22 anos da Casa do Menor Pe. Antonio Caetano Magalhães

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s a r d e p s a d o h in Cam

constam na ando estes não qu o m es m s re familia arentemente da vida perdem é para quem ap es at s ad xo id rs do ve ra ad pa r de em e po quando falamos mpre é pródiga Muitos são os qu nada é absoluto rtórios. A vida se a, ca vi s da do To io . ár es itu nt lista de ob ou adolesce as, como crianças não tem problem nados. E o pior, seres humanos. jeitados, abando re , r os ad ig br sa saber o que é te fãos, de m deu tempo de undo existem ór ne m é no da vi do em ja un ist cu m ex s o le e te Desde qu o comuns àque consiga. Atualmen reço fixo. de existência sã , a prática talvez ce en nv co ruas como ende o essas condições as nã m ia te es s po õe a ilh m se 2 ais es. Mas donadas, das qu responsabilidad de crianças aban s õe ilh m 8 de s a. No entanto Brasil mai a vida é um dram ica át pr na , es verdade faz toda infant lado, mas que na esses desvalidos iso e to rd fa ua sg um re i as le en Embora a alguns é ap partida que para estatística. existe uma contra pa e fazem rte da qu s le ue aq ra pa ou a abrigar diferença tonio Ferro começ An ro ei nd ze fa o a temporária. em 1929 as como uma ajud a do improvável, rç en fo Ap . a a rio fi isó sa ov de pr ender de ráter Como quem rigo oficial para at andonados em ca ab ab um es r nt ia ce cr es de ol a ad ei crianças ve a id crianças e o de religiosos te imeiro abrigo para up pr o gr r, um no , po Me m do te Ao mesmo e nasceu a Casa idos. Foi então qu fato esses desval rior de São Paulo. de Paulínia, no inte


Uma das mentoras do projeto, Maria Bolsanaro, conta como era difícil manter a Casa sem recursos financeiros. ‘’Passamos por muitas dificuldades. Tinha dia que as crianças não tinham nem comida para jantar. A refeição era chá e bolacha de água e sal, contadas para cada um. Vivíamos apenas de doações, tinha até funcionários que passavam fome junto com as crianças’’, lembra. Maria Bolsanaro ainda comenta que a mentalidade das pessoas que ajudam instituições como a da Casa do Menor, costumam restringir as doações em alimentos. De acordo com Maria, as pessoas se esquecem que outras muitas necessidades são normais as crianças abrigadas. “Quando alguma entidade pede ajuda, as pessoas pensam só em alimentos. Elas esquecem que não vivemos apenas de comida, precisamos de roupa, o gás para cozinhar. Mas como ninguém gosta de doar dinheiro, tivemos muitas vezes que implorar para o único que podia salvar a Casa naquele momento, Deus”, considera. Os anos se passaram e as dificuldades foram aumentando. Estava cada vez mais difícil ajudar como se deve realmente as crianças que tinham necessidades de roupa, calçados, alimentos, estudo, saúde, afeto e muito mais. Foi então que o grupo de religiosos que gerenciava a Casa decidiu pedir ajudar a família Ferro, tendo em vista que ela fazia trabalho semelhante no município. E assim fizeram.


Desta forma, em outubro de 1987 o professor Amauri Pértile assumiu a direção da instituição e a batizou como Casa do Menor Pe. Antonio Caetano Magalhães, em homenagem ao sacerdote católico que muito incentivou na fundação do abrigo. A partir dali a história começou a tomar outros rumos. Hoje com status de organização não governamental, a Casa do Menor já atendeu centenas de crianças e adolescentes que tiveram a vida transformada porque alguém resolveu simplesmente ajudar. Após 22 anos dessa conquista, muito há o que se comemorar e o que se fazer também. Atualmente a Casa é presidida pela Dra. Andressa Renata Pértile que com entusiasmo avalia a história que ajudou a escrever. “São décadas dedicadas a aliviar o sofrimento alheio e levar esperança a quem um dia esqueceu que pode ser feliz. Para muitos que chegam aqui, o caminho das pedras passa a ser uma jornada de lutas, sobretudo de superação.” E toda a superação merece festa, é o que se propõem com essa publicação; relembrar o passado de duras conquistas sem perder a esperança em dias melhores. Hoje a gratidão é o sentimento vigente reforçado pelas vidas que estão, foram e serão transformadas ao passarem pela Casa do Menor Pe. Antônio Caetano Magalhães.


Ações que promovem mudanças A Casa do Menor Pe. Antonio Caetano Magalhães promove ações em diversas áreas do cotidiano da criança e do adolescente assistido. O objetivo é integrá-los nos programas de atendimento a saúde, educação, lazer e profissionalização existentes no município de Paulínia; bem como prover meios de torná-los cidadãos cônscios de seu dever com a sociedade e principalmente com a família. Em alguns casos, quando é necessária a longa permanência do menor na entidade, os projetos auxiliam de maneira preponderante no desenvolvimento físico, mental e social. Desta forma, a liderança da Casa por meio de seus voluntários e colaboradores desenvolvem os seguintes projetos:

Lar Maior: visa adequar e ampliar as edificações do abrigo existente e as novas áreas incorporadas, visando criar espaços específicos para os novos programas de trabalho, incluindo locais para realizações de atividades terapêuticas ocupacionais, recreativas, pedagógicas e profissionalizantes. Objetivo é ampliar a capacidade da Entidade, aumentando o número de abrigados com qualidade no atendimento. Somando o abrigo I e o abrigo II seria possível atender: - 30 Crianças - 20 Adolescentes - 05 Mães adolescentes com filhos em situação de risco Faixa - etária: 0 a 18 anos incompletos Funcionamento: 24 Horas/Dia

Terapia com Animais: denominado Projeto Teranimais, ambientado em uma mini fazenda construída nos fundos do Abrigo I, o objetivo é proporcionar aspectos de cooperação, organização e de companhia. O vínculo estabelecido entre as crianças e adolescentes com os animais, ajudam a despertar o espírito de responsabilidade, aflorar a sensibilidade e melhorar a comunicação. Os animais facilitam o contato entre as pessoas, além de criar um ambiente saudável para descontração.


Hort

a: visa a educação am biental, o aprend manejos e técnica izado de s de plantio e co lheita de hortaliça desperta o espírit s, o de responsabi lidade e ressalta importância da na a tureza e da pres ervação do meio ambiente. As cria nças e os adoles centes participa ativamente, sem m eando, observan do a germinação formação das ra ,a ízes, dos caules e das folhas, mol as, colhendo-as handoe consumindo-a s, isto os faz sent importantes nest irem-se e processo prod utivo.

Reciclagem: um conjunto de ações visando a educação ambiental, o consumo consciente, a redução de lixo, a prevenção ao desperdício e os impactos ambientais, com o objetivo de orientar, despertar e reeducar, cada vez mais a conscientização da reciclagem no meio ambiente.

Criando Laços: visando atrair os familiares à se engajarem ao novo Projeto “De volta pro meu Lar”, foi criado também o Projeto “Grupo de Mães”, que sob orientação especializada, confeccionam artigos artesanais, tais como pinturas em toalhas e em guardanapos para cozinha, ocasião que recebem orientações sociais e pedagógicas durante a confecção dos trabalhos artesanais, estreitando assim a relação entre mães e filhos. O abrigo fornece os materiais necessários para o artesanato, o instrutor, o técnico social e o vale transporte para que o familiar possa vir ao abrigo. Em casos de impossibilidade na locomoção, o veículo do abrigo busca e leva os familiares que precisam do auxílio. A cada três peças confeccionadas, deuas ficam para a Casa e uma para o familiar que os confeccionou, desta forma os familiares sentem-se motivados à comparecer no Abrigo, maximizando o contato destes com o parente abrigado. O objetivo principal deste projeto é estimular os familiares a socialização, capacitação e terapia, visando uma fonte de renda própria.


Arteterapia: trabalho realizado por voluntários e técnicos da Casa, abrangendo a faixa etária das crianças a partir dos 4 anos de idade e os adolescentes; tem como objetivo: • Desenvolver a atenção, concentração, organização e flexibilidade, fundamentais para um crescimento sadio; • Despertar na criança e adolescente a expressão de seus desejos e conflitos, aliviando o estresse e a ansiedade, controlando a agressividade; • Proporcionar à criança e o adolescente, através da arte, o direito de dizer a sua palavra, traçar o seu desenho, descobrindo o prazer e a importância da sua criação; • Aumentar a auto-estima, confiança, alegria, bem estar, disposição e prazer de viver, e assim, alcançar um estado de equilíbrio integral; • Resgatar o potencial criativo e imaginativo da criança, aumentar sua integração e socialização através da arte e do lúdico. As atividades de Arteterapia são realizadas individualmente ou em grupo, através das diferentes linguagens artísticas, dinâmicas e jogos criativos, proporcionando uma interação e integração entre os participantes.


l a e r a id v a d s ia r Histó

JUNHO DE 1992 M E A D A IG BR A S. ANO VIER BARBOZA, 24 A X A ID C RE PA A CÍNTIA GOSTO DE 2006 r muitas E CASOU-SE EM A cia, mas passei po

ficiente . Nunca sofri violên uitas dificuldades ém. Minha mãe é de m gu e, nin m m fo ei co ss ar pa nt l, co i muito difíci de muito diferente ninguém, não podia “Minha historia fo nca tive apoio de Casa vi uma realida à nu i e ue ad eg rd ch ve o nd Na . ua ), e varias tias esma. Q coisas horríveis pai (Amauri Pértile seja, era eu e eu m um ), ou ém, ias r, ár da ion aju nc e m ãe (fu na rua, sem ningu e nunca pôde passei a ter uma m e seria mais uma ue rq qu po várias ho o ui ac eir eg o, im ns rig Pr . Co ab as coisas. nge desse en lo que imaginava r qu ina pe s ag na im r e lo m va e família. i a dar eu parar Menor eu aprend l a Casa é sim uma na do (voluntários). E se afi sa , Ca ília m Na . fa a ília um e sem fam sso dizer que tive sem oportunidade emprego. Hoje po um o m co a vid na Mas o tempo me oportunidades ava num abrigo. or m e qu r ze di ui se aprende ha de orgulho. Afinal, aq as crises, vergon sim m e , gu m al e ué tiv ng a ni en ra Quando pequ o é vergonha pa po. ar num abrigo nã or passa com o tem m ha e on qu rg ou ve tr a os E m s. ília m fa s distante. e em muita a realidade muito muito mais de qu um a er im m ra e pa ta emoção. Eu tiv casamento. Isso acreditei. Foi mui foi no dia do meu m da ne a vi ir eu ha m r, in su sa m re ca e da e pudess o de m O dia mais feliz que fazia questã va muito lindo. Se u ta lo es fa ri do tu au , ri) Am au tio m Mas quando o a me acontecer.” ar com meu pai (A de bom que podi u, grinalda, e entr do vé tu , é do im tu m a ra ito pa re di Menor seria: a Casa do Casa numa frase


CLEIDE BARBOSA CECÍLIO, 26 ANOS. ABRIGADA EM DEZEMBRO DE 1990, E CASOU-SE EM DEZEMBRO DE 2002 “Tive uma infância muito complicada. Não tive estrutura, estava sozinha no mundo, sem pai nem mãe. Quando cheguei na Casa vi que podia ter uma esperança ainda na minha vida. Foi lá dentro que aprendi a ter carinho, amor, respeito. Soube o que era amor de pai, mãe, tia, amigos e irmãos. Acredito que se não tivesse o apoio da Casa hoje eu estaria nas ruas ainda. É por isso que me orgulho de ser o que sou hoje. Nunca tive vergonha de morar aqui, só quando era pequena não gostava que os outros perguntava sobre meu pai ou minha mãe de sangue. Pois nem tinha recordações direito. Mas aqui eu aprendi que tive uma família estruturada, graças as pessoas que trabalham aqui. A minha maior emoção foi quando comecei a namorar, e o meu pai (Amauri) falou que ele fazia questão da “filha” dele se casar na Igreja. Nossa eu, sem ninguém, sem esperança e muito longe dessa realidade, sonhar com um casamento? Parecia mentira, mas não era. Foi como um conto de fadas na minha vida. Hoje eu tenho meu marido e meu filho (Caio). Posso dizer e ensinar o que aprendi aqui, o amor de cada dia. E que eu tenho sim uma família graças a Casa do Menor”.

ANDERSON PEREIRA DO NASCIMENTO, 16 ANOS. ABRIGADO EM ABRIL DE 1993, E ADOTADO EM JUNHO DE 1997 “Minha historia de vida é um pouco complicada de falar, porque o pouco que eu sei é que fui achado numa rodoviária com meses de vida. Eu sei que fui parar na Casa do Menor, ainda sem saber falar a primeira palavra. Hoje eu vejo que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Pois aprendi a ter amor, paz, carinho e respeito. Tive uma família completa. Tão completa que eu na época confiava na funcionaria Maria como se ela fosse minha mãe de verdade. Com o passar dos anos recebi uma benção de Deus, pois ela me adotou de verdade e se tornou minha mãe mesmo. Se eu não tivesse passado pela Casa, com certeza hoje eu estaria na rua, roubando, matando, usando drogas. Por isso digo que a Casa do Menor mudou a historia da minha vida”.


MARIA ROSEMAR DA SILVA, MONITORA HÁ 20 ANOS “O Anderson para mim é tudo. É meu filho sim, igual minha outra filha. Eu nem sei o que fazer sem ele por perto. Ele mudou minha vida. Nem tenho palavras para expressar o meu sentimento que tenho por ele. Eu amo meu filho.”

SHEILA MARA ROSA DUARTE, 27 ANOS. MÃE DA INTERNA ANDRESSA CAMILA ROSA DUARTE. AMBAS PARTICIPAM DO PROJETO CRIANDO LAÇOS “A Casa do Menor representa para mim tudo o que eu não pude e não posso dar para minha filha. A Casa me deu uma vida melhor, estabeleceu um ambiente mais saudável para minha filha. Aprendi também a ter um emprego melhor, pois através do grupo eu faço pintura em tecido e posso até ganhar dinheiro. Depois tomo café da tarde com minha filha. São momentos maravilhosos. O projeto me deu uma luz que antes não conseguia ver no fim do túnel. Por isso se ver alguém criticando a entidade eu brigo mesmo, pois aqui é a melhor coisa que podia acontecer na minha vida e de minha família”.

ZELINA LINO BARBOZA - PROFESSORA DE ARTESANATO “Eu tenho muito carinho com o projeto Criando Laços. Afinal podemos ver em pouquíssimo tempo a elevação da auto-estima das mães que frequentam os cursos. Elas recebem capacitação e podem até adquirir uma renda no futuro. Ao final de cada artesanato eu fico orgulhosa de ver as mesmas mães que entram sem expectativa nenhuma de vida ao final se enchem de orgulho de ver o trabalho feito por elas mesmas. É uma gratificação sem tamanho”.


GINA SANTOS - ASSISTENTE SOCIAL “O meu trabalho na Casa é minimizar a ruptura que as crianças sofrem quando são tiradas de seus lares por estarem em situação de risco. A maior dificuldade apresentada nesses casos é mostrar a elas uma nova maneira de conduzir a vida, impondo limites e respeito. Tratar de crianças tão carentes e que vivem em situações de risco requer muita atenção e cuidado. Pois elas chegam fragilizadas demais. Por isso é necessário um trabalho em equipe para suprir essa necessidade e carência sofrida. Além de fazermos inúmeras dinâmicas, incluírem em todos os projetos adequados para cada idade, as

crianças tem um acompanhamento diária sobre seu crescimento assistencial. Por isso não consigo imaginar essas crianças sem a Casa do Menor”.

ELIETE PERINI - PSICOPEDAGOGA “O meu trabalho desenvolvido na casa é orientar as crianças pedagogicamente, fazendo acompanhamento diário, reforço escolar, monitorando cada um nos projetos. Eu nem saberia dizer o que seria dessas crianças sem a Casa do Menor na vida delas. Acho que fica um ponto de interrogação na minha cabeça. É muito complicado pensar nelas (crianças) sem esse ambiente tranquilo, gostoso e aconchegante.”

ANDRESSA PÉRTIlLE - PRESIDENTE “São 22 anos de história, de famílias reconstruídas, lares refeitos, muitos abrigados e desabrigados. Parando e revendo o passado chego a um balanço muito bom. Afinal, mesmo com as dificuldades e lutas diárias, tenho certeza que minha família teria feito exatamente tudo de novo.”

MARLENE MIRONE – DIRETORA “O meu trabalho é dar um bom andamento a Casa do Menor diariamente, cuidar do funcionamento interno, tudo com respeito, carinho, amor e paz. É preciso integrar os setores da administração, funcionários e familiares dos internos. Como se trata de uma casa que gera muitos custos para se manter em pé, procuro sempre manter contato com empresas para angariar recursos financeiros fazendo então uma parceria com elas. Sempre procuramos fazer o melhor de nós. Se existem pessoas que reclamam de cuidar de dois ou três filhos, imagina coordenar uma equipe para cuidar de 20, 30 filhos. Afinal somos uma família unida com muito amor no coração.”


EXPEDIENTE CASA DO MENOR PADRE ANTONIO CAETANO MAGALHÃES Razão Social: Associação da Assistência ao Menor “Fonte de Água Viva” Endereço: Rua Ositha Sigrist Pongeluppi, 677 – Bairro Morumbi 13140-000 – Paulínia – SP Diretoria responsável Presidente Executiva: Dra. Andressa Renata Pértille – OAB/SP 213.611 Diretora Administrativa: Marlene Lino Mirone Assistente Social: Gina Antonia dos Santos – CRESS 26.493 Contadora: Denize de Fátima Pedronetti de Godoy – CRC/SP 246151/O-6 Professora: Eliete Schrader Perini - MEC 64.814 e 158.574-LP Reportagem: Maurício Pértille - MTB/SP 55.047 e Paulo Mondego - MTB/DF 7900 Projeto Gráfico: RODriGuinho BS




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