Rock Meeting Nº 129

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2 // rock meeting // JUNHO . 2020


words of editor

TEMPO-VIDA

. PEI FON @peifon jornalista formada pela ufal, fotógrafa e direção geral da rock meeting

O mundo já não está essas coisas todas, aí vem e ainda aparecem as mazelas internas que estavam mascaradas por palavras e caras feias. Isso se tornou real e tem afetado o convívio das pessoas. Como não bastasse estarmos num período de pandemia, onde temos que ficar longe um dos outros para resguardar os mais frágeis e não disseminar um vírus, acontece uma desgraça que desencadeia outras. No âmbito brasileiro, a discursão gira em torno das tramas políticas: cada lado defende o seu e ambos se degladiam. Quando precisamos estar separados, pessoas se unem para (de) bater. Os motivos são diversos, certos ou não, a exposição pode dificultar ainda mais a retomada da ‘vida normal’. Não, não estou criticando as manifestações (as que realmente valem).

Como cidadã só enxergo o estacionamento da linha tempo-vida. Muito do que tenho lido, visto, presenciado é uma disputa sem freio de quem fez ou não pelo país. É cada um querendo (re) contar a história a sua maneira, mas que isso não está ajudando em nada. No momento, toda essa discussão só tem gerado ainda mais desrespeito. Se a premissa fosse debater, entender, achar um ponto comum para todo mundo sair dali sem intriga, seria maravilhoso. Mas no mundo real é algo que pouco existe. Onde está o respeito atualmente? Virou apenas mais uma palavra para se usar em hashtag? Ainda continuo acreditando nas pessoas, por mais que isso se torne uma tarefa difícil. Assim como muitos, quero a minha vida de volta!


sumário 2020

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68 06. estressadas por que a autoestima é tão importante?

48

10. primal sinner made from colômbia 18. UNO LIVE STREAM 24. gustavo sazes série designer brasileiro 34. muqueta na oreia pesado e sarcástico 44. metal mind reflections Andre matos

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48. exterminate death metal gaúcho 68. crypta quarterto death metal 78. lasting maze novo single ‘thunder’ 86. review em vídeo Marcos Garcia comenta

78 4 // rock meeting // JUNHO . 2020

96. brunno mariante 15 anos de carreira 108. ian di leo idl entertainment 116. review de livro Lemmy e Dio


DIREÇÃO GERAL PEI FON DIREÇÃO EXECUTIVA FELIPE DA MATTA CAPA Alcides Burn Canuto Jonathan projeto gráfico @_canuto

56 destruction nascidos para o thrash metal

COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bárbara Martins Bruno Sessa fernando pires Marcos garcia Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade Samantha Feehily CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


estressadas

POR QUE A AUTOESTIMA É TÃO

IMPORTANTE? por Samantha feehily

A

autoestima, assim como a consciência do nosso próprio valor, se relaciona com a ideia que criamos de nós mesmos e com o quanto nos respeitamos enquanto indivíduos. POR QUE A AUTOESTIMA É IMPORTANTE? Nos faz acreditar que somos capazes. A autoestima influencia diretamente no nosso sucesso e nos nossos fracassos. Ter autoconfiança e acreditar em si mesmo reflete na forma como vemos 6 // rock meeting // JUNHO . 2020

o mundo, como trabalhamos e lutamos para alcançar os nossos objetivos. Quem tem autoestima confia em si mesmo, vai atrás do que quer com uma atitude positiva e, por acreditar que é capaz, conquista seus objetivos com mais facilidade. Quem tem problemas de autoconfiança duvida do seu próprio potencial e, muitas vezes, tem medo de assumir riscos e alcançar grandes feitos. FAZ VER A VIDA COM MAIS LEVEZA Quem tem autoestima confia que a vida segue um rumo certo e que, fazendo sua parte, coisas boas aconte-



estressadas

cem. Essa certeza faz com que a vida possa ser levada de forma mais leve, com que os problemas não sejam tão difíceis de encarar e que, de uma forma geral, possamos ter uma perspectiva diferente e mais positiva quando algum contratempo ocorre. TRAZ POSITIVIDADE Acreditar que as coisas vão 8 // rock meeting // JUNHO . 2020

dar certo, ter uma visão positiva da vida e transformar os eventos negativos

PROMOVE AS SUAS HABILIDADES SOCIAIS

em momentos de aprendiza- O modo como vemos a nós mesmos, afeta diretamente do são práticas comuns de a forma como nos expomos quem tem autoestima elevaao mundo e como as outras da. Quem tem a autoestima pessoas nos enxergam. Isso controlada consegue ser tem muito a ver com o nosso mais otimista frente a adver- autoconhecimento. sidades, aceita críticas e se Se não damos valor à nossa valoriza como pessoa em própria imagem e se não assumimos uma postura de todas as áreas da vida.


confiança, também transmitimos esta imagem a outras pessoas. Esse tipo de comportamento gera inseguranças, que se refletem na maneira como nos relacionamos com os outros. A baixa autoestima pode fazer com que a convivência seja mais difícil, já que as outras pessoas podem responder de uma forma não muito positiva à falta de confiança.

AUMENTA O SEU BEM-ESTAR

afetando diretamente os nossos pensamentos e atitudes, diminuindo sintomas

Quem tem autoestima alta

de ansiedade e até mesmo

ou pelo menos equilibrada

de depressão. Trabalhar

consegue obter um senso

a autoestima é construir a

de bem-estar muito maior.

própria felicidade, é reafir-

Isso porque, de uma forma

mar nossa personalidade e

geral, a autoestima contri-

estabelecer que não deve-

bui para que o nosso amor

mos aceitar nada menos do

próprio e o respeito por nós

que aquilo que nos faz ple-

mesmos também aumentem, namente felizes.


INTERVIEW

PRIMAL

SINNER construída sobre a tríade força, beleza e poética, a banda colombiana lança “Dying Like The Sun In The West”

TEXTO Jéssica Mar // Foto: Carlos Giraldo

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interview . primal sinner

B

aseada nos princípios e técnicas da música clássica, e estética construída sobre a tríade força, beleza e poética, a banda colombiana Primal Sinner lançou seu álbum de estreia “Dying Like The Sun In The West”, em 2019. Devido a pandemia do novo coronavírus, a banda não pode realizar a turnê de divulgação do disco, então seguem promovendo pela internet e já começaram a produzir o próximo play. “Dying Like The Sun In The West” é um disco produzido e mixado por um dos melhores produtores europeus da atualidade, Jens Bogren (Symphony X, Angra, Sepultura, Opeth, Arch Enemy, Devin Townsend), masterizado pelo renomado engenheiro de som, Bob Katz (EMI, BMG, Virgin, Warner, Sony Music e Walt Disney), e cada músi12 // rock meeting // JUNHO . 2020

ca tem sua própria arte, feita pelo talentoso artista polonês Igor Morski. A banda é formada pelos irmãos Tejada, que decidiram criar um projeto baseado nos princípios e técnicas criativas da música clássica, tentando encontrar uma maneira dramática de fazer metal que, dentro da indústria do entretenimento, poderia alcançar a categoria de arte. Primal Sinner é uma banda colombiana, você pode nos falar um pouco sobre esse projeto? Nós nos definimos como uma banda de Rock/Metal com intenção de drama. Em parte, tem a ver com a ampla gama de influências e os elementos que estamos reunindo para construir nosso estilo. Atualmente, tentamos fazer da nossa banda um projeto de tempo integral em nossas vidas, e eu poderia dizer que estamos no meio do caminho para chegar a esse objetivo. Vimos que a banda segue estilos e influências di-



interview . primal sinner

ferentes, você pode nos contar um pouco sobre isso? Isso é verdade. Desde o início, não queríamos fechar nossas mentes em um campo de ação estreito, já que nós, como ouvintes e amantes da música, sentimos atração por diferentes estilos de música e também por causa da inspiração. Para nós, o ato de criação parece mais empolgante com mais ingredientes à mão do que usar apenas os mesmos três ou quatro blocos para construir um álbum inteiro ou até uma carreira. O álbum da banda, “Dying Like The Sun In The West”, foi lançado no final de 2019, você pode nos contar um pouco sobre esse trabalho? O álbum é o nossa “Opera-Prima”. Temos orgulho disso. Demorou um pouco mais do que o esperado para lançar este registro (por várias razões pessoais). Mas desde o seu lançamento, somos de14 // rock meeting // JUNHO . 2020


dicados a levar essa banda até as colinas íngremes do mundo. Você pode sentir no álbum a vibe de nossa missão: a força, a beleza e a poética. Essa tríade é a pedra angular do nosso estilo e representa a nossa visão artística, a visão que queremos desenvolver a partir de agora. Por que você escolheu divulgá-lo este ano, meses após o lançamento? O plano para o lançamento era um pouco incomum. No começo, estávamos ansiosos para colocar isso fora de nós e meio que jogamos e fizemos isso online (risos). Depois de um tempo, refizemos nossos passos e começamos a fazer uma melhor promoção do álbum.

Para alguém que nunca ouviu a banda, como você diria que a banda soa? Você sente que é uma banda original? Essa é difícil (risos). Tentar colocar nosso som em poucas palavras não é nada fácil. Eu sempre ouço uma resposta diferente para essa pergunta de uma grande variedade de ouvintes. No entanto, eu poderia dizer que criamos “Dying Like The Sun In The West”, derretendo alguns traços de Classic Hard Rock e Heavy Metal, com alguns outros de Thrash Metal e música orquestral. Agora, se acharmos que o Primal Sinner é uma banda original... é ainda mais difícil de dizer. Mas, com alguma confiança, posso dizer que sim, no sentido de que “original” significa “relativo a uma origem”, e que “origem” está certa em nossa vontade de fazer música a partir de nossa concepção profunda e honesta do que somos apaixonados. (Nota de rodapé: isso não é retórica [risos]).

Como você vê a cena do rock e metal atualmente? E a cena underground? Bem, devo dizer que estivemos um pouco longe da cena local do rock e metal. Desde que tomamos a maior parte do tempo e o despejamos na criação e produção, não con- A crise do novo coronavíseguimos cavar muito no un- rus realmente atrapalhou derground. os planos da banda? Que


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estratégia você criou para lidar com a crise? Sim, mas apenas em algum nível. A crise derrubou nossos planos de tocar ao vivo em 2020. Mas, como somos o tipo de cara com a xícara cheia pela metade, mergulhamos na produção do novo álbum. Além disso, continuamos com a promoção virtual do álbum “Dying Like The Sun In The West”, enquanto durar essa crise.

lhores produtores europeus da atualidade, Jens Bogren. Por que você o escolheu? A história por trás da escolha de Jens Bogren é uma espécie de golpe de sorte. No início, contatamos o gerente do TLA (Marylin Manson, Sum 41) para mixar nosso álbum. Ele concordou, mas tinha uma agenda muito ocupada e não podíamos combinar nossos planos com os dele. Então, desde que acompanhamos o O álbum foi produzido e trabalho de Jens com todos mixado por um dos me- esses grandes nomes da cena 16 // rock meeting // JUNHO . 2020

europeia do metal, ele veio instantaneamente à nossa mente. E assim que o contatamos, surpreendentemente, ele estava disponível para trabalhar conosco. Estamos muito satisfeitos com o resultado geral. Jens Bogren produziu o recente álbum da banda brasileira Sepultura, “Quadra”. Você ouviu? O que você acha? Sim! “Quadra”! Eu amo isso! Eu acho que esse é o meu álbum favorito da era pós-cavalera do Sepultura. É sólido, agressivo, intenso e uma au-


dição interessante. Jens fez um trabalho maravilhoso com eles neste álbum. Estou ouvindo o álbum enquanto respondo a essas perguntas. Quais são os planos do Primal Sinner para o futuro, quando tudo voltar à normalidade? Assim que o mundo derrotar esse vírus maligno, voltaremos ao palco e retomaremos os planos de entrar em turnê em algumas cidades da Colômbia. Também gostaríamos de visitar seu país pela primeira vez. O Brasil é uma das

principais cenas do mundo que em breve queremos visitar e tocar ao vivo nossa música.

Blind Guardian - Nightfall;

Você pode nos dar seus cinco álbuns que influenciaram sua música? Não tenho certeza se eles influenciaram diretamente nossa música, mas aqui estão alguns dos cinco álbuns favoritos de todos os tempos: Iron Maiden - The Number of the Beast; Metallica - Load (este sendo tão subestimado); Sepultura - Arise;

Você pode deixar uma

Judas Priest - Painkiller. (E peço desculpas aos nossos outros álbuns favoritos!)

mensagem para os nossos leitores? Acompanhe nossas mídias sociais e descubra o dramático Metal/Rock de Primal Sinner. Siga-nos em qualquer plataforma digital e, se você gosta mais, entre em contato e encomende seu CD ou merch. Fique a salvo! Saudações da Colômbia!


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INTERVIEW

UNO Antes mesmo da pandemia, o serviรงo de stream uno nasceu para ampliar o acesso a festivais

TEXTO pei Fon // Foto arquivo pessoal


interview . uno

C

onhece a plataforma Uno? O nome é bem fora da caixa, porém vem para unificar a forma de como você assiste o show. Sem sair de casa, o fã da música pesada pode assistir a um festival, comprando seu ingresso, assistindo bandas conhecidas e conhecendo as novas. Esse formato existe, é made in Brazil. Idealizado por Silvio Rocha, músico e proprietário do Open The Road Agency, garante que esse novo jeito de assistir show será econômico e atrativo, tanto para o fã logia que pudesse tornar o quanto para bandas. Acompa- stream com qualidade full em imagem e som, além de ter nhe! botões interativos como comSilvio, você é conhecido pra de merchandising, meet na cena Rock/Metal bra- and greet depois do show ensileira por suas turnês tre outras coisas mais. Além e bandas que já tocou. de começar a explorar um Agora você lança a plata- novo tipo de composição de forma de streaming Uno. show: Não apenas um stream, onde o artista está tocando na Como tudo nasceu? Silvio Rocha - Olha, essa frente de uma câmera e transideia do live stream festival ti- mitindo, mas sim, por agora nha pintado uns cinco meses ele pode tornar essa apresenantes de rolar essa pandemia. tação quase um vídeoclipe. Estávamos buscando tecno- Com atores, cenário, efeitos 20 // rock meeting // JUNHO . 2020

especiais dignos de qualquer banda grande. O que vai valer agora é a criação e não o poder comercial em levar toda uma estrutura para um show. Eu vejo como algo bem interessante, por levar a composição de shows a ideias e formatos jamais vistos. Uno vem para movimentar a cena. De que forma vai acontecer? Público, por exemplo, como vai consumir esse novo produto?


somente faccionado ao meio Rock Metálico, estamos realmente com interesse em grandes artistas de todos estilos musicais. Queremos algo diferente. A pandemia tem atrapalhado porque todo mundo “congelou” após as notícias mundialmente. Então, os artistas ainda estão um pouco receosos em até confirmar para se reunirem entre eles, com todo esse potencial de composição. Vamos ver como irá caminhar nos próximos meses.

Desenhei essa ideia antes de ter essa pandemia para ser como um show, mas muito econômico e atrativo. Primeiro pelo valor de 5 dólares por ticket, valendo para os três dias de festival. Como também pela primeira vez poderemos assistir artistas de países inalcançáveis por logística, como também por não conhecermos. Você já pensou o que de arte acontece em Omã? Ou em Granada? Ou na Ilha de Páscoa? Como o festival não é

E para as bandas, como será essa escolha/curadoria, como devem proceder? Na seleção estamos priorizando, os grandes artistas desconhecidos e de locais inimagináveis, como também nomes conhecidos tanto do mundo virtual quanto real. É uma forma de conseguirmos espalhar o festival para o mundo todo e ao mesmo tornar atrativo em trazer algo novo. Eu tenho curiosidade demais de conhecer as diferentes manifestações artísticas em diferentes continentes. Os artistas de


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rua, os talentos natos que estão por aí, sem os holofotes da grande mídia, mas seguros pela magia artística. Você me falava das bandas com nome de peso, e para as bandas novas, como será o processo de escolha? Praticamente, nos envie material quem tem interesse no email – info@unolivestreamfestival.com ou contato@ openroadagency.com Como será a questão das 22 // rock meeting // JUNHO . 2020

bandas, cada uma deve montar o seu cenário, o show tem que ser gravado ou será mesmo ao vivo? É ao vivo, cada banda vai escolher seu cenário, efeitos especiais ou não, atmosferas que queiram trazer para dentro da tela.

países vizinhos onde temos grande alcance e contato e também artistas de países de longe como Índia. Mas queremos muito mais, acredito que com o passar dos meses e dependendo de como desenvolver a pandemia. Tornará mais fácil ou não a ideia. É tudo muito novo tanto o mundo Como está sendo a pro- de stream que visualizamos cura? Imagino o tanto de como também o fato de estardúvidas. mos com a pandemia. Estamos já com diversos nomes que já trabalhávamos do Já tem data para anunexterior, como do Brasil, de ciar as primeiras bandas diferentes estilos, como dos a participar do Uno?


Não tem data definida. Estou esperando um cenário mais favorável para anunciar os primeiros contratados. Em tempo de pandemia, onde vários shows e festivais foram cancelados, a plataforma Uno, do ponto de vista empreendedor, é uma saída para esse momento? Olha como citei, eu desenhei a ideia cinco meses antes da pandemia, inclusive muitos amigos artistas e famosos já sabiam e guardavam o segre-

do (risos). Eu vejo como o formato e produto certo para todos capitalizarem muitos mais com stream e oferecer ao consumidor um produto realmente quase gratuito pela quantidade de artistas e experiências que serão compartilhadas. Diante desse cenário de incertezas, o que você, como produtor, enxerga daqui pra frente o mercado da música? Não vejo voltar aos shows normalmente até ter uma va-

cina resumidamente. Pelos índices talvez segundo semestre de 2021. Para finalizar, deixe os contatos para as bandas que tiverem interesse em participar do Uno. Muito obrigada por seu tempo. Sucesso sempre! Segue nosso contato oficial: Email

-

info@unolives-

treamfestival.com |

conta-

to@openroadagency.com. Site - Uno | Open Road Agency


INTERVIEW

GUSTAVO

SAZES unindo paixão e trabalho, gustavo sazes se tornou um dos designers requisitados do mundo da música

TEXTO renato sanson // Foto Arquivo pessoal

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interview . gustavo sazes

A

mundo das artes? Gustavo - Nunca pensei dessa forma, aliás nada foi determinado. Eu sempre gostei de arte, quadrinhos, mesmo desde menino, ter seguido esse caminho foi algo natural e ao mesmo tempo extremamente acidental. As primeiras artes que fiz foram pra bandas inventadas com amigos, algo que foi muito útil na época pra praticar a criatividade com algum método e objetivo. Penso que o momento de transição veio mesmo quando alguém efetivamente desconhecido me pagou pra fazer alguma capa.

arte e suas congruências. Suas diversas facetas e emoções. Assim trabalham os designers, aqueles profissionais que transbordam o que a música em si passa antes mesmo de apertarmos o play de um álbum. Gustavo Sazes entende muito bem deste assunto, e traz à tona em suas artes toda emoção e sentimento que os artistas querem passar, criando trabalhos impares e capazes de transcender a musicalidade em volta de artes e layouts extremamente conec- Sua arte mais recente tados com cada musicalidade. foi com os gregos do Firewind. Um dos granVocê começou esta traje- des expoentes do Power tória em 2002, mas sua Metal dos últimos anos. formação nem é no de- Como surgiu a inspiração sign. O que foi determi- para este trabalho? nante para deixar tudo de Eu já sabia que ia fazer um lado e embarcar de vez no novo símbolo e que ele fica26 // rock meeting // JUNHO . 2020



interview . gustavo sazes

ria bem na cara da capa. Além disso eu queria uma capa simples de descrever numa frase, sem muitos rodeios. Estávamos brincando com algumas ideias que nem foram pra frente quando eu resolvi voltar ao “básico do básico” com o símbolo emergindo da forja, do fogo, ou seja lá o que for. Os últimos discos do Firewind que fiz sempre envolviam paisagens, dessa vez eu quis fazer algo mais fechado, mais contido mesmo. Até ali o álbum tinha um nome, mas quando eu terminei essa capa mandei uma mensagem pro Gus G. sobre a possibilidade de ser um disco auto intitulado e, assim do nada, ficamos nessa ideia. Você é um grande fã de Arch Enemy, inclusive desenvolveu a arte para 28 // rock meeting // JUNHO . 2020


o álbum “The Root of All Evil” e para o relançamento do clássico “Black Earth”, além de diversos outros trabalhos gráficos com a banda. Conte-nos um pouco desta proximidade com os suecos. Tudo começou com um contato do Michael Amott via Myspace uns anos atrás, me convidando para o show do Arch Enemy em SP, onde já começamos a falar da possibilidade de eu trabalhar no “The Root Of All Evil”, o que pra mim era ótimo, especialmente por ser um disco com músicas regravadas da fase inicial da banda, da qual sou fã incondicional. Acabei fazendo também uma tonelada de material de merch e cenários de palco pra turnê nesse disco e no “Khaos Legions” chegando até o “War Eternal” incluindo a capa do primeiro single desse disco. Nesse meio tempo o Michael jogou a ideia de refazer as artes do Black Ear-

th, do primeiro do Spiritual Beggars (projeto stoner dele) e do Armageddon, banda do Chris Amott e, óbvio eu nem pensei duas vezes. A banda do Chris eu fiz anos depois quase que por acaso, o Beggars ficou com outro artista, e pude me concentrar no Arch Enemy e no peso desse desafio na época. Não é sempre que você tem a oportunidade de refazer uma capa tão icônica de um álbum tão importante, ainda mais você sendo fã do material. A responsabilidade é imensa, a tua pressão pessoal é extrema. Se no TROAE eu já estava animado você imagine como foi ver a minha capa no Black Earth. Inclusive eu dei uma entrevista pra um livro (And Justice For Art 3) que deve sair esse ano nos EUA, contando vários detalhes da composição, das inspirações, das decisões estéticas pra essa capa e o motivo da edição japonesa ter uma capa variante. Em relação as suas artes para artistas internacionais, qual a sua preferida e qual você mudaria algo e por quê? Gosto das capas que fiz pro


interview . Gustavo Sazes

Amaranthe, Dream Evil, Dynasty, Kamelot, Total Death, Death & Legacy, Matt Guillory, James LaBrie, Arch Enemy, British Lion, Kenziner, Outloud etc, etc. Sobre refazer, óbvio que se passa algo pela minha cabeça nesse sentido, mas só passa mesmo, ainda que eu veja mais tarde mil imperfeições. Aquela capa finalizada representa um momento, foi eternizada naquele ponto, pois temos que estabelecer limites. E eu convivo bem com isso, não vejo necessidade de revistar nenhum trabalho. Prefiro realmente focar no próximo projeto que 30 // rock meeting // JUNHO . 2020

já vou refazer mil vezes na minha mente antes de sequer começar. Não poderíamos deixar de fora o seu belíssimo trabalho com as bandas nacionais, qual a sua arte preferida? Tem alguma em específico que você gostaria de refazer ou acrescentar algum detalhe? Como te falei acima o que está feito, está feito. Gosto muito das capas que fiz pro Dr.Sin, Angra, Kiko Loureiro, Stormsons, As Dramatic Homage, Almah, Oficina G3, One Arm


Away, Peristaltic Movement, Eduardo Lira e tantos outros. Você realizou algumas exposições dos seus trabalhos na Europa. Como foi esta experiência? Caótico, extremamente exaustivo e ainda tenho calafrios só de lembrar da insana correria foi pra selecionar, produzir e montar todo o material pra ficar 30 dias exposto no Hard Club do Porto, em Portugal. Isso inclusive me fez desistir de outra exposição na sequência que queriam fazer comigo na Espanha, o trauma foi extremo!! LOL pecial que você gostaria Tem algum artista em esde desenvolver alguma arte? Aquele que deixaria o teu catálogo mais que completo. Pensava nisso muito quando jovem, hoje eu estou aberto a todo tipo de trabalho, seja qual for o estilo. Por trabalhar com diversos artistas e de diversas vertentes, certamente você trabalha com ídolos e outros que possivelmente você nem acompanhava até aquele momento. Tem alguma banda ou músico que você acabou virando

fã após trabalhar com os mesmos? Muitos na verdade, o que é bem natural. A última por quem me apaixonei foi uma banda aqui de Portugal chamada “Ho Chi Minh”. A capa do disco é extremamente brutal como o som deles, e deve ser lançado ainda esse ano. Outra foi o Dynasty, da Suécia, fiz dois discos, inclusive o mais recente The Dark Delight saiu nos últimos meses. Você já foi surpreendido por algum artista que nunca imaginou receber um elogio? Se sim, como


interview . Gustavo Sazes

foi isso? Steve Harris (Iron Maiden), quando nos conhecemos no Wacken em 2008. Eu já tinha feito alguns trabalhos pra Lauren Harris (filha dele), mas eu nem tinha noção se ele sabia que eu existia. Eu realmente fiquei sem ação no momento. Outro que me deixou sem chão foi o James LaBrie, logo após eu ter feito a capa do último disco solo dele “Impermanent Resonance” nos encontramos num show do Dream Theater aqui no Porto.

des bandas, além do nível de exigência alto, você se depara com aquele artista que parecia distante do ‘mundo real’. Você já teve esse ‘choque de realidade’? Depois de trabalhar com clientes em mais de 40 países, você fica bem “escaldado” pra esse tipo de coisa. O segredo é ter paciência e saber escutar, saber propor, saber se colocar mesmo.

Como eu já trabalho em casa há quase 20 anos a “novidade” do home office que veio pra muita gente aqui não rolou (lol). Obviamente sinto falta de viajar, especialmente aqui com as fronteiras fechadas isso fica impraticável. De resto é tomar as devidas precauções e seguir com calma.

Por fim, você já fez o ‘trabalho de sua vida’? Muito obrigado e sucesComo está sendo esse pe- so sempre! ríodo de quarentena e o O trabalho da minha vida é Trabalhar para as gran- que isso te afetou? poder viver de arte. 32 // rock meeting // JUNHO . 2020



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INTERVIEW

MUQUETA NA OREIA pesado e sarcástico, o muqueta na oreia trabalha para mostrar sua identidade

TEXTO barbara lopes fOTO Ramon Mantuan (Clicks n’ Sticks)


interview . muqueta na oreia

R

etratando cruamente a realidade brasileira com letras em português, a banda de metal Muqueta Na Oreia acaba de lançar o novo single intitulado “Revolta”, uma crítica sócio-político-cultural. Na entrevista abaixo, a banda entra em detalhes sobre o novo trabalho, conta sobre novos projetos e o como tem sido o período de quarentena, momento em que tem promovido lives às sextas-feiras. O nome da banda é engraçado. Como tudo aconteceu, de se juntar para ter banda à escolha do nome? Ramires (voz): O nome realmente marca (risos). O nome Muqueta Na Oreia realmente sempre chama a

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atenção das pessoas por ser algo inusitado, divertido, debochado e até irônico. A carreira do Muqueta Na Oreia começou comigo e com o Cris (baixo). Nós tocamos juntos desde moleque e o Bruno Zito (guitarra) é meu primo, então desde criança sempre estivemos juntos. É verdade

que a ideia era a mais pura diversão, mas, pouco tempo depois, o Henry (bateria) se juntou a nós, sentimos que tínhamos um grande potencial e começamos a trabalhar duro na banda e seguimos até hoje. O nome eu tirei de uma fita K-7, que ganhei de um


amigo. Era uma compilação só de músicas pesadas, tipo Slayer, Anthrax, Pantera, e era o K-7 que eu mais ouvia (risos). Muitos anos depois, logo nos primeiros ensaios, esse nome me bateu na cabeça e se encaixa perfeitamente com a proposta da nossa música: pesada e sarcástica.

O que os instigou a retratar a realidade brasileira nas músicas? E por que optaram por usar a língua portuguesa nos trabalhos? Cris (baixo): Essa é a nossa língua, a nossa terra e cantamos para o nosso povo. O melhor de tudo é que a galera tem reconhecido isso, tem se identificado com a mensagem do Muqueta Na Oreia e com um monte de bandas brasileiras excelentes. Não tenho nada contra cantar em outra língua, aliás, muitas de nossas bandas favoritas cantam em inglês, mas sinto que os brasileiros têm se voltado mais para o que é produzido aqui, o que é nosso. É uma questão cultural mesmo, de busca e de mostrar a nossa identidade. O single “Revolta” vem em um momento exato de fadiga brasileira, em inúmeros sentidos e âmbitos. Como vocês conseguiram


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captar esse sentimento? Já acompanhavam todo o desgaste e deixaram o single pronto para o lançamento no timing perfeito? Bruno Zito (guitarra): Relatar a realidade brasileira, apesar de ser um fato muitas vezes triste, acaba sendo algo sempre contemporâneo. O mais “engraçado” é que muitas dessas novas letras foram compostas há alguns anos e, o pior, continuamos vivendo do mesmo jeito atualmente. 38 // rock meeting // JUNHO . 2020

nada pelo designer João Duarte e retrata muito bem o conteúdo da música. Como aconteceu esse processo de criação? Foi em conjunto ou vocês deixaram o João com as referências e livre para criar? Henry (bateria): O João Duarte é uma das maiores referências no Brasil quando o assunto é arte para bandas e eventos de rock/metal. Ele faz algumas das artes para nossas camisetas. Gostamos muito A capa do single foi assi- no trabalho dele e achamos Infelizmente, falar sobre o cotidiano e a realidade brasileira é atemporal. Veja quantas músicas lançadas nos anos 80 e 90 ainda permanecem tão atuais. Quanto à arte, é também uma forma de conscientização, porém, não levantamos bandeira de ninguém e para ninguém. Além da mensagem, vem o mais importante para nós, que é o entretenimento.


que seria uma honra para nós eternizar uma de suas obras na nossa discografia. Nós explicamos o conceito da música, os elementos que queríamos utilizar para representar nossa realidade, e confiamos nele para toda criação do visual. Ficamos muito empolgados e satisfeitos com o resultado. O João é fera! Além desse lançamento, vocês estão desenvolvendo algum outro material? Bruno Zito: Recentemente lançamos três singles: “Sam-

ba de Maria”, “Sangue no Zóio” e, por último, “Revolta”. Já temos o material para um disco novo todo pronto e estes singles também farão parte dele. Vem muita coisa boa por aí, mas ainda estamos fazendo suspense! (risos) Como está sendo o período de quarentena para vocês? A pandemia os inspira, de alguma forma? Cris: Resumindo em uma única palavra: complicado! Não podemos fazer shows, nem nos encontramos para

ensaiar, isso sem contar a parte financeira com o mercado de shows parado, a venda baixa de merchandising, e por aí vai. A gente se fala constantemente por vídeo chamada e cada um está na sua devida casa, estudando, compondo, produzindo e tomando as devidas medidas preventivas para não contrair esse maldito vírus... Não sei se inspirar é palavra certa (risos). A verdade é que temos encontrado outras maneiras e alternativas


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que estão nos trazendo novas oportunidades. Por exemplo, as nossas lives no Instagram têm dado bastante resultado e estamos preparando uma série de músicas acústicas para o Youtube. Como forma de manter sempre o nome da banda na ativa, vocês têm promovido lives às sextas-feiras. Como nasceu e está sendo a repercussão? Henry: A ideia surgiu justamente pela necessidade de se reinventar nesse período de isolamento. A live se chama “Meia Hora de Muqueta” e sempre recebemos um convidado especial para conversar e interagir conosco. A galera está curtindo bastante e vem dando muito certo. A cada live a audiência aumenta, além de ser uma experiência muito enriquecedora, poder trocar ideias com profissionais da área da música, como jornalistas, apresentadores, fotógrafos e lógico músicos (ri40 // rock meeting // JUNHO . 2020


sos). Essas conversas abrem cias novas. Seja lendo um lipara novas perspectivas. vro, escutando novos artistas, aprimorando o conhecimenComo vocês enxergam to, etc. a atual cena do metal no Creio que, com o merBrasil? cado internacional de shows Bruno Zito: O Brasil tem estagnado, vai demorar um muitas bandas boas, em todos tempinho para os grandes meos estilos, mas a cena é difícil, dalhões excursionarem pelo dura, fria e cruel… Mas nós mundo, a economia voltar a amamos isso (risos). Quem girar... Esse fator pode, de alestá nessa é pelo coração, não guma forma, aquecer o nosso muito pela razão (risos). E, cenário, pois ninguém consepor termos que matar um leão gue ficar longe de um showzipor dia para nos mantermos nho, ainda mais do Muqueta na ativa, acabamos criando Na Oreia. É uma experiência bandas excelentes, verdadei- para a vida toda! (risos) ros monstros, cheios de determinação. Vocês já dividiram o pal Mas, na real, o que co com várias bandas. mantém toda a cena viva é o Quais foram as mais mepúblico, quem está aqui len- moráveis? do esta entrevista, quem dá o Ramires: Temos alguns moplay nas plataformas digitais, mentos inesquecíveis em cima assiste os vídeos e vai nos sho- do palco, mas o dia em que tows (ou ia...!?). camos com o Korzus, em São Muitas coisas podem Carlos, em estação de trem, acontecer nesse momento de foi muito legal! O espaço esisolamento. Muitas pessoas tava absurdamente lotado e o estão procurando conhecer trens passavam normalmente bandas novas, até porque já enquanto as bandas tocavam, estão cansados de ouvir as foi muito insano. Outro show mesmas músicas que ouvia marcante foi abrir para o Raiquando tudo estava normal. mundos, em nossa cidade. O As pessoas em casa lugar que menos tocamos na estão ficando entediadas e vida (risos), também abarroprocurando por experiên- tado de gente, gritando, can-


interview . muqueta na oreia

tando, pulando, foi uma sensação indescritível. No Palco do Rock, em Salvador, foi adrenalina pura! O público em peso cantando as nossas músicas e se quebrando no mosh... Foi lindo! (risos) Com quem vocês gostariam de fazer uma parceria musical? Cris: Fizemos recentemente uma parceria na música “Sangue no Zóio”. Antonio Araujo, do Korzus, um guitarrista que admiramos muito, gravou um solo maravilhoso para nós. Com certeza, foi uma grande realização. Nós ainda temos uma lista grande de músicos que gostaríamos de trabalhar juntos, como Eloy Casagrande e Andreas Kisser do Sepultura, Sergio Britto ou Branco Mello dos Titãs, o Jimmy do Matanza, Falcão do Rappa, João Barone do Paralamas, Max Cavalera... Sim, somos ecléticos... (risos)

música brasileira, sem ser metal, versão Muqueta na Oreia? Ramires: Uma vez quase regravamos uma música dos Titãs, até chegamos a falar com o Sergio Britto, mas as coisas esfriaram na Warner pra rolar a autorização. Nós regravamos a música “Bomba”, do O que vocês pensam sobre Patrulha do Espaço, numa regravações? Já pensacoletânea em homenagem ao ram em regravar alguma Percy Weiss. Foi sensacional e 42 // rock meeting // JUNHO . 2020

gostamos muito do resultado. Também fizemos uma versão da música “Cama de Hospital”, da banda Troll, que será lançada em breve em uma coletânea tributo. Muito obrigada e qual mensagem você deixam para os leitores da Rock Meeting? Henry: Primeiramente, agradecer a Barbara Lopes e


a Rock Meeting pelo espaço e pela oportunidade em falarmos um pouco mais sobre o Muqueta Na Oreia. Esperamos que esse período complicado que estamos vivendo seja de reflexão e que passe logo também. Apoiem todas as bandas que vocês gostam, principalmente do rock/metal nacional. Continuem nos ajudando nessa missão de manter vivo o rock/metal brasileiro. Temos uma quantidade enorme de bandas excelentes, de músicos talentos, que merecem todo respeito e sucesso. Se começarmos a elencar todos os nossos grandes nomes, vão perceber que temos um dos cenários mais fortes do mundo. Vamos valorizar isso! Acessem as nossas redes sociais, divulguem aos seus amigos, familiares, toquem no trânsito, no home office, na hora da faxina, do banho... (risos) Valeu!


Metal . mind reflections

UM ANO SEM ANDRÉ MATOS por marcos garcia // foto barbara martins

E

lá se foram 365 dias sem que André Matos... 8 de Junho foi a data em que ele nos deixou, vítima de um infarto agudo de miocárdio, uma das causas mais comuns de mortalidade em nosso país. Uma doença crônica calou um dos grandes talentos da música brasileira. Hoje, olhando para trás, muitos têm a dimensão que poderia ter sido diferente, de que ele merecia ter sido mais valorizado por todos. Mas a verdade é uma que circula a internet: ainda somos presos ao modelo “tudo que vem da metrópole é bom, feito aqui

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não presta”, um aspecto cultural que permeia o brasileiro. Ainda se paga 600-700 reais para ver uma banda gringa em fim de carreira (e já sem muito a dizer) do que a um músico brasileiro. Sim, apesar de todo sucesso que ele conseguiu por toda a vida, em qualquer trabalho que fez (Viper, Angra, Shaman, Virgo, carreira solo, participações especiais, etc), o clamor primeiro teve que vir do exterior para ter ecos por aqui. Óbvio que o Maestro (como era chamado, muito por conta de sua formação musical, já que era a formado pela Faculdade de Artes Alcântara Machado, como bacharel em Regência Orquestral e Composição Musical) tinha a plena noção que o amadorismo em que o Brasil vivia permeado na época (como ainda é até os dias de hoje) precisava mudar. E como eu escrevi há um ano, torno a repetir: pode-se dizer que todo o “know-how” de profissionalismo que ele aprendera fora do Brasil nas



Metal . mind reflections

turnês com o Angra, trouxe para cá. Óbvio que muita gente devia achar que era frescura, mas verdade seja dita: muita gente usufrui disso agora. Óbvio que este texto visa ser uma homenagem, mas a melhor forma de fazer isso é continuar a luta de André, além de falar de suas conquistas. Para fechar essa questão de “profissionalismo x amadorismo”, basta dizer que os grandes festivais na Europa se baseiam em casts com 7580% de bandas underground, e poucos gigantes. O próprio Wacken usa nomes como Kreator e Megadeth para encer46 // rock meeting // JUNHO . 2020

rar suas noites, e os dois não têm as dimensões de AC/DC, Iron Maiden ou Metallica. Isso implica que a consciência de que música é um produto a ser consumido transcende ideologias musicais de cada um de nós. Podemos pensar e achar o que desejarmos de música, mas ela é tratada por festivais e outras engrenagens da indústria de diversão como um produto a ser vendido. E vende, logo, nada mais justo que o músico seja tratado como um trabalho profissional, o que demanda custos e estruturas adequadas. O Maestro já devia ter percebido isso, e foi uma peça fundamental para mudar mui-


tas concepções por aqui. Hoje, muitos shows no underground têm uma estrutura minimamente decente, o que antes do sucesso do Angra inexistia por aqui (só para bandas gringas, e mesmo assim, passem a mão no toco). Depois do Sepultura (que mesmo assim se profissionalizou apenas após a Glória ter entrado na equação), o Angra se tornou uma referência, tanto lá fora como aqui, em termos profissionais. E assim, o Maestro mostrou-se não apenas um cantor, compositor e intérprete, mas um visionário. Ainda vale citar que André retornou ao Viper e fez muitos shows (inclusive no Rock in Rio de 2013), assim como estava se preparando para uma nova volta ao Shaman (como anunciado em 2019), esteve como Avantasia em um show em 02 de junho

de 2019, em São Paulo, e parecia que não iria parar tão cedo. Mas infelizmente, as coisas não foram assim... O que podemos fazer: no Dia Municipal do Metal de SP, 8 de Junho (uma homenagem a André), pensar em tudo que ele legou, ouvir algumas de suas favoritas que o Maestro deixou, aproveitar as lives que alguns músicos farão em tributo a ele, e se possível, lutar para que as coisas melhorem em termos de cena no Brasil, para que a luta dele (e de tantos outros) por profissionalização não seja para beneficiar alguns poucos. A memória do Maestro André merece...


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INTERVIEW

EXTERMINATE Novo material, quarentena e cena do metal no Brasil: um batepapo com a banda exterminate por Bรกrbara lopes foto day montenegro


interview . exterminate

N

ovo material, quarentena e cena do metal no Brasil: um bate-papo com a banda de death metal gaúcha Exterminate, um dos nomes confirmados para o festival Setembro Negro. O último trabalho de vocês foi o álbum “Pray for a Lie”, certo? Estão trabalhando em algum material novo? Sim, foi lançado no final de 2018. Já estamos trabalhando em material novo e no segundo semestre já vamos lançar um single para mostrar como vai ser o novo trabalho. Como é o processo de composição? Quais temas os inspiram? Bom, fazemos as músicas sempre todos juntos. Cada um traz para o ensaio um pedaço de um riff, montamos juntamente com a parte da bateria 50 // rock meeting // JUNHO . 2020



interview . exterminate

e, se ficar legal, vamos trabalhando as músicas em casa e já levamos para o próximo ensaio. Gostamos de usar temas mais dentro do nosso estilo, geralmente são sobre religiões, guerras, alguma coisa da mente humana. Comparando o primeiro trabalho ao álbum mais recente, percebemos um som mais lapidado e maduro. Como ocorreu esse processo? Nosso álbum “Burn Illusion” foi feito de um modo mais sujo e cru, digamos assim. Já no “Pray For a Lie”, buscamos um som bem mais limpo sem perder o peso. Pensamos nos álbuns que foram lançados nos anos 90 e tentamos fazer naquele nível. E o resultado foi surpreendente, tivemos uma boa resposta do público. Vocês já dividiram palco com várias bandas, sendo em festivais e como banda 52 // rock meeting // JUNHO . 2020


de abertura. Quais foram as mais memoráveis? Sempre é muito bom tocar em grandes festivais, e poder tocar ao lado dos seus ídolos é melhor ainda. Para nós dividir o palco com bandas como Krisiun, Deicide, Nile... Não tem como não ficar emocionado. São bandas muito fodas e têm muita experiência. Vão ser sempre referências. Com quem vocês gostariam de fazer uma parceria musical? Acho que toda a banda underground sonha em fazer uma parceria com alguma grande gravadora ou poder ter seu trabalho gravado por algum grande produtor. Então, o negócio é trabalhar muito e mostrar o trabalho para que este dia chegue. Como surgiu o convite para participar do Setembro Negro? Quais são as expectativas? Fomos convidados pela produção do Setembro Negro através do Edu (NervoChaos). Já tínhamos encontrado com ele em alguns shows e conver-

samos sobre o assunto. Nossa expectativa é a melhor possível, qual banda não quer tocar nesse festival que se tornou o maior do Brasil? Mas devido à pandemia estamos esperando para que tudo seja resolvido e que os shows aconteçam em segurança para bandas, produção, público e todo o pessoal envolvido. Como vocês enxergam a atual cena de metal extremo no Brasil? Sem dúvida alguma, o Brasil é cheio de bandas fodas. A todo momento surge uma banda nova e de grande qualidade. As bandas brasileiras não devem nada para as bandas gringas. Antes de surgir essa pandemia, estava acontecendo um fest atrás do outro, a cena no Brasil estava em alta, com certeza. Em relação à atual pandemia mundial: como se sentem? O que têm feito? O que pensam que vai mudar quando tudo isso passar? Acho que não tem quem não tenha ficado preocupado ou prejudicado. É uma sensação muito estranha, porque


interview . exterminate

so de ensaios e composição durante esse período de quarentena? Moramos praticamente um perto do outro, trocamos muitos vídeos de músicas e de ideias que temos. O mais isolado seria o Sandro, por causa da bateria, mas ele tem bateria em casa e consegue ensaiar tranquilamente. Conseguimos nos ver algumas vezes e passar um ensaio só de cordas, e assim deixamos as músicas bem encaixadas para o Sandro por a bateria em cima. Estamos esperando serem liberados os estúdios de Como tem sido o proces- músicas aqui em Porto Alegre a sua vida e rotina foi mudada drasticamente e sem você ter a culpa. Continuamos com nossos trabalhos profissionais normalmente, cada um está ensaiando em casa e trocamos, um com o outro, muitos vídeos de som que estamos criando. Estamos nos adaptando com essa atual situação que o mundo vive. Quando tudo isso passar esperamos que, devido a todo esse hiato de falta de shows, os fests lotem, pois o público vai estar necessitando de muitas músicas nos seus ouvidos.

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para que possamos voltar aos ensaios. O que vocês gostariam de dizer para os leitores da Rock Meeting? Gostaríamos muito de agradecer à Rock Meeting pelo convite e espaço. Que o público, se puder, fique em casa, que logo tudo isso vai passar e logo queremos vê-los com muita saúde nos shows. Que continuem apoiando as bandas divulgando, comprando material, pois só assim é como conseguem se manter. O nosso muito obrigado até a próxima. Valeu!



CAPA

DESTRUCTION

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já são quase 4 décadas na estrada e o destruction põe sangue novo para dar continuidade ao legado por pei fon // foto Liné Hammett


capa . destruction

English Version

H

á bandas que é dispensável fazer qualquer tipo de apresentação. Aquele cartão de visita que o Destruction pode mostrar é uma coleção de clássicos do Thrash Metal alemão construído nos seus quase quarenta anos de existência. Essa geração que conhece “Mad Butcher” e “Bestial Invasion” está tendo o privilégio de contemplar algo singular e é bom absorver esse legado sendo atualizado. Tivemos a oportunidade de conversar com o grandão Schmier, vocalista e baixista. Dentre o passado, presente e futuro, o frontman fala de tudo um pouco como das meninas do Nervosa e aposta em algumas bandas do cenário rock/metal mundial. Acompanhe! 58 // rock meeting // JUNHO . 2020

Born to Thrash é o mais novo play ao vivo do Destruction. Como está sendo a repercussão? Schmier - Este álbum é nossa resposta ao coronavírus. Todos os shows foram cancelados, festivais europeus cancelados... E assim como nós estamos sem tocar, os fãs também estão sentados em casa sem poder ir a shows. Essa foi a nossa forma de lutar, de nos conectar ao público, inicialmente de forma digital. Foi um ótimo show, uma grande noite, e estamos felizes em disponibilizar este momento em formato digital inicialmente, e em julho quando lançarmos em formato físico os fãs poderão adquirir suas cópias também. Quando uma banda lança um álbum ao vivo, muitos já pensam logo num DVD. Qual o motivo de não lançar esse material em vídeo?



capa . destruction

Porque não temos esse material (risos). Nós filmamos apenas o começo deste show, porque ele não era para ter sido um álbum ao vivo. As únicas filmagens que temos foram feitas de forma espontânea. Estamos fazendo um documentário sobre o Destruction, e nossa equipe estava lá no backstage capturando este tipo de material, então por isso não gravamos esse show em vídeo. Pensando em tudo que o Destruction já fez, você sente de fato que nasceu para o Thrash Metal? Com certeza! Este foi inclusive um nome muito fácil de pensar para o álbum, porque ele é muito natural para todos. É tão real ao que fazemos, a forma que vivemos. É toda nossa vida! Não poderia ter um nome melhor para um álbum do Destruction. Born To Thrash é um pe60 // rock meeting // JUNHO . 2020


daço dos muitos clássicos da banda. É difícil pensar num setlist, ainda mais num festival, onde o tempo é reduzido? Tentamos ver o que nossos fãs mais gostam, e fazemos um setlist ao redor disso. Ás vezes mudamos algumas músicas, mas é fácil porque temos vários clássicos e músicas boas. Este setlist por exemplo, o novo álbum havia sido lançado na mesma semana desse show, e temos duas músicas sendo tocadas ao vivo pela primeira vez. Mas músicas como “Bestial Invasion” e “Curse the Gods” sempre farão parte. Acho que se um fã for ao show e não tocarmos essa música, ele sentirá que este foi um show incompleto. É claro que muitas músicas acabam ficando de fora, especialmente em festivais onde o tempo é reduzido. Nesses casos tentamos fazer o show mais intenso possível em 55 minutos.

mento você viu a necessidade de ter mais um guitarrista? E por que voltar a essa formação? Estamos pensando nisso desde 2011, na verdade. No álbum “Day of Reckoning” convidamos o Ol Drake, da banda inglesa Evile, ao estúdio para gravar algumas músicas conosco. Ele chegou a gravar alguns solos, mas na época ele estava ocupado com o Evile. Nós o convidamos novamente no álbum seguinte, mas ele casou-se, teve filhos e se aposentou do ramo musical, então estivemos aguardando a melhor forma de realizar esta nossa ideia. Eis que surge o Damir, que é um bom amigo nosso, e ele mora próximo de nós. Quando o encontramos, sabíamos que essa seria nossa chance de ser um quarteto novamente. Dava pra ser feito antes, mas preferimos fazer no momento correto com a pessoa correta. Damir foi uma adição perfeita ao Destruction!

20 anos sendo um trio, de repente voltam a ser A volta da banda para um quarteto. Em que mo- quatro integrantes inter-


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feriu nas músicas onde só havia uma guitarra, ou foi tranquilo? No estúdio quando gravamos sempre usamos duas guitarras, então foi fácil. Agora nossas músicas podem ser executadas da forma que elas foram pensadas, com energia e mais possibilidades.

co na banda e isso ajuda bastante a alcançar os objetivos. O que presença deles contribui na manutenção do Destruction por mais tempo? Acho que é importante melhorar o que nós temos, fazer durar mais, e esse foi um importante passo em fazer o Destruction durar por mais A entrada de Randy e Da- tempo possível. Temos uma mir põe mais sangue fres- formação com dois novos mú62 // rock meeting // JUNHO . 2020

sicos que são excelentes, e que se encaixam bem na banda. Acho que sim, aumentamos a longevidade da banda com esta decisão. Estamos ansiosos para lançar mais álbuns, fazer mais shows, e assim que possível apresentar esta nova formação a nossos fãs na América Latina. Se eu fosse apresentar o Destruction para alguém


eu escolheria “Thrash ‘Till Death”, pra mim é a música que representa a banda. É poderosa, enérgica, o som que o Thrash deve ser... Já ficou de fora alguma vez do setlist? Não, não! Essa é uma música que sempre tocamos, desde que gravamos o álbum em 2001 ela não saiu do setlist. “Thrash ‘Till Death”, e “Nail to the Cross”, são as duas faixas do “The Antichrist” que

viraram hinos da banda. Se não tocarmos, vai ser ruim. Fizemos uma turnê chamada “Thrash Classics” em 2011 se não me engano, junto com o Sepultura e Exodus. Era pra tocarmos só músicas antigas, dos primeiros álbuns, mas me lembro de um show em Munique em que os fãs gritavam “THRASH ‘TILL DEATH! THRASH ‘TILL DEATH!” o tempo todo, então tivemos que tocar! Era pra ser ape-

nas músicas antigas, mas isso mostra que essa música é uma das mais importantes na história do Destruction. Schmier, vocês já estão com quase 40 anos de estrada, imagino que ainda tem fôlego para mais anos, mas já pensou no dia que o Destruction parar como fez Slayer, Black Sabbath, por exemplo? Esperamos ter muitos anos de


capa . destruction

Estamos fazendo um documentário sobre o Destruction

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estrada pela frente! Somos da Primeira Geração do Thrash Metal, mas se você ver bandas como o Black Sabbath que estão se aposentando agora verá que eles são 20 mais velhos que nós! Se fizermos isso pelo mesmo tempo que eles, ainda teremos mais uns 20 anos pela frente. Isso seria incrível! Mas a verdade é que não sabemos até quando dá pra tocar Thrash Metal... o Slayer já parou (eu acho que vão voltar, mas essa é outra história), mas é um gênero muito intenso de tocar e vamos ter que

descobrir se dá pra tocar com 70 anos de idade. Schmier numa entrevista você disse que o show mais louco que já tocou foi no Rock El Parque, na Colômbia. Disse ainda que o público estava bem selvagem. O fã de metal sul-americano demonstra mais suas emoções nos shows do que o europeu? Vamos dizer que o sangue latino-americano ferve nas veias! Você vê isso desde jogos de


futebol a concertos musicais. Os fãs são selvagens, e os fãs europeus são um pouco mais reservados. Os shows mais insanos com certeza são na América Latina! Shows na Espanha e Portugal também têm uma energia similar, mas nada se compara à América Latina. Schmier você é próximo de Fernanda Lira e Prika Amaral. Como você recebeu essa notícia da saída de Fernanda e Luana? E o que achou da nova formação do Nervosa?

É sempre triste quando uma banda se separa. Eu não tenho detalhes do porquê que isso aconteceu, mas é normal que as pessoas mudem, tenham novos objetivos e opiniões. Por um lado, é triste porque essas mulheres trabalharam muito duro para chegar onde estão, mas fico feliz que a Prika irá continuar. Ela inclusive me apresentou as novas integrantes antes da divulgação oficial, e eu fiquei muito feliz com as escolhas, são todas muito competentes e poderão continuar com a Nervosa, é um legado muito importante

a se manter. Também desejo sucesso à Fernanda em sua nova direção, obviamente. Pandemia. Como está sendo esse momento para você, o que tem feito? E como estão as coisas por aí na Alemanha? O coronavírus foi um choque, é claro. Mas depois que tivemos a ideia do álbum ao vivo temos ficado bem ocupados. Mixar o álbum, masterizar, fazer a capa, o encarte, produzir os vídeos... As últimas semanas têm sido bem cheias, e agora estou fazendo a promo-


capa . destruction

ção do álbum, então para mim não foi tão ruim. Eu pude relaxar um pouco em casa, depois me mantive ocupado. Foi um pouco frustrante no começo, mas acho que sem esse álbum teria sido bem pior. Todos os dias nascem muitas bandas. Quais bandas você acredita que vão chamar atenção? Ou melhor, que você aposta no crescimento delas? Se quiser tecer algumas palavras para cada banda... Existe uma banda chamada 66 // rock meeting // JUNHO . 2020

Burning Witches, que estou gerenciado e produzindo o álbum. Espero que elas um dia tenham a chance de ir à América Latina, porque eu tenho certeza que vocês iriam adorar. São garotas tocando heavy metal, é a melhor coisa! Eu também fico de olho em outras bandas que vão surgindo na cena Thrash, como o Suicidal Angels da Grécia, Warbringer dos EUA, Crisix da Espanha que vão nos dar suporte na próxima turnê. Existem muitas bandas surgindo, e fico muito feliz com

isso! Ainda não sei quais serão os futuros ícones, mas com certeza será uma boa geração. É isso, muito obrigada por essa entrevista. E fica o espaço para o seu recado para os nossos leitores. Sucesso sempre. Fiquem em casa! Espero que isso tudo acabe logo, no Brasil também! Amamos demais o Brasil e esse sentimento não tem fim. Esperamos voltar assim que possível e apresentar nossa nova formação aos nossos loucos fãs brasileiros!



INTERVIEW

CRYPTA em novo projeto, Fernanda e Luana lanรงam Crypta

TEXTO pei fon // Foto Marta Ayora

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interview . crypta

english version

T

irar um projeto da gaveta e trazer à ‘vida’ não é para qualquer um. É planejar, é ter aquela oportunidade, é ter coragem. E assim foi. Após a saída de Fernanda Lira e Luana Dametto, as meninas recrutaram outras duas e tiraram a Crypta do campo das ideias e hoje é algo real. Sonia Anubis e Tainá Bergamaschi, ambas guitarristas, formam 0 quarteto de mulheres do death metal. Luana conversou conosco e fala de tudo um pouco, mas, principalmente, do futuro da banda. Leia agora mesmo! Crypta já foi apresentada com grandes nomes da cena Rock/Heavy Metal. Na nota disse que já existia desde 2019. Vocês já haviam se reunido antes ou já era de alguém e vo70 // rock meeting // JUNHO . 2020

cês chegaram para unir as forças? Luana Dametto - Começou em 2019 como uma ideia, não como uma banda e nem com todas as integrantes, era apenas a ideia de um projeto paralelo. Sempre quis tocar Death Metal novamente, e a Fernanda sabendo disso, decidiu junto comigo começar um projeto, para que aos poucos fossemos compondo e expandindo nossos horizontes dentro da música, sentimos essa necessidade e não havia motivo pra não começar um projeto, afinal quase todo música tem vários projetos paralelos. Como eventualmente as coisas mudaram e não estávamos mais tocando na Nervosa, decidimos que esse projeto poderia se tornar algo mais sério, uma banda. Convidamos a Sonia pra se juntar a nós, pois sempre fomos fãs dela, e acabamos nos tornando amigas também. Queríamos mais uma guitarrista, e sabíamos que tinha de sobra musicistas competentes dentro do Brasil mesmo, mas antes que pudéssemos avaliar



interview . crypta

melhor as pessoas que encontramos, a Tainá encontrou em contato conosco e se juntou a banda. Sonia conhece o cenário europeu e Tainá será uma iniciante no meio. Como unir diferentes mundos no mesmo caminho? A Tainá ainda é nova em experiências, mas diria que já é uma musicista profissional, ela só estava procurando por uma banda onde pudesse se fixar, mas já é muito além do que esperávamos de uma guitarrista nova na banda. Creio que tudo vai dar certo sem muito planejamento, pois mesmo que a banda fosse toda brasileira, o Brasil é muito grande e não poderíamos nos ver a todo momento. Podemos ir pra Europa ensaiar com a Sonia quando houverem tours, caso contrário ela pode vir aqui pro Brasil e passar um tempo conosco, tudo ainda está dentro do 72 // rock meeting // JUNHO . 2020


foto - banda/divulgação

conveniente. Todo mundo já esperava a parceria Luana e Fernanda, mas Death Metal talvez improvável. Você tem um pé no estilo, como é unir o ‘útil’ ao agradável? Se sente mais confortável fazendo o que mais gosta? Na verdade, muita gente achou que iríamos sair do mundo da música e parar de tocar, também por isso divulgamos essa banda tão cedo, sem ter música propriamente gravadas, porque queríamos mostrar pra galera que ainda faríamos shows por aí. Acho que ir pro Death Metal era a opção mais provável que tínhamos, pois sempre tive bandas de Death, e também sempre foi o que mais ouvi e ouço até hoje. A Nervosa já tinha tomado um rumo em que certas músicas já puxavam um pouco pro Death, e também pela minha vontade de colocar certas linhas de bateria características do estilo aqui e ali. Então pra Fernanda isso foi bem natural, quando pensamos em fazer algo novo, nem tivemos que conversar sobre isso, pois já

sabíamos que seria Death Metal. Me sinto bem confortável tocando o que mais gosto, e também tendo mais liberdade para expressar minhas influências nessas músicas novas, esperamos apenas estar satisfeitas com nosso próprio trabalho, e mostrar pras pessoas e receber um feeback honesto. Death Metal será um desafio para Fernanda, principalmente no vocal. Ela que sai mais do fry para o growls. Como está sendo esse estudo e a adaptação do novo estilo vocal? Aliás, vai haver variação vocal? Acredito que a Fernanda só teve a oportunidade de mostrar sua capacidade vocal dentro do Thrash Metal, pois foi essa a proposta de som que a Nervosa tinha/tem. Assim como ela tem um vocal limpo que não foi muito explorado com bandas, também está estudando novas técnicas de gutural, não vamos falar muito do que estamos fazendo porque não queremos colocar expectativa, mas vai ter novidades em termos de vocal, ela já me mostrou alguns trechos


interview . crypta

novos e estamos bem felizes juntas, e acabou sendo algo muito maior, muitas proposcom os resultados. tas e interesse das pessoas em Tudo é muito novo e ex- saberem mais. Estamos admicitante ao mesmo tem- nistrando bem, cada uma tem po. Nesse momento de sua função na banda e todo pandemia vocês estão mundo está fazendo sua parte com tempo para pensar e pra que a gente possa responproduzir. Como estão ad- der o máximo de coisas possíministrando o tempo, as veis e atender a todo mundo conversas, ensaios, pro- que ficou animado com o nosso anúncio. Quanto a ensaios dução...? Ficamos impressionadas com e produção, por enquanto não a reposta que as pessoas ti- estamos fazendo, pois a quaveram ao nosso anúncio, só rentena não nos permite viaqueríamos mostrar que ainda jar pra fazer isso, mas assim estávamos na ativa e tocando que essa quarentena acabar 74 // rock meeting // JUNHO . 2020

já pretendemos entrar em estúdio, ensaiar e entrar em tour. No momento, o máximo que podemos fazer é compor e trabalhar nas redes sociais, responder e-mail… Como chegaram no nome da Tainá Bergamaschi? Já acompanhavam o trabalho, é conhecida de vocês? Não conhecíamos ela, porém quando anunciamos um vídeo bem curto da gente tocando no Instagram dizendo que teria uma banda nova surgindo,


um pouco desconhecida no Brasil. Como é tê-la nesse cast e como foi a receptividade do convite? Sempre admiramos muito a Sonia, como pessoa e musicista. Quando começamos esse projeto e pensamos que precisávamos de uma guitarrista, a primeira coisa que veio na nossa mente foi a Sonia, conversamos com ela e ela ficou bem animada com o convite, afinal já tínhamos tocado com a Burning Witches e conheSonia não precisa de cido a Sonia pessoalmente. apresentações, por mais Caiu como uma luva, ambas que Burning Witches seja as partes estavam animadas ela mesmo mandou mensagem pra Fernanda mostrando o trabalho como guitarrista e expressando sua vontade de viver de música, tivemos um tempo conversando e logo vimos que a Tainá era a pessoa certa pra se juntar a banda Ela é nova na cena, mas já é uma ótima guitarrista, é legal ver que agora mais pessoas, que assim como nós, descobrimos ela a pouco tempo, já estamos animadas de vê-la tocar.

para trabalhar juntas e tocar Death Metal de novo. Impossível não mencionar a saída de vocês do Nervosa. Particularmente, em que momento você sentiu que não era mais isso que queria para ti, Luana? Você já estava decidida ou viu na saída da Fernanda a sua tomada de decisão? Não tem um momento chave que eu possa dizer “isso aconteceu e agora não quero mais”, o desgaste é algo que acontece devagar e de uma


interview . crypta

forma muito sutil, até que um dia todos percebam que já não é o mesmo. Isso acontece em todo tipo de relacionamento, seja numa amizade, um casamento, numa banda ou qualquer outra coisa. Eu senti o meu desgaste como elas também sentiram. A decisão que tomei não foi influenciada por ninguém, pois cada uma tem sua própria experiência como pessoa, só sentimos que cada uma seria mais feliz começan76 // rock meeting // JUNHO . 2020

do uma jornada nova. Nunca vamos deixar de ser gratas pela nossa história, e nem deixar de ter orgulho do que fizemos com a banda, sempre gosto de deixar isso bem claro, é algo importante pra mim. Prika mencionou que foi um desgaste natural. Em virtude disso, o que vocês pretendem fazer de diferente para que isso não aconteça novamente?

Não vou ficar citando o que será e não será feito de diferente entre uma banda e outra, porque acho que não há certo e errado, só jeito diferentes de lidar com as coisas. São bandas diferentes, propostas diferentes, pessoas diferentes, cada um lida de um jeito com as situações que a vida dá, e não existe uma resposta certa pra essa pergunta, assim como ninguém sabe qual é a chave de um relacio-


fotos - bandA/divulgação

namento que dura a vida toda. Vamos experimentando o que melhor se adapta a realidade dessa banda em si. Voltando ao Crypta, todos imaginam que estão produzindo. Vocês estão sentindo essa pressão? Sentimos que as pessoas estão animadas pra ouvir nosso som, e isso nos deixa animadas também, mas não pressionadas. Estamos na qua-

sucesso sempre! Quando tivermos a possibilidade de viajar e voltarmos as nossas rotinas da vida antes do corona. Vamos gravar o disco e divulgar o quanto antes, mas não tem como dar uma data e nem uma previsão, pois algo muito maior está acontecendo no mundo todo. Muito obrigada pelo esPor fim, quando pode- paço, e obrigada as pessoas remos ouvir o som do que leram essa entrevista, nos Crypta? Muito obrigada e vemos por aí! rentena, e não teríamos como gravar agora de qualquer forma, então temos tempo pra fazer tudo com calma, e ir mostrando aos poucos pra galera nas redes sociais. Mesmo que não estivéssemos na quarentena também, acho que tudo ocorreria de maneira natural como está acontecendo agora.


INTERVIEW

LASTING

MAZE Prometendo uma pegada mais pesada, a banda lança “tHUNDER”, MÚSICA DO NOVO ep TEXTO renato sanson // Foto ZENDEN SILVA

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interview . lasting maze

Vocês acabaram de lançar um novo single, “Thunder”, como está sendo a repercussão do mesmo? Grazy Mesquita - Olá, Renato. Primeiramente gostaríamos de agradecer a você, a Rock Meeting, a Pei Fon e ao Alcides Burn por esta entrevista. Muito obrigada por apoiarem o rock nacional e por fazerem este excelente trabalho. O nosso novo single foi muito bem recebido, já está disponível nas principais plataformas digitais e muitos elogiaram no quesito técnico e na evolução da banda como um todo em sua sonoridade. É muito bom perceber que estão de olho no nosso trabalho e no nosso amadurecimento como compositores e instrumentistas. Elogiaram bastante também o lyric video que acompanha o single, quem quiser conferir ele está disponível no nosso canal no Youtube, inscrevam-se e acompanhem as novidades.

que está por sair, o que podem nos adiantar? Grazy - Podem esperar um instrumental ainda mais pesado, um pouco de eletrônico, sinfônico, referências das nossas bandas japonesas favoritas, refrões que vão grudar na cabeça, e claro, não pode faltar também nossa essência, contando com sensibilidade nas letras e arranjos de teclado mais refinados. Este novo trabalho se mostra mais enérgico que o nosso primeiro EP, o “Silent Spring”, adoramos o resultado final e estamos muito ansiosos para compartilhar com o público. Com exclusividade para vocês da Rock Meeting gostaríamos de revelar o tracklist do EP: 01. Thunder 02. Greatest Sin 03. To The Wolves 04. Kosmos 05. Destiny (Carry on)

“Thunder” mostra ótimas melodias e um bom refinamento com uma mescla do Alternativo e Metal Melódico. Como foi o proReferente ao futuro EP cesso criativo do mesmo? 80 // rock meeting // JUNHO . 2020


Grazi Mesquita - Vocalista do Lasting Maze


interview . LASTING MAZE

Pedro Anselmo - Muito obrigado pelo elogio! É ótimo saber que a música está sendo bem recepcionada! A melodia de “Thunder” teve forte inspiração na música “Rainbow in the Rose” do Winger, de 1990. Sou fã de carteirinha dessa banda. A principal semelhança está no refrão, em que a voz é solada junto com a guitarra, a base é bem cadenciada e a bateria faz muitas viradas. Sempre tive fortes influências de estilos melódicos e, hoje em dia, tento adaptar as composições aos estilos mais em alta. Por exemplo, o Metalcore tem muita pegada rítmica, com breakdowns bem trabalhados. Isso é um aspecto que buscamos trazer para as novas composições. Com está situação assustadora em que estamos passando referente ao Covid-19, como está sendo o dia-a-dia da banda? 82 // rock meeting // JUNHO . 2020


Grazy - A pandemia nos afetou de diversas formas, assim como vem afetando os brasileiros e o mundo de forma geral. Não podemos mais nos reunir para ensaiar, nem realizar shows, e isso faz muita falta, sentimos falta de tudo isso. Estamos levando o isolamento a sério para que tudo isso passe o mais rápido possível. Tivemos que adiar o lançamento do EP que estava planejado para o mês de abril de 2020, e foi algo que nos frustrou bastante, mas vamos contornar a situação.

Pedro Anselmo - Guitarrista do Lasting Maze

Em relação ao primeiro EP da Lasting Maze – “Silent Spring” (16) – que foi baseado na obra Primavera Silenciosa da Cientista Rachel Carson. Como funciona as inspirações para a parte lírica? Grazy - Para o EP “Silent Spring” cada música teve uma inspiração distinta, mas tomamos uma temática e cenário pós Segunda Guerra Mundial. A letra da música de “Silent Spring” veio após eu ter uma aula na faculdade, onde um de meus professores falou sobre a importância

do livro Primavera Silenciosa escrito pela bióloga marinha norte-americana Rachel Carson. O livro foi publicado após a Segunda Guerra, e falava sobre como a ignorância do ser humano vinha afetando a si próprio e a natureza ao seu redor, utilizando pesticidas e DDT de forma insustentável. O uso de forma indiscriminada desses defensivos agrícolas pela população vinha poluindo o meio ambiente, afetando a saúde humana e matando os insetos de todo o local. C o n s e que n t em ente, sem insetos e sem polinização, não haveria comida e frutos, também não haveria flores e nem podia se ouvir o canto dos pássaros, a vida estava se esvaindo, passando a ser uma primavera silenciosa. Esse livro foi bastante importante e corajoso para a época (anos 60), ele despertou a consciência ambiental e também a fúria das indústrias químicas. Após ele ser lançado passaram a ser mais criteriosos com a quantidade e uso de pesticidas utilizados. Essa aula me prendeu bastante quando percebi como o livro era poético, audacioso e


interview . lasting maze

trágico ao mesmo tempo. Em termos de repercussão, qual foi o impacto de “Silent Spring”? Grazy - Foi excelente, pois foi nosso ponto de partida. Muitos tomaram conhecimento sobre a Lasting Maze devido ao lançamento do EP. Recebemos várias mensagens de outros países, como Alemanha, Portugal, Japão, onde elogiaram bastante nosso trabalho. Participamos das coletâneas: Roadie Metal vol. 9 e Coletânea Sertão Metal, 84 // rock meeting // JUNHO . 2020

tocamos em diversos festivais e recebemos muitos convites para tocar em outros Estados do Brasil. Esperamos que o novo EP também seja tão bem recebido quanto o nosso primeiro foi. Ainda sobre o Single “Thunder”, o novo lançamento seguirá essa linha? Pedro - As músicas inéditas seguirão sim essa linha entre Metal Melódico e o Alternativo. Nós procuramos meios de preencher as músicas e dar uma ambiência com diferen-

tes aspectos, variando para cada uma delas. Esperamos que gostem do resultado final, e estamos ansiosos para lançar. Mais informações - A Lasting Maze é natural de Mossoró-RN, e é composta por Pedro Anselmo (Guitarrista), Isaac Barros (Baixista), Mick Souza (Baterista) e Grazy Mesquita (Vocalista e tecladista). A banda mescla influências como: metal melódico, sinfônico, alternativo e J-Rock.



Review

BURNING WITCHES DANCE WITH THE DEVIL

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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Review

DESTRUCTION BORN TO THRASH

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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VADER

SOLITUDE IN MADNESS

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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TESTAMENT

TITANS OF CREATION

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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ALCEST

SPIRITUAL INSTINCT

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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PARADISE LOST OBISIDIAN

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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KATATONIA CITY BURIALS

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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BLUE ÖYSTER CULT CULT CLASSIC

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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CIRITH UNGOL FOREVER BLACK

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.

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Review

KILLSWITCH ENGAGE ATONEMENT II

. MARCOS GARCIA headbanger desde 1983, redator/escritor do metal mind reflections, colaborador da rock meeting. escreve para metal temple e headbangers Latinoamerica.


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INTERVIEW

BRUNNO MARIANTE com 15 anos de carreira, o vocalista brunno mariante contra sobre a sua trajetรณria TEXTO Carlos Henrique Bueno Foto Carlos Rincon e Almir Batista


interview . brunno mariante

P

ara a edição de junho, a Rock Meeting entrevista o vocalista Brunno Mariante. Ele nos fala de seus 15 anos de carreira, de suas ex bandas, de seu trabalho solo atual chamado Bruno Mariante - Heal or Kill, de seus dois cd’s lançados, sobre sua participação na banda V Project, e da participação de Blaze Bayley em seu trabalho. Confiram! Como você começou a se interessar por música, a escutar heavy metal, ser vocalista, a montar bandas? Chegou a fazer aulas de canto? Brunno Mariante - Música em si eu já tinha interesse desde criança. Tive o privilégio de ouvir Rock cedo demais, minha mãe já escutava muito Queen e Beatles. De certa forma a assimilação de uma criança acontece de uma forma bem mais acelerada e tive estimulo para me aprofundar. 98 // rock meeting // JUNHO . 2020

O Metal foi uma consequência muito natural que acabou ocorrendo, já que eu sempre me atraí por este lado mais pesado do Rock. Aos 12 anos eu já estava adquirindo fitas K7 de bandas como Black Sabbath, Iron Maiden, Motörhead, etc...

As aulas de canto começaram em 2004/2005. Fiz um ano de Canto Popular com o Professor Fabiano Negri (Rei Lagarto) e em seguida com Juninho (Just/Salada Russa) no qual permaneci por quatro anos ininterruptos. Mas também cheguei a fazer aulas de


guitarra e baixo no meio desse período. Coisa que abriu muito minha cabeça para compor minhas próprias músicas no futuro. Você tem 15 anos de carreira. Fale um pouco de suas ex bandas, Nitrojam e Vindicta, chegou a lançar álbuns com elas?

Como surgiu a ideia de partir para uma carreira solo? A Nitrojam foi a minha segunda banda por sinal. Dentro dos 11 anos em que ela durou, eu cheguei a lançar uma demo com vários covers, em seguida o primeiro CD de estúdio com 98% das composições de minha autoria. Foi o “Feel the Power”, um álbum que até hoje eu uso para retirar referências para vários paradigmas em que sinto para uma certa trava psicológica em atuais composições. Se eu tenho uma dúvida de como fazer uma boa ponte para solo de guitarra, ou um refrão grudento, riff marcante, ouço novamente este CD e logo tenho um atalho para finalizar uma música. Eu também lancei o segundo CD na Nitrojam intitulado “A Symphony of Horror”, esse já foi o meu primeiro álbum conceitual. Eu havia assistido ao filme clássico do cinema expressionista alemão, Nosferatu. Por ser preto e branco e também um filme mudo de domínio público. Pensei: Por que não usar esse material todo como base pra um disco de metal?


interview . brunno Mariante

Foi aí que eu comecei a sequenciar cada ato do filme em uma diferente música que contaria a saga do vampiro do início ao fim. De forma ousada, eu extrai os textos das legendas do idioma inglês e inseri seus elementos nas letras das músicas. Dando uma dinâmica de “Easter Eggs”. Depois deste lançamos um CD ao vivo da banda com 10 faixas e as melhores músicas destes dois discos de forma compilada e, por final, o melhor CD dessa banda que também foi o de despedida, 100 // rock meeting // JUNHO . 2020

“Twilight Zone” que voltaria as raízes da banda dos tempos de “Feel the Power”, já que o segundo disco foi algo extremamente diferente em termos de sonoridade. Mas também tivemos um EP da banda Vindicta lançado, “Wanderlost”. Um mini álbum conceitual que contaria a saga do garoto Roy perdido em algo nebuloso que pode ser interpretado de muitas diferentes formas: Um pesadelo, sua recente morte no plano espiritual ou uma viagem a um mundo obscuro.

Em seguida, a banda Vindicta também lançou um CD ao vivo que contava com o Wanderlost na íntegra e mais outros singles inéditos. Minha banda solo foi um projeto feito inicialmente como uma brincadeira de gravar coisas em home studio e acabou me levando pra Londres para um bate-papo com o empresário do Blaze Bayler (Ex-Iron Maiden). Nunca imaginei que isso fosse tomar essa proporção. Eu só estava gravando algumas músicas em casa com aparelhos sim-


ples para ter um futuro CD solo com composições não aceitas pelas minhas bandas Nitrojam, Vindicta e algumas coisas que eu estava criando naquele momento. Comecei a convidar alguns amigos pessoais para participar de uma música ou outra e fazer parte disso. Então comecei a chamar pessoas mais importantes e de um peso. O primeiro foi o Vitor Rodrigues (Ex-Torture Squad /ex-VoodooPriest /Victorizer). Quando eu vi que aquele projeto simples já não estava mais tão simples foi que co-

mecei a mudar alguns conceitos pessoais. Chamei meus amigos mais próximos para formarem uma banda para fazer shows ao vivo e aí tudo foi acontecendo de forma natural. Em 2018 você lançou seu primeiro álbum Brunno Mariante, “Heal or Kill”. Além de sua banda, o álbum teve participações de vários músicos como Felipe Machado, Val Santos, etc... Como surgiu a ideia de convidar esses músicos principalmente

o Blaze Bayley? Quando o meu CD solo estava “no forno” e prestes a estar no ponto para ser servido, eu fui procurar Val Santos (Ex-Viper/Toyshop) para que ele fizesse a mixagem, foi então que ele me sugeriu fazer uma pós-produção de peso no CD em geral. O Val é um cara extremamente responsável e se ele coloca a mão em um trabalho, ele faz que seja realmente “Du Caramba”. Ele começou a refazer algumas músicas praticamente do zero pra dar um toque a mais, músicas como “Shadows Remain” e “New


interview . brunno Mariante

Holy Fire” ele potencializou e transformou nos dois principais hits do CD. Já que ele mesmo estava participando das gravações, acabou chamando o Felipe Machado (Viper) para gravar dois solos no CD. O nível do produto final já estava cada vez mais elevado. Foi aí então que decidi chamar um convidado especial de um peso fora do comum, já que aquilo era o meu CD de estreia como vocalista solo. Por que não chamar um ex membro do Iron Maiden? Uma das 102 // rock meeting // JUNHO . 2020

maiores bandas de Metal do mundo! Aquilo foi a cereja do bolo, procurei os contatos dele nas redes sociais e encontrei seu empresário. Depois de um tempo conversando, eu peguei um voo e fui até Londres para conversar pessoalmente e bater o martelo. Fala para nós como foi a divulgação e aceitação desse álbum. Sei que você foi para Londres divulgar o álbum, e chegou a fazer shows por lá e divulgar em rádios. Conte nos como foram esses shows e a

aceitação do público com seu trabalho. A divulgação dele até que foi bem simples, o básico de se criar as redes sociais e ir soltando material confeccionado, vídeos de shows que rolavam. Já a aceitação do disco foi um tiro muito certeiro. As pessoas compraram praticamente todo o meu estoque e as músicas são ouvidas nos canais streaming em muitos países da Europa como Alemanha, Inglaterra, Suécia. Eu sei disso, pois sempre estou de olho nas estatísticas dos


meus canais nessas plataformas. Nesta minha primeira viagem para Londres, eu realmente fui até uma rádio rock local (Radio Trend City) do bairro Candem Town e lá conversei com o apresentador e ele me chamou para cantar uns covers ao vivo, um tipo de Karaokê ao vivo. Cantei dois sons icônicos “NIB” do Black Sabbath e depois em um outro dia “Bark at the Moon” do Ozzy. Mas ainda não tinha o CD lançado, pois estávamos nos momentos finais. Já no ano seguinte, eu voltei para

Londres com o CD em mãos e para cantar lá ao vivo em dois pubs: The Castle e The George and The Dragon. Foi uma experiência sensacional, vendi praticamente todo o meu merchandising (CDs, camisetas, palhetas). As pessoas gostaram e também me chamam sempre para voltar até lá para fazer novamente. Além de seu trabalho solo você é vocalista da banda V Project, banda do baterista Sergio Facci (Vodu/ Volkana/Viper). Fale como surgiu esse convite

para participar da banda? Chegou a fazer teste? Eu já conversava com o Sergio na época em que ele estava criando o V Project, mas ele já tinha os vocalistas certos para este projeto. Era algo para relembrar os tempos das consagradas bandas: Viper, Vodu e Volkana. Portanto tinha que ter vocalistas e membros relacionados a esta época. Tanto que no show de estreia a banda tocou com André Gois que é o vocalista da formação clássica do Vodu e a segunda vocalista da banda Volkana. A


interview . brunno Mariante

banda inicialmente teria muitos integrantes, várias trocas de guitarristas também no decorrer do show. Porém o Sergio resolveu mudar o formato para ser um quinteto e facilitar uma possível Tour na questão de logística. Foi aí então que ele me chamou, e teve teste sim. Por sinal foi na véspera do meu aniversário. Como presente eu entrei na banda, apesar de que cantei coisas como “Living For the Night” que eu jurava que seria a minha derrota naquela situação. Mas que naquele momento deu tudo certo. Em 2019 você lançou seu segundo álbum “No time to Waste” novamente contando com vários convidados. Conte-nos como tem sido a aceitação, como foram as gravações, a divulgação... Chegou a fazer de show de lançamento? E até que ponto essa parada devido a pandemia atrapalhou na di104 // rock meeting // JUNHO . 2020


vulgação? Bom, nem tudo são flores nesta vida como todos sabem. Tudo deu muito certo no momento das gravações e do lançamento do meu primeiro CD solo. Já chegando no segundo, apesar de não ser bem um álbum e sim um compilado, me preparei mais para fazer coisas um degrau acima. Confeccionamos uma bandeira de fundo para o palco com a capa deste disco, fiz uma quantidade boa de CDs para vender em show, mais palhetas, mais preparo. O time estava mais experiente no geral para tocar as músicas ao vivo. Chegamos a fazer um único show dessa tour no ano passado e por conta da pandemia todas as nossas datas foram suspensas. Porém deu tempo de lançar um clipe da faixa “Falling Man’s Wrath”. Estamos aguardando que o mundo volte ao normal para que possamos retornar as atividades. Os CDs ainda estão sendo vendidos e as músicas ouvidas nos canais streaming para a alegria de todos. Talvez até esteja sendo mais ouvidas agora do que antes.

Nesse período lançamos um clipe de uma releitura de Queem “Bohemian Rhapsody” com as participações especiais de Marcelo Frizzo (Ex-Pop Javali), Luciana Lys, Flávio Luiz (Maiden-X Iron Maiden Cover) e um guitarrista muito mais que especial Luciano Santos que infelizmente sofreu um acidente fatal antes mesmo deste lançamento e acabamos fazendo uma homenagem para ele. Várias bandas têm lançado seu trabalho em disco de vinil. Você chegou a pensar em lançar seu trabalho nesse formato? Na verdade, sim! Cheguei até a entrar em contato com uma empresa que fabrica discos de vinil, mas eu achei que era tudo muito inviável, pois a empresa fazia apenas quantidades em lotes de 500 unidades no mínimo, na atual situação do mercado de bandas independentes é um “tiro no pé”, além disso a empresa fazia apenas o disco e me entregaria em uma caixa, mas não produzia as embalagens. Daí eu teria que procurar outra empresa que só produzisse as


interview . brunno mariante

capas dos discos que só fazia quantidades acima de 1000 unidades. Logo tudo foi se tornando um plano inviável ao ponto de eu desistir.

to de uma empresa em que eu gerenciava os vídeos, dava treinamentos de filmagem e edição. Mas tudo no mercado farmacêutico e químico.

Você mesmo é quem faz seus vídeos, desde filmagens até a produção final. Como é fazer e produzir seu próprio material visual? É na raça, ou tem alguma formação no meio? Já chegou a produzir para outras bandas? Sim, eu mesmo quem produzo os clipes! Quando fiz minha primeira viagem para Londres, aproveitei o cenário da cidade, os bairros, a neve, monumentos históricos para poder captar boas cenas para fazer meus clipes já que eu já tinha as músicas sem mixagem guardadas no notebook e celular, isso me facilitaria dublar as músicas em quando eu ia me filmando para ter material futuro. Nesta mesma viagem, eu cheguei a captar cenas do Blaze Bayley para inserir no clipe que lançamos da faixa “Liar”. Eu já tinha alguma experiência com vídeos, pois fui chefe de um departamen-

Ser vocalista de duas bandas, de alguma maneira, atrapalha? Dá para conciliar numa boa? Você já está pensando ou compondo um novo álbum ou ainda é cedo demais? Quais os planos para esse ano “diferente” que estamos passando? Eu acredito que até ajuda, pois apesar de eu ter bandas a mais de 15 anos eu realmente nunca vivi disso, não é o meu trabalho principal que garante minha sobrevivência. Então fazer Metal no Brasil jamais te fará fazer shows de segunda a segunda, ou não te deixará com todos os finais de semana totalmente ocupados. Sempre dá tempo de fazer um show nesse sábado com uma banda e no sábado que vem com outra banda. Os ensaios também não dão choque de dia ou horário, se você é bem organizado e deixa sempre tudo claro na sua agenda, jamais terá pro-

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blema. Houve duas únicas vezes que eu mesmo permiti fazer dois shows com bandas diferentes no mesmo dia e no mesmo local, foi bem difícil, mas deu tudo certo. 15 músicas com uma banda e em seguida mais 15 com a outra. Eu acho que outra questão que ajuda é o network. Você se apresenta com uma banda em um determinado bar e já oferece um show para a sua outra banda no mesmo local, sempre mantem a performance de palco em dia, pois sempre está em atividades. A única coisa que dificulta é quando as duas bandas pedem ao mesmo tempo para que você treine uma quantidade de músicas inéditas. Considerações finais. Deixe um recado aos leitores da Rock Meeting e seus contatos aos interessados em adquirirem seu trabalho. Queria agradecer acima de tudo a oportunidade de estar aqui pela primeira vez, agradecer ao grande Henrique Bigode por dar todo esse suporte para minha banda solo. Acompanhem o meu trabalho através de meu Website e minhas redes sociais.


INTERVIEW

IAN DI LEO “concertos são experiências”, essa é máxima verdade que Ian di leo diz sobre a produção de eventos TEXTO Jéssica Mar // Foto: arquivo pessoal

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interview . ian di leo

Como começou seu interesse por música, shows... Até criar a IDL Entertainment? Ian Di Leo - Antes de tudo, obrigado por esta entrevista, é bom quando a imprensa reconhece o trabalho de alguém e eu aprecio isso. Na verdade, tudo começou com um amigo brasileiro. Ele era novo no Uruguai e me perguntou se eu poderia ajudá-lo a encontrar músicos para criar uma banda (isso aconteceu quando eu estava no ensino médio). Eu o ajudei e depois me conectei com outras pessoas que tentaram abrir um estúdio de gravação e tudo começou lá. Meu primeiro show como promotor foi quando eu tinha 23 anos, trouxe Mark Boals para o Uruguai.

que é uma agência de imprensa para bandas de rock e metal, mas nos especializamos na imprensa latino-americana. Basicamente, nosso foco de imprensa está na América Latina, mas as bandas podem ser de qualquer lugar do mundo. Também tenho dois sites de metal e rock para o mercado latino-americano e um para o público brasileiro.

Com muitas bandas renomadas anunciando aposentadoria, como Kiss, Sabbath, Motörhead, Slayer, entre outros, qual o futuro que você vê para os grandes eventos? Você acha que as bandas atuais podem vir a se tornar tão grandes como essas? Definitivamente, eu não acho que nenhuma banda atual se tornará tão grande quanto as que você mencionou. Principalmente por causa da diferença nos mercados no passado (principalmente nos anos 70 e 80). Naquela época, a quantidade de bandas Você tem outros projetos era menor do que agora, mas além da produtora? não apenas isso, também, a Na verdade, tenho a IDL Press, mídia era muito estreita: pri110 // rock meeting // JUNHO . 2020



interview . ian di leo

meiro, rádio, depois MTV. Portanto, “poucas” bandas mais “poucos” canais de mídia são iguais as melhores oportunidades para essas bandas. O que estou tentando dizer é que antigamente a competição não era tão feroz como agora (menos bandas) e a mídia era controlada por “poucos” meios de comunicação. Portanto, se você tiver 200 bandas e 5 meios de comunicação, é mais fácil do que se você tiver 20000 bandas e 1000 meios de comunicação. Menos bandas e menos meios de comunicação significam mais exposição e mais atenção dos potenciais consumidores. Mais bandas e mais meios de comunicação significa muito produto (bandas) em um público muito diversificado em um mar de meios de comunicação, sendo nenhum deles o verdadeiro rei (como costumava ser a MTV). Eu acho que o metal nunca vai morrer, mas se quisermos que o metal cresça, precisaremos de algumas bandas para se destacar de uma maneira 112 // rock meeting // JUNHO . 2020


mais comercial, a fim de atrair “não metalheads” para a cena. O Ghost é uma dessas bandas, mas de alguma forma eu sinto que eles cresceram o máximo que podem e estão tocando seu teto. A pandemia do COVID 19 pode ter atrapalhado muito essas bandas que estavam em turnê de despedida? Acha que eles terão certo receio de continuar com a turnê de despedida e decidam acabar sem realizar os shows? Eu acho que não. Uma vez resolvido, eles prosseguirão com esses shows.

(risos). Você recebeu esse aviso justamente enquanto estava em turnê com o Jinjer, certo? Como tudo ocorreu? A banda também ficou abalada? Sim, estávamos no México naquele momento. Foi como escapar de um tsunami. Primeiro tocamos em El Salvador, depois Guatemala e depois três shows no México. Um dia depois de deixarmos El Salvador, o governo fechou o país inteiro, e a mesma coisa com a Guatemala. Enquanto no México, havia uma vibração muito “relaxada”, pois ninguém estava falando sobre cancelamentos ou algo assim... Mas então comecei a receber mensagens da Costa Rica, Colômbia e Peru... O Chile ainda estava otimista, assim como a Argentina, Uruguai e Brasil. Mas então (como um dia depois) foi como um efeito dominó e não foi impossível continuar a turnê. Estávamos todos em choque, mas todos lidamos com isso profissionalmente.

Durante esses anos de trabalho, você já produziu diversos shows. Como foi o sentimento de quando você teve que cancelar tudo e entrar em quarentena? Muito difícil de explicar realmente. Ainda não consigo acreditar no que está acontecendo... Era algo como “caramba, precisamos mesmo cancelar isso”, mas acredito que meu cargo deva ser “solucionador de problemas” Devido à crise causada


interview . ian di leo

pelo novo coronavírus, como você vê o setor de shows daqui pra frente? Muitas pessoas pensam que isso vai mudar... Eu não acho que vai mudar realmente. Na verdade, me sinto bastante otimista nesse assunto. Eu acho que o fato de não haver shows está deixando o público “faminto” por shows, o que é bom para o mercado. Eu não acho que haverá mudanças. Concertos são mais do que “um lugar onde você vê uma banda tocando ao vivo”... Concertos são experiências, e 114 // rock meeting // JUNHO . 2020

esses são insubstituíveis. Qual alternativa você encontrou para se manter no mercado, durante a crise do novo coronavírus? Bem, pergunta difícil mesmo. Pessoalmente, tomo esse momento como um momento para a criação de marca (já que mais pessoas estão online hoje em dia) e para o planejamento de uma maneira diferente. Por exemplo, estou começando com Headbangers Brasil, Headbangers La-

tinoamerica, IDL Press e IDL Entertainment, criando uma série semanal de “entrevistas” via Facebook Live. É chamado IDL Talk Series e a ideia é fazer algo diferente, não uma entrevista regular, falar sobre a vida, sobre fatos engraçados, talvez alguns jogos com os artistas, etc... Mas ainda não quero mencionar nada (risos). Também a ideia no futuro talvez seja começar a dar workshops para bandas interessadas em crescer e trabalhar em seu mercado, e talvez oferecer algumas lições


sobre negócios musicais para aqueles que estão interessados em uma carreira no ramo musical. Eu me formei na carreira de negócios de música no Musicians Institute em Hollywood, Califórnia, e sei que as oportunidades de estudar algo como negócios de música na América Latina são muito limitadas, então acho que é uma coisa agradável. Durante a quarentena, você observou alguma alternativa criada pelos sites ou bandas que chamou sua atenção?

Eu notei muitas bandas lançando lyric videos, enviando vídeos tocando em casa, muitos bate-papos ao vivo, crowdfunding, etc. Entre as pessoas da música (músicos, bandas, promotores, roadies, empresas de backline, locais, etc...) e como todo mundo está mostrando muito apoio à nossa indústria. Você quer deixar alguma dica ou recado para produtores menores, que estão começando e todos do setor da música que serão afetados com esta crise?

Aguente firme, seja forte, fique seguro, caia, mas levante-se e continue lutando. Aprenda e não deixe que os buracos da crise financeira interfiram na sua experiência. Estou sempre aberto a qualquer pessoa, perguntas, comentários ou o que eles quiserem me dizer. Todo mundo sabe como me encontrar. Muito importante: sentir-se como “você está sendo chato” pode ser visto como “essa pessoa está realmente determinada com isso” por outra pessoa, portanto, não seja tímido!


REVIEW . rONNIE jAMES dIO

RONNIE JAMES DIO A HISTÓRIA DE UM ÍCONE DO HEAVY METAL por cARLOS henrique BUENO

Ronnie James Dio. “A história de um ícone do heavy metal”. Editora Estética Torta.229 páginas. Lançamento 2020. Finalmente é lançado no brasil a biografia de Ronald James Pandova, mais conhecido por nós como Ronnie James Dio. Para quem não sabe, Ronald começou na música nos anos 50, em algumas bandas de sua cidade, cantando e tocando baixo e trompete, até chegar a banda Elf e mudar o nome para Ronnie Dio. Nos anos 80, Dio chegou ao estrelato com sua sólida carreira solo e lançando discos clássicos como “Holy Diver”, “Last in Line” e “Sacred Heart”. 116 // rock meeting // JUNHO . 2020

Suas passagens pelas bandas Elf, Rainbow, Black Sabbath e Heaven & Hell , dividindo o palco com alguns dos músicos mais renomados do rock como Ritchie Blackmore, Tony Iommi, Vinny Appice e Vivian Campbell, que também são citadas no livro, além de histórias e memórias do primo de Dio, Bill Padavona, seu amigo de colégio Ralf Miller, e seus primeiros companheiros de banda, David Freinstein, Tommy Rogers, Doug Thaler, Mickey Lee Soule e Dick Bottoff. Além disso, há entrevistas e relatos de vários amigos de Dio, como Claude Schnell, Gary Hoey, Jeff Pilson, Vivian Campbell, Rowan Robertson, Tracy G. e até de seu cabeleireiro pessoal Joey Belfiore. No livro, o leitor encontra a discografia e várias fotos de Ronnie James Dio, em vários momentos de sua vida e carreira. Livro altamente recomendado aos fãs desse grande vocalista, que com suas letras carregadas de temas medievais, poderosos vocais e grandes shows, ganhou milhares de seguidores e se tornou amado em todo o mundo. O livro pode ser encontrado em sites de vendas, lojas especializadas em rock e livrarias.



REVIEW . lEMMY

LEMMY a biografia definitiva

por cARLOS henrique BUENO

Lemmy - A biografia definitiva. Autor Mick Wall. 279 páginas. Editora Globo livros. Lançamento 2017. O autor Mick Wall é autor de várias biografias de bandas como Black Sabbath, Metallica, AC/DC, Led Zeppelin, etc. Nessa biografia sobre Lemmy, o autor acompanha Lemmy desde os tempos na escola, no País de Gales, ao início do sucesso nos anos 60, com o Rockin Vicars, ainda da época que foi roadie e dealer pessoal de Jimi Hendrix, até levar o Hawkwind ao topo das paradas em 1972 com Silver Machine. Nesse período, ele foi 118 // rock meeting // JUNHO . 2020

demitido por tomar drogas erradas, para em seguida montar o Motörhead, cujo álbum “No sleep til’ Hammersmith” alcançou o topo das paradas em todo o mundo, se tornando um marco no Heavy Metal. Baseado em várias entrevistas de Lemmy e em conversas com ex companheiros de banda, músicos, roadies, empresários, vários parceiros das gravadoras, esse livro conta a história completa de Lemmy. Com sua morte em 2015, Lemmy deixou uma legião de fãs órfãos, e se tornou uma lenda. E esse livro explica como tudo isso aconteceu. O livro vem com fotos de Lemmy em vários momentos da carreira.




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