Os falsos ‘deuses’ Seja na mitologia ou nas religiões, a divindade é uma figura importante. É o caminho para os que se sentem perdidos. É a força para lutar. É o conforto na hora da dor. Mas quando esses ‘deuses’ mostram a sua cara e te desapontam? O frontman/frontwoman é o destaque da banda. É quem conduz o ritmo que um show deve tomar. Aquele que vai proporcionar as alegrias que deseja ter. O que faz mais do que pode imaginar. O que você vai carregar como ícone, inspiração, admiração? Um deus. Por que não? Fazendo essa analogia, o ‘responsável’ por levar o nome de uma banda para frente, tem essa grande responsabilidade. Se tudo dá certo ou errado, a ‘culpa’ será atribuída a ele. Recentemente houve um enfraquecimento no endeusamento da figura do Cronos, frontman da lendária banda Venom. Trio nascido na Inglaterra, no final dos anos 70, durante o New Wave of British Heavy Metal, precursores do Black Metal. São ‘só’ estas as referências. O episódio que marca essa queda do deus black metal aconteceu no Chile. As meninas do Nervosa estavam se apresentando quando o manager pediu para elas pararem de tocar. Havia 20 minutos de show ainda. Elas respeitaram o pedido, a contra gosto, claro. Estavam fazendo uma ótima performance quando essa ordem arbitrária foi dada. O produtor pediu mil e umas descul-
pas pelo ocorrido. Logo que essa informação chegou à tona, a imprensa brasileira caiu em cima. Falou-se em machismo, até em inveja por elas estarem fazendo um belo show. Mas é sabido que Cronos não é uma das personas mais simpáticas que existe. Durante a sua trajetória na música, ele já deu vários exemplos do que um ‘rockstar’ não deve fazer. Arrogante, ego nas alturas. Já aprontou com bandas de renome, o que dirá com as brasileiras do Nervosa. A questão é que Cronos e sua trupe deram mais uma desmonstração da falta de eduçação e respeito para com o fã. Em um vídeo, um grupo de fãs esperava a banda na saída do aeroporto. Uma moça chega e diz que esperou 28 anos por Cronos. Uns ficariam emocionados, mas Cronos disse: esperou porque quis. Essa moça até tirou uma foto com ele, mas explicou que foi a pior experiência da vida dela e que ele ‘morreu’ pra ela. O deus caiu do pedestal. Acabou com o endeusamento e agora é tão mortal quanto nós. Estamos acostumados em ser decepcionados pelas pessoas, mas o choque é ainda maior quando é o seu ‘deus’. Esse não dá para aturar. A banda soltou uma nota e muitos se voltaram contra a banda brasileira com ofensas absurdas. Machismo? Claro que sim. Não convém falar. Leia a coluna Lapada e entenda melhor. Abaixo aos falsos deuses!
06 - News - World Metal 10 - Lapada - O machismo no Metal 18 - Entrevista - Lobotomia 26 - Live - De La Tierra 32 - Entrevista - Gods & Punks 40- Live - Primavera Club 2017 46 - Capa - Ensiferum 56 - Entrevista - Destroyers of All 66 - Live - Megadeth 74 - Entrevista - Armored Dawn 84 - Live - Septicflesh & Fleshgod Apocalypse 92 - Skin - Quero essa tatuagem pra mim! 98 - Entrevista - Pandemmy 106 - Live - Helloween 118 - Entrevista - Thunderspell 126 - Live - Venom
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Expediente Direção Geral Pei Fon Capa Alcides Burn Jonathan Canuto Colaboradores Bruno Sessa Charley Gima Jonathan Canuto Marcos Garcia Mauricio Melo (Espanha) Raphael Arízio CONTATO contato@rockmeeting.net
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“Batom Blues”
A banda Dudé e A Máfia orgulhosamente divulga vídeo ao vivo da música “Batom Blues” no Estúdio Showlivre, que foi gravado no primeiro semestre de 2017. Os músicos seguem divulgando o EP “Dudé e A Máfia” com várias datas por todo o estado de São Paulo. O Showlivre.com conta com a apresentação de Clemente Tadeu, vocalista da banda Os Inocentes, que também comandou um bate-papo super descontraído, além de repassar as perguntas dos fãs aos integrantes da banda que tiveram a oportunidade de contar um pouco sobre os primórdios da banda Dudé e A Máfia. Assista o vídeo ao vivo de “Batom Blues”. “Confusão”
Na estrada desde 2010, o Attività Power Trio é um dos proeminentes grupos do interior do Rio de Janeiro que se mantem na ativa e sempre se apresentando nos principais eventos realizados na cidade de Varre-Sai/Rj e região. O grupo que já possui um disco na carreira, “Nos Caminhos da Noite”, apresentou ao público linhas mais simples e calcadas no Rock Nacional dos anos 80. Agora o grupo vem se preparando para dar início a distribuição do segundo e aguardado novo disco, “Confusão”. Confira a capa de “Confusão” e o primeiro single em vídeo liberado pelo grupo em seus canais de comunicação com os fãs AQUI. “Wings Seven”
O maior expoente do Hard Rock no estado de Goiás, a veterana Sunroad, acaba de anunciar a distribuição de seu sétimo álbum de estúdio, “Wings Seven”, no Japão. Agora o país asiático terá o material para comercialização, considerados por músicos consagrados como um dos países que mais reverenciam o Metal, os nipônicos agora receberão uma das obras mais bem elogiadas e feitas dentro do estilo Hard Rock/ AOR no ano de 2017 no Brasil. O material será distribuído pela “DiskUnion” que acaba de assinar representação comercial da banda Sunroad em todo território japonês. Escute “Destiny Shadows”. - 6 -
“Immortal Dies”
Hard n’ Heavy nacional
A banda alagoana Prison Bäit (antiga Jäilbäit), um dos nomes mais representativos da atual safra Hard n’ Heavy nacional, se encontra desde o dia 21 de outubro em processo de composição de seu próximo trabalho. O vindouro álbum será o sucessor do debut da banda, “Who Da Fuck Are You”, trabalho que chamou fortemente a atenção da crítica nacional e que traz em seu cerne uma mescla de Hard Rock e Speed Metal, ensinado por nomes consagrados como Motörhead, Girlschool e AC/DC. Fundada em 2013, a banda possuiu um début e dois clipes: “Born To Win” e “Take it Easy”. Conheça o Prison Bäit. ‘From East With Hate’
Acaba de ser lançado o primeiro álbum completo dos Thrashers do Cerberus Attack, ‘From East With Hate’ e a banda divide conosco mais informações sobre o disco. O álbum, assim como todo o material oficial da banda, já está à venda e pode ser encontrado diretamente com o grupo por email ou Facebook, com envio para todo o Brasil. ‘From East With Hate’ foi gravado no estúdio EastSide, produzido, mixado e masterizado por Jhon França, com arte da capa por Cleyton Amorim (Cursed Slaughter e Zombeers) e encarte por Livia Fogaça. Escute agora ‘Face Reality’ e ‘Dirty City’. - 7 -
Foto: Thiago Acioly
O Thrash Metal da banda curitibana Exylle, acaba de ganhar um aporte ainda maior na divulgação das novas músicas que o grupo está criando para findar o lançamento do aguardo primeiro disco da carreira. Em seu canal oficial do YouTube foi liberado o clipe de “Immortal Dies”, as filmagens apresentam os músicos executando a faixa com muito talento, velocidade e técnica. Considerado por muitos como uma das principais promessas do estilo da região sul do Brasil, a Exylle está em plena atividade e planejando vários lançamentos entre o fim de 2017 e início de 2018.
‘Restless’
Foto: Renato Chama
stá quase pronto o novo clipe e single inédito do Shadow Legacy, o grupo e a produtora responsável pelo vídeo estão nos acertos finais. Como noticiado, a música se chama ‘Restless’ e será lançada junto a um videoclipe que está sendo gravado neste momento. O grupo sul-mato-grossense trabalha novamente ao lado da produtora Vade Retro Produções. Em breve um teaser e a data de lançamento serão apresentados! a banda está mais uma vez gravando com o estúdio Anubis com o talentoso produtor Aldo Carmine. O grupo também está no Spotify e convida a todos para curtir sua música e seguir seu canal! ‘Helter Skelter
Recentemente os gaúchos do Distraught lançaram uma belíssima, e muito pesada, versão de ‘Helter Skelter’, clássico dos Beatles. Tirando um tempinho, o vocalista André Meyer fala sobre a escolha da música e como chegaram a essa incrível versão: “Há muito tempo pensamos em fazer uma versão com a nossa cara desse clássico dos Beatles, então achamos que tinha chegado o momento certo pra isso. ‘Helter Skelter’ é uma música realmente de muito peso e sabíamos que iria se encaixar perfeitamente no Distraught”. O vídeo pode ser conferido na página oficial no Youtube ou no Facebook. RF Collection
A web rádio Rock Freeday completou 10 anos em 2017 e como parte das comemorações está lançando o segundo volume da já aclamada coletânea, “Rock Freeday Collection”. O disco físico já está sendo distribuído de maneira gratuita para lobistas, produtores, bandas e jornalistas de todo o território nacional. Interessados em adquirir uma cópia podem entrar em contato com a rádio, pelo e-mail: rockfreeday@gmail.com. Em São Paulo, na famosa Galeria do Rock, a loja Die Hard saiu na frente e já está distribuindo o disco físico. Mais uma vez o desenho da capa foi assinada pelo renomado artista João Duarte. - 8 -
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eis que quando tudo se direcionava para um tema, sou forçado a escrever sobre outro. E sinceramente, tem dias em que amaldiçoo a existência das mídias sociais! 24/10/2017. Pretendendo usufruir de seriados na Netflix, quando começa outro apocalipse zumbi na mina timeline: todo mundo já sabe do problema do show do Nervosa abrindo para o Venom no Chile. Já considerava o assunto morto, e vi até mesmo pessoas acusando a atitude do testudo anabolizado, que lidera o trio inglês (chamado Cronos), de machismo. Como sou da velha guarda, já sei que Cronos é um babaca desde 1985, quando conheci a banda. E continuo sendo fã dos velhos discos do trio, já que não vi motivos para deixar de gostar (e nem conseguiria, pois gosto é gosto). Fiquei ‘fulo’ em saber que o trio brazuca é mais um a constar nas estatísticas de babaquices do Venom, assim como foram Raven, Manowar, Mercyful Fate e outros tantos. Mas me amargou a tarde/noite foi o seguinte: bastou o Venom lançar um comunicado oficial, e os defensores da banda surgiram. Até aí, en- 10 -
Fotos: Reprodução/E aí John
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tendo, pois fã é fã (mesmo quando defendem o que não tem defesa), mas NUNCA ACEITAREI, DE FORMA ALGUMA MACHISMO! Sim, MACHISMO! Definição: “Machismo, ou chauvinismo masculino, é o conceito que baseia-se na supervalorização das características físicas e culturais associadas com o sexo masculino, em detrimento daquelas associadas ao sexo feminino, pela crença de que homens são superiores às mulheres. Em um termo mais amplo, o machismo, por ser um conceito filosófico e social que crê na inferioridade da mulher, é a ideia de que o homem, em uma relação, é o líder superior, na qual protege e é a autoridade em uma família”. Ou seja, sua boca está soltando o veneno que existe em seu coração, pois se querem fazer apologias ao deus Testudo Bombado “criador” do Black Metal, poderiam fazê-lo sem serem ofensivos aos fãs do Nervosa. Mas não, não é de vocês ter um mínimo de educação, então, lá foi um bando de patetas acusando os defensores do “cheiradores de absorvente”, “Zé calcinhas”, entre outras. E o pior foram coisas que li sobre as integrantes da banda. “Ah, isso não é machismo, não”, vão querer dizer. Sinto muito, mas se você escreve este tipo de coisa sem pesar as consequências, você É UMA PORRA DE UM MACHISTA! Se não prestou atenção, leia e repare em suas palavras, como elas visam a dignidade alheia. Não, você não quis defender a banda que ama, mas atacar a outros. Puro ódio des- 12 -
Foto: Reprodução/Facebook
tilado. Bando de bolso-bangers ou bolso-buxas, ofender as mulheres é o que? Sim, ofender, pois chamar as pessoas desses termos acima é o que? Sinceramente, tenho cada vez menos esperanças no povo Metal... Ao invés de andarem para frente, estão se alinhando com o que há de pior no ramo humano! Em um gênero musical, onde se tem autênticas guerreiras como Doro Pesch, Sabina Classen, Angela Gossow, Liv Kristine no exterior, além de Lady of Blood, Suzane Hecate, Flávia Monietari, as próprias meninas do Nervosa, entre tantas outras, deveria ter um pouquinho mais de respeito às mulheres. Mas não: é mais fácil ver um bolso-banger que um Banger com “b” maiúsculo, que vai meter o dedão na cara desses bobocas. A verdade por trás disso é muito simples: o headbanger ainda não rompeu com a mentalidade da Casa Grande e Senzala, continua com a cabeça cheia de lixo ideológico conservocrata, alinhavado com os valores da bancada protestante do congresso. Continuam dando onda a gentinha como Alexandre Frotta e o MBL, que só os guiam como cegos para o abismo. Em quem acredita em gente assim, o Metal operou muito parcialmente, não chegou a causar mudanças reais. E não, bando de conservo-bangers: você não precisa gostar da banda em questão ou defendê-la. Mas esperava de vocês um pouquinho mais de respeito ao ser humano. Mas acho que vocês só respeitam quando o senhor do engenho vem em sua direção com a chibata na mão. Ok, sei que uma boa parte anda com os nervos à flor da pele por conta das extremistas. De fato, qualquer extremismo é perver- 13 -
so, um desvio de uma causa. Mas será que já perceberam que as extremistas no feminismo não quer dizer que são a maioria delas? Aliás, as feministas radicais lembram demais os fãs radicais de Metal: mais atrapalham que ajudam, e não refletem a realidade de um movimento. O Feminismo, enquanto movimento, tem motivo justo de existência: a busca do direito de igualdade entre homens e mulheres, sem que um seja melhor que o outro, o que na realidade não o é. No fundo, temos uma construção social muito antiga, vinda das religiões abraâmicas e outras culturas onde a mulher deve ser submissa ao marido, em uma obediência semelhante a de Jesus de Nazaré ao Deus, algo dito por Paulo de Tarso em uma de suas cartas. Aqui se vê a justificativa ao machismo de ordem abraâmica (recomendo a leitura de toda a crítica avaliativa de Nietzsche em “O Anticristo”), enquanto algumas culturas pagãs (como no Egito antigo, entre os Vikings e os Celtas) a mulher tinha um papel mais proeminente, e as divindades femininas tinham atribuições de igual importância à masculina. Muitos fãs de Metal adoram pagar de pagãos, mas na hora H, manifestam o mesmo paternalismo do conservador. Ainda gostam do “bela, recatada e do lar”. Aliás, aproveito para citar Madame Marie Curie como um exemplo. Diferentemente dos extremistas, ela foi uma mulher importante em seu tempo, e que foi laureada com um Nobel (apesar de Pierre, seu marido, ter tido que interferir na decisão do comitê que queria dar o prêmio
a ele, mas a nobreza em admitir o trabalho da esposa transcendia preconceitos). Mas ao mesmo tempo em que foi uma Física do primeiro time, também foi uma ótima esposa e mãe. E ao invés de “eu sinto que odiar os homens é um ato político honrado e viável” de Robin Morgan, “chamar um homem de animal é elogiá-lo. Homens são máquinas, são pênis que andam”, da doente Valerie Solanos (esquizofrênica, na realidade, cujo tratamento foi sustentado pelo homem que ela mesma
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tentou assassinar) ou “no patriarcado, todo filho de uma mulher é seu potencial traidor e também inevitavelmente o estuprador ou explorador de outra mulher”, de Andrea Dworkin. Madame Marie Curie disse que encontrou em Pierre “um grande amigo, um colega de pesquisa aplicado e um ótimo marido”. Longe dos extremos, Madame Marie Curie sempre se mostrou uma mulher à frente de seu próprio tempo, mesmo na questão feminista. Creio que o meio termo entre cien-
tista, mãe e esposa concede a ela o título de verdadeira mulher e de verdadeira feminista. Voltando a falar sobre o Nervosa, a banda está crescendo muito, e talvez isso incomode demais a muitos. Mas isso já ocorreu, pois ainda lembro-me das pessoas insultando Sepultura, Angra e Krisiun em seus devidos períodos de crescimento, mas hoje, adoram pagar pau para os mesmos. Creio que é mera questão de tempo para ver o mesmo ofensor virar defensor.
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Aqui mesmo na Rock Meeting vemos uma convivência bem harmoniosa: a chefe é a Pei, a Samantha na coluna “Skin”. Fora outras autoras de alto nível em outros veículos como a Iza Rodrigues no Menina Headbanger e a Isabele Miranda no Maximus Music Channel, além de Débora Brandão na Metal Media (assessoria de imprensa), além das meninas que citei acima e estão em bandas. Sim, elas podem e fazem um trabalho fantástico, basta abrirem os olhos. Resumindo: se você odeia o feminismo, pense que existem extremistas como você do outro lado da questão, e ódio mútuo só leva à morte. Se você acredita que agressões contra as mulheres do jeito que descrevo acima, você acaba justificando as feministas radicais. Agora, se você diz que acredita na igualdade de direitos entre homens e mulheres, por que ofende uma banda exclusivamente feminina para defender seu deus pagão testudo e bom-
bado? Poderia fazer sua apologia, seu direito, mas por que ofender os outros? Para mim, não é uma questão de “machistas não passarão”, mas de não aceitar headbangers machistas. Banger e conservador a mesmo tempo é uma mistura meio... azeda... “Lutarei até a morte Lutarei esta luta para ficar vivo Em meu coração sei que ficarei bem Sei que é está em minhas mãos Mudar este mundo ou deixá-lo na mesma Resista e dê uma mão Lute - Lute até que morramos Erga seu punho para o alto - erga seu punho! Erga suas mãos bem alto - Mãos bem alto! Erga seu punho para o alto - erga seu punho! Somos cães, cães do fogo!”
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(Doro - Raise You Fist)
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Por Raphael Arizio | Fotos Banda/Divulgação
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om as atividades iniciadas no começo da década de 8o, o Lobotomia é um dos percursores do Crossover no Brasil. Seu primeiro disco auto intitulado marcou época e é, até hoje, lembrado como um dos clássicos do Underground nacional. Mas além disso, a banda lançou ótimos cds e se mantém na ativa até hoje. Vamos saber do batera Paulo Grego como andam as coisas com a banda e também um pouco mais sobre a sua trajetória e planos do Lobotomia. O último disco da banda, “Desastre”, foi lançado em 2016. Como foi a repercussão desse lançamento? Supriu as expectativas da banda? A repercussão foi das melhores, muitas críticas boas em relação ao álbum. A banda demorou sete anos para lançar “Desastre”, quais as dificuldades enfrentadas durante esses anos para que houvesse esse hiato? O principal empecilho foi a troca de integrantes, porque acaba atrasando um pouco o trabalho da banda e a crise econômica que vivemos. Em 2017, a banda realizou uma elogiada apresentação no festival Roça n Roll. Como foi para vocês tocarem nesse festival? E qual a resposta que tiveram dessa apresentação? - 20 -
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Foi muito bom, mesmo sendo um fest mais metal. Mas não nos importamos em trocar com outros estilos, pois o nosso som também é bem diversificado, agranda aos público roqueiro. No entanto, a galera que esteve presente curtiu bastante o nosso som. Por ser uma banda de Hardcore/Crossover, têm letras bem ácidas sobre a situação do nosso país e as mazelas que parecem nunca ter fim. Podemos assim dizer que esses problemas enfrentados nos últimos anos será usado pela banda
em um futuro lançamento? Parece que nada muda neste país, alguma letra tem mais de trinta anos, mas o contexto é o mesmo. A banda vai tocar em novembro no festival “Capial Fest”, quais sãos as expectativas para esse show? Estamos ansiosos pelo fest e outras bandas muito boas irão tocar como Test, Os Capial, entre outras. Nos últimos anos o Lobotomia tem fei-
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to diversas tours internacionais. Como tem sido a recepção da banda em terras estrangeiras? E como o público gringo reage as letras cantadas em português? O Lobotomia é bem recebido no estrangeiro, tocamos em muitos festivais como, Puntala, na Finlândia, Vive Le punk em Calac (França), Play fast or Dont na República Tcheca. E o povo curte as músicas cantadas mesmo em português e as vezes você ouve alguém cantando junto (risos). Quando iniciou as atividades em 1984,
o que depois se chamaria de Crossover, a banda percebeu que estava ajudando a criar algo único? E como é feita essa mistura de Punk/Hardcore com Metal? Não imaginávamos nada, só queríamos tocar e dizer sobre como a humanidade estava se degenerando. E quando começamos a tocar muitos punks chamavam a gente de metal, pra você ver como eram as coisas nos anos 80. O clássico disco “Nada é como Parece” foi lançado pela lendária gravadora Cogumelo em 89, época que o cenário
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nacional estava em alta. Quais são as melhores lembranças da banda dessa época e como foi trabalhar com a cogumelo? Foi do caralho esta gravação. Passamos uma semana em Belo Horizonte. Realmente os anos 80 foi sensacional diferente dos 90, mas mesmo assim ainda era difícil fazer uma banda alternativa no Brasil porque não tínhamos como divulgar, a internet não existia ainda e tudo foi feito pelos integrantes da banda praticamente. A banda sofreu diversas mudanças de formação ao longo da sua história e somente o baterista Grego esteve em todas
as formações Quais são as dificuldades de ter uma formação estável? Manter uma banda de rock no Brasil é muito difícil, com tantas crises no país, muito desemprego, a primeira coisa que as pessoas deixam de fazer é se divertir, ir em shows. Com a grana curta, as artes são as primeiras a sentir a recessão. Espaço para considerações finais e agradecimentos. Agradecemos pelo espaço para divulgar a banda e continuamos firme. Em 2018 pretendemos fazer outra tour pela Europa. Agradeço a todos. Força e Saúde.
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Texto Charley Gima | Fotos Bruno Sessa
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De La Tierra é um projeto ousado, que mistura músicos de várias nacionalidades e estilos para tocar uma música pesada, cantada em espanhol, mas que cativa o público! Prova disso foi o show do De la Tierra em São Paulo, no último dia 01/11, no Tropical Butantã. Esta super banda é formada por Andreas Kisser (Sepultura/brasileiro), Harold Hopkin (Puya/Porto Rico) Andrés Gimenez (A.N.I.M.A.L/argentino) e Alex González (Maná/Mexicano), traz em sua discografia dois álbuns conceituados e muita experiência de estrada! E a prova de toda esta experiência foi o brilhante show que fizeram em São Paulo, com muita energia e disposição, tocando suas músicas como se não houvesse amanhã, principalmente o baterista Alex González, que não tem dó das peles de sua bateria e desce a mão em todas as notas! Não é muito natural para nós brasileiros ouvirmos Heavy Metal cantado em espanhol, mas a mistura do De La Tierra dá certo! Prova disso foram as rodas que abriram no meio da galera em muitas músicas durante o show. Andreas Kisser mostra-se solto no palco, apesar de pouca movimentação, mas faz seu trabalho com maestria. Harold Hopkins acompanha
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bem as porradas de Alex González e deixa a base firme e potente. Andrés Gimenez canta bem as músicas, sem forçar o gutural, dando uma “quebra” harmônica nas músicas, deixando as bem agradáveis e interessantes, mesmo para nós brasileiros. Andrés chegou a brincar que o público poderia não entender o que ele dizia, pela diferença no idioma, o que foi negado prontamente pelos fãs do De La Tierra! Em seguida perguntou se tinha algum torcedor do Corinthians na casa, com claro intuito de provocar Andreas Kisser, fanático torcedor do São Paulo! Andrés terminou perguntando se tinha algum torcedor do São Paulo, gritou “River” (famoso time argentino) e abraçou Andreas, para assim dar continuidade na porrada sonora latina! Não sei dizer se era por ser véspera de feriado, o dia da semana (quarta-feira) ou se pelo fato da banda cantar em espanhol, mas infelizmente o público que foi ao show do De La Tierra foi bem pequeno, a banda merecia um maior reconhecimento dos paulistas e dos brasileiros! Pudemos ainda conferir a presença e dar um alô para Derrick Green e Eloy Casagrande, companheiros de Andreas no Sepultura. O ex jogador, e agora comentarista esportivo, Sorin, também estava no show do De La Tierra, assim como outros músicos com a cabeça mais aberta, como a galera do Muqueta na Oreia e Dirty Dogs.
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Por Erick Tedesco | Fotos Victor Mancebo
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stoner rock está com tudo no Brasil. Existe uma cena de verdade, com bandas, produtores, fãs, jornalistas e artistas que transitam com naturalidade e profissionalismo. Do Rio de Janeiro, a banda Gods & Punks é um dos nomes que ganham evidência neste cenário devido ao recém lançamento do primeiro full length “Into the Dunes of Doom”, um magistral registro de sete músicas que combina riffs do stoner com diferentes andamentos e climas do progressivo. A capa é outra atração a parte, com uma arrasadora ilustração de Cristiano Suarez, que transporta a temática desértica das músicas à identidade visual criada por Ale Canhetti (vocais), Pedro Canhetti, Rafael Daltro (guitarra), Danilo Oliveira (baixo), Arthur Rodrigues (bateria). A seguir, uma entrevista exclusiva com o vocalista, de dá detalhes sobre diversos assuntos que rondam a Gods & Punks e o stoner. “Into the Dunes of Doom” saiu nas primeiras semanas de outubro e já recebeu diversas resenhas com muitos elogios, tanto de mídias nacionais como gringas. A que atribui esta rápida repercussão? Ale Canhetti - Acho que foi uma combinação de todos os fatores que rodeiam o disco: a arte, a divulgação e plano de comunicação, a produção e as músicas em si, claro. Tudo acaba se - 34 -
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complementando, e era isso que a gente queria passar. A Gods & Punks mistura stoner rock com elementos do progressivo. Como é, na prática, unir gêneros tão distintos, que se encaixam tão bem na proposta da banda? É bem natural na verdade. Eu particularmente sou chegado nos dois, mas temos membros que puxam as músicas para ambos os lados, aí a contribuição deles mescla esses dois gêneros, e outros. Rush, Black Sabbath e Led Zeppelin aparecem como as principais influên-
cias da Gods & Punks. Cite elementos de cada uma das bandas na sonoridade de “Into the Dunes of Doom”. Acho que o esqueleto, o primeiro rascunho, normalmente vem de algo mais voltado para o Sabbath pois o Pedro que normalmente vem com um riff e a gente constrói a música por ele. Depois vamos incorporando elementos e nos inspiramos muito nessas bandas. O que estamos ouvindo durante a semana vai diretamente influenciar na direção das músicas que estamos trabalhando. Pink Floyd acaba sendo um assunto inevitável devido à enorme referência com coros de The Great Gig in The Sky. Como
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surgiu esta ideia? A gente queria que a instrumental fosse uma viagem rápida por diversas atmosferas e ambiências musicais e algo que sempre vinha à tona era que a gente precisava fazer algo mais “Pink Floyd” em algum momento. Na verdade, foi um dos últimos trechos que modificamos na música, por iniciativa do Danilo. A gravação em estúdio de “Into the Dunes of Doom” foi relativamente rápida, em apenas 14 horas. Foi correria ou fruto de uma banda afinada e bem ensaiada? Nós já fomos ao estúdio com as músicas na ponta da língua para tentar utilizar o mínimo
de horas possíveis e deixar o disco o mais orgânico que conseguíssemos. As novas músicas têm uma aura vintage, que remete o ouvinte à diferentes períodos em termos de identidade sonora. É proposital? Com certeza. Uma coisa que não gostamos muito do EP foi a produção moderna dele. Queríamos que a arte, a identidade e a sonoridade da banda fosse algo mais retrô, algo que poderia realmente ter sido feito na década de 70. Aliás, a própria estética do lyric video de “Dunes of Doom” ressalta este aspec-
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to vintage e que casou muito bem com a música. Do que se trata o vídeo? Queria passar a ambiência certa para a música acima de qualquer história ou mensagem. Porém, com um recorte de cenas de diversos filmes antigos, consegui fazer uma recapitulação da história que estamos contando com esses discos. A experiência de executar estas músicas ao vivo deve ser, mesmo, uma “viagem”. Como estão soando nestes primeiros shows? Há espaços para improvisos? A gente sempre entra no clima das músicas, já que elas requerem uma imersão para tocá-las direito. Até agora, está indo tudo perfeitamente. Essas músicas traduzem muito melhor ao vivo que as do EP, em sua maioria. E sim, a gente sempre modifica umas partes, faz umas mudanças para não entrarmos num “modo automático”. Sobre turnê, quais outros estados devem receber em breve a Gods & Punks? Não sabemos ainda. Temos planos de ir ao Sul e Minas Gerais, mas isso deve acontecer mais pra frente. Assim como no EP “The Sounds of the Earth”, vocês novamente trabalharam com o ilustrador Cristiano Suarez para compor a identidade visual desta fase da Gods & Punks. A temática desértica desta vez foi um pedido da banda? Foi. A gente já tinha a história e a sonoridade que queríamos traçadas antes de procurá-lo. Aí fomos compondo ao mesmo tempo que ele foi ilustrando o disco. O que significa para a banda ter o suporte da Abraxas, que encabeça no Brasil a cena stoner?
Quando a gente fechou de lançar o disco pela Abraxas foi um dos momentos mais gratificantes que tivemos com a banda até agora. Alguns de nós sempre acompanhamos os shows que a Abraxas já trouxe ao Brasil e sempre conferimos os lançamentos do selo. Eles são responsáveis por boa parte do momento que vivemos na música independente brasileira. Os caras mudaram a cena e a gente está muito feliz de fazer parte de algo que acreditamos tanto.
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Existe de fato uma cena de stoner consolidada no Brasil, com bandas, produtores, fãs etc? Com certeza. A cena vai além das bandas e das produtoras. Tem editor de vídeo, ilustrador, grupos de discussão e diversas marcas de produtos e serviços que se alinham a todo esse universo. Essa cena está crescendo e se tornando cada vez melhor. Temos bandas de nível internacional aqui que fazem músicas
fantásticas. Neste espaço final, fale como as pessoas podem adquirir o EP, o álbum e outros merchs da banda. É só mandar para a gente uma mensagem nas mídias sociais ou comparecerem aos shows que temos o EP e o álbum em diferentes formatos físicos, além de camisetas e adesivos.
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20, 21 e 22 de Outubro Sala Apolo - Barcelona Texto e Fotos: Mauricio Melo
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ais uma vez, o irmão caçula do Primavera Sound mostrou seus valores com novas propostas musicais e um par de bandas que, no futuro, podem pisar num dos palcos do grande festival primaveral. Na edição deste ano fizemos rápidas visitas aos palcos do teatro Apolo e conferimos novidades pra lá de agradáveis. Nossa resenha será na realidade um breve resumo do que vimos e daí por diante fiquem à vontade para vasculhar a internet em busca de mais informações. Nossa primeira missão da noite foi assistir o show do tão badalado (no underground) Starcrawler. Quarteto americano que está dando no que falar com sua mistura de glam, hair metal e punk somado ao teatro que sua vocalista recém saída da adolescencia, Arrow de Wilde, proporciona em cena. Estão trabalhando em seu primeiro disco com ajuda de Ryan Adams e também já tiveram seu single “Ants” tocado por Elton John em seu programa de rádio. Já na reformada sala 2 do teatro foi a vez de uma proposta mais leve com Gold Connections, um indie rock do mais puro, com riffs de guitarra propositalmente desafinados liderados por Will Marsh com a ajuda (em estúdio) de Will Toledo de Car Seat Headrest, uma das bandas que já passou pelo vestibular e figurou no grande festival ano passado. Quase sem querer, ou mesmo por falta de opção no horário, conferimos em primeira fila o rapper PAULi. Apesar dessa nova gera-
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ção do hip hop me interessar pouco ou nada, confesso que o show do britânico foi bastante agradável incluindo seu single de maior sucesso, “Believe in Me”. Não foi necessário nem descer as escadas, acompanhamos de perto a montagem de palco para o DBFC que, apesar de não ser nosso estilo favorito, surpreendeu. Apesar de uma banda no palco tudo se resume numa dupla. O britânico David Shaw e o francês Dombrance deixam claro suas influências. Pudemos detectar Manchester no radar tanto da época do Madchester quanto do post-punk do início dos anos 80, incluindo algo de New Order. Até uma postura provocativa do lado francês ao melhor estilo Gallagher. Seu único e recém lançado disco, “Jenks”, já está disponível para quem quiser conferir. Talvez pela proximidade da ilha, ou mesmo pela fonte inesgotável de inspiração que os britânicos têm para produzir música, a grande verdade é que invadiram o festival mais uma vez e o Low Island foi mais um de seus representantes com um “Indietronic” para ninguém botar defeito. Com um punhado de EPs debaixo do braço, deixaram boas músicas com “Anywhere” e “Rest Your Head”. Daí nos perguntamos o por que de irmos a um festival como o Primavera Club, que nos apresenta um monte de promessas como se fossem futuros craques da Copa São Paulo de Futebol Juniors? Para ver de perto uma banda chamada Cocaine Piss com seu punk rock desordenado e letras com muito senso de humor. Tem mais, os belgas chamaram tanta atenção que Steve Albini produziu o primeiro disco em 2016, “The Dancer” e parece mesmo que a banda vem com tudo porque “Piñacolalove” já está no mercado. A apresentação acabou com parte da banda no palco, outra no público e um saldo bem positivo, altamente recomendável. - 44 -
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Por Pei Fon | Fotos Banda/Divulgação
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istória sempre foi nosso forte. Pelo novo e pelo velho. A história deve ser contada. E sobre o antigo, e bote antigo nisso, ainda na era medieval, que a banda finlandesa de Folk Metal Ensiferum se ambienta. Preste a desembarcar no Brasil, a banda trará essas batalhas e contos nórdicos para o Dark Dimensions Folk Festival. Conversamos com o baixista Sami Hinkka para saber do que ele acha da sua cultura ganhando os espaços pelo mundo. E claro, sobre música, novo álbum, polêmicas e muito mais. Confira! Já são sete álbuns de estúdio nesses 20 anos de banda. “Two Paths” é o mais recente. Apresente-o para nós. Isso é verdade! O tempo realmente voa quando você está se divertindo! Em “Two Paths” nós continuamos o caminho (risos) que nós iniciamos no álbum “One Man Army”. Nós procuramos gravar um álbum que soe o mais fiel possível a um “ao vivo”, nós tocamos rigorosamente para isso. Nós usamos muitos equipamentos analógicos para capturar da melhor forma possível o som. Nada foi editado nesse álbum o que você ouve é apenas o “toque humano”. Nós não somos muito fãs de “midi metal”. - 48 -
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O título soa tão filosófico. Quais são esses dois caminhos? Na capa existe apenas um caminho, o da luz, onde está o outro? Atualmente, na capa, existe outro caminho, o caminho da escuridão no outro lado da estátua do cara da Ensiferum. O título refere-se a escolhas que nós fazemos em vida e as consequências que elas têm. Tudo tem um preço! Essa é uma curiosidade minha. Quem são os personagens representados nas capas dos álbuns? Nós temos nosso próprio mascote. O “cara” ensiferum está em todas as capas dos álbuns. É como o Eddie para o Iron Maiden, mas se você se refere aos humanos na capa do two paths, eles são apenas meros mortais como nós. Ensiferum é uma referência no gênero Folk Metal. Vocês já imaginaram chegar nesse patamar? Isso é verade. O Ensiferum é uma das bandas mais velhas e grandes do gênero Folk Metal e nos sentimos muito honrados sobre isso. Eu acho que todos nós iniciamos nossa própria banda pela paixão pela música, sem uma ilusão de tornar-se internacionalmente conhecidos. É claro que precisamos ter ambição de fazer sacrifícios na vida para alcançar um nível cada vez maior, mesmo tocando apenas em um porão. Pessoalmente, eu nunca acreditei que me tornaria um músico em tempo integral, mas o fato é que devo isso aos meus fãs que me apreciam fazendo isso, tornando possível. A banda é uma realidade completa. Mas a muito tempo atrás, em 1997, esse sonho de tocar para muita gente, compor - 51 -
músicas, era real? Qual o retrospecto que vocês fazem do passado e do presente? Como eu disse antes, tudo se iniciou com o impulso de escrever boas músicas com os amigos e, claro, se divertir. Este é um aspecto que nós apreciamos ainda hoje em dia e sem estresse pelo lado comercial ou expectativa de outras pessoas. Apenas fazendo aquilo em que nós acreditamos. “From Afar” foi o álbum que me apresentou a banda. Definitivamente, ele está em um lugar especial entre os álbuns de referência de uma banda. O que representa esse play para vocês? E a propósito, “Stone Cold Metal” é a minha preferida. :) No álbum “From Afar”, nós fomos mais para o lado orquestral, realmente um pouco mais do que os outros álbuns, até mantivemos essa sonoridade até hoje, mas talvez não seja mais necessária nesse próximo álbum. O tempo vai dizer (risos). Ahhh, “Stone Cold Metal” é realmente uma música boa ao vivo! Ainda estão ponderando o set list para a próxima turnê, então aguarde e verás! ;) A visão que temos sobre a cena rock/ metal finlandesa é muito legal, muitas bandas e festivais. Mas como é, de fato, a cena underground para as bandas? Principalmente iniciantes. Nós temos muitas bandas novas chegando o tempo todo. Eu acho que existem tantas porque nosso inverno é tão escuro e longo que as crianças não tem muito o que fazer a não ser tocar boa música e ficar bêbados (risos). Numa entrevista com o vocalista Lauri - 52 -
Ylönen (The Rasmus), em sua passagem por São Paulo, ele conta que há muitos invejosos e ciumentos na Finlândia e ele não se refere apenas à música, mas em modo geral. O que vocês têm a dizer sobre isso? Eu penso que isso é um clichê da Finlândia, digo sobre o ciúmes. Eu acho que o Sr. Ylönen deve ter experimentado isso em um nível totalmente diferente porque ele é muito bem sucedido e rico? Não sei. Tenho certeza de que há pessoas ciumentas em qualquer grande cultura, acho que faz parte do ser humano imaturo. Você só precisa crescer ignorando isso, se concentrar em sua própria vida e fazer o seu melhor para fazer boas escolhas na vida. Vocês estão vindo para o Brasil agora em novembro. Serão dois shows no Dark Dimensions Folk Festival. Soa estranho um festival de cultura folclórica nórdica europeia na América Latina? Sim, de fato nós finalmente estamos retornando! Foi um tempo muito longo! Eu penso que a razão pelo qual o Ensiferum é bem sucedido ao redor do mundo, é que nossas músicas são universais e não apenas direcionadas aos Nórdicos, assim mais pessoas podem se relacionar com elas! E no fim, se você gosta de algo da música, apenas vá! Música é sobre expressão, emoções, escapismo e assim por diante. Não tem nada a ver com certo ou errado, que você pode ou não gostar, não importa onde você nasce. Eu tenho certeza que será uma puta de uma festa! Top 5. Quais seriam os cinco filmes inspiradores para o Ensiferum e para o folk metal? Fale um pouco de cada um deles. - 53 -
Coração Valente, Conan - O Bárbaro, Conan - The Destroyer, Highlander e Senhor dos Aneis. Eu acho que esses filmes, com aspectos heroicos, devem deixar bem claro e o folk metal usa muitas metáforas do mundo medieval. Demais elementos podem arruinar “A ilusão”.
mas pessoalmente digo que as maiores são Sepultura e Angra.
Brasil. O que vocês conhecem sobre bandas brasileiras? Eu sei que existem muitas outras grandes,
Sucesso e muito obrigada. Eu quem agradeço! Tudo de bom! :)
Para finalizar, o que os brasileiros podem esperar desse show? Algo novo, algo velho e algo raro, mas 100% chutador de bundas! Folk metal!
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Por Pei Fon | Fotos Banda/Divulgação
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e tem uma coisa que adoro é atravessar o Atlântico e conversar com as bandas, ainda mais com aquelas que já tivemos contato e vemos a sua evolução de perto. Assim é com o Destroyers of All, nossos irmãos portugueses. À época eles tinham lançado “Into the Fire”, hoje já estão com disco novo na praça. Conversamos com o baterista Filipe Gomes e procuramos tirar tudo dele. Acompanhe! Destroyers of All lançou seu segundo full na praça ano passado. Apresente “Bleak Fragments” para nós. O “Bleak Fragments” é o nosso segundo disco. É o primeiro longa-duração da banda. Para nós representa um marco. Aprendemos muito durante a composição, gravação e promoção deste disco. Tem muito experimentalismo e achamos que é muito eclético, devido às múltiplas e variadas influências que serviram de inspiração. Fazendo um paralelo com o EP “Into the Fire”, o que ficou para trás e o que trouxe para o début álbum? Colocando-o lado a lado com o nosso EP, este álbum acaba por ser uma evolução em todos os aspectos. Se repararem, a primeira faixa do “Bleak Fragments” começa exactamente onde - 58 -
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o “Into The Fire” termina... Mas se tocarmos tudo junto, nota-se automaticamente um aumento na maturidade das composições. É uma faceta ainda mais progressiva dos Destroyers Of All. Cada canção foi composta com máxima atenção a todos os detalhes, mesmo os mais pequenos. Nada foi deixado ao acaso. Foi um processo exaustivo e muito desgastante, mas estamos muito satisfeitos com o resultado. Conseguimos incorporar algumas influências ainda mais arriscadas. Daí que se analisarmos o disco ao pormenor, faixa a faixa, este acaba por ser uma montanha russa de diferentes
momentos, sentimentos e mensagens. O “Bleak Fragments” também trouxe a nossa parceria com a Mosher Records, do nosso grande amigo Rui Alexandre (Terror Empire). O EP foi lançado como edição de autor. Como tem sido a resposta da mídia europeia e, claro, do público? O feedback da imprensa e do público tem sido espetacular! Sinceramente, muito acima e para além das nossas expectativas mais sonhadoras. Obtivemos imensas críticas positivas, com elevandas pontuações, na sua gran-
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de maioria da imprensa internacional. Aquilo que as pessoas nos transmitem é super positivo. Não podíamos estar mais contentes. É muito reconfortante poder testemunhar uma tremenda aceitação da nossa música. O esse álbum levou vocês a fazer shows fora de Portugal, o que é importante para as bandas expandirem o seu som. Conta para nós como foi essa tour, por onde passaram? É verdade. Conseguimos um dos nossos objetivos, que era tocar fora do nosso país. Graças
a um promotor que rapidamente se tornou nosso amigo, Jeremy do Colectivo Trasnoise, conseguimos tocar na Galiza, norte de Espanha, em cidades como Vigo, Santiago de Compostela, Lugo e na Corunha. Para nós foi uma novidade, e uma aventura. Divertimo-nos imensamente e só ficou consolidado que o que adoramos é tocar para as pessoas! “Tormento” inicia com um arranjo tipicamente português. Qual o intuito de agregar essa identidade nacional na música pesada?
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A canção “Tormento” é uma daquelas que envolvem um risco tremendo para uma banda que toca o estilo que nós tocamos. A incorporação de elementos de Fado, na sua vertente Canção de Coimbra, foi um risco que decidimos tomar. Foi uma tentativa de criar algo diferente, refrescante, e bastante fora daquilo que costumamos fazer. Ao mesmo tempo, é de certa forma um tributo à nossa cidade de Coimbra, uma das capitais do Fado português. Esperávamos que tivesse um maior impacto dentro da comunidade cultural não-Metal, mas aquilo que atingiu, para nós, já foi uma vitória. É daquelas canções que ou se adora ou se detesta, não há meios termos. É bem verdade que quem lança o primeiro, o segundo registro pensa no próximo. O que vocês podem nos adiantar? Já começaram a trabalhar nele? Isso é totalmente verdade, principalmente quando o feedback recebido acerca dos discos anteriores é tão positivo. Podemos adiantar que estamos a compor canções novas a bom ritmo, temos já cerca de uma dezena de esboços de músicas. A nossa intenção é conseguir entrar em estúdio no início de 2018. Em geral, analisando aquilo que já foi criado e irá ser aproveitado, é material mais direto e violento. A regularidade de lançamento de uma banda tem que seguir um parâmetro ou vocês esperam ter explorado ao máximo, sugado as forças do trabalho atual? Em que momento vocês percebem que é hora de iniciar um novo projeto? Não pensamos nisso de forma a ter um calendário de expiração para um disco. A nossa regularidade tem sido mais ou menos, lançar um disco, promovê-lo durante cerca de um ano, um ano e meio, e depois disso começar a - 62 -
Foto: Miguel Pires
trabalhar no seguinte. Demoramos três anos entre o EP e o “Bleak Fragments”, mas se tudo correr bem, só iremos ter um intervalo de dois anos até lançarmos o próximo. Tentamos ser muito metódicos para que os nossos processos de criação não se percam. É muito fácil perder-se na composição de um álbum se não houver regra, motivação e disciplina. Principalmente disciplina... Como estão as coisas por aí quando se fala na cena underground? Movimentado, difícil, contina na mesma? Fale um pouco para nós. Aqui o underground está mais forte do que nunca! Existem cada vez mais bandas, festivais, estúdios, editoras. Além disso, os álbuns que saem agora, são mais fortes. Principalmente os discos de estreia das bandas. Hoje em dia já não há aquela “tradição” de o primeiro lançamento não ter grande qualidade de som. Nota-se que as bandas estão a apostar mais na qualidade de som, provavelmente porque as possibilidades de gravação profissional são, hoje em dia, maiores. É mais acessível a nível financeiro, também. Existem imensas bandas de grande qualidade. Por exemplo, no nosso distrito temos bandas como Terror Empire, Tales For The Unspoken, Midnight Priest, Grimlet, entre outras. No resto do país, além das bandas “veteranas”, há bandas que têm surgido com uma qualidade inquestionável, apenas para nomear algumas, pois é impossível indicar todas: Equaleft, Ominous Circle, Prayers Of Sanity, BurnDamage, Switchtense, Revolution Within, Heavenwood, entre outras. “Day of Reckoning” parece aquela pegadinha que você acha que terminou, mas tem lá um ‘final’. É um passeio, uma - 63 -
Foto: Miguel Pires
experimentação sonora. Qual o intuito dessa ‘divisão’ dos ambientes sonoros? “Day Of Reckoning” é um tema bastante envolvente, épico, até. No entanto, após o seu término, decidimos mostrar um pouco a nossa faceta descontraída e acrescentar uma faixa secreta, que estaria escondida no final da “Day Of Reckoning”. Demorou bastante tempo até alguém nos falar nisso, curiosamente. Foi uma situação engraçada e decidimos que fosse “WTF”, para deixar as pessoas a pensar “que raio foi isto?”. Por fim, quais os planos para esse final de trimestre de 2017 e para 2018? Muito
obrigada e sucesso para vocês! Neste momento continuamos com os trabalhos de composição do próximo disco. As canções estão bem encaminhadas, e já não falta muito. Ao mesmo tempo estamos a fazer as pré-produções. Se tudo correr bem, talvez consigamos entrar em estúdio nas primeiras semanas de janeiro. O ideal seria lançar o álbum no segundo trimestre de 2018. Muito obrigado pelo interesse em conversar conosco e pelo vosso apoio. Um abraço a todos os que nos apoiam e leram esta entrevista. Sigam-nos no nosso Facebook para obter mais novidades! Esperamos um dia tocar para todos vós e beber umas cervejas juntos!
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Texto Charley Gima | Fotos Bruno Sessa
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O Megadeth voltou à São Paulo para mais um show da tour “Dystopia”, pouco mais de um ano após o mesmo show ter passado na cidade, o que poderia ser um grande risco, ainda mais depois de uma série de grandes shows que aconteceram em São Paulo neste segundo semestre. A abertura do show ficou por conta da banda Vimic, que conta com o ex baterista do Slipknot, Joey Jordison, e toca um heavy metal moderno, flertando com o metalcore e o hardcore. O vocalista do Vimic, Kalen Chase, é uma figura ímpar! Entrou no palco usando um terno azul, mostrou muita potência vocal, rasgou o terno e terminou o show nos braços da galera, se jogando pra cima do público! Com certeza o Vimic foi um ótimo aperitivo para o Megadeth! Dave Mustaine, Kiko Loureiro, David Ellefson e Dirk Verbeuren vieram em seguida e viram o Espaço das Américas cheio, não lotado, mas com um bom público, que teve a sorte de assistir a um dos melhores shows do ano! O Megadeth, na minha opinião, sempre foi uma banda de palco, tendo assistido a diversos shows em locais diferentes do planeta, atesto que em todos os shows sempre foram fortes e energéticos! Mas a entrada do guitarrista Kiko Loureiro continua rendendo bons frutos para o Megadeth, principalmente ao vivo, quando Kiko pode mostrar toda sua técnica e postura de palco, que diga-se de passagem, melhorou muito!
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Enquanto Mustaine fica mais estático em frente ao seu microfone, Kiko corre e toca como um louco, agitando ainda mais a galera presente. Várias vezes durante o show pudemos ver Mustaine assumindo os vocais no microfone do Kiko, que além de tocar e agitar, ainda faz backing vocals. Dave Ellefson e Dirk Verbeuren seguram uma cozinha perfeita, muita técnica e precisão ao vivo, deixando Mustaine e Kiko à vontade para solar e mandar ver nas guitarras! A voz de Mustaine continua igual, apesar de, em certos momentos, ele resmungar (ou seria cantar?) mais baixo e quase inaudível, mas que em nada atrapalha a performance do Megadeth ao vivo. Músicas de várias partes da carreira foram tocadas, e é engraçado ver como os headbangers reagem à pseudo balada “A Tout Le Mond”, até os mais “true” se rendem e cantam o refrão! “Hangar 18” e “Skin o´My Teeth” tiveram uma execução mais acalorada, deixando a galera mais eufórica, já a introdução de “Trust” fez a galera ficar esperta, aguardando a estrada das guitarras e da voz de Mustaine. Com certeza uma das mais aguardadas era “Symphony of Destruction”, que foi executada com maestria para delírio dos fãs do Megadeth. “Dystopia” trouxe Mustaine nos vocais agradecendo o apoio dos brasileiros na conquista do Grammy! É, o Megadeth mostrou mais uma vez que não estão para brincadeira, quem conferiu mais este show pode dizer que foi um show de metal como deve ser, com foco na música, pesada, agressiva e harmoniosa, com certeza voltou pra casa feliz!
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Por Pei Fon | Fotos Edu Lawless
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rmored Dawn soa bem novo aos ouvidos brasileiros, mas vem conquistando o seu há bastante tempo. Nesse meio musical, tudo é uma questão de escolha. Eles escolheram as batalhas, a história nórdica para representar seu som. Com opiniões bem definidadas, toda a banda fez questão de conversar conosco. A banda é formada por Eduardo Parras, Fernando Giovannetti, Rafael Agostinho, Timo Kaarkoski, Rodrigo Oliveira e Tiago de Moura. Deleitem-se! Armored Dawn é uma banda nova, com apenas 3 anos de existência, mas já garante lugar em festivais e shows importantes. Conta pra nós como nasceu a banda. Eduardo Parras (vocal) - A banda foi idealizada por mim há mais de 10 anos e teve algumas mudanças em sua formação até chegar ao nome Armored Dawn. O Rafael Agostino (teclado) e Tiago de Moura (guitarra) entraram em 2012. Em seguida, veio o guitarrista finlandês Timo Kaarkoski. Em janeiro de 2014, o baixista Fernando Giovannetti veio a fazer parte da banda.E em 2016, o renomado baterista Rodrigo Oliveira. Em pouco tempo, a banda já conseguiu uma visibilidade na mídia internacio- 76 -
Foto: Annamaria DiSanto
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nal, tendo bons resultados. Ao que vocês atribuem? Fernando Giovannetti (baixo) - Nosso trabalho sempre foi focado no mercado internacional e uma soma de fatores resultou em conquistarmos uma excelente visibilidade no exterior. Gravarmos nosso primeiro álbum na Dinamarca, tivemos uma grande campanha nas principais revistas especializadas da Europa, lançando CDs promos e, no começo de 2017, fizemos uma importante tour na Europa com uma série de 11 apresentações ao lado do Fates Warning. Com essa pegada mais nórdica, ter um finlandês na banda ajudou ou a proposta já existia e só fez ampliar essa ideia? Rafael Agostino (teclado) - A proposta sempre foi falar sobre temas medievais, batalhas e conquistas. A música “Viking Soul”, do nosso debut álbum, já havia sido composta antes do Timo entrar na banda. O mais engraçado é que ele sempre diz ser um finlandês com alma viking e coração brasileiro, então a música se encaixou perfeitamente para ele (risos). “Sail Away” é o novo single do segundo álbum que será esse ano. Como está sendo a receptividade da galera? Rodrigo Oliveira (bateria) - A receptividade tem sido ótima! Conseguimos entrar diversas vezes entre as músicas mais tocadas da rádio KISS FM, em São Paulo, e nosso videoclipe já está batendo 1 milhão de visualizações. “Sail Away”, com certeza, é a música “comercial” do álbum, mas temos outras faixas bem pesadas, que também deve agradar fãs de metal mais tradicional. Ainda sobre o novo álbum, o que pode nos contar sobre “Barbarian in Black”? Inspirações, temática? - 78 -
Foto: Annamaria DiSanto
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Timo Kaarkoski (guitarra) - Este álbum já teve a temática toda inspirada em histórias vikings e batalhas medievais e as músicas estão bem variadas, entre temas épicos e riffs pesados. “Barbarian in Black” contou a mixagem e masterização de pessoas renomadas. O primeiro álbum também contou com esse aporte. Qual a diferença em buscar fora e não no Brasil? Eduardo Parras - O ‘Barbarians’ teve a produção do americano Kato Khandwala e do brasileiro radicado nos Estados Unidos, Bruno Agra. O álbum foi gravado em nosso estúdio no Brasil, então podemos dizer que foi metade da
produção brasileira, temos hoje profissionais muito competentes aqui, mas o Kato e Bruno foram essenciais para esse trabalho, nos ajudaram tanto na parte musical, como nos temas das letras, são produtores fantásticos. “Power of Warrior” foi lançado ano passado. Produção com grandes nomes da cena metal. Um ano depois vocês estão lançando material novo. O que isso significa para a atual realidade musical? Tiago de Moura (guitarra) - Nosso primeiro álbum foi produzido pelo Tommy Hansen, que já trabalhou com bandas como Helloween, Jorn, o álbum foi lançado ano passado,
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mas foi gravado em 2015, então temos praticamente dois anos entre um disco e outro, a maioria das bandas hoje levam em média de 2 a 3 anos para lançarem álbuns novos, para poder focarem um período na promoção do álbum e posteriormente na tour, quando não há planejamento, a probabilidade do disco ou da tour não sair bem feita são muito grandes.
ras? Rodrigo Oliveira - Na verdade, o estilo medieval e viking vem crescendo muito em todas as partes do mundo. A cada 2 ou 3 meses temos grandes eventos aqui. Em especial, no Dark Dimensions Festival tivemos o privilégio de ser a única banda brasileira, mas há muitas outras bandas do estilo também no Brasil.
Agora em novembro participam do Dark Dimensons Folk Metal. Um festival assim é difícil de acontecer no Brasil, até por não termos vivido esse período, no entanto, muito admirado. Qual a importância deste em terras brasilei-
Muitos conservadores implicam porque bandas brasileiras exaltam o medieval e não o indígena. Acredito que não é um desmerecimento histórico, mas, como tudo na vida, é afinidade. O que vocês podem falar a respeito?
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Rafael Agostino - Exatamente, se trata mais em uma questão de escolha. Acredito que se cada banda falasse apenas da sua cultura regional, seria meio óbvio. Abordamos muito sobre temas de batalha, que é um tema universal e ninguém mais que o brasileiro entende disso, pois enfrentamos já há muitos anos batalhas políticas e sociais. Gostamos e respeitamos muito a cultura brasileira como a indígena, mas a música é uma linguagem universal e permite a abordagem de qualquer tema, independente da nacionalidade.
Top 5. Quais as principais inspirações da banda? Cite uma banda e fale um pouco sobre cada. Eduardo Parras - Nos inspiramos muito em música celta, clássica, a banda é bem eclética, cada um ouve coisas bem diferentes, mas temos sim algumas bandas em comum: Black Sabbath: Em todas as diversas fases tem músicas fantásticas sempre cheia de riffs pesados e criativos. Dio: É uma influência unânime pela banda, não só pelas linhas vocais fantásticas, mas também pelos riffs e solos criativos.
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Foto: Annamaria DiSanto
Deep Purple: Foi uma das primeiras bandas a introduzir música clássica de forma mais “RocknRoll”. Entre coisas mais “novas” também podemos citar bandas que ouvimos como: Pantera, Sabaton, Testament, Paradise Lost. Por fim, o que podemos esperar do Armored Dawn em 2017? Muito obrigada. Sucesso enorme para vocês. Eduardo Parras - 2017 tem sido um ano muito importante para a nossa carreira, tivemos muitas conquistas, diversos shows im-
portantes e estamos dividindo o palco o De La Tierra em algumas datas no Brasil e Argentina. Esse vai ser o aquecimento para o lançamento oficial de “Barbarians in Black”, que acontecerá em 2018. Acabamos de assinar contrato com uma grande gravadora alemã, já temos também alguns shows importantes agendados na Alemanha, eles nos pediram um tempo para organizarmos uma bela campanha nos próximos meses. Acreditamos que 2018 será o ano mais produtivo da banda! Agradecemos ao espaço do Rock Meeting, e nos vemos nos shows!
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Texto e Fotos: Bruno Sessa
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uinta-feira, 12 de outubro de 2017. Dia das crianças e muito marmanjo extasiado para conferir as apresentações de Fleshgod Apocalypse e SepticFlesch, uma noite com muito Death Metal Sinfônico. Com o Hangar 110, tradicional casa de show de São Paulo, ainda fechado, foi possível ouvir alguns acordes para os acertos finais da passagem de som e a fila já começava a se agitar. Mesmo com o atraso, o público não desanimou e recebeu com muito entusiasmo o Fleshgod Apocalypse. Formada em 2007, a banda italiana fez uma apresentação intensa e precisa. Conduzidos por Tommaso Riccardi (vocal e guitarra), a banda apresentou um show repleto de técnica, velocidade e arranjos orquestrais. Paolo Rossi (baixo e vocais limpos) era um show à parte e agitava o público que, em “The Violation”, se esforçou para acompanhá-lo nas partes mais altas do som. Um pequeno problema técnico com o som no meio do show foi rapidamente solucionado e encarado com bom humor por Tommaso Riccardi, que tirou risos da galera, que voltou a acompanhar seus guturais, aquecendo a casa para a chegada da banda grega SepticFlesh. Formada em 1990 por Spiros “Seth” Antoniou (vocal e vaixo), Sotiris Vayenas (guitarra, vocais limpos e teclado), Christos Antoniou (guitarra) e Kerim “KRIMH” Lechner (bateria), o SepticFlesh mostrou para o que veio. Pioneiros do Deth Metal Sinfônico, a banda subiu ao palco como se estivesse em um es-
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tádio lotado. O público sentu essa energia e correspondeu à altura! Mosh e Wall of Death demonstraram o quanto Spiros “Seth” estava com o público na mão, não apenas assistindo ao show, mas participando como se fosse mais um membro da banda. Além de toda técnica e brutalidade, a performance imponente de Spiros era acompanhada de cabelos e dreadlocks jogados ao alto pelos guitarristas Sotiris e Christos Antoniou, que pareciam não se importar com o pescoço, tamanha era a energia de suas perfomances. Toda essa incrível apresentação concorria com a técnica apresentada por Kerim, que parecia uma máquina destruindo a bateria. Entre rodas de bate cabeça, socos ao ar e muito gutural era percebido o pedido do público por Anubis. Música, que além estar rolando agora enquanto escrevo essa matéria, foi anunciada por Spiros enlouquecendo a galera. Sucesso do álbum “Communion” (2008), a música teve seu riff de introdução acompanhada do coro dos fãs, que entre bangeadas e socos no ar, cataram em alto e bom som, fazendo com que muita gente agradecesse esse presente de dia das crianças. Acredito que tanto as bandas quanto o público deixaram o Hangar 110 com a sensação de dever cumprido. Repleto de energia e vontade, esse show deixou no ar uma questão, tanto para os fãs quanto para quem estava conhecendo a banda: quando será que eles voltarão?!
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Você copia?
Por Samantha Feehily (Wonder Girls )
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uem nunca?! O velho ditado “quem não cola não sai da escola”, é tão atual. No mundo da tatuagem é cada vez mais corriqueiro ver tatuagens “da moda”... É tanta referência, tanto desenho ‘manjado’ que os tatuadores acabam, por muitas vezes, perdendo o espaço para criar tatuagens exclusivas e marcar, de verdade, a pele e a história daquela pessoa. Embora seja uma discussão sem fim sobre quem é o dono do desenho, o tatuador ou o cliente? Afinal, em tempo de Instagram, Pinterest, Facebook... as imagens são quase que terra de ninguém. Mas calma, ainda há esperança, os direitos autorais protegem a obra do artista. O momento que o trabalho está pronto, quem o fez tem o direito de paternidade sobre ele. O artista tem o controle sobre reprodução, alteração, utilização e tudo o que envolva aquela peça. Mas, e a tattoo que eu fiz e a outra pessoa copiou? Ela também é propriedade intelectual do artista. Cabe sim, processo de quebra de direito autoral e uso indevido de propriedade intelectual. A dica é: SEMPRE poste seus trabalhos com sua logo, nome, marca d’água ou qualquer outra coisa - 92 -
Foto: Paulo Panda
Thaecos
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que te atrele àquela obra. Para o tatuador, Caio Cesar Pereira, do Levarte – Coletivo de Tatuagem, quando um cliente chega no estúdio querendo uma cópia, não uma referência, “o primeiro passo é entender o porquê ele está querendo fazer aquela tattoo, qual o significado dela. Por isso sempre marco uma visita ao estúdio antes da sessão para conversar sobre o desenvolvimento da arte. Nessa visita consigo explicar meu modo de trabalho e mostrar a importância de um trabalho autoral e exclusivo. Na maioria dos casos isso funciona e os clientes saem mais felizes por terem algo único. Algumas pessoas infelizmente são irredutíveis, nesses casos eu não aceito o projeto. Faço apenas desenhos autorais, claro que alguns projetos são um pouco mais “engessados’’, por exemplo, quando você precisa desenhar algum personagem ou símbolo que já exista e alterações grandes alteram o significado, mas busco sempre trazer a arte final pro meu estilo, algo que eu me sinta confortável em fazer”, diz Caio. Com as buscas de imagens na internet, que estão cada vez melhores, é muito fácil encontrar desenhos bonitos para tatuar. Mas o que a maioria das pessoas não sabem é que as imagens podem ter direitos autorias. Elas não apenas podem, mas como, a maioria delas, têm. A não ser que a obra tenha sido publicada com a expressa autorização do autor para utilização onde e por quem quiser. Então sim, tatuar artes de outros sem autorização é passível de processo, e isso vale tanto para o tatuador como para o cliente. A escolha de uma tatuagem é um momento muito especial para quem vai ser tatuado, é a hora em que se marca no corpo algo que a represente, por isso procurar por artistas que façam um trabalho autoral é sempre a - 94 -
Foto: Divulgação
Tatuagens feitas por Caio Cesar
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melhor escolha. O tatuador Ezequiel Romankiu, que trabalha no estúdio Church of Pain, é outro que levanta a bandeira da criação: “sou um artista autodidata, desde criança sempre envolvido com desenho. Trabalhar com cliente, às vezes, é muito complicado, pois muitos chegam no estúdio, lançam a ideia e acham que você é obrigado a fazer! NÃO, NÃO SOU OBRIGADO A FAZER! Chegam com ideia de outros tatuadores querendo uma cópia! Meu trabalho é total autoral, criação exclusiva para cliente! Muitas vezes crio o desenho junto com o cliente no dia da tattoo, desenho toda a arte direto na pessoa”, comenta. Temos que pensar que uma grande parcela das pessoas profissionais da tatuagem vivem das tatuagens comerciais, o que implica reproduzir desenhos que já foram feitos em outros corpos, seja do ídolo, seja do motorista do ônibus ou da vizinha. Temos que pensar que hoje a tatuagem é uma grande indústria e que em alguns lugares quanto mais se produz mais se lucra, então, não é incomum que nesses espaços não se tenha tempo para dialogar profundamente sobre essas questões e outras. O que é um problema, mas é uma lógica vigente e que não pode ser negada. Ainda, percebemos que hoje é mais forte a ideia de se produzir um desenho exclusivo, algo mais original, mas ainda não é – e talvez nunca seja – o forte da coisa e uma realidade em todos os estúdios e para todas as pessoas. Importante ter claro na mente que a difusão da tatuagem que vemos e vivemos hoje, não era tão intensa quando pensamos em algumas poucas décadas atrás. Por isso, a própria ideia de exclusividade e originalidade é nova para muita gente. E para fechar a questão, tenhamos em mente que as pessoas copiam roupas, corte de cabelo, maquiagem, tatuagem e até cirurgias
plásticas, então, dentro dessa lógica, a cópia será sempre uma questão que estará presente e que em algum momento precisaremos lidar. E acho que precisamos começar a pensar até que ponto isso de fato é negativo e ruim ou ainda, até que ponto isso afeta negativamente as nossas vidas. Exceto nos casos em que se tentam assumir os créditos como o criador da coisa toda, percebemos que normalmente as pessoas copiam aquilo que admiram e gostam, o que beira mais uma certa inocência do que um mau-caratismo em si. “Eu vejo a tatuagem como algo único por si só. Ter algo gravado na pele pra sempre mesmo que aquilo não tenha um significado tão intenso pra pessoa já é especial, mas sempre tento buscar um “algo a mais” em cada tattoo, deixar algo meu no projeto. Acredito que o próprio processo de agendamento que adotei já filtra um pouco disso, na visita ao estúdio sempre tento conduzir o cliente para algo único, que ele possa se orgulhar de ter”, diz Caio. Para a modelo Wonder Girls e body piercer, Thaina Souza, a tatuagem é mais do que marcar a pele, é um estilo de vida. “Tenho 40% do corpo tatuado. Tenho dois corvos segurando uma joia que é uma cobertura no peito, um gato no pescoço, os realismos dos meus personagens de terror favorito e mais algumas, o braço esquerdo com tema de Halloween que foi o primeiro feito, todas exclusivas feito em cima da ideia que passei pro tatuador, onde ele colocou no papel e após a minha aprovação transferimos pra pele. O mais indicado sempre é que a pessoa procure conhecer o local onde ele realiza seu trabalho, conhecer sua arte, seus trabalhos anteriores realizados com base na ideia do cliente, ver se ele está disponível a realizar a ideia proposta”, finaliza.
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Thaeco
Foto: Paulo Panda
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Por Aline Pavan | Fotos Marco Antonio Duarte
Vamos começar falando de “Rise Of A New Strike”, seu novo álbum, que está prestes a ser lançado fisicamente. Como funcionou a parte de produção e gravação do mesmo? E por que lançar ele somente no formato digital e em âmbito físico somente um ano depois? Pedro Valença - A pré-produção do “Rise Of A New Strike” foi feita no Demise Studios, que pertence ao nosso guitarrista Guilherme Silva. Gravamos as músicas em suas versões demo antes de ensaiá-las, rearranjand0 e, posteriormente, gravando em definitivo. A gravação do álbum foi realizada tanto no Demise quanto no Supertramp Studios, onde também ocorreu a mixagem e masterização, a cargo do produtor Júnior Supertramp. Por questões de orçamento, o lançamento físico ocorre praticamente um ano depois de estar nas plataformas digitais. Também não queríamos segurar o material novo. Ficamos três anos sem lançar nenhuma música. Para uma banda underground foi um tempo grande sem lançar nada. Sobre a arte gráfica, gostaria que vocês falassem um pouco dela, e também a respeito desse conceito apresentado no título do álbum. “Rise Of A New Strike” é um título que se refere às mudanças que a banda passou e as difi- 100 -
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culdades que alguns momentos implicam, mas que, mesmo assim, conseguimos amadurecer musicalmente e pessoalmente. A arte gráfica foi elaborada pelo Durval Tavares da Deafbird Design Lab. Queríamos uma imagem que representasse o impacto que o ouvinte teria ao escutar as nossas novas músicas. Durval tem um estilo próprio e foi ele quem fez a capa da nossa primeira demo, “Self-Destruction”, lançada em 2010. Sem falar que é um grande amigo meu, preza muito pela qualidade dos seus trabalhos. A arte da capa dos nossos amigos e conterrâneos do Elizabethan Walpurga ficou sensacional!
nesse disco? Tudo o que acontece com a sociedade serve de inspiração. Todo esse momento turbulento e retrógrado que vivenciamos serve de combustível. Bons livros e documentários também são ótimas inspirações para passar uma mensagem mais crítica e consciente. O Pandemmy é contrário a qualquer movimento ou ideologia conservadora, fascista e opressora. Para a parte musical procuramos não nos repetir, sempre evoluindo com naturalidade. Continuamos com os elementos do Death e Thrash Metal e, ao mesmo tempo, preservamos a identidade sonora da banda.
Quais foram as principais inspirações
Como está a recepção do disco? Que tipo
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de comentários vocês têm ouvido? Apesar de termos feito poucos shows até o momento, temos recebidos muitos elogios. Muitas pessoas próximas identificaram a evolução da banda e, em paralelo, nosso número de seguidores nas redes sociais tem aumentado de forma significativa. Até agora a recepção tem sido plenamente positiva. Mesmo com a redução da venda de CDs, muitas bandas seguem investindo, e vocês, como uma “banda nova”, mesmo que talvez seja um investimento de, digamos, maior risco atualmente, apresentaram um material magnífico em termos gráficos e sonoros. Vocês acre-
ditam que se não houver um investimento em um trabalho de alto nível seria mais difícil? Como vocês avaliaram essas questões? Continuamos lançando álbuns em formato físico porque o público do metal consome e valoriza esse formato. Claro que, comparado com as plataformas digitais, há uma diferença considerável de custo. Enquanto acharmos conveniente, seguiremos lançando CD’s. Agora, com a talentosa Rayanna Torres nos vocais. Quando pretendem lançar um novo material com ela como vocalista? Uma vez que o atual trabalho foi gravado com o antigo cantor Vinicius Amo-
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rim, podemos esperar algum bônus na versão física de “Rise Of A New Strike”, com ela cantando? Muitas pessoas perguntam se o lançamento físico será com Rayanna. Queremos manter a gravação original, feita com o Vinícius. Apesar de ele ter saído da banda, não faltou dedicação na produção do álbum, então queremos respeitar essa fase. Rayanna regravou alguns vocais recentemente e o resultado estará presente no segundo videoclipe oficial do Pan-
demmy, o primeiro referente ao álbum “Rise of a New Strike”. Em 2018, pretendemos lançar um single no primeiro semestre e um split no segundo semestre. Já temos músicas novas em fase de pré-produção. Quais as metas de curto e longo prazo da banda? Queremos tocar mais, pois neste ano a agenda foi pequena. Antes do próximo álbum, queremos tocar ao máximo no Nordeste e fazer al-
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gumas datas no Sul do país. Ainda vamos lançar dois clipes e um lyric vídeo das músicas do “Rise Of A New Strike”. Esse álbum deve ser bem divulgado. Deixem seus contatos e um recado para quem ler a entrevista. Agradecemos a Pei e toda equipe da Rock Meeting. Esse veículo de extrema importância para a cena metálica nacional, que nos acompanha desde os primórdios, em 2009. Aproveitamos
a oportunidade para mandar um abraço para o Patrick da Sangue Frio Produções e para o Alcides Burn pelo apoio ao nosso trabalho. Sigam-nos no Facebook, YouTube e Instagram para ficarem informados das novidades, agenda e lançamentos do Pandemmy. Obrigado! It’s time to spread the Pandemmy again! Sites relacionados: Facebook | Site | Presskit
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Texto Evanil Júnior e Andréa Borin Fotos Bruno Sessa
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tão esperada “Pumpkins United Tour” finalmente desembarcou no Brasil, para alegria de todos aqueles que aguardavam ansiosamente para ver uma das reuniões mais aguardadas do Metal, a do Helloween. Tour que contou com Michael Kiske, dividindo os vocais com Andi Deris, Kai Hansen, Sascha Gerstner, Michael Weikath, Markus Grosskopf e Dani Loeble, agitou os fãs do mais puro metal melódico durante sua passagem pelo Brasil. Fãs estes que já guardavam seus ingressos desde o final do ano passado, quando as vendas se iniciaram para os shows de São Paulo, imediatamente se esgotaram. Uma turnê mágica para todos os fãs, que puderam curtir um pouco de cada fase desta banda que, há mais de 30 anos, vem conquistando cada vez mais fãs. Mesmo com os problemas técnicos, não tiraram o brilho do que foram estes três shows. São Paulo – 28 de 29 de Outubro A tour no Brasil começou por São Paulo, com um Espaço das Américas lotado para acompanhar o este show. Havia uma expectativa muito grande nos dois dias de shows em São Paulo. Primeiro, pela polêmica sobre o vocalista Michael Kiske, que teria usado playback em um dos shows, no qual foi esclarecido por Kai Hansen e Michael Weikath posteriormente. Segundo,
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por serem shows que fariam parte da gravação da tour para o próximo DVD a ser lançado pelo Helloween. Um pouco antes do início do show, Juninho Carelli, tecladista da banda Noturnall e responsável pela direção do clipe, com sua empresa Foggy Filmes, deu algumas instruções ao público e fez algumas captações para serem utilizadas posteriormente. É finalmente a tão sonhada hora chegou. Antes do início, a música “Let Me Entertain You” do Robbin Williams rolava. Era o anúncio do brilhante show que iria começar. Logo em seguida, é ouvida a introdução de “Halloween”, música do álbum “Keepers of the Seven Keys Part I”, no qual foi cantada em vocal dividido entre Kiske e Deris. Foram 13 minutos de encantamento por parte dos fãs que já não seguravam a ansiedade. Ela foi imediatamente seguida por “Dr. Stein”, deixando o clima mais animado. Na sequência, Michael Kiske e Andi Deris apresentam ao público Doc e Seth, os mascotes desta tour que apareceriam em vídeo antes de algumas músicas. Como eu disse, apareceriam. Pela quinta música, “Are You Metal?”, o telão do fundo do palco teve uma problema e parte dele se apaga. Apesar de toda a tentativa de colocar ele de volta em funcionamento, acabou sendo deixado de lado, o que criou uma interação muito maior da banda com o público.
Domingo, dia 29
O mesmo roteiro, mesmo set list, porém com diferentes problemas. O telão funcionou perfeitamente desta vez, no entanto, durante o medley das músicas do álbum “Walls of Jericho”, cantadas por Kai Hansen, o PA da casa deixou de funcionar. Os músicos em si não perceberam de imediato e seguiram tocando - 111 -
com o auxílio do coro de vozes dos fãs que não deixaram de cantar, mesmo sem ouvir o que vinha do palco. Até que em um momento, avisaram a banda do problema que ocorria. Problemas solucionados, o show continuou. Nenhum deles tirou a empolgação e alegria de todos aqueles que estavam acompanhando esta grande apresentação. Podemos citar como momentos marcantes deste show as músicas cantadas por Michael Kiske. De seu tempo de Helloween, foram canatadas “Rise and Fall” e a esperadíssima “Eagle Fly Free”. Há anos muitos sonhavam em ver esta música cantada pela voz de Kiske. Houve alguns duetos entre Deris e Kiske que foram muito além do que os fãs esperavam. Kiske cantando algumas músicas da fase Andi Deris, como “Why?” e “Forever and One (Neveland)” que, com certeza, fez muito marmanjo derramar lágrimas. Ainda houve uma homenagem a Ingo Schwichtenberg durante o solo de bateria. Quem foi ao Espaço das Américas saiu sem acreditar no que viu e sem sentir as 2h40 de show passando e terminando com uma chuva de papel picados. Esses dois shows ficaram para sempre a história do metal. Set List: 1 – Halloween 2 – Dr. Stein 3 – I’m Alive 4 – If I Could Fly 5 – Are You Metal? 6 – Rise and Fall 7 – Waiting for the Thunder 8 – Perfect Gentleman 9 – Starlight / Ride the Sky / Judas / Heavy Metal (Is the Law) 10 – Forever and One (Neverland) 11 – A Tale That Wasn’t Right - 112 -
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12 – I Can 13 – Drum Solo (com Ingo no dia 29). 14 – Livin’Ain’t no Crime / A Little Time 15 – Why? 16 – Sole Survivor 17 – Power 18 – How Many Tears (Com 3 vozes) Bis 1 19 – Invitation / Eagle Fly Free 20 – Keeper of the Seven Keys Bis 2 21 – Future World 22 – I Want Out
Porto Alegre – Pepsi on Stage – 31 de Outubro Sem a obrigação da gravação do DVD, o Helloween fez um show mais solto e descontraído para as mais de 4 mil pessoas que lotaram o Pepsi on Stage. Começando pontualmente às 9 da noite, a banda seguiu basicamente o roteiro dos shows anteriores: Com Robbin Willians dando o sinal e iniciando com “Halloween”. Neste show tivemos uma surpresa em relação aos shows realizados em São Paulo. Fomos apresentados a Doc e Seth, porém estes
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não voltaram mais a aparecer durante o resto da apresentação. Além de duas mudanças no set list. A entrada de “Kids of the Century “cantada por Michael Kiske no lugar de “Rise and Fall” e “Where the Sinners Go” substituindo “Waiting for the Thunder”, com Andi Deris. O restante do show seguiu o mesmo roteiro, mostrando ainda mais o entrosamento de toda a banda, especialmente de Michael Kiske e Andi Deris, que com certeza contribuiu para o excelente andamento do show. Como em São Paulo, as bexigas em forma de abóboras e a chuva de papel picado deram fim ao show e, em Porto Alegre, também
anunciando o fim da parte brasileira da Pumpkins United Tour. Um tour que será lembrada para sempre. Foi uma reunião que esperamos tanto e que não acabe em palavras. Set List 1 – Halloween 2 – Dr. Stein 3 – I’m Alive 4 – If I Could Fly 5 – Are You Metal? 6 – Kids of the Century 7 – Where the Sinners Go
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8 – Perfect Gentleman 9 – Starlight / Ride the Sky / Judas / Heavy Metal (Is the Law) 10 – Forever and One (Neverland) 11 – A Tale That Wasn’t Right 12 – I Can 13 – Drum Solo (com Ingo no dia 29). 14 – Livin’Ain’t no Crime / A Little Time 15 – Why? 16 – Sole Survivor 17 – Power 18 – How Many Tears (Com 3 vozes) Bis 1 19 – Invitation / Eagle Fly Free 20 – Keeper of the Seven Keys Bis 2 21 – Future World 22 – I Want Out - 116 -
Por Raphael Arizio | Fotos Banda/Divulgação
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om forjado no aço! Assim podemos definir o som da banda Thunderspell! Puro Heavy Metal tradicional, calcado nos medalhões do estilo dos gloriosos anos 80. A banda vem se destacando com o seu disco “Battle Scream” e obtendo destaque no mundo todo. Conversamos com o Hugo Spell sobre esse destaque todo, o andamento do seu próximo disco e também um pouco mais desse Heavy Metal moldado no aço! Como tem sido a repercussão do disco “ Battle Scream”? Está dentro das expectativas da banda? Sim, tivemos uma ótima repercussão e ótimas resenhas nos principais sites e blogs especializados em Heavy metal sobre o nosso cd oficial, tanto nacional como gringa. Nossas músicas já tocaram em muitas rádios dentro e fora do Brasil. Para nós foi muito satisfatório. Foi lançado um clipe para a música “Black Flames”, como o público Headbanger reagiu a esse clipe? A banda pretende lançar mais algum vídeo para divulgação de “Battle Scream”? Acho que público está reagindo bem, estamos tendo muitas visualizações do vídeo no YouTube ainda não ganhou do nosso vídeo anterior com a música “Shadows Zone”, mas está indo - 120 -
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em bons ventos. Estamos vendo a possibilidade de lançar mais um vídeo clipe ainda esse ano. Acho que vai ser a música “Wild Spirit”. A banda fez diversos shows para a Battle Scream Tour – On The Road Defending True Metal 2017, que termina agora em dezembro. Qual tem sido o saldo dessa turnê? E o que a banda espera desse último show? Sim, fizemos muitos shows e todos foram excelentes. Muitas histórias para contar. Muitos amizades feitas e público sempre interagindo direto com a banda, nós vamos fechar a turnê em grande estilo no famoso teatro Waldemar Henrique aqui em nossa cidade. Esse que, no final dos anos 80 e início dos anos 90, foi o
palco de muitas bandas consagradas do metal paraense, como Stress, Retaliatory, DNA, Morfeus entre outras. Será uma honra para o Thunderspell tocar no mesmo lugar. O Thunderspell participou do tributo brasileiro ao lendário Motörhead com a faixa “One Night Stand”. Como foi feita a seleção para participar desse tributo? O que o som da banda inglesa representa para vocês? Nossa parceria com a gravadora Secret Service, que lançou o Tributo ao Motörhead, já vem de algum tempo. Eles curtiram nosso som desde quando gravamos nosso primeiro EP. Daí fomos fortalecendo os laços até que nos convidaram para participar desse memorável
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projeto. Para nós foi maravilhoso representar o Heavy metal com essa música. Motörhead é uma das lendárias bandas que nos influenciaram. O som deles sempre será eterno para o Thunderspell. O metal nacional vem recebendo muito destaque no exterior nesses últimos anos e não tem sido diferente com o Thunderspell. A banda está sendo evidenciada em diversas rádios em todo mundo. Como têm reagido a essa notoriedade mundial? Pretendem fazer alguma tour no exterior? É verdade! Muitas bandas nacionais estão representando bem o metal lá fora. O Thunderspell está no meio dessa barca. Nossas músicas ultrapassaram as barreiras também. Tocamos
em rádios do mundo todo, já temos cds disponíveis para vendas na Europa e Japão. Nos também fomos convidados a participar de um Tributo a lendária banda inglesa Raven, com a música “Fire Power”, fomos a única banda da América Latina a ser chamada, quem quiser conferir e só procurar o vídeo que fizemos, está no YouTube. Muitas pessoas no mundo todo elogiam o nosso trabalho, para nós é gratificante demais. Nosso objetivo, depois de finalizar essa turnê, é gravar um disco novo e batalhar para fazer uma turnê fora do Brasil. O Thunderspell conseguiu o segundo lugar das músicas mais tocadas na rádio 356 Radio Network dos Estados Unidos. Como encaram essa notícia no
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país onde o Metal é bem grande e que já revelou diversas bandas de Metal famosas? Cara, para nós foi uma surpresa e uma satisfação enorme! Nossas músicas tocaram em muitas rádios americanas, de muitos estados lá. Conseguimos muitas parceiras e muitos convites também, esperamos ter uma oportunidade de um dia tocar lá. Infelizmente, para entrar nos EUA é difícil. Mas nada está perdido. Eu lembro que um dia estava escutando a programação de uma rádio de Nova York, já era tarde da noite, de repente começou a tocara nossa música “Lady in Black”. Em seguida, tocou uma música do Ozzy e uma do Anthrax, eu fiquei surpreso e pensei: “Nossa! Aqui na
rádio americana o Thunderspell está no meio dos grandes (risos)”. Foi muito gratificante! A banda anunciou a pouco tempo que já iniciou a pré-produção do seu novo disco, previsto para sair em 2018. O que podem adiantar sobre esse novo disco? Sim, já estamos em fase de composição das músicas para o nosso próximo cd. Depois desse último show, vamos focar em finalizar todas as músicas para entrar em estúdio. As músicas que já finalizamos estão muito boas, estão se tornando Hinos Metálicos moldados no Aço! Ao longo da sua trajetória o Thunderspell conseguiu diversos feitos importantes, como por exemplo tocar com lendárias bandas como
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Tank e U.D.O, banda do ex vocalista do Accept, Udo Dirkschneider. Como foi para vocês tocarem com essas lendas? E como foi o contato com eles? Bem, para ser bem sincero! Foram boas experiências e bons shows, fora alguns infortúnios, nosso show com o U.D.O, ex- Accept, foi maravilhoso, mas não tivemos muito contato com a banda. Já com o Tank foi um bom show. Mas devido alguns imprevistos, tivemos que reduzir nosso setlist. Mas cada show é uma experiência única. Nós tocamos também com algumas bandas underground europeias que, assim como nós, estão de vento em poupa, como o Steelwings, Enforcer e Ambush. Foram ótimos shows e muitas histórias boas para
contar. Espaço para considerações finais e agradecimentos. Queremos agradecer a oportunidade que a revista Rock Meeting está nos dando para divulgar nosso trabalho, nós só temos a agradecer. Queremos também pedir ao público do metal nacional que compareçam mais aos shows de bandas nacionais, vamos fortalecer a nossa cena metal, ela precisa do apoio de todos, o mundo do Heavy Metal precisa de mais atitudes e menos mimimi! Stay Metal a todos! Avante Thunderwarrios!
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Texto e Fotos: Bruno Sessa
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omingo. 22 de outubro. Chovia em São Paulo. Os bares do entorno do Carioca Club (casa de show de São Paulo) abrigam os headbanger em êxtase para o tão esperado do show do Venom. Com a grande responsabilidade de preparar o público, os santistas do Vulcano mostraram porque foram a escolha certa. A experiente banda de Black/Death metal, formada em 1981, já era conhecida de boa parte do público que agitou e cantou seus maiores sucessos. Vale a pena conferir o álbum ao vivo (Live II - Stockholm Stormed - 2014) para ter uma pequena ideia de como é o show desses caras. Além de toda atmosfera criada, teve a participação de seu antigo vocalista Angel, marcando ainda mais o incrível show da banda. Embora a troca de banda não tenha demorado mais do que o esperado, era clara a ansiedade pela entrada do Venom. Formada em 1979, a atual formação conta com Conrad Lant, Cronos (Vocal, contra-baixo), La Range (Guitarra) e Danny Needham (Bateria). Formação essa que divide opiniões entre os fãs da banda. Opiniões que foram deixadas de lado assim que as cortinas se abriram, não nas mídias. “Long Haired Punks” (2015 - From the Very Depths) foi a responsável por dar início
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a um show relativamente curto e furioso. No palco: vocalista polêmico, letras satânicas, um som poderoso e cru. Na plateia: casa lotada, bate cabeça e músicas cantadas em coro. Não me recordo de uma música sequer que não tenha tido bate-cabeça. E entre os maiores clássicos da era Cronos, sem dúvida “Black Metal” (Black Metal 1982) penúltima música, foi o som mais empolgante do show, mostrando que o Carioca Club inteiro não desanimou até o final do show. Que contou inclusive com um fã extremamente devoto conseguindo subir ao palco, ajoelhando e louvando Cronos, sendo logo em seguida retirado do palco pelos seguranças. Uma noite a ser lembrada por motivos bons e ruins.
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