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Oito anos Há oito anos, um amigo sussurrou nos meus ouvidos que eu deveria fazer algo para movimentar a cena em Maceió. Há oito anos não imaginava que chegaria tão longe, conheceria bandas incríveis, estaria em festivais e shows importantes. Há oito anos nem sabia o que queria da vida, o que dirá se a Rock Meeting teria vida longa. Após assistir ao documentário da banda canadense Anvil, muitos questionamentos surgiram. Uma deles era de continuidade. Quem tem banda, acredito, deve ter assistido. Ele é de fundamental importância. A mensagem que passa nesse doc é de perseverança. O que esses caras passaram, ainda lá nos anos 80, e atualmente, não é fácil. E discutir o que deu errado, agora, já não soa tão relevante. O lance é erguer a cabeça e continuar sustentando o sonho de adoles-
cente. A Rock Meeting, bem como muitos projetos que temos na vida, não nasceu num berço de ouro, não iniciou com status de grande. Pequena, quase invisível, apoiada e odiada, nem todos os caminhos trilhados foram fáceis. Mas é aquele ditado que nos ensina a não dar um passo maior que as pernas. E assim foi e está sendo. Sem exagero, fazendo o que pode, a Rock Meeting consegue alcançar seus objetivos. E queremos mais, claro! São oito anos de luta. Oito anos sem comemorar muito. Com os pés no chão, mas vamos chegar onde queremos. Deleite-se nessa edição especial que preparamos para você! Um salve todos que já estiveram conosco, sem vocês não chegaríamos onde estamos!
06 - News - World Metal 10 - Lapada - Sucesso ou Fracasso? 16 - Best of - Resumo em fotos 34 - Entrevista - Edu Falaschi 42 - Live - Anathema 50 - Capa - Epica 64 - Entrevista - Shadowside 78 - Live - Testament 88 - Skin - Tattoo do bem 96 - Live - Deicide 100 - Entrevista - Brutal Desire
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Expediente Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn Jonathan Canuto Colaboradores Jonathan Canuto Leandro Fernandes Marcos Garcia Marta Ayora Mauricio Melo (Espanha) CONTATO contato@rockmeeting.net
www.rockmeeting.net
Overload music fest
Foto: David Kliemann
Ao lado de Enslaved (Noruega), Les Discrets (França) e John Haughm (Estados Unidos), o Sólstafir é uma das atrações mais esperadas do Overload Music Fest 2017, evento que acontece no próximo dia 16 de setembro, no Carioca Club, em São Paulo. Apesar da grande procura, ainda há ingressos à venda no site do Clube do Ingresso e pontos autorizados na capital paulista, Jandira, Barueri, Santo André, São Caetano do Sul, São José do Rio Preto, Curitiba e Rio de Janeiro. Fundado em 1995, o Sólstafir é um dos principais representantes do post-progressive metal. Informações sobre o Overload AQUI. mistura de Heavy e Thrash
O Datavenia segue promovendo seu álbum, ‘Welcome To The Underground’ e celebra a bela aceitação que sua proposta de mesclar Heavy e Thrash Metal vem recebendo. Contando com 10 faixas, ‘Welcome To The Undergound’ mostra todo o poderio da banda gaúcha com técnica e musicalidade criando algo único e poderoso. Confira um pouco do que vem sendo falando do disco. “A audição do disco como um todo é algo maravilhoso” – Metal Samsara. Quem não conhece ainda o trabalho pode fazê-lo agora mesmo, já que banda liberou o álbum completo para audição gratuita e pode ser ouvido AQUI. ‘Enlighten’
O grupo carioca As Dramatic Homage, em seus mais de dez anos, vem construindo uma sólida carreira e expandindo sua proposta musical em algo complexo e único. Seu mais recente trabalho, o EP ‘Enlighten’, do ano passado, elevou ainda mais essa proposta e levou os ouvintes a mergulharem em um belíssimo e profundo conceito. “Este é um trabalho que demonstra um passo à frente na musicalidade do grupo. As músicas transitam através de panoramas experimentais, , extremos, intensos e progressivos”. Para quem ainda não ouviu o disco, ele pode ser conferido AQUI. Adquira o trabalho nesse link. -6-
novo EP
Uma das grandes revelações do Black Metal nacional dos últimos anos, o paulista Creptum, está preparando um novo trabalho. Ainda sem muitos detalhes divulgados, sabemos que trata-se de um EP que está sendo gravado no Wax Studio em SP e que contará com uma música inédita e um tributo a uma grande banda dos anos 80. O lançamento está previsto para ainda este ano e mais novidades serão apresentadas muito em breve. EP sucede o elogiado debut, ‘of lies, curses and blood’. A banda disponibilizou todo o álbum para audição AQUI. Sold out
A banda Noturnall comemora com os fãs o primeiro show sold out de sua história no Sesc Belenzinho, em São Paulo. O show fez parte do lançamento do álbum “9″ e foi um momento muito especial para os músicos da Noturnall. Lembrando que a banda gravou o DVD “First Night Live” com casa lotada no Carioca Club, mas naquela ocasião o evento era gratuito com doação de alimentos não perecíveis para a casa Hope. O grupo presenteou os fãs com músicas dos álbuns “Immortal”, “Origins”, “Noturnall”, “BTFYU” e “9″, além de um cover surpresa de “I Want Out” do Helloween. Rockshots Records
A TRM Press em parceria com a gravadora italiana Rockshots Records anunciam orgulhosamente que a banda Freaky Jelly assinou contrato para lançamento do álbum “Reverse” na Europa. O disco será distribuído no continente europeu pela Plastic Head UK e também na América do Norte (Estados Unidos, Canadá) pela MVD Entertaiment. Diretamente de São Paulo, a Freaky Jelly é uma banda autoral na linha do metal progressivo. Com influências do tradicional Rock progressivo até o Hard Rock, a sonoridade passeia pelo Heavy Metal em todos os gêneros. Conheça o trabalho da banda AQUI. -7-
“Black Sun”
A banda Warshipper está divulgando a capa de seu novo álbum, “Black Sun”, previsto para janeiro de 2018. A capa do álbum foi desenvolvida por Alcides Burn (Burn Artworks), inspirada pela pré-concepção da banda e promove o conceito relativo a abordagem abstrata do “conto astrológico” sobre Nemesis. Se trata de uma segunda estrela junto ao sol que formaria um sistema binário em nosso sistema solar, a qual cruza a cada 26 milhões de anos a nuvem de Oort trazendo desgraça à Terra e extinção de espécies. Para conhecer a banda, basta acessar os perfis nas redes sociais: Facebook | Soundcloud | Twitter “Spending My Time”
A banda gaúcha A Sorrowful Dream, desde seu início, sempre primou por agrupar em sua sonoridade diversos estilos, indo da Música Clássica ao Death Metal. E no meio disso tudo, referências voltadas ao Gothic e New Wave, e enraizado nas preferências musicais de seus integrantes, bandas voltadas ao Pop Rock, como o sueco Roxette. Coube a banda dar sua própria interpretação para a clássica “Spending My Time”, gravada e produzida por Sebastian Carsin, do estúdio Hurricane, de Porto Alegre. “Spending My Time” foi escrita por Per Gessle. Escute a versão da banda gaúcha para “Spending my time”. ‘Dunes of Doom’
Com riffs sabáticos e levada hipnotizante, “Dunes of Doom” é o primeiro single do full-length da banda carioca de stoner progressivo Gods & Punks, “Into the Dunes of Doom”. A música será oficialmente lançada nas principais plataformas de streaming no dia 22 de setembro. A arte gráfica do single é do artista Cristiano Suarez, que também assina a capa de “Into the Dunes of Doom” e o conceito que a Gods & Punks utiliza desde o EP “Sounds of the Earth” (2016). Novas datas pelo Rio e em SP serão anunciadas em breve, assim como uma parceria de peso entre a Gods & Punks e um dos principais selos do segmento no país. -8-
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reio que todo headbanger que se preze já deve ter visto o documentário “Anvil: The Story of Anvil”. Se não viram, aproveitem! Está disponível na Netflix. Estão acostumados a me ver dar lambada em comportamentos idiotas, certo? Então, nada mais justo que usar o que se vê no documentário como uma boa referência. Não preciso falar da história do grupo: o Anvil é tão importante quanto Metallica, Slayer e outros para a consolidação do Metal atual, uma vez que ele veio da base deixada pelos grandes nomes dos anos 80. Mas o que deu errado para eles pode dar errado para todos vocês na vida. Acreditem, é fato. Todos viram que dois jovens descendentes de judeus (no caso Robb Reiner e Steve “Lips” Kudlow, membros fundadores do grupo) tinham tudo nas mãos: apoio da gravadora (no caso, a Attic Records), um bom produtor (Chris Tsangarides, o mesmo que trabalhou com o Thin Lizzy e daria nova vida ao Judas Priest em “Painkiller”), o público respondia bem... Mas o que deu errado, afinal de contas? - 10 -
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Primeiro de tudo: o tempo. O Anvil não gravou discos de 1983 e 1987. Para os dias de hoje, onde downloads ilegais forçam as bandas a fazerem longas turnês, parece pouco. Mas na época, passar um ano e meio no máximo sem disco na loja era pedir para cair no ostracismo. E o Anvil passou, deixando que nomes mais jovens tomassem o lugar deles, nomes como Metallica, Megadeth, Slayer, Anthrax, Testament e outros, já que o Thrash Metal estava em alta. Em 1987, a realidade era outra e o então quarteto não tinha mais a mesma força. Além disso, a idade vai chegando, as responsabilidades também, logo, precisará ter um emprego fixo, e isso vai limitar as possibilidades de crescimento. Que eu me lembre de estalo, nenhum membro dos grupos que se agigantaram tinha emprego que não fosse a banda. Segundo: uma assessoria de imprensa que ajudasse a turma. Para alguns imbecis, esse tipo de trabalho pode parecer irrisório, tanto que muitas bandas no Brasil vivem falando isso abertamente. Pergunto onde eles e o Anvil foram parar sem esse serviço que faz a ponte entre a banda e a imprensa? Todos queriam ouvir falar dos nomes que citei acima, ou dos gigantes como Ozzy e Maiden. Mesmo porque o Anvil perdeu (por não gravar nada) a geração que estava começando entre 1985 e 1987, tanto no Brasil como fora. Eu mesmo só consegui ouvir o Anvil em 1992 (lembro que discos em vinil deles eram raros e bem caros naqueles anos). - 12 -
Terceiro: empresariamento. Este é um ponto que dá muita dor de cabeça. Um empresário sério é quem cuida das finanças do grupo e lhe garante assessoria jurídica no caso do não cumprimento de acordos. Ninguém pode fechar um show de boca, tem que ter papel assinado, preto no branco, para garantir que cachê e exigências (passagens, translado, estadia, alimentação, equipamento de som de palco, etc) sejam cumpridas. É um serviço pago, não é barato, mas garante que a banda não tome no rabo. Quarto: criar uma base de fãs. Para iniciantes, é preciso criar um laço de fidelidade com seus fãs, criar uma sinergia imensa, para que ele não o troque por outras bandas. Você não pode perder fãs, mas agregar. Não despreze nenhum fã, nenhum tipo de pessoa, pois eles sempre fazem a diferença. Quanto maior o número de fãs, mais garantias terá de retorno. O Anvil tinha uma base enorme de fãs, mas justamente pela ausência, perdeu muitos. Quinto: profissionalismo. É preciso encarar tudo como um profissional, não abrir mão de estrutura e nem mesmo falar coisas que dispersariam seu público. É aqui que a questão das “regras do Metal” se torna perigosa, pois acreditar nelas não te deixa ser um profissional. Sexto: tocar em tudo que é canto possível. Sim, é preciso ter estrutura, mas não pode (e nem deve) deixar de tocar com certa frequência, senão as pessoas vão esquecer que você existe. - 13 -
Aos poucos, depois do documentário, o Anvil tem se reerguido, lançado discos muito bons, ainda tem lenha para queimar, mas o tempo em que poderiam ter se tornado gigantes já passou. Não sei se poderiam chegar longe, mesmo com todo o revival Old School atual. Mas se tem uma coisa que nunca pode-se dizer deles: sempre foram honestos com todos. E nisso, não vejo Lips ou Robb arrependidos de terem sido. Aliás, vejo-os como campeões pela resistência. Mas onde eles se comparam ao caro
leitor? Simples, em dois pontos: Um: pare com essa porra de downloads ilegais. Se gostou da banda, pague pela música, seja ela digital ou CD, pois ajuda muito. E pare com merchandising pirata. Dois: Sinceramente, acreditam que as dicas que dei acima servem apenas para quem tem banda? Elas se aplicam a qualquer setor da vida, seja no que for, logo, boa sorte e mãos à obra. E ouvindo a excelente “Forged in Fire”! - 14 -
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ara comemorar o aniversário de nossa Rock Meeting, resolvemos fazer uma galeria de fotos referente ao que melhor cobrimos no Velho Continente. Tentaremos contar um pouco da história de cada foto, de maneira resumida, para que você, nosso leitor, possa entender o porquê de escolhermos estas fotos dentre muitos shows durante o período de um ano, ou seja, de setembro de 2016 a setembro 2017. Obituary - A cada ano que o Hellfest anuncia a banda em seu cartaz, sempre coincide com alguma outra tão boa ou tão concorrida quanto, daí lembramos que Tardy e sua turma passa com frequência por Barcelona e sempre optamos pela concorrente. Desta vez foi quase isso, a diferença é que deu para dar uma escapada e fazer esse registro aí. John Tardy movimentando seu (para muitos) invejável cabelo.
Texto & Fotos: Mauricio Melo & Snap Live Shots
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Rancid - Talvez a banda de Punk Rock que faltava no Hellfest. Apesar de toda a história do festival e da banda, os caminhos não haviam se encontrado. Sinceramente esperava mais do público neste show, talvez se a banda tivesse tocado um par de horas antes tivesse sido memorável.
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No Turning Back - Muito devem se perguntar como o N.T.B. apareceu na lista. Por dois motivos muito simples e direto assim como seu som. Primeira vez que tocaram no Hellfest e por serem a melhor banda Hardcore da Europa, fieis ao estilo e sem baixar a guarda.
The Prodigy - Tudo bem, somos uma revista rock. Porém, se existe uma banda eletrônica que melhor representa o estilo e ainda adiciona o punk na história, esta é o The Prodigy. Está aí uma banda que apesar do tempo de estrada nunca havia (pessoalmente falando) registrado.
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Nails - Não é à toa que o Max Cavalera sempre está com a camisa do Nails no corpo em seus shows. Acredito ter conhecido a banda por indicação do mesmo e não é que o véio estava certo, que pedrada Grindcore/Crust/Metal tudo junto na cara.
Zeke - Kurt Kolfelt é o personagem em questão, baixista da banda. Está aí em nossa galeria exatamente pela conexão que o artista teve com a lente da câmera, em pleno Hellfest, poeira para todo lado e o cidadão não perde a oportunidade de fazer uma graça.
Sepultura - Lançando disco novo, junto ao Kreator e no mesmo palco que os consagrou há muitos anos quando gravaram o video oficial “Under Siege”, em Barcelona. Um conjunto de coisas que marcou a imagem.
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Frank Carter O showman e ex-frontman do Gallows, banda que o consagrou. Quem acha que o cidadão estava em pé em alguma plataforma está enganado, está em pé nos ombros do público.
Adhesive - Sim, passeamos pelo underground barcelonês e lá encontramos o Adhesive, banda sueca de punk rock dos anos 90, típico revival aonde um monte de nostálgicos se emocionam, nostálgicos são aqueles lá no fundo da imagem, felizes.
The Casualties - Última apresentação de Jorge Herrera aos vocais do The Casualties em Barcelona, ainda que não sabíamos que assim seria. Recentemente o vocalista comunicou a banda que não seguiria após toda uma discografia de respeito. - 20 -
Kreator Lançando disco novo, encontro obrigatório a cada dois anos em Barcelona.
Slayer no Primavera Sound Porque sim, porque é o Slayer, porque assistimos todos os anos e este ano assistimos duas vezes no mesmo mês e em países diferentes. Tem mais, num festival famoso por ser um festival indie por excelência. Slayer!
The Damned Porque é lenda do punk - 21 -
Fu Manchu - Foi capa de uma de nossas edições há quase um ano atrás. Daí pode-se imaginar o nível do show.
Agnostic Front - Mais de uma dúzia é a quantidade de shows que vi da banda, mas essa aí foi especial. Roger Miret em seu tradicional salto na música “The Eliminator”. Gostou tanto que no dia de seu aniversário compartilhou a foto, me colocou nos créditos e agradeceu. Na verdade, eu é quem agradeço.
Comeback Kid - Descer do palco e meter-se na poeira do palco Warzone esteve na moda no Hellfest este ano, mas Andrew Neufeld foi o que mais levantou poeira e melhor comandou o público.
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Seguranças no Hellfest Não são artistas famosos mas deveriam ser tratados como tal, trabalham duro para fazer a alegria da galera e o mais importante, não reclamam e também curtem o ambiente, vibração pura.
Converge no Primavera Sound Não foi só o Slayer que demoliu o Primavera Sound, o Converge estremeceu o evento as duas da madruga e não foi um show qualquer, o quarteto estava inspirado nessa noite.
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Suicidal Tendencies - Três fotos do Suicidal em três shows diferentes num intervalo de 13 dias, foi praticamente estar em turnê com a banda. Começamos no Hellfest, passamos pelo Download Madrid e finalizamos em Barcelona 3 dias depois.
Every Time I Die - A imagem resume tudo, o guitarrista em cima do amplificador, o resto da banda misturado no público e o mesmo no palco com direito a um cidadão sendo passado de mão em mão.
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Prong - Típica banda que marcou a adolescência e que não passa pela cabeça que um dia irá vê-la, estava até esquecida dentro de alguma gaveta até que.
Return To Roots - Particularmente não acho “Roots” o melhor álbum da banda, mas se a celebração foi essa e em cima deste disco, aceitamos com gosto. Max fez sua parte, a galera a dela e todos saímos felizes ao final do show.
The Isotopes - Mais uma vez no underground e nos deparamos com o animador de show particular da banda. Vai vendo onde temos que nos meter. - 25 -
Descendents - Está aí uma banda que pode se orgulhar de ter arrastado um bom público ao Primavera Sound. Uma galera que sempre execrou o festival disso ou daquilo, mas que teve que se dobrar por assisti-los. Mais de um chegou a conclusão que o festival não era tão indie quanto eles pensavam e já pensam em voltar em futuras edições.
Garoto na cadeira de rodas Várias images desse garoto foram publicadas, deram volta ao mundo e realmente foi emocionante de ver. Hellfest mais uma vez com um passo a frente.
Slayer Hellfest Roda Gigante - Simplesmente porque já havíamos assistido ao Slayer muitas vezes, ano após ano, mas nunca tínhamos subido na roda gigante do Hellfest. Sensação linda de escutar South of Heaven lá de cima.
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Prophets Of Rage - Opino e jã não é de hoje. Quem se diz revolucionário e coloca uma série de exigências para ser fotografado num festival perde o título de revolucionário e faz parte do sistema. Revolucionário sou eu que não obedeci suas regras, me meti no meio do público, dei porrada com câmera em punho e tirei essa foto aí. Só falta agora ser processado pelos Profetas por desobediência.
Implore – Fãs do Death Metal e afins, está aí uma banda que chama atenção.
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D.R.I. - Duas imagens do Dirty Rotten Imbeciles, dois shows diferentes em dois países também diferentes num intervalo de 4 dias. E eu que sonhava em vê-los um dia e já perdi a conta de quantos vão. Iron - Banda hardcore Straight Edge. Está aí uma foto que se tornou conhecida nas redes sociais pela reação da amiga admirando o salto do rapaz. Acredito que foi coincidência, a conheço e não acho que estivesse admirando algo no rapaz, ainda mais com o namorado ao lado. Enfim, mas que passa impressão, isso passa.
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The Exploited com Jake Kolatis - Está aí o dia em que Jake, guitarrista do Casualties, ofereceu seus serviços como vocalista do Exploited. Antes do show muita gente torceu o nariz mas opiniões mudaram no decorrer da apresentação. Wattie estava afastado da banda por problemas cardíacos. Hellfest - Britânico com a bandeira no show do Booze & Glory
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H2O - Dia memorável em Barcelona e um show de tirar o fôlego.
Me First and The Gimme Gimmes - Já que o integrante do NOFX não participou da tour, Jay Bentely do Bad Religion fez o serviço.
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The Bouncing Souls - As caras de felicidades dizem tudo.
Madball - Como disse antes com o H2O, tocaram na mesma noite e de quebra ainda tinha o Ignite, noite memorável.
Booze & Glory - Está a banda que pode levar o Street Punk/Oi a um público jamais alcançado.
Night Demon - Fans do tradicional Heavy Metal, está aí uma indicação nota 10.
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Deep Purple - Sem palavras…
Ministry - Finalmente nos encontramos e por duas vezes em uma semana, foi como voltar no tempo.
Behemoth - Simplesmente o mais brutal que passou pelo palco principal 2 no Hellfest deste ano.
Trap Them - Banda raríssima de assistir ao vivo, só isso já vale a imagem.
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Por Leandro Fernandes | Fotos Pei Fon
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edição de aniversário da Rock Meeting não poderia ficar sem esse cara. Edu Falaschi conversou conosco sobre algumas coisas, porém foi comedido nas palavras que, noutros momentos, já foram bem ácidas. Acompanhe o que esse vocalista carismático tem a dizer do passado, presente e futuro. Sem querer mexer no passado, apenas fazendo um balanço. Em 2011, você declarou que o metal no Brasil estava morto, fez um desabafo na verdade com relação ao público brasileiro. Nos dias de hoje, você continua sustentando sua opinião sobre o fato? Edu Falaschi - Não me preocupo mais em ter opinião alguma sobre o mercado da música, faço o que eu amo da melhor forma possível e apenas me concentro em entregar para os meus fãs os melhores momentos de suas vidas. Sabemos que o Almah possui uma pegada bem diferente do Angra, neste projeto você consegue impor seu estilo de cantar. Isso ajudou a preservar mais a sua voz? Na época em que eu estava doente sim! Me ajudou muito não cantar mais tão agudo! - 36 -
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Hoje isso pra mim não é mais problema! Claro que não sou mais um menino de 20 anos, mas estou bem e feliz! Tem muitos vídeos da Rebirth Of Shadows Tour na internet pra galera conferir. Sobre o Symbols, que foi uma banda que ouvi muito na minha adolescência. Não existe planos para uma reunião, tour ou algo do tipo. Não viria a calhar? Acho difícil! Temos muito projetos diferentes! Seria bacana! Mas algo mais pontual, um show talvez. O seu projeto solo cantando músicas do Angra da sua época. Deve estar desgastado desse assunto que tomou conta do facebook. Você, que já fez parte do Angra, não acha que toda essa situação parece uma novela mexicana? É como Irmãos Cavalera vs Sepultura. Isso já é passado! O que importa é que a primeira fase da turnê foi um grande sucesso. Que o Fabio Lione é um excelente vocalista todos nós já sabemos, pra mim, ele não se encaixou bem no Angra devido ao estilo ser diferente do Rhapsody of Fire. Na sua opinião, como soa vê-lo cantar músicas de sua fase e do Andre Matos? Fábio é um cantor muito bom! A opinião do fã é o que realmente importa! Voltando ao Almah. Nos tempos de hoje parece que o Metal Melódico se tornou algo clichê, pois no final dos anos 90 estava em alta, surgiram muitas bandas, etc. O Almah já não segue tanto à risca, pra mim, deixa a banda mais interessante e soa mais original. Pra você, este estilo dentro do Metal está obsoleto ou - 38 -
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não temos mais que rotular? Eu não ligo para rótulos, faço o que eu quero, em que estilo está a música pra mim não muda nada, eu crio, ouço e vejo se curto ou não. Só isso. Essa pergunta se trata de algo mais pessoal. Em 2001, na tour do Rebirth, eu compareci a um dos shows realizado em Belo Horizonte. Certo de que era o começo de uma nova era do Angra (sem trocadilhos). Eu presenciei um show realmente perfeito, sem falhas e uma banda muito entrosada no palco. Com o passar dos anos, cheguei a ir em algumas apresentações, mas não sentia mais aquela energia de antes. Qual o motivo de certas bandas manterem suas formações por vários anos e outras não? Claro, no seu ponto de vista. É muito variável cada banda tem uma história interna! Não tem uma fórmula! Top 5. O que tem tocado no seu player? Cite cinco bandas e fale um pouco sobre cada. Iron Maiden, Dio, Survivor, Carpark North e uma coletânea de baladas dos anos 80, todas me emocionam! Quais os álbuns que você gostaria de ter gravado? Por quê? Tudo o que eu quis, eu gravei! Estou bem satisfeito com a minha discografia. Edu, gostaria de mais uma vez agradecer pela oportunidade e continuo na torcida sempre para que tenha bastante sucesso na vida e na carreira. Espaço livre para deixar sua mensagem. Muito obrigado a você pela oportunidade! Muita sorte também! Grande abraço! - 40 -
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Texto e Foto Marta Ayora
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o início de uma noite fria de sábado (12), uma aglomeração de fãs se formava em frente à casa de shows Carioca Club, em São Paulo, para prestigiar a banda inglesa de doom metal Anathema, que retornou ao Brasil em sua quinta visita ao país, para apresentar o seu mais recente álbum “The Optimist”. Com 27 anos de carreira, a atual formação da banda conta com Vincent Cavanagh (vocal, guitarra, teclado), Danny Cavanagh (guitarra, teclado, vocal), Jamie Cavanagh (baixo), Lee Douglas (vocal), John Douglas (percussão), e Daniel Cardoso (bateria). Sabe aquela famosa pontualidade britânica? Pois bem, ela acontece mesmo, pois Anathema sobe ao palco às 19h em ponto e de forma inusitada, com Vincent Cavanagh distribuindo garrafas de água e latas de cerveja para os fãs, que colados na grade aguardavam ansiosos pelo início do show. De cara o vocalista interagiu com muita animação e puxando palmas, para que os fãs acompanhassem o som e assim deram início à apresentação com a sequência “Untouchable Part 1” e “Untouchable Part 2”, fazendo o público cantar em uníssomo com emoção. Com sua voz única, Lee Douglas deixa - 44 -
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todos boquiabertos em “Endless Ways”, música que também a faz dançar no palco. Coisa linda de ver. Hipnotizada, a plateia viaja ao som que leva o mesmo nome do álbum, “The Optimist”, e ao final da faixa, Vincent agradece em português com um “obrigado”. Antes de começar “Deep”, um pequeno problema técnico ocorreu, mas a banda demonstrou jogo de cintura, e sem perder o foco Lee rouba a cena novamente, desta vez em “Dreaming Light” que ganhou vida em sua linda voz. Em um dos intervalos, Vincent ordena: “Everybody open your mouth!” e comendo morangos, parecia se divertir no palco jogando alguns para a plateia. Segue o show e parece que os morangos surtiram efeito, pois o vocalista dançava enlouquecidamente enquanto tocava sua guitarra ao som alucinógeno de “Universal”. Em seguida, o tom futurista da faixa “Closer” que apresenta um vocal robótico, parece agradar a plateia que reage com palmas em velocidade que acompanham o ritmo do som. No intervalo a banda sai de cena por alguns segundos e, ao voltar, Vincent provoca o público perguntando “Vocês estão bem? Vocês estão tão quietos...” e em meio ao breu ele tenta enxergar a multidão, que vibra quando ele assovia junto para aumentar o barulho, que reverberava no Carioca Club. A banda parece muito à vontade no palco, pois dançam muito, performam muito bate cabeça e cantam ao som de “Springfield”, em uma atmosfera intimista, com a capa do álbum ao fundo no telão. Um dos pontos altos do show foi a emoção da plateia que, com os braços levantados, comemoravam a execução da faixa “A natural disaster”. E é neste momento que consegui- 46 -
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mos notar o quanto as vozes de Vincent e de Lee se complementam harmoniosamente. Em “Distant Sattelites”, Vincent mostra suas habilidades em percussão e para fechar a noite com chave de ouro, ouvir o Danny cantando “One Last Goodbye”, levou algumas pessoas a se desmancharem em lágrimas. O fato é que a Anathema conduziu o show de maneira hipnotizante e foi possível ver o total envolvimento da banda na execução de todas as faixas, que foram absorvidas por quem estava lá. Ao final da apresentação, muitos fãs deixaram o Carioca Club com os olhos inchados pela emoção e com a sensação de expectativa correspondida. Set List Anathema: Untouchable, Part 1 Untouchable, Part 2 Endless Ways The Optimist Deep Pitiless Forgotten Hopes Destiny Is Dead Dreaming Light Can’t Let Go Universal Closer Encore: Springfield A Natural Disaster Distant Satellites Encore 2: One Last Goodbye (Danny solo) Lost Control Destiny Shroud of False Fragile Dreams - 49 -
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Por Charley Gima | Foto Alessandra Tolc
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ma edição especial não poderia deixar de ter uma entrevista a altura. Com exclusividade, a vocalista da banda holandesa Epica falou com nosso repórter sobre tudo. Tudo mesmo. Música, maternidade, rede social, influências, particularidades e ela rasga elogios para os fãs brasileiros. Tá curioso? Leia até o fim! O Epica lançou seu último álbum no ano passado, como é que tem sido todo o processo pós lançamento? Simone Simmons - Muito legal, não paramos de fazer shows desde o lançamento, os reviews foram bons, e pra ser sincera este disco não me parece mais “novo” já que estamos trabalhando em um novo projeto neste momento, mas ainda não posso falar nada sobre isso. Mas é um projeto solo ou junto com o Epica? É um projeto do Epica, estamos trabalhando em algumas músicas para este projeto, mas é tudo o que posso falar pra você neste momento. Falando sobre o “The Holographic Principle”, qual é a sua música favorita neste álbum? A música título é a minha favorita. Gosto dela por causa do coral, ela me parece que - 52 -
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sintetiza bem todo o contexto do álbum.
ao vivo!
E como os fãs reagem às músicas de “The Hographic Principle” quando tocadas ao vivo? As músicas deste álbum soam muito bem ao vivo, a maioria das músicas são muito boas ao vivo, como por exemplo “Universal Death Squad” e, é claro, a primeira música “Edge of The Blade”. Já tocamos também algumas vezes “Divide and Conquer” e outra boa música pra tocar ao vivo é “Ascential”, que foi escrita por nosso baixista Rob, uma música meio melancólica, mas metal, é uma música matadora
Falando um pouco do seu background, poderia nos dizer onde e por quanto tempo você estudou para cantar tão bem? Sempre gostei de cantar, mas comecei a estudar canto quando tinha 14, 15 anos. Estudei música Pop, depois mudei para música Clássica, cantei em musicais, fiz workshops, e também gravei alguns CDs, e ganhei experiência trabalhando com grandes produtores. Tive também professores de vocal no passado, que me ajudaram a perfeiçoar as técnicas de canto. - 54 -
E qual seria a sua dica para quem pensa em começar a estudar canto? Escute a sua voz, escute a sua voz interior, faça o que gosta e trabalhe com paixão!
como eu me comprometer com um coral neste momento. Então, quando você voltar para um coral já tenho um nome pra ele: “The European Divas”. Gostei, pode ser este nome, obrigada pela sugestão! (risos)
Você ainda canta em corais? Eu gostaria muito de cantar em corais, gosto de ouvir as vozes incorporando uma na outra trazendo um som majestoso, é sempre maravilhoso pra mim ser parte disso, talvez eu volte a cantar em um coral quando eu voltar para a Alemanha, que é onde eu moro atualmente. O problema é que não posso estar em todos os ensaios por causa das turnês, então não tem
Quem são os seus cantores favoritos atualmente? Gosto de Celine Dion, Whitney Houston, Michael Stipe (REM), Chris Cornell, que descanse em paz, era um grande cantor! Gosto do - 55 -
vocalista do Muse, Mathew Bellami, acho ele muito bom. Thom Yorke, do Radiohead, não é um vocalista muito técnico, mas transmite muita emoção na sua voz. Quando você escuta estes cantores, você presta mais atenção na técnica de cada um ou na forma como a música soa no geral? Sou uma escrava da melodia, seja ela vinda da voz, da guitarra ou dos instrumentos de cordas, quando gosto de uma melodia eu gosto da música! Mas se eu não gostar da voz, a música pode ser boa, logo perco o interesse. Assim como os guitarristas prestam atenção na guitarra das músicas, eu presto mais atenção ao vocal. Como artista, qual foi o show inesquecível na sua carreira? Tiveram alguns shows maravilhosos, como por exemplo o show com a orquestra para o DVD, teve um show recente em Paris, Hellfest em 2016 também foi muito legal. Festivais tem outra vibe né? Sim, festivais são mais desafiadores, nem todos estão lá para te ver, nem todos do público te conhece, ou então podem nem gostar de você, então temos que trabalhar mais duro e dar o melhor de cada um no palco. É muito mais fácil quando você faz o seu próprio show, seu público está lá porque te ama, é muito diferente de um festival, onde temos que dar 200% no palco! E como fã, qual foi o melhor show que você já assistiu? Foi o Rammstein! Na primeira vez que tocamos no Pink Pop, Rammstein era o headliner da noite, eu fiquei no photo pit junto com os fotógrafos, estava muito cansada, não me - 56 -
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aguentava em pé, mas sou muito fã de Rammstein, valeu a pena, sabia todas as músicas, o show foi 10, bem sujo e malicioso. Depois do show fui no backstage pra tirar fotos com eles e eu estava muito nervosa! Nunca fico nervosa quando peço fotos com outros artistas, mas eu tinha que pedir as fotos, sou fã da banda desde a minha adolescência! Você é sortuda, pode tocar, trabalhar e se divertir no seu trabalho, tudo ao mesmo tempo! Sim, realmente isso é uma vantagem da profissão, especialmente quando tocamos em festivais, posso tocar, encontrar meus amigos e ver todos os músicos que eu respeito. Falando em festivais, no ano passado tivemos o “Epica metal Fest”. Como vocês tiveram esta ideia e por que escolheram o Brasil? A ideia vem de longa data, conversamos com nosso empresário, com a agência de tour e achamos que era hora de tentarmos o “Epica Metal Fest”. A primeira e a segunda edições do “Epica Metal Fest” foram na Holanda. Queríamos agora fazer uma versão internacional, pensamos no México e no Brasil, pois um dos melhores públicos que temos está no Brasil, onde nossos fãs são apaixonados e são insanos, Brasil foi uma escolha bem fácil! Sabemos que você é uma “heavy user” das mídias sociais, dando dicas de beleza e maquiagem. Como seus fãs do Epica reagem quando você fala sobre coisas não relacionados à música? Muitos dos fãs adoram! Sempre que temos um meet and greet e sessões de autógrafos os fãs dizem que adoram meu blog e minhas dicas! Ainda fico surpresa, mas este é um dos motivos pelo qual eu comecei o meu blog sete anos - 59 -
atrás, muitas fãs me perguntavam onde eu comprava o meu vestido, pedia para eu mostrar como eu fazia minha maquiagem e quais produtos eu usava. Sempre gostei de fotografia, tornou-se uma das minhas paixões, assim como escrever, assim decidi começar o blog. Primeiro visando as fãs do sexo feminino que queriam saber “coisas de mulher” que eu tinha ou fazia, mas acabei misturando dicas de comida, turismo, moda, beleza e fotografia. Eu mesma faço a maioria das fotos que publico no blog. Não tenho assistentes, só uma fã que me ajuda com o layout porque não entendo nada deste lado técnico. Além de cantora, também sou uma mãe, eu cozinho e limpo! (risos) E você consegue responder a todas as mensagens dos fãs? Não, infelizmente não consigo. Mas gosto do Snapchat, onde os fãs podem me mandar vídeos ou escrever pra mim, que facilita a resposta. Também posto vídeos no Instagram, mas não consigo ler as mensagens que as pessoas me mandam. Faço o que posso, mas tenho 153 mil fãs no Instagram e quase 400 mil no Facebook, mas não acesso muito o Facebook, prefiro o Instagram e o Twitter. As mídias sociais também tem um “lado negro”, com o aparecimento dos Haters. Como você lida com os haters? Acontece, quando você fica mais popular também atrai as pessoas loucas (risos)! Mas sempre existe a polícia e os advogados para cuidarem destes malucos! Já que falou sobre ser mãe, como você encara ser mãe quando está em turnês? É muito difícil, tenho que “trocar as chaves” no meu cérebro para não sentir tanta saudades do meu filho. Ele adora ficar em casa com a avó, e o meu marido fica em casa, ele é um garoto fe- 60 -
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Poderia por favor deixar uma mensagem para seus fãs brasileiros e da Rock Meeting? Simone - Muito obrigada!
liz, mas tenho que ser cuidadosa sempre. Meu marido não faz tantas turnês como eu faço, então tentamos nunca estar os dois fora. O que você tem escutado recentemente? Não tenho muitas músicas no meu celular, mas escuto Opeth, Lacuna Coil, Ghost, Rammstein, Adele e trilhas sonoras de filmes.
Uau, belo português! (rs) Simone - Minha babá é portuguesa, sempre digo “boa noite” e “brigada”, ela não diz “obrigada” é “brigada” mesmo! (risos). Sei também “tudo bem”! Amamos nossos fãs brasileiros e não vemos a hora de voltar!
Tem algum CD que você gostaria de ter gravado? Talvez a trilha sonora de Gladiador. - 62 -
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Por Pei Fon | Fotos Banda/Divulgação
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hadowside é aquela banda que gostamos de entrevistar porque não mede as palavras, não apenas cito opiniões, mas o tamanho destas respostas. Mas não é disso que vamos abordar. Com álbum novo na praça, tive o privilégio de ouvir, em primeira mão, o “Shades of Humanity” e captar a vibe desse play. Conversi com a Dani Nolden e Magnus Rosen sobre a nova formação, o lançamento, inspirações, vida, passado, presente e futuro. Confira! Quarto álbum lançado. Seis anos de diferença desde “Inner Monster Out”. Apresente “Shades of Humanity” para nós. Dani - Eu sinto que o “Shades of Humanity” é o nosso álbum mais completo e maduro. Já estávamos chegando no que queríamos no nosso álbum anterior, o “Inner Monster Out”, e na época estávamos plenamente satisfeitos com ele, mas sempre achamos importante procurar sempre dar um passo acima. A gente sempre acha que o próprio filho é perfeito (risos), mas nunca existe algo perfeito, então colocamos no “Shades of Humanity” uma dose extra de melodia, porém com uma dose extra também de peso. A sonoridade agora é ainda mais intensa, acho que nosso som - 66 -
Foto: Cristiano Albano
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está hoje visceral e musical ao mesmo tempo. Procuramos equilibrar brutalidade com melodia, e acho que o “Shades of Humanity” é um trabalho que pode agradar tanto a alguns fãs de metal extremo, por conta dos riffs e instrumental pesados e nervosos, quanto aos fãs de algo mais melodioso, por causa da atenção que demos aos refrãos e aos arranjos. Se comparar IMO com Shades, é perceptível que a banda cresceu bastante musicalmente. Ao que atribui esse amadurecimento musical? Dani - O tempo e a estrada fazem muito bem para uma banda! Além disso, a gente sempre acha que existe espaço para melhorar, como eu comentei antes. Acho que uma banda começa a decair quando ela acha que já chegou ao seu máximo, e eu sinceramente não acho que esse máximo exista. Se não existe perfeição, sempre existe espaço para buscar algo novo, algo melhor, então nossa filosofia na hora de compor sempre é ter o álbum anterior como parâmetro e tentar fazer algo que, ao menos na nossa opinião, seja superior. Magnus - Nós conversamos bastante antes de compor o álbum. Foi uma mistura da cultura brasileira da Shadowside com um tempero da Suécia e da minha experiência, o que provavelmente foi a receita para o novo disco. Na minha opinião, a Shadowside fez um belo trabalho. Foi como erguer a bandeira de uma colaboração de sucesso entre o Brasil e a Suécia. Em time que está vencendo não se mexe. Gravar na Suécia faz toda essa diferença? Ainda mais que um sueco está na banda. Dani - Sem dúvida alguma... eu acho que a questão não é gravar na Suécia, mas o trabalho que o Fredrik Nordström e o Henrik Udd, nossos produtores, são capazes de fazer. Tenho - 68 -
certeza que eles tirariam essa mesma sonoridade em qualquer lugar do mundo, até porque nós já gravamos em estúdios aqui no Brasil teoricamente mais equipados do que o estúdio do Fredrik, mas a sonoridade não ficou igual. A mão do profissional faz uma grande diferença. Nós temos profissionais extremamente competentes aqui no Brasil, mas a especialização faz uma diferença enorme. O Fredrik e o Henrik trabalham só com Rock e Metal. Eles vivem isso, respiram isso, e aqui no Brasil, a grande maioria dos profissionais não têm essa oportunidade, mesmo aqueles produtores dedicados ao Rock e ao Metal, que muitas vezes são obrigados a trabalhar com outros tipos de música para sobreviver, ou não conseguem trabalhar com tantas bandas quanto o pessoal da Europa, porque aqui no Brasil a realidade financeira das bandas é bem diferente... então não acho que falte qualidade no Brasil, mas é que o Fredrik e o Henrik são produtores que são simplesmente fora de série dentro do Heavy Metal. Gravar na Suécia acaba sendo mais uma questão financeira e logística, porque fica muito mais caro trazer os dois para o Brasil, coloca-los em um hotel, pagar um estúdio em São Paulo e ter que enfrentar trânsito de 1 hora e meia, duas horas, para chegar ao estúdio todos os dias. Colocando tudo no papel, acaba saindo bem mais barato e produtivo irmos até a Suécia, porque como o estúdio lá é também uma casa, logo depois do café da manhã todo mundo está pronto pra gravar. Nos dedicamos integralmente ao álbum e no final das contas, economizamos muito tempo e muito dinheiro com isso, além de o resultado final, ao menos no meu caso, ficar muito melhor por conta disso. No “Theatre of Shadows” e no “Dare to Dream”, nossos dois primeiros álbuns, eu não rendi tudo que podia. Claro que aprimorei minha técnica ao longo dos anos, mas ainda as- 69 -
sim, parte da diferença entre os dois primeiros álbuns e nos dois mais recentes, com relação ao meu vocal, é por não ter precisado enfrentar 4 horas de viagem todos os dias para chegar ao estúdio. Eu moro em Santos e gravamos o “Theatre of Shadows” e o “Dare to Dream” em São Paulo. Pagar um hotel perto do estúdio estava fora de cogitação por questões financeiras, então o jeito era pegar a estrada todos os dias, e para a gravação render, tinha que acordar cedo... e eu sou noturna. Eu vou dormir às 7, 8h da manhã. Então, como não consigo trocar o horário e dormir em horário normal de jeito nenhum, eu dormia pouco todos os dias, enfrentava a estrada todos os dias, então chegava um ponto que eu já estava simplesmente cheia e não aguentava mais gravar. Eu não percebia mais os erros, ou não me importava com eles. E isso mudou completamente na gravação do “Inner Monster Out”... a gravação foi muito, mas muito mais rápida, mais fácil, eu não me cansava e minha voz respondia ao que eu queria fazer. E agora no “Shades of Humanity” isso ficou mais potencializado, porque eu já sabia como seria a gravação e fui totalmente tranquila. Muitas das músicas foram gravadas em um único take, porque eu estava tão relaxada que as coisas simplesmente saíam. Nas músicas que precisavam de mais takes, eu estava descansada, em paz, e cantava quantas vezes precisasse, sem perder a paciência comigo mesma... e o resultado disso fica evidente. Muita gente comentou como eu evoluí ao longo dos anos, como minha voz está melhor... e é claro, eu estudei, cheguei até a fazer cursos de especialização na Berklee, mas o grande responsável por essa evolução foi o processo de gravação. O baixo tem sido o instrumento que mais se mexeu na formação da banda. O que Magnus Rosén traz para somar à - 70 -
sonoridade do Shadowside? Magnus - É difícil dizer. Mas acho que a maior diferença é que nossos históricos musicais inspiram novos sons. A Shadowside tem ótimos músicos e eu adoro o novo álbum. Dani - Eu considero o Magnus um dos melhores baixistas de Metal do mundo, se não o melhor. E isso é sincero, não é porque ele está na banda, mas eu e os meninos da banda sempre admiramos o Magnus. Ele traz experiência e uma habilidade e bom gosto na composição das linhas de baixo dele que fizeram uma diferença enorme no nosso som. Dani e Magnus, diante do que temos visto no mundo, as atitudes da humanidade beiram ao colapso, vocês acreditam que existe uma saída? Dani - Acredito que sim... eu acredito na humanidade. Mas acho que vai levar muito tempo e não acho que vamos estar vivos pra ver isso. Acho que a internet fez com que mostrássemos a nossa verdadeira cara como seres humanos. Estamos despejando ódio contra todo mundo que é diferente da gente ou tem uma opinião diferente da gente, mas eu acho que sempre foi assim, a internet só nos deu a coragem. Por um lado, isso é ruim, porque estamos atirando ofensas para todos os lados, mas ao menos pudemos identificar que isso existe. A humanidade está doente, mas sempre esteve, nós só não sabíamos disso... e agora que sabemos, podemos pelo menos tentar pensar em uma solução. Magnus - A raça humana precisa de esperança. A esperança é a última que morre. Enquanto houver esperança, existirão oportunidades. Precisamos acender a luz na escuridão, é a nossa missão como seres humanos. Nós, na Shadowside, queremos servir para dar esperança, força e inspiração aos nossos amigos no Rock. - 71 -
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“Alive” foi a primeira música a ser divulgada. Dani mostra sua versatilidade vocal em soar agressiva e doce ao mesmo tempo. A música, com certeza, é uma das minhas preferidas. Dani, foi uma mudança natural? Um desejo? De onde veio a inspiração? Dani - Foi uma mudança natural, eu só observei que mudei bastante minha forma de cantar quando ouvi, depois de muitos anos, os primeiros trabalhos que gravei. Eu só fui sentindo a necessidade de explorar outros aspectos da minha voz, de dar à música aquilo que ela precisava, sem deixar de lado aquilo que eu já fazia, que era soar agressiva. Então acabei misturando as nuances, sendo agressiva em alguns momentos, mais delicada em outros, explorando mais todas as regiões da minha voz... fui me descobrindo como cantora. A inspiração para o vocal na “Alive” veio da própria música e da história dela. Essa é uma música sobre depressão e sobre superação. A letra é bem real e relata a luta interna que eu vivi durante muito tempo... e acho que a voz acabou acompanhando isso, porque a música relata os momentos de entrega e desistência, assim como os momentos em que eu gritava por dentro. Então tentei interpretar isso o melhor possível. Em que momento se sentem ‘vivos’? Dani - Eu me sinto viva quando estou perto das pessoas que amo e ajudando pessoas, mas também me sinto muito viva nos momentos de dor, não só dor física, mas também emocional. Se está doendo, significa que você está vivo. E cada dia é um presente. Magnus - Você está mais vivo quando sente amor! O amor é a maior fonte de poder, é o que cria, que dá a vida ao ser humano. Essa é a grande verdade. Além disso, me sinto vivo quando estou tocando nosso Heavy Metal. - 73 -
Foto: Leandro Pena
“Unreality” foi escrito pelo Magnus e Andy La Rocque. Mal entrou e já trouxe essa contribuição. Magnus, você já tinha essa canção escrita ou ela saiu naturalmente com o entendimento da sonoridade do Shadowside? Magnus - Do meu ponto de vista, a Shadowside é uma ótima banda, de excelente ética e que tem muita consideração pelos outros, e isso permite que oportunidades de inovar com as nossas histórias diferentes na vida e na música apareçam. Então, ser membro da Shadowside é muito bom. “Unreality” é uma composição minha com o guitarrista Andy La Rocque (King Diamond), e os membros da banda acrescentaram seus toques a ela. Dani - Eu, o Raphael e o Fabio já chamamos o Magnus para a banda deixando claro que ele teria toda a oportunidade para compor e dar ideias para as músicas que o restante da banda fizesse, porque nós acreditamos muito nesse trabalho em equipe, como sempre falamos... não faz sentido pra nós ter alguém na banda só pra executar, sem considerar o que aquela pessoa pensa e as sugestões dela. Bandas precisam disso. Quando alguém passa a fazer parte da Shadowside, aquela pessoa precisa passar a ser parte da identidade do grupo, então nós nunca tentamos explicar muito o que era a nossa sonoridade pro Magnus, porque não queremos rotular o que fazemos, nem influenciar o que a pessoa gosta de compor. E hoje, o Magnus também faz parte dessa sonoridade da Shadowside. Se fizéssemos esse álbum sem ele, ou mudando qualquer outro membro da banda, provavelmente soaria diferente. Talvez não de forma radical, mas é um fato que tem um tempero individual de cada um nesse trabalho. Ouvindo “Beast inside” fico imaginando - 74 -
uma guerra de pensamentos no indivíduo. Quem seria essa ‘besta’ dentro de nós, uma vez que temos um lado obscuro? Dani - “Beast Inside” na verdade é o que eu imagino que Deus gostaria de dizer pra nós: que entendemos tudo errado! Mesmo que você seja ateu, acho que a mensagem dessa música pode ser interessante, porque o que mais vemos é as pessoas usando a religião da maneira mais conveniente, e não como realmente é ensinada. Eu sou cristã, e o que me ensinaram nessa religião foi a não julgar e a amar a todas as pessoas. E não é isso que vemos entre a maioria das pessoas religiosas, infelizmente. Se você é umbandista, ateu, ou qualquer que seja sua crença, você não é menos que eu, eu não sou superior a você. Só significa que somos pessoas iguais, com os mesmos defeitos, apenas acreditamos em coisas diferentes, mas não significa que você esteja errado. Se você é ateu e acha que eu acredito em um amigo imaginário, eu respeito sua opinião. Talvez você esteja certo. Talvez eu esteja certa. Mas não importa. O que importa é termos respeito uns pelos outros, e essa ‘besta’ que temos dentro de nós não respeita nada nem ninguém. Usamos nossas crenças e convicções para apontar o dedo, para fazer o mal, para justificar nossos erros, espalhamos destruição por onde passamos... só que nós nascemos puros! Um bebê é incapaz de fazer mal a alguém. E “Beast Inside” é esse questionamento: quando foi que nós esquecemos dessa pureza e aprendemos a ser monstros? Dani, os demais álbuns foram escritos, majoritariamente, por você. SoH foi diferente. Um pouco menos de ‘responsabilidade’ total, mas que também não perdeu a essência do que desejava, não é? - 75 -
Foto: Cristiano Albano
Dani - Na verdade, eu nunca fui a única responsável pelas composições como um todo, eu sempre fiz as letras e melodias, e participava do processo de composição, mas o mérito nunca foi só meu. A minha participação nas composições não mudou, a diferença é que nos dois últimos álbuns nós passamos a trabalhar em conjunto, por isso as músicas recebem os créditos de “compostas por Shadowside”. No “Inner Monster Out” cerca de metade das ideias iniciais foram minhas e metade do Raphael, e no “Shades of Humanity” eu trouxe as ideias iniciais de “Alive”, “Beast Inside” e “Insidious Me”, mas também tivemos uma ideia inicial do Fábio, duas do Magnus e o restante do Raphael, ou seja, todos participaram do processo de composição. Mesmo quando as ideias iniciais vieram de um membro específico da banda, todos nós, como um grupo, mudamos estruturas, arranjos, melodias, até que todos estivessem satisfeitos com o resultado, e a música finalizada, registrada no álbum, acaba ficando muito diferente daquilo que era a ideia original. Em “Shades of Humanity” eu acabei escrevendo todas as melodias e letras, mas sempre com as sugestões dos rapazes e dos nossos produtores, e há mudanças de todos nós em todas essas músicas. Tanto o “Inner Monster Out” quanto o “Shades of Humanity” são trabalhos de um grupo, álbuns que uma banda fez junta, unida e o resultado é mérito de todos. O “Shades” é exatamente aquilo que eu desejava. Ele é tudo que eu gosto de ouvir e sonhava em gravar na minha carreira. E isso só foi possível por causa desse trabalho em equipe. Dani, fico imaginando que é complica-
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do buscar inspiração ‘do nada’. Quando escrevo um texto é para apaziguar meus pensamentos, seria assim para a composição, transpor o que está sentindo naquele momento? Ou não é isso, você busca uma temática e trabalha nela? Dani - Eu tenho escrito como você, o “Shades of Humanity” foi meio que um diário, exceto a letra de “Unreality”, que foi inspirada em um dos meus filmes favoritos, “A Origem”. Todo o restante veio do que eu penso, vejo e sinto. E foi um processo meio forçado dessa vez, porque eu escrevi praticamente todas as letras do álbum em 19 dias. Noites, pra ser mais exata. Minha avó fez uma cirurgia que era para ser simples e acabou tendo complicações, então ela ficou internada durante 19 dias e alguém tinha que estar sempre com ela... eu e minha família revezávamos, e eu peguei o “turno” da madrugada. Ela dormia, só me pedia alguma coisa se queria água, ou algo assim... então eu passava as madrugadas lá, com pouco o que fazer além de meus pensamentos e meu computador, e comecei a registrar tudo que estava passando na minha cabeça. Quando eu tento forçar um tema, normalmente não sai nada (risos). Para finalizar, o que podemos esperar do Shadowside para 2017? Sucesso e muito obrigada. Dani - Eu espero que a gente possa fazer muitos shows, pelo Brasil afora e pelo exterior também, todos nós estamos muito ansiosos pra cair na estrada de novo. Espero que todos gostem do novo álbum e do novo videoclipe. Um grande abraço e muito obrigada pelo apoio!
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Texto e Foto Marta Ayora
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Testament, uma das bandas mais relevantes do cenário do thrash metal, retornou ao Brasil para mais uma tour em nossas terras trazendo na bagagem o elogiado álbum “Brotherhood of the Snake”, lançado no ano passado e que tem superado os trabalhos anteriores “The Formation of Damnation” (2008) e “Dark Roots of Earth” (2012)”. A formação do quinteto conta atualmente com Chuck Billy nos vocais e o guitarrista Eric Peterson (únicos integrantes que participaram de todas as gravações do grupo), Steve DiGiorgio no baixo, Gene Hoglan nas baquetas e fechando com a outra guitarra de peso o grande Alex Skolnick. A banda californiana formada em 1983 foi uma das fundadoras do movimento thrash metal ao lado de Metallica, Megadeth, Exodus, entre outras. E com mais de três décadas de estrada o Testament chegou à marca de 14 milhões de álbuns vendidos mundialmente em 2012. Faz ideia do que isso significa? Para abrir a apresentação em São Paulo, na casa de shows Carioca Club, a banda convidada e muito promissora no cenário Death/Thrash Metal foi a “Circle Of Infinity”, que em 2015 lançou seu álbum de estreia intitulado “Moments Of Evil”. O quarteto - 80 -
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de Limeira formado por Edson Moraes (vocal e guitarra), Allan Farias (Guitarrista), Celso Fernandes (Baixista) e Alexandre Bento (Baterista) trouxeram muita personalidade, qualidade técnica e palhetadas infernais. Edson Moraes também é conhecido por movimentar a cena local em sua cidade e junto com os músicos prestaram a habitual homenagem ao grande e saudoso Chuck Schuldiner (Death) tocando uma versão perfeita para “Zombie Ritual”, clássico presente na playlist de diversos metaleiros pelo mundo. Após o encerramento da apresentação da banda “Circle Of Infinity” e minutos antes do Testament entrar no palco, eu observei um público impaciente colado na grade e pergun-
tei: “E aí pessoal? Vocês estão ansiosos pelo show?”. A resposta de um dos espectadores: “Só estou me sentindo como um noivo no altar esperando pela noiva no dia do casamento”. Mal deu tempo de imaginar a cena do noivo, pois as luzes se acenderam e lá vem eles...os headliners da noite! Percebi que o “noivo” da plateia estava visivelmente muito emocionado, o que me levou a uma profunda reflexão sobre a música. É incrível como a combinação de sete notas musicais seja capaz provocar um efeito tão forte em nosso corpo. O coração acelera, o corpo vibra ao ver a banda que você venera tocando na sua frente. E as emoções ficam sim a flor da pele. Quem nunca? - 84 -
A casa estava lotadíssima como eu nunca tinha visto antes e a banda pisou no palco agitando o público animadíssimo ao som de “Brotherhood of the Snake” . Daí em diante começou os moshes e os bate cabeças sem fim. Em “More Than Meets the Eye” o público cantava em uníssomo com a banda...coisa linda de ver! Enquanto isso o baixista Steve DiGiorgio interagia chamando a plateia, que respondia imediatamente. Foi uma pancada atrás da outra e com o público muito animado, Chuck Billy perguntou: “Hello my friends! How are you?”. E o público em uníssomo “Testament, Testament, Testament!”. Chuck agradece o público e diz que São Paulo tem um lugar especial em seu
coração. “Me mostre São Paulo! Me mostre o que vocês têm esta noite!” Provoca Ckuck e emenda com “Into the pit” com as guitarras virtuosas e as baquetas de Gene Hoglan a todo vapor. “Stronghold” abre uma das maiores rodas da noite, seguida de “Low” que de low não tem nada, porque Gene Hoglan destroi a batera no mais alto som e na mais alta velocidade com uma plateia que gritava e o acompanha em coro. Chuck provoca de novo o público pedindo que os novos fãs mostrassem ao Testament ‘how to “Practice What you Preach”’ e foi essa faixa que trouxe o ponto mais alto do show e - 85 -
fez o público vibrar, gritar e cantar com vontade. O show prossegue com “Urotsukidôji” e Steve DiGiorgio apresenta um solo de baixo bem incomum ao lado de Eric Peterson com sua técnica e virtuosidade incrível. Em “Souls of Black” é Chuck quem apresenta Steve com orgulho, mas quem comanda a faixa é o batera em conjunto com a plateia que o acompanha no vocal. Uma grande roda se abriu em “Alone in the Dark”, faixa que faz os fãs vibrarem e cantarem a plenos pulmões. Pra fechar o show memorável, a banda apresentou no bis a faixa “Disciples of the Watch”, que foi executada com muita técnica, carisma e envolvimento. Este foi sem dúvida um dos melhores shows do ano. Incrível e hipnotizante do início ao fim. Com uma plateia incrível, vibrante e com energia sem fim. Por fim, creio que as próximas bandas vão ter um belo trabalho pela frente para superar a fúria e o carisma do Testament. Confira o setlist do show: 1. Brotherhood of the Snake 2. More Than Meets the Eye 3. Rise Up 4. The Pale King 5. Centuries of Suffering 6. Electric Crown 7. Into the Pit 8. Stronghold 9. Low 10. Practice What You Preach 11. The New Order 12. Urotsukidôji 13. Souls of Black 14. Over the Wall 15. Alone in the Dark 16. Disciples of the Watch (BIS) - 86 -
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Por Samantha Feehily (Wonder Girls )
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câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais recorrente do mundo. A cada ano, a estimativa é de que 40 mil mulheres morram acometidas por esse mal. Quando identificado a tempo, as chances de cura são altas, mas a mastectomia (cirurgia de remoção completa do seio) ainda é a forma mais eficaz de remover o tumor. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, a doença afeta 1 em cada 15 mulheres brasileiras. A notícia é boa: os avanços no diagnóstico e tratamento do câncer de mama elevaram as chances de cura para 90% quando descoberto no início. O problema: no Brasil, a mortalidade continua alta porque 30% dos casos são diagnosticados em estágios mais avançados, quando o índice de cura é baixo. Além disso, há cerca de 12 mil mortes de mulheres todos os anos no país em decorrência da doença - o equivalente a 2,5% das mortes femininas no Brasil. O principal método de diagnóstico precoce ainda é a mamografia, radiografia das mamas (o que reforça a importância de sempre fazer o exame anualmente). Com a mastectomia, ficam as cicatrizes – físicas e psicológicas. Tendo optado ou não pela reconstrução da mama, algumas mulheres acreditam que tatuar a região operada é uma maneira de superar esse difícil processo.
Para o tatuador, Gil Miranda, proprietário do estúdio De Angelis Tattoo se destacado no em seu meio por uma causa muito especial. O profissional com mais de 17 anos na profissão, atende gratuitamente, em seu dia de folga, pessoas vítimas de câncer. “Fazer minha primeira tatuagem de reconstrução de aréola foi uma via de mão dupla de satisfação. Ela favorece a quem recebe e também favorece a quem a pratica. Ser útil sem pretensões, de ajudar em troca de um sorriso – ou, às vezes, nem isso”, diz. Boas atitudes movem o mundo! “O conceito se baseou na minha firme convicção de que cada um de nós pode dar um pouco de si, conforme seu talentos e habilidades. Todos podem fazer uma boa ação e contribuir para a comunidade em geral. A caridade é, por si só, uma das ações mais bonitas do ser humano. Não importando o tamanho da ação, e que jamais seja autopromoção. Tanto que não tiro muitas fotos, e não publico muito, o próprio boca a boca tem mandado muitas mulheres no meu estúdio”, lembra, Gil. Ele não está sozinho. À frente do Projeto Cores Que Acolhem, a tatuadora de 25 anos, Bárbara Nhiemetz, proprietária do Bárbara INK Tattoo, há dois anos exerce este trabalho de forma gratuita todas as segundas. “Tatuo profissionalmente desde os - 88 -
Debora Farias
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meus 14anos e decidi fazer minha primeira tatuagem de reconstrução de autoestima em minha própria mãe, que há 18 anos venceu um tumor maligno o qual a fez perder toda a mama esquerda e também levou embora todo o amor próprio que ela tinha. Comecei a tatuar muito nova por incentivo em ver as pessoas felizes, quando eu era pequena entre sete e oito anos me pegava desenhando com canetinha no local onde antes havia uma mama. E deste momento em diante percebi que se eu fosse tatuadora poderia eternizar aquele sorriso o qual minha mãe tinha quando eu desenhava. Me profissionalizei na área da tatuagem, porém, anos mais tarde, me vi passando pela mesma situação, meu filho Zekky nasceu prematuro de seis meses e meio e logo em seguida descobrimos que ele possuía três nódulos na parte de dentro da axila. Passando por esse momento difícil me peguei pensando em como as cicatrizes que os tumores deixaram nele iriam intervir na autoestima dele. Me lembrei das vezes que acompanhei todo o sofrimento de minha mãe e vi que tudo tinha um propósito, o meu era usar do amor à arte para ajudar o próximo. Com isso, meu marido – Thi Ian, também tatuador - e eu, nos propusemos a fazer o trabalho voluntariamente”, conta. Olhar-se no espelho e se ver careca e sem seu seio, olhar e não enxergar mais aquela mulher que via antes. Esta é a realidade de muitas, “saber o diagnóstico é um choque porque você não espera por isso, mas ao mesmo tempo pensei, tenho que ser forte, entreguei tudo nas mãos de Deus e disse para mim mesma, você consegue, lute”, confessa Silvane Alves de 42 anos, mãe da modelo Wonder Girls, Ester Alves. “Não foi fácil, não esperávamos por isso, mas minha mãe sempre foi uma pessoa muito positiva, desde o começo
acreditei que ela fosse capaz de passar por isso sorrindo” assegura, Ester Alves, modelo Wonder Girls. Fé na vida! “A fé está sendo muito fundamental, não só nesse momento, mas em todos da nossa vida, a fé nos mantém fortes para continuarmos, sinceramente não conheço pessoa que tenha mais fé do que minha mãe”, frisa a modelo. “Encontrei apoio na minha família e amigos. Por mais que não estejam preparados para aquilo, o importante é demonstrar otimismo e apoiar, mostrar que estão ali para que der e vier. Ainda vou passar pela cirurgia, mas já penso, que se necessário for, vou fazer uma tatuagem corretiva. Do dia - 90 -
Silvane Alves
de amanhã entrego na mão de Deus pois Ele é o dono da minha vida, espero paz muita paz, amor, carinho, saúde e sucesso em tudo que eu fizer” planeja Silvane. Vale lembrar que a técnica utilizada para se fazer a tatuagem reconstrutiva de fato não é a mesma de uma tatuagem comum, pois ela requer muito conhecimento da área da oncologia para que cada paciente não corra o risco de ser afetada pela pigmentação que não deixa de ser invasiva. “Faço não somente as aréolas mas também desenhos estéticos que trazem mais alegria ao se olharem no espelho. O fato delas virem com o emocional muito abalado mostra como estão por
dentro, mutilada não somente na mama ou também em outras áreas mas por completo. Vale lembrar que meu atendimento não é somente direcionado a pacientes que tiveram câncer de mama. Mas que tiveram qualquer tipo de câncer que as tenha deixado com cicatrizes que as incomodem. Seja homem ou mulher, sendo maior de idade o atendimento será certo” relata Bárbara. “Na tatuagem utiliza-se pigmentação e máquina tradicional de tatuagem. Na reconstrução é quase o mesmo processo, porém com mais leveza (quase uma micropigmentação) e um estudo mais aprofundado de colorimetria para que possa chegar na cor ideal para cada tipo de pele”, - 91 -
destaca Gil. A importante destacar que o processo da tatuagem corretiva pode ser realizado somente em pacientes oncológicos que já venceram a doença e que devem ter a alta médica. Pacientes que fazem radiação precisam ter, pelo menos, dois anos da cicatrização para que não haja interferência na pigmentação. “Para os pacientes agendarem é necessário trazer uma autorização médica do cirurgião plástico ou oncologista que trata do caso constando, não somente uma breve descrição do câncer e do tratamento, como também deve obrigatoriamente ter o CID da doença”, friza Bárbara. “Ninguém melhor que o médico para dizer quando é a hora certa que a mulher poderá fazer. Apesar de termos certo conhecimento, o profissional que cuidou dela durante todo o processo irá falar com precisão. E com o atestado em mãos começamos a fazer a autoestima crescer. Para marcar basta ligar na loja e agendar, é de suma importância levar o atestado de liberação do médico(a), e com todo carinho e amor iremos marcar para o mais breve possível”, promete Gil. Os cuidados com a tatuagem são bem parecidos com os da tatuagem comum, alimentação adequada, pomada correta, evitar fricção, não entrar em piscina/mar e evitar o álcool. “Na maior parte dos casos a coloração da aréola clareia e após três meses. Áreas com muitas cicatrizes, fibroses e sequelas de radioterapia podem não pegar o pigmento e tem chance de ficarem levemente machucadas após o procedimento. Por essa razão, em alguns casos será preciso retoque para chegar a pigmentação ideal”, esclarece Gil. “A respeito da sensibilidade, em sua grande maioria não sentem quase nada de dor devido a ruptura de enervações. A maior contraindicação é para pacientes ainda em
tratamento, pacientes que são imunudeprimidas, pacientes que estão com alta radiação na área recente e pacientes que tenham fístulas ou qualquer machucado na área afetada. Acredito que estas pessoas já sofreram muito em suas vidas e por isso não as obrigo a finalizar numa única sessão. Creio que por elas já terem passado por tantas dores e traumas que não há a necessidade de fazê-las aguentarem tudo numa única vez. Faço por sessões e as deixo o mais à vontade possível”, diz Bárbara. As mulheres podem, em casa, fazer o autoexame com cuidado, preferencialmente uma vez por mês, sempre a partir do final da menstruação ou, na menopausa, em um dia específico do mês. É importante que as mulheres estejam atentas ao seu corpo e ao sinal de qualquer tipo de alteração, sendo então importante comunicar ao médico. Lembre-se: o autoconhecimento não substitui o exame clínico realizado pelo médico ou a mamografia. Tumores em estágio inicial não costumam apresentar sintomas. Mais: eles só se tornam sensíveis ao toque numa fase posterior. Então, repita conosco: só o autoexame não basta! Como fazer: Diante do espelho, em pé e com os braços soltos ao longo do corpo, observe o bico dos seios e a aréola. Veja se há retração ou mudança na cor da pele, da superfície ou do contorno da mama. Levante os braços acima da cabeça e observe se há retração na pele da mama ou do mamilo. Deitada, coloque um travesseiro sob o ombro direito, ponha o braço direito atrás da cabeça e, com a mão esquerda, apalpe a - 92 -
Bรกrbara Nhiemetz - Tatuadora
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Leidiane
mama direita. Em movimentos circulares suaves, aperte toda a mama com a ponta dos três dedos médios juntos, sem tirá-los da pele, para sentir se há nódulos ou endurecimentos. O movimento da mão deve ser leve e de cima para baixo. Revise também embaixo das axilas. Repita os movimentos apalpando a mama esquerda com a mão direita. O autoexame pode ser feito durante o banho, com as mãos ensaboadas. Sentiu algo errado. E agora? Se você percebeu um nódulo, é hora
de calma e prudência. Ligue para o médico e marque sua consulta para poder fazer a mamografia. “Nessa vida nunca estamos preparados para momentos ruins ou difíceis, mas eles aparecem! Precisamos ser o mais forte possível, ter determinação e fé, acreditar em nós mesmos e nunca duvidar da nossa capacidade, por mais difícil que seja somos capazes, como minha mãe sempre disse Deus não te batalhas maiores do que você possa aguentar”, finaliza Ester Alves.
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Por Pei Fon | Fotos Pei Fon Texto Leandro Fernandes | Foto Fernando Yokota
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oite inspirada na capital paulista. Pra quem procurava algo mais tranquilo, Anathema. Mas que estava procurando o lado negro e extremo, Deicide. A banda desembarcou no Brasil para algumas apresentações, trazendo a tour de seu último trabalho “In The Minds of Evil”. Depois de Novo Hamburgo e Belo Horizonte, São Paulo recebeu as lendas do Death Metal Extremo mundial. Como anunciado, a casa abriu às 18h pontualmente. Eram poucos os que entravam, dando a entender que o show não ia lotar tanto, engano de quem pensou isso.
Prestes a iniciar, o Clash Club já se encontrava em ordem para receber a banda. Alguns ajustes finais e ok. Às 19h55 Glen Benton adentrava no palco com a banda, como sempre calado e básico com o público, sem firulas “Scars of the Crucifix” emanou de forma instantânea, logo abriram as rodas e o mosho pit rolou solto e claro, os famosos stage divings que já é marca registrada no Clash, não poderiam faltar. Emendando com “When Satan Rules His World” a galera respondeu a altura. “In the minds of Evil”, do último disco, empolgara a todos e principalmente a quem curte - 97 -
mais os trabalhos recentes da banda. Um fato curioso e chato, coisa que na verdade não deveria rolar, são os famosos “Tr00zões” que as vezes gostam de querer exagerar, alguém teve a capacidade de jogar um tambor de lixo na galera (quase acertou a pessoa que vos fala), mas nada de grave e nem teve tempo de parar o espetáculo, aproveitando a deixa, a organização da segurança estava em completa ordem e também fizeram um bom trabalho. Deixando as “tretas” de lado, “Children of the Underworld” levou todos ao delírio, Glen Benton se encontra realmente em forma! “Death to Jesus” e “Oblivious to Evil” só vieram para enlouquecer mais ainda os presentes. Todos sabemos que, com o Deicide, não esxite tempo ruim e pancadaria é o tempo todo. “Trifixion” também deu o ar da graça, que fora emendada pela excelente “Mephistopheles”. O set executado foi realmente perfeito, pois chega a vez de “Serpents of the Light” levar o ambiente para a entrada do inferno, como ficou insana essa música! Como sempre Benton falou pouco com o público, estava mais preocupado em quebrar pescoços. “Blame In on God” continuou na mesma pegada, pois a passagem direta foi a intensa “Dead but Dreaming”. Dando ares que já estava quase chegando ao fim, clássicos como “Once upon the Cross”, “Kill the christian” e nervosa “Deicide” realmente anunciava que estávamos perto do excelente concerto. Como não tivemos o famoso bis, isso ficou a cargo de “Sacrifal Suicide/ Homage for Satan” e “Dead by Dawn”, mostrando aos paulistanos o quão foi intenso e perfeito o que vimos. No final, Glen agradeceu e no palco mesmo atendeu rapidamente alguns fãs com autógrafos e aperto de mãos. Tivemos um grande espetáculo, a quem reclamou da qualidade do som, que ao meu ver esteve em ordem. Aguardamos novamente o excelente Deicide no Brasil o mais breve possível. - 98 -
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Por Raphael Arizio | Foto: Banda/Divulgação
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rutal Desire já chega com os dois pés no peito. Essa nova banda do Rio de Janeiro estreia com o single “Dominance” e mostra muita qualidade com seu metal extremo diferente e matador. E mais uma vez mostra que o estado do Rio não está para brincadeira, pois é incrível o número de ótimas bandas surgidas no estado nos últimos anos. Conversei com Oman e Enrico Salvatore sobre a formação a banda e detalhes sobre seus futuros lançamentos. A banda lançou recentemente seu primeiro single “Dominance”. Como tem sido a repercussão para essa estreia? Está dentro das expectativas da banda? A repercussão não está dentro das expectativas da banda. Ela já ultrapassou em muito nossas expectativas, em curto tempo! Somando as visualizações do Youtube e do Facebook, já ultrapassamos as cinco mil, em menos de duas semanas de estreia. E pelo que temos lido e ouvido, parece que a galera realmente tem gostado do nosso trabalho. As letras desse single são sobre BDSM, de onde saiu essa influência? As músicas da banda serão sobre esse tema? A banda já pensava em abordar o tema desde o início. Quando o Salvatore assumiu os vocais, ele trouxe esta proposta que na rea- 102 -
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lidade já era uma ideia da banda: abordar o tema não apenas literalmente, mas também como metáfora psico-social. As músicas que irão compor o primeiro CD da banda (que está em pré-produção) levam os nomes desse acrônimo: Bondage, Discipline, Dominance, Submission, Sadism e Masochism. É um tema que apreciamos, e que estamos abordando neste momento, mas é cedo para dizer que estará sempre presente em nossos trabalhos. A masterização do single foi feita por Georgio Bokos na França, que já trabalhou com diversas bandas como Dark Tower, Rotting Christ, Unearthly, etc. Qual a importância dele para o resultado final das músicas? Qual a necessidade que a banda sentiu para buscar um profissional de fora do país? O trabalho do Bokos é indiscutivelmente excelente. Talvez a palavra necessidade seja muito forte, pois sabemos que existem profissionais extremamente competentes no país. Mas surgiu a oportunidade de trabalharmos com alguém que sabíamos que poderíamos confiar de olhos fechados, alguém que entende profundamente sobre o som que fazemos, então foi a decisão mais certa a se tomar. Um dos diferencias da banda é o vocalista Enrico Salvatore, apesar do som ser calcado em metal extremo, seu vocal por muitas vezes aparece mais limpo e diferente da grande maioria das bandas de metal extremo. Como foi feita essa escolha para esses tipos de vocais? Como trabalharam nisso para que conseguissem casar perfeitamente com o som da banda? Nós procuramos fazer algo de que gostamos muito e também algo que seja mais acessível, que possa atingir a diferentes públicos. Por - 104 -
isso decidimos fugir de alguns clichês, explorando ao máximo do que somos capazes. O Salvatore tem bastante a oferecer, com uma diversidade de vocais que não se encontra com frequência. Não seria justo com a banda deixar de explorar isso, limitando os vocais apenas às fórmulas mais tradicionais. Trabalhar nisso, a princípio, parecia um desafio. Mas depois mostrou-se como uma liberdade criativa maior. O Brutal Desire é formado por músicos já experientes da cena do Rio de Janeiro. Como foi a formação e quais as expectativas que todos têm com essa nova banda? A experiência e a dedicação de cada músico contam bastante! Mas o que tem contado muito mais é o prazer que sentimos em tocarmos juntos. Somos mais amigos do que membros de banda, então essa “chegada” foi algo natural. E quanto as nossas expectativas, acho que a maior delas nós já alcançamos: estamos completamente apaixonados por cada nota que tocamos, de forma que temos a sensação de estarmos tocando em nossa banda preferida. Somos nossos fãs! (risos) Uma das coisas que mais chamaram atenção nesse single foram os grandes riffs de guitarra da banda, pois apresentam muito peso, agressividade e muita variedade. Como é o processo de composição da banda e quais são as influências? É difícil falar das influências da banda, porque cada um traz um background diferente, que vão de Mozart a Annal Nathrakh! Até aqui, como os fundadores da banda, foram o Oman (bateria) e o Álvaro (Guitarra), a maior parte das composições surgiram do Álvaro, que trouxe arranjos prontos sobre os quais cada - 105 -
um acrescentou sua personalidade. Mas estamos compondo coisas novas de uma outra forma: cada um se sente totalmente à vontade para trazer um riff ou uma batida, sem uma vaidade boba do tipo “quem manda no meu instrumento sou eu”. Mas especialmente sobre as guitarras, temos apostado muito na dualidade entre o peso visceral das cordas do Haony e as melodias intensas da guitarra do Álvaro. Diferentemente da grande maioria das bandas, o Brutal Desire resolveu entrar em estúdio e gravar antes de começar a tocar. Por que a banda resolveu fazer dessa maneira não tão usual? Depois dos nossos primeiros shows, sentimos que estávamos prontos para dar mais um passo. Resolvemos lançar o single para podermos mostrar mais facilmente nosso trabalho, com isso tendo “um cartão de visita” para mais shows. Nos próximos shows vão dividir o palco com grandes bandas como Affront, Darktower e Justabeli. Quais são as expectativas da banda para esses grandes shows? É uma grande honra tocar com essa galera de quem somos ao mesmo tempo fãs e amigos! Nossa expectativa é de que o público que vai estar lá para ver essas grandes bandas se sinta satisfeito, e talvez até surpreso, com o trabalho da desconhecida banda de abertura. O Brutal Desire é mais uma grande banda que surge no estado do Rio de Janeiro, algo que vem acontecendo bastante nos últimos anos. Qual é opinião da banda sobre a cena do Rio de Janeiro? Quais são as bandas que gostariam de dividir o palco? Agradecemos por nos considerar ao lado dos grandes, embora saibamos que ainda temos um longo caminho a percorrer. A cena do Rio nos parece às vezes um quebra-cabeças desmontado: há grandes bandas, há produtores competentes, há bons espaços, há um excelente e numeroso público, mas há por todo lado uma inexplicável queixa de que a cena é fraca. Falta juntar essas peças! Sem pane- 106 -
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car pronto ainda neste ano, porque nosso foco agora é o palco. Queremos fazer show! Mas se o tempo permitir, quem sabe não soltemos em breve mais uma prévia do que está por vir. Não planejamos, mas também não descartamos a possibilidade de um segundo single.
linhas ou rivalidades, apenas paixão pelo som que a gente adora! Sobre as bandas com quem gostaríamos de dividir o palco... Sabe, pode parecer estranho, mas nós temos o profundo respeito por cada músico e cada banda que se esforça para levar o seu melhor para o palco. Cada um de nós traz uma história de bandas anteriores e já teve oportunidade de dividir o palco com bandas gigantes, com décadas de estrada, nacionais e estrangeiras. Então hoje o que mais queremos é tocar, seja onde e com quem for, sem afetação.
Espaço para considerações finais e agradecimento. A banda só tem a agradecer! Todos os nossos amigos e conhecidos, membros de bandas já bastante respeitadas, têm nos mostrado um apoio maior do que poderíamos imaginar. E o público, em todo canto onde a gente toca, tem sido um tesão, uma grata surpresa! A essa galera só o que temos a dizer é: continue assim! Continue respeitando e prestigiando as bandas mais novas, desconhecidas, de abertura... porque são elas que amanhã manterão a chama acesa. Valorize o underground!
O que podemos esperar da banda para esse ano? Algum possível lançamento de disco ou E.P por exemplo? Pois o single deixou todos os bangers com aquele gostinho de quero mais. Bom, o Brutal Desire está em fase de pré-produção do CD. Mas não podemos dizer se vai fi- 108 -