seu trabalho? Impactou no sentido que de que, por exemplo, eu fazia muito flyer para tour e para shows, então acabou a demanda. As bandas também pararam todo seu trabalho de gravação e lançamentos, então meio que diminuiu bastante os trabalhos. Mas eu estou aproveitando essa quarentena para dar uma reciclada, estudando algumas coisas, pensando em algumas ideias.
Estamos passando por uma pandemia que está gerando um impacto gigantesco no cenário musical. Qual a sua opinião sobre a situação atual? É uma coisa surreal, nunca imaginaria passar por uma situação dessas. Isso vai mudar o mundo de certa forma, acho que as pessoas vão repensar sobre a vida e suas atitudes. No Brasil digo que estaria melhor se não tivesse um imbecil como presidente, que em vez de seguir o que o mundo está fazendo pede para o povo ir para a rua. Vai morrer muita gente por conta de um irresponsável, infelizmente.
Como foi apresentar os seus trabalhos no Abril Pro Rock? Qual a sensação de estar ali expondo a sua arte? O Abril Pro Rock sempre foi um festival que acompanhei desde o começo e lembro que um dia eu estava conversando com minha esposa e disse: “Imagina um dia eu trabalhar no Abril pro Rock, acho que eu iria pirar”. Porque não é apenas um festival de música, é um local de contatos, de aprendizado que movimenta muita coisa além da música. Então um dia eu recebo uma ligação e fui para uma reunião com Paulo André e Sonally
interview . alcides burn
participação? 90% das vezes eu tenho liberdade total para criar, baseado numa letra ou no título do disco. Lógico, sempre tem uma longa conversa antes com o cliente. Depois disso começo as pesquisas de referências até criar o primeiro esboço e enviar para o cliente.
(irmã dele), que me fizeram um convite para participar da produção do Hellcifest, festival aqui do Recife organizado pela Astronave, a mesma produtora do Abril, e o Paulo me disse que queria estender o convite pro Abril. Não poderia ter ficado mais feliz né, depois entrei na curadoria também, hoje faço o design, curadoria e produção. Mas quanto à exposição conversei com Paulo, eu estava completando 20 anos e 26 // rock meeting // maio . 2020
Quais são suas principais influências no mundo das artes? Tudo ao meu redor me influência, como filmes por exemplo. Sou cinéfilo e trabalhos de outros artistas como: H. R. Giger, Travis Smith, Dave McKean são grandes influênqueria fazer um especial, mas cias. não em qualquer lugar, então criei a EM CHAMAS que é o Qual o seu sonho em ternome da exposição e fiz ela mos de designer? Tem no hall de entrada do Baile aquela banda que você Perfumado, local onde ocorre sonha em realizar algum o Abril Pro Rock, e o resulta- trabalho em especifico? do foi bem legal. Depois levei Meu sonho é espalhar ainda também para o Ripper Fest mais minha arte pelo munem Natal. do, sou apaixonado por isso, é Em termos de criação, como é o seu desenvolvimento? A banda ou artista tem grande ou pequena
minha vida. Gosto de muitas bandas, mas, tenho aquelas do coração e o Paradise Lost seria uma delas, seria um sonho realizado.
INTERVIEW
SINAYA Sinaya traz nova formação e aguarda o mundo voltar ao normal para se apresentarem TEXTO renata pen // Foto banda/divulgação
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interview . sinaya
Em julho haverá um show para a comemoração dos 10 anos da banda. O que podemos esperar desta festa? Mylena Mônaco - Primeiramente gostaria de agradecer o convite de estar aqui com vocês da RM. Sobre o show, a princípio ele está agendado para o dia 4 de julho, a gente chegou a divulgar no início de março, mas devido a pandemia, e tudo o que está acontecendo, pode ser que seja adiado. Mês que vem a gente já vai ter uma ideia se continua ou não. Se não mudar, será adiado para o final deste ano.
Há nove anos a banda foi formada apenas por mulheres, mas devido a fatores diversos a gente acabou deixando este item não obrigatório. Um dos motivos foi conciliar os trabalhos formais com turnês, além de que também é muito difícil achar mulheres que tocam metal extremo bem, a maioria toca rock and roll. É difícil encontrar uma pessoa que tenha estes dois pontos. Tão logo a gente acabou encontrando o Douglas e o Erick que são super profissionais e nada impede da banda ser só de mulheres novamente, contanto que elas se encaixem nesse perfil.
Quais as vantagens e desvantagens da troca de membros? Acho que são mais desvantagens porque nenhuma empresa gosta de ficar trocando de funcionário e banda nenhuAntes a banda era só de ma gosta de ficar trocando de meninas, o que rolou membro, mas pela evolução para isso mudar? acaba sendo necessário. Têm 30 // rock meeting // maio . 2020
foto Enilah
interview . sinaya
coisas que a gente combina no começo e depois descobre que não era daquele jeito, a pessoa não tem a disponibilidade para sair para tocar... enfim, são vários fatores! Outras desvantagens são: tem que ficar tirando as músicas novamente, ensaiar toda hora, fazer novas fotos promocionais e vídeos. As coisas mudam na vida da gente... não é o ideal, mas acontece. A banda começou em 2010, o primeiro EP em 2013 e o primeiro álbum saiu em 2018. Qual é o motivo desse longo período de criação? O motivo foi essa troca de membros. De 2014 a 2017 houve várias trocas, então acabou impactando bastante. Também teve atraso na gravação por conta da agenda do Pompeu e da banda. Era para ter lançado em 2017, mas se32 // rock meeting // maio . 2020
foto Enilah
alienava as pessoas. Mostra como à loucura impacta as pessoas por diversos lados.
guramos um tempo porque não queríamos lançar independente, queríamos uma gravadora. Foram seis meses de busca e então a Brutal Records entrou em contato com a gente e eles tiveram uns três meses para preparar tudo e enfim lançar. As músicas falam de morte e falta de esperança. De onde vem este sofrimento? O EP “Obscure Raids” é lúdico, então ele conta historinhas de terror. Já o “Maze of Madness” conta sobre vários tipos de loucura, a gente aborda sobre depressão de uma forma que você não entra nesse sofrimento. Mostra a realidade sobre vários tipos de loucura e situações que podem causar em uma pessoa. Tem música que fala sobre a segunda guerra, sobre a comunicação em massa, sobre o Hitler que
Qual é o momento mais marcante para a banda? Não dá para citar apenas um momento, mas vou citar três shows que foram bem marcantes para a gente. Um deles foi uma abertura de um show em São Paulo do Amon Armarth e Abbath, a casa estava lotada e muitas pessoas conheceram a Sinaya por causa disso. Eles disseram que nosso show estava bem legal e que gostaram bastante. Também tivemos a oportunidade de abrir para o Suffocation em Lima (Peru), em 2017. Tivemos uma receptividade bem legal. Abrir para uma banda estrangeira e em um país que não é o seu é bem difícil. Outro foi tocar no Lima Metal Fest, em 2016, um festival de dois dias contando com 18 bandas, como Primal Fear e Rhapsody, bandas que a gente ouvia quando éramos crianças/adolescentes. Foi bastante marcante poder tocar no mesmo Fest que eles. Ahh... é claro! A turnê na Europa que fizemos
interview . sinaya
foto Enilah
em 2018, foi uma experiência peu nos ajudou a organizar as Muito obrigada, Myleincrível, culturalmente e pro- composições e nos ajudou a na. E fica o espaço para fissionalmente falando. evoluir como banda e auxiliou agradecimentos. Sucesso no processo todo dentro do sempre. O albúm “Maze of Mad- estúdio e acabamos ganhanValeu Rock Meeting e valeu ness” contou com o apoio do tempo com isso. Ele não só todo mundo. Quem quiser sedo Marcelo Pompeu. ajudou nessa organização da guir a gente nas redes sociais: Como foi isso? banda com o ritmo de compoO EP foi composto por mim, Instagram, Facebook e Twitsição, gravar pequenas coisas mas para o “Maze of Madter @Sinayaofficial e tampara não esquecer, mas tamness”, eu levei duas músicas bém tem nosso site que tem que já tinha antes desta for- bém ajudou no relacionamenmerchan e tudo mais, tudo mação e contei com a cola- to pessoal, ou seja, como lidar boração da ex-guitarrista que com as pessoas e assim pude o que rola, está tudo lá. É só acompanhar a gente! me ajudou a compor. O Pom- evoluir mais. 34 // rock meeting // maio . 2020
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INTERVIEW
DANIELA SERAFIM com 10 anos de carreira, ela nos conta como foi a sua trajetória e inspiração
por Bárbara lopes // foto pei fon
interview . dani serafim
A
pós dez anos à frente da Autopse, banda de thrash/death alagoana, e agora nos vocais da conterrânea The Renegades of Poisonville, conversamos com a vocalista Dani Serafim, que conta sobre sua passagem nas bandas, influências e o atual cenário musical brasileiro. Você foi vocalista do Autopse por anos. Como foi a sua passagem pela banda? Quais aprendizados você leva consigo? Dani Serafim - Bem, a Autopse foi minha primeira banda, na qual permaneci por dez anos consecutivos em atividades constantes. Foi nela que eu consegui superar meus limites, aprender mais sobre mim mesma, me auto avaliar. Conheci pessoas incríveis ao longo desses anos, pessoas que sempre admirei 38 // rock meeting // maio . 2020
e que nunca imaginei que um dia poderiam me reconhecer como vocalista. A cada show, sentia que era aquilo que eu queria fazer. Quanto mais eu me esforçava, percebia que eu conseguia evoluir. Tenho um agradecimento enorme a cada pessoa que acreditou, apoiou e compareceu aos sho-
ws, quem sempre fez questão de valorizar quem estava em cima do palco, esse reconhecimento do público é a melhor coisa que podemos receber de volta. E na Autopse eu pude receber muito carinho e feedbacks positivos. Levo comigo muita experiência, tanto para coisas boas, como ruins.
Aprendi a lidar com inúmeras situações e fiz amigos e parceiros incríveis. Como você entrou no The Renegades of Poisonville? Como é estar na banda? Então, eu ainda estava com meus projetos com a Autop-
se, porém já tinha dado um tempo de palco em 2018, após nossa apresentação no Abril Pro Rock. Eu precisava de um tempo para organizar algumas coisas, pois estava me sentindo esgotada naquele momento, e alguns desgastes dentro da banda não estavam me fazendo bem - acredito que não só a mim, mas a todos em geral. De comum acordo, decidimos paralisar as atividades da banda por um tempo. Mas viver sem compor, sem cantar, sem berrar... Era algo que não fazia sentido pra mim, a música em si é a minha válvula de escape, é onde eu realmente me encontro. No segundo semestre de 2018, surgiu o convite por parte do Ivalter Júnior e Igor Calado para assumir os vocais da The Renegades of Poisonville e retomar as atividades da banda, que estavam paralisadas há alguns anos. A princípio, fiquei um pouco perdida por achar o som muito diferente do que realmente eu fazia e do que amo de fato, que é thrash e death. Decidi entrar na banda, afinal, tinham integrantes incríveis, pessoas que sempre admirei muito antes de ter
interview . dani serafim
banda. Então, por que não fazer parte disso?! Fui para o primeiro ensaio e tentei observar bastante, para que eu pudesse contribuir de alguma forma usando a minha identidade. A partir disso, os meninos resolveram regravar o CD de 2006 com a minha voz e me deram total liberdade para modificar letras e linhas de vocais, e isso foi maravilhoso, porque eu estava me sentindo confortável de estar ali, eu poderia continuar sendo eu mesma. Também pude sair da minha zona de conforto, pude aprender muito com eles e explorar outros estilos dentro do metal. Logo após essa regravação de 2006, e uma ótima repercussão, demos início à nova The Renegades of Poisonville: produzimos fotos, materiais e já estávamos disponíveis nas plataformas digitais. A partir disso, começaram as novas composições e eu pude ver que a banda tinha muito a oferecer, estávamos fazendo um som total40 // rock meeting // maio . 2020
mente diferente, com muitos elementos novos e, claro, me permitindo a explorar também as minhas composições e variações de vocais. Não demorou muito e tivemos o nosso primeiro show, em 2019, no Garage Sounds (em Maceió/AL), quando dividimos o palco com bandas incríveis! Desde então, nos mantemos ativos em composições e shows. Inclusive, nosso último show aconteceu em Salvador/BA, no festival Palco do Rock, que acontece todo ano no Carnaval, tivemos uma reciprocidade maravilhosa e um reconhecimento incrível. Sinto-me totalmente inserida e com expectativas muito boas pela frente. Precisamos parar com alguns projetos que já estavam em andamento, porém continuamos trabalhando nas composições, cada um de sua casa. Você já sofreu algum tipo de preconceito como mulher no mundo do metal, principalmente por ser vocalista de uma vertente mais extrema? Infelizmente, sim! Já sofri
vários tipos de preconceitos, como, por exemplo: o próprio roadie do evento pedir para eu me retirar do backstage, alegando ser exclusivo para as bandas e, mesmo eu mostrando minha credencial e dizendo ser a vocalista, o rapaz continuou me coagindo sem ao menos procurar saber. O mal-entendido só foi resolvido quando a organizadora do evento se fez presente na situação. Em passagem de som, muitos mesários se negam a passar o som por querer diminuir uma banda em que uma mulher está à frente, ou simplesmente desregular meu microfone várias vezes durante o show por achar que uma mulher vale menos do que um homem. Por parte de bandas que se intitulam “metal extremo”, que se negaram a fazer shows no mesmo evento que eu por alegar que eu não tenho estereótipo de uma “metaleira”, ou que minha banda seria “white metal”. Apenas por pura ignorância, pois quem conhece minhas letras sabe que não tem nada a ver
interview . dani serafim foto Thiago Feijó
com “White”, mas essa foi a forma que encontraram de tentar me diminuir como vocalista. Sofri vários ataques na internet, perdi inúmeros shows. Eu ficava muito triste com isso, mas era justamente o que essas pessoas queriam, então transformei tudo isso em motivação para continuar e dar o meu melhor. Como você consegue conciliar a rotina de estar em uma banda e ter um filho? É uma rotina bem cansativa e cheia de obrigações, mas sempre foi dessa forma (risos). Iniciei com banda em 2009 e tive meu filho em 2010, então, desde sempre tive que aprender a me organizar e ter disciplina em todas as áreas da minha vida, tive que me abster de alguns shows, infelizmente recusar alguns convites e propostas, mas nada disso me deixou frustrada, acredito em prioridades e que tudo tem o seu tempo.
sando por uma grande evolução. Percebo bandas antigas ou já consagradas na cena buscando sempre se reciclar e não permanecer na mesmice, e vejo bandas novas conquistando seu espaço por trazer algo inovador, sendo fieis aos seus estilos. Sei que este peO que você pensa sobre o ríodo de quarentena fez com atual cenário do metal no que muitos projetos fossem adiados, mas, mesmo passanBrasil? Vejo um cenário que está pas- do por esta dificuldade, sinto 42 // rock meeting // maio . 2020
que as bandas estão em busca de inovação constante. Estou acompanhando muita coisa nova sendo lançada e isso me motiva bastante. Como você enxerga a quarentena? O que pensa que mudará depois desse período? Enxergo que esse é um momento em que devemos nos cuidar e nos resguardar, mesmo sendo um momento difícil para todos e que sentimos
The Renegades of Poisonville em nova formação com Dani Serafim nos vocais
muito por não poder estar tocando, fazendo shows e nossas atividades de um modo geral. Acredito que podemos pegar o tempo livre a mais que temos e anotar nossas ideias, usar tudo isso a nosso favor. Escutar bandas que nunca tivemos oportunidade, conhecer mais as bandas do nosso estado e ajudar na divulgação das redes sociais, acho que todo mundo só tem a ganhar. Acredito que depois dessa quarentena todos irão valorizar mais os seus momentos, especialmente quem é músico e tem banda poder tocar novamente, fazer gravações e composições, dar continuidade aos seus projetos com muito mais garra e motivação. Quais vocalistas inspiraram você a seguir para o gutural? Bem, minha primeira inspiração de vocal gutural foi a Candice Clot, da banda francesa ETHS. Foi escutando bastan-
interview . dani serafim
te que consegui fazer meus primeiros guturais, sempre me encantou a sua resistência e a potência de vocal. Tenho como inspiração também a Angela Gossow (ex-vocalista do Arch Enemy), tanto no gutural totalmente expressivo, quanto em sua presença de palco. Mas a minha principal influência, sem sombra de dúvidas, é Alissa White-Gluz (atual vocalista do Arch Enemy), acompanho seu trabalho desde o início da banda The Agonist. Pra mim, é um dos melhores vocais e é a vocalista com a qual eu mais me identifico pela virtuosidade e The Life I remember - Once Também quero agradeas variações dentro do gutu- Human e Nervosa - Victim of cer aos leitores e espero que ral. Yourself. tenham gostado do que pude Quais são seus álbuns preferidos? Tenho muitos álbuns preferidos, vou tentar citar apenas alguns: Khaos Legions - Arch Enemy, Spiritual Genocide - Destruction, The Repentless Killogy - Slayer, Shaped by Fire - As I Lay Dying, Ashes of the Wake - Lamb of God, Cloud Factory - Jinjer, 44 // rock meeting // maio . 2020
Gostaria de deixar um recado para os leitores da Rock Meeting? Primeiramente, gostaria de agradecer à revista Rock Meeting por abrir este espaço para que eu pudesse falar sobre mim e meus projetos. Sou muito grata a esta revista que me acompanha desde o meu primeiro show, em 2009, de verdade.
compartilhar com vocês! Peço que todos se cuidem e respeitem a quarentena para que tudo isso passe o mais rápido possível, para que possamos dar continuidade aos nossos projetos. Aproveite esse tempo para estudar e se dedicar a coisas que você não teve oportunidade por falta de tempo, conhecer bandas novas e, principalmente, valorizar as do seu estado.
INTERVIEW
SUCK
THIS
PUNCH Resgatando as origens do Rock n’ roll e heavy metal com pegada mais crua e direta TEXTO susi dos santos // Foto daniel gonçalves
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interview . suck this punch
fotos, etc, acabavam me chamando de Tadeu Bon Scott e eu mesmo, como fã de AC/ DC, acabei aderindo a ideia de manter isso marcante em minha carreira, por admiração e respeito a banda e as pessoas que gostam de meu trabalho vocal. A Suck This Punch foi formada com o total intuito de resgatar as origens do rock’n’roll e do heavy metal com aquela pegada crua e direta, buscando os estilos das bandas dos anos 80 e 90. Nossa ideia é produzir músicas com mensagens inteligentes e com riffs impactantes, ao qual as pessoas possam receber as músicas positivamente e refletir em um ponto de vista diferente sobre causas sociais, políticas, etc. Mas também temos músicas que falam sobre a banda na estrada, loucuras da noite, entre outros temas. Tudo isso pode ser conferido no nosso primeiro álbum, “Fire, Cold And Steel”.
O Suck This Punch é uma banda relativamente nova, teve início em 2015, e se originou na cidade de Limeira/SP. O vocalista Tadeu Bon Scott é conhecido em tocar também no AC/DC cover. Tadeu, seu nome já te entrega (risos)... Sua dicção vocal é muito parecida com o do “Bon Scott”, vocalista do AC/DC. Isso seria uma estratégia para conseguir fãs facilmente? A banda foi formada pelo desejo de fazer som autoral? Tadeu Bon Scott - Ótima pergunta rsrs. Na verdade meu nome artístico não foi pensado como uma estratégia em si. Devido ao meu trabalho ao longo da minha carreira com bandas covers de AC/DC, as pessoas acabaram associando minha voz com o grande Bon Scott, e a ideia de inserir esse nome junto ao meu foi meio que de imediato. Então sempre que os fãs De onde vem o nome vinham falar comigo, tirar da banda “Suck This 48 // rock meeting // maio . 2020
interview . suck this punch
Punch”? Vocês não acham que é de difícil pronúncia? E para quem vocês estão mandando o recado “chupar esse soco”? O nome foi criado logo após a gravação de “Blood Bastard”, música do álbum “Fire, Cold And Steel”. Assim que terminamos de ouvir, Marcos Nock (ex-integrante) e atual produtor musical da banda, soltou a seguinte frase “Nossa! Chupa esse soco’’. Eu achei fabuloso, foi daí que foi criado o nome Suck This Punch. Sobre a questão da pronuncia, acho que tudo é questão de perspectiva. Se a galera consegue pronunciar facilmente “Red Hot Chili Peppers”, “Motley Crue”, “Jethro Tull”, “SoundGarden”, “Creedence Clearwater Revival”, “Nine Inch Nails”, entre outros nomes que são estranhos de se falar, não vejo problema em Suck This Punch (risos). 50 // rock meeting // maio . 2020
E também esse nome mostra exatamente como nossa mensagem deve chegar as pessoas: devemos ser um soco ao sistema, a sociedade, a realidade. Temos a missão de criar músicas impactantes tão qual o nosso nome.
em inúmeras redes sociais. O que nos traz ainda mais orgulho. Somos muito gratos por ter participado do “Quarentena Online Festival” e esperamos retornar em um outro festival para Roadie Crew em breve. Para os leitores que desejarem conferir o festival, é o Vocês participaram re- só acessar o canal da Roadie centemente do Roadie Crew no Youtube. Crew - Quarentena Online Festival com o novo A capa de “Alone” foi desingle “Alone”. Como foi senvolvida pela artista a repercussão? E como plástica Juh Leidl (Maesfoi estar em um line-up trick, Hellish War, Freecom várias bandas conhe- some). Falem um pouco cidas do metal brasileiro do conceito da capa e lecomo Shaman, Torture tra do single? Squad, Dr. Sin, Claustro- “Alone” fala sobre problemas fobia, Hellish War entre psicológicos e a falta de auoutras? tocontrole. Perdendo-se em A repercussão foi incrível! si mesma, a pessoa busca no Estar no mesmo line-up com isolamento o sentimento de grandes bandas e ter seu tra- falsa proteção, seja na sua rebalho respeitado em um fes- lação consigo mesma ou com tival da Roadie Crew, é moti- o mundo. Portanto, a capa vo de muito orgulho. O mais feita pela grande artista Juh interessante foi que a gen- Leidl retrata muito bem o te, como você mesmo disse, sentimento expresso na letra mesmo sendo uma banda da música, uma pessoa presa relativamente nova, não per- em seu próprio mundo, com demos espaço, nem respeito uma janela da qual ela apenas para com o público da Roadie observa as coisas boas lá fora, Crew, do qual curtiu muito porem ela não pode sair desse nosso clipe e compartilhou seu mundo fechado com seus
interview . suck this punch
demônios, e em muitos casos de depressão, ou loucura. As vezes a própria pessoa se tranca neste mundo tentando essa falsa proteção para si e para as pessoas importante para ela. No segundo e novo álbum da banda previsto para o segundo semestre, o Suck This Punch vem ainda mais agressivo e cru. Qual a raiz de toda agressividade? Primeiramente a grande mudança veio com a entrada do guitarrista Phil Seven, um guitarrista espetacular que trouxe uma sonoridade nova e uma linha de pensamento incrível e totalmente diferente do álbum “Fire, Cold and Steel”. Com essa nova sonoridade percebemos que a banda partiu para um novo patamar em seu trabalho, pensamos agora em músicas mesclando ideias modernas com linhas de riffs de bandas antigas. Agora, nesse próximo CD, não 52 // rock meeting // maio . 2020
Vocês acham que pode ser prejudicial pular algumas etapas de planejamentos? Totalmente prejudicial. A banda sempre deve pensar em um planejamento e trabalhar em cima dele com meComo a banda lida com a tas, clareza e respeito. Pois se expectativa do sucesso? pensarmos em pular etapas pensamos mais em músicas tão simples, embora nossas músicas nunca percam a característica de passar a mensagem de forma direta. A ansiedade é um dos males da sociedade contemporânea.
para alcançar objetivos, sempre haverá lacunas que mais à frente na estrada da banda causará muitos problemas. Ansiedade sempre vai ocorrer, mas ela deve ser equilibrada com sensatez e calma em cada passo. Acho que controlando esse mal e produzindo com o planejamento certo, o sucesso fica inevitável.
Caso ocorra, a banda está preparada para um feedback negativo do público ou não espera nada além da realização de fazer o que gosta? Aproveite e deixem suas declarações finais. Sem dúvida estamos prontos. Você sempre deve estar pronto para feedbacks positivos e negativos. Acho que o feedback negativo é o combustível para evoluir, claro! Desde quando seja coerente e valha a pena ser dado a devida atenção. Porque o que não te ajuda a evoluir acredito que não vale a pena ser ouvido. Fazemos o que gostamos e amamos, mas também juntamos isso a um trabalho sério e com extrema clareza em nossa mensagem. Queremos mudar o sistema, as ideias, trazer uma outra perspectiva à realidade, buscamos fortalecer a cena! Esperamos que os leitores e fãs da revista Rock Meeting sintam isso em nosso som, curta e passem a ser nossos fãs também. Gostaria de agradecer a entrevista incrível com a banda e esperamos estar de volta em breve.
CAPA
NERVOSA
54 // rock meeting // maio . 2020
em entrevista exclusiva, prika amaral conta como aconteceu a dissolução da banda e fala do futuro da nervosa por pei fon // foto Marta ayora
capa . nervosa
English Version
N
estes tempos sombrios da pandemia, somos constantemente bombardeados com notícias sobre o status da saúde mundial, que sempre nos pegam de surpresa. Mas no último final de semana de abril, a maior notícia no mundo rock/metal foi a saída repentina de Fernanda Lira e Luana Dametto do powertrio brasileiro Nervosa. Em meio a um turbilhão de emoções, Prika Amaral conversou com a Rock Meeting sobre esse momento, em uma entrevista exclusiva. Leia a seguir sobre o Passado, Presente e Futuro da Nervosa.
gino que essa decisão seria tomada após cumprir as agendas da banda, mas com a pandemia isso foi antecipado. Em que momento você foi avisada da decisão delas? Você imaginava isso? Prika Amaral - Eu fui avisada horas antes dos posts, mas eu já esperava por isso fazia tempo. Como disse no meu post, as coisas já não estavam bem e essa decisão foi melhor pra todo mundo.
Na nota, você diz que há dois anos ‘não tem sido a mesma coisa’. Houve desentendimento entre vocês ou foi um desgaste natural da própria convivência? Não houve briga, foi um desgaste mesmo, o que é normal para a intensidade das nossas atividades. Mas também haTodos nós fomos pegos de via muita diferença nas ideias, surpresa com a saída de objetivos e jeitos de trabalhar, Fernanda e Luana. Ima- o que é normal também. 56 // rock meeting // maio . 2020
capa . nervosa
Dentre os motivos que cita na nota oficial, você frisa que estavam tentando manter a banda, e isso foi visto em palco. Não parecia que havia algum problema acontecendo... Nós somos profissionais e queremos dar o melhor para os nossos fãs, e em cima do palco era o único momento em que a gente se conectava e funcionava. Para todas nós, viver tocando na Nervosa é um sonho. Estávamos esperando as coisas mudarem e tentando até o último minuto fazer com que funcionasse, mas na hora de compor vimos com mais clareza de que não funcionaria mais. Não iríamos entregar um bom disco juntas, então nos separar foi o melhor. Qual foi o seu sentimento quando Fernanda e Luana anunciaram a saída? A amizade de vocês foi abalada de algum modo ou não? Foram vários sentimentos, mas elas não saíram exata58 // rock meeting // maio . 2020
mente juntas. A Fernanda me falou que estava saindo, e quando fui falar com a Luana ela já estava sabendo, mas ainda estava indecisa se ficava ou se ia com a Fernanda. O sentimento por um lado foi tranquilo porque foi de uma forma bem pacífica. Por outro lado, foi de ansiedade porque eu sabia que teria uma tarefa enorme pela frente, e tive que abandonar vários trabalhos que eu estava desenvolvendo. Mas acredito muito que todas vão se dar muito bem. Eu sou muito positiva com as coisas e sempre me apego ao lado positivo delas. Quanto à amizade, eu não tenho rancor nem nada, mas acho que precisamos de um tempo afastadas para poder apagar o que o desgaste trouxe.
de fora? Aliás, você vai manter o formato de bandas só de meninas? Sim! Nervosa sempre será uma banda só de mulheres, já dei um nome feminino para não ter que fugir disso (risos). Quanto à nacionalidade, para mim não importa muito. Gostaria de manter só brasileiras, mas os quesitos vão além de nacionalidade e competências: é preciso disponibilidade de viajar 80% do ano, estar bem de saúde, ter o psicológico bom, não pode ser alguém com muitos vícios, coisas assim... é muita responsabilidade. Mas vai ser difícil escolher, tem MUITA mina competente, a concorrência é bem grande e está sendo incrível conhecer um monte de mulheres guerreiras.
Imagino que a sua tarefa agora é árdua, achar novas integrantes não será fácil, nem para as candidatas. Você pensa em ter pessoas do Brasil apenas, ou já pensa em meninas
Hoje a Nervosa é o nome em ascensão do cenário Rock/Metal do Brasil. O impacto da saída das meninas remete ao que aconteceu com outras bandas do nosso meio.
capa . nervosa
Como você avalia o futuro da banda? Essa separação na Nervosa me trouxe muita coisa, dentre elas um número muito grande de apoio. Eu esperava mais reprovação do que aprovação. Mas todo mundo está apoiando todas nós, e eu vejo um futuro muito bom para a Nervosa. Vai ser bom se renovar e mostrar ao mundo outras mulheres fodas. 60 // rock meeting // maio . 2020
Existe a possibilidade de que Fernanda e Luana façam parte de outras bandas. Você já parou para pensar sobre as possíveis comparações que possam surgir? Elas já têm outra banda. As comparações são normais, mas cada um tem seu valor, sua diferença e sua característica. Ninguém é melhor do que ninguém. Pode ser que
alguém seja menos preparado do que outro, mas isso se arruma com prática. Com a saída delas, como ficam as questões de gravadora, shows já marcados? Você acha que a banda pode sofrer do ponto de vista contratual? Muitos estão mantendo seus interesses pelo show da banda, mas alguns ainda esperam
para ver o novo lineup, o que eu compreendo totalmente. E tem muita gente querendo marcar shows porque sabe que vai gerar muita curiosidade do público. Agora é hora de trabalhar muito e mostrar bons resultados. Há muitos relatos de comentários bastantes ofensivos desde o anúncio da saída de Fernanda e
Luana, mas vocês já con- Vocês sempre tiveram vivem com isso desde o um posicionamento muiinício da banda. Como to claro e sempre levantavocês enfrentaram tais ram a bandeira do femisituações ao longo desses nismo, da anti misoginia, e muito mais em seus anos com a Nervosa? Eu ignoro completamente, discursos. Você acha que porque o que há de bom é isso pode ter ajudado a sempre maior do que essa chegar nesta situação? minoria. Eu dou muito va- É importante falar no assunto lor para quem apoia e para como uma forma de informaquem não gosta mas respei- ção, eu acho que isso contrita. Porque idiota pra falar bui para as pessoas se identificarem com a banda. Mas besteira sempre vai ter.
capa . nervosa
nervosa não vai ser igual ao que foi, vai ser diferente, mas a essência vai continuar
62 // rock meeting // maio . 2020
não vejo sentido em dar o foco pra quem quer destruir algo por pura frustração, ódio, machismo e outras coisas. Essas pessoas não merecem atenção porque não tem nada de bom a dizer... Não fazem críticas, fazem apenas ofensas. Fazendo um retrospecto do início da banda até hoje, como você avalia a trajetória? Desde o início, lá em 2010 quando só tinha eu e a Fernanda Terra, a gente já era profissional na postura e já
sabíamos onde queríamos ir. A banda sempre funcionou porque todas trabalhávamos juntas, e muito disso fora dos palcos. Ter banda não é só compor, ensaiar, gravar e fazer shows, é muito mais do que isso. E toda essa dedicação refletiu na nossa trajetória. Não sei onde a Nervosa vai chegar... até onde chegou já realizamos muitos sonhos, mas ainda tenho muitos outros. Não fiz metade do que eu quero ainda, e não vou parar de me dedicar 100% a isso.
A trajetória foi subindo um degrau de cada vez: o primeiro show fora do Brasil, primeira tour na Europa, gravação do disco e tour nos EUA... Só na Europa foram 10 turnês em cinco anos. Muitos shows com ídolos, diversos grandes festivais, vários países que não esperava visitar um dia. Fizemos nossa primeira tour na Ásia esse ano... mas ainda temos África e Oceania que nunca fomos. Já há negociações para isso e, agora com a nova formação, temos que revisitar todos esses lados de novo. Estou ansiosa
para este novo futuro, tenho esse carinho enorme! bons pressentimentos quanto A Nervosa não vai ser a isso. igual ao que foi, vai ser diferente, mas a essência vai conVocê frisou que a banda tinuar, e garanto que não vou Nervosa vai sim continu- decepcionar. As meninas que ar. Você tem algum re- escolhi para os testes são incado para os fãs? Muito críveis e muito competentes. obrigada e continue fir- Estou ansiosa para anunciar, me!
mas ainda estou terminando
Queria agradecer todo o apoio algumas audições, aguardem que eu tenho recebido. Essa por novidades em breve! separação me fez receber uma Obrigada a vocês da energia muito boa e incrível Rock Meeting pela oportunido público, e isso me encheu dade e que continuem fazenainda mais de forças. Só te- do esse trabalho sensacional nho a agradecer a todos por de extrema qualidade.
INTERVIEW
GOAT NECROPSY “Goat Necropsy é um amálgama de vários estilos e épocas diferentes do metal extremo” TEXTO e foto Jéssica Mar
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interview . goat necropsy
U
ma das bandas mais pesadas e promissoras do metal extremo na atualidade, Goat Necropsy foi formada por Vic Ferreira (vocais) e W. Johann (guitarra, baixo), que também trabalham nas letras, produção e programação de bateria. O duo irá lançar o primeiro EP da carreira, Bloody and Fresh, dia 12 de maio. Com influências de Carcass, Dying Fetus, Aborted, Cannibal Corpse e Napalm Death, fazem um som rotulado como deathgrind, com estilo agradavelmente extremo, mas também digerível, incorporando características escuras de deathcore para uniformizar a intensidade.
de montar uma banda neste estilo? Vic Ferreira - Estávamos tomando umas cervejas em um posto de gasolina perto da antiga casa onde o Johann morava e tivemos a ideia de fazer um projeto de metal extremo, naquela noite definimos o nome e como seria. No dia seguinte já começamos a trabalhar na primeira música. W.Johann - Eu sempre ouvi estilos mais pesados como Splatter, Gore, Grind, Death, Brutal Death e assim por diante, mas nem todo mundo é doido o suficiente pra tocar estilos assim (risos). Conheci o Victor no estúdio em que eu morei por cinco anos, começamos a falar de música e influências, até que um dia fomos tomar umas cervejas e surgiu a ideia de fazer um duo totalmente autossuficiente, onde a gente pudesse fazer o que quisesse e do nosso jeito. Por ser realmente um estilo não tão comercial, fizemos algo com nossas influências e totalmente único.
GoreGrind não é um estilo comercialmente popular. De onde veio a ideia O que te agrada neste esti66 // rock meeting // maio . 2020
interview . goat necropsy
lo? Como você entrou em contato com GoreGrind? Vic - Na verdade, não sou um grande conhecedor do estilo, acho que eu gosto de músicas que eu possa explorar diversas formas da voz extrema. E acho que posso dizer pelos dois que gostamos muito das primeiras bandas icônicas de Death Metal, como Carcass, Cannibal Corpse, Death e Possessed. Quando estávamos escrevendo o EP passamos um bom tempo escutando Gutalax e bebendo bastante cerveja (risos). W.Johann - O que me agrada é o tema explícito, podre e sujo. No Gore a gente pode explorar as mais diversas insanidades da mente humana e colocá-las em um som que soe igualmente pesado como a letra da música. Eu gosto dessa podreira toda há vários anos (risos). O primeiro EP da banda, “Bloody and Fresh” será 68 // rock meeting // maio . 2020
lançado este mês, pode nos contar um pouco sobre esta estreia? Vic - Eu pessoalmente estou muito empolgado! É muito divertido ver como as pessoas reagem, o que elas acham do som… W.Johann - Tudo que fazemos é muito bem pensado e conversado, todas as decisões que tomamos quanto aos passos da banda e o direcionamento da nossa arte fazem com que tenhamos muita confiança que esse EP será um sucesso dentro e fora do Brasil, estamos trabalhando muito nisso há alguns meses, todos os dias! A crise do novo coronavírus atrapalhou muito os planos da banda ou vocês já estavam com o EP gravado e os planos de divulgação prontos? Vic - Sinceramente, não vejo que atrapalhou totalmente, o EP já estava pronto em feve-
reiro, então foram apenas uns ajustes de como iríamos trabalhar focando no digital por enquanto. W.Johann - Na verdade não atrapalhou nossos planos, tínhamos tudo já engatado e pensado pra lançar o EP digitalmente mesmo, a princípio! O EP terminou de ser composto em janeiro, fevereiro ele estava pronto e desde então estamos focados nas partes de business da banda compondo mais sons paralelamente. Goat Necropsy é um duo. Como é o processo de gravação da banda? Vic - Tentamos deixar todo o processo o mais enxuto possível. O Johann traz os riffs, escrevemos a bateria, e depois fazemos as letras. Eu envio a bateria editada e pré mixada para ele e o Johann grava as guitarras e o baixo. A música volta para mim, e eu gravo os vocais aqui em casa mesmo. Ele faz a mix final e eu me encarrego da master. W.Johann - Eu escrevo os riffs e a batera o Victor escreve enquanto eu vou fazendo com a boca o que pensei e ele vai colocando as ideias dele e
interview . goat necropsy
vamos ouvindo (risos). É tudo dividido meio a meio. As letras eu escrevo algumas ideias e mando pra ele ajustar com os riffs. Ele escreve e me manda as dele pra entender a ideia e ele poder gravar os vocais oficiais pra então começar o processo da mix e master. Como nós dois temos conhecimento de produção musical, falamos a mesma língua! (risos)
Vic - Temos dois caras que admiramos e queremos chamar para participar do projeto, mas por conta dessa pandemia e caos generalizado, a ideia do ao vivo acaba sendo postergada. W.Johann - Por enquanto não temos foco em shows, é com certeza a meta, mas por agora estamos já escrevendo mais coisas e continuaremos o foco em primeiro mostrar Como vocês estão plane- nossas músicas pro mundo, jando a performance ao afinal, pra quer um show nosvivo com apenas dois in- so, precisamos que as pessoas tegrantes? gostem da nossa música an70 // rock meeting // maio . 2020
tes de qualquer coisa (risos). E esse tem sido nosso plano e meta. Mas temos dois caras fodas no gatilho pra compartilhar do palco conosco futuramente! E os shows do Goat Necropsy serão com certeza acontecimentos épicos! Devido ao estilo musical não ser tão forte no Brasil, como está a perspectiva da banda em relação ao projeto? Vic - Hoje temos bandas de diversos lugares do mundo tocando os mais diversos ti-
pos e estilos de música, e isso também acontece com o público, que também está espalhado pelo mundo, e a melhor forma de alcance hoje em dia, é pela internet. W.Johann - Acho sincero falar que pra mim (na minha visão) o Goat é uma banda totalmente diferente, nosso som é bem único, e estamos alcançando coisas que várias bandas em anos infelizmente não atingem, e falo isso não por ego, e sim por orgulho do trabalho que a gente vem fazendo da melhor forma possível e usando todas as nossas habi-
lidades artísticas. Esse EP vai W.Johann - Quando comeser sucesso! çamos o Goat, eu tocava em mais duas bandas (fora meu Goat Necropsy não é seu projeto solo) eu vivo de meúnico projeto. Você pode tal, de música, de som... Precontar sobre seus outros ciso sempre manter a ativiprojetos/bandas? Como é dade e estar lançando coisas manter tantos projetos? e fazendo shows com minhas Vic - Assim que terminar o bandas. Atualmente toco no lançamento do Goat, vou lan- NervoChaos, um dos maioçar umas músicas eletrônicas res expoentes do Death Metal do meu projeto “Nervunit”, no Brasil e no mundo e tamque é uma “ode” aos animes bém toco no Victorizer com de futuro distópico, como o Vitor Rodrigues, um dos Akira, Ghost in the Shell e vocalistas mais consagrados Evangelion. A ideia é lançar do metal nacional. Trabalho bons discos e novas músicas igualmente para que todas as sempre que possível! bandas recebam meu melhor,
interview . goat necropsy
consigo dividir meu tempo, estudar todas as músicas e fazer todos os trabalhos que envolvem produção e divulgação de todas. Quais os planos do Goat Necropsy para o futuro, quando tudo se normalizar? Vic - Continuar o trabalho, escrever o disco e quando o novo coronavírus passar, tocar nossas músicas ao vivo! W.Johann - Podermos nos encontrar para continuar a composição do disco full, que já iniciamos e lançar fisicamente nossos materiais e merchandising! (Teremos novidades em breve) Vocês podem citar os álbuns que influenciaram a banda, e o gosto pessoal de cada um de vocês? Vic - Eu, pessoalmente, tento “olhar” tanto para alguns clássicos como Heartwork do Carcass e o Tomb of the Mutilated do Cannibal Corpse. Os rasgados do Jeff Walker e os graves do Chris Barnes ajudam no direcionamento. 72 // rock meeting // maio . 2020
Ao mesmo tempo, consumo muita coisa atual, como o TerrorVision do Aborted, Death Atlas do Cattle Decapitation e o Nightbringers do The Black Dahlia Murder. Também gosto muito do catálogo dos anos 2000 do Job For a Cowboy (EP de 2005) e o The Cleansing (2008) do Suicide Silence. No fundo, acho que o som do Goat Necropsy é um amálgama de vários estilos
e épocas diferentes do metal extremo. W.Johann - É difícil falar álbuns, eu teria que listar muita coisa aqui, porque eu e o Victor ouvimos muita coisa diferente, mas posso citar as bandas que mais ouvia enquanto bebia, fumava e compunha as músicas pro EP (risos). Ouvi muito Cannibal, Dying Fetus, Necrophagist, Hypocrisy, Gutallax, Infant Annihilation,
Carcass, Gojira, Meshuggah, Job For A Cowboy, Periphery, Decapitated e claro Behemoth! Meu gosto pessoal vai espantar muita gente: minha banda preferida é Kiss desde que eu tinha 8 anos de idade. Depois tem Slayer, Pantera, Gojira, Ghostemane, Led Zeppelin, Judas Priest, Cannibal, Shaman, Behemoth e por aí vai (risos) ... Eu sou músico profissional tem 10 anos, ouço
e toco de tudo dentro do rock e do metal, acredito que assim me torno mais flexível artisticamente e completo musicalmente. Muito obrigada e fica o espaço para deixar uma mensagem para nossos leitores. Sucesso! Vic - No momento atual, é importante se cuidar e também cuidar das pessoas pró-
ximas que gostamos. Apesar de termos governantes com graus altíssimos de psicopatia no poder, não podemos nos deixar levar por essas bobagens que eles falam. O Goat Necropsy vai continuar trabalhando em material novo, respeitando o distanciamento social e estamos animados para mostrar as músicas novas que estamos escrevendo agora. W.Johann - Fiquem em casa, se hidratem, bebam água ou cerveja (a sua escolha) ouçam as bandas dos Brothers, ouçam o Goat Necropsy, apoiem da forma que puderem artistas independentes e quando tudo voltar ao normal, colem nos shows, muitos artistas estão sofrendo muitas perdas financeiras nesse período. Precisamos muito do seu apoio para, que quando tudo voltar ao normal, possamos trabalhar com mais força ainda! Bloody And Fresh vai ser o EP mais podre, sujo e ao mesmo tempo bem produzido que você já ouviu nos últimos tempos! Dê uma chance pro Goat Necropsy, ouça a nossa música!
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INTERVIEW
HELLGARDEN Sob a vibe old school, hellgarden quer mostra o seu som para todos TEXTO renato sansom fOTO thiago victal
interview . hellgarden
Apesar do pouco tempo de estrada, o HellgardeN chega com o status de promessa do cenário nacional, devido à grande estreia com “Making Noise, Living Fast” lançado neste ano. Como está sendo a repercussão do mesmo? Diego Pascuci - A repercussão está sendo maior que esperávamos, estamos com uma crítica muito boa fora e dentro do país, pessoas estão fazendo “React” de nosso vídeo oficial e também das músicas do álbum, as resenhas que o álbum está recebendo estão incríveis, estão elogiando principalmente a produção e as composições, e para um álbum de estreia estamos muito contentes com tudo isso. 76 // rock meeting // maio . 2020
“Making Noise, Living Fast” foi lançado em três formatos: digital, CD e LP. Qual a importância do lançamento físico para vocês? Muitos fãs de Heavy Metal, não deixaram de colecionar ou comprar material físico das bandas, e isso além de nos
ajudar financeiramente com gastos da banda, o CD e LP é algo mágico, o material físico também é uma forma a mais de nos conectarmos com o fã. Em termos de produção temos um álbum totalmente analógico, com o som saltando aos ouvi-
ensaiando, resolvemos ir para o estúdio de gravação. O processo de gravação analógico, foi algo que tirou o melhor de nós, pois não editamos nada nesse disco, se ficava ruim, tínhamos que fazer outro take e começar do zero. E ouvindo o disco, dá para sentir uma vibe ‘old school’ pelo modo como foi gravado e os instrumentos com timbres de verdade, microfonados de verdade e não conectado em um computador.
dos. Como foi o processo de composição e gravação? As 8 faixas foram todas compostas dentro dos ensaios, entre jams e improvisos. Não tínhamos demos de como as músicas estavam ficando, como já tínhamos tocado elas ao vivo e sempre estávamos
Referente ao atual momento devido à essa pandemia mundial, o que tem afetado na rotina da banda e dos músicos? Demos uma pausa nos ensaios, e reuniões estamos fazendo via celular. Shows marcados iremos ter que reagendar e agora é só torcer e esperar isso tudo passar logo. Conte-nos sobre o estilo do HellgardeN que não se prende a um único rotulo, mas não deixa a agres-
interview . hellgarden
sividade e peso de lado. Cada integrante tem suas bandas preferidas, quando o HellgardeN foi criado não tínhamos ideia de como soaria, nós apenas queríamos tocar Metal. O estilo do HellgardeN pode se resumir em 3 palavras: visceral, agressivo e pesado. O lançamento do Debut foi feito pela gravadora norte-americana Brutal Records. Qual motivo foi lançar o material primeiro lá fora e depois trazer ao Brasil? Nós começamos a vender o material físico lá fora, porque achamos mais prático. Aqui 78 // rock meeting // maio . 2020
no Brasil só iremos vender CD e disse que iria ajustar alguns e camisetas da banda na nos- volumes. Ele nos enviou desa loja virtual. pois de algumas semanas e o Vocês também contaram com a masterização do experiente Alan Douches, que já trabalhou com grandes nomes do Metal mundial – como Sepultura e Motorhead, só para citar alguns – como foi chegar até ele? E o resultado, ficou como o esperado? Nós já conhecíamos o trabalho dele, nosso álbum já estava pronto e só faltava a masterização. Entramos em contato para enviar o material, e ele elogiou muito nossos timbres
resultado foi incrível e satisfatório. Para finalizar, após passar este período de caos quais seriam os próximos passos do HellgardeN? Fazer shows, shows e mais shows! Isso é o que nós queremos, mostrar nossa música a todos. Curtam nossas mídias sociais pois lá temos um grande engajamento informando tudo relacionado a banda! Muito obrigado pela entrevista e mantenham-se saudáveis!
Review
BURNING WITCHES HEXENHAMMER
. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.
Review
TIAMAT
WILDHONEY
. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.
80 // rock meeting // maio . 2020
Review
THE 69EYES WEST END
. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.
Review
MEMORIAM
REQUIEM FOR MANKIND
. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.
82 // rock meeting // maio . 2020
Review
LOUDNESS
RISE TO GLORY LIVE IN TOKYO
. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.
84 // rock meeting // maio . 2020
INTERVIEW
BASTARDZ de volta aos palcos, bastardz comemora os 15 anos de seu primeiro ep “no ass no pass” por pei fon com rômel santos foto wendell alves
interview . BASTARDZ
Reconhecida como uma das melhores bandas de Hard Rock nacional, no início de 2020 o Bastardz anunciou alguns shows ao lado do Crashdïet para celebrar 15 anos do EP de estreia “No Ass No Pass”. Conte-nos sobre o processo que levou ao retorno das atividades da banda com integrantes originais. Drannath - Mesmo depois do término da banda, mantivemos contato uns com os outros e a amizade sempre existiu. Danny Poison - Nunca houve brigas entre nós. Eventualmente conversávamos sobre uma possível volta e a vontade de fazer ao menos um show para comemorar os 15 anos 86 // rock meeting // maio . 2020
do lançamento do nosso EP ria). Porque o vocalista de estreia foi ficando cada vez Nat Reed não retornou? maior. Comente também sobre a nova voz da banda, FabriO Bastardz conta com 4 cio Zambon. integrantes da formação Thomas Buttcher - Nat clássica, Danny Poison Reed parece estar, artisti(guitarra), Thomas Bütt- camente falando, em outro cher (guitarra), Drannath momento de sua vida. Tem (baixo) e Mr. Lady (bate- outros projetos. Por isso não
tes. Isso vocês poderão conferir nos shows que faremos no segundo semestre. A banda relançou o EP “No Ass No Pass” no formato físico, além de disponibilizar camisetas e adesivos para os fãs. Como está a receptividade do público com relação ao retorno do Bastardz ? Drannath - A receptividade está sendo incrível. Não param de chegar mensagens de gente feliz com a volta, contando como o Bastardz de alguma forma mudou a vida delas. Isso é muito gratificante para nós. Mostra que mesmo afastados por muito tempo, as pessoas ainda se lembram aceitou o convite para os sho- da gente, continuam ouvindo ws da volta. Sem ressenti- nosso som até hoje. mentos. Danny - Eu já era amigo do Devido a pandemia cauFabz há algum tempo, então sada pelo COVID-19, váquando Nat deixou esta lacu- rias turnês e shows fona, o nome dele veio automa- ram adiados, dentre eles ticamente à mente. Ele trouxe shows que vocês iriam vida nova à banda. Sua ener- realizar no mês de margia e carisma são contagian- ço ao lado dos suecos do
interview . bastardz
Crashdïet. Há novas datas para essas apresentações? Vocês irão realizar shows com outras bandas? Como estão lidando com este duro momento pra humanidade? Danny - As apresentações foram reagendadas para o final de setembro. Estão confirmados shows em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Por enquanto são os únicos shows em nossa agenda. Queríamos fazer a comemoração de 15 anos de uma forma especial, e o convite dos nossos amigos do Crashdiet veio na hora certa. Thomas - Sobre o atual momento devido ao covid-19, estamos todos tristes, pois todos tivemos que parar nossas atividades, dar um tempo nos 88 // rock meeting // maio . 2020
ensaios etc. Mas estamos seguindo todas as recomendações da OMS e fazendo o isolamento necessário para que esta pandemia seja contida, o mais rápido possível. Vocês
estão
compon-
do novas músicas com a atual formação? Há planos para lançamento de singles, novo EP ou segundo álbum da carreira? Danny - Sim! Estamos trabalhando em algumas composições novas e pretendemos gravar algum material assim que essa pandemia der uma trégua. Sentimos a necessidade de registrar essa nova fase da banda, que está muito legal e diferente do que fazíamos anteriormente, porém sem abandonar nossas raízes. Drannath - Pretendemos também registrar as apresentações e lançar na forma de um álbum ao vivo para celebrar esses mais de 15 anos. Portanto, não deixem de ir aos shows!
Ótimo tê-los de volta as atividades, deixe uma mensagem para nossos leitores e como eles podem conhecer o trabalho do Bastardz . Drannath - Muito obrigado ao Rock Meeting por nos convidar e por produzir um conteúdo muito bacana para um público carente de veículos especializados em rock! Danny - Valeu galera! Sigam nossas redes sociais, acompanhe nossos lançamentos. Recentemente disponibilizamos os nossos shows de 2008 com Tuff e Pretty Boy Floyd em DVD na íntegra no YouTube, além de alguns teasers no Instagram de nós tocando músicas ao vivo com a nova formação. Thomas - Valeu Rock Meeting e audiência! Também temos merchan, com camisetas exclusivas, CD, adesivo e muito mais! Veja os modelos disponíveis em nossas redes sociais. Um abraço galera e até os shows! Obrigado pelo espaço.
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INTERVIEW
WARSHIPPER explorando diferentes formas para expressar a sua arte TEXTO pei fon com susi dos Santos fOTO banda/divulgação
interview . warshipper
Formado em 2011, o Warshipper nasceu já constituído de muita experiência, afinal, reúne em seu line-up um ex-Bywar, Renan Roveran (guitarra/ vocal), e um ex-Zoltar, Rodolfo Nekathor (baixo/vocal), além de outros dois exímios músicos, Rafael Oliveira (guitarra) e Roger Costa (bateria). E, no ano passado, realizaram uma de suas mais importantes empreitadas: uma bem-sucedida turnê europeia que contou com 10 shows em sete países: Alemanha, Bélgica, Holanda, França, Áustria, Eslováquia e República Tcheca. Qual a importância de fazer uma turnê europeia e de ter uma empresa cuidando da gestão de carreira e divulgação da banda? Renan Roveran - Muito legal participar desta entrevista com a Revista Rock Meeting. 92 // rock meeting // maio . 2020
Tenho acompanhado o trabalho de vocês há algum tempo e acho muito positivo o espaço que vocês oferecem para artistas do Rock e Metal. É realmente uma grande honra para nós, e espero que todos estejam bem e se cuidando. Posso afirmar que a experiência de tocar em diversas ci-
dades de diferentes países na Europa que, sempre teve um papel fundamental na história do Rock/Metal, foi um dos acontecimentos mais expressivos, não somente de nossa carreira como músicos, mas também de nossas vidas. Pudemos conhecer excelentes bandas underground
rar por aí, pois eu tenho como missão para o Warshipper rodar todo o Brasil assim que todo o cenário atual se modifique, e também explorar outras localidades, como, por exemplo, América Latina, que é um grande sonho meu. Sobre o trabalho que começamos recentemente com o Eliton e Susi do Som do Darma, tem sido essencial para a carreira da banda, considerando que já fazia algum tempo que sentíamos falta deste tipo de gestão para que pudéssemos ampliar ainda mais a visibilidade da banda, de forma organizada. É como se tivéssemos ganho mais dois integrantes para a banda, que atuam como ampliadores de horizontes para nós. Foi um passo estratégico e importante para nós do Warshipper. locais, fazer muitos contatos e amizades, beber muita cerveja diferente, sempre tendo uma resposta muito positiva com relação a nossas apresentações. Além disso, creio ter sido fundamental para fortalecer ainda mais a grande amizade que existe entre nós quatro da banda. Não pretendemos pa-
Até agora vocês lançaram dois álbuns, “Worshipper of Doom” de 2015, e “Black Sun” de 2018, e um single, “Atheist”, de 2019. O novo álbum traz elementos dos trabalhos anteriores? Vocês acham que esse será o melhor álbum da banda?
interview . warshipper
Algo que acho muito interessante em nossos álbuns é a diversidade musical que trazemos nas faixas de um mesmo álbum, fazendo com que cada álbum tenha variada atmosfera para formar sua “personalidade”. Mesmo assim, reconheço que há elementos que entendemos como característicos da banda, tanto no “Worshippers of Doom” quanto no “Black Sun”, ou mesmo no single “Atheist”. Trazemos alguns destes elementos também em “Barren...”, porém, exploramos 94 // rock meeting // maio . 2020
ainda mais a diversidade musical, sendo ainda mais ousados, mas de forma bastante natural. Não combinamos entre nós compor desta forma. Foi tudo bem espontâneo. E justamente por termos esta sensação de termos conseguido explorar diferentes formas de nos expressarmos em nossa arte, além do fato de ser um disco conceitual, com faixas conectadas de formas diversas entre si, que posso afirmar que sem dúvida é nosso melhor trabalho até então. Posso dizer que é o álbum mais im-
portante de toda minha carreira na música. No novo álbum do Warshipper, “Barren...”, têm duas mulheres participando de forma ativa. A Fernanda Lira, ex-vocalista/baixista da Nervosa, onde ela participa com seu vocal rasgado na música “Respect”, e a tatuadora e desenhista Brenda Cassimiro, que assina a capa do novo álbum. Essa é uma forma de ajudar a evidenciar o lugar da mu-
lher no metal ou é uma estratégia de mercado para vender mais e ter mais visibilidade no disco? Acho bem legal poder falar sobre estas parcerias, pois são com duas artistas que considero muito profissionais e talentosas. Vou comentar de forma separada sobre como surgiu a ideia para trabalharmos com elas, e assim conseguirei responder à pergunta. Primeiramente fiz contato com a Brenda, pois conheci e comecei a acompanhar o trabalho dela pelas redes sociais. Como no ano passado
estávamos discutindo sobre algum(a) artista para desenvolver a arte de nosso novo álbum, identifiquei a Brenda como artista ideal para sintetizar o conceito do álbum em uma imagem. Depois de conversarmos um pouco sobre o trabalho, ela pediu todas as letras da música para fazer uma espécie de imersão no tema, e então nos trouxe alguns insights, e depois de algumas mensagens trocadas entre nós ela já sabia que caminho seguir e teve toda a liberdade para deixar suas inspira-
ções fluírem. E, na boa: Ficou FODA! Já com a Fernanda, tudo começou devido a uma de nossas músicas no álbum, a faixa “Respect!”, trazer todo um contexto voltado ao entendimento de o quão opressora a sociedade é com as mulheres. Tendo esta compreensão, me sinto na obrigação de, diante de uma desconstrução contínua e que nunca acabará, expressar como enxergo e poder contribuir com a mudança necessária. Herdamos comportamentos que são funcionamentos sociais meio que enraizados,
interview . warshipper foto césar pessoa
mas a partir do momento que comecei a perceber tudo isso, não havia como não mudar, não somente em mim, mas dividir isso com outras pessoas para que possamos de fato empoderar os direitos iguais. Desta forma, no fim de 2019 nosso baterista Roger nos sugeriu convidar uma artista mulher para não somente participar da música, mas também da composição da letra da mesma. Aí ficou fácil chegarmos ao nome da Fernanda, que além de ser hoje uma das principais represen96 // rock meeting // maio . 2020
tantes da arte do Rock e Metal brasileiro, tem uma puta voz fantástica, e o resultado ficou surpreendente. Além disso, acho muito importante a ideia de uma banda de Metal Extremo trazer este reconhecimento de artistas mulheres, como fizemos em nosso trabalho, pois sim isso tem que ser evidenciado e ainda há preconceito. Muito embora poucas bandas do Underground brasileiro tenham conseguido chegar onde a Nervosa está. Fica aqui também minha nota de dese-
jo de sucesso para os novos projetos de Fernanda e Luana que acabam de deixar o Nervosa, assim como para a Prika que continua com a banda: “Vocês são FODA!” O álbum “Barren...” será um álbum conceitual e sugere a definição de esterilidade sob uma perspectiva social. Vocês acham que somos vítimas do destino e não temos consciência para mudar o que nos foi impostos? Isso não seria o medo da
responsabilidade ou dos castigos de deus? Não acredito em destino, tal como não acredito em qualquer deus. Sou ateu. O álbum de fato traz uma leitura bastante negativista com relação à forma como enxergamos o mundo, apesar de também promover impulsos de reflexão na ordem de mudança desta perspectiva. Mas, de fato, costumes enraizados, sendo muitos deles são frutos de um controle religioso, distanciam as pessoas de uma visão mais humanista, fazendo com que o
dogma seja doutrinador e impositor determinante quanto a quais são os valores que você deve ter como diretriz em sua vida, limitando a sua capacidade de percepção individual e análise de seus comportamentos. Por que uma pessoa deve julgar a si própria ou a outrem, seja por qual razão for? Há pessoas que se reprimem tanto vários impulsos altamente naturais, das mais diversas formas, por receio a uma condenação divino-espiritual, tornando suas vidas e de outras pessoas mais tristes e traumáticas, para respeitar
ordens divinas. Isso é muito bizarro para mim. Portanto, a perspectiva estéril representada de diversas formas no conceito de “Barren...”, é sim negativista, como eu disse inicialmente, mas a partir do momento que conseguimos ter a compreensão disto e, mais importante, passamos a questionar modelos e padrões pré-impostos, temos o poder para proporcionar mudança. Por isso, não creio em destino. Um dos integrantes do Warshipper é psicólo-
interview . warshipper
go, vocês recorrem a ele quando precisam? Rodolfo, você consegue antecipar quais serão as sequelas e aprendizados que teremos após esse período de pandemia e isolamento social? Renan - O Rodolfo é um de meus grandes amigos, presente há muito tempo na minha vida, mesmo muito antes do Warshipper existir. Além de um excelente profissional, é uma pessoa fantástica e muito inteligente. Passamos muitas madrugadas tomando várias cervejas e levando várias conversas nas quais eu “explorava” muito de seu conhecimento na área de psicologia. Aprendi muito com ele. Sem dúvida ele foi fundamental em vários momentos da vida tanto do Rafael, Roger ou minha, quando precisávamos de orientação para lidar com alguma situação de âmbito emocional. E o mais im98 // rock meeting // maio . 2020
portante sempre foi nos dizer: Busquem terapia! Pois ele, por ser próximo de nós, não pode e nem deve nos “atender”. Rodolfo Nekathor - Fica muito difícil prever quais serão os desdobramentos desse período sem precedentes em que estamos passando quando falamos em “saúde mental”. Infelizmente existem poucos dados científicos sobre os efeitos no comportamento de pessoas em isolamento social durante uma pandemia. Porém, podemos aprender com o que já passamos na “Gripe espanhola” entre os anos de 1918 e 1920, durante a primeira guerra mundial e em outras pandemias. Alguns comportamentos que vimos tem aparecido com muita frequência, como a ascensão do racismo, grande número de pessoas que interpretam mal sintomas comuns e se dirigem para hospitais, compras motivadas por pânico, etc. O coronavírus obrigou o mundo todo a mudar de hábitos. As pessoas tiveram de romper com suas rotinas, se afastar de familiares, amigos, deixar de sair de casa. Para qualquer
pessoa, esse tipo de mudança súbita pode gerar episódios de ansiedade, momentos de tédio, tristeza, podendo agravar o consumo de álcool, remédios ou outras drogas. Isso vai passar, porém o mundo não será mais o mesmo. Fica a pergunta: Que mundo queremos a partir de agora? Acredito que um bom aprendizado que podemos tirar de tudo isso é que temos visto a ascensão da solidariedade das pessoas, se unindo, se apoiando e se ajudando mutuamente, em alguns casos. O conceito de expressão do Warshipper é da arte grotesca. Vocês têm familiaridade com outros tipos de arte? Costumam frequentar museus e exposições artísticas fora do contexto musical? Renan - Confesso ter dedicado a maior parte de minha relação com a arte com a música, muito embora seja um entusiasta de outras formas de arte como pintura. Uma boa forma de lidar com todo este cenário complexo com o qual temos lidado pode ser buscar outras formas de arte
interview . warshipper
para me aprofundar. Rodolfo - Por morar próximo a São Paulo capital, somos bastante privilegiados por ter acesso a uma diversidade cultural muito grande, museus, teatros e etc. Eu gostaria muito de ter mais oportunidades de conhecer outras expressões artísticas a fundo futuramente, mas por enquanto sou apenas um curioso do assunto. Particularmente sou bastante interessado na concepção do grotesco pós o Romantismo do século XIX, desde a lite100 // rock meeting // maio . 2020
ratura ao cinema (principalmente). Vi no Facebook da banda que irão lançar o primeiro videoclipe do álbum, da faixa “Barren Black”, previsto para Maio. Tem como adiantar alguma coisa? Aproveitem para deixar suas considerações finais. Renan - Estamos bastante ansiosos por disponibilizar este videoclipe. “Barren Black” é a primeira faixa do álbum e
traz uma musicalidade mais extrema e pesada, apesar de possuir alguns elementos diferentes também. As imagens são takes de alguns shows em que tocamos esta música durante a turnê na Europa, em setembro do ano passado. São imagens muito legais feitas pelo nosso grande amigo Cesar Pessoa (Mutilator), e que nos fazem voltar às lembranças daquele período em que estávamos na estrada e palcos do velho continente. Uma curiosidade sobre a música é que, assim como em alguns outros casos pontuais, os riffs da “Barren Black” foram compostos antes mesmo de muitas músicas de nosso primeiro álbum (Worshippers of Doom – 2015). Eu os tinha guardado e muitos anos depois resolvi “tirá-los da gaveta”. Foi uma ótima escolha, pois é uma música muito forte no álbum. Muito obrigado pela oportunidade nos cedida para que pudéssemos falar mais sobre nosso trabalho e sentimentos na Rock Meeting. Gostei muito de participar desta entrevista e espero que os leitores curtam também. Grande abraço a todos e se cuidem. #ficaemcasa
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