Rock Meeting Nº 90

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MUDANÇA T

oda mudança gera um breve desconforto, medo, incertezas, não é? É compreensível. Porém, se não mudarmos o que pode acontecer? Na verdade, muita coisa deixa de acontecer. Mudar significa alterar, modificar, transformar, converter. Gostamos de mudar. E é o que estamos fazendo. Como todo processo, tudo ocorre aos poucos. Por aqui, vocês já podem desfrutar de uma nova estrutura de leitura, sempre seguindo uma orientação limpa e dinâmica, afinal você lê numa plataforma digital e seus olhos vão agradecer por isso. Sim, nós temos esse cuidado porque também somos leitores dos novos e antigos meios. Assim como as bandas, também optamos, desde o início, de levar conteúdo por meio da internet. O meio físico sempre será um sonho, no entanto, desde 2009, é um desejo antigo, porém inviável. Consumidores do tradicional sabem o quanto é prazeroso ter em mãos um jornal, revista, qualquer periódico que seja, ou um cd, DVD. Nem tudo a tecnologia pode substituir. Há certos prazeres na vida que o digital não irá conseguir transmitir. Enquanto estamos no campo das ideias, fazemos o nosso trabalho mensalmente. Entrevistas, reviews, destaques, notas, notícias, reportagens, fotografias. Isso e muito mais que trazemos para você. Espero que gostem!


06 - DiĂĄrio de Bordo - 70k Tons of Metal 14 - Lapada - Diga nĂŁo aos ditadores 22 - Entrevista - Vernon Neilly 26 - Entrevista - Thymus Boogie 34 - Live - Nothington 40 - Capa - Kreator & Sepultura 48 - Entrevista - Overtures 58 - Entrevista - Vorgok 70 - Entrevista - Download Festival Madri 72 - Entrevista - Madds 76 - Live - Belphegor

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Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn

Colaboradores Alex Chagas Jonathas Canuto Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo (Espanha) Maicon Leite Raphael Arízio Sidney Santos

CONTATO contato@rockmeeting.net

www.rockmeeting.net


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Texto e Fotos: Gabriel Jolo

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70.000 Tons of Metal é o mais famoso festival de heavy metal em alto mar. É um cruzeiro dedicado ao Heavy Metal onde pessoas de vários lugares do mundo se encontram. Onde você esbarra nos músicos e pode assistir a muitos shows durante quatro dias. É inevitável não encontrar com os músicos no navio, afinal, todos estão no mesmo barco, literalmente. Imagine só você encontrar com aquele guitarrista de quem gosta muito no café da manhã? Só o 70k tons of Metal proporciona. O percurso desse ano sofreu uma pequena mudança. A saída foi de Fort Lauderdale (EUA) e incluía visita a Labadee, no Haiti. O navio foi o Independence of the Seas fornecido pela Royal Caribbean. O festival ocorreu de 2 a 6 de fevereiro e trouxe 61 bandas no line-up como Arch Enemy, Amorphis, Death Angel, Carcass, Kamelot, Overkill, Testament, Anthrax, Grave Digger, Angra, Annihilator e Therion.

O dia do embarque

O embarque foi bem tranquilo e o navio partiu às 17h rumo a Labadee. Não deu nem tempo de entender bem o que estava acontecendo e às 17h15 as bandas deram início ao festival. Você recebe uma programação e fica -8-


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sabendo que cada banda sobe ao palco duas vezes. Se perdeu um show, terá uma segunda chance. O principal palco fica em frente às piscinas e jacuzzis no pool deck. Os outros três palcos ficam dentro do navio: um teatro, uma casa de show/boate e um lounge. Eles ficam localizados do 3º ao 5º deck do navio. Quando você fecha o pacote de um cruzeiro, além dos shows, a comida está inclusa e a bebida é paga à parte. As cervejas, mesmo caras, são ótimas. Sierra Nevada Pale Ale, Blue Moon, Foster’s (melhor custo/benefício), fica a dica.

O clima é sempre de festa. Da espera no embarque ao último segundo do karaokê da última noite. O grupo em que estava, na sua maioria brasileiros, era muito animado. No primeiro dia os shows acontecem nos três palcos internos e pude conferir Amaranthe, Scar Symmetry, Grave Digger, Death Angel, Moonsorrow, Arch Enemy e Kalmah. Tirando a dificuldade técnica inicial dos primeiros shows (o som no início do show do Amaranthe estava ruim mesmo), todo o restante da noite transcorreu sem problemas. Anote a dica. Tenha sempre à mão: câ-

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mera, caneta e papel, pois o encontro com músicos é constante e muitos ficam misturados ao público durante todo o evento, participam de brincadeiras e são receptivos a conversas. Os shows no segundo dia começam logo às 10 da manhã e vão até as 6 da manhã do dia seguinte, nos quatro palcos. Conferi os shows do Stam1na, Mors Principium Est, Orden Ogan, Saltatio Mortin, Orphaned Land, Xandria, Therion, Angra (onde fizemos uma zona na frente do palco), Amorphis (sensacional!), Axxis, Kamelot, Annihilator, Omnium Gatherum e Allegaeon (atenção para essa banda

de death prog). É importante pontuar que a estrutura e conforto disponíveis são excelentes, o festival não cansa e você consegue acompanhar todos os shows do dia, diferente dos grandes festivais open air, que são cansativos e oferecem estrutura muito aquém. E sabe uma coisa muito legal? Cair numa jacuzzi para repor energias quando abre uma folga nos horários dos shows ou há bandas que não te interessa. E quando der aquela fome, a comida está perto e há sempre um bar muito próximo e sem filas.

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Como dito, o clima durante os shows, principalmente no pool deck, é de festa. Todos à vontade, com roupas de banho ou mesmo fantasias. O karaokê do quarto deck sempre era parada final para a última cerveja da noite e também lugar onde muitos músicos ficavam, inclusive expondo suas habilidades. Após o segundo dia intenso, pausa para descanso. O navio aporta no pier em Labadee, praia paradisíaca do Haiti, em um resort da Royal Caribbean. Até esse momento, todas as 61 bandas já haviam subido ao palco uma vez. Aproveitamos para descansar na praia até às 16h, pois o navio parte de volta para a Florida

às 17h. Há opções de esportes radicais oferecidos a preços nada convidativos. O bom mesmo foi descansar e relaxar num lugar incrível. Às 17h15 as bandas voltam para a segunda parte do festival. Desta vez vi Ghost Ship Octavius, Overkill, Trollfest, Testament, Haggard, Kamelot (que teve participação da Elize Ryd e da Alissa White-Gluz em ambos os shows), Amorphis (tocando o álbum Eclipse na íntegra), Equilibrium, Revocation (que rolou no Lounge, que tem teto baixo e a turma batia o pé no teto no crowdsurfing) e Dalriada. Muita coisa pela frente no quarto dia de festival. Amaranthe, Manegarm (boa banda), Orphaned Land, Omnium Gatherum, Pain, - 12 -


Edenbridge (show fraco), Carcass, Angra (Holy Land na íntegra), Arch Enemy, Anthrax, Therion e Death Angel. Além dos shows, o quarto dia é o costume day do festival, um dia relax onde muitos estavam fantasiados e maquiados. Vale levar fantasia, pois a festa fica ainda melhor. Ao fim do show do Therion, o organizador do festival sobe ao palco para anunciar o próximo destino do festival (Turks and Caicos) e agradecer ao público. Ali, os sentimentos se misturam. Felicidade por ter participado de uma experiência mágica e tristeza por esperar pelo menos um ano para outro 70k of Metal. No final do show insano do Death Angel,

o karaokê no pool deck encerra o festival, com participação dos membros do Angra, sempre integrados ao público. Por fim, o sentimento que fica é de algo único. Com público reduzido e shows “privados”, contato constante com as bandas, muito conforto e tranquilidade, definitivamente o 70k foi a melhor experiência metal que um fã do gênero pode ter. Experiência compartilhada por amigos, também de primeira viagem, que estavam juntos. O que não funciona no festival é a sessão de merchan, onde precisa praticamente marcar horário para comprar uma simples camiseta do evento. Mas é só. Até o próximo! - 13 -


ou como mandar professores, religiosos e afins Eu juro que iria escrever sobre a questão Metallica tocando com Lady Gaga (o choro dos radicais foi absurdo), mas acho que uma questão de muita importância merece uma lapada nos cornos, uma bicuda na cara de muitos. Durante o carnaval de 2017, na segunda-feira, estava vendo o seriado “Auschwitz – The Nazis and the Final Solution”, um documentário sobre os campos de extermínio da Alemanha. O tema é delicado, mas merece a atenção de todos: o crescimento de movimentos autoritários no Metal, sejam de que tipo forem. Não é de hoje que vemos que o mundo (e não só o Brasil) anda cansado do politicamente correto e da ineficiência das democracias constituídas. E momentos como a saída da Inglaterra da União Europeia e a eleição de Donald Trump (para a presidência dos EUA) sejam sinais de alerta para todos. Sim, pois grandes massacres e guerras na história da raça humana nunca mandaram recado, sempre com prenúncios bem sutis, que só depois que o circo pega fogo as pessoas percebem.

Não, não estou questionando Trump ou o Brexit, mas sim o que está por trás disso, e ao mesmo tempo, fazer o “link” necessário com as atrocidades da Segunda Guerra Mundial (que usarei a sigla “WWII” para cada referência) Acredito que estas palavras não serão jogadas ao vento, ou que necessitem de grandes dissertações: o mundo está em uma escalada cada vez maior de intolerâncias extremistas. Gays e heteros, mulheres e homens, todas as etnias, em um nível de ódio mútuo que chega a ser gritante, chega a ser abusivo - 14 -


Memorial de Treblinka

aos olhos. Basta vermos o seguinte em nosso país: Bolsonaro virou um ídolo para muitos por sua oposição aos movimentos militantes do politicamente correto (feminismo, LGBT e outros), e a esquerda politicamente correta das militâncias declarou abertamente guerra ao mesmo e aos simpatizantes dele. As apologias a ambos os lados lembram muito aquilo que li sobre as forças da SA (Sturmabteilung) e da SS (Schutzstaffel) nazistas nos períodos pré-WWII. Ainda não li nada sobre isso, mas

já podem estar acontecendo atos de violência entre pessoas dos dois lados. Como eu disse, esse tipo de coisa é sutil, mas é um pulo até surgirem novos fornos crematórios como os de Auschwitz-Birkenau. Chelmno, Treblinka, Sobibór, Majdanek, ou outro campo de morte que queiram. E não tem jeito: dessa forma que estamos indo, um ou outro vai ter que morrer as câmaras de gás e depois virar cinzas. Você pode falar no Facebook, no Twitter ou onde quiser, mas garanto: a experiên- 15 -


se vocês pararem para pensar, acham isso correto? Óbvio que eu discordo da ideologia de Darken, mas chegar a tanto? E que fique bem claro: temática Pagan ou Viking Metal não significa que uma banda seja nazista! É bom pararem por aí! E o Marduk e sua turnê nos EUA? Problemas em cima de problemas, perseguição em cima de perseguição a uma banda que já negou, um milhão de vezes em entrevistas, que seja ligada ao Nacional Socialismo! E isso me faz lembrar do Slayer, de Lemmy e tantos outros tendo que negar isso durante anos. Uma vez é mais que suficiente! Ainda sobre o Marduk sendo impedido de tocar por conta dos antifas dos EUA. Uma das pessoas que estavam liderando a coisa toda é uma moça ligada à Universidade de

cia de ver pessoas morrendo desesperadas em uma câmara da gás não é bonito. O documentário que citei, mesmo sem cenas disso, fez com que eu não dormisse a noite toda. Exemplos: Há alguns tempos, os antifas (os autoproclamados “anti-facistas”, ou seja, aquela turminha que o professor de história ou outra aula de humanas doutrinou) deram dores de cabeça em um show do Graveland no Canadá, inclusive com depredação de lojas e da estação de metrô próxima. A banda de abertura, Uada, que não tem nada de política, quase que paga o pato disso. Independente do que o Graveland diz nas letras (mesmo porque Rob Darken, líder da banda, já falou que o grupo é dedicado ao Pagan Metal, e não ao Nacional Socialismo), - 16 -


Judeus em Auschwitz

Berkeley (CA), incitando o ódio e usando citações de Lênin, que para quem não sabe, foi um dos líderes da revolução socialista da Rússia O mesmo que jogou aquele país num caos econômico, que terminou em fome e desordem, um país arrasado quando o muro de Berlim caiu! E o sucessor do mesmo, Stalin, causou fome na Ucrânia, com uma estimativa de 2.57.5 milhões de mortos! O fim justifica os meios? Então, esse tipo de coisa validaria o pensamento de Maquiavel, tão odiado por sociólogos e outros “cientistas” de humanas? Entenderam o que eu estou tentando dizer? Resumindo: Hitler na Alemanha, Mao-Tsé Tung na China, Fidel Castro em Cuba, Hugo Chávez e Nicolás Maduro na Venezue-

la, Lênin e Stálin na U.R.S.S., Pol Pot, Nuon Chea, Ieng Sary, Son Sen e Khieu Samphan no Camboja. O que todos estes “líderes” possuem em comum? Apelo populista e muito, muito sangue (seja de aliados ou opositores) nas mãos! Sangue a ponto de inundar o mundo! Sangue de inocentes que só levam suas vidas todos os dias. Será, em nome do que quer que você pense de sua vida, que o sangue de inocentes deve ser usado para pavimentar regimes totalitários, onde o povo se fode e os líderes vivem no bem bom? Danem-se todos para cada um que pensou “sim” como resposta. E amaldiçoado seja o dia em que você veio para o cenário Metal! Este tipo de governo não possui mais lu- 17 -


gar no mundo! Nem extremista de direita ou esquerda, nenhum totalitarismo deve existir! E podem enfiar o “Mein Kampf” de Hitler e “O Capital” de Marx nos vossos centros vocacionais de seus traseiros, e de preferência, enrolados em arame farpado! Não quero ver uma criança, seja de qual etnia for, filha de heteros ou homos, de conservadores ou progressistas, de direita ou esquerda, feministas ou machistas, sendo afogada em gás e depois queimada, despojada de suas roupas e pertences. Nem mesmo os pais delas merecem um Treblinka ou um Gulag qualquer. Vejam estes números, e pensem com um pouco do ser humano racional que ainda existe em você se vale a pena tanta militância! 20 milhões - União Soviética 65 milhões - República Popular da China 1 milhão - Vietnã 2 milhões - Coreia do norte 2 milhões - Camboja (Khmer Vermelho) 1 milhão nos Estados Comunistas do Leste Europeu 150 mil na América Latina 1.7 milhões na África 1.5 milhões no Afeganistão 10.000 mortes “resultantes das ações do movimento internacional comunista e de partidos comunistas fora do poder” (fonte: o Livro Negro do Comunismo). Entenderam a mensagem? O que eu estou tentando dizer desde o início: não existe extremismo político aceitável, pois eles só trazem morte. E morte dos pobres, dos pequenos e perseguidos. Na Alema-

nha nazista eram judeus, comunistas, ciganos e gays; no comunismo: judeus, nazistas, militares, pessoas de países anexados, rebeldes em oposição e gays (em Cuba, foram executados, muitas vezes por Ernesto “Che” Guevara). E não adianta verborragia intelectualoide de esquerda boa mocista em meus ouvidos, pois vocês, mesmo com esse discurso, querem que fascistas morram (como ouvi da boca de um militante há um tempo), o mesmo discurso de partidários do Nacional Socialismo. Vocês são farinha do mesmo saco, não mudam em nada! NADA! Mais uma: deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL-RJ, defendendo o candidato a verea- 18 -


Marcas de unhas em uma das câmaras de gás

dor do RJ que queimou uma bandeira de Israel. Nas palavras do mesmo, “Baba é um militante combativo, nesse episódio ele errou. Ser contra um governo não é ser contra um país. Sou contra a atitude dele, já me posicionei publicamente. Isso não anula toda luta dele”. Leia a matéria. E para fazer seu professor de Humanas chorar de vez, eis o vídeo desse crime infame. Ou seja, Freixo mordeu e assoprou como uma barata, e tal qual Hitler, Stalin e outros ditadores, tapou os olhos aos abusos de suas tropas com os conquistados. Nem preciso falar dos abusos da SS nazista, mas e os estupros cometidos em massa pelos soldados

de Exército Vermelho de Stálin após tomarem Berlim? Inclusive, com mulheres sobreviventes dos campos de concentração. Veja o documentário que menciono no início do texto, e veja os testemunhos! Se o Brasil fosse sério, ambos estariam em cana por antissemitismo, que é um crime inaceitável! Outro: Qey Shibir (1977–1978), o Terror Vermelho, um evento em que grupos Marxista-Leninistas na Etiópia e Eritreia. Número de mortos estimado: entre 500 a 700 mil inocentes. E o líder da nação, o comunista Mengistu Haile Mariam, já possui inúmeras condenações por genocídio! Aliás, um dos opositores de Mengistu, o - 19 -


Tenente Coronel Asrat Desta, um marxista-leninista juramentado, dirá: “estamos fazendo o que Lênin faria. Você não pode construir o socialismo sem o terror vermelho”. E o que é o terror vermelho? Simples: uma campanha que incluía de assassinatos em massa, tortura, e opressão sistemática feita pelos bolcheviques no início da Guerra Civil Russa. Assassinatos em massa, caos, tortura, opressão... E tudo isso na bunda do povo, né? Agora, fechando a porradaria: minha explanação aqui se dá por estar farto de ver bangers se aliando a esses fracassados políticos de nosso país, populistas que batem palmas para malucos (no caso, seus eleitores) dançarem ao som de uma música decrépita, uma sinfonia que comemora o fim da liberdade. O banger deveria ser um livre pensador, mas está tão encalacrado com visões que nascem ou da doutrinação em nossas escolas e universidades, ou então em preconceitos que lhe foram ensinados quando crianças, que perdeu essa coisa de pensar por si, de mandar ambos os lados extremos da questão irem se foder com uma faca cega e rombuda. Simplificando em termos brasileiros: nem Bolsonaro, nem Willis, nem Lula, nem Dilma, nem Freixo, nem Feliciano, nenhum deles! Todos eles podem ir se foder com um consolo de viúva feito de maçaranduba até o mesmo quebrar ou afinar! É hora de uma nova geração assumir a política do Brasil, gestores no lugar de populistas analfabetos, velhos sociólogos decrépitos, militares pimpões ou coronéis ditadores do Brasil-Colônia!

Crematorium de Majdanek

Ainda é tempo, não se deixem domar por estes extremistas que, no fundo, estão alimentando um tipo de ditadura, seja ela de extrema esquerda ou direita, que um dia nos censurará (como já o fazem) ou sufocará. Mande professores socialistas e religiosos conservadores se masturbarem com uma tromba de elefante, pois ambos os lados representam esta dualidade ditatorial de direita ou esquerda que pode nos custar caro. E não, eles não são e nunca serão seus amigos, apenas desejam seguidores cegos. Em tempo: quase todos os registros dos campos de extermínio foram destruídos, - 20 -


bem como muito de suas estruturas físicas. O pouco que se sabe de Treblinka vem de testemunhos verbais, anotações e trabalhos arqueológicos, como os de Caroline Sturdy Colls, professora associada da universidade de Staffordshire. Mas Majdanek foi tomado sem que as câmaras de gás e fornos crematórios, na ânsia dos nazistas de ocultar seus atos torpes, fossem destruídos. E, por fim, deixo meu apelo, quase com lágrimas nos olhos: por favor, parem esta praga de ódio que se apossou do mundo, de todos nós. Chega de ditadores de qualquer tipo, de discursos de ódio sejam politicamen-

te corretos ou incorretos, e aprendam as lições do passado, para que não vejamos novos holocaustos sistemáticos na história da raça humana. Nunca mais, por favor. What we need right now is a miracle on earth Let our hearts cry out, so our voices can be heard Let us walk away together From the never ending rain, ‘Til the sun will shine for all of us again… (Gamma Ray - Man on a Misson) - 21 -


Por Rock Freeday | Fotos Divulgação

Você é Norte Americano e fala português, qual a sua relação com o Brasil? Eu nasci nas ilhas Filipinas, cresci nas Bahamas, e em partes nos Estados Unidos. Minha relação com o Brasil começou 12 anos atrás, com a minha primeira turnê no país, que na época foi praticamente toda dentro do estado de São Paulo. Eu toquei na EM&T, Sousa Lima, outras escolas menores na capital e no interior. Na época, eu imagino, como eu consegui ter certo sucesso com minhas gravações e por causa de

algumas pessoas com quem trabalhei, como Steve Vai, Slash, Blink 182, Jennifer Batten, Alien Ant Farm, e outras bandas Norte-americanas, muitas pessoas no Brasil queriam me conhecer. Então eu acabei me encontrando com alguns guitarristas e outros músicos quando retornei, naquele mesmo ano, para a Expo Music, e algumas empresas brasileiras estavam interessadas em trabalhar comigo, como a Tagima, Meteoro, Giannini, que ainda são grandes amigos e fazemos negócios até hoje. Eu aprendi a falar português durante esses anos porque eu achei que fosse importante para mim, poder me comunicar com as pessoas, mas também fez sentido por causa dos - 22 -


meus negócios no Brasil. Eu também tive a sorte de poder tocar em grandes programas de TV no Brasil, como o Programa do Jô e Ronnie Von, então a minha relação com o Brasil cresceu. Parece que você endorsa algumas marcas no Brasil. Como você trabalha com essas marcas? Eu represento o produto deles como um endorser, então eu uso esses produtos no Brasil, mas também em outros mercados em todo o mundo, onde eu toco e me apresento. Por exemplo, eu acabei de tocar na Argentina e gravei alguns programas de rádio e TV ao vivo, então claro, a minha linha de cordas da Giannini estava na minha guitarra. Eu também tenho acordos que

me permitem abrir novos mercados para essas empresas em lugares onde elas ainda não tenham representação, e se já tiverem, eu posso aumentar a exposição da marca e fatia de mercado e, claro que eles não se opõem a isso. Conte-nos um pouco sobre a sua conexão com a música. Quais outros instrumentos você toca, além da guitarra? A música fez parte da minha vida durante toda minha vida. Eu venho de uma família musical. Minha mãe foi uma pianista e violinista profissional, sua irmã, a minha tia, foi uma organista e pianista profissional, além de professora de música. O irmão delas, meu tio, era um - 23 -


músico profissional de música clássica e jazz, que lançou alguns trabalhos, e ganhou o maior prêmio direcionado à arte das Bahamas. Então a música sempre preencheu um grande espaço na minha vida. A guitarra agora é o meu principal instrumento, mas eu também tenho um piano, que uso para compor. Eu tenho sintetizadores no meu estúdio, que eu uso para gravações. Às vezes eu também toco baixo nas minhas gravações.

também por sua atitude, sua vontade de não se conformar com o que os outros queriam, mas ser ele mesmo. Eu gosto muito de Carlos Santana e fui influenciado pela sua música desde garoto, o som dele é próprio. Claro, eu escutei uma variedade de músicos, Eddie Van Halen, George Benson, Prince, Greg Howe, Steve Ray Vaughn, Robben Ford, B.B. King. Eu tento aprender com todos, e usar esse aprendizado do meu jeito.

Quais foram as suas principais influências? Eu teria que dizer que primeiro foi Jimi Hendrix, mas não apenas por causa da música, mas

Fale sobre o álbum “Outta Time”. “Outta Time” é o meu quinto CD solo e, na minha opinião, o meu melhor! Os músicos envolvidos mais parecem uma lista de estrelas de - 24 -


guitarristas, baixistas e bateristas. O disco foi totalmente escrito por mim, exceto pela faixa “Fire”, a minha homenagem a Jimi Hendrix. As canções “They Don’t Care”, “Outta Time”, “Git Yo Lyfe” são mensagens sobre os tempos em que estamos vivendo, a intenção é conscientizar as pessoas, enquanto elas escutam a música. Os solos em todas as faixas são ótimos, mas isso não é uma surpresa, por causa do nível de talento dos músicos. O disco conta com os virtuosos Greg Howe, Frank Gambale, Kiko Loureiro, Jennifer Batten, Mattias “IA” Eklundh, Victor Johnson, Bill Hudson e o brasileiro Cacau Santos. No baixo, Doug Wimbish, TM Ste-

vens, Phillip Bynoe, Derrick Murdock e Charles Glen, colocando a fundação pesada. Na bateria o brasileiro Cuca Teixeira e o baterista de Steve Lukather, Eric Valentine. A música é bem diferente, porque mistura rock, rock ‘n’ funk, jazz fusion, blues, mas ainda assim é bem pesado, quando se trata das guitarras. Foi uma gravação muito divertida para mim, e estou muito feliz com o resultado, pra mim isso é o mais importante. Obrigado pela entrevista! O prazer foi meu! Obrigado por me receberem.

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Por Pei Fon | Fotos Divulgação

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Stoner tem invadido os ouvidos de um modo bem interessante. Se era para ter algo novo ou repaginado, com influências no passado, esse estilo está em grande ascensão. Diante disso, buscamos bandas que estão nesse levante e destacamos o Thymus Boogie desta vez. Conversei com o vocalista Michel de Lira que nos conta muitas coisas, deixa sua opinião sobre política e deixa uma surpresa ao final. Leia tudo!

por essa oportunidade. Quem fala é o Michel de Lira, vocalista, compositor das letras e fundador. A banda é composta por Fagner Villani, guitarrista, designer e também fundador. Bruno Nascimento nosso baterista e Fabrício Santos, baixista e backing vocal. Thymus Boogie é bem novo dentro do cenário rock/metal brasileiro. Essa onda do stoner tem cativado um bocado os ouvidos mais exigentes. O que o TB tem a mostrar? A banda é bem nova mesmo, em tão curto es-

Apresentem-se. Olá! Primeiramente, em nome da banda gostaríamos de agradecer a Revista Rock Meeting - 27 -


paço de tempo, estamos sempre buscando o melhor para nossa evolução artística, sempre com muito amor pela música e respeito mutuo entre nós quatro. Essa onda Stoner, acredito que caímos nela meio que sem querer. No inicio, não tínhamos noção do som que iríamos criar, a única certeza é que sairia algo entre o rock e o metal devido às influencias pessoais de cada um. A Thymus Boogie ser considerada Stoner é um honra para nós, pois existem muitas bandas excelentes, e digo isso me referindo principalmente às bandas brasileiras. O que trazemos ao público é uma “dose” de tudo que envolve o Rock. Na questão musicalidade, trazemos boas pitadas de Blues e Rock Psicodélico, mas a banda oferece uma dose cavalar de Metal. Quando me refiro ao metal é sem aquela coisa de só “fritação” de drives vocais excessivos, guitarras incompreendidas, pedal duplo rolando solto. Não quero soar como crítico do estilo, até por que nós também ouvimos muito metal. Vejo em nosso som algo harmonioso e novo, um tipo de música que não se houve em qualquer lugar, a atmosfera sonora nos agrada bastante. Nossas letras tratam de vários assuntos, algo que procuramos deixar claro é que o ouvinte pode interpretá-las da forma que ele achar melhor. As letras, em sua maioria, possuem sentido ambíguo. Afinal, a arte deve proporcionar essa liberdade.

zam o álbum. Diante das loucuras da vida, “Personal Devil” tende a ser um personagem. Quem seria ele com base no cotidiano? Todo ser humano tem seu “Demônio Pessoal”. O problema é quando negamos que eles existam ou simplesmente culpamos as coisas a nossa volta ao invés de olhar nossas próprias imperfeições. Isso gera consequências não só para as pessoas ao nosso redor, mas principalmente a nós mesmos. Preconceito, intolerância, tudo isso vem para fugirmos e temermos nosso demônio ao invés de sentar com ele pra

Desde 2014 estão aí na crescente. Acabaram de lançar “Personal Devil”. Fale um pouco sobre essa música. A Personal Devil é nosso cartão de visita. Ela tem sonoridade objetiva e direta. Mostra alguns dos principais elementos aos quais faremos uso daqui pra frente. Ela trás o blues, o rock e o metal. E é a apresentação dos dois personagens que protagoni- 28 -


tomar uma cervejinha.

bem abrangentes e variadas, cada banda acaba criando sua personalidade dentro do estilo.

“Personal Devil” soa muito bem ao vivo. As linhas de baixo são cativantes e saltam aos ouvidos. É uma marca muito forte do stoner, não é? De fato as linhas de baixo dela são bem elaboradas, esse groove é muito importante principalmente pelo fato de usarmos apenas uma guitarra. O baixo tem destaque diferenciado em muitas de nossas músicas. Não acredito que seja uma marca que o stoner coloca como uma “regra”. Vejo no stoner permissão para que você crie musicas de formas

O primeiro álbum será conceitual. Uma busca pela liberdade seja ela qual for. Qual a liberdade que o Thymus Boogie procura? No álbum iremos instigar o ouvinte a pensar, a filosofar. A liberdade que expressamos é a liberdade do verdadeiro Eu, a busca pela compreensão da essência única de cada ser humano; a luta contra os padrões que moldam nosso subconsciente, nossa sombra, nosso lado mais “obscuro”, que, por muitas vezes somos en- 29 -


sinados a fazer o que a sociedade determina como “certo”.

faz com que as mesma se afastem do seu próprio eu, tornando mais difícil o papel de ser mulher e de tomar suas próprias decisões e de ser ela mesma. Sendo assim, a energia criadora da mulher no conceito do álbum, busca refletir a necessidade de libertação psicológica de toda a sociedade.

Mesmo que a temática lírica seja ampla, existe algum personagem por trás? Ou a leitura pode ser feita de modo geral, um reflexo plural das pessoas? Sim, existe um personagem por trás de toda essa temática, mas também pode ser interpretado de forma abrangente (risos). Mas temos nossos motivos para nossas escolhas. Optamos por uma mulher como personagem principal, pois acreditamos que a pressão social sofrida por elas é muito maior que as sofridas por nós homens. Além de encarar uma sociedade machista e patriarcal, as mulheres ainda enfrentam a crueldade das mídias sociais, que

Pode-se dizer que, mesmo que essa liberdade da natureza humana esteja ligada às sombras, a política seja um destes pontos? Como vocês enxergam essa temática diante do que tem acontecido com o nosso país? Com certeza está ligada a política, na verdade, está ligada a tudo que envolve uma sociedade. Sinceramente, não fizemos nenhuma alusão - 30 -


pouco sobre elas. Nossas referências são bem variadas. Qualquer banda de metal/stoner que se preze, venera o trabalho do Black Sabbath. Os caras foram e ainda são insanos, servem de parâmetro pra letras, riffs (principalmente) e composição. Uma banda completa, sem dúvidas. Seguindo essa onda de clássicos, nos inspiramos muito no Led Zeppelin. Tiveram uma carreira curta, assim como o Sabbath, mas têm um trabalho muito variado e muito rico. Faziam o que achavam que tinha que ser feito, sem se preocupar com rótulos e essa é sua maior virtude. Temos também bandas que fazem parte do cenário recente e que nos serviram muito como parâmetro lá no começo da banda. Sempre

e também nunca pensamos como pudesse se associar diretamente a situação do nosso país. Mas, indiretamente tem a ver sim, afinal todos estão passando por algum tipo de controle inconsciente. Em relação à política, preferimos não nos expressar, não achamos que nossa música e nem nossos ideais combinem com isso. A Thymus Boogie, não combina com nada que possa privar a sociedade de ir e vir em qualquer que seja o sentido. Nosso único interesse artístico é nos libertamos e libertar a mente daqueles que sentirem afinidade com nossa expressão musical. Referências. Toda banda tem a sua. Liste as cinco bandas que marcam o som do TB e, em poucas palavras, fale um - 31 -


curtimos muito Stoned Jesus, uma banda que não erra na mão de jeito nenhum. Pensam na sonoridade do álbum, e manda ver! No meio termo entre clássico e o novo, temos o Spiritual Beggars. Nosso guitarrista Fagner, é muito influenciado pelo Michael Amott, tenho certeza que se inspira até hoje em suas criações de riffs. Pra fechar, temos o Pink Floyd, que não segue exatamente a mesma linha musical que nós, mas quando falamos de um verdadeiro espetáculo sonoro e visual, não podemos deixar de citá-los. Eles trazem uma experiência que vai além da música, e isso nos instiga a fazer mais do que simplesmente música. Pode ter certeza que vai ter algo muito grande para o lançamento do nosso primeiro álbum. Se não for pra fazer algo grandioso, preferimos nem fazer (risos). Por fim, quando sai esse álbum? Já tem perspectiva? Sucesso e muito obrigada. A perspectiva de lançamento que temos para o álbum é até o final desse ano. Porém, caso haja alguma mudança, iremos manter nossas redes sociais sempre atualizadas com as novidades da banda. E, em reconhecimento do seu carinho, gostaríamos de anunciar em primeira mão para a revista Rock Meeting, que dia 20 de abril (04/20) lançaremos nosso próximo single “GrapeJuice”. Nas próximas semanas, soltaremos mais novidades relacionadas a esse lançamento em nossas mídias sociais. Agradecemos de coração por essa entrevista mais que completa, e desejamos que a Rock Meeting tenha um ano muito próspero e de muito sucesso. - 32 -


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Sala Rocksound Barcelona, 17 de Fevereiro 2017 Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

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uitas vezes os melhores shows são aqueles no qual a expectativa é baixa ou até mesmo desconhecida. Assumo que os californianos do Nothington pouco tocaram nos auto-falantes de casa, fato. Porém temos a mente aberta e o som quando é honesto e tão desprovido de expectativas como descrito acima e também pelo lado da banda, tudo se encaixa e a noite de domingo salva aquela semana tranquila que passou. Devido a tudo isso, nos aproximamos do Bar Rocksound e conferimos não só aos de São Francisco, como também aos locais do Batec, que não decepcionaram apesar de tão pouco tempo na estrada com um punk rock direto e pegada forte. Também não esperávamos tantos assistentes, mas podemos considerar que a Rocksound esteve bastante cheia de fãs fieis com letras na ponta da língua. Com pouco mais de uma década o Nothington está prestes a lançar seu quarto álbum. Deram um repasso na discografia e incluíram músicas como “Far To Go”, “The Ocean” e “Where I Stand”, esta última de seu primeiro disco, All In. Não podemos nem queremos comparar, mas durante todo o show a influencia de bandas como Social Distortion e especialmente Hot Water Music foram nítidas. - 36 -


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Sala Razzmatazz, Barcelona em 23 de Fevereiro Texto e Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots

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clássico dos clássicos no que podemos considerar bandas formadas nos anos 80, Kreator e Sepultura chegaram ao final daquela década e invadiram os anos 90 como grandes expoentes do thrash metal. Traçando um cronograma e avaliando a historia de cada grupo, percebemos de que tudo foi muito parecido apesar de países e continentes distintos. Quarteto de adolescentes de um lado e de outro, muito improviso, equipamento ruim e atitude de sobra. Sim equipamento ruim para o Kreator também ainda que achem que não. Há pouco mais de dois anos estive conversando com Mille Petrozza que não duvidou em dizer que engana-se quem diz que os anos oitenta foi a época dourada do metal, tudo muito improvisado e equipamento barato, o único brilho que havia na época era a criatividade. Enfim, papo para outro dia. Ainda com relação à introdução aí acima, numa das muitas bifurcações que bandas e músicos são obrigados (ou não) a tomarem, algumas erram, outras acertam, mas vale lembrar que essas bifurcações, a cada vez que reaparecem, algumas bandas reconhecem o - 42 -


Andreas Kisser - Sepultura - 43 -


erro e corrigem, outras voltam a errar e por aí vamos. Onde queremos chegar? Queremos dizer que o Kreator, há vinte e cinto anos passou de banda grande a perder força por quase uma década, passou a tocar em lugares menores, discos experimentais foram lançados, mas corrigiram os erros e atualmente podem se orgulhar de ser uma das maiores bandas de metal do continente europeu. E o Sepultura? Como disse anteriormente, as bifurcações reaparecem em épocas distintas e numa delas, os brazucas passaram por sua prova de fogo e sabemos muito bem qual foi. O resultado atual pode não ser tanto como os alemães aqui na Europa, porém definitivamente continuam sendo um dos grandes expoentes do nosso continente e a prova disso foi o show em Barcelona no último 23 de fevereiro, além de confirmarem presença em vários festivais europeus no verão que se aproxima. Antes dos gigantes entrarem em cena, tivemos a oportunidade de conferir bons shows com Aborted e Soilwork. Os belgas do Aborted aproveitaram e bem seus trinta minutos da tarde e não decepcionou o público que chegou cedo e em bom número para conferir um setlist novinho em folha, quase todo dedicado ao último lançamento, “Retrogore” e algo do disco anterior, “The Necrotic Manifesto”, caso do “Coffin Upon Coffin”. O Soilwork, por sua vez, deu sua tradicional pincelada no setlist, abriu a noite com “The Ride Majestic”, “Nerve” de Stabbing the Drama e “Rise Above The Sentiment”, riffs matadores e a fusão de vocais melódicos e guturais foram os mais marcantes na apresentação. O Sepultura chegou em bom momento, após as boas apresentações de Aborted e Soilwork, o quarteto só teve o trabalho de manter o ritmo e a empolgação da galera em alta e, experientes como são, não deixaram pe- 44 -


dra sobre pedra e desceram a madeira com “I Am The Enemy” e “Phantom Self” do recém lançado Machine Messiah, momento oportuno e muito bem escolhido para apresentar músicas novas e que funcionaram a perfeição junto ao público. Outra que foi bastante celebrada foi “Choke” do longíquo Against. Os clássicos não demoraram a aparecer e o primeiro a dar as caras foi “Desperate Cry”, mas ainda assim, “Refuse / Resist” e “Inner Self” continuam sendo os campeões da noite junto de “Roots Bloody Roots”, responsável por fechar a noite como de hábito. Eloy Casagrande, o atual baterista da banda confirmou expectativas e deixou claro o porquê foi escolhido para ocupar o posto. Derick perdeu as rastas, mas mantém seu carisma em alta e o renovado público deixou claro que épocas passadas são épocas passadas. Paulo e Andreas dispensam comentários profissionais, mas reservo aqui um espaço para fazer pública minha questão. Qual será o segredo do Kisser? Há 29 anos, ainda adolescente, assisti o grupo pela primeira vez, fiquei velho e Andreas continua com a mesma cara. Alô marcas de produtos de beleza, está aí o garoto propaganda perfeito. Chegar até aqui e não detalhar o show do Kreator seria um crime. Antes de entrar na sala Razzmatazz algo já chamava atenção, o tamanho do caminhão que levava o equipamento da(s) banda(s), estacionado do lado de fora, simplesmente gigante além dos três tour bus de dois andares. Dúvidas começaram a se dissipar ao ver o tamanho da bateria do Ventor, rampas laterais e plataforma na parte de trás do palco (por cima da bateria), tela de fundo, iluminação especial, algo bem parecido ao utilizado no Dying Alive. Também canhões de fumaça com direito a uma pistola utilizada por Mille em uma das músicas, no que consideramos parte

Guitarrista Ian Jekelis do Aborted (acima). Derick Green, vocalista do Sepultura (abaixo). - 45 -


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teatral da apresentação. Haviam dois encapuzados nas laterais com pratos fumegantes no início do set e até uma chuva de papel picado que, sinceramente, acho que pouco combinou com a banda. Um setlist completo, sem deixar clássicos como “Flag of Hate” e “Pleasure To Kill” de lado, com “Extreme Aggression” muito bem encaixado no meio do show e engana-se quem achava que o quarteto abriu a noite com músicas do recém lançado Gods of Violence. Como a celebração de um marco, “Hordes of Chaos” vem abrindo com êxito as apresentações há algum tempo e time que ganha não se mexe. A que não esperávamos de cara foi “Phobia” e após essa, “Satan is Real” e a música título do disco novo apareceram. Além delas, “Fallen Brother” e “Hail To The Hordes” também foram tocadas. “Phantom Antichrist”, “Enemy of God” foram outras que fizeram a festa em uma hora e meia de apresentação e praticamente duas dezenas de músicas. Como foi escrito lá no início, o Kreator passou por um calvário, experimentou, não deu muito certo e corrigiu seu caminho, deu a sorte de contar com a chegada de bons músicos como o baixista Christian Geisler e especialmente o gentleman chamado Sami Yli-Sirnio, técnico, melódico e que por coincidência ou não, desde sua chegada, o Kreator recuperou sua melhor forma. As engrenagens funcionam perfeitamente, o quarteto parece ter encontrado a fórmula perfeita para compor suas músicas e chega a ser difícil de escolher qual dos últimos cinco discos, é o melhor. Na verdade acho que todos se completam.

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Foto: Lorenzo Bregant

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Por Pei Fon | Fotos Divulgação Tradução Guilherme Alvarenga

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ue a música é uma ferramenta que une as pessoas, isso ninguém duvida. Então cruzamos o Atlântico e trouxemos para vocês a banda italiana Overtures, que pode soar novo para alguns, é bem verdade, mas tem uma bagagem daquelas. Conversamos com o vocalista Michele Guaitoli, suas palavras são tão sinceras e tão gente boa que a vontade que dá é de tê-lo no ciclo de amizades. Acompanhe! Olá pessoal, como vão?! Este é o nosso primeiro contato e agradeço desde já o tempo para nós. Por favor, fiquem à vontade e não precisam medir as palavras. Olá, tudo está ótimo aqui! E eu vou aproveitar essa oportunidade para dizer obrigado pelo seu tempo! Algumas vezes as bandas acham que resenhas e entrevistas são coisas óbvias, mas, sendo sincero, para mim é uma oportunidade única de dar algo a mais para aqueles que nos acompanham, então somos realmente gratos a você! Primeiro ato. Apresentem-se para os nossos leitores. Para aqueles que não nos conhecem, Overture é uma banda de Heavy Metal Progressi- 50 -


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vo da Itália. A banda nasceu em 2003 e nosso primeiro lançamento profissional foi em 2010. Nós começamos como uma banda cover e em 2008 lançamos um Ep (que foi lançado pela gravadora Alemã “Rock it up Records”) e somente depois disso mudamos a maneira como trabalhamos com música, compondo e trabalhando como fazemos hoje em dia. Desde o lançamento de “Rebirth” em 2010, nós assinamos com nossa gravadora atual “Sleaszy Rider Records”. Em 2013, nós lançamos “Entering the Maze” e agora estamos divulgando o novo álbum “Artifacts” lançado em maio de 2016. Nesse período todo fizemos três turnês europeias como banda de apoio de bandas como Threshold, Almah e Secret Sphere, nós fizemos centenas de shows. Overtures soa novo aqui no Brasil. Porém vocês já estiveram próximos, já abriram para a banda Almah. Como foi esse momento? O que vocês conhecem das bandas brasileiras? Na verdade foi uma turnê inteira! Dividimos o palco por duas semanas na Europa e eu ainda mantenho contato com o Marcelo Moreira, nós gostamos muito da atitude musical um do outro. Nós também fizemos uma turnê com outra banda brasileira em 2010 o Terra Prima, tivemos momentos deliciosos juntos, ainda troco ideia com o Daniel Pinho pelo facebook, ele é um cantor foda. De algum modo acho que podemos dizer que há uma boa conexão entre nossa banda e o Brasil, é tipo um lance que une no geral as bandas brazucas e as italianas.

na. A Itália sempre foi uma referência importante quando se fala de arte e principalmente música. Vale lembrar que a ópera era cantada em italiano, mesmo na Alemanha, Inglaterra ou França, então muitos músicos desta época clássica eram italianos ou cresceram na Itália. Para mim provavelmente é nossa cultura e a maneira como geograficamente se deu o desenvolvimento musical que envolveu a Itália de um modo único, e acho ainda que combina demais com Metal. Música clássica e metal possuem tanto em comum... Só pensar quão grandiosa soa a “Transiberian Orchestra” huehuehue.

Vocês são italianos e é inevitável não falar dessa união entre Brasil e Itália, afinal, Fabio Lione é o vocalista do Angra. O que os italianos têm de diferentes? Parte das nossas “habilidades musicais” se deve ao contexto histórico da música italia-

Mas vamos falar do Overture. Quarto álbum de estúdio lançado. Como vocês - 52 -


podem apresentar “Artifacts”? “Artifacts” chega como uma evolução de nossos álbuns anteriores, “Entering the Maze” (2013) e “Rebirth” (2010). Gosto de considerar nosso primeiro lançamento “Beyond the Waterfall” (2008) que era um EP onde estávamos descobrindo a nós mesmos enquanto músicos (e éramos muuuuito juvenis ainda). “Rebirth” pode ser considerado tranquilamente um álbum de Power Metal com influências de Hard Rock. “Entering the Maze” foi um álbum mais sombrio, com melodias e atmosferas sombrias... E fez sucesso a beça! O que aconteceu com “Artifacts” é que a gente quis pegar o que tinha de melhor do “Rebirth” com nosso amadurecimento do “Entering the Maze”. Logo conseguimos um álbum com mais luz e menos

trevas, mantendo ainda um conteúdo importante e atual em termos de letra, mas se “Entering the Maze” mostra só a desgraceira de nossas vidas, “Artifacts” traz esperança também. Isso fez o álbum um pouco mais progressivo, porém ao mesmo tempo fácil de escutar pelos refrões “bombásticos”. “Repentance” é uma ótima faixa de abertura do álbum. A escolha do cartão de visita deve ser bem difícil, não é? Bem, de fato é difícil porque é a primeira impressão, o primeiro impacto que existe entre um ouvinte e uma banda. Se você vai leve demais, a galera não vai te achar “heavy” o suficiente, e se você for muito pesado, a galera que não aprecia estilos mais pesados irá se distan- 53 -


ciar, e se você fizer uma música fácil demais de ser escutada a galera vai te chamar de comercial. “Repentance” é uma música com a mistura ideal de tudo isso: Pesada, mas não o mais pesado que somos, com um refrão bombástico, um solo grandioso, um breakdown moderno, riff pesado e não era nem prog demais e nem tão simples comparado com nossas outras canções. Por isso decidimos que ela era a ideal para começar o álbum, por sorte foi uma boa escolha. A faixa “Gold” é a que mais gosto, com certeza. É uma melodia contagiante e fica na mente e ela é bem variada. Fale um pouco sobre essa música. A “Gold” é também uma das mais importantes em termos de significado. Nós falamos sobre a maneira pela qual nós reverenciamos o ouro (Gold) como um Deus (God) em nossa sociedade moderna, daí vem o nome Go(L)D. Teve uma época em que, a maneira que você vivia, definia sua força, sua importância, hoje somos escravos do dinheiro. Se você tiver dinheiro você tem poder, mesmo se você não o merecer. Em termos de música, acho que foi a que mais sofreu influência do “Rebirth” devido ao estilo hard rock do riff, mesmo evoluindo para partes mais pesadas, como o interlúdio com gutural e o solo meio thrash. Quando a fizemos não colocamos limite algum em nós mesmos. Eu (Michele) compus o tema, as melodias, o riff da intro, os refrões e claro escrevi a letra. Marco fez a parte do gutural e o solo, incluindo o riff. Duas mentes em uma música. Ela é tão importante que em breve lançaremos um novo videoclipe, o segundo vídeo oficial para esse álbum.

para nós como as coisas acontecem por aí. A Itália é um berço de bandas, boas bandas nascem e morrem constantemente aqui. Nós temos alguns pilares que nunca caem e ainda são do caralho como Vision Divine, Lacuna Coil e o Rhapsody mesmo após a separação que tiveram. Temos novas bandas do caralho como Destrage, DGM, FleshGod Apocalypse, Temperance, Lucky Bastards. Nós temos bandas importantes em nossa história que nunca alcançaram a fama completa e popular mesmo sendo muito boas como Secret Sphere, Ancillotti. E todo ano você vê bandas nascendo e bandas morrendo. O real problema é que no panorama moderno, você realmente tem de se sacrificar para continuar tocando. Ter uma

Conhecemos algumas bandas italianas, mas não conhecemos tanto a cena. Fala - 54 -


banda não te dá dinheiro o suficiente para sobreviver, então você tem que dar aulas ou ter um outro emprego. E sair em turnê sempre significa estar longe de seu trabalho “principal”. Algumas pessoas encontram um equilíbrio nisso, já para outras é pressão demais e o que elas acabam deixando de lado é a banda. Está cada vez mais difícil, mas nós acreditamos no Overture e sempre damos nosso melhor, pois realmente acreditamos em nossa música.

realmente maravilhoso fazer uma turnê na América Latina no futuro, mas acho que ainda é cedo demais para nós. Eu espero realmente ter a chance um dia de tocar ao vivo para vocês e dizer obrigado pelas palavras de apoio que vocês têm nos dado. Artifacts foi maravilhosamente bem apreciada pela crítica: recebemos muitas resenhas positivas que podem ser encontradas em nosso site, nós somos humildemente gratos por tudo isso!

Como tem sido a resposta desse novo álbum? Tem recebido algo daqui do Brasil? A América Latina e o Brasil, em especial, sempre curtiram pra caralho nosso trabalho. Nós recebemos ótimas resenhas de vocês e seria

Top 5. Quais as bandas que influenciam o som do Overtures. Fale um pouco sobre cada uma. Toda vez que eu ouço essa pergunta eu entro em pânico hahaha, cinco nunca é o suficiente, mas posso dizer: - 55 -


Symphony X- Incrível técnica, poder inacreditável, Riffs bombásticos, solos na velocidade da luz. O que mais? Devin Townsend - Ele é um gênio, brilhante em cada nota que toca, apaixonado, único em sua sonoridade. Iron Maiden - Eu realmente não consigo pensar em um top 5 sem o Maiden, você não pode se dizer headbanger se não os respeita. Up The Irons! Queen - Ok, não é metal, mas são história. Estamos falando de uma banda que deixou sua marca na história mundial da música graças às suas maravilhosas melodias, harmonias e a capacidade de passar do Pop a Opera, do Hard Rock ao Progressivo em cada canção. Helloween - Nós temos muita influência de

Power Metal e eles criaram o Power metal, então devemos muito a eles. Por fim, quando é que veremos vocês pelo Brasil? Sucesso e muito obrigada! Hehe, Obrigado a você! Como eu disse antes, infelizmente acho que é um pouco cedo ainda. Somos uma banda jovem que, entretanto, está crescendo e com o panorama atual é realmente difícil para ambos os lados de assumir responsabilidades e embarcar em uma turnê pela America Latina devido aos custos (viagens, etc). Mas com certeza, é uma de nossas metas. Passo a passo continuaremos crescendo porque estamos trabalhando pesado cada dia mais. Algum dia iremos nos conhecer, é uma promessa! - 56 -


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Por Pei Fon com Sidney Santos Fotos Banda/Divulgação

Olá senhores tudo bem? Primeiramente é um grande prazer poder realizar esse bate papo com vocês. Então vamos ao que interessa? Vorgok pratica um Thrash Metal rápido e bem agressivo desde 2014, correto? Conte-nos como foi esse começo, como surgiu a ideia da formação da banda? Edu Lopez: Sim, o Vorgok foi fundado em 2014. Naquela época, eu fazia parte do Necromancer (tradicional banda de thrash do RJ que havia se reunido para lançar o álbum “Forbidden Art”, com material exclusivo dos anos 80 e início de 90 que nunca havia sido propriamente registrado) e tinha uma “banda” de covers com o João Wilson (baixo) só pra diversão. Aquele negócio de ir pro estúdio com os amigos pra tocar músicas que todo mundo conhece sem compromisso nenhum, tomar umas cervejas e tal. O que aconteceu foi que, de um lado, eu comecei a compor material novo pro Necromancer (na pegada do que viria a ser o Vorgok) que não estava sendo aproveitado, pois havia na banda quem preferisse seguir uma direção, digamos, mais moderna, o que não é do meu interesse, e de outro, o baterista dessa “banda” cover se mudou pra Curitiba. Tudo somado, convidei o João pra gente montar uma banda autoral pra fazer thrash como você descreveu, rápido e agressivo, e ele, que é o maior pilhado e adora esse estilo de thrash, topou - 60 -


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na hora. Assim começou o Vorgok. Atualmente, a banda conta também com Bruno Tavares (guitarra – Demolishment/Fórceps) e estamos trabalhando na bateria com nosso irmão Jean Falcão (Absolem, Dark Tower) como session drummer. O que é Vorgok? Da onde vem esse nome? O que ele representa para a banda? Esse nome carrega alguma temática? Conte-nos mais sobre esse conceito? O nome “Vorgok” surgiu da necessidade de uma palavra que fosse curta, soasse forte e traduzisse a seguinte ideia: a coleção de todos os males passados, presentes e futuros praticados e a serem praticados pela humanidade. Tendo em vista a inexistência de uma palavra que designasse esse coletivo, fui fazendo experiências até chegar em “Vorgok”. Esse significado apresenta a temática lírica da banda. Em novembro de 2016 a banda lançou o seu primeiro full-lenght intitulado de “Assorted Evils”, produzido por Celo Oliveira. Como foi o processo de gravação? O álbum possui alguma temática? O que há por trás de “Assorted Evils”? Infelizmente, houve grandes intervalos entre as sessões de gravação. Nesse ponto, pecamos um pouco no nosso planejamento, pois deveríamos ter dado mais atenção à pré-produção. Creio que a vontade de entrar no estúdio e gravar o material misturou-se com certa ansiedade. Eu sou o culpado! (risos). Por outro lado, circunstâncias pessoais dos membros da banda também acabaram por atrasar o processo. Afinal, não vivemos da banda, temos nossas profissões, famílias e outras obrigações para cuidar também. Embora essa demora tenha gerado o risco de se obter um resultado final meio desconexo, ao final isso não aconteceu, e ficamos extremamente satisfeitos. O Celo Oli-

veira produziu, mixou e masterizou o álbum, soube captar com precisão cirúrgica a sonoridade que buscávamos: um equilíbrio entre o antigo e o moderno, isto é, uma sonoridade claramente compreensível e equilibrada, mas que não fosse límpida como os padrões atuais, que muitas vezes te fazem sentir falta do elemento humano. Por fim, o álbum não é um disco conceitual ou uma “ópera thrash”. Porém, dado que todos os temas líricos decorrem do conceito de “Vorgok”, como expliquei acima, há sim grande coesão entre as músicas, não apenas sonora, mas temática também. Uma das músicas que mais me chamou a atenção deste disco foi a “Hunger”, - 62 -


que inclusive ganhou a produção de um vídeo clipe. Qual é a mensagem passada nesta canção? Hoje existe um responsável pelas composições na banda? A faixa “Hunger” trata do direito dos povos do terceiro mundo à segurança alimentar e foi escrita sob inspiração da publicação “FAO Statistical Yearbook 2013 - World Food and Agriculture”. A maior parte das letras teve por base pesquisas de relatórios de organismos da ONU como FAO, ACNUR, UNICEF e artigos doutrinários veiculados em variadas publicações. “Kill Them Dead”, por exemplo, teve por base um famoso artigo do grande Norberto Bobbio chamado “As Razões da Tolerância”. Com exceção da faixa “Drowning”, que é um

prelúdio em violão de nylon composto pelo João - que também é um grande violonista erudito -, todas outras músicas e as letras do disco são composições minhas. Porém, deve ser destacado que o João teve participação fundamental nos arranjos dessas músicas e na forma final que elas vieram a receber. Nesse ponto, trabalhamos em parceria e creio que colhemos muitos bons frutos. Funcionou muito bem. Finalizando, essa é a história deste CD, mas espero que para o próximo os outros membros da banda contribuam com suas próprias composições, mas sempre nessa pegada thrash rápida e agressiva. A banda vem se destacando dia após - 63 -


dia dentro da nossa cena underground e principalmente dentro dos meios de comunicação. As últimas notas sobre o trabalho realizado em “Assorted Evils” rendeu até a inclusão na lista dos melhores álbuns nacionais da Metal na Lata. Como a banda enxerga essa visibilidade? A banda se sente confortável com a repercussão deste último trabalho? De fato, estamos recebendo um grande retorno num tempo muito curto, algo que até nos surpreendeu já que trabalhamos duro para divulgar nossa música. Não apenas aqui, mas já recebemos resenhas positivas, convites para entrevistas e inserção em programações de rádios na França, Austrália, Lituânia, EUA e

Holanda. É sempre bom ser lembrado em listas de “melhores”, pois significa que o trabalho está sendo bem feito, e somos muito gratos por isso. Porém, temos a humildade de ter consciência de que essas menções são subjetivas e dependem de uma série de variáveis que não tem nada a ver com o mérito ou qualidade da banda. Por fim, a banda, embora surpresa, se sente confortável com a boa repercussão, pois trabalha sempre com planejamento e, exatamente por isso, está preparada para crescer e ganhar cada vez mais visibilidade. Recentemente a No Class Agency anunciou o time de bandas que irá participar do evento de 30/04 com a banda Angelcorpse. Como é para a banda participar - 64 -


deste evento? Como surgiu o convite? O evento exige algo mais? Qual é a importância de participar de um evento como este? O convite para participar do “No Class Festival - Brutal Edition” partiu da própria No Class Agency. O pessoal ouviu nosso som, curtiu e fez o convite. Aceitamos sem pensar duas vezes e somos muito gratos pelo convite. Esse é um evento muito diferenciado e extremamente importante para nós. Diferenciado porque conta com um cast absurdo e que é muito difícil de reunir (além do Vorgok, conta com Fórceps, D.I.E, Cauterization, Woslom, Rebaelliun, Lacerated and Carbonized e o Angelcorpse, dos EUA, fechando) e o evento acontecerá numa casa muito bem localizada, com excelente es-

trutura e localização e por um preço acessível para o seu porte. Enfim, o evento apresenta todas as condições para que o público tenha uma experiência inesquecível. Por fim, é importante para nós porque coloca o Vorgok no mesmo palco de grandes nomes do metal nacional e em condições de palco ideais, coisa raríssima de acontecer, infelizmente. A banda é natural da cidade do Rio de Janeiro, correto? Conte-nos um pouco sobre como anda a cena underground no Rio. Hoje podemos afirmar que a cidade possui espaço suficiente para a produção de eventos? A cena underground carioca sofre dos mesmos males que castigam outras cenas pelo Brasil. O - 65 -


que pode haver entre as cenas são diferenças de grau dos problemas, mas eles são os mesmos: poucos espaços para tocar, condições geralmente abaixo do mínimo aceitável, poucos produtores com a visão de realizar um trabalho sério, público reduzido e, atualmente, a grave crise econômica que enfrentamos tem piorado muito as coisas, até porque as bandas precisam que elas mesmas invistam no seu trabalho. O lado positivo é que, mesmo assim, há inúmeras bandas excelentes nos mais variados estilos de metal e que levam sua arte a sério e que, junto com esses poucos produtores e público, conseguem manter a cena viva e pujante. Acredito que uma nova época começa a se desenhar na cena carioca, com muitos dos

envolvidos adotando uma visão empreendedora e não se deixando seduzir cegamente pela paixão que temos pelo metal, o que pode levar, por falta de racionalidade e excesso de emoção, a tomada de decisões equivocadas sobre os rumos a seguir. Acredito firmemente que estão sendo plantadas sementes para um futuro muito melhor. O próprio “No Class Festival - Brutal Edition” é uma prova disso. De que forma a Vorgok contribui para a cena underground local? Existe alguma movimentação por parte da banda? O que falta para que o trabalho do artista autoral tenha mais valor? Procuramos estabelecer contatos e trabalhar - 66 -


se aprimorar. Na verdade, às vezes fico até entristecido em observar o pouco que evoluímos desde os anos 80 para cá. Temos muito tempo perdido para recuperar. Mãos à obra! Ao analisar os meios de comunicação da banda, percebemos que vocês disponibilizam “Assorted Evils” para venda no seu formato físico, também notamos que o material está disponível de forma completa nas principais plataformas streams na internet. Essa já era uma estratégia da banda ou a consulta da música eletrônica os obrigaram a partir para essa linha de consumo? Sim, essa já era uma estratégia da banda. Para o bem ou para o mal, a internet é uma realidade que deve ser aceita. Viver como se ela não existisse, por exemplo, agindo apenas com base em rotinas que eram típicas dos anos 80, é, para mim, um grande equívoco, e não trará vida longa pra quem age assim. Com esse pensamento, geramos conteúdo para internet (já fizemos um clipe para a faixa “Hunger” e estamos trabalhando em outros dois; disponibilizamos um videomenu no youtube onde é possível ouvir o disco inteiro no nosso canal oficial e acompanhar as letras em tempo real), disponibilizamos nosso CD em todas as grandes plataformas de streaming e download.

em parceria com os atores que, embora todas as dificuldades apontadas, realmente fazem a cena acontecer de modo profissional. Na minha opinião, para que o trabalho do artista autoral tenha mais valor ainda está faltando uma visão profissional mais apurada por parte de vários desses atores, o que implica também e isso é o maior obstáculo - no abandono de certos preconceitos e hábitos. Na minha visão, underground não é sinônimo de amadorismo, ‘tosqueira’ e improviso. Isso deveria valer para todos: bandas, produtores, casas de show, assessorias de imprensa, bookers e o que mais você imaginar. Felizmente, há pessoas sérias e com visão profissional em todas essas áreas, mas, no geral, a cena ainda tem muito no que

Disponibilizar trabalhos por completo na internet ajuda ou atrapalha nas vendas? Primeiramente, creio que seja necessário entender que o público somente vai gastar seu suado dinheiro em material de qualquer banda se - antes de mais nada - estabelecer uma conexão com a banda. Pra isso a internet é imbatível, mas ela exige que a banda disponibilize seu material praticamente de graça, pois, para - 67 -


uma banda underground, o retorno financeiro de streamings e youtube são pífios. Em contrapartida, essa exposição que a internet viabiliza acaba gerando a conexão de que falei, que é estabelecida com apoiadores (não gosto da palavra “fã”) que, estes sim, vão te procurar pra comprar o CD (mesmo ele estando disponível na internet) e merchan. Perceba que, no Brasil, a logística para uma banda underground sair por aí para tocar ao vivo é muito cara (diferente dos EUA e Europa). Por isso, a banda seguramente não terá oportunidade de tocar ao vivo para várias dessas pessoas com as quais estabeleceu essa conexão via internet e, portanto, não terá essa oportunidade vender CDs e merchan. Por outro lado, também para o público que tem a oportunidade de assistir a banda ao vivo, e que, portanto, tem a possibilidade de adquirir CDs e merchan em shows, é importante estabelecer essa conexão. Não estamos nos anos 80 e pouquíssima gente se dispõe a sair de casa para ir ao show de uma banda que não conhece. Então, as pessoas vão ao seu show porque já te conhecem (ou porque conhecem as bandas que tocarão com a sua). E como isso é feito? Através da internet. É o ideal? Não. Gostava muito mais dos anos

80, quando a gente ia para as casas de show muitas vezes sem saber ao certo o que ia rolar, e aí havia sim a chance de formar público, mas é assim que funciona hoje em dia. Enfim, é preciso estabelecer essa conexão através da internet para que o público não apenas vá aos shows, mas para que, indo, também adquira CDs e merchan, Resumindo, acho sim que a internet ajuda nas vendas. Pois bem pessoal, acho que é isso, fico feliz por esse momento e triste por ter que finalizar, agradeço imensamente pela oportunidade e pela atenção, aqui deixo o espaço livre para vocês, fiquem à vontade. Gostaria de agradecer ao espaço para a entrevista e convidar os leitores para subscrever nosso canal no youtube para receber notícias atualizadas da banda - não se preocupem porque não vamos encher o saco de ninguém com babaquices irrelevantes “pra estar em evidência”. Para ouvir nosso som acesse nossas plataformas de streaming e, caso haja interesse em adquirir o CD físico e merchan é pormeio da nossa página no facebook. Fiquem ligados porque 2017 promete! Thrash on! - 68 -


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Por Mauricio Melo & Snap Live Shots

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desejo de ampliar nossas coberturas internacionais não é algo recente. Há muito estamos esperando a oportunidade de ir mais além e ao que tudo indica, este ano de 2017 será o mais oportuno. Festivais acontecem todos os anos, mas nem sempre o cardápio é tão suculento quanto aos que estão a caminho. Já temos presença confirmada no Hellfest, Xtreme Fest, grandes possibilidades com o Primavera Sound e Cruilla, passando por Lollapalooza Paris, Los Deferlantes ao sul da França e temos como próximo alvo o Download Festival em Madrid, Espanha. A princípio o evento rolaria em apenas dois dias, mas se viram obrigados a oferecerem três datas devido ao número de bandas confirmadas e adesão imediata do público. Entre os grandes nomes temos Prophets of Rage, Linkin Park, que não pisa em território espanhol há sete anos. E para quem acha que é muito, o que dizer do System of a Down que oferecerá única apresentação no país dentro do evento. Mas não para por aí, nomes como Opeth, In Flames, Suicidal Tendencies, The Cult e NOFX

também merecem destaque e vão dando potência ao evento. Também teremos o Bat Sabbath, que nada mais é do que Cancer Bats tocando cover do Black Sabbath. Num primeiro momento seria o Zakk Sabbath, trio formado por Zakk Wylde, Joey Castillo e Blasko, porém foi a baixa da semana. Nem havíamos terminado de escrever este texto e novas confirmações já caíam na caixa de correio. Bandas como Mastodon, A Day To Remember, House of Pain, Phil Campbell and The Bastard Sons são alguns dos novos confirmados. Também vale destacar nomes espanhóis como Porco Bravo, Hamlet, We Ride, Trono de Sangre, Against Waves e mais treze nomes de peso foram anunciados até o momento. As entradas já estão disponíveis no site do festival. Entradas por dia a partir de 65 euros e abonos com preço inicial de 145 euracos até 6 de março. O evento possui um aplicativo já disponível para download. Esta aí uma boa pedida para o verão espanhol. - 70 -


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Por Pei Fon com Rômel Santos | Fotos Divulgação

O MADDS surgiu na imprensa em 2016 com a divulgação de alguns vídeos das músicas “Mar de Ilusões”, “Eu Não me Entrego”, “Desordem e Regresso” e “É Sempre Assim”. No entanto, já lançaram um disco em 2012, “Automatização”. Falem um pouco sobre o início das atividades e trajetória até o début. Matheus Maddia: Nossa trajetória começou em 2010, nós fazíamos covers de várias bandas de Rock dos anos 60 e 70 e tocávamos em alguns bares da região, com um determinado tempo de experiência resolvemos investir no autoral.

deixou a banda? Há possibilidades de um retorno? Ele continuará a contribuir nas composições? Marcelo Maddia: Meu irmão mais velho Thiago resolveu sair da banda por falta de tempo e na época nós tínhamos apenas o projeto com banda, por isso não era uma coisa muito rentável. Em relação à banda, ele ainda nos ajuda com algumas letras e se as coisas correrem tudo bem as portas estarão sempre abertas para o seu retorno. A sonoridade do MADDS é muito rica, contém forte referência d Classic Rock da década de 70 e da Música Popular Brasileira (MPB). Quais influências e inspirações durante o processo criativo? Matheus: Para mim isso depende muito do que estou escutando no momento, geralmente

Assim como o Bee Gees vocês iniciaram como um trio de irmãos, Thiago, Marcelo e Matheus Maddia, com o qual lançaram o primeiro trabalho. Entretanto, hoje estão em dupla. Por que o Thiago - 73 -


meu processo criativo é sozinho, já que não temos o costume de compor juntos. “Mar de Ilusões” foi produzido em seis mãos, Matheus Maddia com auxílio de Marcelo Moss e Rodolfo Bittencourt. Matheus, como você avalia o trabalho com Marcelo e Rodolfo? Comente sobre o período de gravações. Matheus: Na verdade “Mar de Ilusões” foi produzido pelo Marcelo Moss e por mim, como é muito caro gravar um álbum de uma só vez, nós fomos gravando vários singles e no final ‘montamos’ o segundo disco. Em relação ao trabalho com ambos foi bacana pelo fato de termos a liberdade de querer fazer o que quiser, algo que não aconteceu em nosso primeiro. A capa, criada pelo artista gráfico Luã Freitas, é muito interessante, e certamente fará com que as pessoas refletam. O que quiseram transmitir com esta arte? Marcelo: A arte representa a influência da mídia (no caso a TV) sobre a sociedade e o mar seria todas essas informações descartáveis. Nós gostamos bastante do resultado, pois é algo relativamente simples, mas criativo. O álbum foi lançado oficialmente nas plataformas digitais em fevereiro, mas em breve também terá a versão física em CD. Ainda é válido pra vocês investir neste formato? Marcelo: Acredito que qualquer forma de divulgação é válida, pois nem todo mundo usa as

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plataformas digitais, eu sou um exemplo disso (risos). O Top 5 Rock Meeting já é tradicional em nossas perguntas. Façam um top 5 das bandas que influenciam o gosto musical. Destaque um álbum e, se possível, teça algum comentário a respeito. Matheus: Em relação as bandas que influenciaram meu gosto musical são: Yes, The Who, Beatles, Led Zeppelin e The Kinks. Na verdade eu gosto muito de Rock Progressivo, porém tanto no Brasil (e em qualquer lugar do mundo) é muito difícil ter espaço para bandas com esse tipo de som hoje em dia. Em questão de álbum, eu não vejo nenhum que tenha nos influenciado a ponto de fazer um disco inteiro baseado nele, mas se fosse escolher meu álbum preferido ficaria com o “The Yes Album” (1971), pois foi a estreia do Steve Howe no grupo e para mim o cara é um deus na guitarra. Vocês lançaram vários vídeos como prévia do “Mar de Ilusões”. Pretendem gravar novos videoclipes? Marcelo: A medida que gravarmos coisas novas também iremos fazer clipes, pois as pessoas acabam se interessando mais pelo trabalho quando tem esse lance visual. E perspectivas de shows autorais para 2017, quais os planos? Matheus: Como estamos em processo de ensaio com novos músicos não podemos focar em coisas novas sem fixarmos as antigas, depois que essa situação se resolver focaremos em shows para a divulgação do nosso trabalho.

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Burburinho, Recife – 04/03/2017 Texto e Fotos: Messias Junior

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uando se fala em Belphegor, uma das bandas de Death/Black Metal mais poderosas e brutais do cenário extremo, não da pra brincar. De forma contundente, Recife recebeu os austríacos de novo e a banda não decepcionou. Se é uma avalanche sonora, com riffs maravilhosos e uma pegada ritualística que você procura? Não perca o próximo show desses caras. Caos, brutalidade e uma técnica acima da média é o que você vai encontrar. Foi o que centenas de pessoas procuravam enquanto esperavam na porta do Burburinho o show dos caras, show esse integrante da tour “Latin American Cremation 2017”. Saindo de Maceió e pegando umas boas horas de estrada, chegamos a quente Recife, direto para o local do show, Burburinho. Da rua já ouvíamos o soundcheck dos caras. E não é brincadeira. A coisa ecoava pela rua toda. No final da rua, um casamento acontecendo na igreja. É de se pensar o que os convidados estavam imaginando durante a cerimônia. Eu falei cerimônia? Irônico. Estava previsto que duas bandas (In- 78 -


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ner Demons Rise e Krápula) abrissem o show a partir das nove da noite, o que não aconteceu. Houve um atraso brutal, obrigando as bandas citadas a fecharem o evento. Somente perto das 23h é que os caras do Belphegor sobem ao palco e começam, como eles mesmo dizem, a “cerimônia”. E que cerimônia, senhoras e senhores! Mais de uma hora de um tremendo compilado das melhores faixas dos caras. Destaques absolutos para a faixa de abertura do show, “Bleeding Salvation”, do álbum “Goatreich – Fleshcult” de 2005. Impressionante como soam coesos e absolutamente brutais no palco. Um baterista que beira ao insano, faz com que a banda ao vivo soe como um CD, de tão preciso que é. O baixista Serpenth, com inúmeras caras e bocas, a todo tempo intimida o público com olhares e gestos, e com uma postura de palco impressionante. O vocalista/Guitarrista Helmuth é quase um pregador no palco. Mantem o público completamente hipnotizado por ele, enquanto grunhe e berra as infalíveis “Gasmask Terror” e “Diabolis Virtus In Lumbar Est”. A partir dessa hora a segurança teve trabalho pra segurar o pessoal, que estava completamente alucinado e empurrando as grades de proteção do palco. O burburinho proporciona uma experiência de show muito boa, pois como uma casa relativamente pequena, o publico fica colado no show. Interação máxima! O que dizer? A banda é apavorante no palco. Incorpora um status visual bastante agressivo, com maquiagens sangrentas, cruzes, caveiras, ossos, incensos, e transforma a atmosfera do local num verdadeiro culto. Digno de nota o profissionalismo, o cuidado com os detalhes e o entrosamento da banda ao vivo. O vocalista Helmuth e o baixista Serpenth são claramente os cabeças da banda, intimando a galera, interagindo e mantendo a presença da - 80 -


banda impossível de ser ignorada. Uma das músicas mais aguardadas por todos (e por esse que vos escreve) é a faixa título “Lucifer Incestus”. Tocada à velocidade da luz (e um deleite pra entusiastas da bateria, já que é uma das faixas mais rápidas dos caras), já se tornou um clássico absoluto da banda. O burburinho tremeu um pouco mais nessa hora! Esse foi o momento de largar a câmera fotográfica, o celular, e literalmente machucar o pescoço. Mas por uma boa causa! Outro destaque é a violentíssima “Bondage Goat Zombie” do álbum homônimo de 2008. Não houve uma só pessoa que não tivesse gritando a plenos pulmões o refrão dela. Dava pra sacar a satisfação de Helmuth, enquanto ele fazia suas caras e bocas no palco. Uma música nova, “Totenkult – Exegesis Of Deterioration”, já deu uma ideia do que será o álbum novo, que de acordo com o próprio Helmuth, já está gravado, ainda sem nome até o momento, mas que será lançado ainda em 2017. Uma breve pausa, e eles voltam pro palco tocando mais duas músicas, sendo a última, a “In Blood – Devour This Sanctity”, do álbum “Blood Magick Necromance” de 2011. O riff inicial dessa música é um convite a três dias de dor no pescoço. Ouve ela aí e veja se não estou certo. O público pirou, completamente. Terminado o show, já bem tarde, era hora de voltarmos... E pela demora na desmontagem do palco do Belphegor e montagem do outros para as bandas de abertura, já nos aproximávamos da 1 da manhã. Era hora de voltar e enfrentar mais umas boas horas de estrada. Exaustos! Completamente destruídos. Mas totalmente satisfeitos em testemunhar um dos shows mais insanos, brutais e completos que uma banda de metal extremo pode oferecer. Que venham mais vezes! Hail Belphegor!

Helmuth -Vocalista/Guitarrista (acima). Helmuth e Serpenth (abaixo).

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