Revista Rock Meeting Nº 66

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EDITORIAL

É engraçado que sempre ressurge a discussão sobre a temporalidade da música. Para quê? Para mostrar-se os “novinhos”, mostrar-se entendido do assunto e dizer “eu nasci na época errada”. Ou os “veinho” condenando a nova geração com sua nostalgia. Sabe o que soa mais engraçado nisso tudo? É que os “veinho” de hoje foram os “novinhos” daquele período onde tudo começou. A história do Heavy Metal no Brasil tem pouco mais de 30 anos. Hoje os quase cinquentões falam com desdém da cena atual rememorando à década áurea dos anos de 1980. Para quê? Já não pensou em quem vai sustentar a cena? É um ciclo muito simples de entender. Todos os dias um adolescente conhece alguma determinada banda, com ou sem orientação. Ouve, mostra aos amigos e vai se espalhando. Será que é tão ruim assim o que é produzido atualmente? Enquanto mídia especializada, discordamos completamente. Há tantas bandas incríveis neste país e fora dele. Só é preciso conhecer, entender e estudar. E quantos moleques por aí aprendem um novo idioma, a

tocar algum instrumento, a estudar sonorização, produção por conta do que está ouvindo? E a crítica não é restrita aos saudosistas oitentistas, há muitos “novinhos” aí recriminando os mais novos por escutarem o que julgam “não metal”. Ah, por favor! Se está achando ruim, adote um headbanger. Pronto, vamos propor uma campanha. Se você está insatisfeito com o que a garotada está ouvindo, adote um headbanger e mostre o caminho das pedras para o aspirante. Assim é possível criar um exército de headbangers conhecedores da cena e entendidos do assunto. Há tantas coisas para se preocupar, mas julgar o outro é muito, infinitamente, muito mais fácil, não é mesmo? Ver o que o outro faz é mais excitante do que a minha vidinha monótona, retrógrada e atrasada. Aos frustrados, faça um favor a si mesmo: virem a página. Enxergue em si os próprios erros e ajude o outro a não cometê-los. Simples assim. Entendam uma coisa: o Heavy Metal não tem idade. Ele é atemporal!


TABLE OF CONTENTS 07 - Coluna - Doomal 10 - News - World Metal 14 - Entrevista - Mugo 20 - Entrevista - She Hoos Go 24 - Entrevista - Blackning 28 - Coluna - Movie 34 - Entrevista - Commodities 42 - Coluna - Opini達o 44 - Capa - Danko Jones 56 - Entrevista - Dreadnox 60 - Review - Sonata Artica 68 - Entrevista - Skin Culture 74 - Entrevista - Wagner Gracciano 82 - Entrevista - NW77 92 - Review - Rebellion Tour 100 - Perfil RM - Fernanda Lira 107 - Coluna - O que estou ouvindo?


Dire巽達o Geral Pei Fon Revis達o Rafael Paolilo Capa Alcides Burn Jonathan Canuto

Colaboradores Ellen Maris Jonathas Canuto Leandro Fernandes Mauricio Melo (Espanha) Rodrigo Bueno Sandro Pessoa Vicente de A. Maranh達o CONTATO contato@rockmeeting.net



Por Sandro Pessoa (Sunset Metal Press & União Doom BR)

Tempo e Qualidade

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que é mais importante para a reputação de uma banda? Tempo de existência ou a qualidade de sua obra? Esta é uma indagação onde muitos se perdem e acabam utilizando uma outra coisa como estratégia, um referencial de sua importância em um cenário musical cada vez mais ultrapassado. Ultrapassado em relação a mecânica de como as coisas funcionam, já que querer se comportar como nos anos 80 em dias atuais beira uma ingenuidade sem tamanho. Tem um tempo que ouço bastante a respeito de bandas que tem como propagan-

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da o termo “mais antiga”, a “precursora”, a “primeira” e eu pergunto: e daí? O que isso definitivamente muda no momento em que eu escolho um CD, acesso meu Spotify, minha biblioteca de músicas em qualquer dispositivo? Cada dia é um momento, um sentimento, uma experiência diferente que me induz a escolher determinado tipo de música para servir de trilha sonora. Mas esta escolha é influenciada pela característica da obra e não pelo selo do ano de lançamento. Sem querer desmerecer as “tais” bandas precursoras admito que as mesmas até possuem um determinado mérito por ter dado a largada musical, mas isso não tem nada a


My Dying Bride

Candlemass

ver com aquilo que chega aos meus ouvidos. É apenas um fato histórico documentado em texto e cartazes antigos. Dizer que é mais importante por conta de sua data de nascimento, diversas vezes vai contra aquilo que soa agradável aos meus ouvidos. Você pode até ter uma importância histórica mas, definitivamente, não é o suficiente para vender CD’s e shows. Em relação ao Doom Metal brasileiro, digo que em minha trajetória musical já escutei no mínimo umas 4 bandas intitulando-se como a “precursora” em território tupiniquim, repetindo este discurso a cada nova propaganda da mesma, aquele texto batido que a maioria não dá a mínima. O motivo é que as pessoas querem música, é a única coi-

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sa que o fã e a banda podem compartilhar, já que o status de ser antiga ou não cabe somente a própria banda. Em nosso país esta situação é tão complicada que as próprias bandas ao dizerem os motivos de gostarem do gênero e os motivos pelos quais resolveram tocar justamente este som é por conta de bandas estrangeiras como Candlemass, My Dying Bride e etc. Não é como Mayhem, Immortal e Burzum que apesar de não serem um primor de qualidade e técnica no início de seus trabalhos, acabaram por definir um importante e novo gênero e comportamento underground, diferente do que acontece por aqui onde a intenção da maioria não é criar, mas ficar parecido ao máximo com as consagradas bandas que já existem. Qualidade musical é outra coisa já ci-


Pentagram

Paradise Lost

tada inúmeras vezes nesta coluna, a mesma pode surgir em bandas antigas e até mesmo naqueles garotos de 15 anos que montaram uma banda na tarde de ontem, é tudo muito relativo. Tempos atrás em conversa com um amigo, foi-me dito que ao entrar em contato com uma suposta banda do gênero para um show, a mesma foi bastante grosseira sobre a questão da não possibilidade do pagamento do transporte e do cachê, pois eram artistas de outro “nível”, tinham “história” e aquele “blablabla” de banda brasileira achar que pode viver no Brasil da mesma forma que na Europa. O fato é que a banda é apenas antiga, porém, na minha opinião, é somente referência para alguns aqui em nossa própria região, pois não repercutem ou acrescentam em nada no gênero mundial. Daí vem mais

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uma vez o tempo de estrada sobressaltando a qualidade dos mesmos. Eu compreendo a frustração de diversos músicos que por anos dedicaram-se a suas bandas e nunca obtiveram a atenção que tanto almejavam, daí a banda ao lado, criada um mês atrás explode e já passa a ser o headline dos maiores festivais. “Porra cara, mas estávamos aqui dando nosso suor há anos e agora vocês preferem os pirralhos???” É foda, mas essa é face do mercado atual que age em todos os campos da sociedade, ele não tem sentimentos por você, ele não quer saber o quanto você se dedicou, ele está ali apenas para colocar em evidência o indivíduo que melhor soube se adequar aquele momento.


Heavy Pop O que esperar de um projeto que reúne grandes nomes do metal nacional? Uma banda de metal, obviamente. O projeto HeavyPop, formado por Alirio Netto (Age of Artemis e Khallice) no vocal, Marcelo Barbosa (Almah e Khallice) na guitarra, Felipe Andreoli (Angra/4Action/Kiko Loureiro) no baixo e Bruno Valverde (Angra/Kiko Loureiro) na bateria, passa longe do som pesado de suas bandas de origem. Trata-se de uma banda que faz covers de grandes hinos pop dos anos 70, 80 e 90, com uma roupagem mais pesada. Artistas como Phil Collins, Seal, Tears for Fears, Sting e muitos outros têm suas obras interpretadas com a pegada do rock, sem sacrificar a melodia e encanto dos grandes clássicos que compuseram. A ideia se originou de um amor comum dos músicos por essas músicas, que são a trilha sonora da vida de milhões de pessoas, e da vontade de interpretá-las à sua maneira.

‘Catch The Throne: The Mixtape’

Nova formação

Para os fãs do seriado da HBO, Game of Thrones, os caras do Anthrax vão dar a sua parcela de contribuição para o volume 2 do ‘Catch The Throne: The Mixtape’. A produção está a cargo do Launch Point Records, são 15 músicas que representam as famílias da série. O volume será lançado mês que vem de modo gratuito e os ouvintes podem usar a hashtag #CatchTheThrone.

Depois de uma pausa para absorver a irreparável perda do amigo e guitarrista Paulo Schroeber, uma das grandes promessas do Metal nacional está oficialmente de volta na estrad. Para a nova formação, além dos veteranos Wally, Ayka e Thiago Caurio, o guitarrista Cassio Viana completa o lineup. Cassio já estava trabalhando com o Astafix desde a turnê europeia.

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Covers

Justo

E o Stone Sour vai lançar um EP apenas com covers. “Meanwhile in Burbank...” vai trazer canções do Black Sabbath, Metallica, Judas Priest, Kiss e Alice in Chains. E estará disponível em vinil no dia 18 de abril. Nessa pegada cover, o grupo liderado por Corey Taylor, já lançou a música “The Dark” do Metal Church, e você pode conferir no link AQUI. A música faz parte do filme “Fear Clinic”.

Rob Ralford (Judas Priest) falou sobre o streamming musical e é taxativo, diz que espera que o serviço de streaming como o Spotify aplique o “senso comum” num futuro próximo onde os artistas possam ser compensados de um modo mais justo pelo o seu trabalho. Sua colocação foi devido a um questionamento sobre uma artista pop disponibilizar suas músicas no streaming.

cassete A demo tape de 1982 do Metallica, “No Life ‘Til Leather”, será lançada no “Record Store Day”, dia 18 de abril e será lançado em cassete, sim em cassete. Onde comprar, no site dos caras, oras. Acesse AQUI. O cassete vai passar por uma remasterização, porém não vai sofrer modificações, com isso vai preservar a sonoridade original. “No Life ‘Til Leather” nunca foi comercializado antes. São sete músicas: “Hit The Lights”, “The Mechanix”, “Motorbreath”, “Seek & Destroy”, “Metal Militia”, “Jump In The Fire”, “Phantom Lord”. Corra, pois serão poucas unidades. 11


União Doom Metal Brasil O projeto que teve seu primeiro volume lançado em 2013 e vendeu praticamente todas as suas cópias chega ao seu segundo volume, que desta vez conta com a participação de 11 bandas nacionais de Doom Metal. Bandas que vem crescendo junto com o gênero, na medida em que este tem ganhado notoriedade em meio à outros estilos do Metal no Brasil, país em que o gênero Doom Metal, a pouquíssimo tempo atrás, ainda era muito pouco conhecido. Em parceria com a Nuktemeron Productions, os representantes da União Doom Metal Brasil estão satisfeitos com o resultado da coletânea e acreditam que um novo momento para o Doom Metal nacional fora anunciado, uma vez que esse tipo de apoio às bandas e ao estilo, fortalecem o gênero, ajuda no surgimento de novas bandas e eventos voltados ao público do Doom Metal no Brasil. Peça o seu contato@uniaodoom.com.br | Facebook.

Participações

Imperative Music

O Hammurabi acaba de disponibilizar a última parte de sua série de teasers sobre o novo single. E para colocar a cereja no bolo, o vídeo conta com um depoimento do baixista Dick Siebert, que fará uma participação especial no trabalho. Assista AQUI. Sob o título de ‘The Emperor Returns to the Front’ o single marca o retorno do Hammurabi com sua nova formação. Confira os outros dois teasers já lançados: 1 | 2.

E não para de crescer. A Imperative Music anunciou Nile e Kreator na sua próxima coletânea, que já está na décima edição. Em outras edições contou com Epica, Devilment, Death e Obituary. Ficou interessado em participar? É muito simples. Visite o site (www. imperative-music.com) lá têm as informações. Divulgue sua banda nesta coletânea que tem a participação de bandas do mundo todo.

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“uma pegada que achamos que tem a nossa cara” Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Melks Marks

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epois de um certo hiato, a banda de Metalcore Mugo retorna com força total para fazer muita gente “entortar o pescoço” com muito peso e agressividade. A banda volta com um som mais forte e impactante, não muito apegada a rótulos os caras procuram fazer seu trabalho de forma intensa. Falando sobre a reformulação e explicando também o motivo que se deu a essa “estacionada”, conversamos com os caras, nos deram detalhes sobre seu trabalho e projetos futuros. Leiam e divirtam-se! Mugo Primeiramente, gostaria de agradecer

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por essa entrevista e parabenizar a banda pelo som direto e nervoso que é feito. A banda encerrou as atividades por um determinado tempo, o que levou a isso? E aí galera da Rock Meeting, todos bem? Aqui é o Pedro Cipriano, vocalista do Mugo, obrigado pelo interesse e pelo espaço para falarmos sobre o Mugo. Bom, o Mugo está no corre desde 2006. Passamos por algumas mudanças na formação da banda, ao longo da estrada mas, com certeza, essa última foi a mais complicada, o grande motivo foi a mudança do nosso batera André


“Splinter” para os Estados Unidos. Ele era da primeira formação, um grande músico, compositor e um grande irmão nosso, todos na época acharam melhor dar um tempo pra focar em assuntos pessoais e deixar a poeira baixar um pouco pra ver o que acontecia. Só que, nesse intervalo, o antigo guitarrista Augusto Scartezini acabou entrando pra preencher uma vaga no Hellbenders e decidiu por lá ficar. Com todas essas dificuldades acabamos ficando mais de um ano parados. Só que metaleiro de verdade não aguenta viver sem música e também com o apoio dos fãs que sempre incentivaram a nossa volta eu e o Faslen resolvemos buscar uma nova formação para retornarmos os trabalhos. Com esse retorno, como tem sido a reação dos fãs. Temos uma relação bem legal com nossos fãs e amigos. Procuramos responder a todas as mensagens e postamos em nossos links todos os corres que envolvem a banda.

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Com certeza não poderia estar sendo melhor essa volta aos palcos e as novas composições também. Goiás é conhecida como a terra do sertanejo e por aí vem surgindo bandas com muito peso e originalidade sem igual. Como tem sido pra galera da região e do país inteiro ver grandes bandas nascendo com uma ideologia diferente? A grande verdade é que nossa cidade sempre teve muito Rock. O grande problema é a mídia ridícula e sensacionalista que só da atenção pro lixo que todos estão cansados de ingerir. Como o sertanejo virou um negócio milionário toda, a atenção fica voltada pra onde fica o dinheiro. Só que seria impossível manter as portas fechadas para sempre com tantas bandas de qualidade inquestionável surgindo da mesma cidade e com tamanha vontade de se destacar


através de muito trabalho e suor. Pois bem, aqui todos têm muito orgulho do rock da nossa cidade e com certeza o Brasil todo já sentiu a potência dos corres que estamos fazendo por aqui. As bandas e a produção cultural vão, sim, muito bem! De forma bem original, o nome Mugo é o contrário de Ogum que na Umbanda ou Candomblé representa um orixá. Vocês são ligados a religião, praticantes ou apenas se simpatizam com a cultura em si? O nome na época foi escolhido para representar raízes brasileiras que tinham força em conteúdo e musicalidade em sua história. Não temos ligação nenhuma com nenhuma religião. A influência Hardcore no estilo é perceptível, mas ao mesmo tempo torna-se original e fora de padrões clichê. Qual a maior influência de vocês, se tratando de bandas? Com certeza somos influenciados por vários estilos dentro do rock, hardcore, death metal, trash metal, new metal... A lista teria que ser feita por todos os integrantes mas posso falar de algumas bandas que são unanimidade como Gojira, Pantera, Slayer, Hatebreed, Sepultura, Deicide, Death, Krisiun, Obituary, Carcass e a lista segue (risos). Essa nova formação da banda trouxe algo a mais ou o som produzido leva a mesma ideia? O Mugo sempre respeitou uma cadência e uma pegada que achamos que tem a nossa cara. Apesar da diferença que existe entre os dois discos que lançamos, acreditamos que temos elementos em nossas músicas que fa16

zem com que rapidamente a pessoa saiba que está ouvindo uma música nossa. Com certeza a nova formação trouxe ainda mais peso levando as músicas novas para um outro nível. Sem dúvidas ouve uma evolução com as novas composições. Os festivais de grande porte que são realizados aqui no Brasil procuram sempre valorizar e destacar mais as bandas gringas, qual o ponto de vista de vocês sobre isso? Realmente é bem complicado competir com bandas gringas. Os caras nasceram nesse meio, vivem disso em um lugar onde isso já esta completamente estruturado, como circuito, eles tem todo o acesso a instrumentos e tecnologia com preços justos, equipes profis-


sionais disponíveis pra trampar junto, muito investimento por trás vindo de gravadoras e selos, assessoria de imprensa especializada, tour manager com experiência, bookers, produtores, altos investimentos em divulgação e a lista segue em frente. Ao mesmo tempo, as bandas do Brasil lutam para conseguir fazer tudo isso, sem ter acesso à mesma estrutura, tentando andar com as próprias pernas fazendo os corres quase que sozinhas. Vai levar um tempo ainda mas acredito que chegaremos nesse mesmo nível um dia. Nos dias de hoje temos algumas bandas que conseguiram alcançar e rodar com essa estrutura. Bandas como Krisiun, Sepultura, Confronto, Project 46, Korzus e Claustrofobia. Essas são as bandas que normalmente tem espaço em festivais grandes porque, no final tudo, gira em torno 17

da estrutura que a banda conseguiu levantar por trás. Todas essas bandas que citei através de muito trabalho conseguiram alcançar essa estrutura que eu mencionei. Cipriano, você tem um timbre vocal de muita potência e sempre procura seguir a mesma, mas variando de forma mais densa e agressiva. Como é o preparo para um vocalista que galga dentro do seu estilo? Eu gosto muito de variar e treinei muito para isso. Do gutural ao drive, grande parte da técnica gira em torno do diafragma. Quando o vocalista pega a manha de controlar isso já está com metade do jogo ganho. Não que isso seja fácil (risos). Além de muitos ensaios, eu procuro fazer exercícios pra manter o ritmo


dos shows porque berrar e pular como um louco exige muito esforço. Sobre novo projeto e shows, como se encontra o andamento? Estamos em fase de composição do nosso terceiro disco. Já temos algumas músicas prontas e estamos na luta para criar um álbum cabuloso e devastador pra galera que curte metal de verdade. Enquanto compomos o disco novo, estamos com agenda aberta e fazendo shows tocando músicas do disco “Go to the next floor” de 2009 e do “The Overwhelming End” que foi lançado no final de 2012. Com certeza esse ano ainda teremos muitas novidades pra galera do metal. Algum contato interessante do exterior interessado no trabalho da banda? 18

Procuramos sempre divulgar bastante o nosso trabalho. Já tivemos vários contatos com selos gringos, mas nada que fosse muito promissor até agora. Esperamos alcançar o sonho de lançar e sair em tour fora do país com o lançamento do terceiro disco. Desejo vida longa e sucesso ao Mugo. O espaço é livre para as considerações finais. Mais uma vez, muito obrigado pelo espaço para falarmos um pouco sobre o MUGO e esperamos ter muitas novidades ao longo do ano para que vocês, da Rock Meeting, tenham muito a falar sobre a gente (risos). Tamo junto!!! BLOOD AND SOUL. MUGO



Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

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rock gaúcho consegue mostrar muita identidade com suas bandas, talento e qualidade ímpares. Assim também é a She Hoos Go, uma banda de Hardcore que vem crescendo a seu modo pelo país e mostrando muita personalidade. Em uma descontraída conversa, as meninas (tendo um integrante masculino), nos conta aqui sobre a trajetória da banda e sua ideologia. Analisam também como era e como é o Punk hoje em nosso país. Confiram aí o bate papo! No início de tudo vocês começaram tocando covers de bandas como L7, Hole e etc... De onde surgiu a ideia de “vamos fazer nossas músicas e ponto”? 20

Na verdade, começamos tocando covers mas em momento algum a ideia da composição estava em segundo plano, conforme fomos compondo, as covers foram diminuindo no nosso repertório, e chegamos ao momento atual, em que só tocamos covers (uma ou duas, no máximo) para homenagear, de certa forma, as bandas que nos inspiraram e nos inspiram até hoje. Essa galera que acompanha a banda desde o início ainda pedem os covers durante os shows? Sim, acabamos virando referência no que diz respeito a cover de bandas em que prevalece o protagonismo feminino. L7 é a nossa maior


referência e sempre acaba rolando um cover delas nos shows. Com apenas um homem na banda (guitarrista), como é para ele lidar com essa situação. Acontecem comentários preconceituosos (por ser uma banda feminista) ou todos sabem respeitar? A She Hoos Go chegou em um momento em que o pessoal já respeita e já reconhece as nossas lutas. Então, independente de ter um cara na banda, sempre vamos seguir com esse ideal, de passar nas nossas letras situações da realidade feminina. Para ele, como pró-feminista, lidar com essa situação é participar da nossa causa. A letras são focadas em coisas do cotidiano e também focam muito com relação ao universo feminino. Ainda existe muito preconceito sobre mulher fazer Rock ‘n Roll? Já foi bem pior. Atualmente a situação está

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bem mais tranquila. Temos muitas mulheres pegando seus instrumentos e fazendo bonito e muita gente reconhecendo essa luta. Mas sim, ainda existe muito preconceito sobre mulher fazer rock, assim como ainda existe a subjugação social feminina. No rock, em algumas vertentes, como no punk, por exemplo, o preconceito é velado, ainda nos sentimos subestimadas e não relevantes, infelizmente. E são estes conflitos, velados ou não, no âmbito musical e no âmbito social como um todo, que exteriorizamos em nossas músicas. Com a saída da primeira vocalista da banda, vocês deram uma “repaginada” no estilo ou continuaram com a mesma pegada? A banda adquiriu outra pegada, bem mais hardcore. Vocais mais berrados e guitarras mais nervosas, fazendo com que a cozinha ficasse mais pesada. Isso fez muito bem pra She Hoos Go, pois conseguimos extravasar mais na musicalidade adquirindo a agressivi-


dade que a militância precisa. O Rio Grande do Sul é um estado considerado rico em cultura e música, que vai de Nenhum de Nós, Engenheiros do Hawaii até o mais extremos do som com Krisiun. Como a galera gaúcha enxerga hoje essa grande diversidade da música do Sul? O Rio Grande do Sul foi colonizado basicamente por europeus, que fizeram a miscigenação com o povo indígena que aqui havia. 22

Nossa música e nossa cultura são muito vastas, compreendendo em maior parte, as culturas indígena, espanhola, portuguesa, italiana, alemã, polonesa e um pouco da africana. Então para nós, a diversidade musical é natural e muito prazerosa. Na visão de vocês, comparando o Punk Rock da década de 80 com os tempos de hoje, o que mudou de lá pra cá? O Punk Rock dos anos 80 aconteceu em um cenário social bem mais restrito do que o


do passaram a fazer músicas próprias e priorizaram menos os covers? Foi bem tranquilo e natural, pois sempre houve músicas próprias em nosso repertório. Atualmente o Set List é composto apenas de sons próprios e esporadicamente acrescentamos algum cover. Com relação à divulgação do trabalho, shows, quais as expectativas da She Hoos Go para 2015? A maior expectativa é quanto à composição e gravação de novas músicas para o lançamento do novo EP. Já temos algum material pronto e em breve teremos novidades que serão divulgadas na nossa Fan Page no FaceBook, inclusive através da página, a galerê pode se manter atualizadas sobre nossas atividades. Os shows são nosso maior prazer, e vão surgindo conforme vamos trabalhando. Esperamos tocar muito em 2015! Mandando ver na subversão e na luta feminina!

nosso, em termos de informação. Então era um som mais engajado com a luta regional, quando tratava de conflitos mundiais, era referente a grandes acontecimentos. Hoje temos a internet que nos possibilita conhecer outras realidades e interagir com indivíduos, que se não fosse por esse meio de comunicação, dificilmente conseguiríamos. Portanto, essa globalização acaba se tornando intrínseca na arte, no som. Como foi à aceitação do público quan23

Agradeço a atenção por esse bate papo e desejo que colham bons frutos na carreira de vocês. Deixem um recado para os leitores e os que acompanham o trabalho da banda. Agradecemos de coração a galerê que curte nosso som e a nossa proposta, contamos com vocês nessa luta. Fiquem à vontade para interagir conosco lá na Page no FB, estamos sempre com uma movimentação por lá! Beijas imensas!!!


Por Pei Fon (peifang@rockmeeting;net) Foto: Divulgação

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que é novo é preciso mostrar. Porém existe uma diferença. Blackning já começa com muita expectativa e isso gera uma pressão enorme. Parte dos integrantes de outras bandas, Elvis, Chicão e Cleber são formam um powertrio conhecedor do underground brasileiro. Aí fica uma pergunta: será que eles sabem os caminhos das pedras? É melhor ter os pés no chão, como eles mesmo dizem. Tá a fim de conhecer mais? Se liga nessa entrevista que fizemos com o baterista, Elviz Santos. Enjoy the Order of Chaos! Olá pessoal, este é o nosso primeiro contato e por favor sintam-se à vontade. Não meçam as palavras. Primeiramente, agradeço à você, Pei Fon, e à Rock Meeting pela oportunidade de falarmos 24

um pouco mais sobre o nosso trabalho. Obrigado! Primeiro de tudo, quem é o Blackning e qual a proposta da banda. Apresentem-se. A Blackning é uma banda formada por Cleber Orsioli (Guitarra/ Vocal), Francisco Stanich (Baixo/ Backing vocal), Elvis Santos (Bateria/ Backing vocal), cuja proposta sempre foi tocar um thrash metal direto, pegado, mesclando peso, velocidade e cadência de acordo com as nossas influências e a nossa maneira de tocar. O intuito sempre foi mantermos a nossa essência e criarmos uma identidade própria, original para a banda. Formada em dezembro de 2013, a ban-


da está engatinhando. Como surgiu a reunião desse power trio? Na verdade foi o Cleber quem entrou em contato comigo, no final de 2013, sobre montarmos um novo projeto uma banda com uma proposta diferente, com a liberdade de fazermos o nosso som da maneira que quiséssemos dentro do estilo que sempre tocamos que é o thrash metal, sem frescura, mas com muito peso, violência e energia. Então ele já tinha meio que um esboço, algumas ideias de bases e riffs, ele me mostrou, conversamos sobre como poderíamos conduzir, planejar a coisa toda e, a partir daí, começamos a compor as primeiras músicas. Depois com a entrada do Chicão (Francisco), nós finalizamos as composições do disco e começamos todo o processo de pré-produção e gravação de Order Of Chaos. Três caras que já conhecem o underground. Uma vantagem, porém uma responsabilidade imensa. Como vocês encaram este novo desafio na carreira? Estávamos ansiosos, porém encaramos isso com muita naturalidade da mesma forma como em outros trabalhos realizados anteriormente. O que fizemos na real foi buscar em experiências anteriores, tudo aquilo que foi bom, que funcionou lá atrás e trazer para dentro do trabalho da Blackning, se dedicando ao máximo a esse novo projeto. A responsabilidade é grande, sim. É algo bem desafiador e exige muito mais de nós justamente por causa das experiências que tivemos até aqui, mas a nossa entrega é total, estamos engajados 100% neste trabalho para proporcionar o melhor de nós para o público, tanto nos shows como no conteúdo do disco. O que posso dizer é que estamos muito felizes em fazer parte de todo esse processo. 25

Vocês já surgem como uma nova promessa para o metal nacional, como a banda enxerga o cenário atual? Atualmente, notam-se muitas bandas novas com trabalhos bem interessantes e também bandas antigas ressurgindo e se reinventando para se manter na cena atual. Isso é muito legal, pois exige mais e mais das bandas em apresentar um trabalho com qualidade cada vez mais superior que envolva o público e que assim faça-os entender que o nível do metal nacional está em constante evolução se igualando ou superando os trabalhos que vem da gringa. Isso fortalece a cena, o estilo e o seu público. Portanto, eu vejo tudo isso com bons olhos e a minha expectativa é que dessa maneira, surjam cada vez mais espaços com estruturas mais adequadas para que as bandas possam apresentar shows com qualidades memoráveis, superiores para proporcionar aos fãs, ao público que vai em busca de boa música, um bom show de metal com nível bem elevado. Order Of Chaos é o primeiro álbum da Blackning. Conte para nós como foi todo o processo de composição. Como vocês apresentam o álbum? O processo de composição foi bem simples, mas procuramos valorizar atentamente os detalhes justamente para que este trabalho soasse como realmente gostaríamos e assim torná-lo bem atrativo para o público, para o fã de thrash metal. Em detalhe, o processo de composição se deu em torno de 4 a 5 meses, contando com inúmeros ensaios, reuniões, início de pré-produção. Entre os meses de junho e julho concluímos as gravações, restando para as semanas seguintes apenas a mixagem e masterização do álbum. Referente à


todo o processo de produção, esse trabalho ficou a cargo do produtor e “mestre” Fabiano Penna. Order Of Chaos é um debut que traz em suas músicas, velocidade, cadência, peso, melodia e muita energia em seus pouco mais de 35 minutos de duração. É um álbum bem interessante, enérgico e que nos surpreendeu bastante pela qualidade, sonoridade, superando as nossas expectativas. E falando do álbum, ele teve a produção de Fabiano Penna. De que modo ele contribuiu para o produto final? O Penna já havia trabalhado com a ex-banda do Cleber em 2012 e assim que definimos o cronograma de todos os corres de 2014, o nome dele surgiu na hora. Ele agregou muito para a estruturação das músicas, na busca por mais melodia e isso pode ser conferido no material finalizado. No mais, ele possui uma bagagem sonora imensa, tanto para produção musical quanto para “arrancar” o som. É um cara exigente e isso somou demais para alcançarmos os nossos objetivos. Ah, e não podemos deixar de notar que há um cover do Overdose. Por qual motivo resolveram homenagear a banda? O Overdose é uma referência no metal nacional desde a década de 80 e que sempre apresentou grandes trabalhos durante anos e anos. Eu e o Cleber conhecemos o Cláudio David quando estávamos gravando os trabalhos da nossa antiga banda em 2008 e foi ele quem estava produzindo o material. Na época já tínhamos gravado uma versão da música “Dead Clowns” do álbum “Circus Of Death” para um tributo ao Overdose, mas que por motivos desconhecidos esse tributo não chegou a ser lançado. O motivo pelo qual esco26

lhemos o Overdose é que além de parceiros, eles sempre foram uma grande influência e referência para nós desde muitos anos atrás. Então fizemos uma versão para a faixa “Children Of War” e com total concessão do Overdose, decidimos lançá-la junto às demais músicas que compõem o debut Order Of Chaos. E a banda já inicia a tour do trabalho? O que já tem marcado? Já sim. Desde o início de 2015 temos ensaiado bastante no intuito de prepararmos o show para as apresentações que se iniciam em Março deste ano. No momento as datas confirmadas são: 21/03 - Caveira Velha - Jandira (SP) | 27/03 - Zapata - Ferraz de Vasconcelos (SP) | 10/04 - Troppo Club - São Caetano do Sul


(SP) | 11/04 - Valinhos (SP) |16/05 - 74 Club - Santo André (SP). Há algumas datas em andamento que ainda aguardam confirmação. Order Of Chaos é o primeiro álbum lançado pelo selo Vingança Music especializada em bandas nacionais. Conte para nós sobre essa parceria. A Vingança Music surgiu das cinzas da “Encore Records”, gravadora que chegou a lançar Dorsal Atlântica, Distraught, The Ordher (ex-banda do Penna), entre outros. A parceria começou após indicação do Fabiano Penna. Conversamos com a gravadora, alinhamos todos os detalhes e lançamos da forma que esperávamos. O trabalho deles tem sido muito satisfatório, com boa distribuição e supor27

te para todas as necessidades com o álbum. Para finalizar, como a galera pode conhecer a banda e adquirir o material? Sucesso neste novo desafio. Muito obrigado. A galera pode adquirir o nosso material através do SITE | email | Facebook ou pelo perfil da gravadora Vingança Music. Para a galera de São Paulo, o disco também está disponível para venda nas lojas da Galeria do Rock como na Die Hard, demais lojas e em Santo André (ABC Paulista) na loja Metal CD’s. Quem quiser ir conferindo “Order Of Chaos”, acesse: Youtube | Soundcloud | BandCamp. Obrigado á todos da Rock Meeting pelo espaço aqui cedido a nós tão gentilmente. Abração!!!


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Por Vicente de A. Maranhão - Videomaker, cinéfilo e adora fumar charuto ouvindo John Coltrane

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ela escura. Pelas caixas de som, apenas um ritmo crescente, feito por duas baquetas. Quando as batidas estouram, a primeira cena leva o espectador até uma sala no final de um corredor. Damos de cara então com a grande protagonista do filme: a bateria. Quem treina nela é o jovem músico Andrew Neyman, vivido habilmente pelo ator Miles Teller. Em “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, o diretor Damien Chazelle prova que o estudo e a prática são obrigatórios para fazer com que os outros sintam com intensidade o que produzem. Tanto na música quanto no cinema. A busca pela perfeição já foi retratada no cinema algumas vezes. Podemos em alguns momentos até nos remeter a “Cisne Negro” (Black Swan)? Mas a história de Damien Chazelle não chega a ser tão obscura e surreal quanto a trama de Darren Aronosfky. “Whiplash: Em Busca da Perfeição” não prioriza o psicológico de seus personagens, pelo contrário, ele mostra com ferocidade a tal busca pela perfeição. Esse casamento entre o diretor e protagonista compõe dois terços de um triângulo temático que se completa no papel interpretado pelo veterano J.K. Simmons, o do carrasco professor Terence Fletcher, que procura entre seus alunos o próximo grande talento do jazz. O filme foca no dueto entre Andrew e seu professor Fletcher, e pode-se dizer, de certa forma, que eles são os únicos persona30


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gens do filme (seguindo sua proposta claustrofóbica), e que os outros personagens são apenas ferramentas para mostrar um ponto. Andrew e Fletcher usam as outras pessoas para afinar as capacidades de Andrew, o brilhante do filme é que isso é feito em várias camadas diferentes e nem sempre conscientemente. E verdade seja dita, J.K. Simmons mereceu com louvor sua estatueta de melhor coadjuvante do Oscar 2015! Vibrante, magnético, carismático. É impossível prestar em qualquer coisa que não seja nele quando ele está em cena. A atuação dele é de arrepiar! Dá raiva. Dá vontade de entrar naquele conservatório e simplesmente matá-lo. O seu personagem não pode ser considerado o antagonista da trama, mas uma incógnita. Não dá para defini-lo. Não há um background! Miles Teller é outro que não fica para trás e se entrega da mesma maneira que seu personagem em frente à bateria. As cenas em que Andrew está com seu instrumento ocupam a maior parte do filme que explora o máximo da música na narrativa, tanto em trilha sonora quanto no ritmo da montagem. O trabalho do montador Tom Cross é impecável e combinado com a fotografia traz um ritmo muito intenso para as sequências musicais, alcançando um clímax com a cena final que te faz sair do cinema extasiado. O plano final onde o diretor usa belíssimos planos detalhes para completar a odisseia de Andrew é espetacular. Ele coloca em quadro a bateria como um ser vivo. Você realmente acredita que ela ganhou vida, os detalhes de suor saindo dela e também sangue, é uma extensão de Andrew. A sincronia entre ele e Fletcher e as jogadas de câmera são como se fosse uma pessoa reagindo a um estímulo é 32


sensacional! Recheado de boas referências à história do jazz e menções a Charlie ‘Bird’ Parker e Buddy Rich, “Whiplash” oferece uma excelente trilha sonora, cuidadosamente elaborada por Justin Hurwitz e recheada de clássicos do gênero, entre eles “Caravan” (de Duke Ellington e Juan Tizol) e a que dá nome ao filme, composta por Hank Levy. A interação da trilha sonora com a fotografia e atuação dos atores é extremamente orgânica e chega ser quase fisiológico para o espectador. O que acabou garantindo a estatueta de melhor mixagem de som no Oscar 2015. Damien Chazelle chega trazendo à tona em sua obra, a cultura do jazz contemporâneo, talvez pouco conhecido do público, essa “busca pela perfeição” que o subtítulo brazuca sugere. Treinar, treinar, se arrebentar até encontrar o acorde perfeito. A mensagem de sua trama não só pontua a necessidade de entrega total quando se objetiva ser grande, mas também nos lembra a todo momento que, mesmo com muito suor e sangue derramado, talvez nem todos consigam fugir do ostracismo. Não por acaso, “Whiplash” é, na tradução literal do inglês, a correia do chicote. O que vemos, no fim das contas, é uma sequência de esforços que culminam em um conjunto de sensações indescritíveis onde a cena final acelera nosso batimento cardíaco ao máximo antes de nos enviar, aliviados, para fora da sala de cinema com a sensação de havermos testemunhado o trabalho de um mestre. Dinâmico, provocativo e bastante emocionante o filme é obrigatório a amantes da música de qualquer gênero.

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“Não me preocup Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Divulgação

Em um projeto bastante criativo e ousado, o músico mineiro Raphael Rocha mostra todo seu talento com o disco AfterSleeping, que se engaja em um trabalho mais autoral e com uma curiosidade, não conta com músicos fixos, o trabalho é realizado com convidados. A partir disso, esse talentoso músico nos concedeu uma excelente entrevista, mostrando e falando mais sobre tudo isso que vem acontecendo com esse ótimo trabalho. Confira! Raphael, obrigado pelo tempo disponibilizado. Primeiramente, gostaria que você falasse um pouco do seu projeto. Obrigado pelo interesse. O Commodities é um projeto de rock autoral independente que 34

tem sua configuração alterada a cada show. Chamo de projeto, porque não se trata de uma banda, não há uma banda com músicos fixos. A cada apresentação as Commodities têm sua formação modificada. Desde que o álbum de estreia “AfterSleeping” foi lançado, em agosto de 2014, doze músicos de bandas/ estilos diferentes já assumiram instrumentos no Commodities. Eu já tive experiência com duas bandas. A primeira delas, em MG, chamava-se Stereowaves. Sempre escrevi e compus bastante, dos 16 aos 20 compulsivamente, cheguei a contabilizar mais de quinhentas músicas de rock, reggae, punk rock e tenho em casa até mpb e samba. Com o Stereowaves lancei um Ep em 2005, que continha cin-


po com rótulos” co faixas. Sombras e Contra o Texto chegaram a tocar em rádios de São Paulo, surgiram convites para shows em outros estados, mas por diversos fatores não demos sequência aos trabalhos. Participamos de um festival nacional e Contra o texto ficou entre as 20 melhores músicas da noite. Disputamos com outras 500 músicas de todo o país e tocamos para 10 mil pessoas. O Stereowaves terminou em 2008/2009 mais ou menos. Eu chequei a fazer algumas incursões solo (voz e violão), cheguei a tocar no Festival Clara Nunes, em Caetanópolis (MG) uma música própria chamada Dissonante que tinha um clima rock-bossa-samba ao lado da Suelen Franco na flauta transversal. Em 2010 mudei para Bra35

sília e para fazer amigos montei uma banda (risos). Em seis meses de planalto a Scarlet savesthe Day surgiu após dois meses de ensaio. A SStD era um power trio. Nos apresentamos nos melhores pubs do Distrito Federal como Balaio Café, Velvet Pub, Cult 22, America Rock Bar, livrarias culturais como FNAC e festas. Isso durante seis meses ou um ano, tempo que a banda durou. No final de 2011 levei a maior pancada da minha vida que foi a morte súbita do meu pai. Ao longo da vida acumulei uma centena de canções como disse. Então, após um período de luto, de afastamento, recolhimento, resolvi gravar algumas músicas, pois eu sinto uma necessidade muito grande, quase orgânica de libertar mi-


nhas ideias, é claro que eu quero que muitas pessoas conheçam meus trabalhos, o objetivo é esse, para música ou um poema funcionar é preciso que exista um receptor, mas antes da ideia se transformar em mensagem rumo a um possível receptor me sinto bem por simplesmente fazer o que faço. Não faço música ou literatura para os outros, faço por mim, porque me sinto bem , porque me agrada, quem sentir o mesmo que eu irá abraçar esses trabalhos da mesma maneira. Quando gravamos o álbum “AfterSleeping” a idéia era fazer uma gravação em estúdio caseiro (home studio) ao lado do produtor e amigo

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meu Adalberto Lima. Selecionei, primeiramente, umas 30 músicas até chegar em 18. Gravamos 16, 17, e dessas 15 foram queimadas no disco “AfterSleeping”. Nós tocamos todos os instrumentos: Eu – guitarras base e solo, violão, contra baixo, percussão, vozes; Adalberto – Bateria programação, piano, sintetizador, percussão. A produção e mixagem fizemos a quatro mãos. A masterização ficou por conta dele. O disco tem um lance meio conceitual, um pouco a ver com o momento de “acordar” mais uma vez para vida após a perda. Não que todas as músicas tratem de um único tema. Mas o corpo do álbum tem uma espécie de ciclo. No meio um pouco de diversão, ironia e confusão, em músicas como “I’monlysoberwhenI’mdrunk”, “Could it betonight?” Mas há sempre um tom de dúvida no trabalho. O single dançante bem na linha do britrock “The sister of a friend of mine” que retrata uma garota que não pode encontrar na própria cabeça um lugar para si, apesar de ser um fonograma alegre apresenta esse tom denso em sua letra “She can’t find in her mind a place of her own/Ela não consegue encontrar um lugar para si em sua própria mente”. Isso soa triste, angustiante. Mas isso também não é o que o álbum quer retratar. Trata se mais de uma exposição em três direções. O nome AfterSleeping (Depois de dormir) pode direcionar, ao mesmo tempo, três caminhos: 1 - Depois de dormir = todos sonham; 2 – Depois de dormir = todos acordam; 3 – Depois de dormir = todos estão mortos. As músicas passeiam por aí. A última faixa é uma pequena homenagem ao meu pai. Ela encerra o trabalho e manda o ouvinte de volta a primeira canção com uma


pergunta: “M’I ready to go on? (Estou pronto para seguir?” cuja resposta encontra-se na faixa de abertura “Sunrise, sun light” “Now I feel I’m ready to go on (Agora, eu sinto que estou pronto para seguir)”, ou seja, após viver esse luto, a morte, é preciso levantar, abrir os olhos, sonhar, acordar, seguir. Esse disco é um pouco sobre isso: sobre seguir em frente. Você no momento não trabalha com músicos fixos, isso dificulta o trabalho ligado à agenda de shows, ensaios, etc. Não. Não trabalhar com músicos fixos dificulta bastante o trabalho. Já perdi a conta de quantos convites para shows tive que recusar por incompatibilidade entre as agendas dos músicos que convido. Recentemente, fui obrigado a cancelar um show em Brasília. Dificulta o trabalho porque como o Commodities não ensaia – como a maior parte das bandas faz – semanalmente, só posso apresentar o projeto com uma formação quando recebo convites para shows com antecedência. Mas também rola algo interessante. Estou tentando em Uberlândia fechar um show do Commodities cujo a formação será com duas bandas locais, eles escutarão as músicas e eu chegarei próximo a data para passarmos todos juntos. Outra opção é apresentar três ou quatro músicas do Commodities em shows de outras bandas. Mas por outro lado é bem interessante. As músicas soam diferente ao vivo. Entre os que passaram pelo Commodities, estão músicos reconhecidos da cena de rock independente do Distrito Federal, como Alisson Vas (Darshan); Felipe Carvalho (Tiro Williams); Bernardo Mota (The Pro); Felipe Venâncio (Adesão) e Felipe Carvalho (MorningGlory). Dois dias após o lançamento do álbum no Velvet Pub, o Commodities participou da seletiva Plano Piloto do Porão do 37

Rock 2014, e por muito pouco não entrou no line-up do festival. O projeto conquistou o 4° lugar na avaliação do júri. Por que o nome Commodities Commodity está em tudo. No seu café da manhã a roupa que você usa ao smartphone que você navega à luz que ilumina a sua casa, em tudo. Significa literalmente mercadoria. Minha matéria prima é música. O termo commodity é utilizado para designar bens e serviços para os quais existe procura. Em geral, matérias-primas e produtos agrícolas. Uma das características das commodities é que o seu preço é determinado como uma função do mercado como um todo. As commodities são o básico, estão em todo lugar, durante as 24 horas do seu dia. Todas as músicas do Commodities estão disponíveis na Rádio Deezer, Spotify, Rdio, entre outras plataformas, e podem ser compradas, digitalmente, pelo iTunes e Google Play. Além disso, quem quiser um exemplar da versão física da obra basta enviar email ou encomendar pelo Facebook. O projeto gráfico do disco é uma obra-prima à parte, idealizada por mim e o designer e baixista Felipe Venâncio: original, o disco vai sobre uma embalagem de isopor - dessas de supermercado - dentro de um lindo projeto gráfico em papel de qualidade, com fotos e trechos das letras em formato de livro/agenda. Vale muito a pena. Como anda o concurso realizado para a partição no Lollapalooza? Cara, estou aguardando o resultado. A previsão é que seja divulgado no dia 16 de março. É sempre melhor tentar do que não fazer nada, não é mesmo? É sempre difícil acertar o alvo nessas coisas, mas é melhor tentar, sempre.


Comparando a cena musical mineira e a brasiliense, onde se tem mais dificuldades de se trabalhar e fazer com que a coisa ande de verdade. Eu já cheguei a dizer que em Brasília trabalhar com arte de maneira geral é mais “fácil”. No entanto, acho irresponsável afirmar isso hoje, pois, saí de BH há seis anos. E minha experiência com música por lá foi até 2007, ou seja, estamos falando de oito anos de desconhecimento da cena belo Horizontina. O que posso afirmar é que desde que cheguei a Brasília consegui circular bem, tanto com literatura, quanto na música. A maioria dos músicos que tocaram comigo no Commodities nos shows em Brasília conheci através da internet, por já conhecer o trabalho desses caras em suas bandas autorais. Fui tão bem recebido por eles que um dos músicos cedeu o estúdio da banda dele para gente ensaiar. Os caras são muito gente fina e curtiram bastante o meu trabalho. Ensaiavamos de madrugada, pois era o que dava para todos e todos na disposição. Eu inscrevi o Commodities na disputa do Porão do Rock e me esqueci. O Felipe que tocou guitarra que me mandou um whatsapp dando a notícia. O baterista que tocou com a gente no show de lançamento não podia fazer o show no Porão, então chamamos o Alisson, que tocava no Darshan, uma banda foda do DF e o cara pegou o som em dois ensaios fomos lá e quase passamos naquela porra. Dois foram selecionados e o terceiro colocado foi para uma espécie de respescagem. Nós ficamos em quarto!! Dá pra imaginar!? Uma banda que não existe tocar em um dos maiores festivais de rock do país, sendo selecionada no seu segundo show!!?? O Commodities tinha sido lançado no dia 14, a seletiva do Porão foi dia 16. (risos) Ia ser do caralhO! Mas, de qualquer forma foi foda 38


tocar na seletiva. Tinha neguinho batendo a cabeçae tocando o mosh curtindo Sister (The sisterof a friendof mine) (risos). De forma geral, não sei se pela idade, maturidade, segurança, achou mais fácil circular na cena cultural em Brasília do que BH. O que me lembro é que em BH existia muita panelinha. Aqui também há,o que acredito que rola em todo lugar, mas sinto que menos por aqui. Quando digo cena cultural, incluo meu trabalho na literatura. Já lancei um livro de poemas e lanço o segundo agora em março, dia 11, no Victrola em Brasília. Estou bem satisfeito com esse novo trabalho intitulado Fuga das Horas, pois será lançado pela Editora Patuá, uma casa editorial que tenho enorme admiração e respeito. Uma das mais conceituadas no país atualmente. Você se encaixaria em algum estilo musical ou não se preocupa muito com rótulos. Não me preocupo com rótulos. O Commodities é rock e pronto. Que os críticos se ocupem com rótulos. Eu me divertirei com isso. Recentemente você fez uma tour por Minas Gerais. A galera correspondeu bem às apresentações? Em Minas foi muito massa, cara. Foda!! Foram seis shows. Tocamos em BH, na cultuada Obra no coração da Savassi, no São Jorge Pub em São João del Rei, em Montes Claros foi cancelado e também tocamos em Paraopeba e Caetanópolis, cidades onde vive minha infância e adolescência e sempre curto ir para lá. A recepção foi a melhor possível. Juntando as apresentações tocamos para umas 600 pessoas. Muitos discos e camisetas do Commodities foram vendidas. A banda em Minas contou com Salun na bateria, Tito na guitar39


ra, Roger, que tocava comigo no Stereowaves, o cara é um baixista simplesmente foda, também tocou, e eu voz e guitarra. No show de São João del Rei, o Hugo “Padawan”, um amigo meu, fez o solo de sax. No disco o saxofone de “Alamoa” é de autoria do saxofonista mineiro Leo Moura (outro grande amigo) que é um saxofonista foda muito conhecido e respeitado. Já existe algum trabalho para o próximo projeto? Você irá trabalhar dessa maneira, apenas com membros convidados? Como disse, há várias músicas na gaveta. |Talvez, eu grave uma ou outra faixa isolada e solte na internet. Mas, no momento, estou concentrado na divulgação do álbum AfterSleeping. A ideia é trabalhar assim. O que tenho certeza é que a variedade de músicos que passampelo Commodities em shows será estendida para o estúdio. Quero gravar alguma coisa com músicos diferentes em estúdio. Mas a ideia é manter esse formato. O Commodities é um espaço aberto de experimentação. A minha ideia – só – no estúdio era experimentar, e deve continuar dessa forma. Uma espécie de boteco onde músicos profissionais, amadores e pessoas que tem interesse por música podem entrar abrir uma cerveja, tocar umas 40

músicas legais e se divertir um pouco. Com relação a sua antiga banda “Stereowaves” vocês pensam em gravar algo junto futuramente? Nunca falamos sobre isso. Acho que seria mais fácil montarmos outra banda algum dia, do que voltar com o Stereowaves. O Stereowaves deixou sua marca na adolescência na gente e naqueles que compartilharam dessa experiência com a gente. E foi muito gratificante e um aprendizado enorme. A construção do que faço hoje se deve a essa banda. E tivemos muitos fãs (risos), mas é sério? A galera chegava a fretar ônibus, não é van cara, ônibus para ir aos nossos shows fora da cidade. Foi um período muito bom. E tá guardado. Às vezes recebo mensagens de pessoas que tem o disco. Às vezes me enviam um trecho de letra do álbum Amanhã, talvez hoje. Desejo há você muito sucesso e que tenha excelentes frutos colhidos com o “Aftersleeping”. O espaço é livre para dar seu recado. Agradeço pelo interesse no meu trabalho, e aproveito para agradecer a todos que escutaram e compraram seu exemplar do álbum AfterSleeping. Vocês sabem das coisas (risos).



Por Marcos “Big Daddy” Garcia Fotos: Divulgação

Pronto, já virou uma febre enorme a cada ano ou par de anos uma banda ser referenciada como “salvadora” do Metal e mesmo do Rock. Explicando: sempre se dá o título de salvador ao gênero quando este se encontra ou em baixa (o que não acredito que esteja ocorrendo), ou quando o estilo necessita de uma mudança de paradigma. Nesse último, acho que realmente o modelo já precisa não só de revisão, mas de uma banda mais jovem para levar adiante a tocha do gênero. Seria, em síntese e nas palavras do amigo Ricardo 42

Batalha, o próximo grande nome do Metal. Historicamente, apenas três bandas foram as que realmente mereceram o nome: Black Sabbath, Iron Maiden e Metallica. Não se faz necessário exaltar cada um deles ou explicar motivos de mérito além desse: são as bandas que mais capitalizam público. Um novo salvador, em tese, deveria não só capitalizar mais público, mas, ao mesmo tempo, dar uma sacudida na mesmice estilística em que o Metal se encontra imerso há muito tempo. Sim, há tempos não vemos


surgir uma banda que ou se criar um novo modelo que o prepare para o futuro. Não é uma questão apenas de acessibilidade aos mais jovens (nisso, Avenged Sevenfold e Slipknot estão ajudando bastante. E que se fodam os velhos gagás e seus discípulos que ficam bradando “isso não é Metal” que andam por aí chorando pelos anos 80. O tempo passou, e aceitem isso, que é bem mais simples), muito menos de capitalizar grandes públicos. É de ser inovador, de ter algo único, que se destaca da mesmice. Em síntese, o Black Sabbath criou o Metal, o Iron Maiden renovou o gênero e o levou a atingir novos públicos, e o Metallica canonizou um novo gênero (o Thrash Metal). E isso, apesar de parecer simples, não é pouco. Sinto muito, mas bandas como The Black Crowes, Ghost B.C. (de quem muito gosto), Rival Sons, e mesmo o finado Kingdom Come não podem e nem poderiam ser este gigante. Não preencheriam o quesito de “criar algo”, pois no fundo, estas apenas reci43

clam o que já foi feito. Podem receber apoio de muitos, mas não chegam a isso. Ainda em termos de “salvadores”, Sabbath, Maiden e Metallica possuem mais um ponto em comum: nunca buscaram, em termos de objetivo, serem os gigantes que são. Isso era, se tanto, um objetivo bem distante do principal: conseguir fazer algo relevante. Finalizando: o salvador não irá surgir porque alguém diz que ele surgiu (já ficou cômico ver algumas revistas/sites do exterior se prestando a este papel), e muito menos virá de alguém com olhos no passado (ao Rival Sons e seus fãs, digo apenas que sinto muito, mas o Led Zeppelin já existiu e gosto apenas do original), nem mesmo que viva clonando os anos 80 (sinto muito mais uma vez, mas não adianta tentar me fazer de bobo. Clonar quem eu já conheço se caracteriza plágio, e isso é crime), mas que tenha um olhar empreendedor e corajoso para o futuro. O tempo só marcha para o futuro...


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Foto: Mauricio Melo

Por Mauricio Melo (Espanha) Fotos: Dustin Rabin

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uando o telefone toca, numa tarde fria de início de fevereiro, e do outro lado da linha está um de seus melhores contatos no mundo da música com a pergunta básica: interessa um bate papo, com sessão de fotos incluída, com o power trio canadense Danko Jones, que estará na cidade para promover lançamento de Fire Music, numa noite em que Danko será DJ na festa de 10 anos da Rockzone, uma das revistas referencia no quesito rock no país? A resposta natural e única é, claro! Pois um par de dias adiante e lá estávamos fazendo uma rápida sessão de fotos dentro de um elevador de um prédio comercial. Na sequência, nos sentamos confortavelmente no escritório da revista acima mencionada para os vinte minutinhos de conversa “fiada”. Com dezoito anos de estrada, 12 álbuns, mais de trinta travessias do Atlântico, quinze vezes Top 40, turnê com Guns and Roses, trilogia em vídeo com participações de Elijah Wood e Lemmy, entre outras façanhas. Bem diferente do personagem que interpreta no palco, Danko (guitarra e voz) é um cidadão tranquilo e de fala mansa; JC (Baixista) sempre com um sorriso aberto; e o recém-chegado Rich Knox (Bateria) ainda meio tímido nas palavras. Começamos nossa conversa de maneira informal, que é a melhor maneira de quebrar o gelo e iniciar uma entrevista. É lógico que a primeira pergunta saiu naturalmente, ao final estávamos às vésperas do lançamento Fire Music, e ao mencionar o disco, John Calabrese já foi respondendo que dependendo do país o disco seria lançado no dia seguinte 46


ou em uma semana, pois lá estávamos para formalizar as perguntas. Começamos por novidades e pelo visto temos um novo baterista. Da última vez que estivemos conversando a banda estava com Atom, que agora toca com o Against Me!, Uma situação difícil naquele momento por que ele vivia na California e para compor o disco tinha que viajar a Toronto, como foi desta vez? Danko: Sim, foi intenso. Eu e John Calabrese fazíamos nossa parte e logo ele tinha que viajar até nossa cidade, trabalhar por uma semana e voltar para Califórnia, não era fácil. Com Rich Knox, nosso novo baterista, foi diferente. Tivemos tempo para trabalhar tranquilos, não tínhamos que trabalhar 8 horas seguidas como fazíamos com Atom, até porque era necessário para aproveitar o limitado tempo que tínhamos e no final ainda não estar satisfeito com o que conseguíamos. Ao final as músicas e as letras saem melhor quando se tem mais tempo para trabalhar. John Calabrese: Sim, as coisas fluem melhor, se pode trabalhar duas ou três horas, parar um pouco e continuar em seguida. É sempre melhor trabalhar desta maneira porque quando você retorna após um rápido descanso, percebemos erros ou coisas que sobram na música e fazemos os cortes. Acho que na maioria dos grupos as coisas funcionam melhor assim. Provavelmente por isso foi difícil manter o Atom no grupo apesar dele ser um grande baterista, não? Danko: Sim, há uma variedade de motivos e a distância foi uma delas. Além da distância existia uma fronteira, é diferente viajar de 47


Los Angeles para Nova Iorque e viajar de Los Angeles para Toronto, próximo a Nova Iorque mas existe uma fronteira no meio. Mas não fica só por motivos de viagens, não estava funcionando. É difícil de comentar porque ele não está aqui para defender-se mas por experiência estamos muito satisfeitos em ter Rich conosco. Apesar de todas as boas sessões com Atom e pela qualidade que tem, ainda assim estamos felizes com Rich. E você Rich, onde esteve todo este tempo? Rich Knox: Sou de Toronto e lá estive todo este tempo, tocando em alguns grupos locais. Temos amigos em comum, que também são músicos e que comentaram com eles sobre meu trabalho. Marcamos um dia, fiz o teste e eles gostaram. Estive escutando o disco e na música “Watch You Slide” temos uma boa sessão que parece dois bumbos de bateria, é isso? Rich: Não são dois bumbos, ainda que pareça. Fico feliz que o resultado tenha sido esse, intenso. Danko: Não te falei que achamos o baterista certo para a banda? JC: Um chute duplo podemos chamar (risos). O disco também é bastante forte, o produtor Eric Ratz teve influência direta nisso, não? JC: Sim, Eric definitivamente influenciou o grupo. Conseguiu extrair guitarras e baterias fortes. É entusiasta com o que faz. Danko: Ele é muito entusiasta e conseguiu extrair boas performances nossas em estúdio e até mesmo por ele ser um bom guitarrista, 48


ajuda muito. Rich: Sim, ele foca muito nas ideias de maneira separada. Trabalha muito em cima de cada instrumento por separado. Danko: No final do dia, após as sessões de gravação víamos o quanto estávamos envolvidos apesar de ele não estar na banda, ao final de contas ele é um autêntico roqueiro e se sentia cômodo nessa posição. Como disse anteriormente, tive a oportunidade de escutar a versão digital do Fire Music e a música “Body Bags” lembra muito os Misfits. Podemos dizer que foi uma inspiração para este disco? Danko: Definitivamente o Misfits foi a maior influência deste disco. Na verdade, eles sempre foram uma influência para mim, mas particularmente para este disco decidimos mostrar mais estas influências. E a música “Piranha”, vocês sabem que no Brasil se tem mais de um sentido? Sabem o significado? JC: Sim, é um peixe. Após explicar o sentido da palavra, ou pelo menos, o que significa no Rio de Janeiro… Danko: Nossa! Não sabia disso, tem lá sua graça, mas deixo claro que não sabíamos e que não queremos ofender ninguém (risos) JC: Obrigado por nos avisar porque de repente, quando formos ao Brasil, podem haver pessoas empolgadas na plateia pedindo a música e desconfiaríamos que esta música fizesse tanto sucesso ou talvez que o peixe fosse uma comida famosa por lá. Quando recebi o press release e ao verificar a estatística da banda confesso que fiquei surpreso. Com 12 discos, 15 49


hits entre os Top 40, 350 mil podcasts downloads, turnê em arenas através de 11 países com Guns and Roses…enfim, a lista não para por aqui. Com base nestes dados, podemos dizer que Danko Jones é o principal representante do rock Canadense? JC: Impressionante estes números, não? (Risos) Danko: Na verdade foram 10 países com o Guns and Roses (risos) JC: Acho que não é para tanto. Estamos nessa há apenas 19 anos e fazemos nossas turnês, gostamos de estar a estrada e fugir do frio. Queremos voltar ao Brasil. Da última vez estivemos em Natal, São Paulo, entre outras e realmente foi muito legal, queremos voltar. Danko: Definitivamente queremos voltar. Só precisa haver algum interesse dos promotores e organizadores de show e te garanto que arrumamos as malas e vamos, sem pestanejar. Vocês sabem que Danko Jones se tornou conhecido no Brasil durante a invasão de bandas suecas? O Backyard Babies foi um dos principais responsáveis por mencionar o nome Danko Jones? Danko: Sim, os caras do Backyard foram sempre muito legais com a gente. Saímos juntos em turnês desde o início e acabamos fazendo bons contatos com selos independentes suecos, sempre estivemos muito associados e conectados com esta banda e isso não deve ter sido só no Brasil, acredito que em outros países também chegamos aos ouvidos do público através desta conexão e isso não nos incomoda, amamos estes caras. É, definitivamente, bom saber que até no Brasil isso funcionou e nós fazemos o mesmo 50


com eles, sempre mencionamos o nome deles quando temos oportunidade. Em 2013 vocês tocaram no Hellfest junto ao Volbeat. Agora mesmo no Canadá existe o Amnesia Festival (Quebec) com bandas bem extremas mas com alguns artistas como Snoop Dog e Pixies misturados a Slayer, Rancid e System of a Down, uma mistura um pouco provável de ver no Brasil. O que vocês opinam sobre essa mistura e não mistura? Porque posso dizer que no Brasil, os poucos festivais que existem há um dia para cada estilo. Danko: Isso é algo muito interessante no Hellfest, por exemplo. Eles tem uma margem enorme de estilos e está claro que os responsáveis por selecionar as bandas sabe muito o que faz, é um especialista e estratégicamente seleciona as bandas. Quando tocamos lá em 2013 tínhamos no mesmo dia, Voivod e Newsted que é a banda do Jason Newsted e ex-baixista do Metallica. Então eles sabiam que colocar ambos no mesmo dia seria a oportunidade de que tocassem uma jam juntos, não foi por acaso que eles estavam no mesmo dia. Tocávamos no mesmo dia do Voivod porque eles também são canadenses e no mesmo dia do Volbeat porque os organizadores sabiam que há pouco tínhamos feito uma turnê com eles e que tudo se encaixava e foi assim também em outra edição que tocamos por lá no mesmo dia do Death Angel e acabei subindo no palco com a banda para uma jam, Mondo Generator tocou no mesmo dia de John Garcia e tudo acabou numa jam do Kyuss, no Hellfest nada é por acaso. As bandas se encaixam e eles sabem muito bem o que fazem. JC: Temos mais experiência na Europa com relação aos festivais, nos EUA também existe 51


essa divisão mas talvez as coisas mudem porque podem copiar o formato europeu e toda esta mistura. Vocês vão trabalhar com os Diamond Brothers outra vez? Haverá uma nova trilogia de vídeos? Danko: Acabamos de fazer o vídeo de Fight Tonight com eles, eles filmaram e editaram. Não acredito que tenhamos alguma trilogia. JC: Te digo que não porque é algo que não escolhemos ter ou não ter, aconteceu de termos uma oportunidade de fazê-lo e o fizemos, não foi algo planejado. Acho que planejar algo assim é mais complicado. Planos para um novo DVD? Danko: Acabamos de lançar um e a ideia era mesmo fazer uma compilação de imagens em diferentes lugares para que pessoas que descubram ou descobriram a banda recentemente conheça um pouco da nossa história e para os que nos acompanham desde o princípio ter a dimensão de onde chegamos, existe uma grande distância entre as imagens que contem o DVD, são anos entre imagens. Acho interessante quando outras bandas lançam DVDs mas acabo não achando tão interessante quando são estes de apenas um show, não há variação de imagem e lugar e fico entediado porque você começa a assistir e uma hora depois eles estão no mesmo lugar e você acaba escutando o DVD enquanto vai fazer outras coisas. É diferente quando você tem imagens de duas ou três músicas em um lugar e depois o palco muda, a cidade muda, o público muda e isso se torna interessante mesmo que as imagens sejam antigas e gravadas em fitas, mostra um momento distinto. Até tento assistir a vídeos bem produzidos com 5 ou 6 ângulos diferentes mas ao final é chato. Algum motivo especial para o lançamento do Garage Rock a Collection of Lost Songs from 1996-1998? Danko: Aconteceu de maneira natural, não havia um plano para lançar este material, apenas aconteceu. Encontrei uma caixa com fitas cassetes na casa de meus 52


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Foto: Mauricio Melo

pais, “digitalizei” e mostrei para o JC, daí mostramos para algumas pessoas e tivemos respostas positivas, nos aconselharam a publicar. Poderíamos deixar de lado com a desculpa que estávamos ocupados com o material novo mas resolvemos seguir adiante e colocamos no contexto de banda de garagem para lançar porque era isso que éramos quando gravamos aquelas músicas, uma banda de garagem. Então este disco é o que é, algumas músicas havíamos até esquecido da existência e outras eu nem lembro as letras mas é idéia foi legal porque prova que nós somos uma banda de verdade, que começamos experimentando até chegar onde chegamos, é bem raíz. Algumas destas músicas farão parte do 54


setlist ou voltarão a serem esquecidas? JC: Sim, já incluimos algumas no set como por exemplo “Who Got It” e “Best Good Looking Girl in Town”. Para o disco novo já há uma turnê planejada? JC: Temos alguns shows marcados para o verão e participações em alguns festivais. Tocaremos em salas quando chegar o outono e acredito que em Março já teremos uma agenda mais organizada para apresentar e divulgar os shows. Brasil? JC: Adoraríamos voltar ao Brasil, definitivamente. Danko: Quando vocês quiserem, é só dizer 55

a melhor data para visitar o país e empacotamos tudo mas o problema é fazer acontecer. Demorou um tempo até conseguirmos chegar lá da primeira vez. São coisas que estão além de nosso controle, não somos nós que controlamos quando e como queremos ir. Também o fato de não tocarmos lá há anos não quer dizer que não queremos retornar ao Brasil, se nos quiserem lá por seis meses faremos uma turnê de seis meses (risos). Acredito que quase todas as bandas gostariam de tocar no Brasil JC: É apenas o fato de alguém fazer contato e convidar. Haverá Rock in Rio este ano? Rock in Rio, nos convide por favor!!! Já estamos de malas prontas.


“o mesmo feeling do início da carreira” Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Fotos: Marcos Hermes

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á dizia aquele ditado popular que o tempo diz tudo. Diante desta máxima, o que falar das bandas que lutam por ter seu espaço e após um período o seu trabalho é reconhecido? Não obstante desta realidade, no qual já falamos de tantas outras, está o Dreadnox. Os caras que iniciaram suas atividades ainda no começo dos anos 90, passaram por mudanças e um longo hiato, chegam agora com muito mais força e surpreendendo a mídia e os ouvidos mais apurados. Conversamos com Fabio Schneider e Kiko Dittert sobre o passado, o presente e o futuro. Claro, falando um pouco mais sobre seu mais recente trabalho, “The Hero Inside”. Por favor, apresentem-se para os nossos leitores. Fabio Schneider: Saudações Pei Fon e leitores da Rock Meeting. Somos Fabio Sch56

neider (vocais), Dead Montana (baixo), Kiko Dittert (guitarras) e Felipe Curi (bateria), do Dreadnox, formado em 1993 no Rio de Janeiro. Fazemos Heavy Metal e acabamos de lançar nosso terceiro álbum, “The Hero Inside”. Mesmo sendo uma banda criada em 1993, somente nos anos 2000 é que houve uma continuidade no som. Como vocês enxergam todas essas mudanças? Fabio Schneider: No fim dos anos 90, depois do lançamento do primeiro álbum, “Divine Act” (1998), a banda passou por problemas pessoais e, com a cena Metal sempre instável, desanimamos e resolvemos dar um tempo. Em 2005, nos reunimos em um estúdio para relembrarmos os “velhos tempos” e resolvemos voltar com força total e em 2008 começaram as gravações do segundo álbum,


o álbum do retorno, “Dance of Ignorance” (2010) que foi uma volta poderosa. O disco foi muito elogiado pela crítica nacional e estrangeira. Mantivemos o mesmo feeling do início da carreira, cada integrante coloca sua influência e toda sua alma na composição do álbum. Agora, final de 2014, lançamos o “The Hero Inside” e o álbum está matador!!! Essa é a essência do Dreadnox. “The Hero Inside” contou com a participação de muita gente boa como Roy Z, Renato Tribuzy, Gustavo Sazes e Maor Appelbaum. Como vocês podem apresentar o álbum para nós? Kiko Dittert: É um álbum direto, com composições precisas, letras modernas e questionadoras, passagens inspiradoras e muita porrada na orelha. (risos) Vivemos um momento com muita informação, inclusive na música, e acreditamos que um trabalho conciso seria uma boa opção para os nossos fãs. 57

“Nomophobia” é um conflito bem real sobre o virtual x real. De que modo vocês veem estas pessoas que colecionam gigas no hd e não consomem shows de reais? Fabio Schneider: Verdade! As pessoas podem colecionar os álbuns e shows de suas bandas preferidas de várias formas, inclusive em seus HDs, mas não comparecer aos shows realmente é muito estranho. Assistir a uma banda top, seu ídolo ou aquele artista antigo que você jamais imaginou que estaria em sua cidade tocando ao vivo é uma experiência única, e quem ignora isso, não deve entender o sentido ontológico do metal! Tem que tirar a bunda da cadeira e cair na real! (risos) “DX” é uma faixa instrumental dentro de “The Hero Inside”. É bastante melódica e segue a intensidade do álbum. Fale um pouco sobre ela. Kiko Dittert: Quando começamos a organi-


zar o set de músicas para o novo álbum, já definimos que teria uma música instrumental. Tínhamos bastante material para compor, o que deixou o processo de criação bem fácil. Como sempre utilizamos o “feeling” como o fator determinante para qualquer música, na instrumental fizemos assim também. Alinhamos os momentos “porradas” com passagens “brandas” e “épicas”. É uma das minhas preferidas! (risos) “The profane” me soa familiar quando chega no refrão. Conta um conflito do Divino com as atitudes humanas. O perdão resolveria? Fabio Schneider: Não! Essa música é direcionada àqueles que, no fundo, não acreditam em nada, mas, talvez pelo senso comum ou medo de não garantir seu lugar no céu, como ouvem falar, falsamente se aproximam da religião e fazem um mau uso dela. “Na estrada de cicatrizes e dores todos os meus sonhos desaparecem”. Esta passagem de “My judgment day” é reflexo do que vemos no diariamente. Existe algum personagem por trás? Fabio Schneider: Somos todos nós! Cada dia de nossas vidas é uma batalha em que podemos chegar vivos ou não. Sonhar é preciso, mas sem luta, sem os pés no chão, nada pode nos salvar! É uma homenagem às pessoas guerreiras que enfrentam as dificuldades da vida e saem vencedoras! Mesmo com o abuso do poder, quem pode ter certeza de algo quando há um heroi dentro de nós? Ainda assim é maníaco depressivo e profano esperando seu julgamento final. Tem como resolver? 58

Fabio Schneider: A mensagem do álbum é forte, valoriza o ser humano, discorrendo sobre a autoconfiança, honestidade, a dura realidade da vida, e respeitando, sempre, a espiritualidade das pessoas, sem profanações. Top 5. Quais as 5 bandas que influenciam o som do Dreadnox. Cite e explique em poucas palavras cada uma delas. Kiko Dittert: Metallica / Megadeth / Iron Maiden: Foram as bandas que sempre utilizaram muito bem o peso e a melodia nas suas composições. Es-


sas bandas fizeram parte de nossa infância e juventude! Ozzy Osbourne: Vemos ele como o pai do Heavy Metal! (risos) O “frontman” que conseguiu tocar como os melhores guitarristas do planeta. Angra: Uma grande inspiração “brazuka”! Crescemos perto deles e tivemos inúmeros contatos com a banda. Tocamos com eles na época do Holy Land, Fireworks e recentemente na turnê comemorativa de 20 anos do Angels Cry. Um exemplo de profissionalismo e músicas memoráveis!

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Por fim, o que vocês já tem planejado para 2015. Sucesso e muito obrigada! Fabio Scheneider: Agradecemos a você, Pei Fon, toda a equipe da Revista Rock Meeting e aos leitores pela força e aguardem um 2015 com muitos shows por todo o país do DX! Já temos uma história na cena Metal do Rio e nosso objetivo para este ano é fazer shows e participar de festivais em outros estados do Brasil. A resposta por parte da mídia especializada e público para o “The Hero Inside” tem sido muito animadora, e queremos apresentar esse novo material para o máximo de público possível. Valeu \m/


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Texto e Fotos: Pei Fon

(peifang@rockmeeting.net)

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carnaval passou e 2015 começou. Os shows voltam com tudo e não parece que o dólar está nas alturas. Crise? Não, senhores, não há crise que impeça de realizar shows, não neste atual momento do Brasil. Os finlandeses do Sonata Arctica realizaram uma série de show pelo país e deu uma passadinha no Recife. Num domingo austero, a público já se concentrava aos montes na porta do Clube Internacional do Recife. Em pleno domingo, pós semana carnavalesca, estavam lá os “foliões” de preto tomando conta do espaço. O Sonata já era esperado por muitos, nem se imaginava que um show deles fosse acontecer na capital pernambucana, mas os sonhos de muitos virou realidade. Era um formigueiro, para onde se olhava o público chega em massa. Para iniciar a noite, a banda Terra Prima deu as boas-vindas à galera que já ocupava os espaços do Clube Internacional. Eles fizeram o show baseado nas músicas do seu primeiro álbum, “And life begins”. “Time to fly” estava no setlist e foi Cantada e acompanhada pelo público que já conhece o trabalho dos caras. O som autoral estava de acordo com o que viria logo a seguir e eles não decepcionaram. Lembrando que eles já tiveram a honrar de abrir show do, todo poderoso, Iron Maiden.

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Minutos depois, foi a vez a atração do dia. Após uma bela introdução, os caras começaram a vir ao palco. O baterista, Tommy Portimo, veio bem a caráter: vestido com uma camisa da seleção brasileira. Mas o que importava era o que ia ser tocado. Logo surgiram, Tony, Elias, Henrik e Pasi. O show iniciara com “The wolves die Young”. O povo estava enlouquecido e cantava tudo nas alturas. Tony Kakko é daqueles frontman muito presente no palco. Sua performance não deixa a desejar. O que também não pode deixar de dizer de seus companheiros que executam bem sua tarefa com os instrumentos e são carinhosos com os fãs que se espremem na grade. A frieza dos finlandeses fez aumentar a temperatura do show a cada música executada e o público era só alegria, cantos e urros. Foi um passeio pelas músicas clássicas da banda, entre elas “Losing my insanity”, “My land”, “Black sheep”, “Letter to Dana”, por exemplo. O mais impressionante ficou por conta de “Fullmoon” onde o público participou ativamente e cantando bem alto o refrão junto com Tony Kakko. Ah, ele agradecia imensamente pelo público ter ido e sua expressão era de assombro pelo o que via no Recife.

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Quando terminaram a primeira parte do setlist com “San Sebastian”, eles deram um tempo e voltaram para executar as três músicas finais, porém houve uma modificação no setlist. Durante todo o show, nos intervalos das músicas, o público choramingava por “Replica”, música que nem está no setlist da tour pelo Brasil. Tocaram “Blood” e ao invés de ser “8th Commandment”, Tony fez uma breve reunião com a banda e discutiu ali mesmo se tocariam ou mudaria. E para a surpresa de todos e, com o consentimento da banda, Tony anunciou a próxima música: “Replica”. Será que o desejo dos fãs não foi realizado? Literalmente, o público ganhou no grito. (risos) Assim o show terminou com “Don’t say a word” com o gostinho saboroso de que os desejos se realizam. Ah, o público é sempre um show a parte! Recife não pode ficar sem um show dessas caras. Que voltem!

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Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Foto: Leandro Almeida

Já são 10 anos na estrada e um novo cd à caminho. Apresente “Murdenation” para nós. Shucky Miranda: “Murdenation”, sem dúvida nenhuma, é o álbum mais intenso e desafiador da carreira do Skin Culture. Estamos trabalhando com o produtor Michel Oliveira que é um crânio do Djent (guitarras de 8 cordas) e música experimental, está sendo uma experiência sobrenatural principalmente tendo um batera do calibre de Marcus Dotta e o um baixista excelente como o Uiu Gomes que trouxeram um pouco mais daquela dose de Metal atitude, mais crua nas bandas dos anos 90. No final de 2014 foi lançado um single contendo 4 músicas do novo cd. Como tem sido a resposta do público? Tueu Isaac: Gravamos esse single para enviar para algumas gravadoras as quais estamos negociando, mídia e etc…, para que as pessoas sintam um pouquinho do que vem pela frente. O single conta com a participação do Fábio Carito (Shadowside) que é um grande amigo e um excelente músico, também incluímos uma versão bônus que fizemos para a Slave New World do Sepultura. Inspirações. Qual a temática do novo álbum? Algumas músicas dão indícios de serem as próprias atitudes humanas. É isso mesmo? Leonardo Melgaço: É 100% sobre as atitudes humanas e as reações do planeta devolvendo ao homem tudo aquilo que ele vem plantando ao longo dos anos. As catástrofes 70


naturais, os sinais evidentes de um mundo prestes a alcançar seu fim por causa da ambição desenfreada da humanidade. Nações pregando ódio em nome de religiões, racismos, e intolerância às diferenças de culturas, sem falar nas guerras pelo petróleo e em breve pela água. O homem conectando seu filho ao sadismo, o consumismo e o bairrismo, e ensinando-o a ser superior a todo mundo através da televisão e internet. Esse é o conceito das Nações assassinas, o apocalipse digital. Diante de um novo cd, há uma nova formação na banda. Como vocês lidam com essa inconstância, o que agrega à sonoridade do Skin Culture? Leonardo: Acho que a música é feita com a alma de cada um e, se alguém não está contente com o que faz, seja por falta de grana ou por diferença de gosto musical; tem mais é que dar espaço pra que outra pessoa que acredite no projeto e o abrace. Banda é um negócio muito sério, pois envolve tempo e principalmente dinheiro. Se você não tem nenhuma das duas qualificações você está no ramo errado. O single “Murdenation” mostra-se mais pesado que seus antecessores. É uma fase por conta da influência de outros integrantes ou é um processo natural que a banda tem? Tueu: É um processo natural na evolução da banda independente de quem esteja executando as músicas. O Skin Culture não tem nenhum interesse em levar virtuosismo pessoal dos seus músicos e sim ao todo como banda focando no peso extremo, explorando outras formas de compor, escrever e aperfeiçoar a nossa música em cima de um novo conceito musical extraindo diretamente das guitarras. 71


Essa é a fórmula do Skin Culture. Qual a previsão para o lançamento de “Murdernation”? Shucky: Estamos trabalhando duro pra que consigamos lançar entre maio e junho. Porém como estamos trabalhando 100% por conta da banda é possível que haja um pequeno atraso. Espero que possamos lançar dentro do tempo planejado pela banda. Nesses 10 anos de banda, qual o balanço que vocês fazem sobre o atual cenário da música pesada no Brasil? Leonardo: Existem excelentes bandas fazendo grandes trabalhos por todos os lados, cito algumas como exemplo: Imbyra (SP), Tamuya Thrash (RJ), Eminence (BH), Puritan (ES), Confronto (RJ), Desalmado (SP), Worst (SP), Disorder Of Rage (Campinas) entre muitas outras. É preciso que as bandas se divulguem entre si e construam uma cena sólida e real. Você declarou que o Brasil não tem cena. Pode nos explicar os motivos que te levam a acreditar nisso? Shucky: É muito simples, basta você olhar para a situação em que se encontra a música pesada no país. Hoje vem um festival como o já clássico Monsters Of Rock com gigantes da música se apresentando por aqui, mas não existe se quer uma banda nacional no cast do festival, porque os organizadores alegam que o país não tem mais bandas a altura do festival. Isso porque eles não querem mais repetir as mesmas bandas de sempre, entende? Isso é um absurdo, pois o Brasil tem sim inúmeras bandas novas que poderiam estar lá representando essa nova geração do Metal nacional, porém é cômodo deixar tudo no anoni72

mato, no underground como eles dizem. As próprias bandas não se apoiam entre si. Top 5. Quais as cinco bandas que influenciam o Skin Culture e fale um pouco sobre elas. Tueu: Não há como negar que estão entre Sepultura, Fear Factory, Machine Head, Pantera e Biohazard, pois são influências que estão no DNA da banda, mas não tenho como deixar de citar nomes como Meshuggah , Whitechapel , Structures , Textures e Within The Ruins etc...


Por fim, o que podemos esperar do Skin Culture para 2015. Sucesso! Shucky: O Skin Culture completou 10 anos de existência e já excursionamos com bandas gigantes de todo o mundo como Korn, Soulfly, Ill Nino, Napalm Death, Sepultura, No Guerra, P.O.D. , Born Of Osiris, Chimaira, Hatebreed , Nashville Pussy e etc...Acho que está na hora de mostrarmos que no Brasil também existem bandas que tenham a capacidade de ser tão boa quanto essas bandas. O segredo do Brasil é o que em lugar nenhum 73

do mundo tem o groove e diversidade musical que temos aqui. Com o “Murdenation” queremos que o mundo volte a prestar mais atenção no Brasil como foi com o Sepultura, Krisiun entre outras bandas. Shucky Miranda – vocal Tueu Isaac – guitarra Leonardo Melgaço – guitarra Uiu Gomes – baixo Marcus Dotta – bateria Facebook Página Oficial


Por Pei Fon (peifang@rockmeeting.net) Colaboração: Rômel Santos Fotos: Assessoria/Divulgação

Wagner, apesar de ter lançado seu primeiro álbum solo apenas em 2013, você é um músico experiente, trabalhando pra outros artistas, seja em estúdio ou nos palcos. Conte-nos sua trajetória e como iniciou no mundo da música. Comecei menino, a moda antiga (risos). Meu pai tinha muitos vinis e só coisa boa. Por volta dos 4 anos, era viciado em Beatles, Dire Strais, Led Zeppellin, então foi natural começar a tocar. Vi um violão parado na minha tia e chorei ate ganhar ele (risos). A partir disso, foi vício. Tocava na igreja, então começou aparecer cantores para acompanhar, aulas para dar, e a música foi acontecendo e se firmando. Foi um processo bem natural. Fale um pouco sobre o período inicial de sua carreira, quando participou de vários workshops e masterclasses com guitarristas renomados como Eduardo Ardanuy, Frank Solari, Faíska, Nelson Faria, além das bandas Cadma, Vento Azul e Oliva Sativa. Desde essa fase, já pretendia seguir como profissional da música? Lembro de quando tinha uns 16 anos e teve um workshop do Edu aqui em Goiânia, depois que sai fiquei vibrado, foi muito bacana ver um cara viajando, vivendo de guitarra, isso da um start na gente em termos de profissão. Teve uma época aqui em Goiânia que o rock estava em alta, ainda está, a cena independente aqui e incrível, mas na época era bem mainstream, até mais que o sertanejo, então participei de várias bandas, além do 74


movimento gospel que na época já era muito forte, então trabalhei nessas bandas e um monte outras, cheguei a ter 11 bandas de uma vez (risos). Tinha metal melódico, jazz instrumental, gospel, pop rock, enfim, onde tinha espaço eu estava entrando. Tinha entre 18 e 20 anos, nessa época a gente tem animação e gás de sobra. Você investiu nos estudos e possui formação acadêmica Licenciatura em Violão pela UFG. Em um país onde a profissão ‘músico’ não tem o devido valor, acha válido um jovem cursar faculdade de música? É possível viver como músico profissional no Brasil? Qual conselho daria para alguém com dúvida em seguir carreira neste ramo? Eu sou animado e desanimado ao mesmo tempo. A faculdade foi muito importante no sentido de conteúdo, mas a faculdade cria os alunos para dar aulas nela mesmo, ou em colégios, conservatórios, essas coisas, é um caminho específico a se seguir, não é o tipo da aula que a gente da particular, é mais acadêmico. Eu não gosto muito dessa praia, gosto de tocar, gravar, dar aulas particulares, workshops, e isso a faculdade não prepara o aluno, o que acho uma pena. Seria legal que dessem formação para o cara viver de música em todos os sentidos do mercado. Indico o curso da faculdade a quem está pensando nesse prisma. Se o cara tem essa vocação, a faculdade é o caminho. Agora creio que a música está passando por uma crise nunca vista antes. Hoje pessoas fazem carreiras dentro do quarto, nunca fizeram um show, e vivem de música virtualmente. Toda evolução da música foi feita na vida, com experiência da rua, só olhar a biografia dos mestres. Nada contra quem segue essa vida virtual, mas 75


você pode perceber que a música não é mais importante, apenas o 1 minuto de improviso. Para quem viveu música à vera, isso é muito difícil de aceitar. Guitarrista não gosta mais de música. Pra você ver o absurdo, esses dias um cara mandou a seguinte mensagem para mim: “cara, gosto demais do seu trabalho, sou fã dos seus solos, mas acho que você preocupa demais em fazer música. Tinha que só tocar guitarra”. Imagina o susto. E não foi só um que mencionou a mesma coisa. Agora, como o cara que vive de música se posiciona nessa crise? Como ser professor onde todo mundo acha que sabe tudo pela net, mesmo não conseguindo evoluir por não ter orientação certa? Onde o cara sabe todos os manuais de pedais do mundo, mas não sabe a escala maior? Fora que é uma profissão totalmente desunida. Mexe com a OAB pra você ver, com o Conselho Nacional de Medicina, agora os músicos nem se entendem entre si. Sou meio pessimista nesse assunto, e talvez esteja errado, mas eu vivi outra coisa, tenho dificuldade em me encaixar nessa realidade. Mesmo sendo um disco instrumental, “Across the Universe” transmite sua mensagem. Conte-nos sobre a história e conceito do álbum. Eu tenho uma dificuldade muito grande em música instrumental apenas como mostra da capacidade técnica do músico. Música, pra mim, tem que ter mensagem. Sempre quando componho tento fazer uma peça ou uma ideia dentro de um conceito maior. Nesse disco tentei mostrar o homem em várias fases do mundo que existe dentro da nossa cabeça, então propus uma viajem passando pela fé, intimismo, ilusão, desilusão. As 4 últimas músicas fazem a parte histórica dessa trajetória. Como sou cristão e isso faz parte da mi76


nha vida, seria sem sentido não falar disso. “Across The Universe Part. II” é a visão bíblica dessa história do homem, tentando passar por toda história e profecias que a bíblia mostra, não como uma dessas pregações deturpadas que vemos hoje em dia, mas como uma visão mais real. “Across the Universe” possui uma grande variedade de estilos e riqueza instrumental, inclusive contendo arranjos de orquestra. Quais as suas influências? O que te inspira no momento de compor as músicas? Minha influência é tudo, tudo mesmo. Gosto de metal, jazz, samba, fusion, música erudita, música étnica, enfim, tudo mesmo. Como cada música conta uma história, usei o estilo que melhor representasse essa sensação. Não foi simplesmente mostrar que toco várias coisas. Vejo a música de maneira muito visual, muito mesmo. Então o que me inspira é o lugar que o estilo me posiciona. Quando quero uma coisa mais intimista, que lembra aquela nostalgia do cinema dos anos 40, 50, vou no jazz, quando quero velocidade, coisas frenéticas, vou de hard bem rápido que lembra aquelas trilhas de esporte dos nos 80. Quando quero algo denso, vou no metal, algo triunfalista, vou para música erudita, algo espiritual, soul gospel, e por aí vai. Falando como guitarrista, minhas maiores influências são Mark Knopfler, George Harrison, Toquinho, Ricardo Silveira, Leonardo Amuedo, Stevie Lukather, Stevie Ray Vaughan, Joe Bonamassa, Joe Satriani, Van Halen, Steve Morse, Pat Metheny, Scott Henderson, Jimmy Page, Jimi Hendrix, Richie Blackmore, Michael Brecker, T. Lavitz, Jeff Beck, e mais uns 50. A sonoridade do “Across the Universe” 77


é excelente! Parabéns pelo trabalho. Você produz outros artistas de estilos diversos? Como é o mercado para produção musical no estado do Goiás? É bem maior que a galera imagina. Goiânia é um dos poucos lugares que tem espaço para aulas, gravações, acompanhar artistas, tocar na igreja, fazer faculdade e tudo com muita intensidade. Eu vejo um preconceito enorme dos músicos de fora com a galera daqui, achando que só tem sertanejo e fazenda. Mas aqui rola de tudo e têm grandes músicos, grandes mesmo. Em termos de negócio na área da música aqui é muito avançado, en78

tão é um lugar para ser observado de perto. Muita coisa boa está vindo daqui, em termos de instrumental, e não deve pra nenhum lugar do mundo. Eu trabalho com produção sim, e como sideman, tenho um estúdio que se chama Stage Music, onde a gente também ministra cursos na área de produção musical, gravação, edição, setup, e também recebemos vários artistas para produzir. Já trabalhei desde o brega ate o metal extremo, não tenho preconceito. Você é um dos criadores do projeto Gyn 3, que tem como objetivo valorizar


a música instrumental da região e revelar novos guitarristas. Porque você decidiu criar este evento? É prazeroso participar e dar oportunidade para novos talentos? Quando a nova edição será realizada? O projeto começou em 2007, na raça, para criar um movimento na música instrumental. Creio que a música é difícil, mas reclamar dentro do quarto fácil. Se não tem uma cena na sua cidade arregace as mangas e crie a sua. Essa foi uma das grandes motivações de criar o Gyn 3, Goiânia tem grandes talentos, temos que mostrá-los, e lógico o Brasil. Essa é a 5ª edição do evento e a segunda do concurso. O formato inicial foi o do G3 americano, na cara dura mesmo (risos). Mas a gente adaptou para nossa realidade e, como fazer de três em três guitarristas ia demorar séculos para apresentar todos, criamos o concurso para tocar no Gyn. Foi um grande sucesso. Os guitarristas se envolveram mesmo. Esse ano o evento acontecerá em três dias 24 de fevereiro e 03 de março com as finais do concurso com a participação de Geovani Fernandes, Ney Quinonero, Kiko Xavier, Wagner Ribeiro, como jurados e fazendo shows, e eu, Olemir Candido e Arthur Queiroz para o show final, todos com grandes músicos acompanhando, fora os concorrentes do concurso, onde 8 irão se apresentar ao vivo e ganhar prêmios. A Toca Produções está fazendo a parte executiva. É muito complicado fazer esse tipo de evento, desgastante até e poucas pessoas entendem o objetivo. A primeira edição fiz sozinho, pegando som emprestado, carregando caixa, fazendo cartaz. Quando era novo, estava estudando, queria lugar para tocar, queria uma cena musical para o instrumental e fazer meu som, tinha pouco apoio. Vejo isso como uma forma de fazer isso por outras pessoas, criar 79

uma referência para a galera fazer música ao vivo, ver a coisa acontecendo fora da internet, na vida real, isso é muito gratificante. O “Across the Universe” foi financiado através da Lei Goyazes de incentivo à cultura. Você mesmo elaborou o projeto e executou? Explique aos leigos como funciona para obter incentivos como este. As leis de incentivo estão aí para ajudar artistas que não teriam condições de fazer um trabalho de qualidade. A música instrumental não gera renda e retorno para o cara investir 40, 50 mil num disco, o que para um disco de qualidade mesmo, com músicos reais tocando, horas de estúdio, máster e mix bem feitas é pouco. Todos que tocaram no meu disco são amigos pessoais, pessoas de dentro da minha casa mesmo, gravariam de graça sem pestanejar, mas como vivo de música e sei o quanto é complicado, não tenho coragem de não honrar eles, isso aumenta mais o valor. Então recorri às leis que estão ai para financiar a cultura, e toda a cultura. Para o leigo, procure saber as leis existentes no seu Estado, Cidade e as Lei Federais, fique de olho nos editais, onde se explica tudo, as regras, como fazer o projeto. Em breve você irá gravar um DVD tocando as músicas do álbum contando com orquestra e vários convidados especiais. Qual o objetivo deste novo projeto? Onde será gravado? Poderia nos adiantar alguns dos convidados? Como será o investimento? Será um grande desafio. Colocar isso tudo ao vivo não vai ser fácil. Como meu trabalho todo é visual é o que faz sentido pra mim. Será gravado em São Paulo em estúdio. Como


já gravei muitos DVDs de artistas, sei como o ao vivo é cheio de imprevistos, problemas com público, lugar, logística, e fazer isso com orquestra ainda seria impossível, a menos que você gaste um valor exorbitante. A minha vontade é fazer uma música que faça sentido para todos, não só para músicos, com um projeto visual diferente, e focado na música. Lógico, a guitarra vai correr solta, mas só quando fizer sentido para o arranjo. Terá várias participações muito especiais, mas ainda não posso adiantar, pois precisamos organizar bem as agendas, afinal, tem que ser quando todos puderem ao mesmo tempo, e isso é muito difícil, serão participações muito bacanas. A vontade desse DVD é gerar uma turnê, transformando tudo num espetácu- lo musical, não vai ser um trabalho workshop, mais no sentido artístico. Obrigado pela entrevista e parabéns pelo trabalho! Deixe uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigado, é uma honra!!! Fico muito feliz de falar dos projetos, e falo muito ainda (risos). Por favor povo, vamos voltar à música, todos os músicos que vocês admiram fizeram discos antes dos workshops. Ninguém vai baixar um vídeo de 1:30 transformar em mp3 e ouvir no carro. Quando o cara quer pensar e relaxar ele escuta música, não solos. Vamos resgatar o motivo que fez a gente querer entrar nesse mundo maravilhoso da guitarra.

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Por Leandro Fernandes (leandro@rockmeeting.net) Fotos: Noêmia Elisa

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ma banda com um bom humor, identidade e carisma se resume em N.W.77. Fazendo um Crossover (no qual o entrevistador aqui taxou de Metalcore), os caras estão aí com muita energia e gás de sobra, pra destruir qualquer palco onde se apresentar. Conversamos com Márcio e Marcel, duas pessoas completamente de bom humor e com muito metal na veia. Aqui eles nos contam como tem sido o cotidiano da banda e também seus projetos, além de alguns “segredos” revelados. Sinta-se livres e descontraídos para lerem a essa divertida e excelente entrevista! Começando com uma pergunta ao Marcel, por que essa comparação de “Dave Mustaine chutado do Metallica”? Existiu alguma treta parecida no passado? Marcel: Não, nenhuma treta. Na verdade, toda banda tem seus problemas rotineiros pois é um casamento sem sexo. Então você passa por muita coisa, tem conflitos com seus amigos de banda e tal, o que enche o saco com o tempo. Por isso eu dei uma parada do esquema tradicional de banda e fiquei um tempo tocando e compondo em casa sozinho. Mas sou tipo a Farewell Tour do Kiss ou do Scorpions. Aposentadoria, nunca! Márcio: Sem querer me intrometer, mas já intrometendo, essa comparação que consta no release foi porque o Marcel gravou o primeiro ep sozinho e aí eu me lembrei daquela história que o Dave Mustaine jurou que a banda dele seria a melhor do mundo quando montou a Megadeth. Só que o Marcel jurou 84

que a N.W.77 seria a mais presepada e galerosa do mundo. E parece que estamos num bom caminho pra manter esse juramento. Essa mescla de Hardcore com Metal vem crescendo muito em nosso país e mais precisamente na região Centro-Oeste. Isso também tem a ver com mudar mais um pouco a cara do cenário do nosso Metal? É fato que o Metalcore vem sendo muito bem aceito. Marcel: Eu não acho que o nosso som seja Metalcore. Não acho que encaixe no mesmo cenário das bandas desse estilo. Somos mais um esquema crossover old school, meio como o hardcore metalizado de Venice (Suicidal, Excel, No Mercy), S.O.D., D.R.I. Ratos de Porão e afins. Temos influências tanto de


thrash, tipo Slayer e Anthrax, quanto punk/ HC, como Dead Kennedys e Misfits. Nos definimos como quatro metaleiros vagabundos tocando hardcore! Aqui no DF e região tem muita banda mais old school, como tem esse lado mais metalcore, como o Deceivers aqui de Brasília, que eu e o Marcio já fizemos parte. Não queremos competir com ninguém e achamos que quanto mais bandas crescendo, maior o público e espaço para todo mundo. Márcio: Definitivamente o N.W.77 não toca metalcore. Embora a gente goste de várias bandas mais novas, somos mais influenciados e voltados para o som e mentalidade old school das bandas citadas pelo Marcel. Não é nenhum tipo de preconceito, trata-se apenas do que nos sentimos mais confortáveis para 85

tocar. Por que a idéia de iniciar o projeto sozinho? O EP “Doomsday Countdown” contava somente com o Marcel. Marcel: Porque no começo não era para ser uma banda. Era para ser um projeto, um EP e só. Mas o meu amigo Rodolfo (One Voice Records de Goiânia) me pilhou durante a mix do EP a tocar ao vivo e eu chamei o Márcio, e depois chamamos o Rodrigo e o PC. Daí o próximo EP, Youth Explosion, já era uma banda. Márcio: Na verdade, o Marcel não ia chamar ninguém. Mas um dia estávamos entorpecidos com a mais pura essência da cachaça num churrasco e o Marcel me mostrou as músicas do EP. Eu pirei na hora e fiquei falando que se


ele precisasse de um guitarrista podia contar comigo. Depois de um tempo ele me chamou pra tocarmos a parada pra frente. E ficamos nesse esquema two man band, só que apareceu um show. Foi a desculpa que precisamos para chamar o Rodrigo Pinto e o PC, de quem somos muito fãs, pra tocarem com a bandinha. O show foi bacana, eles gostaram de tocar com a gente, e como somos muito amigos, resolvemos virar banda mesmo. O nome N.W.77 (Nuclear Weapon 77) surgiu de onde? Marcel: Uma vez o meu amigo Túlio da DFC tinha me dado a ideia de um “projeto solo” chamado “I Am Nuke”, um trocadilho galeroso com o meu sobrenome (Ianuck). Durante a mixagem do Doomsday Countdown, fui conversando com o Rodolfo novamente sobre nome de banda, e explorando esse esquema Nuclear e foi fechando em Nuclear Weapon. O “77” é o ano em que eu nasci. Nenhuma explicação mirabolante. Apenas a constatação de que achar nome de banda é a pior coisa do mundo!! Márcio: O Marcel tem vergonha de falar, mas o nome da banda seria apenas Nuclear Weapon. O 77 e a abreviação aconteceram porque ele, como um cara muito místico, foi num numerólogo que revelou que se ele abreviasse para N.W. e colocasse o ano de nascimento dele, a banda seria extremamente bem-sucedida. E não é que o maldito numerólogo estava certo? Esta entrevista é a prova cabal disso! Pra vocês o Metal Nacional já viveu sua época ou se encontra em sua melhor fase? Marcel: Putz! Pergunta difícil! Eu gosto muito do metal mineiro dos anos 80/90, como 86

Sarcófago, Sepultura, Holocausto, Overdose...Eu sou muito fã de Viper também... Metal aqui no DF também teve o Restless, Dungeon e Deja-vu, que marcaram a nossa adolescência.. Também tem muita banda boa de hardcore que vieram dos anos 80 e/ou 90 e perduram até hoje, como Ratos de Porão, Lobotomia e DFC. Mas ainda ouço muita coisa boa mais recente. Aqui da área, por exemplo, tem o Violator que é a maior banda de metal aqui, e uma das maiores do Brasil. Tem deathzão doidera do Godtoth, stoner doom do Caligo, o Macakongs 2099, Degola e Suicídio Coletivo na praia do hardcore... Uma galera das antigas como Death Slam, Os Cabelo Duro, Dark Avenger e Terror Revolucionário, que continuam produzindo. Isso falando só da nossa área aqui no DF! Então tem coisa boa sendo produzida atualmente. É só procurar!


Se é melhor ou pior do que os “clássicos”, só o tempo dirá. Márcio: Pra mim teve a época e se encontra em uma grande fase! Toda hora é hora! Tem muita banda boa hoje! Basta procurar! O underground é sempre o caminho! Sempre temos que respeitar quem veio antes da gente mas também temos que valorizar essa moçada jovem que está aí na luta! Como tem sido a divulgação, promoção do trabalho da banda lá nos gringos? Marcel: Tem sido difícil e lenta mas mil vezes melhor do que antigamente. Com esse negócio de distribuição digital, é bem fácil alguém ouvir falar na banda e já seguir ela no Spotify, Deezer e similares e ouvir toda a discografia. Tem alguns lugares, como a Alemanha, que conseguimos sair em uns zines e sites com os EPs. No geral, a resposta no exterior foi bem 87

positiva até o momento. Agora, com o disco, estamos procurando divulgar ainda mais, principalmente na América do Sul. Márcio: Mesmo sendo devagar e dentro das nossas parcas possibilidades, pelo menos temos controle total do que fazemos e de onde aparece o nome da banda. Outra coisa boa é que nessa de fazermos tudo, nós conhecemos mais gente e estabelecemos mais contatos, que é algo que conta muito, pois em várias situações fazemos amigos e parceiros que nunca conseguiríamos se tivéssemos alguém fazendo isso pra gente. Sabemos que essa coisa de estrada, shows, sempre têm momentos onde a banda sempre comete uma gafe, um fora. Teve algum que vocês até hoje gostam de lembrar? Marcel: A gente já tocou muito com nossas


Foto: Divulgação

ex-bandas, mas o N.W.77 é uma banda nova e tocou pouco até o momento. Então tem pouca situação estranha para contar. Gostamos de lembrar desses shows porque foram muito legais. A verdade é que nós nos divertimos ensaiando as músicas da banda! Então o show, grande ou pequeno, é sempre bom. Gafe mesmo só o Phú (Macakongs 2099/Silvia Music) indo anunciar a nossa banda no nosso primeiro show e chamando a gente de N.W.O.! Márcio: N.W.77 sempre será uma grande presepada! Com essa banda não há um segundo de paz! É muita animação! Estamos sempre nos metendo nas maiores enrascadas! No lançamento do disco “Nuclear Awake” rolou uma treta com relação à distribuição do mesmo, como ficou a situação a cerca de tudo isso? Marcel: É uma história bem longa! Colo88

camos um texto bem detalhado no nosso facebook para servir de alerta para quem for fechar “parcerias” ou prensagens de discos independente. Pesquisem sobre as pessoas e empresas que estão trabalhando antes de fechar negócio! Mesmo já tendo participado de outras bandas, lançado discos e tudo mais, quase entramos numa fria! Somente quando começamos a divulgar a história e subimos o tom das cobranças é que, com mais de 6 meses de atraso, o disco saiu. A gente não gosta de trabalhar assim. Gostamos de ser parceiros das pessoas que trabalham conosco. Em clima cordial e sem stress. Infelizmente tivemos essas tretas mas já foi tudo resolvido e o disco físico está aí para quem quiser adquirir. A gente mesmo está cuidando da distribuição do disco e tratando com as lojas. No DF tem disponível na Berlim Discos no Conic. Em SP tem na Diehard na Galeria do Rock. Algumas distros independentes, como a Criminal Records e Raw Recs, já tem o disco no


Foto: Divulgação

seus catálogos e também estão dando aquela força animal pra gente! Outras lojas e distros interessadas, entrem em contato! Bandas que quiserem trocar alguns CDs, só dar um alô por e-mail. Falando no disco, com está sendo a reação da mídia e público? Marcel: Como o disco foi lançado em janeiro, ainda não recebemos as reviews dos lugares que mandamos o disco. Mas todo mundo que recebeu rádios, lojas, outras bandas, podcasts, público em geral, tem elogiado bastante! Até surpreendeu um pouco a nossa expectativa, pra falar a verdade! A música Hannemania, que fizemos em homenagem ao Jeff Hanneman do Slayer, ganhou algum destaque logo de cara. Mas as pessoas têm elogiado bastante todo o disco em geral. E a gente também ficou bem satisfeito com o resultado pois ficou do jeito que a gente queria: 16 tons de Crossover cara-de-pau direto e 89

reto na cara do povão! Márcio: A gente ficou muito satisfeito com o resultado final do disco. Das músicas à arte da capa, tudo ficou muito foda e estamos muito orgulhosos com esse trampo. Ficou lindão! E esperamos que a rapaziada curta o nosso crossover animado, acelerado e delicioso como um lanche da doce feitiço lanches, a nossa lanchonete favorita de Marabá! O que temos aí pra esse ano de 2015? Marcel: Vamos continuar divulgando o CD Nuclear Awake, pretendemos fazer alguns shows legais em alguns cantos do país e lançar coisa nova. Temos 2 músicas novas já gravadas e mais algumas em fase demo. Até o fim do ano, queremos soltar algo novo, em um formato ainda a definir, mas sempre físico e digital. Márcio: Fazer shows seria uma boa. Acho que a moçada ia gostar. A banda tá afiada e bem a fim de agitar. Também temos essas


Foto: Divulgação

músicas novas aí que devemos fazer alguma coisa com elas até o fim do ano. Já temos até um nome bem cabuloso pro lançamento e no meio do ano devemos gravar mais algumas coisas. Desejo enorme sucesso a banda e uma longa estrada a percorrer. O espaço aqui é de vocês. Marcel: Em primeiro lugar, queremos agradecer a Rock Meeting pelo espaço! Agradecer a todo mundo que nos apoiou e tem apoiado nessa empreitada. Queria falar para quem quiser adquirir o disco físico, CD/digipack com encarte lindão com as letras insanas que escrevemos, já tem algumas lojas e distros vendendo. Se não achar 90

na sua cidade, fala com a gente pela internet. Para a moçada jovem moderna, a discografia da banda está em praticamente todas as plataformas de streaming e download. E as bandas, lojas, distros, rádios, revistas, produtores, atores, vereadores, pastores e tratores interessados no disco Nuclear Awake e/ou em shows com a banda N.W.77, basta entrar em contato com a gente pelo nosso site, página do Facebook ou e-mail. Abração a todos! Márcio: Valeu demais pelo papo! Nem temos como agradecer por essa força que a Rock Meeting está dando pra banda. Façam tudo que o Marcel falou e vocês vão se dar muito bem! Site | Facebook | E-mail | Twitter



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Strife

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Bandas: Madball, Strife, Rise of the Northstar, Backtrack, 8 Oz. e Appraise 01 de Março 2015 Sala Razzmatazz – Barcelona Organiza: HFMN

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Apprais

C

idadãos e cidadãs do meu Brasil, meras turnês de bandas hardcore já não fazem efeito, e parecem ter ficado para trás. A nova fórmula está em reunir alguns grupos, que albergue uma variação dentro do estilo e que agrade a todos, colocar um título forte como Rebellion Tour, e lançar o ônibus na estrada com a cabeçada dentro. Daí eles passam por várias cidades e desembarcam em Barcelona para finalizar a visita peninsular. Assim foi a noite de 1º de Março, um domingo de temperatura mais amena, na sala Razzmatazz. Ao chegar no local com um par de horas adiantado para cumprir os protocolos que nos leva a participar do evento, os ônibus estacionados na porta e o público que já se reúne no bar em frente, já podemos imaginar que teremos casa cheia. E casa cheia foi o que não encontrou nossa banda local Appraise, que já figurou em nossas publicações anteriores. Não que estivesse totalmente vazio mas depois o set, apesar de curto, foi bem intenso e com a qualidade de sempre. Apesar do palco ser bem maior do que habitualmente se apresentam, os rapazes não sentiram o peso, se bem que alguns dos integrantes são bem experientes e com muitos quilômetros percorridos. Entre os destaques estavam “Deeper Than That” e “No Foundation”, quem chegou cedo não se arrependeu. Pouco depois foi a vez do 8 Oz., que não é nenhuma banda recém-formada e tem lá seu público. Um som forte e de vocal mais gutural. A primeira banda gringa a se apresentar foram os nova iorquinos do Backtrack que nos devolveu o hardcore mais clássico por pelo menos meia hora, apresentando Lost In Life e temas como “Their Rules” e “Under Your Spell”. Show intenso e com o vocalista dividindo o microfone com o público em diversas ocasiões.

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Existem coisas no mundo da música pesada, neste caso o hardcore, que chega a ser difícil de explicar, não sei até que ponto o público consegue filtrar o que chega aos ouvidos ou se é totalmente influenciado ao que os olhos veem com uma guitarra pesada ao fundo e um vocal berrado. Não tenho o hábito de dedicar linhas para apontar os pontos negativos em shows mas nesse caso não acredito que seja negativo mas, simplesmente, porque não preencheu o espírito. Um quinteto uniformizado no palco, leia-se calças, jaquetas e tênis iguais e saltitando de forma sincronizada com seus instrumentos, numa noite em que os mandantes de campo são Strife e Madball, cheguei a conclusão que estavam mal escalados no time. Bem tocado e com um som que lembra algumas bandas dos anos 90 como o Downset, guitarras pesadas e letras dedicadas a cultura japonesa. Muito cacau para uma noite só. Quando o Strife entrou no palco, ficou nítida a sensação de quem passará a vida nas sombras e sendo complemento de palco e quem manda no cenário. Tudo bem que, a considerar pelos cabelos grisalhos de alguns integrantes, concluímos que a estrada forja quem é casca grossa por natureza. O show mal havia começado e o baixista já voava, sem sincronizar com ninguém, com seu instrumento. Rick Rodney com microfone em punho e uma postura de quem participaria e uma corrida, esperando o exato momento de entrar com “Through and Through” música que abre o primeiro disco da banda, One Truth e que ironicamente é quase um rap e com apenas uma diferença, originalmente composto nos anos 90. Do mesmo disco tocaram “Face” e seguiram com “Waiting” de In This Defiance. Não demorou para “Torn Apart” surgir como representante do último 96


Madball

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lançamento, Witness a Rebirth, além de “Carry The Torch”. A esta altura Rodney já estava literalmente engolindo o microfone debruçado na grade que separava o público do palco. Apesar de um set curto, os californianos foram intensos até o último acorde. Para receber os “donos” da noite havia até uma pequena produção de palco, bandeiras com o símbolo do Madball que cobriam os amplificadores mas que ao mesmo tempo cobria parte da bonita bandeira de fundo, habitualmente localizada atrás do batera. Confesso que sou suspeito para falar do Madball e já presenciei bons concertos de Freddy, Hoya e sua turma. A curiosidade desta vez foi saber qual setlist seria tocado pois uma boa combinação faz com que o show passe de ser bom a memorável. Como o quarteto era o nome principal do cartaz o setlist chegou próximo ao memorável. Pela inconfundível introdução, antes mesmo dos integrantes entrarem no palco sabíamos que “Set It Off” seria a responsável pela abertura. Quando os primeiros do guitarrista Mitts entraram em cena, arrastou junto Freddy Cricien e sua intensa performance de palco. O vocalista preenche todos os espaços, vai de um lado a outro, comparte microfone com o público. A música título do último lançamento veio na sequência, “Hardcore Lives”, melhor representante de um estilo que só o Madball possui e que demorou anos e estrada para aperfeiçoar. O baixo inconfundível na introdução de “Smell The Bacon” nos trouxe de volta ao primeiro disco da banda e “The Beast” mais uma vez deu as cartas na palavra groove dentro de quem realmente representa no estilo. O setlist foi bem variado, abraçou a todas vertentes que o Madball possui dentro do cenário, os “hits” mais recentes como “Doc Marten Stomp” e “Born Strong” foram muito bem recebidos. Músicas como “Mi Palabra”, “Nuestra Família” e 100% foram as mais ovacionadas por serem cantadas em espanhol e até mesmo as mais old school como “Get Out” e “It’s My Life” com direito a Cricien no baixo e Hoya nos vocais marcaram presença. Como disse anteriormente, em show do Madball a noite passa facilmente de boa a memorável. Até!

Apprais

Oz

Backtrack

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Strife

Oz

Of The Northstar

Strife

Of The Northstar

Madball


Fotos: Flavio Hopp

Apresente-se! Fala, Headbangers! Fernanda Lira, vocal e baixista da banda de thrash NERVOSA, apaixonada por música e cinema e workaholic pra caralho ! Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? Eu era uma pessoa com um objetivo na cabeça, pronta pra deixar de lado o que tivesse que deixar pra tentar fazer meus sonhos se realizarem. Hoje sou uma pessoa muito feliz com o que conquistei até agora e, acima de tudo, muito grata às pessoas que me apoiaram e acreditaram em mim nessa jornada e por tudo que tem rolado. Mas ontem eu era e hoje ainda sou um ser humano em evolução! Busco a cada dia melhorar como pessoa e evoluir em minhas habilidades, acho que isso na verdade é uma constante! Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Eu acredito que eu sempre vou ser uma sonhadora. Como a vida vai passando e muitas vezes, surpreendendo, os objetivos e sonhos mudam, se renovam, se atualizam, mas sempre estão lá. Pra mim, ter objetivos é ter combustível pra minha vida, pra acordar todo dia e batalhar por algo que eu acredite. Do que você tem medo? Aranha, ET e espírito! Podem rir, eu deixo! (risos) 100


O que costuma fazer quando não está em turnê? Dormir por mais tempo? Trampo que nem loca pra aparecerem mais turnês! (risos) Brincadeiras à parte, quando não estou trampando (com a banda, ou dando minhas aulas), procuro sempre descansar e desfrutar das pequenas coisas que a estrada não permite que a gente faça, e coisas que são como hobbies pra mim: descansar bastante, ver filmes, cozinhar, encontrar os meus amigos e família, etc. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Eu sempre quis ser jornalista! É claro que já passou na minha cabeça querer estar na música, ser uma Steva Harris! (risos) Mas o que sempre quis, foi trampar com jornalismo mesmo, algo que rolou por um tempo, mas que acabou dando espaço pra um amor maior, que foi a música, e que hoje é minha maior realização pessoal! O que você faria se não fosse músico? Com certeza gostaria de trabalhar com jornalismo ou algo relacionado a filmes, ou os dois 101


juntos! (risos) Talvez algo mais focado no audiovisual, adoro filmar, adoro fotografar, adoro editar, amo clipe, amo cinema! Então com certeza seria uma segunda opção! Qual foi a sua maior realização pessoal? Eu e meu dom de falar mais que a boca em entrevista e responder antes o que as pessoas iam me perguntar umas duas perguntas pra frente! Com certeza a Nervosa é minha maior realização pessoal, em vários sentidos. Essa banda me permitiu conhecer pessoas e lugares que eu talvez jamais conhecesse se não fosse por ela, me permitiu levar algo tão pessoal como minha arte para o conhecimento de pessoas no mundo inteiro, e me fez amadurecer muito como pessoa, principalmente. Se eu tivesse planejado tudo isso nos mínimos detalhes, talvez não tivesse sido tão perfeito, essa banda sempre me surpreende e por isso me sinto realizada com ela! Qual foi o seu pior momento? Eu prefiro encarar maus momentos como momentos de aprendizado. Eu sempre busco extrair algo bom de algo ruim, e por isso sempre tento ver o lado positivo das coisas. Como exemplo, quando saí da minha ex-banda, foi um péssimo momento para mim, mas se aquilo não tivesse ocorrido, não teria aberto a oportunidade de viver o que vivo com a Nervosa hoje, entende? Então, acho que os maus momentos ainda sim conseguem ser bons de alguma maneira. Sempre penso que o caos precede momentos de mudança pro bem! O que te motiva? Como disse lá em cima, meus objetivos! Eles são minha razão de acordar todo dia e ter para o que lutar. E não só os objetivos que tenho pra mim, mas pras pessoas ao meu redor também. Gosto de ajudar, de me sentir útil de alguma forma, e 102


isso me motiva bastante também. Batalhar pela minha felicidade e da de quem eu gosto também. Pelo menos eu tento, né, sei lá! (risos) Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Sim, com certeza. Quando eu saí da minha ex-banda, passei algum tempo na fossa total, querendo me afastar da música, completamente desmotivada! Mas com a força na época dos meus amigos, do meu namorado e da Joan Jett (que falou uma frase que me inspirou muito a voltar à ativa), eu percebi que música era minha vida e que nem se eu quisesse eu poderia me afastar disso. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? Cite um álbum e fale deles. Essas listas sempre me matam! Nunca sei listar nada, pra mim é muito difícil! Sempre acabo esquecendo coisa e me sinto culpada com as bandas por ser injusta! Iron Maiden - Minha favorita de todos os tempos. Pra mim, uma das bandas de heavy metal mais completas que existem e que tem o cara que mais me influenciou pra tocar desde sempre, o Steve Harris! Meus discos favoritos são o Iron Maiden e o Powerslave! Kiss - Foi a banda que me fez querer curtir rock e metal. Foi uma das primeiras que ouvi e com certeza a primeira que pirei desde piveta, com 7 anos de idade sabia cantar o acústico deles inteiro, de tão louca demente viciada que eu era neles! Um dos meus discos favoritos é o Creatures of the Night! Mas tenho boas lembranças com o Love Gun também, que foi o primeiro disco que ganhei na vida! Rush - Outra banda completíssima que me inspira muito e beira a perfeição em alguns momentos pra mim! Difícil demais escolher 103


um disco, cada um tem um gosto especial! Mas gosto muito do Caress of Steel e do Permanent Waves! Nuclear Assault - A banda que pirou minha cabeça no thrash, que me fez querer ter banda de thrash. Ainda me inspira demais! Um dos discos que mais me fez querer compor música rápida foi a dupla Game Over/The Plague! tá loco! Death - uma das melhores bandas que existem! Completa, beira a perfeição também, e o melhor, é de metal extremo! Uma das primeiras bandas a entortar minha cabeça, a me ajudar a ver que existem muitas possibilidades diferentes na hora de compor, e a saber como dá pra ser virtuoso sem ser chato, além disso, foi por onde passou outro baixista que me inspira muito, o Steve DiGiorgio! Disco fico com 2, o melhor na minha opinião, Individual Thought Patterns e o meu favorito, o Leprosy! Por muito tempo você apresentou o “Heavy Nation” junto com Julio Feriato. Quem era você antes do programa e quem é agora? Eu comecei no Heavy Nation há muito tempo, meio que como estagiária! Nessa época, os apresentadores eram o Julio e a Paula Baldassarri, ambos amigos-irmãos meus! Eu cuidava mais de coberturas - escritas e fotográficas - dos shows além de entrevistas em vídeo e por escrito com bandas nacionais e gringas. Quando a Paula saiu, foi meio natural eu assumir esse posto, já que já estava super inserida lá! E foram alguns anos fazendo a locução e produção do programa, conheci muitas bandas maravilhosas, entrevistei muitos ídolos nacionais e internacionais, e, principalmente me senti muito útil pra cena metal nacional de alguma maneira, abrindo 104

portas e espaço pra bandas divulgarem sua arte, falarem sobre seu trabalho! Hoje em dia, infelizmente o Heavy Nation não existe mais, faz mais ou menos dois meses agora! Uma pena, pois o programa era uma paixão muito grande pra nós, mas nem sempre querer é poder e muitas circunstâncias acerca do programa acabaram forçando seu fim! Long Live Heavy Nation! Você poderia tocar qualquer outro instrumento, por que o baixo? Algo em especial? Meu pai tocava baixo e por isso, desde criança ele me indicava as linhas de baixo nas músicas, e quando finalmente fui querer tocar algo, o baixo foi uma opção natural! Além disso, teve a opção do canto também, que sempre foi uma paixão natural! Quando eu ouvia música, prestava atenção logo de cara no baixo e no vocal, me inspirava, e tentava ‘copiar’, foi assim que me inseri em ambas as coisas! Se houvesse um meio de voltar no tempo, o que mudaria? Ou deixaria como está? Eu sempre acreditei que as coisas acontecem por um motivo. Quando ocorre algo em nossas vidas, às vezes a gente pode não entender o porquê no momento, nem compreender sua finalidade, mas tudo acontece por um motivo, sejam coisas ruins e boas, e mais pra frente tudo fica claro, parece que eram peças que tinham que se encaixar pra algo maior ter oportunidade de acontecer. Por isso mesmo acredito que não mudaria nada no passado, acho que tudo pelo que passei me serviu de aprendizado de alguma maneira e aconteceu porque tinha que acontecer, por isso, levo co-


Foto: Divulgação

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migo o lema da Edith Piaf ‘Je Ne Regrette Rien!’, não me arrependo de nada! Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Cara, sou virginiana, meu sobrenome é manias! Eu tenho várias, principalmente manias de organização, essas coisas! E tenho mania de cantar também, bobeou, tô cantando por aí! haha Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Queria agradecer muito a oportunidade de falar sobre meu trabalho e sobre mim, esse espaço é muito importante pra valorizar nossa cena, que é tão rica! Aos leitores, também agradeço a oportunidade de conversar com vocês, espero que vocês tenham curtido, e continuem apoiando, e, acima de tudo, respeitando as bandas, pois cada um tem seu corre e isso deve ser respeitado. Só assim manteremos sempre vivo o legado do metal! Valeu! 106


KEEP OF KALESSIN – Epistemology Marcos Garcia – Metal Samsara

Sou fã do Keep of Kalessin, desde que conheci a banda através de “Armada”, que ouvi em 2008. De lá para cá, vi a banda evoluir e minha paixão pelo trabalho do grupo crescer. Em “Reptilian”, cheguei a acreditar que eles haviam atingido o auge de sua música. Ledo engano, pois o Dragão tem garras bem afiadas, e solta mais um clássico agora em 2015: “Epistemology”. Um pouco diferente, já que o vocalista Thebon saiu do grupo em 2013, “Epistemology” mostra Obsidian C. tocando guitarras, teclados, compondo e fazendo todos os vocais (e digamos de passagem, faz tudo muito bem. Não é à toa que costumo dizer que ele é o Randy Rhoads do Metal extremo), além de Wizziac (trovejando no baixo) e Vyl (um dos grandes bateristas do gênero). A banda, como um tod,o melhorou ainda mais no aspecto técnico, e isso se reflete em composições mais longas, mais bem trabalhadas, e de uma forma que não soam 107

cansativas aos nossos ouvidos. Longe disso: em “Epistemology”, o trio mostra um grande amadurecimento musical, sendo celebrado por vários sites importantes no mundo. Um dos pontos mais fortes do álbum é justamente sua diversidade musical/técnica. Bastando ouvir a grandiosidade de músicas como “The Spiritual Relief” (mais de nove minutos de excelentes variações rítmicas e grande trabalho de guitarras), “The Grand Design” (que fica em um meio termo entre o épico e o extremo, mostrando a força da base rítmica do trio), a regravação de “Introspection” (Single da banda de 2013, aqui em uma versão mais bem gravada e polida, sendo a faixa mais acessível do disco), e a maravilhosa “Epistemology”, onde a banda como um todo dá um autêntico show de técnica e peso. Ouçam e, se quiserem, ainda existem duas músicas extras na versão digipack. Obrigatório! Contato: Facebook | Site Oficial


Katatonia – Dead End Kings

Por Rodrigo Bueno – Funeral Wedding

Fui incumbido novamente da missão de escrever sobre o que ando ouvindo. Mas, como já mencionei uma outra vez, a minha playlist varia muito de semana para semana ou até mesmo dia após dia. É quase que uma montanha-russa de emoções. Faz algumas semanas que venho escutando uma mesma banda, a cada dia é um álbum diferente do outro, mas um que vem se repetindo já faz um bom tempo e posso dizer que é o meu disco favorito (até a próxima semana) é o “Dead End Kings” do Katatonia. Este álbum foi lançado em 2012 e lembro que foi cercado de muita expectativa, visto que a banda havia passado recentemente por uma mudança em sua line-up e muito se especulava de como soariam neste novo material. Após o vazamento do álbum, e uma galera rasgando seda para eles, fui procurar pelo download e eis a surpresa: achei uma bela duma merda. Pois até a essa altura o meu álbum favorito dessa não tão nova fase deles variava entre o “The Great Cold Distance”, “Viva Emptiness” e o “Tonight’s Decision”. Não consegui entender como que no lugar das guitarras pesadas, deram lugar (lê-se uma abertura maior) para os teclados, violões 108

e até mesmo para um dueto nos vocais com a participação da senhorita Silje Wergeland, cedida gentilmente pelo The Gathering. Mas uma coisa que havia me prendido a atenção, logo de cara, foi a arte do Travis Smith que, por sinal, é muito bonita. Escutei uma, duas, três vezes e o álbum continuava indigesto. Poucos meses depois do lançamento, surge um tal de “Dethroned & Uncrowned” que é uma releitura do álbum só que numa versão acústica. Como eu andava num momento introspectivo acabei por adorar essa versão e achar até interessante o “Dead End Kings”. Por muitas vezes eu escutava uma vez a faixa acústica e depois colocava a versão distorcida para compará-la. Dias atrás estava eu repensando minha vida e como trilha sonora escolhi o “Dead End Kings” para acompanhar. E não é que foi uma escolha acertada!? Neste momento me caiu a ficha do porque todos aqueles elementos que outrora havia detestado e que me fez compreender mais sobre este disco intimista e que certamente marcou como um novo ponto de virada na carreira destes suecos. E fica aqui um recado: este álbum deve ser ouvido em momentos especiais.


BLACKNING – Order Of Chaos Por Rodrigo Balan - Metal Media

Mais uma vez me encontro nesta situação difícil de comentar um disco que estou ouvindo no momento. Como sempre, estou ouvindo muita coisa ao mesmo tempo. Mas, regras são regras e, para esta matéria, resolvi escolher um disco que recentemente chegou aqui, no QG da Metal Media, e que tenho ouvido bastante. O primeiro disco da banda paulista Blackning, que leva o título de ‘Order Of Chaos’. O nome da banda até pode soar desconhecido e, a grosso modo, é mas os integrantes do grupo não são. Estamos falando de músicos que fizeram história em bandas do calibre de Andralls, Woslom e PostWar: Cleber Orsioli, Francisco Stanich e Elvis Santos, respectivamente. O que temos na bolachinha lançada pelo jovem selo Vingança Music é o bom e velho Thrash Metal sem se prender aos anos 80 e nem apelar pra esse som moderninho que 109

está na moda. O que temos é Thrash Metal puro, atual e honesto, com uma banda entrosada e que sabia onde queria chegar em suas composições desde o começo. Em alguns momentos, é claro, lembramos de suas prévias bandas, mas a sensação de evolução dos músicos é clara e esta “mistura” de experiências nos trouxe uma banda completa e madura já no primeiro disco. Vale citar também o exímio trabalho do produtor Fabiano Penna, uma pessoa que sou fã há muito tempo e que acompanho também sua evolução. Neste disco ele novamente conseguiu tirar o máximo da banda e do equipamento mantendo o trabalho sempre pesado e nítido, ao mesmo tempo. O álbum todo é de extrema qualidade e destacar uma música seria injusto. Acredito que a ‘Thy Will Be Done’ saia na frente por causa do videoclipe. Outro material que já escutei – e assisti – muito da Blackning.



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