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COBERTURA COMPLETA: CONFIRA COMO FOI O 3º ENCONTRO BRASIL CURITIBA ROADSTERS E TAMBÉM O 1º HOT STYLE
COBERTURA COMPLETA ANO 04 NÚMERO 17 ford 1932 M
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DEAN DEFFRIES
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2º ROD & CUSTOM
ROAD TOUR
VEJA A COBERTURA COMPLETA DO PASSEIO QUE REUNIU UMA LEGIÃO DE RODDERS RUMO A CURITIBA
CLASSIC
MERCURY 1938-2010 A HISTÓRIA DA MARCA QUE CONQUISTOU FÃS INCONDICIONAIS PELO MUNDO AFORA E QUE ENCERRA SUAS ATIVIDADES ESTE ANO!
HOT ROD O PRIMEIRO HOT ROD MONTADO NO BRASIL COM CARROCERIA NOVA FABRICADA EM AÇO E MOTOR FORD RACING
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COBERTURA COMPLETA: VI ENCONTRO NACIONAL DO CLUBE DO MUSTANG E III ABC EXPOCAR SÃO CAETANO DO SUL
ANO 04 NÚMERO 16
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UMA RÉPLICA DESENVOLVIDA NO BRASIL COM O ACABAMENTO E A QUALIDADE DOS MELHORES STREET RODS AMERICANOS
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PROJETO FORD 29
Projeto em
FAMÍLIA ALTERAÇÃO DE CILINDRADA, CARROCERIA ARTESANAL E PEÇAS DE ALUMÍNIO EXCLUSIVAS CONSTITUEM A SÍNTESE DE UM AUDACIOSO ROADSTER CRIADO NO INTERIOR DE SÃO PAULO Por Claudia Cardinale Fotos Bruno Guerreiro
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pesar de muitos não concordarem com o ditado “filho de peixe, peixinho é” torna-se quase que impossível não mencioná-lo em histórias como a de Gustavo Lourenço proprietário deste Ford Roadster Highboy 1929, a mais recente criação da equipe de profissionais da oficina Retrorides By Lourenço, localizada na cidade de Campinas, SP. Encantando com a dedicação de seu pai, José Alberto Lourenço, fundador da oficina e que a mais de trinta anos atua no segmento de street machines e hot rods (como é o caso do Opel Olympia 1951 participante do 1º Rod & Custom Road Tour), Gustavo, que desde criança sempre esteve envolvido com projetos automotivos, decidiu que era hora de realizar um antigo sonho de família: montar um hot da década de 20, utilizando-se de peças de alumínio usinadas (billet) com exclusividade dentro da própria Retrorides. “O desejo de valorizar ainda mais a capacidade e os produtos desenvolvidos por nós, brasileiros, sempre esteve nos planos da oficina e eu me sinto muito feliz por poder concretizar essa idéia.”, disse Gustavo. Contando sempre com a
ajuda do irmão Rodrigo e da experiência e presença constante de José, o projeto, de tão especial, tornou-se o mais novo cartão de visitas da oficina. A participação da Retrorides no XV Encontro Paulista de Autos Antigos, ocorrido entre os dias 16 e 21 de abril último em Águas de Lindóia, SP (vide matéria nesta edição) foi um bom “termômetro” para avaliar a excelente reação do publico no tocante ao Roadster. Extremamente elogiado e fotografado, o carro despertou o fascínio de milhares de visitantes que estiveram no local. Porém, apesar de gratificante, a tarefa de construir a máquina não foi nada fácil: foram necessários 14 meses de muita dedicação e paciência para finalizar o veículo.
ZOOMIES CASEIROS Tudo começou pelo chassi, denominado Pro-Street pela Retrorides. Ele foi desenhado por computador, com o auxílio do softwear AutoCAD, e cortado a laser em chapas de aço carbono 3/16. Recebeu suspensão dianteira independente, que conta com estrutura tubular, bandejas artesanais inferiores e superiores, além de
Praticamente tudo neste projeto recebeu a assinatura da Retrorides, caso dos coletores de escape tipo Zoomies, peça muito utilizada pelos dragsters da década de 60.
amortecedores do tipo coil over da marca QA1. Na parte traseira foram utilizados braços longitudinais paralelos (ladder bars), fixados no chassi e no diferencial Dana 44 (item “herdado” de um Maverick V8), com relação de 3,07:1. As peças dos sistemas de suspensão também foram produzidas pela Retrorides. O motor é um Ford 302 V8, de 4952 cm3 que, segundo Gustavo, foi retirado de um Mustang 1973. Preparado, ele conta hoje com um kit Eagle, cuja utilização permitiu alterar a cilindrada para 5690 cm3 ou 347 polegadas. Isso foi possível com o uso de virabrequim de 86,36 mm (contra 76,2 mm do 302) e bielas de 137,16 mm (contra 129,286 do 302) forjados. Além disso, os dutos de admissão e escape dos cabeçotes foram retrabalhados, para possibilitar um melhor fluxo dos gases, enquanto as válvulas de fábrica foram substituídas por outras de aço inox, sendo que as de admissão tem 51,3 mm (contra 43,7 mm das originais) e 40,6 mm (contra 38,1 mm das originais). A taxa de compressão não foi alterada Naturalmente, com o cabeçote modificado, o carburador original deu lugar a um quadrijet Holley de 750 CFM, montado sobre um coletor de admissão Weiand Stealth. Bobina de ignição MSD, cabos de velas Ford Racing, scoop de três borboletas Summit Racing, radiador dimensionado, ventoinha elétrica e sistema de polias Poli-V em alumínio, cuja fabricação tem a assinatura da própria oficina (tal como as tampas de válvulas), complementam o trabalho. Com todas essas mudanças o carro só utiliza gasolina Premium e, de acordo com Gustavo, proporcionaram ao hot uma potência em torno de 300 cv. Vale citar que os coletores de escapamento, do tipo zoomies, foram feitos na própria Retrorides, empregando tubos de duas polegadas de aço carbono cromado. Este item era muito utilizado pelos dragsters de motor traseiro da década de 60, pois colaborava para dissipar, por intermédio dos gases oriundos da combustão, a fumaça levantada pelos enormes pneus Mickey Thompson montados nas rodas do eixo de tração. Nos hot rods, porém, a função dos coletores zoomies é meramente estéti-
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Alguns dos detallhes desse hot: carroceria de fibra de vidro, portas alisadas, far贸is Autoloc, colete de radiador de Ford 32 e quadro de parabrisa tipo Duvall em alum铆nio
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s motos chopper nasceram praticamente da mesma maneira que os hot rods, tendo como maiores responsáveis por essa criação os soldados que retornavam da Segunda Grande Guerra e customizavam suas próprias máquinas. Basicamente eram Harley-Davidson e Indian, que posteriormente receberiam o nome chopper, pois eram retiradas todas as peças “desnecessárias” das motos (daí o significado da palavra), tais como os enormes bancos que davam lugar a diminutos selins. Outra alteração que se tornou popular foi o alongamento da suspensão dianteira. Muitos destes “bikers” substituíam a roda dianteira por modelos com banda mais fina e faziam o contrário com o traseiro. Tais alterações se transformaram numa marca registrada das choppers. Mas somente com o lançamento do filme Easy Riders em 1969 é que as motos ao estilo chopper ganharam visibilidade. Assim, as pessoas que assistiram ao filme,
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no mundo inteiro, foram em busca de máquinas americanas usadas para fazer suas próprias choppers. Por essa mesma época surgiram alguns profissionais que começaram a se dedicar a esse tipo de customização. Atualmente Arlen Ness é considerado um dos magos da montagem dessas motos.
O INÍCIO A Harley-Davidson é provavelmente a mais famosa fabricante de motos do mundo, além de ser sinônimo de chopper. A empresa, criada em 1903 por Bill Harley e Arthur Davidson, começou a produzir em um barracão nos fundos da casa de um dos sócios, em Wisconsin, onde até hoje se encontra o prédio administrativo da empresa. No mesmo ano William Davidson se juntou à empresa e, no ano seguinte, o trio abriu sua primeira revenda, que em pouco tempo comercializou três motos. Em meados de 1905, em Chicago, a marca venceu uma corrida de 15 milhas, além de ter contratado seu primeiro funcionário. Sempre
inovando, produziu o primeiro catálogo com motos já registrado no mundo em 1906. Além disso, durante a Primeira Guerra Mundial, o primeiro soldado americano a entrar em território alemão pilotava um HD com side car. Willie G. Davidson foi o responsável pela criação da moto que deu novo fôlego à fábrica de Wisconsin. Conhecido como Willie G., ele credita às motos HDs o fato de ter se tornado um designer, o que lhe permitiu projetar, em 1985, o modelo Heritage Softail. Aliando a moderna tecnologia com detalhes dos anos 1950 (como cromados, tanques grandes e outros itens de apelo retrô), a Heritage Softail foi um dos maiores sucessos da empresa e ainda desperta a admiração dos entusiastas da marca HD.
ESCOLA ANTIGA A motocicleta que ilustra esta matéria foi customizada pela Lucky Friends Choppers Garage, oficina localizada em Sorocaba, no interior de São Paulo. Aficionados pela
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Alguns dos detalhes desta Harley Customizada foram criados pela equipe da oficina Lucky Friends com exclusividade para este projeto. O estilo Old School é uma das marcas registradas tanto nas motocicletas quanto nos veículos customizados por eles. Alguns toques de irreverência também marcam estes automóveis!
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Da combinação de cores às pedaleiras, todos os detalhes foram criteriosamente pensados para tornar o conjunto da moto o mais harmônico possível!
Kustom Culture (cultura custom), Flavio Luz, Marcos Maria, Alexandre “Boy” e Meira, amigos de longa data, decidiram montar juntos uma oficina própria. E não poderiam ter feito melhor! Segundo Flavio a ideia só surgiu depois que a moto de um amigo foi enviada para uma oficina da capital e por lá ficou mais de dois anos. Como o trabalho não era finalizado, o grupo decidiu assumir o projeto, que foi concluído em pouco tempo. Depois dessa moto outras se seguiram e os amigos decidiram construir alguns hot rods. Até o momento eles finalizaram cinco motos e também três hot rods, mas já existem outros projetos em andamento, que em breve devem ir para as ruas.
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O estilo old school de customização é uma espécie de marca registrada da Lucky Friends, e nesta HD não poderia ser diferente. A moto, que originalmente era um modelo Heritage Softail Classic 1999, chegou à oficina como havia saído da fábrica, mas logo foi desmontada e o serviço, iniciado. Tudo começou com a remoção das espadas que seguravam o para-lama traseiro, sendo este último substituído por outro da Chica Custom Cycles, oficina californiana especializada nesse tipo de transformação. Já o para-lama dianteiro simplesmente foi removido. Flavio manteve a mecânica original, que conta com motor V2 de 1450
cc carburado, o qual desenvolve 56 cv a 5.000 rpm, possibilitando à Heritage Sftail Classic, equipada com câmbio de cinco marchas, desenvolver mais de 150 km/h (em tempo: a empresa passou a fabricar a moto com injeção eletrônica em 2001). O filtro de ar original deu lugar a um modelo feito pela Lucky Friends, e a suspensão dianteira é original, mas foi pintada de preto e recebeu um farol menor, para adequar-se ao estilo old school. Flavio decidiu substituir a roda dianteira por uma raiada de 21”, “calçada” com pneu Metzeler Marathon faixa branca. A roda traseira deu lugar a outra igualmente raiada, mas 16”, que também
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ganhou Marathon. O sistema de freios foi mantido sem nenhuma alteração e é a disco ventilado nas duas rodas. Um dos destaques mais interessantes dessa moto é o tanque de combustível da Old School Customs, o que ganhou bocal de combustível do tipo quick lock fuel. A escolha da combinação das cores se baseou em tons militares: tanto o verde (que recebeu acabamento com verniz fosco) e o creme (de verniz brilhante) são tonalidades utilizadas pelo exército americano. Ambas as tintas são da marca 2K, e o detalhe final da pintura ficou por conta da faixa vermelha que divide as duas cores principais, combinando com a tinta empregada nas duas rodas da moto. Como o estilo pedia um novo sistema de exaustão, a equipe da Lucky Friends desenvolveu um escapamento tipo drag bike envolto por termotape, reduzindo assim a emissão do calor gerado nos tubos do escapamento. As pedaleiras são originais das HDs da década de 1950 e caíram como uma luva para este projeto, conferindo um visual muito bacana à moto. Flavio e seus amigos produziram um guidão exclusivo para essa Harley e fabricaram também os retrovisores e suportes com a marca da oficina. Os retrovisores foram produzidos cortando duas bolas de bilhar de número 8 e adicionando pequenos espelhos. Os suportes foram cortados a laser e ganharam o naipe de espadas. O banco do tipo selim, com molas cromadas, foi criado pelo ateliê Punk Art Couros, que utilizou a combinação do couro e da manta mexicana, detalhe marcante que chama muito a atenção de quem vê essa motocicleta. Outro detalhe interessante são os piscas. Eles ficam escondidos logo acima do final dos tubos de escapamento. Já a placa, a luz de freio e a lanterna têm um mecanismo que permite recolher todo o conjunto, dispositivo este que pode se muito útil, dependendo da situação. Tal como esta, quatro outras máquinas estão em fase de produção. Fica, portanto, uma amostra do que está por vir, muito embora outras surpresas ainda devem acontecer. Afinal, os velhos amigos estão ficando cada vez mais ousados e isso, com toda certeza, irá se refletir nas próximas motos da Lucky Friends. Duvida? Pois em breve você poderá isso conferir nas páginas revista Rod & Custom.
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O conjunto do guidão e retrovisores foi totalmente produzido pela equipe da própria oficina
A mecânica original ganhou acessórios com a marca LF, já o banco tem acabamento com manta mexicana
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AGRADECIMENTOS Modelo: Kate Frazão Integrante do Grupo Sexy Bomb Tchesco Produções (11) 9336-6451 Maquiagem: Janice Soares Corsets: Madame Sher www.madamesher.com/pt Sapatos: Pasku Boots and Shoes www.pasku.com.br Calça jeans: Impacto Modas (11) 4368-9741 Camisas: acervo redação
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GRANDES NOMES ED “BIG DADDY”
O paizão dos CUSTOMIZA IRREVERENTE E BONACHÃO, ED “BIG DADDY” ROTH FOI UM DOS GRANDES NOMES DO MOVIMENTO RODDER E MARCOU ÉPOCA POR SEUS PERSONAGENS E CARROS DE ESTILO OUSADO Por Rogério Ferraresi Fotos Divulgação
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erverly Hills, Los Angeles, viu nascer, em 4 de março de 1932, um dos ícones da cultura hot rodder: Ed Roth. Seu pai, imigrante alemão, trabalhava como motorista para famílias abastadas, mas perdeu o emprego na grade depressão. Assim, os Roth tiveram de se mudar para uma casa simples, localizada em Bell, bairro para pessoas de baixa renda. O lar austero e o pai fascinado por militaria marcaram a infância de Ed e seu irmão Gordon. Autodidata, Ed revelou grande habilidade na montagem de miniaturas e no manuseio de kits de química. Aos 14 anos comprou um Ford cupê dos anos 30 em que realizou diversas modificações, visando maiores velocidades. Argumentava com o pai que as fazia para “aumentar a segurança”. Graduou-se na Bell High Scholl em 1949, entrou no East Los Angeles Junior College e, dois anos depois, ingressou na USAF como
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Globe Hopper,
cartógrafo. Foi mandado para a África, com a missão de documentar OVNIS, e passou a desenhar carros. De volta aos EUA, casouse, empregou-se como vitrinista na Sears e começou a personalizar automóveis. Em 1955 apenas Von Dutch, Dean Jeffries e Larry Watson faziam pinstriping nos EUA. Para pintar um carro “inteiro” eles cobravam US$ 10, US$ 7 e US$ 5. Roth entrou nesse ramo no ano seguinte, cobrando US$ 4 por scalops e flamas. Associou-se então a “Baron” Crozier e Tom Kelly e criou o Crazy Painters. Seu primeiro hot dessa fase, feito em 1958, foi o Little Jewel, um Ford Modelo A Tudor 1930 com motor Oldsmobile V8.
GORDO, VERDE E SUARENTO Ele deixou o Craizy Painters em 1959 e fundou o Roth Studios em Maywood, subúrbio de Los Angeles (lá trabalharam Ed Newton, Robert Williams e Dave Mann). As camise-
tas com monstros grotescos surgiram ali. Das vendas delas e de outras mercadorias, como cópias de capacetes alemães da II Guerra Mundial, a empresa se sustentou no início de suas atividades. Em dado momento Ed lembrou-se de uma foto em que Henry Ford, com um machado, golpeando uma carroceria de fibra de soja reforçada com plástico. Conheceu, então, um rodder chamado Shadoff, que utilizava fibra de vidro em seu speedster. Com tal produto Ed construiu o Excaliber, futuro Outlaw, que utilizava o motor 331 V8 (5.424 cm3) do Cadillac 1949 e tinha inúmeras peças cromadas (ele teve de vender o Little Jewel para finalizar seu acabamento). Dessa época é também Rat Fink. O rato gordo, verde, cabeludo, suarento e de olhos injetados (o oposto de Mickey Mouse, que não suportava) era detestado pelas mães, mas adorado por seus filhos, logo se tor-
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ZADORES
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nando um ícone entre a criançada. No ano seguinte, com o chassi encurtado de um Oldsmobile 1955, Ed criou o Beatnik Bandit. A carroceria era de fibra e o motor um Rocket 330 V8, com blower Cragar 4-71. Este hot, inspirado nas idéias de Joe Henning (redator de Rod & Custom) tinha uma característica interessante: o teto transparente de Plexiglass. A idéia surgiu por intermédio do DIDia 150, dream car do cantor Bobby Darrin, mas Ed não sabia como fazer a peça do tamanho necessário. Teve de comprar uma placa de acrílico plano, fixá-la em um aro metálico e esquenta-la em um forno de pizzaria, derretendo o material e fazendo a cupula com o visual das naves de ficção científica. Isso chamou a atenção da Revell (cujos “marketeiros” criaram o apelido “Big Daddy”), que lançou kits para montar dos carros de Ed. A empresa pagava dois centavos de dólar por
kit vendido, sustentando o Roth Studios até o fim da década de 60.
CINEMA NA PRAIA Em 1963 Ed apresentou o Mysterion, com dois motores Ford 406 V8 (6.653 cm3) montados paralelamente, duas caixas automáticas e diferencial duplo, com dois conjuntos de coroa e pinhão no mesmo eixo (era baseado nos dragsters bimotores da época). Ele também deu início a sua carreira musical, lançando discos de surf rock através da banda Mr. Gasser & the Weirdos. No mesmo ano o jornalista Tom Wolfe foi enviado à Califórnia pela revista Esquire para escrever sobre a febre de carros customizados. Captou o material, mas não sabia como começar a matéria. Resolveu fazer uma carta a seu editor, Byron Dobell, que a publicou na íntegra sob o título “There Goes (Varoom! Varoom!) That Kandy-Ko-
lored (Thphhhhhh!) Tangerine-Flake Streamline Baby (Rahghhh!) Around the Bend (Brummmmmmmmmmmmmmm)...”. O texto originou o chamado “New Journalism”, que revolucionou todas as redações do mundo. “Roth é muito habilidoso com o aerógrafo e (...) teve a idéia de desenhar um cartum (...) na camiseta de um garoto. E aí começaram as camisetas Weirdo. A típica camiseta Weirdo segue um padrão de desenho que poderia ser chamado de ‘versão Bosch da revista Mad’, procurando ser o mais grotesco possível, mostrando um cara que parece o Frankenstein, com o queixo quadradão movido a vapor e tudo o mais, com um sorriso bizarro no rosto, dirigindo um hot-rod. (...). Essas camisetas sempre tem uma frase escrita com letras enormes, normalmente algo rebelde ou pelo menos alienado. Coisas como ‘A MÃE ESTÁ ERRADA’ e ‘NASCIDO
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Com “balde” de fibra de vidro, o Mysterion tinha dois motores Ford V8, duas caixas automáticas e diferencial duplo, enquanto o Little Jewell era um hot rod de aspecto mais tradicional
PARA PERDER’. ‘Um adolescente sempre tem ressentimento da autoridade adulta’, me disse Roth. ‘Essas camisetas são como uma tatuagem, com a diferença de que eles podem tirar tal tatuagem na hora em que enjoarem dela’”, escreveu Tom Wolfe em sua reportagem. Seguiu-se a construção do Surfite, em 1964. O minicarro utilizava chassi e mecânica do Mini Morris, levava uma prancha de surf e apareceu, no ano seguinte, em um filme da “Turma da Praia”, Beach Blanket Bingo (“Folias na Praia”), com Annette Funicello e Frankie Avalon. Outro carro de 1964 (quando os kits da Revell já vendiam 3 milhões de unidades por ano), foi o Tweedy Pie, um Ford Modelo T 1920 originalmente montado por Bob Johnston. Ed alargou a carroceria e trocou o motor Ford flathead por um Chevrolet V8 small block. Em setembro a revista Car Craft colocou em sua capa outra criação de Ed, o Orbitron. Inspirado nos dragsters slingshot, começou a ser construído em junho, com motor Chevrolet 283 V8. Tinha TV, rodas Cragar, pedal de acelerador Moon, alavanca de cambio Hurst e três faróis coloridos primários (vermelho, verde e azul) que, quando ligados e focados em conjunto, produziam luz branca.
MORMOM NO FINAL Em 1965 Ed fez o Road Agent, seu primeiro carro de motor traseiro. Contava, na frente, com um sistema de suspensão que empregava barras de torção do Fusca e
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eixo rígido de Ford V8. O motor era do Chevrolet Corvair, arrefecido a ar e de seis cilindros. Foi capa da revista Rod & Custom do mês de abril. Na sequência surgiu o Rotar, ou “Roth Air Car”. O monoposto em forma de delta tinha dois motores Triumph de 650 cm3 e um colchão de ar, que o permitia trafegar em solo firme e na água. As quilhas inferiores eram de madeira e o “leme” traseiro foi moldado em um dos rabos de peixe do Cadillac 1959 de Ed. Fanático pela série de TV Familia Addams Ed decidiu fazer, em 1966, o Druid Princess, um hot gótico para Gomes e seus parentes. Era uma enfeitada carruagem medieval com motor Chrysler 383 V8 (6.276 cm3), blower GMC, rodas Cragar SS e pneus Firestone Indy. O carro não figurou na série, mas foi capa de Rod & Custom em janeiro de 1967. Nessa época Ed começou a ser ostilizado por veteranos da II Guerra Mundial devido aos símbolos germânicos de suas criações. Isso o levou a fazer camisetas com desenhos enaltecendo os soldados americanos que combatiam no Vietnã. Ainda em 1967, simpático aos Hell´s Angels, Ed construiu seu primeiro triciclo, o Mail Box, com motor Crosley de quatro cilindros. Fez ainda o Mega Cycle, antes batizado por Willians como “Captain Pepi’s Motorcycle & Zeppelin Repair”. Tinha motor Buick V6 e carregava uma Harley Davidson XLCH. Ed só montou seu primeiro triciclo VW, o American Beetle, em 1968. Tinha motor de Fusca 1957 e garfo de moto Honda, cujos tubos ganharam cinco libras de chum-
bo para equilibrar a distribuição de pesos. Tal direcionamento ocorreu devido ao surgimento dos hippies. Ed percebeu que as pessoas estavam mais interessadas em gastar dinheiro com instrumentos musicais do que com carros e, segundo ele, os Beatles foram os grandes culpados por este fenômeno. Entre 1967 e 1970 foi editor da revista Choppers Magazine mas, neste último ano, o Roth´s Studio foi invadido e teve todo seu acervo roubado, levando Ed, desiludido, a desistir do mesmo e de seu cargo na revista. Voltou a fazer pinstripes e, em 1974, convertido ao mormonismo, lamentou ter criado monstros para crianças e ter incitado corridas ilegais. Retornou aos triciclos, em 1976, com o Great Speckled Bird e o Secret Weapon. Fez ainda, para George “The Bushmaster” Schreiber, o dragster Yellow Fang, que atingiu 204 mph. Parou por mais 10 anos e então construiu um triciclo com motor Buick V6, o Asphalt Angel. No ano seguinte surgiu o American Cruiser, triciclo com motor V8, e o Globe Hopper, com mecanica VW 1.8, de Porsche 914 (veículo que o próprio Ed utilizou em sua viagem ao Alasca). Com um motor Honda Acura criou o LA Zoom em 1989, mas voltou a empregar o small block Chevrolet (350 V8) ao fazer o Beatnik Baditt II, em 1995, mesmo ano de um triciclo com motor Honda de 600 cm3, o Rubber Ducky. Seu último projeto foi o Stealth 2000, com motor Geo Metro (V4 de 1.300 cm3), montado dois anos antes de sua morte, ocorrida em 4 de abril de 2001.
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MOTO CHOPPER Por Roberto Cardinale Fotos Marcello Garcia
OFICINA PAULISTA CRIA UMA MÁQUINA EXCLUSIVA E DE ESTILO AGRESSIVO PARTINDO DE UMA HARLEY DAVIDSON FX STD
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s motos customizadas estão ganhando espaço entre os aficionados pelo estilo, principalmente as Harley Davidson. Nos EUA e em alguns países da Europa a customização de motos é comum e, aqui no Brasil, principalmente nas grandes cidades, estão surgindo algumas empresas especializadas neste tipo de serviço.
Em São Paulo, a Johnnie Wash foi umas das pioneiras. Seu proprietário, Ricardo Medrano, começou customizando suas próprias HD, mas, quando elas ficavam prontas, sempre surgiam amigos querendo comprá-las. Daí, em meados de 2004, nasceu a empresa, localizada em um amplo espaço no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo, SP.
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Ricardo tem uma área reservada para a prestação de serviços mais simples (troca de filtros e de óleo, lavagem e substituição de pastilhas de freios), além de um bar temático no qual os clientes podem tomar uma boa cerveja enquanto esperam por suas motos. Mas é no galpão ao lado do bar que fica a oficina propriamente dita. Nesse local ele dá asas a imaginação, criando e executando, com a ajuda de outros profissionais, incríveis máquinas de duas rodas, caracterizadas por linhas limpas e sem o uso de adereços excessivos. Com ampla experiência neste mercado, atualmente Ricardo está em seu 36º projeto. Porém, não é apenas nas HD que ele desenvolve suas idéias, mesmo porque já modificou, por exemplo, uma Garinni, sempre obtendo excelentes resultados.
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POTÊNCIA E ESTILO A máquina cujas fotos ilustram esta matéria é uma HD FX STD fabricada em 2008. Logo que chegou à Johnnie Wash, ela foi desmontada por completo. “Seu proprietário comprou a moto e nos enviou diretamente da concessionária, sendo que sua idéia era, basicamente, de customizá-la ao estilo rat rod, com chassi rígido. Foram inúmeras reuniões com o proprietário até que eu pudesse desenvolver um projeto com visual limpo e elegante que, afinal de contas, é a marca registrada da nossa empresa”, explica Medrano. Inicialmente o motor V2 de 1580cc ganhou um sistema de injeção totalmente redesenhado e teve seu corpo de borboletas e também o coletor de admissão refeito. O módulo de comando foi reprogramado e, para otimizar a captação
do ar pelo corpo de borboletas, Ricardo substituiu o filtro de ar original por um modelo esportivo, possibilitando ao motor “respirar” melhor. O sistema de escapamento foi redimensionado e teve suas curvas de saída alteradas. A bitola dos tubos também foi aumentada para facilitar a saída dos gases de exaustão e suportar a nova potência do motor que hoje conta com cerca de 15 cv (SAE) a mais. “Fizemos algumas melhorias no sistema de freios, tanto na roda dianteira quanto na traseira. Neste último caso temos agora a pinça de freio junto à coroa, dando um visual mais limpo à moto. Tal solução é muito utilizada nos projetos de custom bikes americanas, embora ainda seja raro de se ver no Brasil”. A suspensão dianteira original foi removida e em seu lugar a Jo-
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Os pneus Avon Road Runner, com faixas brancas, são um dos detalhes de luxo da moto que, entretanto, apresenta um visual propositalmente despojado
hnnie Wash instalou um sistema do tipo springer, com amortecedor de retorno. Sistema bastante utilizado nas motocicletas americanas, especialmente nas HD. O nome Springer, inclusive, vem de “spring” (que significa mola), pois as molas deste tipo de suspensão ficam aparentes. As transmissões primária e secundária, foram modificadas para receber a suspensão traseira que também foi customizada para comportar o pneu Avon Road Runner 230X70X15, “calçado” em uma roda de aço inox. Os raios são do mesmo material, enquanto o cubo é de alumínio, com acabamento em pintura eletrostática preta. A roda dianteira, naturalmente, também foi feita com mesmos materiais, embora empregue um pneu Avon 200X70X15.
SONHO REALIZADO O tanque de combustível em nada parece o original, pois foi moldado e ganhou duas cavidades côncavas. Outra modificação interessante diz respeito aos paralamas: o dianteiro foi retirado e o traseiro produzido artesanalmente pela equipe da Johnnie Wash. Desenvolvido por Ricardo, o banco tem revestimento em couro e apresenta duas molas em sua base, para dar um pouco mais de conforto nas viagens pelas estradas do Brasil. As pedaleiras e os retrovisores (assim como o guidão), foram criados exclusivamente para este projeto e, como os cubos, receberam pintura eletrostática na cor preta. E por falar nisso, originalmente a moto era prateada, mas, como o projeto de customização pedia uma cor mais escura, Ricardo optou por utilizar tinta da PPG na tonalidade PureBlack, com verniz série 800 da
mesma marca. Motor, suspensão e o chassi seguiram a mesma tendência, só diferenciando-se pelo acabamento acetinado. Enfim, o objetivo inicial, montar uma HD com visual limpo elegante, foi atingido sem grandes dificuldades. Vale citar, inclusive, que uma das coisas bacanas nos projetos desenvolvidos pela Johnnie Wash é a “cumplicidade” dos clientes, que acompanham todos os passos da customização. E não poderia ser diferente, mesmo porque a montagem dessas máquinas, sem sombra de dúvidas, faz parte da realização do sonho dessas pessoas, o qual deve ser vivido plenamente em todos os sentidos. Agora é só aguardar o próximo projeto desta incrível equipe dirigida por Ricardo Medrano, cujos frutos, com toda certeza, irão chamar muita atenção pelas extensas estradas do nosso País.
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AGRADECIMENTOS Modelo: Pâmela Paola Prado Egydio Maquiagem: Janice Soares Corsets: Madame Sher www.madamesher.com/pt Sapatos: Cisi Calçados www.cisicalcados.com.br Calça: Denuncia Jeans www.denunciajeans.com.br Camisa: acervo redação
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