EDITORIAL
5 anos
Parece que foi ontem que eu estava comemorando um ano da revista e não imaginava que chegaria a tanto. Não é nenhum discurso politicamente correto ou modesto, realmente chegar até aqui não foi fácil. Várias pessoas estiveram por aqui e agradeço a cada uma delas. Hoje, sem o apoio incondicional, de nossos honrados parceiros esta publicação não seria nada. Assim como qualquer outro objetivo, é preciso ter convicção do que quer e perseverar neste objetivo, se não tudo vai por água a baixo e teu sonho não vai ser concluído nunca. A Rock Meeting nasceu para fomentar uma determinada cena do seu local de origem, Maceió. A medida que foram passando as edições muita coisa fora vista, muitas amizades criadas e inimizades também, nem tudo é só flores, porém continuamos aqui. Chegou um momento que falar
apenas da nossa cena não era o bastante. O nosso compromisso hoje é com o Nordeste. Um celeiro infinito de bandas incríveis e que muitas vezes não tem o destaque merecido. Mas aqui estamos para dar voz e espaço. Para a comemoração dos nossos cinco anos, oferecemos, novamente, uma coletânea com as bandas de boa parte dos estados nordestinos. Foram selecionadas bandas novas, bandas que estão prestes a lançar novo material e sem qualquer distinção de estilo. Nós acreditamos no Heavy Metal e tudo no que ele engloba. Para quem ainda não conhece nada do Nordeste e o que ele tem a oferecer, baixe esta coletânea e deleite-se! Nordeste não é só praia! Aqui tem Heavy Metal mermão! Muito obrigado a todos, em nome dos que fazem a Rock Meeting acontecer! Até mais amigos!
TABLE OF CONTENTS 07 - Coluna - Doomal 11 - News - World Metal 16 - Entrevista - Maquinรกrio 22 - Entrevista - Eridanus 30 - Capa - Dave Lombardo 38 - Exclusivo - Bruno Valverde 44 - Entrevista - Exterminate 52 - Entrevista - Reckoning Hour 58 - Coluna - Perfil RM 60 - Coluna - O que estou ouvindo?
Direção Geral Pei Fon Revisão Rafael Paolilo Capa Alcides Burn
Colaboradores Amanda Dugin Ellen Maris Jonathas Canuto Maicon Leite Mauricio Melo (Espanha) Rômel Santos Sandro Pessoa CONTATO contato@rockmeeting.net
Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press & União Doom BR)
A SOLIDÃO QUE PROPORCIONA BELEZA E POESIA
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os últimos anos fomos presenteados com inúmeras novas bandas de Doom Metal que produzem um som de alta qualidade, dentre estas a In Absenthia, banda de Doom Gothic Metal do Rio Grande do Sul. Com um EP chamado “Amongst The Lovers” mais o videoclip da música “Pilgrimage” a In Absenthia vem se consolidando em nosso cenário como uma das grandes revelações e promessas do Doom Metal nacional. Em conversa com o guitarrista e vocalista Bruno Braga, obtivemos algumas informações sobre a proposta da banda, pontos de vista e novidades. Confira a entrevista!
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Doomal: O nome da banda é relacionado ao termo em latim “in absentia” que significa “em ausência”. O que representa este significado no contexto musical de suas obras? Bruno: Apesar do significado jurídico que o termo em questão traz consigo, procuramos, com a introdução do “h”, criar uma marca, um nome próprio que, ainda sim, remetesse a esse significado literal, como corretamente observastes. As letras do In Absenthia trazem, em geral, temas ligados à solidão, mas não meramente uma solidão mundana, mas sim, um tipo existencial, um solipsismo que corrompe os personagens fictícios, levando-os a um processo de aceitação e superação,
causando uma total inversão de valores. A solidão pode proporcionar beleza e poesia, é possível conviver com ela, e a dor só ocorre quando da convivência com aqueles que não a possuem. É um ponto de vista um tanto fatalista, mas o estado de solipsismo é sem dúvida um círculo vicioso. Por isso, estar “em ausência” da realidade mundana é a melhor via, desde que considerada desse ponto de vista artístico que além de retratado nas letras, é algo que procuramos seguir como modus operandi. O Doom metal é formado por diversos sub-gêneros e no In Absenthia a vertente escolhida foi o Doom/Gothic Metal. O que este gênero significa para vocês e, consequentemente, para o público? Falando primeiramente da sonoridade, posso
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dizer que o que prezamos no doom é especialmente os riffs de guitarra lentos e marcantes, além do andamento geral, normalmente lento e cadenciado. Esse arquétipo quando combinado com melodias e arranjos focados no piano e uma temática lírica voltada ao romance e à solidão existencial, gera uma atmosfera lindíssima, com tudo que ambos os estilos podem de melhor oferecer. A opção está diretamente ligada às nossas principais influências, isto é óbvio e não pode ser esquecido. Bandas como Draconian, Dark the Suns, Lacrimas Profundere (old), Anathema (old), Saturnus, Novembers Doom, Estatic Fear, entre outros, são eternas fontes de inspiração. De modo geral, portanto, o envolvimento do público com o In Absenthia está ligado diretamente à sinceridade de nosso trabalho, à sinceridade e transparência da nossa sonoridade com aquilo que de fato vivenciamos; as tormentas de nossas vidas são trazidas para nosso som
que o principal problema está ligado à falta de acesso e de espaço para que as bandas tenham uma oportunidade de se apresentar. O público precisa respeitar um som que é tão profundo e representa tanto um estado de espírito como o doom metal. Uma pena que seja muitas vezes preciso “esfregar na cara” da cena uma banda de doom para que a aceitação comece a engatinhar. Mas a minha opinião é bem positiva quanto a isso. É um processo longo que não ocorrerá do dia para a noite, então, é preciso seguir produzindo, estudando e aplicando o que de melhor podemos no nosso som, mostrando que o doom tem muito a oferecer; se o mercado é contra nós, que vençamos pelo trabalho bem-feito. e é isso que almejamos: criar uma identificação com aqueles que passam pelas mesmas situações. Sabemos que o Doom Metal brasileiro cresceu bastante nos últimos anos, porém continua às margens do cenário underground nacional. Qual a opinião de vocês em relação a isto? O doom metal é e sempre será um estilo para poucos. É algo underground dentro de algo que já é underground. O fato de a cena ter crescido nos últimos tempos se dá, principalmente, pela união das próprias bandas em auxílio mútuo em prol da busca por um lugar ao sol. Existem muitos nichos no metal e, cada um deles, com seu próprio borderline sonoro e estilístico. Isso é e sempre será uma barreira que creio ser difícil de ser vencida. O doom sempre sofreu preconceito mas acho
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O In Absenthia possui obras bem marcantes e o sentimento das músicas é bastante intenso. Em que vocês se baseiam na hora de compor? Como havia dito, a coisa flui naturalmente quando as vicissitudes da vida nos tocam de modo radical, isto é, a música é sempre um reflexo de nossas vidas num determinado momento. Comigo não é diferente, e digo “comigo”, pois sou o responsável pelas composições em estado “bruto”, então, as feridas que me acompanham, serão transmitidas pra nossa sonoridade, necessariamente. O violão é meu velho amigo, sempre me acompanha, e é por aí que se iniciam as composições. Pelo meu estado espiritual ser um tanto ferido, meu critério para decidir quando uma
melodia está de fato boa, é bem exigente, por isso procuro sempre experimentar diversos arranjos diferentes utilizando programas de edição até satisfazer meu anseio. Daí em diante a banda trata de “polir” o som até seu estado final. Em nosso país existem várias bandas de Doom que executam um trabalho bastante profissional, quais vocês poderiam destacar que sejam referência dentro de nosso cenário? : Ouço muito as bandas de doom nacionais e posso dizer que já ouvi coisas daqui que me tocaram MUITO mais do que coisas internacionais. Digo isso não apenas pelo trabalho primoroso, mas sim pelo aspecto de sinceridade que as bandas daqui possuem. É como se o contato com integrantes e nos mostrasse outro lado da banda que de fora não podemos enxergar. Acompanhamos de perto o trabalho da banda, a emoção com os feedbacks e tudo o mais, te oferecendo algo muito mais puro quando se ouve o resultado final. Dentre as minhas preferidas poderia citar: Mythological Cold Towers, pela estrada e pelo primoroso trabalho conceitual em cima dos discos, tudo muito original; Avec Tristesse, pela maravilhosa atmosfera gótica; A já extinta Serpent Rise, da minha terra (RS), que foi pioneira no doom/death e até hoje é escutada por muitos, se tornando um verdadeiro clássico; Lachrimatory, que, a meu ver, é uma preciosidade sem tamanhos. Poderia citar várias outras, mas essas são as que mais pos-
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suem valor de replay na minha casa. Quais são os próximos planos da banda? A banda se encontra, neste exato momento, em processo de produção do seu segundo EP, intitulado A Subtle Teardrop Part 1: Lonely Sinking que já teve a arte divulgada, bem como o tracklist. O lançamento se dará em outubro junto com um grande festival local para tal. Planejamos também um novo clipe para o final do ano além de já começarmos a pré-produção da segunda parte de A Subtle Teardrop. Já adianto que após esses EP’s, um full será nossa próxima meta, um trabalho que será todo conceitual, uma adaptação do Poema Peri Physeos (Sobre a Natureza) do pensador grego Parmênides. Agradeço a participação de vocês e peço que deixem suas considerações finais. Eu que agradeço em nome do In Absenthia pelo espaço cedido e pelo apoio incondicional da Rock Meeting ao nosso trabalho, em especial a ti, Sandro, e teu excelente trabalho na coluna Doomal. Peço a todos que acompanham a banda para nos auxiliarem comprando material, compartilhando nossos vídeos e news nas redes sociais. Retribuiremos sempre com um trabalho cada vez mais primoroso para vocês. Espero que apreciem nosso novo trabalho e que possam se aproximar cada vez mais do feeling que procuramos passar. Deixo aqui nossos principais links para quem se interessar pelo nosso trabalho: Facebook | Blog | SoundCloud | Youtube
Death to all O Death (DTA), também conhecido como Death To All, - banda tributo ao Death em homenagem a Chuck Schuldiner, ex-vocalista e guitarrista da banda que é considerada pioneira do death metal - chega ao Brasil agora no início de setembro para fazer dois shows: dia 6/9 em Curitiba, no Espaço Cult e dia 7/9 em São Paulo, na Via Marques. O line-up da banda para a turnê sul-americana consiste nos ex-integrantes Gene Hoglan (bateria), Bobby Koelble (guitarra), Steve Di Giorgio (baixo) e também conta com a participação do vocalista e guitarrista Max Phelps (da banda de metal progressivo Cynic). Os ingressos para ambos os shows podem ser adquiridos no site da Ticket Brasil.
música nova
Video novo
A banda inglesa de stoner/doom metal Electric Wizard, que não lançava um álbum desde o “Black Masses” de 2010, acabou com a ansiedade dos seus fãs e disponibilizou duas faixas do seu novo álbum, intitulado “Time to Die”. Clique AQUI para escutar a primeira faixa lançada, “I Am Nothing”, e AQUI para escutar a segunda faixa, “SadioWitch”.
A banda sueca de power metal Hammerfall divulgou o novo videoclipe da música “Hector’s Hymn”, faixa que estará presente em seu nono álbum de estúdio, intitulado “(r)Evolution”. O álbum será lançado via Nuclear Blast Records. A banda também fará uma turnê conjunta com as bandas europeias Edguy e Gotthard na América Latina. Em dezembro estarão no Brasil.
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Novo álbum
Novo álbum 2
A banda sueca Opeth lançou o seu mais novo álbum, “Pale Communion”, via Roadrunner Records. O álbum foi produzido por Mikael Åkerfeld (vocalista e guitarrista da banda) e mixada por Steven Wilson, conhecido por ser o fundador, vocalista e guitarrista da banda de rock progressivo Porcupine Tree. E o álbum já tinha sido disponibilizado na íntegra e você pode escutá-lo clicando AQUI.
A banda de death metal Morfolk de São José dos Campos irá lançar um novo álbum, “...Until Death” via Violent Records, que ainda não tem data de estreia prevista. Enquanto isso, a banda divulgou a faixa “Desordem”, que você poderá baixar gratuitamente e conferir mais 66 outras músicas AQUI. E para conferir um teaser do álbum que foi recentemente disponibilizado, clique AQUI.
Novo álbum 3 A banda sueca de power metal Amaranthe irá lançar um novo álbum, “Massive Addictive”, com a data de lançamento prevista para o dia 21 de outubro desse ano. A banda também entrará em turnê com o Within Temptation nos Estados Unidos a partir do dia 25 desse mês para divulgar o seu novo álbum. Vale lembrar que o Within Temptation passará pela América do Sul em novembro, fazendo três shows no Brasil: dia 28/11 em Recife, no Clube Português, dia 29/11 no Rio de Janeiro, no Circo Voador e dia 30/11 em São Paulo, na Audio SP. 12
“Randy Rhoads Remembered” Em outubro o “Randy Rhoads Remembered” chega ao Brasil. É um tributo ao guitarrista que ficou conhecido após tocar na banda Quiet Riot e com o Ozzy Osbourne. As datas foram divulgadas pela produtora Top Link Music: 10/10 em São Paulo e 12/10 no Rio de Janeiro. Grandes músicos como Alex Skolnick (Testament), Gus G. (Ozzy Osbourne), Marty Friedman (Megadeth), Kiko Loureiro (Angra), Rudy Sarzo (Quiet Riot), Phil Demmel (Machine Head) e outros, são alguns dos nomes que já participaram da homenagem ao Randy Rhoads. No Brasil, os músicos convidados foram Moyses Kolesne (Krisiun), Ivan Busic (Dr Sin), Felipe Andreoli (Angra), Edu Falaschi (Almah), Andreas Kisser (Sepultura) e Ricardo Confessori (Shaman), além de Kiko Loureiro (Angra). Os ingressos já estão sendo vendidos no Ingresso Rápido.
“The Devil’s Work”
Reunion
A banda paulista de death metal NervoChaos, uma das mais conceituadas do gênero, lançou o videoclipe da música “The Devil’s Work”, do seu novo álbum “The Art of Vengeance”, que está disponível para venda no site da Cogumelo Records. Clique AQUI para assistir o clipe. E a banda fará uma tour com Amazarak por São Paulo e Espírito Santo. A tour “The Art of Blasphemy” vai passar em Indaiatuba (SP), Vitória (ES) e termina Araraquara (SP).
O Superjoint Ritual, banda do ex-vocalista do Pantera e atual vocalista do Down, irá se reunir para tocar no Housecore Horror Film Festival, que serão nos dias 23 a 26 de outubro na cidade de Austin, no Texas. GWAR, Voivod, Danzig, Eyehategod, Cattle Decapitation, Samhain e outros, são algumas das bandas que irão tocar no evento. A banda, que irá tocar apenas com o nome de “Superjoint”, se separou em 2004 após brigas entre Phil Anselmo e o baterista Joe Fazzio.
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Novo álbum 4
“Through Oblivion”
O baixista Dan Lilker, da banda de thrash metal Nuclear Assault, anunciou recentemente que a banda está planejando produzir o seu sétimo e último álbum antes de começar a sua turnê de despedida. “Em 2015, serão 30 anos desde que o Nuclear Assault solidificou o nosso line-up e começou a fazer um nome para nós mesmos. Para comemorar isso, a banda irá escrever e gravar outro álbum e fazer alguns shows para a ‘final assault’”.
A banda sueca de death metal melódico In Flames lançou o videoclipe da música “Through Oblivion”, faixa do seu décimo primeiro álbum de estúdio, intitulado “Siren Charms”, que será lançado no dia 9 desse mês. Clique AQUI para assistir o clipe. O seu novo álbum já pode ser pré-encomendado no site do iTunes. E a banda já iniciou a tour pelos EUA com o Opeth e Red Fang.
“PANDEMONIUM” O Cavalera Conspiracy, banda dos irmãos Max e Igor Cavalera, irá lançar o seu terceiro álbum de estúdio, “Pandemonium”, no dia 4 de novembro nos Estados Unidos via Napalm Records. A banda disponibilizou uma faixa inédita do novo álbum, intitulada “Banzai Kamikaze” (clique AQUI para escutá-la). John Gray, produtor do álbum que já havia trabalhado anteriormente com Max nos álbuns “Primitive” e “Dark Ages” do Soulfly, afirmou: “Esse é de longe o álbum mais rápido e mais pesado que eu já tive o prazer de trabalhar com Max Cavalera. (...) Eu nunca tinha trabalhado com o Igor Cavalera antes e eu fiquei muito impressionado com a sua habilidade de trabalhar os arranjos com Max e conseguir umas partes de bateria extremamente complexas ao vivo com quase nenhuma retomada necessária”. O álbum marca a entrada do baixista Nate Newton, da banda Converge. Créditos reservados ao site Loudwire por ter divulgado a música. 14
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Por Por Leandro Fernandes Foto: Divulgação
O EP “Seis Milhas Para o Inferno” está sendo bem aceito pela crítica especializada? Watson Silva: Pelo que temos visto e lido pelas resenhas dos sites que publicam algo a respeito do EP “Seis Milhas para o Inferno”, as opiniões são diversas. Agradecemos a quem elogiou e recebeu com boas mãos o material. Com certeza ouviremos e analisaremos as críticas construtivas, boas e ruins que nos mencionaram também, afinal de contas é preciso se ter um lado A e B para se pesar na balança o que de melhor está se fazendo. Várias bandas hoje em dia estão investindo e muito em cantar letras em português, por que essa opção? Matheus Andrighi: Porque o nosso país, o Brasil, está atualmente carente disso: bandas cantando rock em língua nacional. Achamos uma atitude honrosa ver colegas de trabalho na música com projetos parecidos. Temos quase 200 milhões de pessoas no nosso país. Boa parte desconhece um som de rock em português que tenha, primeiramente, o caráter de ter abertura para a mídia e a outros públicos. Essa é a missão das bandas que cantam em português: alcançar um público desconhecido, e que está aberto a novidades. Afinal, quem é que não quer conhecer um som de qualidade diferenciado? Basta ceder à oportunidade! A Maquinarios leva um som bem saudosista, coisa que realmente é difícil de ver hoje em dia. Qual é a faixa etária dos fãs? 18
Diego Massola: (risos) Bem, ficamos felizes em poder dizer à Rock Meeting que nossa faixa etária são os jovens e adolescentes entre 12 e 20 anos (sim, eles ainda escutam o velho Sabbath). Com o lançamento rela do nosso primeiro trabalho, poderemos definir ao certo que público alcançaremos e teremos como foco. Esperamos que a faixa etária seja a mais abrangente possível. Diego Massola se integrou a banda há pouco tempo, por que ouve a mudança do baterista? Watson: Toda banda séria procura um alicerce, pessoas engajadas a tentar tudo a troco do reconhecimento merecido. Nós identificamos esse perfil no nosso atual baterista e sem mais. É o melhor de todos os motivos. Como tem sido os shows feitos pela
banda? Diego: Alucinantes! (risos). É sempre uma surpresa estar ao palco e ver o que se pode esperar. Sempre há um estado de caos quando estamos ao vivo com galera. Eles são demais! Muito obrigado a vocês que vão a nossos shows! Vocês são o real motivo da nossa existência. A banda ainda tem algum contato com o ex-integrante Cezar Fernandes? Matheus: Tendo em vista que a banda ainda está engatinhando para seu amadurecimento e fixação de público, penso que isso seja algo que não aconteça, por naturalidade. Não temos contato com ele, o que não significa que tornamos inimigos ou algo do tipo. Respeitamos sua história na banda. Como foi trabalhar com o grande Ro19
gério Fernandes? Existe a possibilidade da participação de algum outro vocalista ou instrumentista? Watson: Foi único. O vocalista da banda que nos influenciou de fato (Carro Bomba). Estar em estúdio participando da faixa “Seis milhas para o inferno” foi algo fenomenal. Sempre nos lembraremos desse momento. Ainda não pensamos em outra participação em um futuro álbum, mas gostaríamos. A banda se rotula dentro de que estilo? Pois fazem um som bem original e único. Diego: Novo Rock Nacional. A intenção é essa. Buscar o máximo de originalidade e singularidade no nosso som. Rótulos hoje em dia na nossa indústria fonográfica são elementos praticamente inválidos. Tudo é miscigenado de alguma forma.
O resultado final para o vídeo da faixa “Seis Milhas Para o Inferno” foi satisfatória? Watson: Está animal! Só assistindo para conferir a “Live in Studio”! A princípio se trata da formação que sempre buscamos, com a timbragem que estamos dia após dia lapidar. Em segundo lugar, porque é ao vivo. É a banda de fato tocando. Faça o seu top 5 das bandas ou músicos e consequentemente dos CDs que você tem escutado recentemente. Fale um pouco sobre elas. Matheus: Respondendo em conjunto, podemos citar: Accept, Black Label Society, Hibria, Mattilha e Carro Bomba. Estamos sempre escutando mais ao menos a mesma coisa ao tempo, o que é muito convidativo na hora da composição de materiais novos. Qual o recado da banda para a galera que ainda se encontra na garagem, procurando decolar com sua banda? 20
A priori, trabalho duro. A partir do momento que a banda reconhece seu objetivo (realmente levar a coisa toda a sério), tudo se torna uma questão de tempo e muito empenho. Vejam bem, se a banda não escolhe esse caminho, não quer dizer que não queiram chegar a algum lugar, mas se o propósito for escalar essa imensa pirâmide que é a cena musical da atualidade e chegar a um reconhecimento, ai sim, há uma receita quase pronta. Recentemente Bill Hudson, guitarrista brasileiro cedeu uma entrevista na qual comenta alguns aspectos que tangem essa “quase” receita (Para quem busca o objetivo em questão). Segue um trecho que gostamos muito: “Trabalhar duro” vai muito além de tocar. Tem que ter o visual, estar em forma… não ficar a semana toda bebendo e reclamando da vida. Saiba negociar, conversar com as pessoas. Aprenda outras línguas, estude sobre o business. Seja honesto, não pise na cabeça de ninguém. Pra mim, existe sim uma fórmula para o sucesso, mas a maioria não segue.
“Todos na ba estar em igu 22
anda tem que ual sintonia� 23
Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação
Saudações galera. Sintam-se à vontade e não meçam as palavras! Roger Feilstrecker: Olá pessoal do Rock Meeting, é um grande prazer estar aqui falando com vocês. Como nasceu o Eridanus e quem hoje faz parte da banda? Bom, eu fundei o Eridanus em 2005, quando já havia tocando algumas bandas em que não estava satisfeito com o som que as mesmas faziam. Tudo meio que girava em “o quão extremo e mau” sua banda era. Bem na época, entre 2001 e 2005, teve o “boom” de bandas de vocal feminino, e também houve uma maior exposição deste estilo de bandas e do Power Metal em geral (incluindo bandas brasileiras como Angra e Shaman) nas mídias do Brasil, e isso me chamou muito atenção, já que esses sempre foram os estilos que me inspirei. Então, de alguma forma eu pensei que seria “divertido” e diferente tentar unir essas duas fórmulas: um Power Metal Tradicional com 24
os vocais femininos. Desde o início, o intuito sempre foi ser o mais original possível, tentar extrair algo novo dentro do Heavy Metal e, na época como esse seria o diferencial, nasceu o Eridanus. E desta forma tudo funcionou muito bem até mais ou menos 2010 quando, após várias trocas de formações, eu decidi que seria melhor dar um tempo na banda para realmente ver se aquele ainda era o caminho certo a se seguir. Depois de dois anos, em 2012, eu e o baixista Andi Castro (único remanescente da antiga formação além de mim), resolvemos seguir em frente, mudando nosso direcionamento, incluindo os vocais masculinos ao invés dos femininos, e assim nasceu essa “nova era” do Eridanus. E, desde então, estamos com a mesma formação, com o Thiago Lauer nos vocais, eu e o Deivid Moraes nas guitarras, Andi Castro no baixo e Rafael Reis na bateria. Assim, entramos em estúdio em Agosto de 2012 e gravamos o nosso debut ál-
bum “HellTherapy”, que está ai agora, e todos podem curtir essa nova fase da banda. Diante de tantas mudanças que a banda já passou, quem eram e quem são hoje? Antes nós não víamos a música como ela realmente é, com o profissionalismo que temos hoje. Uma coisa certa é que ,mesmo sendo um prazer para nós fazermos isso, (e para qualquer músico), a música não deixa de ser um negócio e, como tal, tem que haver planejamento, metas e etc. Para que um negócio dê certo, você também precisa de pessoas que te ajudem a chegar lá. Todos na banda tem que estar em igual sintonia e hoje nós temos isso. Hoje em dia uma banda precisa de uma união ainda maior. Hoje, você além de banda, é manager, booking, marketing e imprensa. Você é músico e tudo mais que sua banda precisa. Existe muito trabalho dentro de uma banda que se não for feito corretamente pode colocar tudo a perder. O sucesso nunca vai vir 25
antes de muito trabalho. “HellTherapy” foi lançado ano passado e internacionalmente aconteceu a pouco mais de um mês. O que vocês já colheram com o seu primeiro álbum? Muita coisa. O álbum tem tido um sucesso que tem nos surpreendido cada dia mais. Nos shows podemos observar muitas pessoas cantando as músicas mas, a nossa maior conquista, tem sido conquistar um público que normalmente não ouviria Heavy Metal, mas que escutam nossas músicas e gostam, e ainda nos questionam: “Isso é Metal?!…ah, eu gostei!”, pois tinham aquele paradigma de que Heavy Metal é uma música pouco acessível. Com isso, a banda se tornou bem conhecida em vários lugares pelo mundo. Muita gente nos procura para dizer o quanto nossa música é relevante para eles e é sempre é gratificante saber que você fez a diferença na vida de alguém.
Já tem previsão para o sucessor do “HellTherapy” ou ainda é cedo? Sim! Na verdade o sucessor de “HellTherapy” já está tomando forma nestes últimos meses. Em paralelo com a tour, estamos também compondo novas músicas. Inclusive em alguns shows temos tocando algum material novo para sentir a reação do pessoal. Assim já sabemos de antemão quais funcionam mais com o público. Em 2015 a banda completa 10 anos de vida e perseverança. Em razão disso haveria algo especial para acontecer? To ficando velho hein...(risos). Bah, 10 anos é bastante tempo! Às vezes parece que foi ontem que eu era um adolescente tentando formar uma banda. Mas como tu falaste, são 10 anos de vida e perseverança. Nós temos planos para 2015, alguns ainda não podemos revelar, pois ainda não estão 100% concretos, mas talvez lançaremos algum material novo. Queremos talvez lançar nosso próximo álbum em 2015. Seria muito bom comemorar os 10 anos assim. Vamos ver ainda, mas haverá coi26
sas novas sim, podem esperar. Quando ouvi “Set it on Fire” pela primeira vez me deixou um pouco intrigada com o vocal. Com o passar da música você fica mais “habituada” e sente que o som e o vocal casam bem. Essa música é bem chiclete, não é? Como faz para parar de ouvir? (risos) Ah, mas para que parar de ouvir, ela é tão legal! (risos). Na verdade essa música é o maior “acidente” (no bom sentido) de “HellTherapy”. Ela nasceu como uma música voz e violão, e como já tínhamos duas baladas no álbum, resolvemos fazer uma versão “nervosa” dela, e aí está. Outro “acidente” é que nosso intuito é que o single fosse a música “HellTherapy”, por ser mais pesada, levar o nome do álbum e ser mais impactante, mas depois das gravações, vimos o potencial de “Set it on Fire” e muitas pessoas que ouviram ela também falaram desse fator “chiclete”, e assim resolvemos apostar nossas fichas nela, e deu um resultado enorme.
“HellTherapy” foi inspirado em algum filme, situação da vida? Existe algum personagem por trás da concepção o álbum? Sempre falamos que o álbum é conceitual sem ter conceito.(risos). Internamente, nós temos uma história, uma linha para seguir, mas isso não torna o álbum conceitual, já que não é algo que julgamos oficial, e também pelo fato de não seguir uma linha cronológica definida. Ali, tudo são fragmentos, “easter-eggs” de um pensamento muito maior do “personagem” (você pode encontrá-lo na capa do álbum) que está vivendo tudo isso. Mas a inspiração maior é realmente nossas vidas, as dificuldades de se ter uma banda que toca Heavy Metal, ainda mais no Brasil, coisa para gente doida, não?! Todas as músicas formam uma biografia do Eridanus, que é representado por este “personagem” a que me referi acima. Tudo que está escrito ali já aconteceu de uma forma ou outra, claro que, em músicas usamos uma lente de aumento e fazemos coisas mais caricatas, mas tudo em “HellTherapy” tem relação com a 27
realidade. Segundo o álbum, a terapia passa por muitos instantes como a aceitação, de estar perdido, dos questionamentos, dos erros, de queimar tudo, ouvir o seu coração até chegar no seu paraíso. É isso mesmo ou precisaria de uma “HellTherapy”? Você captou exatamente a essência da história! Agora, a pergunta é: qual o paraíso que se pretende chegar ao final de tudo? Talvez, quem sabe o paraíso não pode ser tornar um inferno também, será que o paraíso não é uma ilusão? Quando se sabe que estará lá? Esses são os questionamentos que deixamos no ar. O tal “Easter Egg”, coisa que a Marvel ama fazer. Top 5. Esta é uma pergunta chave da Rock Meeting. Liste as 5 bandas que influenciam o Eridanus. Se possível, destaque um álbum de cada e defina em poucas palavras. Não conseguiria fazer uma lista única, pois
tais bandas não existem como unanimidade dentro da banda. Gostamos de tanta coisa e uma tão diferente da outra que fica difícil termos uma playlist em comum. Temos quem gosta de Metal mais extremo, temos quem gosta mais de Power Metal, outro Heavy Metal clássico e também Hard Rock, Sleaze, Glam, AOR e etc. E todos nós escutamos outros gêneros musicais também, o que dificulta ainda mais listar bandas ou músicas que nos influenciam. Mas posso listar minhas bandas favoritas, e como não poderia deixar de ser o primeiro, sou fã demais de Helloween, com certeza é de onde vem boa parte da minha inspiração, eu poderia citar todos os álbuns, mas vou destacar dois, que são: Time of the Oath e Better Than Raw, que são demais. Arch Enemy também é uma influência grande no meu estilo de tocar, assim como Gotthard, onde vejo no álbum Domino Effect uma obra onde todas as músicas são ótimas. Gosto muito de Mötley Crue, onde tiro toda onda Hard Rock para me inspirar, além de Ratt, que pra mim, junto com o Mötley, foi 28
uma das melhores bandas na década de 80, mas acho que é pouco considerada por boa parte das pessoas. Ainda colocaria nesse bolo Nightwish, Scorpions, Metallica, Sepultura e Ozzy Osbourne. Por fim, o que podemos esperar da banda para 2014 ou é um segredo? Sucesso galera! Por incrível que pareça odiamos guardar segredo de nossos fãs. Temos alguns planos para esse ano ainda, mas o certo é que vamos continuar a “HellTherapy Tour” pelo Brasil, pois ainda não inventaram melhor método de divulgação que o show, é a ferramenta mais poderosa de uma banda. E também em paralelo trabalhar o sucessor de “HellTherapy”. Gostaria de agradecer imensamente a entrevista e o espaço cedido pelo Rock Meeting para divulgar nosso trabalho, e convidar a todos que ainda não conhecem o Eridanus a conhecer nosso trabalho, através do nosso site, também pela nossa página no Facebook. Curtam nosso novo clipe também, até mais!
E V DLOMABARDO
r o d a v l a S Em
THRASH META 30
TAL SIMPATIA 31
Texto e Foto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)
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inatingível é algo que pode frustrar muitas vezes, porém você está tão conformado que nem afeta tanto o seu íntimo. Todo mundo tem uma banda preferida. Em algum momento você já pensou em ir ao show, curtir aquele som, conhecer outras pessoas que também nutrem o mesmo. Até, quem sabe, poder ter a chance de trocar alguma ideia ou tirar uma foto com a banda, nussss que fantástico, hein? Mas aí esbarramos nas dificuldades e ir ao show já está de bom tamanho. Cada um tem uma história para contar. Enfim... Essa distância que existe entre banda e público pode ser “mágica” ou destruidora muitas vezes, a depender da banda, mas não para Dave Lombardo, o ex baterista do Slayer, atualmente com a banda Philm. Workshow ou workshop, como preferir, é uma ótima oportunidade de poder ver
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de perto aquele cara que você tanto admira. Ver como ele toca ou, simplesmente, mesmo não sabendo de técnica alguma, você vai para ver a pessoa. Nascido em Cuba, o latino Dave Lombardo esbanja simpatia, desmistificando aquela imagem do cara “mal encarado” dos palcos quando estava com o Slayer. O cara era tão próximo do público que já esteve ali em várias oportunidades, revendo amigos, saca? A Rock Meeting foi conferir, em Salvador, a primeira das datas do baterista pelo Brasil. Por onde ainda esteve no Sul e Sudeste, além de Brasília. Foram 10 datas e em todas elas o cara foi muito bem recebido e, principalmente, receptivo com todo mundo. Como não admirar um cara desse? Em Salvador, na única data do Nordeste, Dave já era ansiosamente esperado pela galera que estavam a sua espera. Antes de Lombardo subir ao palco, o baixista Joel Moncorvo abriu os trabalhos intensamente. Tocando alguns clássicos do Heavy Metal, Moncorvo mostrou técnica apurada e toda aquela “fritação” de músicos dedicados ao seu instrumento, neste caso o baixo. Num breve show, o baixista agradeceu ao público e
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ele mesmo já estava ansioso pelo que estava por vir. O cara apareceu no palco e a galera se aglutinou em frente a ele. Simpático à primeira vista, chamou todos para perto e já iniciou com uma bela apresentação de técnica, rapidez e fúria. Não dá para tocar bateria e ficar com a maior cara de paisagem, né? Convenhamos! É preciso sentir o instrumento e o que ele pode proporcionar. Após duas demonstrações, Dave pegou o microfone e disse: “Em inglês ou espanhol?”. A maioria preferiu o espanhol, mas ficou neste misto dos dois idiomas. Enquanto ele explicava o seu material, era incrível ver a carinha de todos ali espremidos à beira do palco, a sensação de incredulidade e espanto: pow, o cara tá aqui mesmo, bicho! Ele existe mesmo! É rotineira esta percepção que temos enquanto comunicadores. Só quem vive este meio entende perfeitamente bem o que o outro sente. É uma transmissão sensitiva inexplicável, o Heavy Metal tem dessas coisas. Dave Lombardo estava atrás de sua enorme bateria, mas não foi o suficiente. Pegou o seu banco e ficou a um metro da galera. Ele foi próximo o bastante para acreditar que ele não seria tão frio que não pudesse chegar perto do seu público. Com toda certeza, o baterista deixou incríveis impressões. Daquele cara que você gostaria de conviver mais, porque ele seria um ótimo amigo.
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Voltando ao workshow, Dave Lombardo falou de suas experiências, principalmente da sua influência na música latina. Foram várias e infinitas perguntas. A galera não se intimidou com a barreira linguística e bombardeou Lombardo dos mais variados questionamentos. De perguntas sobre o Slayer a “Já que você tem influência latina, poderia tocar Rick Martin?”. Ele sorriu muito da cara do sujeito que perguntou isso. “Bad idea, man!”. Dentre alguns questionamentos sobre bateristas, citando um e outro como bons amigos, dentre ele o Mike Portnoy, Dave deixou uma mensagem bastante interessante a respeito, que independe se é apenas aquele instrumento, uma lição para a vida mesmo: “Você tem que tocar bateria com sentimento, não é apenas por tocar (no que tange ao business), tem que sentir mesmo”. Quando perguntado sobre uma banda, ele até citou suas palavras como exemplo: “Eles são legais, mas não tem feeling”. Suas palavras me deixaram impressionada! Mas não dá para negar que ele ainda vive sobre a sombra do Slayer e muitos queriam ver e ouvir tocar os clássicos da banda.
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Eram audíveis os gritos vindos do fundo ou na frente do palco mesmo: “Raiiiniing bloood” ou “Angel of Death”. Toca logo todos clássicos, por favor! Estava esperando por isso já! Depois de muita conversa e risos, Dave finalizou com um medley de “Angel of Death”, que ele mesmo disse que tem influência da música latina nela, e a tão esperada “Raining Blood”. A vontade era de banguear, sem dúvida! Os olhos dos expectadores brilhavam, aquela sobrancelha frisada já apontava o sentimento único. Todos estavam satisfeitos. Após o músico descansar um pouco, o público ainda pode participar de um Meet&Greet. Assinaturas e fotos aos montes. Dave Lombardo foi simpático e atencioso com todos. 100 pontos para esse cara fantástico. E volte, por favor!
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ra um menino normal quando começou a tocar bateria e sua vida mudou. Hoje já é o baterista da banda de tem a sua idade no que tange ao sucesso que fazem. Conversamos, com exclusividade, com Bruno Valverde, o menino prodígio que tem a responsabilidade de levar consigo as batidas frenéticas do Angra. Serenas e com os pés no chão. Foram assim as respostas de Bruno sobre os mais variados assuntos: família, Angra, pessoal, projetos e futuro. Confira agora esta super entrevista e não deixe uma linha sequer! E aí, Bruno, tudo joia? Satisfação imensa! Neste primeiro contato com a Rock Meeting, não meça as palavras. Tudo bom! Agradeço muito o convite, acompanho o trabalho ha um tempo. Vejo toda dedicação e esforço para ajudar manter tudo ao que se refere sempre vivo! Admiro todo esse trabalho e preocupação! Por favor, sempre há um leitor descuidado, apresente-se! Sou baterista desde os 9 anos e faz 14 anos que me dedico à música. Comecei tocando na igreja. Tive forte influência familiar para ingressar nessa jornada, foi a melhor decisão que tomei na vida (risos). Participei como freelancer em diversos grupos e bandas. Toco no Kiko Loureiro Trio há 2 anos. Hoje sou baterista do Angra. 38
Por Pei Fon Fotos: Mauricio Melo (Espanha)
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Vamos um pouco lá na sua trajetória. Como você deu início na bateria? Era apenas um hobby ou já pensava em algo profissional? Como disse acima, tive influências em casa. Sempre tive uma inspiração para a música, meu pai guitarrista de uma igreja há muito tempo e minha mãe tocava trompete. Eu falava sempre que queria tocar bateria por influências dos bateristas locais desta igreja. Um dia conheci um baterista muito reconhecido no Grande ABC e região que se chama Lenilson. Fiquei empolgado para estudar. Na semana seguinte, iniciei oficialmente o que seria o que eu mais gosto de fazer na vida. Tinha 9 anos. A primeira vez que me apresentei em público foi na igreja e isso é marcante pra mim (tinha 11 anos). Foi numa banda que tinha com meu pai. De lá pra cá, nunca parei de estudar/pesquisar viver para o instrumento. Tudo que eu fiz na vida até hoje teve relação direta ou indireta com a bateria. Na maioria das vezes é pelo incentivo dos pais que se inicia o aprendizado. Com você foi assim também? Quão importante foi este apoio vindo de casa? Sim, sempre estive envolvido, pois acompanhava meu pai desde pequeno, nos ensaios da banda dele na igreja. Eu já quebrava panelas da minha mãe ha muito tempo em casa (risos). Então foi meio natural a minha “escolha” do instrumento. Família pra mim é tudo, é o que eu tenho de maior valor na vida. Agradeço a Deus e aos meus pais por sempre me apoiarem. Apoio esse que foi importantíssimo para tudo que vem acontecendo. Presente. Você já participou de muitos projetos, entre eles o Kiko Loureiro Trio. Como você descreve este seu 40
atual momento assumindo as baquetas do Angra? Sim, já participei de muitos projetos. E ainda estou no Kiko Trio. Bom, o Angra sempre foi um horizonte utópico pra mim, a banda tem a minha idade. Nunca imaginei que poderia participar um dia desse projeto que sempre foi influencia pra mim. E, claro, como se deu toda a conversa para você estar no Angra? Um belo dia em casa, recebi a ligação do empresário do Angra e do Felipe perguntando se estava disponível no dia “x” pra conversarmos. Marcamos em um estúdio, onde toquei com Felipe e o Rafa. Não tinha muito contato com o Rafael, tínhamos nos encontrado mais em camarins, backstage e etc. Ali pude conhecê-lo um pouco mais, tocando e conversando. Acertamos algumas coisas e depois tivemos outra conversa oficial. Foi ai fechamos tudo. Depois de uma série de shows pela Europa, como você tem visto a receptividade do fã? Existe alguma resistência por conta dos mais conservadores? No geral, me sinto muito contente com o feedback. Muito carinho e positividade dos que apoiam e querem sempre ajudar alavancar a banda. Temos por outro lado, alguns fãs que esperam oportunidades para então poder dizer algo, que acho justo/natural pela responsabilidade que o cara sente de sempre estar ajudando, comprando disco, indo aos shows, curtindo compartilhando e etc. E, obviamente, pelo legado das ótimas composições que o Ricardo e o Aquiles deixaram na banda. Rola de uma parte dos fãs: “Será que ele vai conseguir executar isso ou aquilo?” – Muito bom saber que o fã está ligado em todo o processo 41
da banda. Mas também é, claro, existe o chamado “hater”... nós sabemos qual é (risos). Nem bem foi efetivado no Angra, já foi para um turnê e passou alguns dias na Suécia compondo o novo álbum. Pode nos adiantar algo? Já tem nome? O que posso falar é que temos um material que considero muito bacana. Todos nós ficamos felizes com o resultado. Não houve cismas de compor para a proposta “complexa” nem para “simples”. Nome? Não posso dizer (risos). Já há previsão para o novo álbum com você na bateria e o Lione nos vocais? Ou é para 2015 e sem data? Provavelmente para este ano. Mas não consigo precisar, por causa de todo o processo burocrático com fabricação, distribuição e etc. Como foram estes dias de turnê, as gravações na Suécia? Conta para nós toda essa experiência. Afinal, era tudo muito novo. Foram muito valiosos. Tive um tempo ótimo na Europa, foi um mês intenso. Meu primeiro show, aquele de estreia, logo na Itália, rolou claro uma tensão. Mas tudo correu bem, receptividade dos fãs locais foi muito boa. Os shows foram muito bons. A gravação foi uma experiência diferente, mesmo que tínhamos as guias/prés. Gravei a bateria com guias humanas, sempre Felipe, Kiko ou Rafael tocando juntos comigo na sala. Pudemos, ao mesmo tempo, ir sentindo o arranjo com o produtor e amadurecendo algumas partes. Tivemos uma estrutura ótima / confortável para as gravações e tudo isso está impresso no disco. 42
Convivência. Como está sendo a conversa entre vocês da banda tendo dois integrantes que moram fora do país? Trocamos e-mails todos os dias praticamente, falando detalhes do álbum, ou até mesmo os updates das partes que estão sendo adicionadas no disco, solos, efeitos, coro, etc. E sempre algo do planejamento ou dos shows que vão rolar, turnês, etc. Você continua seus outros trabalhos com exímios guitarristas como Adson Sodré e André Nieri. Como está o andamento deles? Sim, com Adson temos já bastante composições, numa fase bem madura, ele é um guitarrista excelente, e um cara muito legal. Logo mais sairá o disco, assim que acabar todas as músicas e conseguirmos o tempo necessário para focar nesse trabalho. Com a agenda do Angra, ando um pouco “off”, mas não totalmente, dos projetos paralelos. Com Nieri, temos esse projeto e sempre conversamos a respeito. Quando tínhamos marcado de iniciar oficialmente o projeto, eu recebi as news do Angra sobre a viagem pra Europa. E quando eu voltei ele estava indo pra turnê com Virgil para os EUA. Ou seja... (risos). Mas, será um projeto muito bom, que tem muito a ver com meu projeto solo, com minha linguagem e a dele em si, que gira em torno do Fusion / progressivo, também com elementos brasileiros. Também, recentemente, gravei uma faixa promocional do meu brother guitarrista Marcelo Barbosa (Almah), e estarei presente em seu novo disco. Ok, parei as perguntas sobre Angra, banda, projetos. O que você faz quando 43
não está tocando? O que gosta mais de fazer nas horas vagas? (risos)Estudando, tocando e ouvindo. Bom, nessas horas, hoje em dia, dedico pra minha família, namorada e amigos. Existe uma vida fora da bateria (risos), mas não com outra atividade em si, tem a ver com gente. Top 5. Costumo perguntar para todos os entrevistados, mas farei diferente. Quais os 5 bateristas que são suas influências? Fale um pouco sobre eles. - Dave Weckl (influência maior no estilo Fusion/jazz/funk. Toco de traditional Grip por sua influência); - Virgil Donati (Uma grande inspiração e influência. Nos estilos fusion / progressivo é o que mais me identifico e foi um divisor de águas no conceito Linear / Não-Linear); - Simon Phillips; - Tony Williams (Mestre gênio, linguagem, fraseado único exclusivo. Gravou um dos discos que mais ouvi, com outro mestre da guitarra Allan Holdsworth); - Gary Novak. Para finalizar, o que se pode esperar de tudo o que você faz para 2014? Sucesso sempre e as páginas da Rock Meeting estão abertas para você. Sempre muito trabalho e dedicação. Primeiramente por puro amor à música. E para elevar a classe “baterística”, musical como um todo. Tenho 2 discos importantes pra sair que, obviamente é o do Angra, e também do guitarrista Italiano Fabrizio Leo (Laura Pausini). E projetando meu DVD, que será gravado ano que vem.
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Foto: Divulgação
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Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Carlos Henrique Borges
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m nossas investidas para conhecer as bandas brasileiras, lá vai mais uma porrada na orelha. Oriundos do Sul do Brasil, a banda Exterminate está prestes a lançar seu primeiro álbum. Ouvimos um pouco do que está por vir e o que podemos adiantar é: zuada das boas! Confira agora o que o Marcelo Feijó, baixista da banda, tem a dizer!
A priori, quem é o Exterminate e como surgiu a banda? O Exterminate é uma união de 4 caras que gostam muito de música e do que fazem. A Banda surgiu de uma ideia de Marcelo (baixo) e Rafael (guitarra), na qual tínhamos algumas músicas e o nome desde o princípio definidos, antes mesmo dos outros integrantes, e algum tempo depois colocamos em prática nossas ideias. A banda existe desde 2007 e sofreu mudanças como qualquer outra banda. Vem surtindo efeito? Desde de 2007 a Banda sofreu várias mudanças e com isso aprendemos muito com cada integrante. Um exemplo do fato foi a saída de Iuri Ravel (batera), e respectivamente o mais novo integrante Sandro Moreira (ex-Rebaelliun). Foi um grande passo. Sandro chegou com gás total, acrescentando ao Exterminate suas experiências e ideias, que têm surtido o efeito destas modificações na qual estão presentes nas nossas novas músicas. 46
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Rápido, direto e sem frescura. Assim eu posso “desenhar” a música promo da banda “Ascension”. É isso mesmo? Fale um pouco sobre. Sim, isso mesmo. “Ascencion” foi montada para um grande impacto com riffs rápidos, solos de guitarras e bateria precisa. Nesta música nós já tínhamos uma nova maneira de compor, bem diferente das músicas antigas. Sem contar que “Ascension” já é uma prévia do primeiro full-lenght. O que vocês podem nos adiantar? Já tem nome, data de lançamento? Já tínhamos praticamente tudo pronto para a gravação, mas como ocorreu a saída do batera Iuri Ravel e a entrada do Sandro Moreira, tivemos que modificar muitas coisas. Uma delas é que o Sandro pôs sua pegada e acrescentou sua experiência, e respectivamente ocorreu uma prorrogação na gravação. Vamos entrar em estúdio em Setembro/2014, juntamente com Sebastian Carsin – Studio Hurricane, ainda sem previsão de data de lançamento. Mas podemos afirmar que o álbum terá o título “Legacy”. Calcados no Brutal Death Metal, quem são suas inspirações? Existe aquela coisa de “fazer um som diferente” ou a mensagem é direta mesmo? Realmente existem inspirações, e são todas aquelas com o mesmo estilo do Exterminate, na qual nos identificamos e que de alguma forma procuramos sempre acrescentar no som que fazemos, buscando agregar com ideias de uns e de outros onde criamos nossas composições. Pensando sempre em tentar montar algo com simplicidade e o mais direto possível. Como vocês enxergam o cenário brasileiro para o Heavy Metal no que tange ao underground? É ‘pagação’ para gringo ou tudo (do 49
produtor ao público) ainda é amador? Aqui no Brasil existem muitas bandas que botam alguns gringos no bolso. Mas, realmente, na cena brasileira é um pouco difícil divulgar um trabalho sem ser comparado com os gringos. Afinal são nossas inspirações. Com todo o respeito, o que realmente existe são os dois lados da moeda, que na qual tem público que paga caro para assistir uma banda gringa, mas não paga barato para assistir uma banda local e assim vice-versa. Já tocamos em festivais de pouca expressão e que os equipamentos era um luxo, e também em alguns que deixaram a desejar, considerando que já dividimos o palco com bandas gringas e o equipamento que nos pro50
porcionaram era um lixo. É complicado dizer se é amador ou não, eu acredito que tanto o produtor quanto o público deveriam dar o devido valor com a banda que está no palco. Do Norte ao Sul, o que vocês conhecem do cenário brasileiro? Quais bandas poderiam citar? Como falei, o Brasil de norte a sul é muito forte na cena Underground, mas mencionando o sul, temos grandes bandas como por exemplo: Finally Doomsday, In Torment, Postmortem, Decimater, Bloody Violence, Symphony Draconis, The Sceptic, Dying Breed. Existem outras mas é impossível lembrar todas.
Top 5. Pergunta clássica na Rock Meeting. Cite as cinco bandas que são influência para o Exterminate. Comente em poucas palavras o que elas representam. As influências nossas são: Krisiun, Metallica, Slayer, Morbid Angel e Nile, são as mais fodas, e representa um pouco de tudo que fazemos. Por fim, 2014 ainda é de muito trabalho, estão em tour ou parados para gravação? Muito obrigada e sucesso sempre! Neste ano de 2014 foi, até então, de muitas mudanças. Tivemos que recomeçar pratica51
mente do zero, com nova formação, novas ideias e novo ideal. Mas, tudo será muito valido quando estiver pronto nosso trabalho, que iniciará em Setembro/2014. No momento estamos concentrados em manter o foco na gravação. Os shows que estamos fazendo, são os que já estavam marcados, em breve com o álbum pronto queremos fazer, quem sabe, uma tour completa. Nós do Exterminate, agradecemos muito à Rock Meeting pela oportunidade e espaço que nos deram. Esperamos um novo convite já com o álbum na mão. Obrigado e sucesso para todos nós!
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Por Leandro Fernandes Fotos: Divulgação
No Brasil, vem surgindo muitas bandas investindo em Metalcore, Stoner Metal, etc. Essa variação de estilo tem conquistado a galera? Philip Leander: De fato, Stoner, Metalcore, Djent, essas variações nada mais são do que inovações de vários outros estilos de Metal. A tendência está em inovar. Como o público reage com relação ao Reckoning Hour? Eu venho me surpreendendo a cada show que fazemos. A aceitação e o incentivo de nossos fãs está muito bom e isso ajuda muito em nossa produção. Cada banda possui um estilo de tocar, mesmo dentro da linha do Metalcore, creio que não se pode levar todas ao mesmo nível devido ao fato de fazerem o mesmo tipo som, mas de maneiras diferentes. Então, essa versatilidade vem abrindo leques e serve de inspiração pra outras bandas? Com certeza. O que muitos deveriam saber é que cada banda carrega sua essência em suas letras e em sua musicalidade. Cada banda possui uma proposta e isso não deve ser rotulado em apenas um estilo. Qual a opinião de vocês sobre alguma banda mudar seu estilo de tocar visando grana, mega eventos etc? Cada um sabe o que é melhor para si. Acho que não se pode julgar outras pessoas pelas escolhas que elas fizeram, por mais que abrir mão de um trabalho que você acredita para 54
um outro projeto visando apenas dinheiro, para nós, seja extremamente frustrante. Grandes bandas surgem, fazem bons trabalhos e somem sem deixar rastro. Por que isso acontece, aquele sucesso relâmpago e pronto? Essa é uma pergunta bem complicada. Existem algumas teorias: a banda pode ter feito um sucesso relâmpago com investimento e depois desistido de seguir por esse caminho; poderia ter acontecido algum tipo de desentendimento interno (o que é mais comum do que parece) e a banda ter acabado; a banda poderia ter feito um grande trabalho e depois ficou desgastada pelas faltas de oportunidade; não souberam se administrar para manter a banda no mercado; ou, simplesmente tudo isso junto. A cena underground brasileira precisa crescer mais ou o nível já está satisfatório? A cena underground brasileira é apenas um nome. O que as bandas, os produtores e o público deveriam saber é que underground e mainstream não existem. Isso é apenas uma barreira que criamos para diminuir as bandas que ainda não conseguiram alcançar seus objetivos ainda. Cabe as bandas fazer um trabalho de qualidade e os produtores e o público se conscientizarem de que existem muitas bandas promissoras no país. No nosso ponto de vista, existem as bandas boas e as bandas que ainda estão em processo de crescimento. Como tem sido as críticas da mídia especializada sobre o EP “Rise of the Fallen” em outros países? As críticas têm sido ótimas. A aceitação tem crescido muito, principalmente na América 55
Latina e Europa. Sinceramente eu fiquei impressionado com o barulho que esse EP fez, nos incentivando ainda mais e abrindo portas para nosso próximo passo, “Between Death and Courage”. Como estão os preparativos para o debut álbum? Estamos a todo o vapor em nosso processo de pré-produção. Eu diria que o álbum está 80% pronto, mas ainda vamos manter a data da produção e lançamento em segredo para
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fazer tudo com calma e manter a qualidade do nosso futuro trabalho. Existe algum projeto paralelo com algum membro da banda? Reckoning Hour é o único projeto autoral de todos os cinco da banda, o que ajuda muito em nosso trabalho e em nossa união. Façam o seu top 5 das bandas ou músicos e consequentemente dos CDs que você tem escutado recentemente. Fale
um pouco sobre elas. Fazer um top 5 seria muito difícil, ainda mais com uma variedade de gostos na banda e centenas de bandas de qualidade pelo mundo todo, mas aqui vai uma pequena lista que não saiu de nosso playlist esse ano: August Burns Red - Constellations Black Dahlia Murder - Into the Everblack Soilwork - The Living Infinite Periphery - Periphery II Killswitch Engage - Killswitch Engage Lamb of God - Wrath
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Five Finger Death Punch - Wrong Side of Heaven and the Righteous Side of Hell Avenged Sevenfold - Nightmare As considerações finais aqui. Fale sobre os planos futuros da banda. 2015 vai ser um longo ano para nós. Dentre nossas metas, temos o lançamento de nosso futuro debut “Between Death and Courage”, a turnê de divulgação dessa obra e muito mais. Esperem pra ver.
Tradução: Jonas Sutareli
Apresente-se! Olá pessoal! Eu sou Chris Rörland, guitarrista da banda sueca de Heavy Metal Sabaton. Quem era você no início de sua carreira e quem é você agora? Sou a mesma pessoa que sempre fui. Feliz e sempre sorrindo! Você realizou todos os seus sonhos? Tem algum sonho faltando? Meu maior sonho sempre foi estar em cima do palco tocando guitarra e isso é o que estou fazendo agora, então você pode dizer que eu realizei meu maior sonho. Do caralho! Do que você tem medo? TUBARÕES! O que você normalmente faz quando não está em tournê? Dorme? Fico em casa com minha namorada e gasto algum tempo com minha família, assisto TV 58
e filmes de terror. As vezes jogo um pouco de Playstation 3 e relaxo, quando não tenho que lavar a louça. Haha! Quando você era criança, o que você dizia sobre suas futuras profissões? Eu nunca vou desistir de alcançar os meus sonhos. O que você faria se não fosse músico? Arqueologista! Cavar procurando dinossauros!
Foto: Divulgação
Qual foi sua melhor conquista pessoal? O que sou hoje! Estar no palco em frente de milhares de pessoas tocando minha música e vê-las cantando. Esse é a minha maior conquista pessoal. Qual foi seu pior momento? Quando fizemos a tour sueca em dezembro de 2012, eu peguei uma pneumonia muito forte e estava tão mal que eu não podia sair da cama. Ainda assim eu fui fazer os shows, 59
quase morrendo no palco. Aquilo foi um pesadelo! O que te mantém motivado? Você pode deixar uma mensagem para os nossos leitores? Muito obrigado! Ter grandes pessoas em sua volta que te suportam nos momentos difícieis. Muito obrigado e espero muito ver todos vocês em breve! Rock n’ Roll!
Grand Magus – Triumph and Power Por Maicon Leite (Wargods Press)
De tempos em tempos surgem bandas que nos instigam tanto, que acabam se tornando um vício incontrolável. Para quem trabalha com Heavy Metal diariamente, é quase que instantâneo amar ou odiar certas bandas, até porque somos “obrigados” a conhecer novos grupos todos os dias, pelo menos comigo é assim. Com o Grand Magus a história já é antiga. Surgiu mais ou menos em 2008, quando fiz uma resenha para o disco “Iron Will”, que eu já considerava um clássico nato! Porém, de lá pra cá, perdi um pouco o interesse neles, até o lançamento de “Triumph and Power”, agora no começo do ano. E, bah! Fico me perguntando como os caras conseguiram a façanha de criar músicas tão marcantes? A questão é: o que os suecos bebem? O que tem na cerveja deles? Como uma coisa leva a outra, é importante citar que a Suécia é o país do Heavy Metal. Então, com “Triumph and Power” direto nos ouvidos, não foi difícil eleger as músicas mais viciantes, começando pela própria faixa-título, que mereceria uma página só para falar dela, devido ao poder que emana em cada frase proferida por JB (que também é responsável pela alta profusão de riffs ao longo do play), enquanto “Steel Versus Steel” deixaria qualquer guerreiro animado no meio 60
de uma matança. Sim, a banda faz questão de criar letras envolvendo uma óptica Viking, nada mais natural de seu país, mas não se trata de algo forçado, pois os caras têm o dom (não comparar com Amon Amarth, por favor!). Levando sob um olhar bem pessoal, daria pra dizer que o CD é um motivador, pois duvido que até a pessoa mais desanimada da face da Terra não fosse levantar de seu estado moribundo e dar umas bangeadas! Existem mais duas músicas empolgantes: “The Hammer Will Bite” e “The Naked and the Dead”, obras-primas do Metal contemporâneo, candidatas a futuros clássicos da banda e por que não, do Metal mundial? Basta o pessoal que ouve apenas Iron Maiden e Metallica dar uma chance a estas bandas “novas”. A capa, uma pequena obra de arte, é ilustrada com um guerreiro nórdico empunhando sua espada, ou seja, nada mais justo, pois “Triumph and Power” mostra-se um “vencedor” neste mar de lançamentos mequetrefes que infestam o mercado. Já está mais do que na hora dos produtores brasileiros organizarem uma turnê dos caras por aqui, aposto que muito em breve o trio estará bem mais conhecido do que é agora, basta a gravadora também fazer sua parte. Meus ouvidos já estão sangrando, melhor parar por aqui. Ouça sem parar!
Behemoth – The Satanist
Por Costábile Salzano Jr. (The Ultimate Music)
Pode ate soar pretencioso demais, mas este disco, na minha opinião, é o novo Black Album da música extrema mundial. Se com “Evangelion”, o Behemoth provou porque é uma das melhores bandas da atualidade, em “The Satanist”, os poloneses comandados por Nergal conseguiram criar uma obra-prima, uma obra de arte ainda melhor. Chega a ser impressionante a qualidade deste registro. A sonoridade é agressiva mas, ao mesmo tempo, te hipnotiza pelos detalhes minuciosos. As músicas são viscerais, mas existe um propósito para isso. Não é algo que soa forçado. A temática de “The Satanist” é forte e a interpretação de Nergal dá aquele clima ainda mais soturno e te força a ouvir o disco de 61
cabo a rabo por várias vezes. Este álbum traz feeling à música extrema, algo que muitas bandas tentam, mas não conseguem atingir. “Blow your Trumpets Gabriel”, “Furor Divinus”, “The Satanist” e “In the Absence Ov Light” são os grandes destaques, porém, é a majestosa “Ora Pro Nobis Lucifer” a quem podemos proclamar como um novo clássico do grupo e que a partir de agora, não ficará de fora do repertorio por bons anos. “The Satanist” é instigante, avassalador, letal, de criatividade absurda. A audição é recomendada para qualquer fã de Heavy Metal, mesmo para àqueles que ainda torcem o nariz para música extrema. Escute! Escute! Escute! Vale cada minuto desta blasfêmia!
Black Sabbath - Cross Purposes Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding)
Desde que ressuscitei o meu blog, Funeral Wedding, eu ando ouvindo mais coisas do que eu posso absorver. Além dos habituais álbuns novos, (lê-se lançamentos) que preciso escutar para poder resenhá-los, eu ainda escuto muitas coisas que fizeram a minha bagagem musical. Algumas dessas banda acabei dando muito mais valor nos dias de hoje do que quando era mais jovem. E isso não se remete apenas ao Doom Metal ou Old School Death Metal, as coisas caminham para todos os lados, desde o Punk Rock, passando pelo Hard Rock e até as bandas de Heavy Metal tradicionais que o tempo trouxe novamente à minha porta. E uma delas para citar rapidamente é o Iron Maiden. Não que eu seja um grande fã da banda, mas um disco deles que ando ouvindo muito é o Fear of the Dark. Sei que muitos torcem o nariz para ele, mas eu acho um excelente trabalho e sinceramente, eles deveriam ter parado ali. Mas, voltando ao álbum, apesar das indefectíveis faixas “From Here to Eternity”, “Be Quick or be Dead”, ou até mesmo a baladinha “Wasting Love” se tornam uma audição meio que obrigatória, o meu deleite mesmo vem com faixas tipo: “Afraid To Shoot Strangers”, “Chains of Misery”, “Judas be my Guide” e a melhor do álbum em minha opinião “Weekend Warrior”. Já nos primeiros acordes dessa música me causa um efeito catártico e, por muitas vezes, eu a coloco para tocar repetidamente, deixando de fora a faixa título do álbum, pois para mim meio que já encheu o saco. Uma outra banda que volta e meia escuto, são os pais do Heavy Metal, ninguém menos que o Black Sabbath. E, para mim, Black Sabbath é incontestavelmente a fase do Ozzy, mas com ressalvas. Começando com o álbum homônimo, parando no Never Say Die e tendo uma sobrevida com o 13. A 62
fase Dio com o excelente Heaven and Hell me agrada muito, assim como Dehumanizer e se formos considerar o The Devil You Know, por que não?. Haverá pessoas me execrando ao que vou dizer, mas o álbum Mob Rules, eu precise dar mais uma chance, assim como a fase Gillan e seu Born Again. Para mim não desce. A voz do Gillan soa muitíssimo bem no Purple, assim como naquele single do Iommi/Gillan com a excelente “Out of my Mind”, mas não no Sabbath. Após a leitura do livro sobre Black Sabbath, onde temos todos os álbuns dissecados, resolvi ir procurar por alguns discos que já havia visto a capa em lojas especializadas, mas por já saber lá na época em que, o Ozzy nunca mais voltaria a tocar com o Sabbath, nunca dei muita bola para essa fase obscura/incompreendida. Mas, uma grata surpresa foi poder ouvir novamente, agora com outros “olhos”, o excelente Cross Purposes. Em conversa com um amigo de trabalho que é fanático por Black Sabbath, me falou uma vez: - Cara, escuta novamente o Cross, você não vai se arrepender. Dito e feito! Não sei o que soa melhor nesse álbum, se é a pegada da dupla Iommi/Geezer, se é a voz do Tony Martin, que soou muito mais coesa nesse álbum, ou se foi a bateria precisa de Rondinelli. Ao colocar o play pra rodar, volto lá na década de 90, de quando o álbum ainda era lançamento e havia questionado um amigo que trabalhava numa loja de CD sobre esse disco, e ele me comentou: - Se não conhece/ gosta da fase Tony Martin, é provável que não vá gostar desse também. E lembro também que pedi para escutar esse disco, e realmente achei uma bela duma merda. Mas ainda bem que crescemos, envelhecemos e criamos juízo, pois iria deixar de lado essa obra prima do Heavy Metal.
Beatles - Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band Por Antonio Carlos Monteiro (Roadie Crew)
Em quase 30 anos lidando profissionalmente com música (e quase 50 como apaixonado fã de rock), já perdi a conta de quantas vezes me pediram uma lista com “os melhores discos de todos os tempos”. Posso garantir que não houve duas listas iguais. Às vezes te pegam de surpresa e você esquece algum clássico, às vezes você quer fazer “justiça com as próprias mãos” e coloca algum disco menos cotado, às vezes você realmente acha que aqueles são os melhores - e dane-se se depois de amanhã metade da lista mudar. Mas tem um detalhe: todas as listas que fiz, sem exceção, começam com o mesmo disco. Simplesmente porque o considero o álbum mais maravilhoso que já ouvi: “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, principal obra-prima de uma banda que não gravou (e mesmo que quisesse não conseguiria) uma música ruim em sua carreira, os Beatles. Foi a turma de Liverpool que me colocou no mundo do rock através do filme/disco “Help!”, de 1965 (outra história que já contei umas 100 vezes...) e, apesar de Rolling Stones ter se tornado minha banda favorita, nenhum disco me emociona tanto quanto “Sgt. Pepper’s”. Esse é um álbum que, sobrando uma brecha entre resenhas e bandas/discos que temos que conhecer por força de ofício, vai pro aparelho de som sem pensar duas vezes - agora mesmo, enquanto batuco estas mal traçadas, estou me deleitando com sua versão em vinil, que comprei na época, tem a capa mais esfolada da minha coleção, mas não vendo por dinheiro algum. O espaço curto não permite que falemos das inúmeras mensagens subliminares que a capa ge63
rou (voluntária ou involuntariamente), então vamos às músicas. E que músicas! Tudo ali parece ser a perfeição em forma de som. A banda estava tão inspirada que até a maluquice indiana “Within You Without You” (cortesia de George, naturalmente) soa perfeitamente integrada na beleza do todo. Só que não é só disso que vive o álbum. Tem desde aqueles rocks bacanas que só os Beatles sabiam fazer, como na faixa título (que ganhou duas versões), tem Ringo cantando “With A Little Help From My Friends”, que Joe Cocker desconstruiria pra melhor, tem as cordas e os vocais maravilhosos de “She’s Leaving Home”, tem a lisérgica “Lucy In The Sky With Diamonds”. E como se não bastasse isso tudo, o disco fecha com aquela que foi eleita (e eu, humildemente, concordo com entusiasmo) a melhor música gravada por John, Paul, George e Ringo: “A Day In The Life”. Ela nada mais é que a fusão de duas músicas (uma de Lennon, outra de McCartney) e é quase impossível de descrever ou avaliar pela profusão de detalhes que surge em seu decorrer. Tudo se completa à perfeição nela: letra, melodia, arranjos... E a faixa ainda rendeu histórias saborosas, como a que diz que a orquestra que participou da gravação recebeu partituras em branco na hora de tocar - e aí vale a máxima que diz que se a versão é melhor que o fato, fiquemos com a versão, oras... Pensar que tudo isso foi feito em pleno ano de 1967, época em que a tecnologia rastejava perto do que temos hoje, é quase assustador - mérito e talento do quinto beatle, o produtor George Martin, que assumiu (e participou com ideias) a loucura dos quatro e ajudou a fazer o disco mais maravilhoso da história da música.