Revista Rock Meeting Nº 61

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EDITORIAL

Inveja

Esta palavra remete àquelas frases de caminhão: “eu não sou rico, não me inveje, apenas trabalhe”. 1.Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. 2.Desejo violento de possuir o bem alheio.

Mais uma vez este editorial está se dedicando a falar desta baixeza humana. Quantas vezes é preciso dizer que a vida é minha e a sua que se f***? É impressionante a quantidade de babacas que perdem um tempo do car**** falando mal dos outros para alguém. Mas na cara ninguém fala, né? O que o outro faz não lhe diz respeito. Saber da vida do outro é uma coisa de fã, sabe? Você deve ser muito fã desta pessoa para saber de um tudo. Tin tin por tin tin. É surpreendente o tamanho conhecimento! Até podemos sugerir que faça uma camisa ou algum brinde e dê a esta pessoa, sabe? Ele é tão

fã seu que merece reconhecimento. E como disse o “Aurélio”, é um “desgosto pela felicidade de outrem”. É possível abrir a mente e entender que você precisa cuidar da TUA vida e não da minha, sacou? Precisa desenhar? A vontade de ser o outro é tanta que não dá para discernir se está falando mal ou está espalhando as novidades sobre a pessoa. O mais irritante disso tudo é que há uma legião de babacas que dá ouvido a esta pessoa. Mas dá até para “isentar”, principalmente quando não te conhece, pois quando passa a conhecer enxerga que não é nada daquilo que imaginava. Enfim, o mundo dá voltas. Quem hoje apedreja amanhã pode estar no muro das lamentações. Fica a dica: ainda há tempo de cuidar da TUA vida, não perca esta oportunidade! Faça isso para garantir um futuro, pois o outro está crescendo e você afundando!


TABLE OF CONTENTS

06 - Coluna - Doomal 11 - News - World Metal 16 - Entrevista - Higher 23 - Entrevista - République du Salém 30 - Review - Barcelona Hardcore 34 - Capa - Cavalera Conspiracy 42 - Review - Tarja Turunen 50 - Entrevista - NervoChaos 58 - Entrevista - Fire Shadow 64 - Review - Hardcore Fest 68 - Entrevista - Revolted 74 - Coluna - Perfil RM - Iuri Sanson 80 - Coluna - O que estou ouvindo?


Direção Geral Pei Fon Revisão Rafael Paolilo Capa Alcides Burn

Colaboradores Ellen Maris Jonathas Canuto Leandro Fernandes Mauricio Melo (Espanha) Rômel Santos Sandro Pessoa CONTATO contato@rockmeeting.net



Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press & União Doom BR)

POR DENTRO DAS MITOLÓGICAS TORRES FRIAS

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ma das mais importantes bandas de Doom Metal do Brasil, o Mythological Cold Towers, vem se superando cada vez mais nestas duas décadas que integram a história da mesma. Com quatro grandes álbuns lançados, tours pelo Brasil e Europa e a preparação de mais um novo trabalho mostra que independente do tempo a banda se mantém firme e forte. Nesta edição tivemos um papo com o guitarrista Fábio Shammash, onde conversamos sobre o posicionamento da banda em relação ao meio musical e o que podemos esperar dos mesmos para os próximos tempos.

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Doomal - Com uma média de vinte anos de trabalho, o Mythological Cold Towers presenciou diversas fases do Rock/Metal nacional e mundial, onde alguns gêneros e bandas tiveram início e outros seus respectivos fins além do declínio de diversas gravadoras. Conte-nos sobre como foi impacto disto em relação ao trabalho da banda e qual o atual ponto de vista de vocês sobre o cenário musical contemporâneo. Fábio Shammash - Na verdade, não sofremos nenhum impacto em relação às tendências musicais que surgem ou acabam, mesmo que alguns desses gêneros possam nos inspirar de alguma forma. É interessante por-


que temos fãs de vários estilos diferentes que sempre nos acompanham e veem com bons olhos qualquer trabalho que apresentamos. É como se o público enxergasse algo no Mythological Cold Towers que o diferencia de outras bandas. Com relação ao atual cenário, nós temos em mente que, desde o início dos anos 90, a música não tem apresentado alguma coisa realmente nova. De lá pra cá, muito tem se copiado do que foi criado anteriormente, entretanto, cabe tanto ao músico como o ouvinte de ter o discernimento do que é coeso ou descartável. Mesmo com essa leva de bandas fazendo releituras do passado, às vezes encontramos algo que realmente surpreenda pela sinceridade de como a música é feita. Atualmente, muito se fala sobre o apoio as bandas nacionais, que o pú-

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blico precisa comparecer aos eventos, comprar os produtos dos artistas e etc. Mas, infelizmente, percebemos claramente que as coisas ainda estão longe do modo que realmente gostaríamos que fosse. As notícias mais acessadas nas principais mídias do gênero continuam sendo de artistas estrangeiros e nos shows nota-se uma preferência pelas bandas covers quando atualmente dispomos de centenas de bandas muitas vezes melhor que diversos artistas norte-americanos e europeus. Para vocês, existe um culpado para isto e qual opinião possuem em relação a esta situação? Não sei se realmente há um culpado. Eu acredito que a explicação mais convincente é que se trata de uma questão cultural. Em se tratando de Metal, não há uma cultura voltada pro estilo como ocorre na Europa ou Estados


te pela identidade, algo extremamente difícil de se obter levando em conta que quase todas as ideias musicais já foram utilizadas. O processo de composição é algo que flui naturalmente ou vocês desenvolvem todo um projeto sobre o que irão tocar e falar? Com certeza, é algo que flui naturalmente. Mesmo porque, tudo que nos inspira vem do que vivenciamos, tanto em termo de música, como nos nossos gostos por assuntos enigmáticos e também pelo fato de nós sempre buscarmos nos aprimorar e inovar nesses aspectos para não cairmos na mediocridade.

Unidos. Desta forma, há realmente uma ênfase maior para o artista estrangeiro, porque o público, em geral, não tem acesso à maioria das bandas brasileiras e não tem ideia da existência de uma cena brasileira. A própria mídia especializada destaca apenas as bandas que estão em evidência e envolvidas com ela. Quanto às bandas covers, é reflexo dessa realidade da qual mencionei. O público não conhece a cena local e, por consequência, apoia bandas que tocam os hits de suas bandas preferidas. Daí, o músico brasileiro de Rock/Metal, por sua vez, talvez não consiga optar por viver da música que gosta, tem que tocar covers ou tentar ser um músico versátil. O Mythological Cold Towers é, sem dúvida, uma das principais referências do estilo em território sul-americano. Seja pelo tempo de estrada, qualidade das composições e principalmen-

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Ao escutar os álbuns da banda eu percebo uma evolução constante. A qualidade de Immemorial é indiscutível, sendo não só um grande álbum nacional, mas mundial. Levando em conta que muitas pessoas compartilham desta mesma ideia, vocês se sentem muito pressionados ao imaginar a produção de um novo álbum? É evidente que há sempre uma expectativa da nossa parte quando vamos gravar um novo álbum, porém, não vemos isso como uma pressão, haja vista que sempre nos superamos a cada trabalho. Tentamos nos manter o mais frio possível priorizando pela qualidade e resultado final do trabalho, sem perder a característica primordial que criou a essência do Mythological Cold Towers.


Durante as apresentações do novo álbum, a banda contava com músicos de apoio no baixo e no teclado. Recentemente foi noticiado, através de uma foto um novo integrante, do qual imaginamos ter sido oficializado, trata-se de Yaotzin, atual baixista. Como foi feita esta escolha e porque somente agora decidiram agregar mais um integrante a banda? A mudança de formação ocorreu por questões de logística devido a distância onde moram Thormianak e Hecate, além deles estarem bastante ocupados com o Miasthenia e outros projetos. Apesar disso, eles continuam sendo nossos grandes amigos e o apoio que eles no deram para seguirmos com a tour europeia e brasileira foi gratificante! Sendo assim, nós recrutamos o amigo Yaotzin, que já acompanha a banda desde a sua criação e, além do mais, já tocamos com ele, com a banda de black metal Templum. Então não houve nenhuma dificuldade quanto a isso. Levando em conta a data de cada álbum, houve um intervalo cada vez maior do lançamento de um para o outro: 1996, 2000, 2005 e 2011. Ou seja, é uma progressão de 4, 5, 6 anos. Será que teremos que aguardar um intervalo de 7 anos para um próximo álbum, ou vocês pretendem quebrar essa tradição e fazer a alegria de seus fãs? Foram vários fatores que nos levaram a ter esses grandes intervalos entre os álbuns,

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desde mudanças de formação, de selo, etc. O mais importante é que a gente procura se atentar aos detalhes do processo de gravação, desde o início da composição, passando pela escolha da capa, do tema até a produção final do disco, focando na qualidade do trabalho, sem ter que se prender a prazos estipulados. Acredito que este intervalo possa diminuir para os próximos álbuns, pois estamos perseverantes e inspirados à medida que as coisas estão acontecendo para nós. A cada novo álbum existe uma alteração da imagem da logo da banda, vocês já possuem em mente sobre quais temas influenciarão e como ficará a imagem desta vez? Por enquanto é segredo. Posso adiantar que será um trabalho bem marcante, entretanto, não será conceitual como nos outros álbuns. Desta vez, enfatizaremos a beleza da mitologia clássica nesse trabalho, através de 08 novos hinos regados de puro Doom/Death épico e nostálgico. Eu agradeço bastante a atenção que disponibilizaram durante esta entrevista, desejo-os sucesso em seus novos trabalhos e deixo o espaço para suas considerações finais. Agradecemos a você, Sandro, pela oportunidade e espaço para falarmos sobre as novidades e pensamentos acerca do Mythological Cold Towers. Aos leitores, espero que tenham gostado da entrevista e aguardem nosso novo opus que está a caminho. Aproveitem para curtir a nossa página do Facebook para acompanhar as novidades, fotos, vídeos e tudo mais. Doom on!


Novos na banda

Foto: Liliane Souza

Foto: Leko Machado

E o mineiro Hammurabi finca definitivamente suas raízes na capital paulista. Depois de anunciar a mudança de cidade, a banda anuncia dois novos membros vindos da Terra da Garoa. O novo baterista é o experiente Leandro Gavazzi, bem conhecido da cena brasileira, com passagens por bandas como Pentacrostic, Cruor Cultum e Divine Uncertainty. Para a guitarra foi convidado o músico Uila Max, que após passagem pela banda Necropolle. Completando o lineup atual, o vocalista e guitarrista Daniel Lugondi, um dos fundadores da banda comenta que em breve será anunciado um novo baixista mas o foco está na preparação do novo álbum (previsão de lançamento no primeiro semestre de 2015), mas antes devem lançar um single para apresentar o novo trabalho e a nova formação.

Novo vídeo

Single e video novos

A banda paulistana Muqueta na Oreia lançou seu novo Video Clip da música “Hardware Software e Tupperware”, música que faz parte do segundo álbum da banda, intitulado “Blatta”. O lançamento oficial aconteceu durante a Expomusic 2014, onde foi extremamente elogiado. O video clip foi todo produzido e editado pela própria banda. Assista AQUI.

A banda gaúcha de thrash metal, Machinaria, segue com seus esforços voltados ao lançamento do debut álbum “Sacred Revolutions/Profane Revelations”, que fala sobre a crueldade e torturas da inquisição a partir da Idade Média. A música “Holy Office” será o single de “Sacred Revolutions/ Profane Revelations” e a música ganhará um vídeo clipe, que já está em fase de produção.

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Novo guitarrista

“Essence of Death”

O Godzorder tem o prazer de anunciar seu novo guitarrista, o experiente André Fernandes (ex- Fetus Humanóides e Cordeiro de Deus [Lamb of God cover]). André já se encontra em estúdio gravando com a banda, e inclusive já fez um show no dia 20/09 em Campinas/SP, mostrando muito entrosamento e domínio do instrumento.

A banda brutal Madness entra em seu 10º ano de vida com uma grande notícia, seu Debut álbum “Essence of Death” vai ter um lançamento no exterior pela gravadora Murdher Records da Itália. Mais uma grande parceria que se inicia e promete bons frutos e uma grande oportunidade de lançar novamente fora do Brasil.

Novo single E os bardos brasileiros voltam a atacar! Este tempo afastado do palco foi crucial paro o Lothlöryen se concentrar em escrever mais um trabalho, que sucederá diretamente o amplamente aclamado ‘Raving Souls Society’ de 2012. Ainda é um pouco cedo para falar abertamente sobre os novos rumos que os caros bardos tomarão, mas um aperitivo já está sendo preparado: será um single a ser lançado ainda em outubro. O título do trabalho será ‘Time Will Tell’ e a capa apresentada foi novamente criada por Marcus Lorenzet, mesmo artista responsável pela capa de ‘Raving Souls Society’. O trabalho será lançado no dia 13 de outubro. Mais informações serão anunciadas muito em breve! 12


Demência O último mês o mundo do Heavy/Rock ficou chocado com a notícia de que Malcolm Young, guitarrista do AC/DC, está com demência causado por problemas no cérebro. Ainda era um mistério se a informação era verdadeira, mas a família do músico confirma a doença e agradece o respeito pela privacidade. Segundo o jornal Sydney Morning Herald, Malcolm estaria se tratando em casa com uma enfermeira. E a família conta que “se estivermos no quarto com ele (Malcolm) e ele for caminhar, ele volta um minuto depois e pode não se lembrar de você. Ele tem uma perda da memória de curto prazo, sua esposa, Linda, fica com ele integralmente”.

Formato digital

Tour SP e PR

Seguindo a tendência das bandas independentes o Legion of Lexus, projeto encabeçado pelo multi-instrumentista e produtor Fabio de Paula (HellLight), terá seu material lançado de forma exclusivamente digital. O lançamento será feito em breve pela Metal Media Digital Music, que disponibilizará o disco nas maiores lojas especializadas do ramo como iTunes, CD Baby, Amazon e em serviços de streaming como o comentado Spotify e similares

Mais uma vez em São Paulo, a banda goiana Aurora Rules já se adaptou à rotina de fazer o trajeto rumo aos palcos paulistas já a algum tempo. E a grande metrópole nacional já os acolheu como “galera de casa”, lotando os festivais por onde passam, mesmo que se apresentem por lá repetidas vezes. No próximo dia 18, a banda segue pra São Paulo. Na sequência é a vez do Paraná receber os caras: o evento que acontecerá no dia 19 de Outubro em Curitiba.

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Paraguai

Novo EP

A Madkill confirmou oficialmente em sua FanPage no Facebook sua primeira apresentação na capital paraguaia, Assunção. O festival Metal Attack acontecerá no Barrio San Pablo no dia 18 de Outubro e contará com 21 atrações, prometendo ser um evento lendário para os amantes do gênero. Entre algumas atrações brasileiras, a Madkill se destaca pelo seu thrash metal original e bem articulado.

A banda de Doom/Gothic Metal In Absenthia, do Rio Grande do Sul, está em fase final de produção de seu mais novo EP. O disco, intitulado”A Subtle Teardrop Part 1: Lonely Sinking”, é um trabalho dividido em dois EP’s e terá 3 faixas. A arte gráfica é assinada pelo próprio baixista da banda, Willian Farias e a produção ficou por conta de Bruno Añaña do estúdio GraveSounds.

Executer fest Faltando menos de um mês para a terceira edição do Executer Fest, o headbanger ainda pode comprar ingressos do primeiro lote a R$30,00 em alguns pontos de venda. O Festival que reúne sempre as melhores bandas do cenário brasileiro e tem uma estrutura de primeira e nesta edição traz nada mais nada menos que Torture Squad, Salário Mínimo, Nervosa, Panzer, Leptospirose, Circle of Infinity e claro, o anfitrião Executer. O Executer Fest preza pela qualidade e respeito ao público, portanto o equipamento, o local e as bandas são escolhidas para proporcionar uma noite sempre memorável. O evento acontecerá no dia 18 de outubro, na One Eventos, na cidade natal do Executer: Amparo/SP. 14



“Trabalho hones 16


sto e verdadeiro� 17


Por Leandro Fernandes Fotos: Divulgação

E

nraizada no Heavy Metal direto, o Higher mostra um som de uma qualidade técnica de altíssimo nível. Bons músicos focados e dando o sangue no trabalho, é assim que a banda mostra como se dedicam a um projeto instigante e realmente agradável. Pra falar um pouco sobre o trabalho e planos futuros, Gustavo Scaranelo nos concedeu uma entrevista bastante interessante e fala também um pouco como anda a cena underground do nosso país. Confira o bate papo. Agradecendo a oportunidade desse descontraído papo, gostaria de perguntar o seguinte, algo do primeiro projeto “Second Heaven” foi levado para para o “Higher”? Gustavo Scaranelo: Sim. As faixas “Illusion”, “The Sign”, “Time To Change” e “Like The Wind” nasceram naquele momento, há quase 20 anos. Mas tiveram os arranjos e as letras totalmente alterados, assim como alguns trechos da melodia. O trabalho produzido anteriormente foi adaptado à nossa forma atual de compor. Sabemos que o Heavy Metal corre nas veias da banda. Existe algum outro estilo paralelo que serve como influência para melodias e composições? Na verdade todos os gêneros musicais que ouço, e não me refiro a poucos, serviram de influência para as composições e arranjos. A audição musical, seja como for, desenvolve no músico seu lado sensível e criativo, dessa for18

ma não posso, num trabalho honesto e verdadeiro como esse, esconder essas influências todas, são parte do trabalho e sempre serão. O Higher é assim, musicalmente falando. Como sabemos a banda realmente faz um som enraizado e sem se preocupar com alguma mesmice cotidiana. A que se dá a essa fidelidade ao estilo? O metal, independente de subgêneros, sempre cativou muito a mim e ao Cezar. Sabemos fazer metal sem nos prendermos exclusivamente àquilo que é tradicional no gênero, e, honestamente, acho que é a única forma pela qual conseguiria produzir esse trabalho, já não sou o guitarrista da Second Heaven, com 15 anos, apesar de ter muito respeito pelo jovem guitarrista que fui naquele momento. Vamos considerar o seguinte: uma pessoa é capaz de falar sobre um determinado assun-


to em diferentes momentos da vida, mas terá diferentes discursos em função das experiências distintas, em cada momento. O mesmo se dá com a forma como faço metal hoje, estou “falando” (musicalmente) sobre o mesmo assunto de duas décadas atrás, mas com um novo ponto de vista. A banda é composta por músicos altamente qualificados, coisa que realmente fora escolhida a dedo. Como é a convivência entre vocês? Fantástica. O ambiente de convívio é extremamente amistoso! Minha experiência com o jazz trouxe muito aprendizado no que diz respeito à afinidade com os membros do grupo, tocar é como se fosse uma conversa entre amigos, as pessoas se estimulam, contribuem, participam e trocam boas energias. Sem esses elementos não é possível o mesmo 19

resultado musical. O Higher tem isso entre os integrantes, mas é claro que sabemos dividir e respeitar as funções de cada um no grupo. A grande maioria das responsabilidades cai sobre mim e o Cezar, em função de como o grupo nasceu, mas todos trabalhamos pesado sem exceção, a dedicação é intensa e unânime. Poderia nesse caso adaptar o ditado e dizer que “o que um não quer cinco não fazem”. Todos precisam estar presentes e focados. O disco “Higher” teve uma excelente produção de Thiago Bianchi (Shaman, Noturnall). Como tem sido a aceitação? A aceitação tem sido muito boa, mas claro que como tudo sobre a face da terra, o disco também divide opiniões. Estamos aproveitando os comentários de todos para entendermos de que forma teremos um trabalho ainda melhor com o segundo disco.


Já existe algum contato do exterior com relação a shows e festivais? Ainda não. Estamos preparando o show de lançamento desse disco, ainda é cedo para falarmos sobre shows fora do Brasil, não que já não estejamos trabalhando por isso! Uma pergunta um pouco fora da esfera musical. Vocês têm algum emprego fixo? Na verdade essa pergunta está bem dentro da esfera musical, todos os integrantes do Higher são exclusivamente músicos. Isso me permite dizer que temos emprego fixo, já que boa parte do trabalho que fazemos envolve educação, e mesmo os trabalhos de performance, às vezes tem essa característica de periodicidade pré-estabelecida. Quando eu e o Cezar decidimos buscar os integrantes que comporiam o projeto, resolvemos que só aceitaríamos músicos profissionais, que esti20

vessem exclusivamente trabalhando na área, isso por sabemos dos empecilhos relativos à indisponibilidade que outros trabalhos poderiam trazer para o grupo. Carlos Fides assinou a bela arte da capa. Qual o significado da mesma? Na capa observa-se um homem, uma figura humana hipotética, num lugar alto, rasgando o seu peito e revelando o seu coração. No lugar do tradicional coração, colocamos o símbolo da banda. Isso representa o conteúdo ideológico do trabalho, nosso ponto de vista sobre o mundo e nossa maneira de viver. A forma como produzimos o trabalho, escrevemos as letras, enfim, foi como rasgar o nosso peito e oferecer o nosso coração, a nossa verdade. Outro detalhe, quando você tira o disco do berço (base) você tem a imagem da capa com o homem subtraído, a paisagem vazia, com isso queríamos passar a ideia de que o


som, o trabalho, é representado pela figura humana, é como tirar o homem (no disco) da cena e colocá-lo no cd player, ele representa o que você vai ouvir. Como está a cena do underground em Campinas e na região, pois cresce a cada ano e surgem bandas com bastante competência. A cena poderia ser representada com a imagem do eletrocardiograma, picos e vales, e isso deixa claro que ela está viva. Poderia estar melhor, mas poderia também estar pior. Não podemos nos esquecer de que quando falamos em “cena”, estamos falando sobre o conjunto de atuações de todos os envolvidos. Isso quer dizer que se a “cena” não vai bem é porque pouco estamos fazendo por ela, e o contrário também é verdade. Cabe às bandas, à imprensa, ao público e aos contratantes, papeis diferentes, sabemos, mas a relação entre 21

estes diferentes grupos é o que mantém o organismo vivo. Lembrando que muitas vezes a mesma pessoa pode ser o “cara da banda” num evento, “público” em outro, jornalista, e o contratante numa quarta situação. Isso deixa claro como muitas vezes somos responsáveis, pelo palco vazio, pela pista vazia ou por uma página em branco. Temos nossa responsabilidade como banda, mas também somos público, e falar do “evento vazio” sem nunca sair de casa para ver shows e participar dos eventos, não faz sentido. A expectativa do lançamento do álbum foi realmente grande, como a banda encarou essa reação? Com alegria! Quando se produz um trabalho com o que se tem de mais verdadeiro do lado de dentro, não existe espaço para uma reação de recuo ou incompreensão a qualquer reação que seja do público, pois nesse momento tudo


o que se sente é uma vontade ainda maior de trabalhar pelo projeto e fazê-lo alcançar o mais distante dos seres sobre o planeta. Afinal, a nossa verdade é única coisa, acredito, pela qual caminharíamos até o limite. Agradecendo pela entrevista, relate aqui os projetos da banda para esse segundo semestre de 2014 e o ano de 2015, aproveitando, deixe recados para os fãs. Eu que agradeço a oportunidade de poder falar sobre o projeto! Neste segundo semestre faremos o show de lançamento e produziremos um videoclipe de uma das faixas do disco, além de já estarmos trabalhando em material novo. Para 2015 estamos planejando, principalmente, a gravação do novo álbum. Mas existem vários projetos que o Higher está preparando para o futuro próximo, mas 22

não temos as datas ainda. Quero agradecer a todas as pessoas que se aproximaram do nosso trabalho e têm ajudado na divulgação. Uma banda existe para oferecer algo ao público, e se o público aceita a nossa oferta, então nossa missão é cumprida, e todas as minhas noites de trabalho, sem dormir, estão justificadas. (risos). A intenção é dividir nosso coração, musical e ideologicamente, com o público. E cabe expor aqui uma citação presente no encarte do disco, de autoria do escritor belga Maurice Maeterlink, que traduz um pouco da nossa forma de pensar: “Não é, talvez, indispensável elevar-nos à altura do que nos é dado admirar, mas é necessário não adormecermos nas profundidades do que não podemos nos impedir de condenar.” Mais informações sobre o Higher, acesse as mídias sicias: Site | Facebook | Soundcloud | Twitter | YouTube


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Foto: Rinaldo de Oliveira


Foto: Inacio Teixeira

Desde já parabenizando a banda por fazer um som rico e original. Desde quando a banda está na ativa? Guido Lopes: Obrigado! Eu e o Davi nos conhecemos em 2010, num ensaio de um projeto de um amigo em comum, começamos a ensaiar, compor e dar forma à banda no início do ano de 2011. Então, agora em 2014, a Republique completou seu terceiro ano. Como a banda trabalha em um estilo de um rock mais clássico, tem sido boa a aceitação por parte do público? Davi Stracci: Por incrível que pareça, esta retomada de rock para muitos jovens soa como uma novidade, tendo assim uma aceitação maior por parte deles, uma vez que o público mais velho (já familiarizado com as bandas precursoras do estilo) é um pouco mais resistente às bandas atuais que fazem esta releitura. Qual a faixa etária dos fãs e a galera que frequentam aos shows? Levando 24

em conta que grande parte do público jovem optou pelo Metalcore, som da banda tem atraído jovens? Davi: O público ainda é bem diversificado, mas como respondi anteriormente, há uma adesão crescente entre os jovens. Notamos fortes influências de bandas como Led Zeppelin, Jethro Tull, Genesis e outras mais da época. Poucas bandas hoje investem nesse lado saudosista do rock, um grande trio conhecido como Kadavar também investe nesse lado “setentista” do rock, já ouviram? Gostaram do que os caras produzem ou é algo um pouco clichê? Guido: Sim, essas bandas são grandes influências para nós. Nosso som é baseado (entre outras coisas) na expressão artística e musical dos anos 70, onde havia uma musicalidade bastante rica e livre, em contraponto às limitações tecnológicas. Sim, Kadavar tem uma proposta bem bacana! E acho no caso deles, o disco “Abra Kadavar” traduz bem


essa proposta retrô. Alguma banda nacional também serviu de influência para vocês? Davi: Sim, Os Mutantes e Secos & Molhados são influências para nós em muitos sentidos. Não só no estilo musical feito por eles, mas também pelo posicionamento artístico. No momento de compor, existe algum tema específico ou são temas aleatórios? Davi: Depende do objetivo de cada trabalho, por exemplo: no tocante às letras, buscamos no álbum de estreia um fio condutor temático, expresso na máxima “o fim da linha não é o bastante”, porém neste próximo álbum (ainda sem nome) no que se refere as letras utilizaremos temas aleatórios. Guido: Quanto à parte instrumental, tenho o costume de gravar as ideias quando elas surgem, literalmente, já fiz isso dentro de um vagão do metrô e até num banheiro público (risos). Acho útil o método racional, a pesqui25

sa de repertório, mas não se pode dispensar o feeling, a espontaneidade que traz identidade a um trabalho. Temos um formato power trio com vocal (mesma formação de bandas como Cream, Jimi Hendrix Experience, Beatles e Rush), então a guitarra acaba assumindo um importante papel harmônico, além de riffs e solos. Nossa proposta no próximo trabalho é dar um passo firme em direção a essa sonoridade setentista. O rock aqui no Brasil se predominou muito na década de 80. Pra vocês, será que esse movimento volta um dia ou irá permanecer da mesma forma que se encontra, de uma maneira não tão evidente quanto da época. Davi: Creio que, neste momento, seja muito difícil o Rock assumir um papel de importância no cenário musical nacional devido a vários fatores: dentre eles, o mais predominante é que a cultura brasileira tem um sentimento nacionalista muito forte, no tocante a arte produzida pelo brasileiro, porque “pre-


cisamos expressar nossa identidade”, ou seja, nossa diferença dos demais; porém o irônico é que não agimos desta mesma forma em relação aos outros aspectos, como a opinião política por exemplo. Em seus shows vocês têm o costume de homenagear alguma banda clássica? Guido: Sim, ao longo dos shows, homenageamos Led Zeppelin, Black Crowes e Jimi Hendrix. Fizemos também uma homenagem a Lou Reed, em um show alguns dias depois de seu falecimento, tocando a música “Sweet Nothing”. Foi emocionante. Eu acho que a banda poderia tentar trabalhar pra fora do Brasil, caso adotassem o inglês nas letras. Existe essa possibilidade? Davi: Sim, pretendemos neste próximo álbum, direcionar o trabalho para fora do Brasil, pois após o lançamento do disco de estreia (“O Fim da Linha Não é o Bastante”) tivemos uma aceitação inesperada por parte dos “gringos”, o que despertou nossa atenção para consideramos a possibilidade deste novo direcionamento. Mesmo cantando em português, já ouve algum contato com produtores estrangeiros interessados no som da banda? Guido: Em nosso primeiro álbum, tivemos o privilégio de trabalhar com o Brendan (Duffey, produtor americano) e com o Adriano (Daga, baterista da banda Malta e produtor), grandes profissionais e parceiros. Quanto ao nosso próximo disco, tivemos uma proposta para trabalhar com um produtor estrangeiro, e estamos neste momento acertando alguns detalhes finais. Por coincidência, ele é a pes26


Foto: Rinaldo de Oliveira

soa que tínhamos em mente para este trabalho! Divulgaremos mais detalhes em breve. O álbum “O Fim da Linha Não é o Bastante” foi indicado ao Grammy Latino 2013. Falem um pouco sobre a sensação de ser indicado a um importante prêmio logo no trabalho de estreia. Davi: Ficamos entre os 50 melhores trabalhos (segundo a comissão do Grammy) dentre centenas de inscritos, fiquei muito surpreso e muito feliz ao mesmo tempo em ver nosso trabalho sendo reconhecido, e também por saber que é um grande passo em nossa carreira. Guido: Fiquei feliz com a resposta positiva ao álbum, e a pré-indicação ao Grammy veio confirmar isso; não esperava que ocorresse neste momento (disco de estreia), foi uma grata surpresa e um reconhecimento ao trabalho de todos os envolvidos. Façam o seu top 5 das bandas ou músicos e consequentemente dos CDs que você tem escutado recentemente. Fale um pouco sobre elas. Guido: 1. Rival Sons - Great Western Walkyrie Ótimo álbum, maduro, boas viagens, sonoridades clássicas. 2. Marc Ford - Holy Ghost Americana, blues e folk rock californiano, despretensiosamente musical. 3. Blues - Jimi Hendrix Hendrix dispensa comentários... o álbum é marcante para mim, pela escolha das canções. 4. Transatlantic - Kaleidoscope Mais uma obra-prima de rock progressivo, soa como Marillion e Spock’s Beard, é revigorante ouvir música desses caras.

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Foto: Inacio Teixeira

5. OSI – Fire Make Thunder Duo de rock experimental pós-moderno, com pitadas de psicodelia, industrial, ambient e diversas outras bizarrices. Davi: 1. Phantom Limb - The Pines Sou apaixonado pelo vocal da Yolanda Quartey; sempre que a ouço, fico emocionado. 2. Joe Cocker - Live at Woodstock ‘69 Cocker é alguém que expressa muita personalidade em seu canto (com um drive marcante) e é muito significativo para mim. 3. Rival Sons - Great Western Valkire Além de serem ótimos músicos, estão bem assessorados e apostam neste caminho de rock retrô. Observo bastante quando os ouço o aparato tecnico utilizado em suas gravações. 4. Led Zeppelin - Led Zeppelin III Led Zeppelin? nasci e fui criado ouvindo, faz parte da minha história. 5. Jason Upton - Glimpse. 28

Jason Upton é um cantor gospel norte-americano que tem um som muito específico, ouvi-lo é uma experiência ímpar, sua música consegue vencer a barreira linguística e tocar profundamente a alma de quem o ouve. Deixem um recado para os fãs e nos fale sobre os projetos futuros. Davi: Aos fãs, minha profunda gratidão. Teremos uma grande surpresa em breve (que está nos 45 do segundo tempo), logo garanto que vocês também ficarão surpresos, como nós ficamos. Guido: Obrigado por acompanharem nosso trabalho, agradeço a aqueles que foram nos ver nos shows, encerramos neste mês a turnê de “O Fim da Linha Não É o Bastante” e a partir de agora, dedicamos novamente nossos corações e mentes para trazer (muito em breve) algo novo para vocês. Abraços.



Barcelona Ha Effort, Col.lap

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ardcore com pse e Constrict

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Texto e fotos: Mauricio Melo (Espanha)

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verão em Barcelona foi um dos piores dos últimos anos. Pouco sol, muitos dias nublados e outros chuvosos. Tudo isso quase nos fez acreditar que já não vivíamos dias tão quentes até que, na noite de Sábado do dia 6 de Setembro, às vésperas de nossa independência, recebemos o convite de comparecer ao show de reunião do extinto grupo Effort, que retornava aos palcos após 7 anos. O que tem a ver o verão com esta noite? Serviu para aclarar a memória de que sim, ainda vivemos noites de calor intenso pois a pequena sala do Casal de Roquetes (um espaço cultural), suou até o último metro quadrado. Uma daquelas suadas que escorre pelas pernas e pinga pelos cotovelos. Para abrir a noite, tivemos o já conhecido por estas páginas, o Constrict. Das três formações da noite, esta é sem dúvida, a mais jovem e quando comparamos com apresentações que vimos há pouco mais de um ano, temos a certeza da evolução dos rapazes. O grupo está mais sólido e coeso. O vocalista, Jarque, já exibe bom folego para levar o setlist que propõem apresentar e anunciaram que, até o final do ano, tem registro fonográfico. Dando continuidade à noite, tivemos o grupo mais experiente e “redondo”. O punk rock cantado em catalão do Col.lapse. Membros com mais experiência no movimento

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com muitos quilômetros rodados, tanto na Europa quanto fora, caso de Josan e Eric (vocal e bateria respectivamente), que são membros do também hardcore Appraise, e o lendário e finado Cinder, além dos técnicos Jaume e Sergi, baixo e guitarra, tendo a sua frente um público muito mais sintonizado e entregue às músicas como: “Altre Cop” e “No T’ha Servit de Res”. Para finalizar a velada, e com pouco tempo à disposição, tivemos o Effort que fez a alegria da galera. Banda com nítidas influências de Youth Of Today e Better Than A Thousand, principalmente nas “rosnadas” do vocal. É claro que sete anos parado deixam sequelas, principalmente, para o vocalista Miguel que sofreu para segurar o folego e não decepcionar. Para isso, contou com o apoio em massa do público, principalmente no petardo “BCN On The Map”. Um show curto e intenso, não mais do que 20 minutos, mas que serviu para marcar território. Effort is back!!! Mais uma vez, vale lembrar, e elogiar, os eventos organizados por esta galera local. Ingressos a preços acessíveis, que incluem o velho vinil 7” como brinde, barraca de merchandising com vinis da cena local e até uma culinária vegana para os mais exigentes. CKUD Barcelona Hardcore!!! Mais ativos do que nunca.

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Cavalera

Conspiracy

em

dois atos

Foto e texto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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avalera Conspiracy é sinônimo de Max e Iggor. Duas figuras simbólicas do cenário do Heavy Metal brasileiro e que levou o nome do país para o mundo. Não dá para negar tal feito. O Sepultura abriu portas para muitas outras. Mas o momento agora foi o retorno dos irmãos ao Brasil. Após tantas conversas por aí, de uma possível reunião da formação original do Sepultura, era o muito que sabíamos dos irmãos. Muito embora, os bons ventos os trouxeram novamente para sua terra natal fazendo uma sequência matadora de shows pelo Brasil e algumas cidades sul-americanas. CC em dois atos - Recife

Capadocia - Marcio (guitarra), Bafo (guitarraa/vocal), Gustavo (baixo) e Palmer (bateria).

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O primeiro show a gente nunca esquece, ainda mais de uma banda que ainda não tinha visto. Na oportunidade, os Cavaleras estiveram na capital pernambucana depois de 26 anos. A última vez ainda estavam com o Sepultura, em 1988. O retorno era aguardado por aqueles que, naquele período, eram os jovens que gostavam da banda. As idades se confundiam diante da mesma vontade de ver os irmãos Cavalera, porém o sentimento era o mesmo, a empolgação era a mesma e aquele friozinho na barriga também. Mas antes de eles subirem ao palco, os paulistas do Capadocia, que acompanhou em algumas cidades da tour, abriu o show. Ainda bem desconhecida pelas “bandas” do Nordeste, o quarteto, liderado por Baffo Neto, ambientou bem a galera tocando músicas próprias que estão no seu primeiro álbum, “Leader’s Speech”. O público ficou tímido num primeiro momento, mas foi se soltando e se rendendo ao som dos caras, que estão


vindo com tudo. Mais uma banda de Thrash aí galera. Se ligue neles! Após a apresentação dos caras do Capadocia, os irmãos Cavalera subiram ao palco junto com a sua conspiração. O público presente já estava enlouquecido. E o setlist era um misto de Cavalera Conspiracy e Sepultura. E “Inflikted” abriu o show dos caras. Bem na pegada da música, “Inflikted, show no mercy”, foi bem assim. Sem qualquer perdão, foram tocadas só porradarias para a galera ir se agitando. E como se agitaram! Ao andar pelo espaço do show no Recife, no Clube Internacional do Recife, via o contraste de gerações. Os mais novos lá na grade, sendo espremidos pela galera que entra no circlepit, e nas laterais estavam essa mesma galera jovem que curtia estar na grade lá atrás e agora, com mais idade, prefere contemplar o show do seu jeito, perto dos amigos compartilhando sua euforia de modo singular: cada um curte como se deve, seja no circlepit, na grade ou um pouco mais afastado. Foi um passeio pelos dois álbuns já lançados, “Inflikted” e “Blunt Force Trauma”. Uma verdadeira conspiração para chegar ao ápice das emoções que eram das mais diversas possíveis. Porém, nesta tour, a galera pode ouvir duas músicas novas que estão no próximo álbum, “Pandemonium”: “Babylonian Pandemonium” e “Bonzai Kamikaze”, que foi lançada ainda em agosto. Ainda sobrou tempo para que “Black Ark” fosse cantada pelo enteado de Max, Ritchie Cavalera, cooperando com o pai nos vocais. As músicas do Sepultura executadas foram: Arise, Dead Embryonic Cells, Refuse/ Resist, Innerself, Atitude, Territory e, claro, Roots Bloody Roots. 37


Korzus: Marcelo Pompeo (vocal), Heros (guitarra), Antonio (guitarra), Dick (baixo) e Rodrigo (bateria).

Krisiun: Moyses (guitarra), Alex (baixo) e Max (bateria).

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São Paulo Após uma semana, estava eu no 1º Metal Manifest em São Paulo. Era um show bem aguardado pelos paulistanos, pois o line-up era simplesmente matador: Korzus e Krisiun abrindo para o Cavalera Conspiracy. Deu para sentir o peso, né? Pois bem, pontualmente, às 21h, o Korzus iniciou o seu show. Tocando boa parte com músicas do seu último álbum “Discipline of Hate”, a banda liderada por Marcello Pompeu chamou todos para bangear junto. Dentre as músicas tocadas estavam “Truth”, “Who’s going to be the next”, momento que virou mania para formar o tão lindo “Wall of death”. Além de outros hit’s como “Agony”, “Correria”, “Guilty Silence”, por exemplo. 40

Quando o show tá muito bom o tempo passa muito rápido e você acha que não aproveitou nada, que não tocaram as músicas suficientes e fica aquele gosto de quero mais. O Korzus não decepciona em suas apresentações! Depois veio o powertrio porradeira do Rio Grande do Sul, Krisiun. Max Kolesne (bateria), Moyses Kolesne (guitarra) e Alex Camargo (baixo/voz) mostram bem porque são tão idolatrados pelo mundo. A bateria, de tão rápida que é, parece uma metralhadora, você sente pulsar de modo único... É uma experiência incrível. Fica a dica para assistir o show dos caras. Sem muita espera o HSBC Hall já estava lotado e nem pude perceber que enchera tão rápido. Surpreendentemente, o show era outro.


Fazendo um comparativo com o que vira uma semana atrás, o show feito em São Paulo, é incontestavelmente, o melhor que vi deles. Claro, tocando em casa. Parecia outra banda, sinceramente! Max entrou muito mais determinado, com “sangue nos olhos”. Ainda bem que pude ter esta oportunidade, pois o show do Recife, por mais enérgico que tenha sido, não foi a mesma coisa que senti em São Paulo. Ainda bem!!! Max e Iggor estavam impossíveis! Era o mesmo setlist da tour: “Inflikted”, “Warlord”, “Torture”, “Beneath the Remains/Desperate Cry/ Troops of Doom” (Sepultura), “Sanctuary”, “Terrorize”, “The Doom of All Fires”, “Wasting Away (Nailbomb), “Babylonian Pandemonium”, “Killing Inside”, “Refu41

se/Resist”, “Territory”, “Black Ark”, “Bonzai Kamikaze”, “Innerself”, “Attitude”, “Roots” (Sepultura). Mas foi outro show, você não está entendendo! Para completar ainda mais a loucura que foi esse show ainda rolou “Arise/Dead Embrionic Cells” do Sepultura cantado com a ajuda de Marcus D’Angelo (Claustrofobia), Antonio Araújo (Korzus) e Alex Camargo (Krisiun) para “só” para dar aquela força, saca? O que já estava lindo poderia ficar ainda mais quando foi executada “Orgasmatron” (Motorhead) que serviu de introdução para tocar “Roots” e fechar o show com chave de ouro. Foi incrível!


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Em S達o Paulo Texto e foto: Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net)

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esde que soube que iria ter o show da Tarja em São Paulo, já deixei agendado o dia 13 de setembro de 2014. Nem sabia se estaria viva até essa data, mas já estava tudo certo. O primeiro show que assisti dela foi em Brasília, em 2011. Naquele período, Tarja ainda era uma sensação na sua carreira solo. Hoje, em 2014, já dá para ter mais embasamento para falar desta exímia cantora lírica. Tarja tem feito muitos projetos, buscado uma identidade, se firmar no meio. Desde a sua saída do Nightwish, acredito, ela tem procurado se encontrar, mas ainda não se achou de verdade. Porém louvável ela ter seguido em frente. É bem verdade que angariou muitos fãs pelo mundo após a sua saída da banda que a lançou no Heavy Metal. Assim como os irmãos Cavalera, não é possível destituir o seu passado, andam juntos e comparações sempre vão existir. Mas vamos falar do show, que iniciou com a abertura da banda Mad Old Lady, uma surpresa, pois não achara que haveria banda de abertura. Tocando músicas próprias e um cover do Metallica, a banda se apresentou rapidamente, ou não, dependendo da ansiedade do público. Após retirar o backline da banda de abertura, um pano foi subindo e cobriu o palco. Nele estava escrito “Colours in the dark”, nome do recente trabalho da finlandesa. O HSBC Hall, em São Paulo, já estava abarrotado de fãs da cantora, isso muito antes do show, e outros tantos que chegavam para adentrar à casa. Ela surgiu por trás do pano, numa visão bem turva. Acredito eu, que ela só via os flashes ali do palco, não tinha dimensão do que a esperava. Então o pano caiu, ela começou o show e pode ter ciência da quantidade de gente que ali estava. Sim, caros leitores, era gente até umas horas. “In for a Kill” iniciou os trabalhos. O povo estava enlouquecido. A grade que separava o público do palco tremia com a agitação deles, uma sensação indescrití-

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vel, mas também essa que vos escreve é muito suspeita para falar da ligação sensitiva do fã, aqui nas páginas da Rock Meeting, muitas vezes, foram descritas inúmeras situações que envolve o fã. O comportamento humano é fascinante. Em alto e bom português, com aquele sotaque típico de estrangeiro, Tarja cumprimentou os fãs, saudando com um sorridente “boa noite”, o sorriso nem cabia na cara dela, era perceptível a felicidade que sentira. Depois foram executadas “500 letters”, “Little Lies”, “Falling Awake”, “I Walk Alone” (que a galera cantou com toda vontade), “Anteroom of Death”, “Never Enough”, “Darkness” (Peter Gabriel Cover), “Neverlight”, “Mystique Voyage”, “Die Alive”, “Deliverance”, “Medusa”, “Victim of Ritual”, “Wish I Had an Angel”, “Until My Last Breath”. Bis com “Calling Grace” e “Over The Hills and Far Away”. Tarja foi exageradamente ovacionada pela galera, eram vozes e vozes exaltando a cantora. Coros e coros gritando “Tarja”. Mas o que me fica em questão quando ela fará algo realmente incrível. Ela tem músicas pontuais lindíssimas como “The Reign” do seu primeiro álbum, “My Winter Storm”. Mas acredito que algumas faixas aí desse setlist poderiam ser mudadas. Ok, era um setlist voltando para o “Colours in the Dark”, mas senti falta de tantas outras. Como fora dito antes, a identidade que ela criou quando estava no Nightwish é impossível de separar, só que desta vez ela executou apenas uma música de sua antiga banda, “Wish I Had An Angel”, que me fez lembrar lá em Brasília. O meu desejo é que no palco estivessem Tuomas, Marco, Emppu e Jukka. Numa modificada sonora, eles executaram esse hit da banda finlandesa. Depois 46


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veio “Until My Last Breath”, que é sensacional e finalizaram o show, para enganar o que ali estavam. Na primeira tour da Tarja do “My Winter Storm”, o guitarrista brasileiro, Kiko Loureiro, acompanhou a tour da vocalista. Em suas palavras “quero chamar aqui ao palco o meu amigo Kiko Loureiro”. Em voz e violão tocaram “Calling Grace”, que poderia ter sido “The Reign”, por que não? Mas ficou lindíssimo. E fechando com mais um momento Nightwish, Tarja finalizou com a versão do NW para “Over the Hills and Far Away” de Gary Moore, com mais um guitarrista no palco. Sem dúvidas, ela é muito amada por seus fãs e demonstra isso no palco. Em muitos momentos ela agradeceu a cada um que ali estava e disse: adoro vir para o Brasil. Bem pudera, ela e tantos outros artistas, no Brasil tem os fãs mais enlouquecidos e que fazem questão de demonstrar todo o seu amor.

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Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Pri Secco

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s vezes é inconcebível uma banda que já tem 20 anos, por exemplo, ser reconhecida somente agora e ainda dizer que falta muito para conquistar. Mas a culpa é da banda? Cada banda passou por dificuldades que não precisa nem mensurar, muito embora sobreviveram as turbulências e estão no cenário para contar as mudanças, viver deste presente e buscar sempre o futuro. A banda em questão é o NervoChaos, que já foi capa de nossa edição nº 32. Em 2014 completam 18 anos e gozam do seu melhor momento. Com disco novo na praça, “The Art of Vengeance”, o quarteto mostra mais agressividade e mensagens diretas. Sem alongamentos, conversamos com o baterista da banda, Edu Lane. Direto e sem rodeios, agarre-se 50

nesta entrevista sincera e saiba mais sobre o novo álbum dos caras. Sem perder a linha do Death Metal, há uma faixa que representa bem o que vocês querem dizer: “For passion not fashion”. Já são 18 anos na luta, não é mesmo? Edu Lane - Exato. Que bacana que você percebeu isso. Fizemos essa letra justamente baseada na realidade que vivemos e que infelizmente tem se tornado cada vez mais raridade nos dias atuais. O underground é um estilo de vida e a gente vive ele a pleno. Não estamos nessa por modismo, para ficar rico ou ser famoso e etc. Vivemos a pleno aquilo que acreditamos, o idealismo e o underground de verdade. Tudo isso é por pura paixão/ amor e não por moda. Certamente essa letra


é um tapa na cara de muita gente e se, por acaso, a carapuça servir, vale a pena reavaliar os conceitos. Em 18 anos já se viu de um tudo. O que vocês podem destacar o que foi de bom e de ruim para a banda neste período? Eu vejo tudo como um aprendizado e estamos constantemente aprendendo com as experiências, sejam boas ou ruins. As coisas boas que posso mencionar são as oportunidades que temos de fazer turnês, ao lado de grandes bandas e pelo mundo todo. Poder fazer parte de uma gravadora bacana e ter uma boa frequência de lançamentos. O sucesso pra gente é isso, estar na ativa, lançando materiais e saindo em turnê. O ruim acho que foram as constantes mudanças de formação, que sempre atrapalham, mas muitas vezes são neces51

sárias para se manter a banda “saudável” e na ativa. Recentemente vocês estiveram numa tour pela Europa com o Centurian e a galera do Warcursed. Consolidando o nome da banda lá fora, não é? Como foram os shows? Foram excelentes. Na minha opinião essa foi a melhor turnê que fizemos pela Europa. Foi a nossa quinta turnê pelo velho continente e poder estar ao lado do Centurian e do Warcursed foi uma grande honra pra gente. Aos poucos sentimos que estamos consolidando o nosso nome por lá, aumentando a nossa base de fãs e conseguindo difundir/ divulgar/ promover mais e mais o nosso trabalho. Fizemos 22 shows em 4 semanas e atingimos alguns locais, ate então, inéditos para a banda. Que-


Foto: Divulgação

remos voltar todo ano, ao menos uma vez por ano, naquele mercado e desenvolver um trabalho igual ao que fazemos no Brasil ha anos. CD novo na praça. “The Art of Vengeance” é matador, poderoso e sem frescura. Apresente o novo álbum para nós. Muito obrigado e que bom que você gostou. Este é o nosso sétimo álbum (ou sexto de estúdio) e fizemos algumas coisas inéditas ate então para a banda. Conseguimos gravar dois discos com a mesma formação, pela primeira vez contamos com um produtor desde o início do processo e gravamos de uma forma diferente do que estávamos acostumados até então. Além disso, optamos por inovar e evoluir, tanto sonoramente, como na parte gráfica e lírica. Tenho certeza que esse é o nosso melhor trabalho ate o momento. São 12 faixas, sendo 11 inéditas e uma versão para uma 52

musica do grande HeadHunter DC. No meu ponto de vista, conseguimos evoluir sem perder a nossa identidade ou sem deixar de ser fiel a nossa proposta. Estamos conseguindo chegar na nossa sonoridade própria e posso te garantir que estamos extremamente satisfeitos com este novo material. Além disso, a primeira prensagem do CD vem com um DVD de bônus. Existe algum personagem ou situação por trás deste novo álbum? O motivou a esta arte da vingança? Não existe um personagem especifico, acredito que é mais uma situação. A vingança, a revolta é justamente por algumas coisas que presenciamos no nosso dia a dia. Não somos (e nunca fomos) uma banda politizada, mas sempre tivemos fortes laços com a cena underground. Na minha visão, o protesto é mais


neste sentido, das coisas ‘erradas’ que assolam a nossa cena atualmente e é claro, a farsa do cristianismo. Acho que o mais interessante é justamente ver as diferentes interpretações que são dadas para o disco, título, letras… até por isso, procuro não limitar as coisas emitindo a minha opinião/visão. Acho muito interessante ouvir as diferentes interpretações e muito bacana quando estas interpretações vêm de encontro com as nossas ou mostram uma visão diferente também. Em que o seu trabalho é paixão e não modinha, ter sido traído e estado nas sombras da destruição, onde o que está morto não pode morrer e não encontrar a luz, e aí? O que se faz? (risos) Se chuta bundas e luta-se por uma cena mais proativa e sem essas palhaçadas todas que temos enfrentado e que tem cres53

cido bastante ultimamente. Cada vez mais precisamos conscientizar as pessoas e fazer da nossa cena um lugar melhor, para gente mesmo. O conformismo e a curta memória é algo que incomoda. Ficar se lamentando, ser um headbanger de internet/YouTube, White (sic!) infiltrado na cena, o modismo, a hipocrisia, são os canceres que lutamos para combater. “Betrayed” é uma faixa enérgica e agressiva. Seria algum recado para aquele que o traiu ou uma mensagem geral? Quando escrevi a letra era endereçada a algumas pessoas, mas acho que ela serve bem como uma mensagem geral. Quem nunca foi traído ou passado para trás? O pior não é encarar o inimigo e sim o abraço do falso ‘amigo’. A gente sempre falou de temas do cotidiano e de coisas que vivemos no dia a dia,


em todos os nossos CDs. Muitas destas experiências, infelizmente, são vivenciadas por muitas pessoas também e por isso rola essa fácil identificação com o tema ou a musica em questão. Acreditamos que as letras também são importantes e procuramos sempre focar em temais reais ou invés de viver num mundo de fantasia. “For Passion not Fashion” é direta, agressiva e sem rodeios. O trabalho que vocês fazem pode ser resumido com esta frase. A cena brasileira se encaixa em 100% na frase ou ainda esta em cima do muro? Com certeza o nosso trabalho sempre foi (e sempre será) por paixão, por amor e jamais por modismo. Estamos cagando para a moda que assola a cena, sempre fizemos aquilo que gostamos e para aquelas pessoas que curtem. No meu ponto de vista, não apenas a cena Brasileira, mas a cena mundial segue essa frase. Infelizmente apenas uma minoria 54

realmente vive a pleno isso e com o tempo conseguimos separar os ‘garotos/meninos’, dos ‘homens’ ou as bandas estradeiras, das bandas de shopping. Não acredito que a cena Brasileira se encaixa 100% na frase, mas certamente existe uma minoria que sim. E vocês já começaram os shows com a banda Amazarak. Com tem sido os shows? Começam este final de semana e mal podemos esperar para dar inicio a mais esta turnê, ainda mais ao lado dos nossos amigos desta grande banda chamada Amazarak. Temos percebido que esse formato de juntar duas (ou mais bandas) num pacote tem funcionado muito bem. Este ano já fizemos algumas turnês assim e o resultado tem sido incrível. No início do ano fizemos junto com o War-Head e o HeadHunter DC. Depois, na Europa, com o Centurian e Warcursed. Recentemente fizemos, pelo Brasil, com o Funerus e Coldblood. Agora com o Amazarak, ainda pelo Brasil e


no fim do ano junto com o Blood Red Throne pela América do Sul. E como está a agenda da banda? Existem datas para o Norte e Nordeste? Este ano estamos quase conseguindo atingir o nosso objetivo que é fazer 100 shows. Já estivemos pelo Norte e Nordeste do país, mas iremos voltar ainda este ano para algumas cidades que ainda não passamos. Pra gente é sempre uma honra e um prazer enorme tocar pela região, tanto que o fazemos desde 1997. Temos algumas datas já fechadas e outras em vias de fechamento. Produtores interessados entrem em contato e para ver a nossa agenda basta acessar o nosso site. Top 5. Quais as bandas que influenciam o som do Nervochaos. Cite um álbum e, em poucas palavras, fale sobre ele. Que pergunta difícil (risos) difícil porque temos muito mais do que apenas cinco bandas, mas vamos lá (sem ordem de importância): 55

1. Napalm Death - Harmony Corruption “Lançado em 1990 mostra uma banda mesclando mais Death Metal ao seu Grindcore. Riffs brutais com vocais ultra guturais. Primeiro album com o Barney no vocal e ultimo com o Mick Harris na bateria. Ainda tem participações especiais do Glen Benton (Deicide) e do John Tardy (Obituary)” 2. Slayer - Hell Awaits “Segundo álbum dos reis da brutalidade satânica e com certeza uma total influência para a cena extrema mundial. Lançado em 1985, percebemos um trabalho mais progressivo e diversificado, com musicas mais longas e mais elaboradas, ainda totalmente calcado no satanismo. Clássico absoluto.” 3. Sepultura - Beneath The Remains “Terceiro álbum da banda, de 1989, e mostrando uma banda mais madura e mais voltada para o Thrash Metal visceral ao invés do Death Metal que faziam no inicio de carreira. Primeiro trabalho com produção do Scott Burns e um dos melhores álbuns da carreira do gru-


Fotos: Divulgação

po, na nossa opinião.” 4. Cannibal Corpse - Vile “Lançamento de 1996 e primeiro álbum com o Corpsegrinder no vocal. Ele certamente trouxe muito mais dinamismo criando uma intensidade e uma essência tortuosamente sofisticada para o grupo. Uma grande evolução para a banda, em nossa opinião, e certamente eles são uns dos ‘reis’ do Death Metal mundial.” 5. Ratos de Porão - Brasil “Disco de 1989 e um dos primeiros álbuns de Crossover no mundo. Creio que o primeiro gravado no exterior pela banda, produzido pelo mestre Harris Johns e totalmente em português. RDP é uma instituição do Crossover mundial e os pioneiros desta mistura de Hard Core com o Metal.” O que podemos esperar do Nervochaos em 2014? Sucesso sempre galera. Este ano lançamos o nosso novo disco de estúdio e em Janeiro demos inicio a nossa nova turnê, que ira se estender ate o fim do ano que vem. Lançamos também o nosso primeiro videoclipe de ‘verdade’ (pois ate então só tínhamos vídeos produzidos pela banda, num formato totalmente D.I.Y.) para a música “The Devil’s Work” e participamos de dois tributos, um ao HeadHunter DC e outro ao Stomachal Corrision. Pretendemos lançar mais um videoclipe ainda este ano. Valeu demais pelo apoio, pela entrevista e pelo espaço cedido a banda. Esperamos em breve tocar por esses lados. Para saber mais sobre a banda, visite www.nervochaos.com.br

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“Nosso som nã ou regrado p 58


ão é engessado por padrões” 59


Por Leandro Fernandes Fotos: Divulgação

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Fire Shadow vem sido um grande destaque no Heavy Metal nacional. Os paranaenses fazem um som bastante trabalhado e longe de cópias, procurando ter sua própria identidade e vem conseguindo um grande espaço na cena metal brasileira. Tivemos um interessante e tranquilo papo com Marco Lacerda, que nos contou sobre a trajetória da banda e planos futuros e também explica um pouco sobre o que vem acontecendo dentro do nosso Heavy Metal. Confira a entrevista.

pelo espaço cedido pelo Rock Meeting, é uma grande honra poder ceder essa entrevista a vocês. Acredito que a banda já tem certo reconhecimento e um público fiel na cena curitibana, sim. Mas existem muitas outras bandas de destaque e qualidade em nossa cidade com quem dividimos o público, então não dá para dizer que tal reconhecimento é exclusivo da Fire Shadow. De qualquer maneira, agradecemos e nos sentimos lisonjeados por sua colocação.

Agradecendo muito a oportunidade em entrevistar o grande destaque curitibano do Heavy Metal tradicional, pergunto: esse lance de serem considerados os grandes da região é bom para a banda? Marco Lacerda - Nós é que agradecemos

Hoje o Heavy Metal se encontra sempre em inovação, vocês pensam em futuramente em incrementar alguma espécie de experimentalismo nas músicas? Olha, nosso som não é engessado ou regrado por padrões, então, por que não? Tudo depende de como a banda está se sentindo du-

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rante o processo de composição e do que pretendemos expressar com nossas músicas. Até agora nos sentimos muito bem tocando um som mais tradicional, satisfez nossas necessidades musicais e de composição, mas nunca se sabe o dia de amanhã, não é mesmo? Como foi tocar ao lado de alguns monstros do Heavy Metal que também servem como fonte de inspiração da banda, como Blaze Bayley, Paul Di’anno, Grave Digger. Certamente foram experiências inesquecíveis, principalmente por esse fator de influência. No caso, todos estes artistas como os quais tivemos oportunidade de dividir o palco são ídolos para nós, músicos cujos discos ouvíamos desde nossa adolescência, o que fez com que a dose de emoção fosse ainda maior. Claro que sempre existe aquela preocupação 61

quanto à aceitação do publico para com uma banda de abertura local nesse tipo de show, mas em todas as oportunidades fomos presenteados por recepções calorosas do público, o que nos deixou ainda mais satisfeitos. Sobre o EP “Phoenix”, como tem sido o retorno do público e mídia? No geral, tem sido muito bom! Temos recebido críticas bastante favoráveis de pessoas que adquiriram o disco e já saíram várias resenhas em sites especializados elogiando a qualidade das músicas e da produção, isso é muito recompensador e nos motiva a prosseguir trabalhando. Como foi à produção do vídeo clipe “Scars”. Tivemos a oportunidade de gravar o clipe em um evento de MMA, chamado Power Fight,


realizado em Curitiba. Gravamos as cenas da banda no ringue na noite anterior ao evento. Depois disso foram capitadas as imagens das lutas e a mistura de todas as tomadas resultou no clipe, cujo resultado final nos deixou muito contentes, assim como sua repercussão. Com relação a shows e convites para festivais no país, como tem sido? Os shows têm acontecido mais em nossa cidade (Curitiba), mas já começamos a receber convites e realizar shows em regiões próximas, como, por exemplo, em Santa Catarina. Hoje vemos que muitas bandas brasileiras não estão investindo tanto no Heavy Metal Tradicional, procuram 62

fazer um som para identificar com a galera, na visão de vocês isso é válido, cada um tem que seguir a proposta que mais lhe encaixa? Então, acredito que os artistas devem seguir suas convicções e tocar o som com o qual melhor conseguem expressar suas ideias. Tocamos Heavy Metal tradicional pois é o som com o qual melhor conseguimos expressar aquilo que desejamos. Claro que a banda deve sempre pensar no público que a segue e ser fiel a ele, mas na minha concepção não deve fazer algo artificial ou em que não acredite de verdade só para forçar uma identificação com a audiência. Falando novamente sobre o EP “Phoenix”, ele marca uma sonoridade mais


madura da banda, algo bem trabalhado e marcante, a que se deve isso? “Phoenix” realmente é um trabalho mais consistente que os nossos anteriores. Isso se deve aos anos da banda na estrada e às mudanças de formação, o que permitiu uma série de amadurecimentos, tanto no aspecto musical, quanto nas composições e nos próprios músicos, que vão se tornando mais “casca grossa” com o passar dos anos. (risos) Sobre abrir o show do Sabaton na terra natal. Como está sendo essa expectativa. O show foi fantástico, já ficou marcado em nossa história. O público foi muito receptivo, participou desde o início de nossa apresentação e quando terminamos esgotaram os 63

cds que havíamos levado para venda na noite. Além disso, pudemos assistir de um lugar privilegiado o show do Sabaton, que foi uma verdadeira aula de Heavy Metal, presença e carisma. Deixando aqui o espaço para a banda fazer suas considerações finais. Agradeço imensamente pela entrevista. Agradecemos sinceramente ao espaço cedido pelo Rock Meeting e todo o publico que os acompanha, assim como nosso público fiel (alguns que nos acompanham há 10 anos), que são os grandes motivadores e fornecedores de energias para continuarmos nosso trabalho. Quem se interessar mais pela banda pode conhecer mais pelo site.


BDN D16 Hard

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dcore Fest Barcelona – Espanha

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Texto e fotos: Mauricio Melo (Espanha)

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Barcelona BDN 16 Hardcore Fest foi o primeiro festival de hardcore indoor realizado pela promotora HFMN Crew, especializada no estilo na Espanha, na casa de shows Estraperlo. Duas hardcore em ritmo de final de verão. Uma na sexta e outra no sábado. Nós, por incompatibilidade de horários, só marcamos presença na segunda noite e conferir os três shows que encerravam o evento. Ou seja, o filé mignon. A primeira banda a pisar no palco foi o quarteto espanhol Against the Spirits. O grupo, proveniente de Madrid, subiu ao palco com muita personalidade e apresentando músicas de seu novo disco que será lançado antes do final do ano. O público, em número reduzido, e ainda tímido, não fez uma grande festa apesar de contar com uma pequena roda de pogos e um ou outro stage dive. Não muito tempo depois, os holandeses do No Turning Back subiram ao palco com status de uma das grandes bandas do festival. O quinteto se mostrou sólido e coeso. Destaque para o baixista que parecia ter molas nos pés assim como guitarrista a poucos metros de nossos olhos. O vocalista Martin que poucos minutos antes circulava tranquilamente entre público, demonstrou mais uma vez o porque do No Turning Back ser uma das referências do hardcore europeu. Sempre próximo à borda do palco e com microfone em punho, conseguiu uma perfeita interação com público sempre levando microfone para a galera berrar nos refrões sendo perfeitamente correspondido. O grupo desfilou o melhor de 66


seus clássicos com músicas desde o primeiro álbum até o mais recente novidade, entre elas “Stronger”, “Never Give Up” e “Take Your Guilt”. Talvez não tenha sido o show mais longo em terras espanholas mas perdoamos por se tratar de um minifestival. Já os donos da noite corresponderam o bom público presente. O, até então extinto, All Out War desceu a madeira e fez o Estraperlo “rachar” as estruturas. Um publico que não consistia apenas de moradores barceloneses mas também muita gente do sul da Espanha, e até mesmo um grupo de Toulouse na França veio conferir de perto a atuação, talvez por ser o único show no território e um dos poucos na Europa. O quinteto deu conta do recado, colocando ordem (desordem seria a melhor palavra) na casa e deixando claro que quem começou a colocar bases thrash no hardcore foram eles. Se hoje temos bandas como Hatebreed dominando a cena, muito se deve a este quinteto. Já na introdução, o público era insano. Quando “Resist” deu o ar de sua desgraça, 30 segundos foram o suficiente para empapar a roupa. Era um quinteto com instrumentos contra uma massa descontrolada. Em “After Autumn” a coisa não foi diferente. Nem mesmo a nova “Choking on Indifference” passou desapercebida. Entre as quase vinte canções tocadas pelos nova iorquinos “Fight For God” e “Enemies of Creation” também chamaram a atenção. Talvez o grupo não esperasse tanto de um público tão longe de casa e não cansavam de elogiar a postura do mesmo. O que levou a noite a um status de memorável. 67


“A banda estĂĄ fo objetivo: fazer 68


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Por Pei Fon (@poifang | peifang@rockmeeting.net) Fotos: Raphael Fillipe | Ricardo Cipriano

Olá galera, este é o nosso primeiro contato. Por favor, não meçam as palavras, fiquem à vontade! Alexandre Gomes - Muito obrigado ai pessoal da Rock Meeting pelo espaço cedido! É uma honra pra gente poder trocar uma ideia com vocês. Desde já, agradecemos também, aos leitores e todos os fãs de metal espalhados pelo Brasil! Como de praxe, pedimos para os nossos entrevistados se apresentarem. Eis que é a vez de vocês! Bem, somos a banda Revolted, formada em 2011 na cidade de Anápolis-GO, com o propósito de fazer uma revolução sonora aqui na cena da nossa cidade, algo diferente de tudo que já tinha sido feito por aqui. Tocando um thrash metal, com influências mais modernas, porém sem destoar da velha escola do estilo. Atualmente, a formação da banda conta com: Alex (Guitarra), Hedrey (Vocal), Raphael (Baixo) e Yanomani (Bateria). “Revolutionary Order” é o primeiro álbum do Revolted. Como vocês podem apresentar este álbum? Fale um pouco sobre ele. O disco foi lançado em março de 2014 e é uma obra que nos dá muito orgulho de ter feito. Não foi fácil disponibilizar no formato físico mas conseguimos sair vencedores. As composições do disco foram feitas com paciência, já que no início a intenção era levar a banda como um hobby de fim de semana. Tenho registros de composições datadas de 2008 e que foram sendo lapidados até o resultado 70

final encontrado no disco. Posso dizer que é um disco de thrash metal pra quem gosta de groove e sonoridades um pouco modernas, porém com a rapidez e rispidez características do estilo. As letras, em sua maioria, falam sobre como a forma que o fanatismo religioso faz mal ao ser-humano. Após idas e vindas, o Revolted já tem uma formação unida no mesmo propósito, o que culminou no primeiro álbum. O que vocês acreditam que está dando certo? Eu (Alex) formei a banda com o nosso ex-baterista Billmor, sendo que o mesmo resolveu deixar a banda após o nosso primeiro show, em janeiro de 2012. A entrada de Yanomani foi um ponto de reestruturação. A partir dai, o negócio foi tomando um rumo mais interessante. Acho que a forma profissional com que tentamos levar a banda seja um dos motivos


pelo qual a banda tem conseguido um certo destaque. A banda está focada no mesmo objetivo, querendo fazer acontecer, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos para fazer metal aqui no Brasil. Viemos pra ficar, pelo menos, por enquanto, em relação à cena local. Vindo de Anápolis, em Goiás, como vocês descrevem a cena local? Posso dizer que a cena aqui em Anápolis tem uma atividade mais ou menos habitual. Pelo menos uma vez por mês acontece um evento relacionado ao metal ou rock, temos um grande festival que acontece anualmente chamado “Anápolis Metal”, foi nesse festival que fizemos nossa primeira apresentação. Por estarmos do lado da capital Goiânia, às vezes algumas bandas de fora se apresentam por aqui. Tem o pessoal da Pequi Sound, que através do Centro Cultural Joana Dark faz a 71

cena se movimentar também. A ordem é revolucionar. E aí, o objetivo está sendo alcançado? Como tem sido a resposta da galera? Aos poucos os objetivos vêm sendo alcançados sim. Quando você se propõe a fazer metal extremo, no nosso país, e se dispõe a fazer parte de um meio onde tudo é muito difícil você precisa estar preparado pra guerra. Você vai precisar lutar o tempo todo e é o que a gente tem feito. Correria pra tentar mostrar o nosso trabalho e tentar levar o mais longe possível a nossa música. A resposta da galera tem sido a melhor possível. A parte mais gratificante de se fazer música é a resposta positiva do público. Os fãs de metal são os mais exigentes e sinceros que existem, portanto se o som não estiver agradando, você perceberá. Existe algum personagem por trás da


concepção do álbum? Cotidiano? Não existe nenhum personagem por trás da concepção do álbum. A parte lírica do álbum aborda temas totalmente reais e sem ficção alguma. São temas do cotidianos. As letras são bem diretas e não costumam ser interpretativas. Com as letras a banda não tenta pregar nenhum pessimismo ou distorcer verdades, o objetivo é simplesmente mostrar temas extremos e verdades que precisam ser ditas, e o metal, talvez, seja o melhor lugar pra se fazer isso. Com o coração em pedaços, as cicatrizes da insanidade, a esperança é apenas uma ilusão e que todos somos livres o disco pode ser resumido deste modo? Essa, com certeza, é uma excelente forma de 72

se resumir o disco! (risos). As letras são bastante variadas no álbum. Não faz parte da proposta da banda se prender a tema e tentar pregar somente isso, os temas a serem abordados são infindáveis. O que a gente tenta mostrar são temas mais comuns a todas as pessoas, sem muita fantasia. Todas as pessoas que analisarem as letras, com certeza, irão se identificar com alguma delas ou encontrarão alguma parte com a qual se identifiquem mais. Diante das dificuldades da vida, a esperança é apenas uma ilusão? Aquela necessidade de se apegar a um baluarte inexistente? O mundo em que vivemos é um verdadeiro caos e todos nós vivemos em meio a problemas que talvez nunca tenham solução, e a


lançaram o cd nestas mídias virtuais como itunes e spotify da vida. Qual a opinião sobre as novas tecnologias de difusão musical? Hoje em dia mudou a forma com que se ouve e se conhece música. Com a internet, tudo se tornou mais rápido e o metal precisa se adaptar a isso. As mídias virtuais são uma excelente forma de se conhecer o trabalho das bandas, mais se você tiver oportunidade, não deixe de adquirir a mídia física, pois a qualidade costuma ser muito maior.

busca por uma resposta a isso tudo é em vão, portanto a esperança para essas coisas serão sempre uma mera ilusão. “Epidemia” é a única faixa em português. Qual a razão que levou vocês a cantarem na sua língua materna? Algo em especial? Todas nós adoramos várias bandas de metal que cantam em Português. A música cantada em sua língua materna tem sua mensagem mais direta e rápida. Quem ouve, de cara, já entende e consegue associar melhor a mensagem da letra com a parte instrumental. Isso funcionou bem na Epidemia e talvez a gente volte a fazer outras músicas em português. Tendo um álbum físico, lançado de modo independente, vocês também 73

Top 5. Chegou o momento de vocês escolherem quais as 5 bandas que influenciam o som do Revolted. Destaque um álbum e explique em poucas palavras. É uma resposta bem difícil de ser dada, mas vamos lá! At The Gates, Sepultura, The Haunted, Slayer e Machine Head. O disco Slaughter of the Soul da banda At The Gates lançado em 1995 foi um divisor de águas, é um dos percussores do estilo de fazer metal de Gotemburgo, na Suécia. Melódico, rápido e cativante. Para finalizar, o que ainda vão aprontar em 2014? Sucesso sempre. De imediato estamos trabalhando na produção de nosso primeiro videoclipe, a música escolhida é a “Heartbreaking”, a edição do vídeo será feita por Bruno Paraguay, vocalista da banda Eminence. Para o resto do ano, iremos trabalhar na divulgação do “Revolutionary Order”, esperando convites para tocar em qualquer lugar do território nacional! Obrigado galera do Rock Meeting pela oportunidade! Parabéns pelo excelente trabalho! Sucesso pra todos nós!!!


Apresente-se! Meu nome é Iuri Sanson, vocalista da banda de Heavy Metal HIBRIA desde 1997. Canto desde 1989 e sempre curti música. Sou Bacharel em Turismo pela PUC-RS e hoje trabalho com o que mais gosto, música. Dou aulas de Técnica Vocal e também trabalho com produção vocal. Sou um cara simples que curte esporte, cozinhar, estar com a família e amigos. Sou gremista com muito orgulho. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? No início, era um fã de Pearl Jam e me inspirava muito nas performances malucas de Eddie Vedder. Cantava na raça e me divertia sem responsabilidade vocal nenhuma. Hoje, depois de estudar técnica vocal por aproximadamente 3 anos com o professor Renato Borba em Porto Alegre, sou muito mais maduro, tecnicamente falando, experiente e consigo cantar com muito mais facilidade do que no início. Também sou hoje um cara muito orgulhoso da história que consegui construir junto com meus irmãos de banda. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Já realizei alguns sim, como, por exemplo, tocar no Rock in Rio e fazer várias turnês com o Hibria pelo mundo. Ainda faltam muitos, mas conto em uma próxima oportunidade. (risos)

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Do que você tem medo? Quando não estou no controle de algo que pode prejudicar quem eu amo, ou a mim mesmo. Mas digamos que é um medo controlável. O que costuma fazer quando não está em turnê? Dormir por mais tempo? Risos Com certeza. Dormir faz bem para o descanso vocal. É muito necessário para uma pessoa como eu, que trabalho direto com a voz. Mas no tempo livre (que é pouco), curto cozinhar, curtir minha namorada, família, amigos e fazer esportes. Ah claro... jogar um Playstation, também. (risos) Quando era criança o que você dizia que iria ser? PQP...não lembro mesmo. Mas tenho certeza que não era nada de ser médico, advogado e blá blá blá. O que você faria se não fosse músico? Trabalharia na área das humanas, ou teria um restaurante/pub, Algo na área da gastronomia. Qual foi a sua maior realização pessoal? Viver trabalhando com música.


Fotos: Pei Fon

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Qual foi o seu pior momento? Faltando apenas 2 semanas para a primeira turnê do Hibria, no Japão, em 2009, eu perdi completamente a voz devido a uma friagem que eu peguei após um dos ensaios. Fiquei completamente maluco por poder comprometer um sonho a ser realizado. Mas consultei um otorrinolaringologista que me tratou e recuperei completamente a voz para o primeiro show. Mas foi muito complicado e apavorante, pois nunca tinha passado por isso antes. O que te motiva? Meus sonhos e minha família. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Sempre existe alguma vez que você por um motivo outro acaba baixando a cabeça e se desmotiva. Mas eu sempre procuro pensar logo em tudo de positivo que já vivi até hoje para superar esses momentos. Então quando você acha que tudo está uma merda, é bom parar para pensar e enxergar que as coisas positivas são muito maiores que as negativas. Eu sempre procuro ver o ponto positivo mesmo nas coisas ruins que acontecem na minha vida e tiro isso como ensinamento. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Cite um álbum e fale deles. Pearl Jam – Ten. Este é o álbum que na primeira vez que o meu irmão me apresentou eu não curti. Mas logo depois que vi o clipe de Even Flow e a performance “acrobática” de Eddie Vedder, virei muito fã da banda até hoje. Na época só tínhamos a MTV para ver os clipes e não perdia nenhum mesmo. Logo comecei a inserir elementos característicos de Eddie no meu vocal e nos ensaios com as 76

bandas que tinha. Papa Roach – Metamorphosis. Esse álbum que eu conheci o som dos caras. Em 2009 quando, fomos convocados para o Loud Park, em Tóquio, lembro que após o nosso show fui dar uma volta no meio do público e o Papa Roach estava no palco. Curti muito a performance da banda ao vivo e comecei a correr atrás do som. Hoje, é uma das bandas que mais escuto. Iron Maiden – Fear of the Dark. Foi um álbum importante pois, na época, eu tinha uma banda que gostaria de tocar a Wasting Love. Fiquei meio preocupado pois não sabia se conseguiria alcançar o tom do Bruce. Depois que conseguimos eu logo pedi para tocar a clássica Fear of the Dark e foi assim que eu virei fã de Iron. Judas Priest – Jugulator. Estava muito curioso para saber como seria o Judas sem a voz de Halford e quando comprei o CD fiquei impressionado com a potência do Tim “Ripper” Owens. O cara simplesmente cantou muito e me influenciou bastante também. Dream Theater – Scenes of a Memorie part 1. Escutei esse CD quando estava na Europa com o HIBRIA fazendo a “Against the Faceless Demo Tour” e pirei na hora. Acompanhando as letras então, pirei mais ainda com o fato do CD não ter intervalos entre as músicas. Também me impressionei porque enquanto tu ouve o CD um filme passa na tua cabeça imaginando exatamente a história. Muito massa. O que você faz que é tão comum como qualquer outra pessoa? Ir ao shopping? Cozinhar? Acredito que sim. O que mais gosto de fazer depois da música é cozinhar. Se eu puder unir os dois como por exemplo, ensaiar com


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a banda e depois fazer um churrasco, POXA, é o dia perfeito. (risos) Sei que é torcedor do Grêmio. Como nasceu essa paixão pelo tricolor gaúcho? Desde que nasci. (risos) Eu e o meu tio sempre íamos aos jogos do Grêmio aqui em Porto Alegre. Lembro quando o Grêmio foi campeão mundial, em 1983, e minha mãe me levou para o saguão do prédio ver a festa na rua. Depois eu e o meu tio viramos sócios das cadeiras cativas, logo podíamos entrar em todos os jogos. Então tive a chance de curtir uma das melhores fases do time na década de 90. Hoje em dia, futebol é legal mas não consigo mais me emocionar como na época. Acho que tudo está girando mais em torno da grana e interesses pessoais do que a vontade de vestir a camisa e jogar por um time. Os jogadores ganham milhões, as confederações desviam outros milhões, as pessoas se matam nas ruas de forma ridícula e os ingressos estão cada vez mais caros. Ainda sou sócio do Grêmio em uma modalidade bem mais simples, mas tenho ido pouco ao estádio exatamente pela insegurança e a ridicularização do nosso futebol de forma geral. Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Muito obrigado pela oportunidade de entrar em contato com os leitores do perfil Rock Meeting e não deixem de acompanhar o trabalho do Hibria pelo Facebook, @Hibria e @ IuriSanson no twitter e pelo nosso site. Acabamos de inaugurar o site do nosso fã clube no Japão, O Tiger Club Maniac e temos muito orgulho disso. Também temos orgulho dos nossos fãs aqui no Brasil que pedem o nosso show em várias cidades. Nos vemos na frente do palco. Abrax 78


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No Turning Back

Por mAURICIO mELO (eSPANHA)

Estou ouvindo recentemente os últimos discos da banda holandesa, de hardcore, No Turning Back. Foi o primeiro show de hardcore que assisti quando vim morar em Barcelona, no ano de 2006. De lá pra cá, muita coisa aconteceu com o grupo. Uma óbvia evolução do seu som, sem perder sua característica principal, um estilo rude, grosso, com uma guitarra mais suja do que o habitual e um inconfundível vocal, apesar mais polidos nos últimos dois discos. Um fato que marcou a banda recentemente foi a atitude de romper laços com a maior promotora de shows na Europa, a alemã M.A.D. Tourbooking. Segundo os holandeses, a promotora vem monopolizando os shows deixando bandas europeias sempre em segundo plano e colocando as bandas americanas como as grandes donas da noite. Mesmo que estas não sejam grandes em seu país de origem. O No Turning Back fundou 80

um selo para lançar seus próprios discos, Take Control Records, e de quebra, uma promotora para organizar suas próprias turnês, ou seja, o verdadeiro Do It Yourself. A turnê se chama True Spirit e já está em sua quarta edição. Somente com bandas hardcore da Europa. A ideia é ir mais além do território europeu e levar bandas do velho continente a outros territórios como a América do Sul, por exemplo. A banda está em atividade há 15 anos com trabalho duro, perseverança e dedicação para realizar seus sonhos e levar adiante sua mensagem. Em sua recente passagem por Barcelona, na primeira edição do festival de hardcore indoor, chamado BDN 16, o grupo não deixou por menos e fez um show memorável. O público, é claro, fez a festa, pulou, saltou, dançou, gritou, berrou e o grupo se mostrou mais sólido do que nunca.


NervoChaos - The Art of Vengeance Por Rodrigo Balan (Metal Media)

Eu, normalmente, estou ouvindo algo. Toda hora. Mas como o desafio é sobre falar de apenas um disco que tenho escutado muito recentemente, acredito que neste momento o novo do NervoChaos, The Art Of Vengeance, seja o que mais tenho ouvido. Que eu sou fã do NervoChaos é fácil de falar, mas este disco trouxe algo especial ao grupo, talvez pela formação estabilizada, pelo tempo que esta banda está no corre ou simplesmente porque acertaram a mão! Gosto muito da discografia do grupo e, álbum após álbum, a banda tem ficado cada vez mais forte musicalmente, investindo ainda mais em produção e não devendo nada em relação aos gigantes gringos do estilo. Acho que isso tem me pegado na audição do The Art Of Vengeance. Tudo está muito bom e muito agradável de ouvir. Te faz sentir bem e com orgulho de saber que estes caras são daqui. Mesmo os caras fazendo 81

muitos shows e lançando álbuns periodicamente dá pra sentir que este trabalho foi feito com muito prazer. A banda realmente estava se divertindo ao gravar. Não tem como ficar indiferente ao ouvir músicas como The Devil’s work, From Below And Not Above, Shadows Of Destruction, For Passion Not Fashion e, minha preferida do disco, The Harvest. Vale também citar que o play vem com um DVD com a segunda parte do documentário, Warriors On The Road. Novamente, a edição e as imagens ficaram de primeira. Não sou muito de assistir DVDs, prefiro mesmo ouvir um som, mas este é o tipo de DVD que te diverte mesmo no replay. Mais uma vez o NervoChaos nos entrega um disco de Death Metal muito equilibrado que marca este momento em minha mente. Acredito que continuará por muito tempo em meu player! Pazuzu is here!


Dream Theater - Metropolis Pt. 2: Scenes From A Memory Por Alexandre Afonso – Rádio Rock Freeday

Tenho passado os últimos dias num misto de agonia e alegria. Vou reencontrar a banda da minha vida, a banda que me ensinou a ouvir e sentir o Rock de outra forma, to falando do Teatro dos Sonhos, da incrível banda Norte Americana Dream Theater. O show é logo alí, dia 10/10, na bela HellCife. E sinceramente estou bastante feliz em rever a banda, perto de casa, no Nordeste. Em casa, no carro (da amada), no trabalho ou no celular... Só da DT! Fiz uma retrospectiva dos 5 primeiros álbuns do Dream e emprestei alguns pra namorada (sim, ela quer ir ao show! rs) assim fico lembrando das canções, das letras e dos momentos que só o Dream Theater traz ou trouxe na minha vida. Depois que vazaram um possível “set list” das musicas do quinteto no Brasil, a ansiedade só aumenta. E hoje, agora, nesse momento qualquer música dos últimos álbuns do Dream Theater está nos meus ouvidos, e a propósito estou ouvindo, Strange Deja Vu, conhece? Essa música faz parte do melhor disco de Rock progressivo lançado no ano de 1999, (pressões a parte) esse disco flertar com o gênero “progressivo” e a banda é mais conhecida como uma mistura de heavy metal e música progressiva, uma merda essa conclusão, porque o som deles, vai além de tudo isso. Mas, voltando a música, refiro-me a Metropolis Pt. 2: Scenes From A Memory. Para ter uma ideia 82

do que este disco representa, o mesmo tem 77 minutos de duração, subdividindo-se em Primeiro Ato e Segundo Ato, com personagens ficcionais interagindo e levando-se em conta toda uma linha cronológica, que envolve passagens no passado e no presente. Ou seja: Scenes From A Memory aproxima-se do conceito de ópera rock, e a ligação deste com o rock progressivo não é mero acaso, já que Terry Brown - que trabalhou com o Rush durante vários anos - foi chamado para dar uma polida final no trabalho. Resumindo: O disco é complexo, e não é facilmente digerível nas primeiras vezes em que vamos escutá-lo. Mas a obra tem seu lado bom, pois a desempenho do grupo é magistral. Apesar do conceito trabalhado não ser novo (soando datado), e da banda usar uma desculpa esfarrapada para criar este trabalho conceitual (que se baseia numa das músicas mais longas e de maior sucesso de Images And Words, o segundo álbum da carreira do conjunto, e que elevou-os à condição de estrelas no cast da gravadora), as doze faixas (cenas) do disco são fantásticas! Só para citar, são elas: Regression, Overture 1928, Strange Deja Vu, Through My Words, Fatal Tragedy, Beyond This Life, Through Her Eyes, Home, The Dance of Eternity, One Last Time, The Spirit Carries On e Finally Free.


Rush - Rush

Por Pei Fon - Rock Meeting

Falar do que ainda não se tem domínio é bem complicado, ainda mais quando é algo que se conheceu um dia desse. Não tenho qualquer pretensão em ser expert no assunto, a minha preocupação, no momento, é poder usufruir ainda mais do que tenho ouvido. Não sou a melhor nem quero ter este cargo, na verdade, títulos não me iludem. Enfim, vamos falar de música, que é o que importa aqui. Muito, mas muito recentemente tenho escutado bastante e procurando sobre o trio canadense Rush. Com a leitura de muitas entrevistas, tenho observado a grande influência que esse trio proporciona para os músicos. Alguns amigos citam a banda como algo a ser venerado, mas estes mesmos amigos nunca me mostraram uma música sequer... É, estou aqui reclamando desses amigos. (risos) Certo dia, enquanto estava no trabalho, abri o canal do Youtube e procurei por qualquer álbum que fosse do Rush, o primeiro que veio foi o autointitulado, seu álbum de estreia de 1974. 83

A sensação que tive foi de estranheza de como eu nunca ouvi isso antes. Acredito muito que tudo tem o seu tempo e o meu tempo para o Rush chegou. Este álbum me arrebatou de um modo tão indescritível que já se tornou o meu favorito. “Rush” é um álbum atemporal. Por mais que ele seja de 1974, parece que fora feito ontem, mas claro que ele soa como antigo devido as suas composições. Ok, posso não ser a melhor para falar tecnicamente, mas eu falo de ligações sensitivas mesmo. Dele eu destaco “Take A Friend”. Adoro esta música e reforça ainda mais a minha percepção sobre ter um amigo, “mantenha até o fim e eles me fazem muito bem”. Ok, meus amigos, vocês me devem essa! Além disso, jogar “Need for Speed” ouvindo esse álbum é fantástico. Sinto-me viajando para algum lugar ouvindo “Need some love” enquanto dirijo. Sensação tão legal! Em outro momento falarei de outros álbuns deste trio. Até o “Roll The Bones” e “Test for Echo”.



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