WORDS OF EDITOR
LORNA SHORE – TO THE HELLFIRE
. PEI FON @PEIFON JORNALISTA, FOTÓGRAFA E DIREÇÃO GERAL DA ROCK MEETING
Vou aproveitar o momento dessas primeiras linhas do editorial para anunciar algo novo, Editorial Review. Ao invés de falar sobre a cena e seus desafios, essa que vos escreve resolveu escrever sobre o que mais chamou atenção. E nesse momento é o Lorna Shore. Eu já conhecia a banda, mas nunca tinha ouvido com o cuidado que merece. Ano passado, eles lançaram “Immortal”, e nem por isso chamou a minha atenção. A verdade é que eu não estava
preparada para ouvir o som deles. Em junho, veio ao mundo “To The Hellfire”. A banda apresentou o seu novo vocalista, Will Ramos. A impressão geral foi: WTF? De uma forma positiva, claro! É preciso destacar que a escolha de Will Ramos foi muito assertiva. Quando sai um integrante, ainda mais o vocalista, é muito complicado achar um outro que esteja em sintonia com a proposta da banda. Porém, Will dá a sensação que
sempre foi do Lorna Shore e trouxe algo muito importante para o futuro próximo: a vontade de ouvir o que está por vir. Essa nova era que o Lorna Shore está vivendo é só a confirmação do trabalho árduo que vem desenvolvendo há mais de dez anos. Particularmente, sou uma apreciadora de vocais brutais, blast beats (quanto mais melhor, por favor!), riffs melódicos e nervosos ao mesmo tempo. Mas, se isso estiver aliado com orquestra, pode ter certeza que é chance de amar logo de cara. A minha primeira impressão de “To The Hellfire” foi como a maioria das pessoas: olhos arregalados, cenho franzido, uma sensa-
ção de incredulidade junto da pergunta: “como que é esse cara faz isso?”. A banda, atualmente, é formada por Will Ramos, Austin Archey, Adam de Micco e Andrew O’Connor. Esse quarteto traz de volta o deathcore brutal, mais moderno e com elementos de fazer qualquer amante da música pesada enlouquecer. O que são esses breakdowns? Insanamente lindo! Quem é amante de Deathcore, Lorna Shore precisa estar no topo da sua playlist. Aliás, escute a discografia dos caras. É importante entender o caminho que fizeram que os tornam uma das principais referências do estilo.
. PEI FON @PEIFON JORNALISTA, FOTÓGRAFA E DIREÇÃO GERAL DA ROCK MEETING
SUMÁRIO 2021
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08. GUITAR SESSION BY GEORGE MATHEAUS 13. SKYWALKER “LATE ETERNITY” 25. LASTELLE “DELICATE” 37. CONVICTIONS “I WON’T SURVIVE”
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67. LIVE REPORT EPICA
DIREÇÃO GERAL Pei Fon DIREÇÃO EXECUTIVA Felipe da Matta CAPA Thiago Silvestre Chama Publicidade
COLABORADORES Augusto Hunter Bárbara Lopes Bárbara Martins Bruno Sessa Fernando Pires Kayomi Suzuki Marta Ayora Mauricio Melo Rafael Andrade UIllian Vargas
49 JINJER ENTREVISTA EXCLUSIVA PARA O BRASIL
CONTATO contato@rockmeeting.net
WWW.ROCKMEETING.NET
ARTICLE . GUITAR SESSION
Photo: Promotion
GUITAR SESSION SESSION GUITAR OS NOVOS CAMINHOS DA GUITARRA BY GEORGE MATHEAUS Guitarrista, Produtor Musical, Criador de Conteúdo
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a última década houve uma explosão de novos guitarristas, todos com muita técnica e composições incríveis, o que levou a uma mudança na maneira dos músicos pensarem sobre música e composição. Tocar bem, ser virtuose ou ter um bom timbre não é mais um diferencial, mas é apenas o ponto de partida no novo cenário. Cada vez mais é exigido que o músico vá muito além do seu instrumento, pense fora da caixa e tenha uma mente de produtor. Se você acompanha guitarristas como Plini, Tosin Abasi (Animals As Leaders), Misha Mansoor (Periphery), Aaron Marshal (Intervals) e Jhon Browne (Monuments), certamente já deve ter escutado alguma de suas composições e pensado: “Como assim?”. Técnica elevada, compassos compostos, fraseado não linear, modulações métricas e grooves marcantes. A banda toda soa como um só som, com arranjos muito bem elaborados. Muitas dessas caracte-
ARTICLE . GUITAR SESSION
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rísticas vieram da chamada cena Djent, que começou como uma vertente do metal progressivo e depois trouxe elementos do Metalcore, formando um som complexo, porém agressivo. Mas hoje vai muito além disso. Muitos artistas de outros estilos acabaram aderindo à cena, trazendo características “modernas” às suas músicas. Guitarristas de Fusion tem cada vez mais proximidade com as características do metal moderno. Kiko Loureiro em seu último álbum solo é um exemplo disto. Apesar de permanecer com sua identidade, trouxe vários elementos modernos as
músicas, utilizando inclusive guitarra de 7 cordas em alguns riffs. Aos músicos que almejam se inserir neste meio, é preciso buscar diversas referências e ter em mente que é preciso ter uma boa técnica, mas não para exibi-la, e sim para fazer o que a música está pedindo. Pensar sempre no arran-
Foto: Marta Ayora
jo, acima do seu instrumento. E se você é guitarrista e quer compor algo nessa vertente, a dica que eu dou é: estude os bateristas do estilo. Isso mesmo, veja os vídeos de playthrough no YouTube, assimile os grooves e perceba como a guitarra conversa com a bateria, com a música toda. Certamente você irá assimilar bem melhor a linguagem. Essa onda “moderna”, digamos assim, vem crescendo aos poucos no Brasil. A banda Vita-
lism, do guitarrista Ed Garcia, teve um grande papel na propagação do estilo em nosso país, influenciando muitos guitarristas que aderiram a cena. Hoje os músicos que possuem elementos modernos em seu som têm ganhado cada vez mais relevância no cenário nacional. Acredito que em breve também teremos a ascensão de muitos guitarristas brasileiros dentro do estilo. Podemos perceber uma
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ARTICLE . GUITAR SESSION
grande evolução da guitarra em diversos gêneros. Arranjos simples e padrões comuns agradam cada vez menos os músicos da nova geração. A busca por sons únicos é constante e a criatividade é o ponto chave para se destacar. Hoje são muitas as possibilidades com vários tipos de guitarras, de seis, sete, oito e até nove cordas. Além disso, são diversas afinações a serem exploradas, cada uma trazendo sonoridades e padrões de riffs diferentes. Até onde podemos evoluir? A guitarra sempre se reinventou ao longo da história, trazendo novos caminhos a serem explorados e trazendo mais desafios a serem conquistados. Sempre há algo novo a ser descoberto.
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INTERVIEW. CONVICTIONS
POR PEI FON / FOTO JOHN FLEISCHMANN
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essa aventura pela música, chegamos em Ohio (EUA) e conhecemos o Convictions. O nome da banda dá margem para muitas interpretações, mas, de fato, a convicção dessa galera é levar a mensagem das suas músicas o mais longe possível. A banda já passou por algumas mudanças e atualmente é representada por Michael Felker (vocal), Joshua Canode (guitarra), Zach Schwochow (bateria) e Danyal Suchta (vocal/baixo). O quarteto americano lançou recentemente seu quarto álbum, “I Won’t Survive”, que já conta com expressivos números, com mais de um milhão de plays. E sobre isso que conversamos com o vocalista Michael. Muito simpático, leia agora o que ele nos respondeu. O nome da banda me trouxe curiosidade. No que vocês são convictos? Poderia nos explicar o porquê do nome da banda? Michael - Quando a banda originalmente começou a fazer música, os membros queriam escrever música cristã, mas cada membro se sentiu fortemente indigno de fazê-lo. Enquanto tentavam viver uma vida boa e honrar a Deus, eles ainda achavam que não
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Foto: Daphne McKinney Photography
conseguiriam devido às suas lutas pessoais, pecados e contratempos. Essa foi a centelha que lhes deu a ideia de começar a escrever música sobre "convicções" pessoais. Vocês começaram as atividades em 2012 e já tem uma boa bagagem de musical. Já são quase 10 anos na estrada, qual a avaliação que fazem dessa primeira década?
Quando a banda foi formada, era quase uma formação completamente diferente, com exceção de Josh e Zach. Tínhamos um vocalista, guitarrista e baixista diferentes. Na última década, fizemos turnês ao redor do mundo e lançamos vários álbuns e atingimos muitos marcos que nunca pensamos que iríamos. Houve muitos altos e baixos e alguns contratempos, mas a única coisa que nos manteve
com os pés no chão e motivados foi nossa fé e missão de compartilhar o evangelho. Ouvindo as músicas antigas é perceptível que há uma mudança sonora. Vocês têm acompanhado as tendências musicais ou foi um processo natural diante das influências individuais? Acho que nosso som sempre mudará e progredirá. Todos
INTERVIEW. CONVICTIONS
nós encontramos influências de tudo o que estamos ouvindo quando escrevemos e gravamos. Acho que uma coisa que queremos continuar a fazer é ter uma conversa significativa sobre eventos e questões cristãs atuais. Eu diria que sonoramente sempre tentamos ultrapassar os limites do nosso som e mergulhar mais e mais em uma direção pesada enquanto nos agarramos aos nossos elementos melódicos.
QUANDO COMEÇAMOS A TRABALHAR EM "I WON'T SURVIVE", SABÍAMOS QUE TÍNHAMOS ALGO ESPECIAL
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Seu terceiro EP “I Won’t Survive” está tendo uma boa repercussão. Com mais de 1 milhão de plays, vocês imaginavam que haveria uma receptividade assim?
Quando começamos a trabalhar em "I Won't Survive", sabíamos que tínhamos algo especial. O cuidado e o esforço por trás de todas as nossas músicas foram amplificados quando as levamos para nosso mais recente produtor, Andrew Wade. Não tínhamos ideia de que obteríamos a resposta que tivemos. Temos sido extremamente abençoados. Em meio a pandemia, como foi compor, gravar, filmar...? Conta para nós sobre os desafios de criar música sem estar perto um do outro. Escrevemos e gravamos "I Won’t Survive" durante a maior parte da pande-
INTERVIEW. CONVICTIONS
mia. A maior parte da nossa escrita foi feita digitalmente, compartilhando demos e revisando as letras em tempo real. Gravar no estúdio e filmar nossos videoclipes foi interessante por causa do distanciamento social e de tentarmos nosso melhor para estarmos seguros. Lembro-me de filmar nosso videoclipe de "Wreckage" em uma cidade densamente povoada em Michigan e honestamente parecia uma cidade fantasma, não havia ninguém por fora e sobre isso era como um filme de terror. Conseguimos permissão das autoridades e basicamente tínhamos
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toda a cidade para vagar livremente e filmar onde quiséssemos. Fazendo uma análise mais aberta sobre o nome do EP “I Won’t Survive”, diante do momento que o mundo está vivendo, as pessoas têm sobrevivido ou apenas existido? Acho que durante a pandemia, muitos de nós sentimos que estávamos apenas existindo. Acho que a ideia geral por trás de “I Won’t Survive” é destacar como podemos aprender com as circunstâncias e experiências difíceis.
As sete músicas contidas em “I Won’t Survive” são baseadas nas histórias pessoais de cada integrante da banda. O que fez vocês escreverem sobre essas experiências e como cada uma correspondeu para o EP? Quando começamos a escrever "I Won't Survive", começou com a música "Hurricane", que era sobre um amigo nosso que estava substituindo nosso baixista por uma turnê. Ele compartilhou conosco uma história comovente sobre como ele perdeu sua
mãe em uma idade precoce. Perguntamos se poderíamos escrever sobre sua história. Fiz uma entrevista individual com ele e comecei a contar sua história. Lançamos “Hurricane” como single e a resposta foi realmente incrível. Tantas pessoas começaram a compartilhar suas histórias e lutas, o que me deu a ideia de começar a escrever sobre as histórias de sobrevivência das pessoas. Tivemos algumas histórias que reunimos ao conhecer pessoas na estrada e uma de um parente próximo.
INTERVIEW. CONVICTIONS
Quando se há algo tão pessoal sendo transmitido em música, há um forte indício de que o ouvinte se identifique. Como tem sido o feedback? O feedback que recebemos deste lançamento foi extremamente emocional. Foi de partir o coração ler algumas dessas histórias, mas sabemos o quão importante elas são. Somos muito gratos por estarmos separados no processo de cura de algumas pessoas. “Hurricane” foi o primeiro play a ser lançado. A música fala dos conflitos internos que diz para si mesmo para se recuperar. O que fez o personagem buscar ajuda? "Hurricane" fala muito sobre nosso amigo abusando de medicamentos e outras pílulas para superar a dor que sentiu depois de perder sua mãe. A
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música é um clamor a Deus pedindo para ser salvo das tempestades do vício e da dor, que é respondida na última metade da música. "Deus me salve deste inferno, dê-me força, seja o meu refúgio" - Salmo 46 “The Price of Grace” é uma declaração muito poderosa para a pessoa que se foi. Como a música pode ajudar num momento como esse? A música "The Price of Grace" foi escrita pelos olhos de um amigo nosso que inesperadamente perdeu seu melhor amigo para o suicídio. Sinto que este tópico está se tornando cada vez mais comum, pois o número de suicídios parece estar aumentando continuamente. Saúde mental positiva e consciência do suicídio se tornaram uma das principais missões de nossa banda, então sentimos que era muito im-
INTERVIEW. CONVICTIONS
portante compartilhar sua história. “I'm piling up the wreckage, is this the only way to end it? I need a miracle!”. Essa parte em “Wreckage” me chamou atenção. Qual é o milagre que se busca dita na música? "Wreckage" foi escrito sobre um parente próximo que lidou com o bullying e tendências suicidas. O milagre procurado nesta música é Deus tirando-o de sua situação e aparecendo quando ele mais precisava dele. Essa pessoa estava lutando com sua fé e crença em Deus. Às vezes parece que precisamos 22 // ROCK MEETING // JULHO. 2021
de um milagre em nossos momentos mais baixos. Pensando num ambiente mais amplo para “The War That Followed Me Home”, onde todos têm a sua guerra que o segue para onde for, qual o passo seguinte para que encontre a si mesmo? Para a canção "The War That Followed Me Home" entrevistei um veterinário de guerra e perguntei como ele lidou com o PTSD (Perturbação de estresse pós-traumático) após a guerra. Acho que a lição mais importante dessa história é a conscientização pública. Pa-
INTERVIEW. CONVICTIONS
rece que muitos soldados não são capazes de compartilhar suas experiências e, por fim, enterrar suas lutas internamente, o que pode ter consequências trágicas. Queríamos compartilhar sua história e recursos e, esperançosamente, ajudar outras pessoas. Para finalizar, vocês pretendem realizar alguma livestream para promover “I Won’t
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Survive”? Muito obrigada e sucesso para vocês! No que diz respeito à transmissão ao vivo, discutimos a ideia por um tempo, mas com a abertura da turnê, acho que nosso objetivo é voltar para a estrada e, com sorte, tocar ao vivo perto de você. Adoramos ver todos os comentários do Brasil em nossas postagens. Obrigado por todo seu apoio e incentivo. Nós te amamos.
INTERVIEW. LASTELLE
POR PEI FON / FOTO KIERAN GALLOP - GLK MEDIA
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uita gente busca na música uma mensagem de apoio, um momento para reflexão. Pode-se pensar em muitos ritmos, bandas, cantores diferentes para esse fim. No entanto, o Metal pode ser esse meio de busca por respostas, compreensão do momento vivido, ou mesmo colocar para fora tudo o que sentimos. Nesse caminho de externar as emoções humanas, conhecemos o Lastelle, um quinteto inglês com peso, melodia e muito sentimento envolvido. Seu mais recente trabalho, o EP “Delicate”, faz jus ao nome. É só ouvindo para entender. A banda é formada por Adam (Vocal), Freddie Whatmore (baixo), Mike Hayden (vocal/bateria), Jonjo Williams (guitarra) e Rich Lester (guitarra). Essa galera é nova, mas sabe muito bem o que querem enquanto banda. A Rock Meeting teve a oportunidade de conversar com o Freddie. Ele foi muito gentil e atencioso as nossas questões. Para tanto, leia agora mesmo e conheça mais do Lastelle. Lastelle tem pouco mais de três anos de vida e um longo caminho pela frente. Já são dois EPs lançados e números a apresentar. Como nasceu a banda?
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Fala um pouco sobre o início dos trabalhos. Freddie - Rich, Jonjo e Mike já tocavam juntos há um tempo e decidiram começar um novo projeto. Eles testaram Adam, que é cinegrafista ao lado de Rich, e sabiam que ele se encaixaria bem. Então, quando a banda foi lançada, o baixista que ajudava no início deu se retirou e Freddie se juntou a eles, tendo conhecido Mike e os outros de turnês
e amigos em comum. “Atmospheric and Emotionally”, devo admitir que sinto essa emoção quando ouvi suas músicas. De onde vem essa inspiração? Tiramos experiências da vida real... de tristeza, perda e desgosto. Isso geralmente encontra um lugar na vanguarda, liricamente, mas com os sons que criamos como uma ban-
da, tentamos representar isso também. O mais recente trabalho é o EP “Delicate”. Imergindo pela música, sendo tocada pela melodia, sinto que o título desse trabalho faz todo sentido. Por que “Delicate”? O conceito do EP é mostrar o quão frágeis e delicados todos nós somos como pessoas. Ao aceitar isso, podemos apren-
INTERVIEW. LASTELLE
O METAL PODE SER DELICADO, RAIVOSO, INTENSO, RELAXANTE, FURIOSO, MELANCÓLICO OU EMOCIONAL; PODE SER O QUE VOCÊ QUISER
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der a conviver com isso, ficar mais fortes como pessoas e ajudar uns aos outros. “A Letter Unread” foi a que mais me tocou. Eu sinto como se fosse eu que tivesse escrito essa carta. “How fleeting this thing we call love.” Falar de sentimentos não é fácil, mas como é falar de amor sob a perspectiva do Post Hardcore? Ter a música como válvula de escape tem nos ajudado a expressar e contar histórias que talvez nunca tenhamos compartilhado, mesmo que quiséssemos. Entre a banda, temos uma conversa incrivelmente
aberta, mas a música é outra forma de compartilhar essas histórias e esses sentimentos. “This heavy heart is a sinking ship, it’ll take the rest of me down with it”. Essa parte em “Distant Bodies” é interessante. Como o personagem consegue sair dessa circunstância? Eu não sei se eles o fazem. Isso nunca fica claro - temos um vislumbre da vida do personagem e como ele está preso em uma posição onde outra pessoa precisa que ele seja forte, mas eles estão lutando contra si mesmos. Acho que nem sempre há um final feliz.
“You look to me for answers, but never asked a question. I hope that you find peace before leaving me in pieces”. Todo término de relacionamento é bem parecido com essa parte em “Only Apathy”. O que fazer para não sair em pedaços? Sejam honestos um com o outro, mas aceitem que talvez os relacionamentos tenham que acabar. Quando você reconhece isso, você não dá as coisas como certas e é mais provável que seja capaz de superar esses problemas, ou aceitar quando for a hora de dizer adeus. “Copy Without a Cure” é outra carregada de emoção. “I'm
INTERVIEW. LASTELLE
not who I used to be. I'm not who I used to be anymore”. Em que momento o indivíduo chegou a essa conclusão? É possível voltar ao que era ou já é um caminho sem volta? Depende da circunstância. O protagonista desta história sabe que não há como voltar atrás e está procurando lembrar as partes positivas da vida, e não
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insistir nas duras realidades do envelhecimento e da fragilidade. “Even two years since you left, turns out nothing fits it quite the same as you”. “Departure” é a mensagem que se espera ouvir quando se perde alguém. Escrever essa música é parte do processo de seguir em frente? Essa música foi muito pessoal
para escrever, e você está absolutamente certa. É uma questão de perda, mas é sobre saber quando é o momento certo para deixar ir e apenas esperar que essa pessoa possa estar em paz e feliz onde quer que esteja. Quer você acredite em uma vida após a morte ou em sua própria espiritualidade, você encontrará consolo em saber que uma pessoa está em um lugar melhor. Pra mim foi um choque saber que o baterista é quem faz as vozes limpas. Quão difícil é tocar bateria e cantar ao mesmo tempo? Aliás esse duo entre os vocais limpos e scream dão ainda mais emoção à música. Sim, ele é um cara talentoso, né? Acho que Mike (baterista) precisou de um pouco de prática para ser capaz de executar várias tarefas ao mesmo tempo, mas é ótimo
INTERVIEW. LASTELLE
poder ter estilos vocais tão diferentes para tocar na banda. Ele tem algumas influências excelentes que abriram caminho antes dele também - Aaron Gillespie (Underoath), Brandon Saller (Atreyu) e Stefanie Mannaerts (Brutus) são alguns bons exemplos de outros bateristas-cantores que ele e eu (Freddie) olhamos com grande admiração. A flor está em todos os vídeos das músicas do “Delicate”. Qual a representatividade por trás dessa simbologia? A simbologia da flor representa a vida e a morte. Damos flores de presente em ocasiões especiais de celebração, mas também as presenteamos em momentos de luto. Elas são lindas, mas apenas por um curto período de tempo antes de morrer. Acho que é uma boa maneira de pensar sobre a vida; estamos aqui apenas por um período finito de tempo e podemos ter tantos propósitos e jornadas, então devemos abraçar tudo o que a vida joga em nós. Todas as músicas de “Delicate” acompanham um videoclipe. De
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que maneira os vídeos colaboram para intensificar a mensagem da música? Há um tema contínuo em cada capítulo do aspecto do vídeo em nossos lançamentos. Este tema está fortemente relacionado com as flores e seu significado representado. Adam (frontman) e Rich (guitarra) codirigiram todos os vídeos e queriam experimentar algumas técnicas únicas de videografia ao longo do caminho, então foi ótimo ver como cada capítulo tem um clima único para representá-lo visualmente. Após ouvir esse EP, me fica a breve pergunta: Quem disse que o Metal não pode ser delicado? O que dizer a essas pessoas, e até mesmo ao próprio banger, sobre esse pensamento? Todas as músicas – incluindo o Metal – estão abertas a tudo o que o escritor e o ouvinte escolher interpretar a partir disso. Somos todos grandes fãs de grandes riffs e música pesada, mas também somos fãs de paisagens sonoras cinematográ-
INTERVIEW. LASTELLE
ficas e post-rock. Pela minha experiência, a maioria dos metaleiros e o "próprio headbanger" provavelmente têm um gosto amplo pela música, então sempre há um sentimento de boas-vindas nos shows de fãs de música mais pesada que a nossa. O metal pode ser delicado, raivoso, intenso, relaxante, furioso, melancólico ou emocional; pode ser o que você quiser. Vocês lançaram um playthrough da música “Copy Without a Cure”. Como tem sido a resposta do público? É muito bom ver pessoas interessadas neste lado das coisas. Como uma banda que não é construída
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sobre riffs de guitarras, eu não tinha certeza se as pessoas aceitariam esse tipo de coisa, e a resposta tem sido positiva! Faremos mais coisas como essa no futuro também. Com a vacinação avançando, os shows estão perto de retornar e vocês já estão com datas marcadas. Qual o sentimento da banda em relação a volta aos palcos? Há algum tempo vivemos em um mundo de transmissões ao vivo e mídias sociais dentro da música. Nossos pensamentos vão para to-
dos os afetados pela atual situação global, então temos muita sorte de viver em uma época de ciência moderna que nos permitirá retornar à normalidade em breve. Todos nós perdemos a turnê e os shows, então estamos muito gratos por estar de volta e nos encontrar com nosso público após este intervalo. A energia na sala será difícil de expressar em palavras, tenho certeza disso. Para finalizar, Lastelle pretende lançar algum single novo ainda esse ano? E os planos para seu álbum de estreia, es-
INTERVIEW. LASTELLE
tão de pé ou ainda é distante? Muito obrigada e fica aqui o espaço para as suas considerações. Sucesso e se cuidem! Não temos planos de lançar nada este ano, mas estamos sempre escrevendo e trabalhando no futuro. “Delicado” ainda está em nossas mentes, e fizemos uma transmissão ao vivo gratuita de todo o EP no dia 15 de julho, que pode ser encontrado em todos os nossos perfis de mí-
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dia social. O mesmo pode ser dito sobre nossa turnê no Reino Unido, então estamos muito animados em compartilhar este EP com todos. Amamos fazer a curadoria deste álbum para que todos possam ouvir e esperamos que tenha forças para ficar de pé. Obrigado pelo seu tempo e tome cuidado! Freddie Whatmore, LASTELLE
INTERVIEW. SKYWALKER
POR PEI FON / FOTO JÁCHYM BELCHER
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a viagem que a Rock Meeting está fazendo é surpreendente. Nessa edição conhecemos o Skywalker, da República Tcheca. É uma infinidade de banda e a cada edição estamos fazendo essa ponte entre a banda e os leitores. A banda é formada por Jay Kay (vocal), Damian Kucera (bateria), Tom Rothschild (baixo) e David Machalichy (guitarra) e eles lançaram seu mais novo álbum esse ano, “Late Eternity”. Disponível nas principais plataformas de streaming, você que está procurando novas bandas, dá um play no Skywalker, não vai se arrepender! Sobre esse álbum, conversamos com o simpático Jay. Ele nos conta um pouco como é a cena local, sobre as letras que estão em “Late Eternity” e a aproximação da banda com os seus fãs. Leia agora mesmo!
Vindos da República Tcheca, lugar que pouco conhecemos sobre a cena metal, a não ser um dos grandes festivais europeus. Poderia descrever como é que tudo acontece por aí? Jay - A República Tcheca é um país bem pequeno, então a cena também é muito pequena. Temos alguns músicos e bandas talentosos aqui, mas sempre foi uma luta ex38 // ROCK MEETING // JULHO. 2021
bom material sonoro. O que mudou desde o seu primeiro lançamento até o seu mais novo álbum, “Late Eternity”? Boa pergunta... na verdade eu estava ouvindo um de nossos primeiros EP's, ‘Babylon’ outro dia. Acho que somos compositores muito melhores. Podemos estar usando as mesmas progressões de Com dez anos de estrada, acordes na maior parte, mas vocês já colecionam um a estrutura e a emoção da pandir, pois o número de fãs simplesmente não é muito grande e por isso é sempre um desafio gerar muito barulho sobre qualquer coisa. Mas os tchecos são definitivamente grandes consumidores de metal, então é um ótimo lugar para fazer uma turnê. Espero que você ouça mais sobre nós no futuro.
música são muito mais bem expressas. O som também é muito mais limpo e, portanto, mais pesado, porque acho que o som ruim raramente soa pesado. Também usamos muito sintetizadores, definitivamente com muito mais frequência do que antes, e isso certamente modifica muito o som geral. Seu quarto álbum, “Late Eternity”, foi lançado em
INTERVIEW. SKYWALKER
OS TCHECOS SÃO DEFINITIVAMENTE GRANDES CONSUMIDORES DE METAL, ENTÃO É UM ÓTIMO LUGAR PARA FAZER UMA TURNÊ
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fevereiro via Pale Chord & Rise Records. Qual a importância de lançar por gravadoras importantes no cenário do metal moderno? Tecnicamente, é o segundo álbum, pois todo o resto é um single ou um EP. Eu adoraria dizer que você não precisa de uma gravadora hoje e, de muitas maneiras, você tem mais liberdade ao trabalhar de forma independente. No entanto, uma boa gravadora que valoriza você por quem você é como músico é um grande apoio, pois é a gravadora que oferece sua música para o maior número de ouvidos possível. É raro que alguém consiga fazer isso por conta própria. Também dá a você mais espaço para se concentrar na arte em si, o que é extremamente importante. Então, definitivamente ainda é muito importante. Não há como deixar de falar nas participações de Kassim Auale, Florant Salfati (Landmvrks), Connor Hallisey (Our Hollow, Our Home) e Zea em “Late Eternity”. Como aconteceu a escolha desses nomes? Conhecíamos Kassim desde seu tempo na gigante do Metalcore alemão Alazka, e sempre amamos sua voz com sabor de R&B, que parecia explodir de emoção. Quando estávamos fazendo “Justify Me”, acho
INTERVIEW. SKYWALKER
que foi nosso baixista Tom que sugeriu que Kassim seria uma ótima opção. Flo e Connor são amigos que conhecemos da turnê, e amamos suas bandas e suas vozes. Então, quando a oportunidade se apresentou, nós os contatamos e eles estavam ansiosos para fazer uma colaboração. Zea é uma grande artista emergente da Eslováquia e é nossa amiga há algum tempo. Sempre quisemos um belo vocal feminino em uma de nossas músicas e quando terminamos a versão original de “For You // Through You”, Tom mais uma vez teve essa visão, e Zea ficou feliz em fazê-lo. Então, tudo foi muito simples e natural. “Late Eternity” é um compilado de músicas que vocês foram lançando aos poucos. Como vocês avaliam esse novo tipo de consumo da música? De que forma essa prática ajuda as bandas? Por um tempo, não tínhamos certeza de quantas ou quais músicas iriam parar no álbum, mas sabíamos que aquelas que lançamos iriam acabar lá. Então, mantivemos isso por um tempo. Sabemos 42 // ROCK MEETING // JULHO. 2021
que hoje em dia, os músicos costumam se concentrar em singles e EPs, em vez de discos completos, e isso faz sentido. Ainda somos grandes fãs de álbuns, entretanto, queríamos combinar os dois. Acho que, com os serviços de streaming, é ótimo oferecer pequenas peças de música que as pessoas podem valorizar antes de obter o corpo musical maior. “Late Eternity” já alcança a marca de mais de um milhão de plays no Spotify. Vocês imaginavam que teria essa repercussão? Na verdade, isso volta à minha resposta anterior, este é o poder de uma playlist de singles bem-sucedida. E você sabe, o número nos deixou muito felizes, mas é o feedback real que você recebe dos ouvintes e / ou revisores focando no QUE eles gostam nas músicas, em vez de QUANTAS vezes eles ouviram que é mais valorizado por nós. “I just want to leave. Fly away where nothing drags me down”, essa parte em “Every Grief” é interessante. Como o personagem busca ajuda para sair da solidão? Eu escrevi este trecho quando estava
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passando por um período de grande estresse e ansiedade sobre a banda e o futuro dela, e o meu como pessoa. A canção é, em última análise, sobre o mesmo tópico em que todo o álbum se concentra: estar perdido em um vasto espaço, querer ser independente, não ser pisoteado, mas também temer a inevitável solidão de tudo isso. A música, no entanto, realmente não oferece respostas, é mais contemplação do que superação. “You gotta pardon me, but I am moving on. Don't lecture me, I'll fight my demons on my own”. Destaquei essa parte de “Setting Stone” para saber: como está se saindo nessa luta contra os seus demônios?
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Trata-se de demônios externos, e não internos. Neste caso, estou realmente dizendo a uma pessoa - você não precisa me lembrar de como fui imperfeito, ruim, tóxico. Já tenho o suficiente na minha cabeça. E obrigado, vou fazer isso sozinho, você não precisa me chutar para se sentir melhor consigo mesmo. Mas, para responder à sua pergunta, tenho tentado convidar os demônios para entrar e estar com eles, em vez de tentar constantemente bloqueá-los do lado de fora. Aceitação vs. resistência. Depende muito.
Quero dar destacar o vídeo de “Setting Stone”, bem inovador e muito diferente dos formatos que vemos atualmente. Uma forma inteligente de integrar o Florent Salfati na música. Parabéns! Como surgiu a ideia desse clipe? Estávamos brincando com a ideia de fazer um videoclipe de ‘selfie’, por que não? Mas foi Tom Tejkl, o diretor do vídeo, que apresentou os pequenos ajustes e ideias de como
torná-lo realmente bom. A ideia de ter Flo por Facetime conosco surgiu apenas quando estávamos gravando o vídeo. Originalmente, nós só queríamos mudar para ele cantando em sua sala, mas depois conseguimos incorporá-lo no próprio vídeo, o que eu adoro! A música “Away” já inicia pelo refrão. Como essa inversão na estrutura ajuda na fixação da canção?
INTERVIEW. SKYWALKER
É, essa é uma daquelas músicas em que você quer chamar a atenção para o gancho principal, o slogan, o canto. Então, continuamos repetindo até enjoar, haha! Não fazemos isso com frequência, mas adoro em "Away" porque a música explode bem no início, você é atraído imediatamente. “Away, away, they’ve taken it away. And you lost the only thing that you believed”. “Away” é direcionada a quem?
Conte-nos sobre essa música. Escrevi a letra há alguns anos para um amigo meu que sempre foi o ‘palhaço’ do grupo de amigos. Todo mundo o amava, mas ficamos condicionados por ele ser um personagem maluco e eu sinto que a maioria de nós falhou em reconhecê-lo como uma pessoa real com seus desejos, necessidades e mágoas. Eu queria dizer a ele que o vejo, o reconheço, estou lá para ele, mas agora ele precisa dar esse passo e mudar sua vida, escapar desse papel. E me chama atenção o que fizeram com a música “Away”. O baterista Damian faz um ‘Inside the track’ falando um pouco da produção. O que levou vocês
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a gravarem esse vídeo? Simplesmente sentimos que queríamos fazer muito em torno dessa música, também tivemos essa campanha criativa para ela no Instagram, onde montamos uma imagem com temas da música peça por peça. Adoramos como combinamos metal bruto com eletrônica e queríamos mostrar a todos. Com a pandemia, as bandas intensificaram o uso das plataformas digitais, com isso cres-
ceu à adesão ao playthrough. Essa prática tem aproximado ainda mais os fãs da banda? Como está o feedback? Na verdade, só fizemos alguns desses. Gostamos de nos comunicar e de estar perto de nossos apoiadores, mas de alguma forma, não temos vontade de transmitir algo sempre de nossos quartos. Por mais que eu respeite isso em outras bandas, não temos feito muito isso. Mas eu acho que é uma ótima ideia para os nerds de guitarra / bateria entrar nessa pela música em si, e isso é incrível. Portanto, certamente faremos mais disso!
INTERVIEW. SKYWALKER
Por fim, o que podemos esperar do Skywalker nessa segunda metade de 2021? Fica aqui o espaço para vocês. Sucesso e se cuidem! Muito obrigada! Esperamos voltar aos palcos no outono de 2021, portanto, dedos cruzados. Temos algumas oportunidades incríveis em andamento, mas principalmente, queremos agitar com todos mais uma vez! Muito obrigado por me receber, tudo de bom para você e seus leitores. Espero que seu país encontre seu caminho através desta terrível pandemia, estamos com vocês em nossos corações. Muito amor.
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MAIN. JINJER
POR SUZUKI KAYOMI COM PEI FON / FOTO OLIVER HAREMSA - EMERALD PICS
J
Foto: Alina Chernohor
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injer é uma banda que até 2018 era desconhecida da grande maioria dos fãs da música pesada. Iniciaram 2019 com o EP “Micro” e logo lançaram o álbum “Macro”. Com esse álbum eles deram um passo maior nas suas carreiras e passaram a ser conhecidos e disputados pelos ouvintes, pela imprensa, pelos festivais, por todo mundo. Essa galera vem da Ucrânia e é formada por Tatiana Shmailyuk (vocal), Eugene Abdiukhanov (baixo), Roman Ibramkhalilov (guitarra) e Vlad Ulasevich (bateria). Eles não têm medo de serem quem são e expressam isso na música. Dificilmente você vai ouvir alguma outra banda que tenha essa experimentação de estilos, progressivos e agressivos. A Rock Meeting teve a exclusividade de conversar com a simpaticíssima Tatiana. Ainda que se mostre bem alegre, pra cima, ela se afirma como uma pessoa introvertida e a música tem ajudado ela nesse quesito. Foi muito divertido entrevistá-la, ela é aquela pessoa que queremos no ciclo de amizade... Sem prolongar tanto, leia agora mesmo!
Muito obrigada por tirar um tempo para conversar com a gente, gostaria de começar falando sobre o Jinjer. Ter uma banda é criar uma reputação, conseguir fãs e, claro, criar música. Qual é o sentimento em relação a Jinjer ao longo desses 10 anos de estrada? Tatiana - O fato de nos reunirmos como uma banda em 2009 não significa que começamos famosos e grandes. Demorou um pouco para crescermos, para ter sucesso. Não somos assim tão antigos se você parar para pensar, mas estamos chegando lá, es-
tamos construindo as coisas. Então você acha que Jinjer está indo na direção que você esperava? Sim, exatamente como planejamos, como nos vimos anos atrás e somos muito fiéis a nós mesmos. Não tentamos satisfazer as pessoas apenas para "ser populares". Acho que essa é a nossa vantagem. Não é o que vemos muito hoje em dia, para ser sincera. Eu concordo com você, mas cada um tem seu próprio caminho, não podemos julgar.
MAIN. JINJER
PERMANECEMOS FIÉIS A NÓS MESMOS E ODIAMOS SER "CONVENCIONAIS"
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Foto: Clément Thiery
Cada banda tem sua própria razão para fazer o que faz, suas próprias intenções. Alguns querem se expressar e outros querem apenas ser uma estrela. E Jinjer é uma forma de você se expressar, não é? Sim, mais do que isso! Estou muito feliz por poder combinar todos os gêneros que amo na música do Jinjer. Você também é introvertida, correto? Você sente então que consegue colocar para fora todo seu sentimento e pensamentos dentro do Jinjer? Sim! Exatamente! Porque agora pos-
so me expressar através da música. Eu costumava desenhar e pintar, mas agora que passei tanto tempo com a banda escrevendo músicas, deixei a pintura de lado, há muitos anos, e não voltei a fazer isso. Eu meio que escolhi o meu caminho. Se refletir um pouco sobre isso, você sente que mudou de alguma forma? Hmm, isso é difícil de explicar. Da minha perspectiva, eu já mudei milhões de vezes. Acho que é porque me tornei um adulto, essa merda de ‘ser adulto’ sabe? (risos). Eu não mudei muito por causa da música, mas é
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uma pergunta difícil... Os shows me mudaram, e talvez eu tenha me tornado mais confiante... ou talvez não, talvez o oposto (risos). Talvez eu tenha só me tornado consciente sobre mim mesma. Mas você tem medo de subir no palco? Sempre! Estou sempre nervosa, se você perguntar a qualquer banda, qualquer músico, eles sentem que estão subindo no palco pela primeira vez. É muito importante para os músicos, pelo menos para os que se preocupam com a sua própria imagem. Algumas das bandas mais antigas não estão nem aí. Bem, eles já são famosos, então tanto faz (risos) Sim, eles sobem no palco só pelo dinheiro. E falando sobre a pandemia, Jinjer está prestes a lançar um novo álbum. Como foi compor e escrever um álbum no meio
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de uma pandemia? Depois do nosso último show, ano passado, no México, no Hell and Heaven Festival. Éramos a última banda, os headliners, e então, de repente, eles vieram e disseram: "Sua turnê acabou, volta pra casa porque tem um lockdown" (risos). Eu e o Eugene fomos para a Califórnia porque era o lugar mais próximo e fácil de ir para sentarmos e esperarmos o fim da pandemia. Nos disseram que a pandemia iria durar apenas duas semanas... mas acabou virando quase dois anos. No fim, eu estava errada (risos). Durante o tempo que estávamos na Califórnia, Roman e Vlad voltaram para a Ucrânia e começaram a compor. Lá as coisas não estavam tão sérias, então eles apenas se reuniram e foram compondo. Eles passaram todos os dias escrevendo música. Acho que foi a hora certa para escrever um álbum, porque normalmente não temos tempo para isso. É turnê após turnê, e nós temos dois meses para escrever um
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álbum, é muito curto. Estamos sempre na correria, mas desta vez tiramos o ano inteiro para escrever algo, então foi bom. Momento perfeito, não? E você mencionou que estavam sempre em turnê, e agora estão há quase um ano e meio sem subir nos palcos. Agora que os shows estão voltando, como você se sente a respeito? Os festivais na Europa estão de volta neste verão, e nossa turnê pelos Estados Unidos está confirmada, então não há onde se esconder. Tivemos uma grande oportunidade que não podíamos perder, em 2020, onde fizemos uma mini turnê pela Europa. Fizemos seis shows no meio da pandemia. Portanto, não havia lockdown, mas os shows eram de distanciamento social, com pessoas sentadas e usando máscaras. Como foi tocar em um palco tão oposto? O Jinjer normalmente está em grandes festivais, tem mosh pits, pessoas gritando e batendo cabeça, e de repente você tem pessoas sentadas e usando máscaras. Isso foi bizarro, foi estranho (risos). Para nós e para o público. Nós nos sentimos
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muito estranhos, mas pude ver que o público queria bater cabeça, gritar, mas não podiam. Bem, fizemos o que tínhamos que fazer, mas é uma experiência importante na carreira de qualquer músico. Porque quando eu comecei a cantar, e tive minha primeira banda na escola, nós participamos de um tipo de concurso, show de talentos. Tocamos Guano Apes e o público quase todo de apenas idosos, meus pais estavam lá... Eles estavam sentados e assistindo enquanto tocávamos essa música pesada. Sério, isso foi tão estranho, então quando você me perguntou como eu me sentia, foi assim que eu me senti (risos). Você sentia os flashbacks voltando, só pensou “ah não, que merda” (risos) Sim (risos), mas foi legal, outras bandas não tiveram essa chance, então aproveitamos e tudo foi feito legalmente e de maneira segura. Mas depois que deixamos a Alemanha, o país voltou com lockdown. Fomos os últimos! Sortudos! Indo para o novo álbum o que você pode nos dizer sobre “Wallflowers”?
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Na verdade, eu estava preocupada porque antes de lançarmos a capa do álbum, ela já estava em todas as nossas páginas de fãs. Eu estava pensando "que porra é essa, vazaram o álbum?", mas bem, não importa. É o nosso quarto álbum completo, e “Wallflowers” é uma expressão para uma pessoa tímida, deslocada, que não é popular e sempre fica observando. hey, sou eu (risos) Você sabia que, no dicionário, o significado de “Wallflowers” é uma garota solitária em um bar tentando transar. (risos) Como é? Pois é! Então, definitivamente não
é isso! (risos). Este álbum é basicamente dedicado a todos os introvertidos. Para mim, para você! Decidimos a capa bem antes de terminar a gravação, então, quando se tratava de escolher a arte do álbum, não combinava com o título que tínhamos antes, então mudei para “Wallflowers”. É bem pesado, o álbum mais pesado que já gravamos por conta do baixo. Acho que é um álbum difícil de ouvir. (risos). Para mim foi muito difícil gravar, não é algo tradicional, é bem progressivo. Eu chamo esse gênero do álbum de “metal desconfortável”. Na verdade, dá para sentir que não é tradicional na nova música Vortex. Nessa música em si, eu senti que a estrutura é diferente e pensei “espera aí, algo está diferente aqui ...” Você traz tons suaves quando precisa, fica agressivo sem ser tão invasivo. De onde veio a inspiração? Você pode nos contar mais sobre essa música? Eu só posso dizer sobre a parte de escrever a letra da música, essa foi na verdade a primeira música que comecei a escrever. Na época, era janeiro, eu estava muito triste naquele dia, e me peguei andando no meu próprio quarto, andando em círculos como um velho. Eu estava pensando
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demais, senti minha cabeça tão pesada que tive que me inclinar cada vez mais para o chão. Então eu tive essa imagem da minha cabeça caindo e fazendo um buraco no chão, e tudo ao meu redor sendo sugado para dentro desse buraco. Comecei a escrever em russo, minha língua materna para não perder a inspiração, mas escrevi apenas uma pequena parte. Eu terminei essa música em abril quando tínhamos que gravar, então foi difícil terminar. A música é basicamente sobre pensar demais a ponto de causar problemas, você pode absolutamente mergulhar num buraco e nunca sair de lá. Outro ponto que é interessante no Vortex, mais para o final, o growl é bem intenso. Para “Wallflowers” podemos esperar uma Tatiana que nunca ouvimos antes? Sobre os vocais extremos, não acho que eles mudaram desde o último álbum, mas não consigo julgar. Sempre muda dependendo da condição da minha garganta, há quanto tempo eu não canto, mas se falarmos sobre os vocais limpos... Todas as músicas têm o mesmo 'sabor' vocal, mas incluí partes incomuns que eu nunca cantei desta forma. Apenas pessoas que não nos ouvem muito talvez percebam.
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Foto: AnshixArts - Angela Michel
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Acho que vai ser bem interessante de escutar! Outro ponto é que Eugene, o baixista, disse que “Wallflowers” carrega a identidade de Jinjer e é uma declaração clara de que o Jinjer é diferente das outras bandas”. O que torna o Jinjer tão diferente? Talvez porque permanecemos fiéis a nós mesmos e odiamos ser "convencionais", por exemplo, ou tentar
copiar outras bandas. A gente tem medo disso (risos), o dia em que começarmos a soar como as outras bandas, será o último dia do Jinjer. Não é intencional, apenas acontece naturalmente. Isso me faz pensar que em uma entrevista para o canal Moshpit Passion, você disse que muitas pessoas pensam que Jinjer só é famoso porque tem um vocal feminino. Como você lida com esses pensamentos desatualizados? Bem ... eu não posso mudar as pessoas, não importa quantas vezes eu grite sobre isso. Você não vai acreditar, mas muitas pessoas, não todas, apenas ouvem bandas com vocais femininas. Eu não sei por que, tipo que porra é essa! Eu sei! Não faz sentido! Não faz! Eu não sei o que eles pensam... Talvez essa música não toque apenas sua alma, mas seu wee ... tipo que merda. Não tenho nada
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a dizer a essas pessoas, mas não posso mudar elas. Talvez algumas pessoas venham aos nossos shows por causa desse motivo, alguns pervertidos, sabe? Mas eu acredito, que a maior parte de nossos fãs realmente está lá por causa da nossa música, eu realmente quero acreditar nisso. Bem, por outro lado, ter você no vocal inspira muitas outras garotas. Hoje em dia vemos vídeos de meninas cantando e praticando na internet. Você já pensou que seria uma inspiração para alguém? Eu fico muito grata que as pessoas me vejam assim. Eu também era fã de bandas com vocais femininas, mas não porque elas eram mulheres. Por exemplo, Guapo Apes, a primeira vez que vi eles na TV eu disse “Eu quero parecer com essa garota!”. Eu gostava tanto dessa cultura, das roupas e dos piercings. Eu amava, principalmente quando as mulheres começaram a ficar assim! Claro, fui inspirado por muitas mulheres, então estou feliz por ser uma inspiração para outras meninas. Eu pessoalmente gosto muito de você porque você é muito fiel a si
mesma e não tem medo de ser você. No palco você só está lá sendo você. Então eu acho muito legal quando as garotas dizem “Oh a Tatiana é tão legal, eu quero ser como ela!”... É muito legal! E sabe de uma coisa, não há nada de errado quando você acabou de começar em se parecer com os outros. Você não tem que encontrar seu próprio estilo logo de começo, sabe? Por exemplo, ao aprender a cantar, primeiro você aprende a cantar e então você se tornará você mesmo, com o tempo você se encontra. Então, quando você está começando, não há nada de errado em copiar alguém, mas não deixe isso te consumir, lembre-se de quem você é. Bem, demora um pouco para se encontrar. Sim, e eu realmente me perco às vezes, eu tenho características tóxicas, como por exemplo me comparar com os outros. É aí que você começa a se perder, é muito perigoso, então, por favor, não se perca nesse Vortex. E antes de terminarmos, vocês têm alguma intenção de lançar outro single antes do “Wallflowers”? Também estou ansiosa para saber
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se Jinjer vai vir ao Brasil algum dia. Muito obrigado por tirar um tempo para conversar conosco! Não me lembro em que ano... mas quando tivemos que cancelar nossa turnê na América Latina, ainda tínhamos intenção de tocar no Brasil e na Argentina, só não sei quando! Mas lançaremos outro single antes do álbum... Planejamos lançar outros três singles antes do lançamento de ‘Wallflowers”. E obrigada por essa conversa, foi muito legal!
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LIVE REPORT . EPICA
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esde o início da pandemia nos acostumamos a assistir shows em livestream e ver as bandas tentando trazer o palco para as telas de TV, smartphone e computador. Com o passar do tempo, as bandas foram aprendendo como fazer a sua própria transmissão e foram mostrando novas ideias e possibilidades. Muito além de ser apenas
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uma live satisfatória, a banda holandesa Epica mostrou todo o seu poder de realizar algo grandioso, com muitos recursos visuais, unindo a música, as artes circenses e pirotecnia. Até agora, as bandas de Symphonic Metal têm mostrado suas versões de apresentação virtual. Elas exploram os recursos disponíveis, o que não tem sido barato para fazer produções de
nível cinematográfico.
OMEGA ALIVE
O Epica apostou em um am-
biente que simula os palcos dos grandes
festivais,
ornamentado
com vários elementos do seu novo álbum “Omega”. O “Omega Alive” foi dividido em cinco atos, com representações simbólicas e sonoras. Tudo mudava, do palco à disposição dos músicos, passando pelos outfits de Simone Simons que conectavam cada parte.
Antes que o coração pulasse pela boca, a banda Off The Cross abriu os trabalhos. O quarteto belga fez uma apresentação curta, pouco mais de 15 minutos. Tocaram seu primeiro single, “The Goddess”, e mais dois do recente álbum “Enjoy it While it Lasts”, “Exist” e “The Dance”. A performance deles foi enérgica e chamou atenção a utilização de drone na composição
LIVE REPORT . EPICA
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do jogo de câmeras. Uma ótima sacada que trouxe movimento e dinamismo ao Off The Cross. Vale a pena ser ouvida. Os fãs do Epica aguardavam ansiosos pelo que estava por vir. “Overtura”, o primeiro ato, iniciou com a intro “Alpha – Anteludium” que faz uma menção ao tema da música seguinte, “Abyss of Time – Countdown to Singularity”. Essa faz parte do novo álbum “Omega” e funciona muito bem ao vivo. Com certeza é uma música que vai estar no setlist daqui pra frente. O palco é gigantesco, o que nos faz sentir em um festival, e esse é o real motivo de se fazer uma livestream, tentar ao máximo transmitir esse feeling singular. No entanto, o Epica extrapola esses sentidos de um modo bem positivo. Tudo o que está disposto no cenário está inteira-
LIVE REPORT . EPICA
mente interligado com a música. Quando “Abyss of Time” inicia você já sente o porquê de o Epica ter crescido tanto e ser um dos ícones do segmento. Seguindo o passo, “The Skeleton Key”, também de “Omega”, começa a todo vapor. Outra música que vai ficar no setlist. O tempo para o Epica lançar o álbum e anunciar a live faz todo sentido. Foi no momento certo para mostrar o que fizeram e apresentar da maneira como gostariam, nos palcos. Como houve uma integração das artes, o ponto máximo dessa música foi a introdução do coral de crianças. Muito bonita a presença delas nessa canção. Em seguida, um clássico do Epica, “Unchain Utopia”. Não preciso falar muito, clássico é clássico e ponto final. Performance da banda é sempre como se fosse a primeira vez e tem que ser assim sempre... quando essa chama se apaga é sinal de que o fim está próximo. O segundo ato, “Magnituda”. A ornamentação do palco muda, os músicos também mudam de posição e muda a aura da apresentação. Em uma leitura
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LIVE REPORT . EPICA
mais livre, esse ato foi a versão mais dark, pesada do setlist e as músicas escolhidas mostram isso. “The Obsessive Devotion”, “In All Conscience”, “Victims of Contingency”. O ponto alto foi “Victims of Contingency”, com toda certeza. Os caras fizeram chover no palco. Impressionante! Nada disso seria possível em um show em local fechado, mas como é uma live, tudo é possível. Ah, vale dizer que cada parte foi gravada, por isso o show foi dividido e tudo era mudado conforme a proposta de cada um dos cinco atos apresentados. Terceiro ato, “Elysia”. Um momento que me remete ao medieval e isso se nota pelas vestimentas dos integrantes e no cenário montado, formando um altar. Pegando um gancho no sentido de Elysia, foi o momento mais abençoado da live. As músicas
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escolhidas não me deixam mentir: “Kingdom of Heaven” e “The Antediluvian Universe – Kingdom of Heaven Pt. III”, essa última do recente álbum. Todas foram muito bem executadas. “Gravita”, quarto ato. O momento para Simone Simons mostrar o porquê de ser uma das cantoras mais importantes do metal. Em um jogo de câmera de plano sequência, a música “Rivers”, tocada à capela, somente Simone e o coral, trouxe a calmaria e contemplação para o “Omega Alive”. Se fosse possível todas as vezes ser tocada desse modo, seria lindo e encantador em cada uma delas. A transição de uma música para outra foi um ponto bonito dentro da questão estética do vídeo. Seguiu-
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-se como plano sequência muito bem-feito. A música da vez foi “Once Upon a Nightmare”. Um duo entre piano e guitarra inicia e logo vem Simone, sempre em destaque. Aliás, ela não foi apenas a cantora na livestream de sua banda, foi muito mais que isso, foi atriz, foi dona do seu espaço. Dominou, encantou e fez o que ela mais gosta de fazer, cantar. Nessa apresentação, um círculo de fogo foi criado e Simone ao meio. Ao pegar a referência antes do Gravita iniciar, onde aparece o ouroboros, a lei-
LIVE REPORT . EPICA
tura feita é de evolução e foi bem isso que aconteceu com o Epica, evoluiu. Quinto e último ato, Alpha e Omega. O princípio e o fim. Mas não fim do Epica. Foi um passeio pelo passado e presente da banda. Foram quatro músicas executadas: “Freedom – The Wolves Within”, “Cry For The Moon”, “Beyond the Matrix” e “Omega – Sovereign of the Sun Spheres”. No palco “Freedom” é outra música que vai estar no setlist. A música contou com um corpo de baile con-
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temporâneo e foi bem diferente e interessante ao mesmo tempo. Metal pode ser dançado sim! Já com o clássico “Cry For The Moon” foi o momento de agradecer e lembrar como eles chegaram até ali. Flashes do passado foram sendo mostrados para entender o caminho que o Epica percorreu. E isso é reforçado nas palavras que Simone disse ao final da música, nos 20 anos que “Cry For The Moon” foi lançada. Um agradecimento sincero a todos que fizeram o “Omega Alive” acontecer. Mostrando a equipe dos bastidores, técnicos de áudio, câmeras, assistentes, uma gama de pessoas.
LIVE REPORT . EPICA
Se terminasse aí, já estaria de bom tamanho e selaria com chave de ouro. Mas não, havia duas músicas a mais para a contemplação de todos. “Beyond The Matrix” dispensa apresentações. É sempre incrível ao vivo. Já “Omega – Sovereign of the Sun Spheres” deve fechar os shows daqui pra frente. Foi um verdadeiro espetáculo, tudo muito bem controlado e orquestrado. O som é outro ponto a ser falado, que som maravilhoso, me fez sentir no show. Uma pena que estamos passando por um momento como esse, essa apresentação merecia o público presente.
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