EDITORIAL
“invejo o Screamo” N
um bate-papo dos mais informais possíveis, entre amigos, esta frase ecoou. Foi sonoro e gerou dúvida. Quem apontou tal questionamento trouxe consigo argumentos que só faz reforçar e a concordar. “Essa galera do Screamo, metalcore e afins tem é sorte de estar acompanhando seus ídolos no início de tudo. Enquanto nós estamos vendo os nossos nos deixando”, falou seriamente. Faz sentido! Lemmy já se foi. Dio, Chuck, Kurt, Joey/Dee Dee/ Tommy/Johnny Ramones, Fred Mercury, David Bowie, fora os que nem foram mencionados. E muitos ainda estão para nos deixar. Imagine o mundo sem Ozzy! Nossa, é inimaginável! Mas a verdade é essa gente. Tem que ser encarada! O nobre amigo ainda continuou esbravejando: “Estamos parados no tempo”. Concorda? Você já não parou para pensar que as bandas também vão deixar de tocar? Que a oportunidade de ver Metallica, Iron Maiden, ACDC, Slayer, por exemplo, é agora? Black Sabbath já mandou o recado e vai parar. Quem viu, viu. Quem não confere a agenda da banda, desembolse uma boa grana, ainda mais em tempos de crise, e vá para outro país ver os caras. É, amigos, tá difícil! Renovação? É pauta para outras conversas.
TABLE OF CONTENTS 07 - News - World Metal 10 - Lapada - O fim do Metal 16 - Entrevista - Land of Tears 22 - Entrevista - Open 28 - Capa - Stress 44 - Live - Parkway Drive 50 - Entrevista - Bella Utopia 54 - Entrevista - D’HanKs 62 - Perfil RM - Mike LePond (Symphony X) 67 - HC - Hardcore Meeting #2
Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn
Colaboradores Alex Chagas Jonathas Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite CONTATO contato@rockmeeting.net RockMeeting.Net
Retorno Com a velha química agora de volta, dividida com os novos integrantes, o Pettalom está disposto a lutar pelo seu merecido espaço da cena brasileira. Os integrantes estão focados em iniciar uma série de shows pelo Brasil e, ainda, na finalização e lançamento do segundo álbum “Ancient Sacraments”. A banda volta com os integrantes originais Marcos Riva (vocal), Fernando Almeida (guitarra) e Alan de Augustinis (baixo). A atual formação se completa com Sabine Blodwin (vocal), Gustavo Campos (guitarra) e Ricardo Menezes (bateria), os dois últimos já envolvidos com os projetos dos integrantes do Pettalom há alguns anos.O retorno oficial aos palcos será realizado no 05/03 em Piedade/SP, no festival “CarnaMetal”, entretanto, outras datas serão confirmadas em breve.
Bruce Kulick
Novo single
A produtora e web rádio Rock Freeday traz o guitarrista Bruce Kulick (ex-Kiss, Grand Funk Railroad) em turnê inédita no Brasil. Bruce Kulick apresentará os clássicos do Kiss e músicas dos álbuns que ele gravou na banda formada por Gene Simmons e Paul Stanley. 03/03 – Porto Alegre;04/03 – Curitiba;05/03 – São Paulo; 06/03 – Rio de Janeiro.
A banda de Blues-Rock Stratosphera iniciou a gravação de um novo single no final do mês de janeiro no “Orbis Estúdio”, em Brasília (DF). “Essa música sempre funcionou muito bem ao vivo nos nossos shows, por isso decidimos gravá-la. Também estamos muito empolgados com o resultado que temos obtido no estúdio! Esperamos poder lançá-la o mais breve possível, ” disse oista Adônis Reis.
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Foto: Drop Produtora
primeiro vídeo
Novo álbum
A banda de Hard Rock Vallet, acaba de lançar seu primeiro vídeo oficial para a faixa”How Much Love”. Trata-se de uma bela balada altamente indicada para os amantes do bom Hard/AOR dos anos 80, a produção alcançou com sucesso o clima e os objetivos traçados pelos músicos. Confira o vídeo oficial de “How Much Love” do Vallet AQUI. Novidades sobre a banda no Facebook.
O Weakless Machine trabalha pesado para apresentar em breve seu primeiro álbum de estúdio.A banda, composta por experientes músicos, já pulou diretamente para estrear com um álbum completo e para que tudo alcance um patamar internacional de qualidade, convidaram o produtor e guitarrista Renato Osorio (Hibria) para gerenciar toda a gravação. Confira a evolução AQUI.
“Autumnal Introspections” Com o lançamento de “Autumnal Introspections” a banda gaúcha Swords at Hymns se consolida como um dos maiores representantes do Metal Extremo brasileiro, unificando de forma criativa estilos como Black Metal, Doom Metal e Melodic Death Metal. Após o lançamento do single “The Only End To A Brave” (2012) e do EP “My Freedom... Forgotten In A Gray Dimness” (2013) houve a estabilização de sua formação, com Maicon Ristow (vocal/guitarra), André Lazzarotto (guitarra), Leonardo Goulart (baixo) e Mateus Perotti (bateria), responsáveis pela gravação do debut “Autumnal Introspections”. Contendo sete faixas, o CD teve sua arte assinada por Marcelo Vasco e lançamento realizado em conjunto pelas gravadoras Sulphur Records e Wolves Curse Records. Dentre os destaques, está “Beyond This Tombstone”, música com participação especial do vocalista Triumphsword, do Patria, lançada também em lyric video, disponível AQUI. 08
Nova parceria
Foto: Marcio Henrique
O Tellus Terror inicia o ano fechando alguns endorsers de peso. A banda anuncia a parceria com a empresa Pedrone Amplificadores Valvulados, que ficará a cargo da confecção dos amplificadores do modelo Tellus Terror/Pedrone. A Pedrone Amplificadores trabalha com a fabricação e venda de amplificadores valvulados para guitarra de alta fidelidade (HiFi) por encomenda. Seguem em constante busca por inovação e qualidade, desenvolvendo modelos com recursos diferenciados. Acesse o site e conheça mais sobre a empresa. Enquanto isso, a banda segue em composição/pré-produção de seu novo álbum de estúdio, sucessor do aclamado “EZ Life DV8”, lançado em 2014, que apresentou a banda ao cenário nacional e foi sucesso de crítica por toda a mídia especializada. Foto: Natal Silva
Primeiro DVD
“For All Kings”
Em paralelo às gravações do novo álbum, segundo da carreira, o Ministério da Discórdia segue nos preparativos finais para o lançamento de seu primeiro DVD. O material se chama “Por Bares e Becos” e foi gravado em Osasco, no Mineiro Rock Bar, em 2015. “Escolhemos lançar um DVD gravado em Osasco, pois a cidade abriu suas portas ao Ministério da Discórdia, e para mostrar ao pessoal dos outros estados do Brasil como é a energia de um show nosso“, comenta a banda.
Após hibernar por duas décadas, o Crom voltou e voltou decidido a ficar e marcar de vez seu nome na história do Heavy Metal nacional. Sedento de música, o grupo lançou não um, mas dois EPs no ano passado e recebeu o devido reconhecimento pelas duas partes de ‘We Are Steel’. Reconhecimento este que se firma agora com o trabalho citado entre os melhores lançamentos de 2015. Ficou curioso? Baixe as duas partes do EP “We are steel” da banda 1 | 2.
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pelas mãos dos próprios fãs Acho que minha coluna nunca vai parar. A cada dia os headbuchas desse país não tomam vergonha na cara, e se toma, a quantidade é menor que as de bebida alcoólica que costuma consumir por semana. Digo isso porque parece que o fã de Heavy Metal brasileiro andou coletando alguns vícios que vieram de dentro das universidades, em especial, dos cursos de humanas. Quando eu falo “evoluam”, empacam que nem mulas teimosas. Quando falo “vão com calma”, é a hora em que começam a fazer besteira sem fim! Vamos lá! Já não é segredo no dia 28 de janeiro deste ano, mais uma vez, a frágil harmonia dentro do cenário mundial veio a ser abalada. Durante um festival em homenagem a Dimebag Darrel, finado guitarrista do Pantera, Phil Anselmo (vocalista da banda e companheiro de Dime), fez uma saudação que parecia a mesma dos nazistas, além de gritar a plenos pulmões “white power”. Ok, o mundo ruiu de lá para cá na cabeça de Philip Hansen Anselmo, com direito a Robb Flynn do Machine Head soltando um
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vídeo e ofendendo Phil (mesmo com o Pantera sendo uma clara influência no jeito da banda de Flynn fazer música. Além do vocalista ser claramente influenciado por Phil). E parece que mesmo Sebastian Bach (ex-Skid Row) andou falando poucas e boas por aí. Veio um vídeo de Phil pedindo desculpas por seus atos, e ainda uma apologia feita por Rita Haney (namorada de Dimebag Darrell e organizadora do Dimebash) a ele, enquanto deixou claro que Rob é um aproveita-
dor (podem ler o texto traduzido AQUI). E, aparentemente, isso vai virar mais uma daquelas polêmicas infinitas, onde o público brasileiro, muito mal informado e sem uma formação acadêmica satisfatória, acaba tomando um lado ou outro no tiroteio. Mesmo a imprensa brasileira do cenário entrou nessa luta, inclusive com alguns textos depreciativos não só à figura de Phil ou do Pantera. Existe um artigo, inclusive, em que todo o cenário é taxado de intolerante em geral. De
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uma hora para outra, viramos todos homofóbicos, racistas, xenofóbicos, intolerantes e outras coisas. Que fique bem claro que repudio o racismo antes de acreditarem que concordo com o que está acontecendo! 33 anos no cenário me ensinaram que sempre existirá alguém aprontando algo, que vai mexer em vespeiro e causar uma polêmica. Sempre houve, e sempre haverá, pois o Rock nasceu polêmico desde seu berço. Se
bobear, já saiu do meio das pernas dos estilos que lhe deram origem aprontando. E vou ser sincero como raramente eu sou. Desde que o Rock surgiu, sempre foi associado a si infinitas polêmicas. Elvis rebolando (com as câmeras mostrando-o da cintura para cima apenas). Little Richard gritando e com sua sexualidade exposta a torto e a direito – foi preso transando em um carro com um casal. Beatles e seu visual. Rollings Stones afirmando serem mais famosos que o capiroto – e gravando “Sympathy for the Devil”. E o Black Sabbath com seu som soturno e suas letras iniciais? E que tal Ozzy Osbourne insultando o Brasil em 1985, no primeiro Rock in Rio?
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Nunca me esqueci das palavras dele: “Não sei o porquê Ronald Biggs prefere viver no Brasil a uma prisão no Reino Unido!”, que saiu originalmente em uma edição da finada Metal em 1985 (creio que de março, não lembro bem), mas que pode ser vista AQUI na íntegra. Creio que Ozzy e Phil se equivaleriam nesse caso. Se bem que daqui a pouco, vai começar o mimimi enchendo o saco do Madman, mas ele, se o conheço bem, não vai dar à mínima. No fundo, o que realmente anda me deixando de saco cheio, puto como um siri em uma lata, é o fato do bom mocismo de esquerda estar se infiltrando no Metal. Sim, de esquerda, alinhado com o discurso de alguns
Foto: Michael Putland
políticos de nosso país e professores universitários, que ganham muito bem, obrigado! Enquanto o aluno vai se foder trabalhando como um babaca nas escolas e repartições públicas. Além de continuar replicando uma teoria política falida há anos e abarrotada de erros, e preenchida com um romantismo irreal. Phil errou? Sim. E pediu desculpas por isso. E continuou sendo avacalhado, pois assim é o bom mocismo: exige o sangue e a alma de um alvo. Ozzy errou? Sim, e nunca se desculpou por tudo que já disse e fez de errado. E não, não estou cobrando o Madman por isso. Aliás, até agradeço, pois isso é o espírito do Rock dando às caras.
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É como ver o Twisted Sister no palco, trajado daquela forma andrógena grosseira e soltando mil e um palavrões. Nunca me esquecerei do impacto de ver “I Wanna Rock” ou “We’re Not Gonna Take It” e suas historinhas rebeldes hilárias. Ou o Mötley Crue e sua androgenia ferina nos anos 80. Ou James Hetfield do Metallica gritando “Fuck You!” na época dos shows do “Ride The Lightning”, ou mesmo durante as apresentações da tour do “...And Justice for All”, o mesmo James arrotar. Nunca esqueci o trecho de uma entrevista que li na Rock Brigade em 1989, quando o quarteto veio ao Brasil para dois shows (SP e RJ apenas). Quando perguntados sobre a preocupação ecológica, um deles soltou a
pérola “nós odiamos! Matem as árvores e as baleias!”. Óbvio que todos perceberam que era ironia e caíram na gargalhada, mas o que aconteceria no mundo de bons mocinhos de hoje? Já teriam soltado os cães de guarda de algumas ONGS ambientalistas encima deles. Fizeram isso com Glen Benton nos anos 90. Óbvio que isso vai render mimimis infinitos. Mas o fato é: o meio Metal está morrendo, justamente porque cada vez mais se cobra dos músicos um proceder e um falar que se enquadre em um padrão de bom mocismo. E o que mais me indigna é: o próprio fã quem anda fazendo isso. Pelo visto, esses esquerdistas militantes, movido a leite com pêra e IPhones de última geração, querem transformar Ozzy em Maria Gadu, Lars Ulrich no Chico Buarque, Phil Anselmo no Dinho Puro Preto, Rob Hal-
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ford no Caetano Veloso, e os caras do Möthley Crue no seu Jorge e sua Banda, só pode ser! Nem quero imaginar o que seria de bandas como Velhas Virgens nas mãos desses caras! Um jovem que vê um clipe do estilo sofre, antes de tudo, o impacto em ver um monte de cabeludos fazendo uma música azeda e que não se encaixa nos padrões, e acaba se tornando um de nós, o faz porque inicialmente aquele visual transgressor prende sua atenção. Um claro sintoma desse bom mocismo, obediente às regras que está infectando o Metal, foi visto no Monsters of Rock de 2015: durante o show do Steel Panther, a modelo exibiu seus seios. Algo normal e bem comum nos shows de Hard Rock nos anos 80, especialmente nos Estados Unidos. Aqui, gerou uma onda de protestos e revolta dos puritanos. Ainda lembro-me dela sendo chamada
de vagabunda e outras coisas. Puritanos no meio Metal? Permitam-me dizer algo sobre Phil Anselmo: não sou racista, nazista e nem nada do tipo. Mas é alarmante ver as pessoas tão ofendidas com isso, mas votam e acreditam numa filosofia que levaram muitos outros à morte. Reclama de Phil fazer uma saudação nazista e gritar “white power”, mas o que você faz contra a opressão e censura do governo atual? E sobre músicos com possíveis apologias, podem colocar aí o holocausto do Brasil. Uma olhadinha na Warfare Noise I e os cabelos de muitos ficarão em pé. Ou não, pois sempre há uma desculpa. E por aí, andam rolando imagens de tantos com a saudação nazista, que me lembro de Lemmy e seu gosto por relíquias nazistas. E agora, where’s your god now? E finalizando: se não pararem com
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isso, acredito que vão fazer do Metal aquilo que vi em um vídeo há poucos dias, sobre um protesto dos alemães aos estupros criminosos em Colônia. Ao invés de pegarem os criminosos e fazerem o que um homem deve, foram protestar usando saias e panos na cabeça, com cartazes “a culpa não é delas”. Concordo com o fato da culpa não ser das mulheres (elas não pedem pelo estupro por conta da roupa), mas o bom mocismo e papinho mal interpretado da igualdade de gênero tornaram os homens de lá pessoas sem brio, sem virilidade e sem honra. É isso que anda acontecendo no cenário. Se vocês olharem no Facebug e verem algo de rebeldia, não compartilhem lamentando, ou os verei usando saias no futuro... sem serem escoceses.
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Por Raphael Arízio Fotos: Banda/Divulgação
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ão 15 anos dedicados ao Death Metal, a Land of Tears do Rio de Janeiro falou de planos e projetos, além de passar por alguns temas do passado. Confira! Como está sendo a recepção do “Ancient Ages of Mankind”? Quais os frutos que a banda colheu com esse lançamento? Robson Souto: Estamos em ritmo de divulgação do mesmo, recebendo ótimas críticas por parte da mídia especializada e do público, nossa satisfação pessoal é o melhor fruto. O disco se destaca com uma linda capa e um tema não comum em bandas de metal extremo. Como foi feita essa escolha para o disco? Este álbum, e nossas últimas composições, vêm abordando o mundo antigo, suas histórias, mitos e etc. A capa foi uma homenagem a um grande vulto histórico da humanidade, Alexandre o Grande, e também existe uma música dedicada a ele, a “Mega Alexandros”. Eu visualizei a capa e decidi que seria um ótimo cartão de visitas da banda. Pelo visto, acertamos na escolha, pois muitas pessoas a elogiam. A banda recentemente lançou um vídeo para a faixa-título de seu disco, “The Ancient Ages of Mankind”. Como foi a concepção desse clipe e como tem sido sua aceitação até o momento?
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Da concepção até a finalização, foram longos e trabalhosos seis meses ou mais um pouco. Eu tive a ideia principal e a levei para Vinicius Hozara, da CS Vídeo, responsável por diversas produções do gênero. Juntos elaboramos o roteiro e transformamos em realidade o clipe. Quem assiste curte, seja pelo trabalho visual, pela música ou por ambos. Creio que pelo fato de nunca ter sido feito algo da forma que foi feito o nosso clipe no Brasil já vale o registro para a galera que vier depois. No começo a banda apresentava muitos elementos de Doom Metal, mas foi gradativamente ficando mais agressiva com o passar do tempo. Como foi essa evolução para algo mais extremo? Foi uma evolução natural ou algo planejado? Foi natural, fazemos o que gostamos – isso sempre foi e sempre será. A evolução é necessária, se nos agrada o resultado e ficamos felizes? É o que conta. Atender às expectativas do público será consequência dessa homogeneidade musical que a banda vier a alcançar. Em 2016, o Land pretende fazer a sua primeira tour gringa. O que a banda já tem de concreto sobre isso e o que acham que a tour fora do país pode acrescentar de melhor para a banda? Com certeza é a concretização do trabalho. Carimbar o passaporte da banda é emoldurar o trabalho que se vem fazendo ao longo desses 15 anos, quem não quer tocar lá fora? Ainda mais no berço do Death Metal, a Europa, e voltar alguns degraus acima de onde você estava, vindo mais maduros e mais profissionais. Já temos quatro datas confirmadas, na Holanda, Alemanha e Bélgica. Ao total, devem ser 18 shows em 22 dias. Geralmente, muitas bandas tem um período de dois anos entre um lançamento e outro. Sendo assim, ano que vem irá fazer dois anos do do último disco. Então, já há previsão de um próximo disco ou EP? Estamos em processo de composição do novo álbum. Já temos algumas músicas prontas, mas temos muito trabalho pela frente. Esse novo álbum dará continuidade ao tipo de abordagem que fazemos tanto por parte conceitual como parte musical. O tipo de Death Metal que tocamos ilustra muito bem a identidade do LOT. Tem um pouco de tudo, não deixamos de lado nossas raízes musicais. É 18
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difícil ser original quando muita coisa boa já foi feita, não quer dizer que não possamos ser originais sendo nós mesmos. Aguardem o que estar por vir! Qual é a forma de composição da banda? Algum integrante compõe sozinho ou é um trabalho conjunto em ensaios? Sempre nos reunimos num brainstorm e levamos as ideias de todos. E vamos dando corpo à música. Todos contribuem, às vezes temos mais de um do que de outro, isso não é relevante. O resultado tem que agradar a todos do grupo. A banda já tocou com grandes nomes como Vital Remains e Toxic Holocaust. Como foi essa experiência? Como músico foi ótimo, pois mostramos nosso trabalho nesses shows que dividem o palco com bandas gringas. É muito bom, ainda que tenha o mesmo peso de subir no palco com bandas nacionais, creio que o legal é quando você é fã dessa banda, você pode trocar ideias e experiências com os caras e isso pode acrescentar muito! Tenha certeza disso! Recentemente, a banda fez um giro por Cariacica (ES) e Governador Valadares (MG). Como foi a recepção e o saldo desses shows? Foi sensacional! Essa foi uma experiência nova, ao tocar em mais de um show seguido. Já estamos nos preparando mesmo que em uma escala menor para o que vem por aí em nossa tour. A organização e públicos capixabas e mineiros foram ótimos para a banda! Tudo transcorreu muito bem e com certeza iremos voltar outras vezes. O saldo foi além dos eventos em si, fora os convites singulares que a banda recebeu para se apresentar em outros eventos já confirmados aguardando somente a 20
divulgação por parte dos organizadores. Pelos posts da banda nas redes sociais percebe-se que estão compondo para o novo álbum, como está o andamento desse disco? Ele sai antes da Tour europeia? Sim, estamos trabalhando no novo álbum. Deverá ter entre 9 e 11 faixas de puro som extremo e técnico. O mais certo é que entraremos no estúdio no retorno da Tour pela Europa. Um dos destaques do último disco da banda é a sua parte lírica. A banda já tem algum tema para esse disco? Ele será conceitual como o anterior? Vamos continuar explorando o mundo antigo, mas uma das faixas trata de um assunto mais do que atual, mesmo que a temática seja na antiguidade. A barbárie em nome da religião como visto hoje com o ISIS, faixa essa onde declaramos abertamente guerra ao terror e seus seguidores imbecis. O Land já tem produtor em mente para o novo trabalho? Ainda estamos analisando as opções e possibilidades em relação de onde e com quem vamos gravar, será definitivamente nosso melhor trabalho, as músicas estão densas, técnicas, brutais, sem perder o toque do Land of Tears, aguardem! Espaço para agradecimentos e considerações finais. Em nome do Land of Tears, mais uma vez, agradeço o espaço cedido a nós, e sempre dizendo que sem esse meio e essa oportunidade dado não seria possível a integração entre a banda e público. Continuem assim, nos aguardem, pois novidades estão por vir. Hails! 21
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Por Victor Santos – Imprensa do Rock Fotos: Banda/ Divulgação
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banda Open, de rock alternativo de Caxias do Sul, foi fundada em 2009 e ano passado lançaram seu primeiro EP chamado “Cidade Vazia”. Vamos saber mais sobre a história desses gaúchos e sobre como andam os planos para 2016. Conta para nós como surgiu a banda? Gui Mello: A banda surgiu depois que eu (Gui Mello) e o Chyn (Jhéferson Messias) decidimos montar uma banda, após o fim de uma antiga que se chamava Radio Play. Chamamos o Sher (Jair Meller, primeiro baixista da banda) para tocar junto conosco, pois tínhamos o mesmo gosto musical e queríamos fazer um som diferente do que era feito pela grande maioria das bandas da cidade e da região. Quem são os integrantes do Open e como todos vocês se conheceram? Eu (Gui Mello) e o Chyn (Jhéferson Messias) nos conhecemos desde a escola e sempre tínhamos o desejo de ter uma banda juntos. Nos conhecemos num dia e no outro passamos a ser melhores amigos, até pelo fato de termos o gosto musical muito em comum. Anos depois conheci o Tatto. Naquele meio tempo em que a Open entrou em um hiato de 2 anos, quando fizemos um ensaio para uma banda que no fim não saiu do papel. Conhecíamos um ao outro apenas de ouvir falar, mas desde aquele dia, sempre que pintava algum trabalho para um fazer, o outro era chamado de cara, rola uma admiração de ambos os lados. Tanto que quando eu e o Chyn começamos a cogitar uma volta da Open, o primeiro nome que me veio na mente foi o Tatto, mas ele estava numa outra 24
banda que estava bombando aqui na cidade, mas com o tempo ele saiu da banda e eu não preciso dizer o que eu fiz né!? (Risos). Desde então estamos juntos nessa! E onde saiu o nome da banda? Existe algum significado? O nome foi decidido entre nós 3 na época pois éramos bastante fã de Silverchair, onde existia uma música de nome Ana’s song e nessa música o refrão começa com “Open Fire” e a primeira ideia era essa para o nome, mas decidimos ‘Open’ somente, até por ser mais fácil de se pronunciar.
Como é o cenário das bandas no Rio Grande do Sul? Em Caxias do Sul existe muita banda boa, assim como no estado inteiro. Podemos citar Fresno, Reação em Cadeia, Engenheiros do Hawai entre outras bandas daqui que saíram do estado e foram para o Brasil todo. Essas bandas conseguiram notoriedade depois de muito trabalho. Na nossa cidade existe uma cena bem bacana também, pessoal montando selo, zines e buscando um lugar ao sol. Podem falar como foi o processo de gravação do EP “Cidade Vazia”? 25
O EP foi gravado no estúdio Linha Sonora aqui na nossa cidade mesmo (Caxias do Sul-RS). Foi produzido pela banda e por Jonas Godoy. O EP teve início de suas gravações ainda lá em 2013, com a banda ainda em outra formação. No meio das gravações, a banda decidiu encerrar as atividades entrando em um hiato que teve fim no ano passado. Voltamos com tudo e decidimos acrescentar no EP outras duas faixas, as quais abrem o EP, chamadas “Deletar” e “Galáxias” com a missão de mostrar a nova cara da banda. O que cada integrante costuma escutar
no dia-a-dia? Temos bastante coisa em comum. Costumamos ouvir de tudo, desde Classic Rock, Grunge, Hard Rock, Hard Core, Heavy Metal ao Reggae por exemplo. Somos muito influenciados também pelo Rock Nacional, bandas como Charlie Brown Jr, CPM 22, Dead Fish entre outras são espelhos para nós.
que isso seja natural! Mas se tratando das letras da banda como “Galáxias” e “Outra Chance”, que foram citadas, levamos em consideração experiências vívidas e coisas a se falar para as pessoas, para serem guerreiras e não perder as chances que a vida nos dá muitas vezes e deixamos passar, muitas delas, por medo de se jogar.
As influências musicais ‘interferem’ nas inspirações das composições da banda ou existe algo mais além para se formar canções como “Galáxias” ou “Outra Chance”? De certa forma levamos nossas influências muito em consideração na hora de fazer uma linha de guitarra, de baixo ou de bateria. Acho
Imagino o quanto é difícil, mas tem alguma canção favorita no EP? Fale um pouco sobre. Difícil essa pergunta (risos). Para o Tatto, a mais querida é “Cidade Vazia” e “Outra Chance”. Para mim (Gui Mello) são “Galáxias” e “Deletar”, pois mostram a cara nova da banda e um notável amadurecimento como músicos.
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Já o Chyn (Jhéferson Messias) tem como a predileta “Cidade Vazia”, pois leva o nome do EP e tem uma grande força, ela foi escrita em “homenagem” à nossa cidade e consideramos ‘vazia’ em diferentes aspectos e foi escrita depois de tantas coisas que vivemos e (ou) presenciamos por aqui. Qual o tipo de mensagem que a banda tenta levar para o público? Nossa mensagem sempre foi e sempre vai será positiva. Nada que falamos é simplesmente da boca para fora, apenas para preencher espaço nas letras, tudo tem sentido, você pode notar. Nossa principal mensagem é para as pessoas serem elas mesmas, correr atrás de seus sonhos como se não houvesse o amanhã e amar 27
intensamente aqueles que também te ama! Deixe aqui um comentário acrescentando o que quiser para os fãs e leitores. Gostaríamos de agradecer pelo espaço aqui na Rock Meeting, ao Alex Chagas da Beelyper (nossa assessoria de imprensa), pois sem ele certamente não estaríamos falando com vocês aqui. Nossos parceiros Jonas Godoy, Rodrigo Marenna e a toda galera que curte esse site incrível totalmente Rock n’ Roll. Fica também nosso obrigado para você que podia estar fazendo qualquer coisa no seu dia, mas está aqui lendo essa entrevista. Fãs, família e amigos, nosso eterno obrigado. Long Live Rock’N Roll!
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Por Raphael Arízio Fotos: Banda/ Divulgação
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016 começou dando destaque para as bandas lendárias. Janeiro foi o Nordeste. Fevereiro é com o Norte. O que falar sobre uma banda como o Stress? A primeira banda de Metal ao lançar um disco no Brasil, só para começar. Vamos ver o que a banda fala sobre sua grande carreira e sobre o que eles têm a nos falar sobre seu futuro. Como a banda lida com o título de ter o primeiro disco de metal na América do Sul? Guardada às devidas proporções, pode-se dizer que são o “Black Sabbath brasileiro”? No início isso parecia surreal, não achávamos ser possível que nós fôssemos os pioneiros, oriundos aqui do Norte, sem nenhuma tradição no rock. Como imaginar que no Rio e em São Paulo ainda não tinham bandas tocando rock pauleira? (Esse era o termo). Só começamos a acreditar de verdade quando tocamos no Circo Voador, em abril de 1983, e só vimos bandas de rock ‘n’ roll e blues. Foi nessa noite, depois do nosso show – onde tocamos todo o primeiro LP e quebramos o equipamento no final – que o público invadiu o palco, nos carregou nos ombros, gritando: “É a primeira banda de Heavy Metal do Brasil”. Algum tempo depois, na falta de qualquer outra banda, começaram a se espalhar pelos zines e entre os rockers os rumores do surgimento dos pioneiros do HM BR, título que se confirmou com o tempo. Para nós foi surpresa… E depois uma grande honra! A banda, na época, tinha noção de que estava fazendo história no cenário pe30
sado nacional? Nem passava por nossas cabeças que teríamos esse papel fundamental na cena brasileira. Só queríamos fazer o nosso som, influenciado pelos nossos ídolos, um som pesado e rápido, com letras inteligentes e mensagem relevante. Todo o resto, a repercussão do nosso LP e o pioneirismo foram absolutas surpresas. A banda teve diversos nomes antes de chegar a Stress. Como chegaram nesse nome? O embrião chamava-se “Pinngo D’água”, em alusão ao formato do bumbo da antiga bateria ‘Pinguim’, que tinha o formato de gota de água (não era redondo). Depois resolvemos que esse nome era fraco,
nada a ver com o rock… Aí se seguiram “Electra” e “TNT”… Com a entrada de Pedro Valente, guitarrista, ele sugeriu “Stress”, que na época era um termo recente. A sonoridade – monossílaba, similar a Kiss, Yes, Queen, Cream – nos agradou. O significado – tensão nervosa, fadiga mental, agitação de cidade grande – nos deu a certeza de que era um nome forte, bem adequado ao som que queríamos fazer. Para mim, é um dos três melhores nomes de bandas de rock da história. Quais são as melhores lembranças que tem da gravação do primeiro álbum? Só esse assunto já daria um livro. Esse LP exigiu muitos sacrifícios, a começar pelas centenas de horas de composições e dezenas de 31
sessões de ensaios para finalizar os arranjos. A captação de recursos financeiros (era tudo muito caro), a viagem (3 + 3 dias) de ônibus para gravar no Rio, a hospedagem numa modesta pensão, as duas sessões de gravação (8 + 8 horas), corridas demais, pois o custo era altíssimo, até a fuga do estúdio com uma fita k-7 contendo as músicas mixadas, pois esta mixagem nos foi cobrada a mais e não tínhamos dinheiro para acrescentar. Bom, como disse, daria um livro! Entretanto, apesar de todas as dificuldades, da decepção com o resultado tosco da gravação – fomos enganados, os caras não sabiam gravar rock pesado –, que quase nos leva a não lançar esse álbum, somos muito gratos a essa obra, pois foi através dela que o Brasil nos conheceu, foi ela quem inaugurou
o metal brasileiro. Essa é nossa maior alegria vinda desse disco! Como era ser um roqueiro nos anos 70? Já que não existia o termo Headbanger, além de que existia uma dificuldade enorme de conseguir material e instrumentos, sem falar que o preconceito da sociedade era enorme nessa época. Nós roqueiros (esse era o termo) éramos pessoas raras. Havia pouquíssimos de nós em toda a cidade, eram focos dispersos em bairros distantes. Achávamos-nos especiais – nos achamos até hoje -, pelo gosto musical apurado e pelo jeito de viver diferente, com valores divergentes da grande massa. Quando ouvíamos falar que havia um roqueiro – um de nossa ‘espécie’ – morando em um bairro distante, pegávamos nossos 10 melhores LPs e íamos atrás do cara, descobríamos onde ele morara, batíamos na porta e rolava o diálogo: “És tu que és roqueiro? – Sim, eu curto rock! – Firme! Nós também somos! Trouxemos uns discos para ouvir! Égua, bacana! Pode chegar!”. E assim começava mais uma grande amizade e o movimento crescia aos poucos, na clandestinidade. Até que essas turmas isoladas passaram a se reunir nos primeiros shows do “Stress”, em meados dos 70’s. A partir daí, as reuniões deram início a um movimento real, forte e consistente, que perdurou até o final dos anos 80, quando começaram os rachas entre os rockers/headbangers, infelizmente. Mas essa parte da história eu não gosto de lembrar. Quais foram as influências da banda nessa época para moldar o som do Stress e por que tiveram a decisão de cantar em português? Como quase todos os rockeiros nascidos nos anos 60, tivemos influências bem variadas. 32
Desde Creedence, Beatles, Stones – da fase rock ‘n’ roll -, até os precursores do som pesado: Deep Purple, Led, Sabbath, Sweet, Nazareth, Status Quo, U.F.O. Mas foi a segunda levada de bandas inglesas que mais nos influenciou. As principais foram: Judas, Saxon, Iron e Motörhead. Sem plagiar ninguém moldamos o nosso som, com a cara do Stress, rápido, pesado, melódico e com conteúdo literário de alto nível. No início, chegamos a compor em inglês, “Go to Hell (Mate o Réu)”. Entretanto, quando tocamos ao vivo pela primeira vez, algumas pessoas adoraram o som, mas vieram perguntar do que falavam as letras. Nessa mesma hora resolvemos que o português era a melhor opção, tínhamos um som pesado e bem trabalhado, que deveria ganhar força extra se as letras fossem bem entendidas de primeira e contivessem mensagens relevantes. É muito mais difícil compor e cantar em português, e esse desafio nos agrada bastante. Falar abobrinhas em inglês e ainda soar bonitinho é moleza. Esse papo de que o metal tem de ser em inglês e o samba tem de ser em português é argumento vencido. Não há fronteiras para a boa música! Reza a lenda que, além de ser o primeiro disco de metal nacional, o primeiro disco da banda é o primeiro disco de Thrash Metal lançado. O que acham disso? Quando começamos a compor o nosso pensamento era: “Temos de ser mais rápidos e mais pesados do que qualquer outra banda no planeta! ”. Foi com esse pensamento surgiram “Mate o Réu”, “Sodoma e Gomorra”, “Chacina”, “O Viciado” e tantas outras. Provavelmente isso explique nosso pioneirismo nacional. Algumas dessas músicas – quer pela gravação tosca, pela velocidade, palhetadas e agressivi33
dade vocal – têm alguns elementos do Thrash. Entretanto, não era Thrash, pois nem mesmo o termo Heavy Metal nos era conhecido – era rock pauleira –, só queríamos ser o mais agressivo possível. Acho que dentro Heavy Metal mundial da época (78 – 82), poucas bandas tinham o peso que nós tínhamos. Não fosse a gravação muito ruim que tivemos, se aquele Lp de 82 fosse gravado no exterior, o mesmo teria uma qualidade compatível com os nossos ídolos gringos, poderia até ter uma repercussão internacional melhor. Quem sabe? Resumindo, o Stress I – mesmo com alguns elementos do Thrash – é puro Heavy Metal, na linha dos bretões da NWOBHM. 34
Uma das melhores histórias que cerca a banda é de que gravaram o primeiro disco em um estúdio no Rio e, como você mencionou rapidamente mais acima, tiveram que meio que “resgatar o disco”. Como foi que isso ocorreu? Gravamos tudo em 16 horas, mas ainda faltava a mixagem, segundo o técnico de gravação, cujos custos não estavam no orçamento prévio enviado pra Belém. Já estávamos putos com a qualidade final, nada parecido com os discos do Judas e Iron e ainda vem essa bomba, que teríamos que pagar mais duas horas da mixagem. Puto e duros esperamos o técnico ir ao banheiro, pegamos apenas uma fita K-7, que ele já tinha copiado para a gente, e saímos porta afora. Entramos numa estação do metrô (Central) e
desaparecemos (risos). Para nós aquilo não foi um calote, pois o resultado prometido, de alta qualidade de gravação, não foi cumprido, não se comparava aos discos do Judas e Iron. Nos contentamos com uma fita k-7 porque, ao ouvir a gravação, não pretendíamos seguir a diante com o disco, tamanha a decepção. Depois resolvemos fazer as 1000 cópias, a partir daquela K-7. Foi a melhor decisão das nossas vidas (risos). Como era sensação de toda vez que voltavam para a sua terra natal, após tocar para um público de mais ou menos 20 mil pessoas? Nosso show de lançamento desse LP, em 14 de 35
novembro de 1982, foi um evento que parou a cidade. Ver essas 20.000 pessoas lá foi especial para nós. Todas as emissoras de rádio, TV e jornais dando cobertura, foi algo memorável! Esse dia realmente poderia ser considerado o dia nacional do Heavy Metal. Nunca mais uma banda colocou esse público dentro de um local fechado aqui em Belém, é um recorde que perdura até hoje. Além do citado problema de falta de matéria e de instrumentos descentes, também havia o problema da censura na época e muitas letras de várias bandas e artistas tinham que ser alteradas. O Stress também passou por esse tipo de problema?
Quase 100% das nossas letras foram censuradas, pois os temas eram pesados, questionando a atuação do governo em relação as injustiças sociais que sempre dominaram nosso país, desde os primórdios da escravidão. Em alguns casos, tivemos de modificar as letras totalmente, para serem aprovadas. Em outras demos, o “drible”. A música “Lixo Humano” foi uma das que não passaram. Mudamos o refrão para “lixo, mano” aí, passou (risos). Apesar de toda a repressão, conseguimos manter o alto padrão das nossas letras, sempre muito elogiadas por todos. O segundo disco da banda, “Flor Atômica”, foi lançado por uma gravadora maior, o que fez o grupo aparecer em diversos meios de comunicação. Como 36
foi para a banda essa conquista e por que essa parceria não foi levada para outros discos? Mais um fato pioneiro para o Stress, conseguir uma gravadora grande era o sonho de toda banda de metal no mundo. No início de 85, com o Rock in Rio roubando a cena, bandas de metal internacionais em destaque e o movimento Rock Brasil fervilhando no Circo Voador, as gravadoras vislumbraram a possibilidade de faturar com o mercado nacional. Naquele momento o Stress era a banda de maior destaque no cenário brasileiro. Recebemos o convite da Polygram, logo depois do Rock in Rio. Foi uma grande vitória para nós e para o rock pesado brazuca. Esse disco nos tornou conhecidos em todo o país, de norte a sul. Em 86 as gravadoras queriam bandas que fizessem um rock
priorizar outras atividades pessoais. Eu voltei para terminar a faculdade em Belém. Esperávamos que o cenário pudesse voltar a brindar o rock com o som da hora, como foi durante metade da década de 80. Com o enfraquecimento do rock nacional em geral, as gravadoras resolveram explorar outros ritmos populares. Houve sim um momento nos anos 90, com o sucesso dos Raimundos, em que pensamos que o rock estava voltando. Foi aí que nos reunimos e gravamos o Stress III, que na verdade seria apenas uma demo, acabou virando um disco oficial, por sinal um excelente disco. Entretanto, o cenário rock não decolou como prevíamos. Assim, não embarcamos nessa onda que virou marola. Embora, bandas como Sepultura e Angra estivessem ganhando o mercado internacional, aqui no Brasil o rock nacional ainda estava adormecido.
mais leve, para tocar nas FMs. Ainda tentamos aliviar o nosso som, gravamos duas demos (6 músicas), mais no estilo Hard rock, mas o peso ainda era excessivo para os propósitos comerciais da nossa gravadora. Resolvemos que não era mais possível mexer no som da banda, afinal éramos uma banda assumidamente Heavy Metal. Assim, rompemos amigavelmente com a gravadora. A banda acabou logo depois desse disco e voltou em meados dos anos 90, lançando seu terceiro disco de forma independente, mas logo acabou novamente. Os anos 90 foi um período bem ruim para o metal em geral. Por acaso acham que voltaram na época errada? Nunca assumimos que acabou, resolvemos 37
O Stress participou do documentário Brasil Heavy Metal e inclusive compôs e gravou o tema do documentário. A música e o clipe têm a participação de vários vocalistas lendários da história do som pesado nacional. Como foi o convite e elaboração para essa gravação e como é o relacionamento do Stress com essas outras bandas da época? Fomos convidados a gravar uma música para entrar na coletânea do filme, entre as 14 que lá estarão. Pensamos em enviar “Coração de Metal”, já gravada e hino nacional da banda. Todavia, eu pensei em fazer algo que representasse a todos que construíram a cena oitentista, os pioneiros: bandas, artistas, jornalistas, fãs e etc. Em pouco tempo compus o “Brasil Heavy Metal”. Reunimos o Stress e gravamos em fevereiro de 2009. Envie ao Micka Michaellis, como a nossa faixa que faria parte da coletânea BHM. Imediatamente ele me li-
gou, emocionado, disse que tinha ido às lágrimas ouvindo aquela música, que se identificou de imediato com a mensagem e a sonoridade oitentista da mesma. Conversamos bastante e ambos nos emocionamos, criamos naquele momento uma amizade que perdura forte até hoje. Pouco tempo depois ele me liga dizendo que teve uma ideia, que aquela música seria a música tema do filme, que nenhuma outra teria a chance de ser melhor representativa do projeto, e que queria minha autorização para gravar um clipe, com vários vocalistas das antigas, cada um cantando um trecho. Claro que achei a ideia fantástica, autorizei na hora (risos). Sobre a nossa relação com as bandas daquela época, por incrível que pareça, não conhecemos tantas assim. Nosso meio eram mais as bandas cariocas e algumas mineiras. Só vim ter contato mais direto com os paulistas durante as gravações desse projeto BHM, quando nos encontramos para as entrevistas. Posteriormente, nos reunimos para alguns shows do projeto Super Peso Brasil, no Rio e em São Paulo. Foram reuniões fodásticas, conheci muitos artistas e personalidades ícones do metal brasileiro. Me tornei amigos de muitos deles e o respeito mútuo é grande. Existe uma união de verdade entre nós, cultivada desde os primórdios, quando as bandas tinham consideração real com as outras. Em 2013 foi lançado um tributo à banda no Brasil e Europa com diversas bandas nacionais, algumas lendárias como Metalmorphose, Azul Limão, Salário Mínimo e Taurus. Como foi o sentimento de receber uma homenagem como essa? Quando uma banda, um artista, uma pessoa recebe uma homenagem desse nível é o momento em que a gente reflete sobre o que nos 38
levou a merecer isso. É verdade que nossa história daria um livro, com tantas batalhas vencidas, barreiras quebradas, sob condições incrivelmente adversas. Mas daí a chegar a ter um álbum Tributo… seria inimaginável! O melhor disso tudo é ouvir as gravações de nossas músicas, feitas por colegas, verdadeiros ícones do rock nacional, que poderiam muito bem ser os homenageados. Essa consideração dos colegas nos emociona e nos enche de gratidão. O álbum “Tributo ao Stress” é uma obra incrível, maravilhosa mesmo. Deveria fazer parte da coleção de todo headbanger brazuca. É um grande marco e orgulho na
nossa carreira. O último lançamento da banda foi a música “Heavy Metal é a lei”. Podemos esperar mais músicas nessa linha? E pretendem lançar um disco completo? Temos muita dificuldade em nos reunir para gravar, pois moramos em cidades diferentes. Devido a isso, já há algum tempo, optamos por gravar singles – “Coração de Metal” (2005), “Brasil Heavy Metal” (2009) e “Heavy Metal é a Lei” (2014). Foi a forma que encontramos para manter o nome da banda na ativa – além dos shows – e mostrar as novas criações. Temos músicas suficientes para gravar um full 39
álbum inédito, todas de alto nível. Esperamos superar esse problema da distância, para realizar esse projeto, tão esperado por nós e por muitos fãs da banda. Por ser uma banda com tantos anos de estrada, vocês viram praticamente de tudo dentro da cena metal. Qual a opinião de vocês sobre o Metal hoje em dia, e o que acham dessa toda subdivisão do estilo com tantos gêneros como Black, Death, Thrash, etc? Começamos a tocar em uma época em que a nação roqueira era bem unida. Era um grande prazer conhecer um outro ser que curtisse
o mesmo som alternativo que você. Isso nos tornava uma grande unidade, muitas amizades verdadeiras se formaram nos idos dos 70/80’s. Vejo com muita tristeza e incredulidade esse racha generalizado entre os fãs do metal, as subdivisões (de fãs e não de estilos) foram extremamente prejudiciais ao movimento. Ganhamos em números totais, mas perdemos em força. Apenas os shows internacionais conseguem reunir multidões, é quando as tribos do metal parecem que esquecem as picuinhas e resolvem se encontrar. Tudo é motivo de discórdia: e stilo, roupa, religião, cidade… enfim. Acho que não há no universo um estilo musical tão adorado e tão desunido como o metal, um antagonismo inexplicável. A única coisa que me alegra nisso tudo é que eu tive minha juventude no momento certo, fui 40
um roqueiro (esse era o termo) privilegiado. Esse último lançamento foi gravado em vários estúdios diferentes devido aos integrantes morarem em cidades diferentes. Em que isso dificulta a vida da banda? Para mim, banda de rock/metal tem de gravar juntos, olho no olho, sentindo a energia fluir de cada músico, transpirando adrenalina e tesão. Como conseguir isso gravando um de cada vez? Um em cada local? Isso não condiz com o espírito do rock ‘n’ roll. Por outro lado, a tecnologia permite que a gravação “segmentada” possa ser feita à distância, para não privar o artista de produzir material novo. É bem difícil para nós lidarmos com esse problema, afeta até nas composições, já que as parcerias
ficam limitadas, é cada um compondo isoladamente, pouca interação de toda a banda. O que podemos esperar do Stress em 2016? Em 2016 gravaremos material novo, não sei quantas músicas, mas teremos som inédito do Stress na área. Quem sabe um full álbum? Teremos o lançamento do Brasil Heavy Metal que vai gerar uma série de shows das bandas envolvidas. Quem quiser um show do Stress em sua cidade pode agendar que estamos muito a fim de soltar a porrada (risos). Espaço para agradecimentos especiais e palavras finais. Todos os dias, ao levantar, agradeço a Deus por tudo que ele me deu, pelos caminhos que 41
me mostrou e por onde me guiou, pelo que me ensinou e pelo que ele ainda tem para me mostrar. Agradeço à minha família pelo amor, pelo apoio incondicional e irrestrito. Parceria vitalícia. Agradeço a todos que curtem e reconhecem o meu trabalho, que apoiam a minha carreira de músico, cantor e compositor. Especialmente aos colegas e amigos de bandas, meus inseparáveis e incansáveis parceiros de batalhas. Valeu à Black Legion Productions e Alex Chagas, pela melhor assessoria do Brasil. Um pesado abraço a todos que reservaram seu tempo para ler essa matéria. Fiquem com Deus! Acompanhe o Stress no Facebook.
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Sala Razzmatazz, Barcelona Data: 08/02/2016 Texto e foto: Mauricio Melo
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mundo do Metal já não é o mesmo. Bem, disso já sabemos há muito, mas a mutação continua e é esperar para ver onde tudo vai parar. Uma das melhores versões que o mundo do Metal pode oferecer, para tirarmos conclusões, é o atual show dos australianos Parkway Drive. Sempre me vêm à cabeça aqueles memes: “O que meus amigos pensam que é. O que meus pais acreditam que é. E o que realmente é”. Nos dias atuais, quando um jovem fala para os pais que vai a um show de Metal, logo devem imaginar aqueles caras de cabelos compridos, vestidos de preto, com aquela voz aguda e um público igualmente vestido e em algumas ocasiões beirando o caricato. Mas não, o mundo mudou e independentemente, se você acha que foi para melhor ou pior, o fato é que mudou. Os cabelos já não são longos, as letras já não falam de escuridão e sim da luz, de positividade. Aconteceu o mesmo quando queríamos que o punk fosse popular, pensávamos que nossas bandas “sujonas” favoritas iriam reinar, daí vieram as gravadoras e apresentaram um monte de bandas que não matam uma mosca como “punks”, mas que tem lá seu público e algumas são verdadeiramente boas. Encontramos com uma juventude milimetricamente vestida para a ocasião, de cabelos arrumados, tatuagens perfeitas espalhadas pelo corpo, ainda que não fosse difícil de encontrar algum old school local circulando na sala. Um público já vibrante com o show do Thy Art is Murder que, por sinal, iniciou suas atividades antes do horário marcado. Não tivemos muito tempo para assisti-los, mas do 46
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pouco que vimos percebemos um público bem vibrante e uma banda bem articulada no palco. Como segunda opção da noite, tivemos os britânicos Architects, que preenchem de sobra o perfil mencionado acima. Agora já sabemos de onde vem tal influência. Abriram a noite com “Gravedigger”, misturando os tradicionais breakdowns do metal atual, melodia e até mesmo uma veia hardcore. A galera cantou com o quarteto por uns quarenta minutos. Na música “Broken Cross” tivemos um público 48
feminino muito dedicado à letra. Não poderíamos esperar menos do quinteto Parkway Drive apresentando seu melódico álbum, “Ire”. Destacamos a palavra melódica porque se fizermos uma comparação da última vez que acompanhamos de perto o grupo no ano de 2007, quando humildemente apresentavam seu segundo disco “Killing With Smile” numa pequena sala em Barcelona, para o momento atual percebemos uma grande diferença do que foi visto neste mês de fevereiro diante de milhares de pessoas. Compreende-
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mos instantaneamente que só havia dois caminhos após o excelente álbum “Atlas”. Era pegar ou largar, fazer um metal mais “comercial” e estar numa turnê como esta ou não ir além do que já tinha em mãos, um bom público, mas que dali não passaria. Desde a abertura com “Destroyer”, e mais adiante com “Vice Grip”, o entendimento da proposta foi clara e absoluta se considerarmos a adesão do público. Uma manobra que deu certo para o grupo, porque trouxe mais audiência para músicas mais antigas e mais porradas como é o caso de 49
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“Karma” de Deep Blue, “Idols and Anchors” e “Carrion” do disco “Horizons”, algumas das canções mais antigas apresentadas no setlist. Enquanto isso, na linha de frente, o público se deliciou, surfou por cabeças alheias, formou circle pits e seguiram a risca o script previamente imaginado por todos. O quinteto tem o perfeito domínio da situação e não será difícil imaginá-los como um dos grandes nomes dos próximos festivais europeus.
Por Alexandre Afonso | Foto: Banda/ Divulgação Como tudo começou? Conta para nós. Isabela Eva - Depois de uma temporada morando em Brasília, onde convivi com grandes nomes do rock de lá, cheguei a montar uma banda também. No Rio estudava canto e compunha. Fui para Goiânia e lancei um álbum solo. Depois de ouvir o resultado eu queria algo mais pesado. Fui atrás de alguns trabalhos que estavam sendo feitos em Goiânia. Conversei com uma galera que estava envolvida com o metal e montamos uma banda que, 50
inicialmente, seria cover do Guns. Foi quando conheci o guitarrista Luis Maldonalle e veio a ideia de fazer uma banda autoral. Eu estava com várias ideias musicais prontas. Sempre ouvi as grandes bandas como Metallica, Gun’s N Roses, Iron Maiden, Queen, etc. Apesar de toda mudança do mercado fonográfico atual, essas bandas, como muitas outras, continuaram fazendo o que sabiam e com um público sempre fiel. O ACDC, por exemplo, continua batendo recordes com suas turnês mas os ca-
ras seguram uma essência, uma simplicidade. Ali a música é o que vale. Gosto de bandas assim. E acho que todas essas referências são essenciais para qualquer banda. Qual significado da banda para você? Poxa que pergunta difícil! Acho que tudo, né? A música pra mim sempre foi essencial. E essa coisa de poder fazer parte de uma banda autoral sempre foi uma utopia pra mim. Mas aqui na banda ela ficou bela. 51
Como foi sua trajetória musical, já tocou em alguma outra banda antes? Desde muito cedo a música sempre foi minha melhor saída para tudo. Uma grande amiga para todas as horas, principalmente nas piores. E a partir disso meu interesse por instrumentos foi imediato. Ganhei um violão na adolescência e não parei mais de compor. Em paralelo estudava guitarra, piano e técnicas vocais. Confesso que achava meio chato essa coisa de ficar nas aulas teóricas e tal. Criei uma técnica particular com meu violão afim de compor as melodias para minhas letras. Foi ainda em Brasília que fui, com uma amiga, conhecer o trabalho dela em um coral e o maestro me convidou para um teste. Nem entendi, mas topei. Acabei virando solista por um tempo. Ele abominava minha obsessão por compor e ter banda. Falava que eu tinha que ser uma intérprete. Que eu tinha esse dom em mim. Eu estudava teatro já. Mas ainda bem que não ouvi o cara e continuei a compor. Montei uma banda em Brasília e depois no Rio. Mas não rolou nada de concreto. Foi aqui em Goiânia mesmo que vi esse caminho fluir. Como falei anteriormente, cheguei a gravar um cd solo. E quando conheci essa galera do metal, inclusive o Maldonalle, a banda surgiu de verdade. O Bella Utopia chegou a ter outras formações por um tempo. Tinha um temperamento um pouco complicado. Mas desde que o Luis voltou pra banda resolvemos investir nessa história da banda novamente e foi assim que surgiu o “Dilema do Prisioneiro”. A Bella Utopia tem um álbum lançado “Dilema do Prisioneiro”. Como foi desenvolvido esse trabalho? Esse trabalho iniciou com algumas ideias que eu tinha de letras e melodias. Mas aí eu passei
para o Luis, ele assumiu a parte musical e eu fiquei com as letras. Quanto a esse tema “Dilema do Prisioneiro”, a ideia surgiu depois que eu vi um material na internet sobre o tema. Até a foto da banda para o projeto, dentro de uma cela real, eu tirei dessa concepção. Acho que sempre foi e continua sendo um tema bem atual, já que somos todos prisioneiros de uma situação. O produtor Gustavo Vazquez já havia gravado com a gente anteriormente. E ele veio me desafiar para fazer uma voz mais gutural para esse projeto. Trazer uma verdade mais bruta. E as peças se encaixaram. E desde que o CD foi lançado, pela gravadora paulista Megahard, estamos recebendo muitas resenhas positivas e vários convites para coletâneas e festivais. Apesar do título, esse CD acabou libertando a banda de algumas amarras. O que, 52
para mim, foi irônico. Por que cantam em português? Desde quando ganhei meu primeiro violão, quando ainda morava em Brasília, eu tinha esse ritual de compor em português, mesmo só escutando as bandas gringas. Quase nasci nos Estados Unidos. E acredito nessas influências uterinas. Mas acho assim, moro no Brasil e quero passar as minhas mensagens falando minha língua pátria. Simples assim! Tenho muitas ideias de melodias em inglês também. Mas no papel eu vou do bom e velho português mesmo. Como são feitas as composições da Bella Utopia? Sempre fui acostumada a compor de uma forma muito solitária. Mas com essa nova forma-
ção a banda passou a compor junto. Esse CD “Dilema do Prisioneiro” foi todo feito em parceria minha com o guitarrista Luis Maldonalle. Mas o produtor Gustavo Vazquez teve um peso grande também no resultado final, assim como o Junão (batera) e o Rickson (baixo). Quais são suas influências? Sempre escutei muito rock e metal. O Guns’NRoses foi uma banda muito importante na minha formação musical. O Axl Rose acho um grande vocalista e compositor. Mas posso citar como as principais: Metallica, Guns, Slikpnot e tenho escutado muito também In this Moment. Agora, de uma forma indireta, tem muita banda nova, ou que eu não conhecia, que depois que escuto a sintonia é imediata. Por isso é sempre bacana ouvir as rádios atuais e sacar coisas novas e que de alguma 53
forma podem servir de inspiração. Sem puxar saco, mas a Rádio Rock Freeday tem feito isso desde que passei a ouvir. Muita coisa bacana e de peso. Uma boa e pesada música. É disso que eu necessito! Quais os planos da banda no momento? Continuar a divulgação do cd. E nunca perder a inspiração para os projetos futuros. A música não pode parar. Deixe um recado para seus amigos e fãs da Bella Utopia. Galera não deixem de acessar nossa página no Facebook. O CD também pode ser adquirido por lá ou no site da gravadora Megahard. Twitter. Instagram.
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Por Vitor Santos (Imprensa do Rock) Fotos: Banda/ Divulgação
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banda D’HanKs é uma das forças da região Sul-fluminense do estado do Rio de Janeiro. Uma banda bem variada dentro de várias vertentes do Rock. Chegaram ao seu terceiro disco recentemente e vem agradando fãs dos mais váriados gostos. Conversamos com a vocalista, Angélica Ribeiro, e saber o que tem em mente para o futuro da banda e algumas curiosidades da sua história. Como surgiu à banda? Quatro dos cinco integrantes atuais, eu, Rogério, Foca e Sorvete, estudávamos juntos no ensino médio, na Escola Técnica Pandiá Calógeras, aqui em Volta Redonda. Os três se juntaram para um trabalho de inglês no segundo ano, somados ao Lipin, amigo de infância do Gério, na bateria. Desde então eles começaram a perceber o gosto em comum pela música. Eu fui convidada para uma participação especial no primeiro show da banda, mas desde o início levei algumas composições que até entraram no primeiro EP. Desde o primeiro ensaio eu fiquei (risos)! O Lipin saiu depois de dois anos de banda, pois estávamos começando a levar “muito a sério” e não era a intenção dele. E assim conhecemos o Felipe. Ele está com a gente há tanto tempo que nem consideramos mais como uma alteração. Foi só uma entrada tardia, até porque todos os EP e CD oficiais têm a pegada e a assinatura dele nas baquetas!
cal acaba mudando um pouco de um vocal para o outro? Existe dificuldade na hora de compor alguma composição ou já se habituaram nisso tudo? Ah, nós já nos acostumamos. A gente curte muitas vertentes do rock, então nunca procuramos nos fixar só em uma. Por que precisa ser assim, né? Temos tanto a explorar. Quanto a ser vocal feminino ou masculino, para a gente já é tão natural que nem tem como sentir algo que incomode. Para nós, o que importa é fazer música que consideramos boa, legal e verdadeira com aquilo que acreditamos e gostamos!
Como é ter uma vocalista feminina na banda, visto que muito do estilo musi-
Vocês foram convidados a participar como trilha sonora do filme “Em Nome
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da Lei”. Como foi o processo de seleção, qual a faixa escolhida e como foram os preparativos? Isso foi demais! Estamos super animados! Uma das pessoas da produção conhecia a banda e sugeriu para o diretor, que estava procurando uma música específica para uma cena mais de ação, pelo que me parece. Então, entraram em contato conosco e eu fiquei muito feliz. É uma versão instrumental de “Hora da Insônia”, que está no nosso segundo CD, o “Mil Faces”. Apesar de não ter minha voz, a melodia vocal foi traduzida na guitarra solo do Foca, então de alguma forma eu estou bem ali! Hahaha! O que vocês acham que diferem de vo57
cês das outras bandas? Nós não fazemos questão de ficar em apenas uma vertente do rock. Passeamos por várias. E agora no terceiro CD conseguimos fazer isso de uma forma especial, porque sentimos nossa identidade bem definida – por isso o nome do álbum é Veredicto – e ainda continuamos com essa caminhada entre as vertentes do rock. Gosto muito disso, em nós, modéstia à parte (risos)! Quais são as influências de cada banda? Ih... Temos tantas, haha! Não excluímos absolutamente nada da preferência pessoal de cada integrante. No final temos algumas em comum que acabam por determinar mais al-
gumas coisas, como System of a Down, Evanescence, Halestorm, Ozzy Osbourne, Foo Fighters... E nas preferências pessoais a gente encontra desde Heavy Metal e Metal Progressivo até Punk Rock Californiano, Pop, Surf Music e Indie, como Florence + The Machine, por exemplo. E clássicos também tem se feito mais presentes na hora das inspirações, como Queen, Led Zeppelin... Enfim, são muitas! Hahaha! De nacional, não há como negar que a Pitty é pelo menos uma inspiração! A banda tem uma vontade muita interessante em fazer vídeos, inclusive no início eram dirigidos e editados pelos membros. Qual a intenção e de onde vêm tantas ideias? Nós adoramos fazer videoclipes. Acho que grande parte da nossa geração cresceu assistindo a vídeos de bandas e artistas por aí! Eu sempre achei demais essa conexão entre a mú-
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sica e o vídeo, essa vida a mais, essa extensão da música, por meio de outra arte. Além disso, é muito divertido e legal transmitir a mensagem dessa forma. Eu gosto de me envolver em diferentes áreas de arte, então as ideias vão surgindo sem muito controle! Têm outros bem simples das primeiras músicas, mas eram só vídeos com fotos e/ou gravações em estúdio, mas desde “Rainha do Drama” e exceto por “Me Levar” e alguns detalhes de “Depois de Tudo”, todos os vídeos tiveram pré-produção e roteiro ou ideia inicial minhas! Eu me divirto demais criando as histórias, os visuais e fazendo toda a pré-produção dos vídeos. Chego com a ideia para os meninos e eles sempre topam e se empolgam também! A gente descobriu que hoje em dia, por conta da velocidade com que as coisas mudam e acontecem, as pessoas mais jovens, por exemplo, não têm muita paciência ou tempo de ouvir um álbum inteiro. Fazendo clipes, por outro lado, desperta-se uma curio-
sidade e aos poucos todos vão conhecendo as músicas. Tem funcionado tão bem que, ao fim da gravação do CD Veredicto, combinei com os meninos de fazermos um vídeo para cada música. E até agora o projeto está indo super bem! Considerando a evolução de todas bandas, os vídeos estão mais conectados coma as músicas. Quais clipes consideram os melhores e os com menos força? Eu acho que todos os vídeos têm uma forte conexão com a música. O que está mudando agora, na verdade, é o nível de produção! Estamos mais experientes e temos contratado parceiros produtores para nos ajudar a pôr as ideias em prática. O clipe mais visto e conhecido da banda, até porque passa no canal Bis desde 2014, é o de “Silêncio”. E, sinceramente, todos têm uma aceitação ótima das pessoas que curtem a banda. Cada um tem sua carac-
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terística. Só fizemos um engraçado até hoje, mas é um dos favoritos do pessoal, justamente porque a gente está divertido e bem caricato (Sua Menina). “Chore” e “Hora da Insônia” são bem queridos também. Outros também estão no Bis, estrearam no Multishow ou na MTV, passam na PlayTV e as pessoas elogiam muito: “Ressurgir”, “Veredicto” e “Me Levar”. Em breve, “Depois de Tudo” vai entrar nessa lista também. Os mais antigos são queridos de quem nos segue há muito tempo. Os mais simples, feitos só pra ilustrar a música e não deixá-la “passar batida”, talvez sejam os menos notados (como “Utopia” e “Invisível”, por exemplo). Mas quem assiste comenta e gosta bastante também. Enfim, como eu disse, cada um tem sua peculiaridade, então fica difícil definir qual é mais expressivo ou menos. Quais as mensagens que o D’hanks se preocupa em passar para os fãs?
Fotos: Yuri Sibucks
Especialmente a de que ninguém está sozinho. Falamos sobre a relação de cada ser humano com a vida e outras pessoas, por diversos ângulos. E muitas vezes temos a sensação de que só nós passamos por certa experiência ou sentimos certa dor. Cada um sabe pelo que está passando, mas ouvindo as músicas, eu acredito que as pessoas conseguem se relacionar e descobrir. Ao conversar com a gente ou com outros seguidores da banda, que muito do que sentimos, pode até não ser legal, bom ou cem por cento feliz o tempo todo. Desde os sentimos bons como amor, compaixão, empatia àqueles mais sombrios como depressão, ansiedade, rancor, chegando aos mais mórbidos como pensamentos suicidas, por exemplo. Muitas vezes, passamos essas mensagens de forma suave, sutil, mas acredito que conseguimos nos comunicar bem. Existe algum gênero em específico ao qual vocês se auto rotulam ou é algo indefinido, apenas o bom e velho Rock N’ Roll? Levando em consideração tudo o que eu já disse até agora, eu sempre digo que D’HanKs é Rock n Roll e pronto. Acho desnecessário e perigoso até colocar nosso som numa única “caixinha”. Acredito que, fazendo isso, muito das nossas principais características se perderia. Deixem um recado para os fãs e leitores. Sucesso! Eu não só preciso, como sempre gosto muito de agradecer de coração por todo carinho e apoio de todos vocês que estão conosco ao longo destes quase 13 anos ou começaram a nos acompanhar no meio do caminho. Nós fazemos música porque amamos. E é com a força e apoio de vocês que conseguimos superar todas as infinitas dificuldades desta área, especialmente nos dias de hoje, em que o rock anda subestimado pelas grandes mídias. Obrigada mesmo! E para aqueles que não nos conhecem, espero que possam nos dar o prazer de sua atenção e, quem sabe, em breve, a gente não se encontra conversando sobre música por aí! =) 60
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Fotos: Jatzi Nieto
Apresente-se! Olá a todos, o meu nome é Mike LePond, e eu sou o baixista das bandas Symphony X e Mike LePond´s Silent Assassins. Quem era você no começo da carreira e quem é você hoje? No começo de minha carreira eu era um bom músico, entretanto sem experiência alguma na indústria musical. Hoje em dia, eu sou um músico e compositor bem melhor que antes e adquiri um imenso conhecimento sobre o lado dos “negócios” na música. Algumas coisas somente aprendemos com o tempo. Já realizou todos os seus sonhos? Ainda falta algum? Se eu morresse amanhã, eu poderia dizer que conquistei todos os meus sonhos. Eu gravei e realizei turnês com algumas das melhores bandas de metal do mundo e ainda consegui agora lançar o meu projeto solo. Meus sonhos ainda continuam, gostaria muito que o Sym62
phony X ganhasse algum Grammy e eu quero poder tocar ao vivo com o Silent Assassins.. Do que você tem medo? Meu maior medo é um dia acordar e não existir mais carreiras musicais a seguir. Música é tudo o que eu sei, então eu rezo para que esse dia nunca chegue. Quando era criança o que você dizia que iria ser? Eu dizia para todos que iria ser um jogador de futebol americano quando crescesse. Quando eu entrei no ensino médio, eu comecei a escutar Rock e Heavy Metal no geral. Meu interesse pelos esportes aos poucos foi desaparecendo e eu passei a querer ser um rock star ao invés de um jogador de futebol americano. Qual foi a sua maior realização pessoal? Minha maior conquista pessoal aconteceu em 1999 quando eu me juntei ao Symphony X. Antes deles eu nunca imaginei poder estar em uma grande gravadora com uma banda que realiza turnês. Eles poderiam ter escolhido qualquer baixista do mundo, mas eles escolheram a mim e eu nunca me esquecerei disso! Qual foi o seu pior momento? Alguns dos meus piores momentos acontecem nos palcos também, pois eu sofro da Doença de Crohn. Essa doença causa uma extrema dor em meu estômago, então muitas vezes durante uma turnê, eu tenho que tocar com uma dor terrível, mas eu já me acostumei e contorno essa dor. Qual cd você gostaria de ter feito? Fale sobre ele. 63
Não consigo pensar em nenhum. O que te motiva? Quando eu vejo alguns Rock Stars ainda tocando e o resultado é algo foda mesmo depois de velhos. Isso me dá motivação para seguir em frente e tentar ser como eles, pois eu imagino que se eles podem eu também vou conseguir. Então eu me cobro muito para me tornar cada vez melhor. Houve algum momento na sua carreira que você pensou em desistir? Antes de entrar no Symphony X houve muitas vezes em que eu acreditei que não realizaria os meus sonhos e quis desistir. Então, percebi que se fizesse isso me arrependeria pelo resto da minha vida. Eu me sinto aliviado de ter continuado tentando pois eu finalmente consegui. Qual são as 5 bandas que você mais gosta? - Kiss (Alive II)- Foi o álbum em que tudo começou para mim - Iron Maiden (Killers)- Um dos melhores de todos os tempos. - Manowar (Battle Hymns) – Me mostrou o que o Baixo é capaz de realizar. - Judas Priest (Unleashed in the East)- Foi como comecei a bater cabeça. - Black Sabbath (Master of Reality)- Os melhores riffs da história do Heavy Metal Diante de tantas dificuldades, o que te inspira a continuar na música? Nos dias de hoje a música está sendo destruída pelos downloads ilegais, as gravadoras estão falindo e as bandas estão acabando devido à falta de dinheiro entrando. Eu tenho que continuar por um único motivo: música é 64
tudo o que eu sei e tudo o que eu quero fazer, não consigo ver a mim mesmo fazendo outra coisa. O que “Mike Lepond’s Silent Assassins representa para você, antigo sonho? O Heavy Metal tradicional sempre foi a minha maior paixão e eu queria muito lançar um álbum deste gênero. Então, finalmente em 2011, eu tive uma chance, pois durante o lançamento do álbum do Symphony X, o “Iconoclast”, eu tive o tempo necessário para escrever o álbum, afinal ficamos durante dois anos em turnê. Você escolheu tocar baixo. Quem foi o seu ‘mentor’? Aconteceu aos 13 anos. Gene Simmons foi a minha maior inspiração para tocar baixo. Conforme fui crescendo, fui conhecendo outros grandes baixistas como Steve Harris, Geezer Butler e Geddy Lee. Mas meu principal mentor foi Joey Demaio do Manowar. Existe algum tipo de ritual antes de subir ao palco? Eu não tenho nenhum ritual. A única coisa que faço é relaxar cerca de 30 minutos antes de irmos para o palco. Todo mundo tem uma mania, qual a sua? Não consigo pensar em algum hahaha Deixa aqui uma mensagem para nossos leitores. Muito obrigada! Para todos os amigos e fãs do Symphony X e do Mike Lepond´s Silent Assassins: muito obrigado por todos esses anos de lealdade e apoio. Eu amo todos vocês e verei vocês na turnê este ano.
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Insist
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Texto e Foto - Mauricio Melo Local: Ateneu Nou Barris, Barcelona Data: 16/01/2016
A
brimos o ano marcando nossa tradicional presença do festival local, Can’t Keep Us Down, mais conhecido pelas iniciais CKUD. Uma leva de boas bandas espanholas misturadas a algumas estrangeiras que sempre figuram no cartaz. Não são muitas, mas nunca é bola fora, sempre certeira. Por motivos de força maior, somente tivemos tempo de conferir o segundo dia de evento, mas nada que diminua a intensidade de nossa cobertura. Chegamos cedo para conferir o show da banda Destierro e seu punk rockão cantado em espanhol. O trio é formado por figuras conhecidas e habituais em outras bandas de Barcelona e apesar do horário, ainda conseguiram chamar bastante atenção. Quem também teve pouco público foi o quarteto vindo da cidade de Tenerife, Identidad. Outro grupo com letras em espanhol e que esbanjou intensidade com temas como “Diferentes Actitudes”, os rapazes não deixaram pedra sobre pedra e afirmo: quem não chegou cedo perdeu a atuação. Talvez o público esteja jogando com o calendário já que muito em breve o grupo visita Barcelona para uma nova apresentação. Mesmo o Kids of Rage que vem recebendo grande destaque dos veículos locais e nacionais por seu bom e recém lançado dis-
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Destierro
Kids of Rage
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Orden Mundial
Constrict
co, “Whatever May Come”, não teve o privilégio de ter um público massivo, porém à altura de seu bom show. Não éramos tantos, mas o suficiente para dividir coros no microfone e os primeiros stage dives começaram a surgir. O quinteto foi sólido durante todo o set, com destaques para os guitarristas Jorge e Cézar que deixam o hardcore da banda bem polido, está aí uma banda que veio chegando de mansinho e que entrou de sola com temas como por exemplo “Tears I Shed” e “Like Home”. Quem não esteve para meias palavras foram os britânicos do Insist, apesar de um set bastante curto, possivelmente por não conterem uma quantidade de músicas para fazê-lo mais longo e as poucas que possuem não chegam a dois minutos, não necessitamos detalhar que o mesmo foi intenso diante de um público mais numeroso e furioso. Hardcore porradão, berrado, grosso, nada que não tenhamos visto antes, mas sempre bom ver renovado, com novas caras. Quem não deixa mesmo a peteca cair, e sempre nos oferece um lindo show, é o quarteto catalão Col.lapse. Jogando em casa é garantia de jogo ganho, mesmo que no meio da apresentação, e com as novas composições, o público fique tímido, mas nada que o mítico e esperado encerramento com “No Importa” não consiga ofuscar. Outro quinteto que ganhou muita força, se compararmos suas apresentações nas duas edições passadas com a atual, foi o Constrict. A banda lançou disco novo mês passado. “Suffocation of the Soul” e o público local já tem
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Col.lapse
as letras na ponta da língua desde a primeira música. “Unashamed” que abre o disco do grupo, Hardcore XXX em estado puro tendo o vocalista Jarque Losada em noite inspirada. Agora, sabe aquele punk sujão vindo da década de oitenta? Pois então, dá uma acelerada nele, distorce um pouco mais e aí se chega ao Onden Mundial, um quarteto vindo de Palma de Mallorca e que fez um show memorável. O público já estava insano naquele momento, velhos punks apareceram para arremessar latas de cerveja, o circle pit estava montado e
mesmo os straight edges não torceram o nariz e berraram juntos. Para fechar a noite e o festival tivemos os Finlandeses do Foreseen apresentando seu álbum “Helsinki Savagery”. Pode ser que o estilo fuja um pouco do perfil do festival, o quinteto é bastante metal, mas carrega aquela sujeira punk nos coturnos, algo parecido ao que faz o Toxic Holocaust. Todo mundo chutou o balde e chutou tudo, diante do palco havia uma maçaroca de braços e pernas, cervejas voadoras, tênis perdidos e até mesmo um par
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de exaltados, nada que uma intervenção do vocalista não solucionasse. Os bonecos quando viram o tamanho do cidadão com cara de bronco logo fizeram as pazes. Uma vez mais a organização do festival acertou na escolha e na mistura de estilos dentro do festival, mais uma vez o público compareceu, vendeu e comprou produtos relacionados à música (camisas, discos, adesivos, etc) e digo que mais uma vez foi um orgulho participar tanto do evento quanto na preparação do mesmo.
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P.R.O.L
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Disola
Texto e Foto - Mauricio Melo Data: 20/12/2015 Local: Subúrbio Alternativo, Brás de Pina, RJ
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m uma das últimas tarde de domingo de 2015, tivemos a oportunidade de conferir de perto o lançamento do primeiro CD da coletânea da Liga Hardcore do Rio de Janeiro, um projeto pra lá de interessante e independente, com ótimas intenções de divulgar o trabalho de bandas Hardcore e suas vertentes. Não se limitando apenas a bandas cariocas, mas abrindo espaço para grupos de todo território brasileiro, algo como tem em Barcelona e sua forte cena local, também com os franceses da Tafeu Taf e Secret Place (Home of Underground) de Montpellier. O verdadeiro Do It Yourself como sempre foi definido, já não necessitamos, e nem podemos, esperar por espaço e grandes produtoras, gravadoras e selos de distribuição. A velada se deu no melhor espaço que a cidade do Rio de Janeiro possui agora mesmo, Subúrbio Alternativo, o famoso bar do Terror. Não gente, não é aquele grupo de Los Angeles liderado por nosso amigo Scott Vogel e sim outro amigo, produtor, DJ, pioneiro da galera metal dos anos 80, que decidiu abrir um bar há 3 anos e já se tornou referência, um verdadeiro CBGB made in Brás de Pina, com muito orgulho é claro. A primeira banda a pisar no boteco e suar a camisa foi o trio Disola. Desde os primeiros acordes percebemos que não haveria
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Setor Bronx
Protesto
Setor Bronx
Protesto
NDR
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tempo ruim, ritmo acelerado, riffs secos e diretos, além de um certo humor nas letras. Como escrevemos acima, a Liga Hardcore abre espaço para as vertentes e neste quesito o Setor Bronx se encaixou perfeitamente. Quem não chegou cedo para prestigiar o evento perdeu a apresentação de uma banda que tem tudo para estar forte no cenário nacional. O Brasil há muito necessita de uma renovação, de um grande nome para resgatar aquele estilo vintage dos anos 90. Há muito talento na pista para ser ignorado e viver de reuniões de antigas bandas ou idolatria eterna dos dinossauros, com todo o respeito a todos eles e sua história, mas o Setor Bronx chegou de sola. Estão no mercado com o disco “Amplifica” e porradões como a “A Menor Prisão do Mundo” e “Hasta La Victoria”. A rapper mineira Rosa fez uma linda participação já em reta final de apresentação, se tu não acreditas o Setor vai te dizer. Na sequência, a banda Protesto Suburbano deu uma grande mostra de seu potencial e de grandes petardos que o disco “À Margem da Sociedade” possui, entre elas os temas “HardCore” e se não me engano “Ouro de Tolo”, aquele bom e velho Hardcore criado ainda nos anos 80 foi bem exposto na noite na pele do Protesto Suburbano. Outra banda que chamou bastante atenção foi a P.R.O.L. (Pensamento, Respeito e Orgulho Latino) por seu estilo “gringo” de ser, com nítidas influências de bandas como Agnostic Front, Hatebreed e Madball. O voca-
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Disola
P.R.O.L
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lista Marcelo despejando disposição com saltos irados, tendo o baixista e guitarrista com backing vocals muito bem postados, além de um baterista com bastante firmeza. Participam na coletânea com a música “Resistência” que obviamente esteve no setlist. A banda faz um ótimo trabalho e seria muito bom vê-los num intercâmbio com grupos da Europa, está aí uma banda que faz o perfil de muitos dos shows organizados na cena Hardcore de Barcelona. Para fechar à noite tivemos a intensa apresentação do New Day Rising e um Renato Rasta decolando dentro do bar. Os saltos eram tão altos que suas rastas tocavam no teto do Subúrbio, por momentos nos fez lembrar da época áurea do Bad Brains. Bom destaque também para os guitarristas Licco e Maycon com excelentes melodias em seus riffs. Apesar de não ter recebido um grande público o saldo foi e sempre será positivo, o grande objetivo está sendo cumprido que é unir, divulgar e tocar em espaços independentes. Valeu também para demonstrar a força que o Rio também possui dentro do cenário HC. Dando um repasso mais detalhado na coletânea que conta com 24 bandas, podemos selecionar pelo menos 15 que estão prontas para fazer bonito em eventos maiores e até mesmo num intercâmbio para fora do país, incluindo bons festivais do verão europeu, as outras têm potencial de sobra. Há muito para ser explorado e descoberto. NoXXX.
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Texto e Foto - Mauricio Melo Local: Sala Rocksound Data: 03/12/2015
“Esta é minha terapia, você respira vida em mim, minha única sanidade, dentro destas paredes onde me sinto livre” (letra de My Therapy por Bane). Duas décadas dedicadas ao Hardcore e, que para os barceloneses, chegou ao fim próximo à meia noite do dia 3 de dezembro, de 2015, finalizando assim um ano de boas atividades musicais para nós que cobrimos os eventos na cidade. Sim, para esta galera local, emotiva, que berra contra tudo de errado que ver ao redor, o quinteto Bane deu seu adeus definitivo num show brilhante e com o cartaz de entradas esgotadas pendurado na porta. O já tradicional bar Rocksound, que abriga boa parte dos shows hardcore da cidade, abraçou a despedida da banda que trouxe como companheiro de turnê os nova-iorquinos do Backtrack, que aproveita a oportunidade para apresentar seu último disco, Lost in Life na Europa antes do próximo verão, já que estarão na área devido a serem um dos nomes do festival Hellfest. O fato curioso da noite é que em Barcelona não tivemos banda de abertura. Além de curioso não deixa de ser raro já
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Bane
Backtrack
Bane
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Bane
que a cidade possui uma cena local muito forte. Talvez por isso o Backtrack tenha encontrado uma sala cheia e um público que demorou (um pouco) a entrar em cena, mas quando o fez deixou claro que “Their Rules”, “Lost in Life” e “Nailed to the Tracks” não estavam ali para serem cantadas em solitário. Em “Erase The Rat” as posições na linha de frente já estavam bem ocupadas, incluindo o público feminino. Um setlist não tão longo quanto alguns esperavam, mas o suficiente para os primeiros stage dives e alguns circle pits. Nada de melancolia nem tristeza, talvez a galera não tenha tido tempo para pensar nisso antes da apresentação. Muito menos quando Aaron Bedard deu início às atividades com o microfone em punho. Foi uma avalanche de pernas, braços e mãos, algumas de palmas abertas outras de punhos cerrados para cantar refrãos de “Superhero”, “Park St.” e “Calling Hours”. Esta terceira mais melódica e com um refrão que estremeceu a sala, um momento memorável já no inicio do show, “o que está feito, está feito. A noite leva a todos”, dizia o refrão em questão. Estava feito, o fim se aproximava. Ambas canções pertencentes ao último disco Don’t Wait Up, que oficializou a despedida do quinteto americano (Massachusetts). Quando Aaron anunciou “My Therapy” como uma das músicas mais marcantes do grupo, a que salvou a todos, uma verdadeira declaração ao estilo e particularmente, sempre tive esta
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Backtrack
sensação desde a primeira vez que a escutei, antes mesmo de ler a letra. Músicas antigas que coincidentemente pareceram encaixar de maneira perfeita no setlist como “Swan Song” e “Final Backward Glance”, que fecham seus respectivos discos e deram o tom de despedida no show, principalmente a última (que não fecha disco) “Can We Start Again”. mas que oficialmente encerrou a apresentação, quase como um pedido de que na verdade gostariam de ir mais além. A banda se despede em alto nível, com guitarristas e baixista dando saltos incríveis, sem shows meia bomba, com muito suor e dedicação, porém com tristeza interna. Seus integrantes sabem que não falharam na missão, mas que é difícil viver, ou melhor, sobreviver no cenário Hardcore. Admitiram em público que lugares como este farão falta em suas vidas, suas rotinas. O poder de viajar para representar algo, conhecer pessoas e trocar ideias. Ao final da apresentação, e antes do bis, vimos o vocalista sentado num dos cantos, com as mãos na cabeça, possivelmente numa mistura de sentimentos, tentando absorver o lado positivo de tudo aquilo enquanto a galera pedia mais. A cena Hardcore perde uma grande banda, que deixou bons registros em discos e shows. Quem sabe algum dia eles se reúnam para matar saudades e que alguns privilegiados possam vê-los tocando juntos uma vez mais.
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Por: Mauricio Melo, Damian Pissarra e Vanessa Knorst Foto: Mauricio Melo
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m bate-papo informal sobre o tempo. Nossa entrevista não poderia começar de outra maneira. Para qualquer norte-americano o fator climático, ou seja, estar frio ou não é algo importante, todos queremos fugir do inverno e eles mais ainda. Aaron disse que, à parte de Barcelona ser uma bonita cidade, o fato de o frio ser reduzido, deixa a mesma em uma posição privilegiada. Passaram pela Alemanha antes de chegar à Espanha e disse que lá sim estava congelante. Apesar de não termos conseguido agendar uma entrevista oficial com algum membro da banda, tivemos a oportunidade de encontrar seu vocalista no momento de chegada à sala Rocksound. Aaron Bedard, vocalista do Bane, nos contou de maneira simples e direta, sem rodeios nem meias palavras, alguns detalhes da separação da banda, suas recordações, cidades favoritas, bandas que gostaria de ter dividido o palco por pelo menos uma vez e é claro, sobre o futuro. Quando Bane gravou o último álbum, vocês já sabiam que seria o último? Aaron - Sim! Tivemos uma conversa sobre isso há três anos, no anterior à gravação de “Don’t Wait Up”. As coisas ficaram lentas com
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relação ao Bane, como o fluxo de pessoas que apareciam nos shows e também passamos um longo tempo sem lançar nada novo. E a conversa começou a girar em torno de quanto tempo mais conseguiríamos manter a banda, alguns membros têm filhos e famílias e as responsabilidades que isso requer. Responsabilidades que crescem com o passar do tempo, então tivemos que decidir o que fazer, se apenas desfazer a banda após a turnê que estávamos na época e etc. Decidimos não nos separar naquela época, sabíamos que ainda tínhamos um par de anos por diante. Então, o que fazer para manter a banda na ativa e dar ânimo para seguir por um pouco mais? Foi decidido que faríamos um disco de despedida e anunciar que seria o último e antes de dizer adeus. Chegou à hora, lançamos este disco (Don’t Wait Up) e estamos nessa turnê há um ano, um ano e meio. A turnê está indo a todos os cantos por mais uma vez. É oficialmente a turnê de despedida, isso foi planejado. O disco foi feito com muita emoção para encarar nossa realidade, que é o fim da banda. Quando foi lançado, a resposta foi muito positiva e fizemos uma lista de lugares que gostaríamos de ir mais uma vez. Quando tocamos no Brasil, o Rio de Janeiro abriu a turnê da América do Sul. Depois fomos à Ásia, Austrália, Japão e agora estamos na Europa. Vimos alguns vídeos de shows recentes e se pode ver muita emoção nos shows, muita vibração, shows lotados. Vocês também postaram um vídeo no qual falam das coisas que fizeram ao longo
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destes 20 anos, boas lembranças e de quanto irão sentir falta no futuro. Então por que parar? Também podemos incluir na pergunta, qual foi a melhor banda para sair em turnê? Sim, totalmente. É triste, são vinte anos de dedicação. A melhor banda que saímos em turnê foi “Down To Nothing”. Melhor país e/ou cidade que tocaram nestes vinte anos? Difícil listar, mas Hungria, por exemplo, seria um dos primeiros lugares a ir. Alemanha têm várias cidades legais, mas Hamburgo é bastante especial. Na Inglaterra, Londres é uma das favoritas por causa da casa de shows Underworld e é sempre bom tocar lá. Estas são provavelmente as que, tirando algumas cidades americanas, me vem à cabeça como a Top 3. Cidade e país que amamos por seu lado cultural e de amigos que temos por lá e que posso dizer que são favoritas: Japão e Roma são verdadeiramente especiais. Alguma banda que vocês nunca tocaram juntos ou saíram em turnê, mas deveriam ou gostaria? Sim, há uma banda que voltou recentemente após um longo tempo em inatividade que se chama Burn, uma antiga banda de Nova Iorque. Também colocaria na lista que gostaria de fazer um show com Unbroken, obviamente que gos-
taria de fazer mais do que um show com eles. Estas são algumas das bandas que gostaria de passar um tempo na estrada. Alguma expectativa de retorno, num futuro? Para ser mais direto, veremos o Bane tocar novamente algum dia? Acho que não, existe uma pequena possibilidade, mas acho difícil. Sabe, não podemos dizer nunca, não sabemos sobre o que o futuro nos reserva, porém já estou com 46 anos de idade. Então, se estamos parando agora, vamos imaginar que daremos uma pausa, não podemos retornar no tempo. É duro chegar a esta idade, seu corpo já não é o mesmo, já não tenho a mesma agilidade e não quero ser um velho numa banda hardcore. Parte do que fez e ainda faz o Bane especial é a alta energia, o alto impacto que a banda oferece tocando ao vivo e essa é uma das razões que nos fez refletir sobre desfazer a banda. O fato de envelhecer e de que as coisas ficam um pouco mais difíceis, ou seja, manter o nível no palco. Então, gostaríamos de parar enquanto ainda temos alto nível e temos orgulho de o que estamos fazendo e esse é o momento. Não este tipo de banda que o público vem e comenta “lembro de quando esta banda era foda”. Algum projeto paralelo? Sim. Acho que continuarei fazendo música. Gostaria de fazer algumas sessões de DJ dentro do drum and bass. Acho que quando chegar em casa me concentrarei nisso, veremos.
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Eu e o baixista conversamos muito sobre formar algo juntos, algum projeto e assim continuar fazendo música. Necessito me manter criativo e escrevendo letras, é importante para mim, é parte do combustível que nos mantém vivos. Na sequência, nossos amigos Damian Pissarra e Vanessa Knorst também entrevistaram o Aaron. Conversaram com o vocalista sobre suas experiências e opiniões em stage-dives e circle-pit. Em uma palavra, o que a música representa para você? Vida! Sim, isso eu morro. Você se lembra da primeira vez que esteve num pit? Totalmente. Foi num show local, uma banda pequena de uns amigos na cidade que cresci, Worcester (Massachusetts). Não havia shows que pudéssemos ir porque não havia shows para todas as faixas etárias, todos os bares e casas de show eram para públicos acima de 21 anos de idade, não entravam menores. Finalmente meus amigos começaram com bandas e organizavam seus próprios shows, bem underground. Havíamos visto alguns vídeos de shows e de pessoas dançando e finalmente conseguimos fazer aquilo, éramos capazes, tínhamos nossas próprias bandas. A banda em questão
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se chamava The Clock, éramos todos muito jovens. ...e o sentimento disso? Bem, adorei desde o primeiro momento. Ter esta música agressiva que te faz sentir com toda energia e apenas quer jogar seu corpo, saltar e gritar e passei os seguintes seis anos da minha vida apenas dançando e dando stage dives. Quando mais me envolvia no hardcore mais pessoas conhecia, mais amizades fazia e começamos a ir em shows em Boston e Nova Iorque. Sim, me apaixonei por isso e tudo o que queria fazer naquele tempo era dançar. Algum momento engraçado desta época? Não lembro muito. Você se machuca, tem arranhões e hematomas pelo corpo, mas no dia seguinte tem que ir trabalhar ou ir para escola, porém tudo isso era mantido em segredo, como um clube da luta, fica entre você e seus amigos já que a maioria das pessoas não entende, mesmo que tente explicar. Como explicar para alguém que você gosta tanto de um estilo de música que acaba tendo uma relação física com ela? Quando você é um adolescente acredita que faz parte de algo assim, é excitante! Então, você acha que mosh-pit, pôgos e stage dives é algo de adolescente?
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Sim. Acho que o corpo cura mais fácil quando se é jovem. É claro que não há um limite de idade para você praticar isso, mas para mim, nos dias atuais e com a idade que tenho, meu corpo não reage da mesma maneira, também me canso mais rápido agora. Quando era jovem tinha uma energia inesgotável, agora já não é assim. Em duas palavras, o significado de Mosh-Pit? Doentio porra! Voltando à banda, você lembra do primeiro show do Bane? As bandas de abertura não tem a vida fácil e não há tanto publico para o que estamos falando, circle pit, stage dives... Claro! Tivemos sorte. Lançamos uma demos dois meses antes do nosso primeiro show, distribuímos para todo mundo, levávamos para os shows que íamos e distribuíamos as fitas. Gravamos a demo em dezembro e só tocamos pela primeira vez em março, então quando finalmente tocamos todos já sabiam nossas músicas, fomos mimados desde o princípio pelo público, nosso primeiro show foi louco, um monte de garotos saltando do palco e cantando nossas músicas. Para finalizar? Vejo vocês na pista.
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Texto e Foto - Mauricio Melo Estraperlo Club del Ritme 23/01/2016 – Barcelona
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pesar de ser um sábado, considerado um bom dia para os amantes do Hardcore irem até Badalona e garantir um pouco de diversão, já que em Barcelona o metrô funciona 24 horas neste dia da semana, nosso clube favorito recebeu um público meia boca. Os organizadores já esperavam tal situação, possivelmente pela quantidade de entradas vendidas de maneira antecipada, tanto é que as cortinas laterais do palco estavam postas e quando se chega ao Estraperlo e vê isso é porque a expectativa de público é baixa. Tarefa ainda mais difícil para grupos como Crack del 29 que tocou diante de alguns amigos que chegaram cedo e assim, como muitas bandas do bom movimento hardcore que Barcelona vem oferecendo, não estiveram abaixo das expectativas. O mesmo podemos dizer do Go Veterans, que fazendo trocadilho com o nome, não são garotos inexperientes, já estamos aí comentando sobre uma banda mais consolidada, de bons riffs de guitarra, um baixista que chuta o balde e músicas bem “organizadas”. Quem também marcou presença (mais uma vez) foi o Kids of Rage. A evolução da banda é nítida a cada apresentação, a galera bem que compareceu ao show do quinteto. Mais uma vez demonstraram toda a fúria e beleza das canções de seu recente álbum “Whatever May Come”. Não estamos distante de presenciar um salto maior
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desta banda com a proximidade do verão e seus festivais na Europa. Considerada por muitos como a melhor banda Hardcore da Europa, o No Turning Back, definitivamente merecia mais público em seu show, algo como temos quando o Terror ou o Madball passam por aqui, mas como eles mesmos assumem em palco, “não somos tão maneiros, não temos patrocinadores, marcas e uma grande empresa por trás de nossas turnês, somos como o verdadeiro hardcore deveria ser, puro”. É mais ou menos por aí, não há como ignorar os holandeses, basta uma rápida conferida em alguns de seus discos como “Stronger”, “No Regrets”, “Damage Done” ou o mais recente, “Never Give Up” para perceber que não estamos exagerando. Um hardcore simples, direto, rude… Músicas como “Rise Up”, “True Love”, “Can’t Keep Me Down”, “True Colors” e mesmo as novas como “Destination Unknown” e “Never Give Up” funcionaram perfeitamente. Tivemos stage divers, circle pits e até mesmo um sexto integrante na banda, um verdadeiro fã dos holandeses e que não falta quando a banda visita à cidade, sempre empunhando uma vassoura como se fosse uma guitarra e tendo seus minutos de “fama”. O No Turning Back não está de bobeira, seja para o público que for ao show deles, não falha, não baixa de intensidade e existe sim um ponto de verdade dentro do discurso da banda não ser cool. Se tivessem cedido há alguns anos quando compraram o barulho de ser 100% independente, o panorama poderia ser outro. Never Give Up!
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