Revista Galileu edição especial Bauhaus 100 anos.

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P.10 OS NÍVEIS DE MATURIDADEDE DE DESIGN Exclarecendo os seus seis níveis estágio.

A CIÊNCIA AJUDA VOCÊ A MUDAR O MUNDO - ED. 333 - JUNHO DE 2019

P.14 A FORMA SEGUE A FUNÇÃO

100 anos de Bauhaus

P.16 DOSSIÊ: COLEÇÃO BAUHAUS Coleção de posters

homenageia os 100 anos

BAUHAUS

ANOS

da escola Bauhaus

R$ 16




A importância do design A importância do design as vezes é questionada por alguns empresários e empreendedores. Muitos deles acreditam que design significa fazer produtos bonitos e arrojados ou investir em materiais de comunicação, design gráfico e web design. Na verdade, a importância do design vai muito além da comunicação e da estética. O design é a disciplina responsável por idealizar toda concepção de um produto ou serviço, incluindo seu projeto, a escolha de materiais, métodos de produção, sustentabilidade econômica e ambiental, usabilidade pelo usuário, resistência durante o uso e transporte, ergonomia, cores, texturas, beleza, estética e, além disso, pode se envolver na comunicação, criando logotipos, embalagens e outras peças de publicidade. EDITORA-CHEFE Giuliana de Toledo

gtoledo@edglobo.com.br

QUEM FEZ A CAPA FOTO Tomás Arthuzzi ASSISTÊNCIA Iago Fundaro STYLING Thais Lutti ASSISTÊNCIA Yasmine Borba BEUTY ARTIST Amanda Pris PRODUÇÃO Ina Ramos ASSISTÊNCIA Katia Mendes DIREÇÃO DE ARTE Mary Tanferri

COLABORADORAS DO MES MARÍLIA MARASCIULO @mariliamarasciulo Reportagem de capa

CAMILA ROSA camilarosa.net Ilustrações da matérea de capa

Formada em jornalismo pela UFSC, hoje vive em Los

Começou sua trajetória em 2010 em um coletivo

Angeles, onde estudou roteiro para TV e cinema.

feminino de street art. Já fez trabalhos para

Pesquisa grandes mulheres esquecidas pela história

Spotify, Nike, Benefit, Bust Magazine, entre outros

KAROLINE GOMES karolinegomes.com Reportagem

CATARINA BESSELL @catarinabessell Ilustrações do Antimatéria

Jornalista e pós-graduada em Cinema. É sócia

Já ilustrou de dez livros infantis e infantojuvenis.

na agência de jornalismo Entreviste um Negro e

Acaba de voltar de uma temporada em Londres.

criadora do projeto EdoMapa, pauta nesta edição.

onde estudou texto e ilustrações para criança.

MARIA CLARA VIEIRA mariaclaravieira.com Reportagem do Dossiê

MARIANA COAN marianacoan.com Ilustrações em papel no Dossiê

Mestre em comunicação pela USP, adora escrever

Define-se como uma "caipira viajante que desenha,

sobre saúde e comportamento. Já colaborou para

corta e cola". Antes de trabalhar como ilustradora

revistas como Época Negócios, Glamour e Crescer.

independente, foi editora de arte na Editora MOL.

FERNANDA FERRARI be.net/fernandafoli Designer freelancer na edição

UNIVERSO universo.com Ilustrações

Designer e artista multidisciplinar, já passou por

O estúdio Universo tem à frente as irmãs Nadiuska

redações como as de Época e Galileu, além do bureau

e Priscila Furtado, artistas visuais nascidas e

de tendências WGSN. Nas horas (não) vagas, é DJ

criadas no Cariri, hoje radicadas em Fortaleza (CE).


COMPOSIÇÃO

A N T I M AT É R I A 08

O QUE É DESIGN?

M AT É R I A S 14

Quem são os designer e quais são

A FORMA SEGUE A FUNÇÃO

24

100 anos de Bauhaus

Falando sobre criatividade e como

sua áreas de atuação?

08

10

DESBRAVANDO O TEMA

ENTREVISTA: CHARLES WATSON fomentar o processo criativo

16

DOSSIÊ: COLEÇÃO BAUHAUS

28

PANORÂMICA: KAI STIPEL

Mas não se trata somente sobre a

Coleção de posters homenageia os

Mostrando suas ultimas fotos

parte visual

100 anos da escola Bauhaus

gastronômicas

OS NÍVEIS DE MATURIDADEDE DE DESIGN

20

QUEM ERA QUEM NA BAUHAUS?

E exclarecendo os seus seis níveis

Matéria apresenta quem eram as

estágio.

pessoas envolvidas com a Escola Bauhaus

28

QUER QUE EU DESENHE? Ilustrações feitas por Adam Quest


CONSELHO

DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar DIRETOR EDITORIAL: Fernando Luna DIRETORA DE MERCADO ANUNCIANTE: Virginia Any DIRETOR DE AUDIÊNCIA: Christiano Nygaard

DIRETORA DO GRUPO CASA E JARDIM, CRESCER, GALILEU, MONET E TECHTUDO: Daniela Tófoli REDAÇÃO DIRETOR DE REDAÇÃO: Luís Alberto Nogueira EDITORA-CHEFE: Giuliana de toledo DIRETOR DE ARTE: Felipe Eugêncio (Feu) EDITORES: Isabela Moreira e Thiago Tanji REPÓRTER: Felipe Floresti DESIGNERS: Mary Tanferri e Mayara Martins ESTAGIÁRIAS: Carina Brito e Giovanna Forcioni (texto) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: A. J. Oliveira, Aline Batista, André Bernardo, Caio Deicolli, Henrique Januario, Karoline Gomes, Luiza Baptista, Maria Clara Vieira, Marília Marasciulo, Naiara Albuquerque e Nathalia Fabro (texto), Amanda Pris, Bernado França, Camila Rosa, Catarina Bessel, Fernanda Ferrari, Fernando Molina, Iago Fundaro, Ina Ramos, Katia Mendes, Mariana Coan, Thais Lutti, Tomás Arthuzzi, Studio Oz, Uinverso e Yasmine Borba (arte), Monique Murad Velloso (revisão) E-MAIL DA REDAÇÃO: galileu@edglobo.com.br

ESTRATÉGIA DIGITAL COORDENADOR: Santiago Carrilho DESENVOLVEDORES: Fabio Marciano, Fernando Raatz, Marden Pasinato, Matheus Domingos e Raphael Rappoli ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO DIGITAL GERENTE: Silvia Balieiro MERCADO ANUNCIANTE VAREJO, TELECOM, ELETROELETRÔNICOS, TI, TURISMO, ESPORTE, LAZER, CULTURA, ENTRETENIMENTO, MÍDIA - Diretor de Negócios Multiplataforma: Ciro Horta Hashimoto, Executivos Multiplataforma: Christian Lopes Hamburg e Roberto Loz Junior. MODA, DECORAÇÃOSAÚDE, BELEZA, HIGIENE PESSOAL E DOMÉSTICA, TURISMO - Diretora de Negócios Multiplataforma: Sandra Regina de Melo Pepe, Executivos Multiplataforma: Caio Capriolli, Eliana Lima Fagundes, Fátima Regina Ottaviani, Jessica de Carvalho Dias, Lilian de Marche Noffs e Rodrigo Girodo. MONTADORAS, MOBILIDADE, INDÚSTRIA, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, GOVERNO SP, AGRO, COMPANHIAS AÉRIAS - Diretor de Negócios Multiplataforma: Renato Augusto e Cassis Siniscalco. Executivos Multiplataforma: Cristiane Soares Nogueira, Diego Fabiano, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva. MERCADO FINANCEIRO, SEGUROS, EDUCAÇÃO, IMOBILIÁRIO, E CONSULTORIAS - Diretor de Negócios Multiplataforma: Emiliano Morad Hansenn. Executivos Multiplataforma: José Carlos Brandão, Milton Luiz Abrantes e Selma Teixeira da Costa. ESCRITÓRIOS REGIONAIS - Gerente Multiplataforma: Larissa Ortiz, RIO DE JANEIRO - Executiva Multiplataforma: Daniela Nunes Lopes Chahim. OPEN OFFLINE - Carlos Roberto de Sá e Douglas Costa. OPEC ONLINE: Danilo Panzarini. EGCN - Consultora de Marcas: Olivia Cipolla Bolonha. DESENVOLVIMENTO COMERCIAL E DIGITAL - Diretor de Desenvolvimento Comercial e Digital: Thiago Joaquim Afonso. G.LAB: Edward Pimenta. PROJETOS ESPECIAIS EVENTOS: Carlos Raíces. AUDIÊNCIA Diretor de Planejamento de Vendas: Ricardo Tarrazo Perezm

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EDIÇÃO 332

Março de 2019

Nosso grupo de conselheiros avalia edição que abordou sobre o "lugar de mulher é na ciência" REPORTAGEM DE CAPA Fundada há 100 anos pelo arquiteto alemão Walter Gropius, a Escola Bauhaus deixou marcas profundas que ecoam até hoje. A importância que ela tem é indiscutível, mas muita gente desconhece sua origem.

PEDRO TÁVORA São José dos Campos, SP

ETREVISTA DO MÊS Bastante informativa e sem radicalismo. Muito bem fundamentada e sem falsas promessas de resolver o problema do leitor. Tirei dicas muito úteis dela e já percebo diferença.

DENIS GONÇALSVES Duque de Caxias, RJ

MENSA BRASIL Desde os anos 80 os designers tentam levar a frente o projeto de regulamentação da profissão. O projeto, que já foi arquivado sete vezes, foi finalmente aprovado pelo Senado Federal e encaminhado para a sanção da presidente. Pela proposta (O PLC 24/2013, do deputado Penna (PV-SP)

NATHALIA IKUMA Dubai (Emirados Árabes Unidos)

DOSSIÊ QUADRINHOS O layout forçou [nas fotografias] nos personagens hiperconhecidos, mas não nos brasileiros. Ora, a matéria é essencialmente sobre história em quadrinhos nacionais...

CADU FONSECA Brasília, DF

LICENCIAMENTO DE CONTEÚDO (11) 3767-7005 vendas_conteudo@edglobo.com.br ASSINATURA 4003-9393 www.sacglobo.com.br

Para se corresponder com a redação endereçar cartas à editora-chefe, GALILEU. Caixa postal 66011. CEP 05315-999, São Paulo/SP. FAZ: (11) 3767-7707

O QUE É O G.LAB O G.LAB produz conteúdo customizado para a empresas que contratam os seus serviços. Eles são identificados por expressões como ”apresentar”, ”apresentado por”, ”oferecimento”, ”especialmente publicitário”, ”conteúdo publicitário”, ”publieditorial”, ”promo” e a marca da empresa patrocinadora.

O Bureau Veritas Certification, com base nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório de Verificação, adotando um nível de confiança razoável, declara que o invetário de Gases de Efeito Estufa - Ano 2012 da Editora Globo S.A é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações de GEE sobre o período de referência para o escopo definido: foi elaborado em conformidade com a NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol.

COMPLEMENTO Aos leitores que sentiram falta de imagens de gíbis do Brasil no Dossiê, indicamos esta matéria que explica como ler gratuitamente obras clássicas do país: glo.bo/2S7SQcl

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RevistaGalileu

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ANTIMATÉRIA FOTOS

FEITOS

NOTAS

O QUE É DESIGN?

NÚMEROS

INFOGRÁFICOS

Quem são os designers e quais são suas áreas de atuação?


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Diferente do que muitos pensam, design não é somente deixar algo mais bonito. Design é uma palavra que pode ter muitos significados dependendo do contexto, como por exemplo: Design e arquitetura de um software; Design visual de um aplicativo ou website; Design de uma revista; Design de soluções para um problema de gestão. E por aí vai… O termo design abrange muitos contextos e situações diferentes. E muitos deles talvez nem tenham relação um com o outro.

D

Mas não se trata somente sobre a parte visual. Mas e por que existe essa confusão sobre design ser somente algo visual?

Porque na grande maioria dos casos o “entregável” de um projeto de design é algo visualmente agradável. Porém a característica visual nem sempre é 100% do projeto, existe muitas outras características como o problema que foi solucionado e como. Alexandre Wollner foi um pioneiro do design Brasileiro e disse o seguinte: “Design é projeto, não ilustração. Capa de disco não é design, caixa de sabão em pó não é design. Se eu projetar a caixa para fazer com que o pó caia facilmente, isso é design. Mas pegar uma caixa quadrada ou retangular e pinta-la de vermelho e branco não é.” O que o Wollner quis dizer com “projeto?” Basicamente é um processo com várias etapas para chegar à uma determinada

solução. No exemplo que ele citou seria pensar em uma possível solução para uma caixa que faça com que o pó caia facilmente. Percebeu que não tem nada de visual nisso? É basicamente função da forma. “A forma segue a função” – Louis Sullivan Eu acredito que design é muito mais do que somente projeto. Design é comportamento, mindset e até mesmo um estilo de vida. É um jeito não linear de pensar, uma lógica no CAOS. Design é sobre entender pessoas. Design é sobre dar vida às coisas. Design é sobre entender profundamente um problema e buscar maneiras de solucionar ele. Design está presente em quase tudo na nossa vida, desde os produtos que usamos no dia-a-dia e até mesmo em serviços e experiências do nosso cotidiano. E tudo isso foi pensado com um único objetivo: Resolver problemas. Mas e como tudo isso é feito? Depende. Depende do contexto, do problema e da área de atuação e da meto-


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dologia que será utilizada. Mais adiante nesse artigo eu explico em detalhes como funciona tudo isso e quais são as áreas do design, continue lendo para saber mais. Antes de você entender como o que é design você precisa entender…

O que não é considerado Design? Agora que você já sabe que design é sobre resolver problemas, eu vou te mostrar o que de fato não é design. Arte Sim. Por incrível que pareça, design não é arte. Arte é uma maneira de você expressar algo, como um sentimento, emoção ou sensação através de alguma coisa (nem sempre estética ou visual). Arte é algo que eu acho incrível e respeito demais. Porém é bem diferente de design. O profissional que trabalha com design não é um artista, ele é a pessoa responsável por pensar em como resolver um problema

de maneira criativa. Design não é somente sobre deixar as coisas mais bonitas, assim como eu disse anteriormente: Design é sobre resolver problemas! Existem muitos fatores que você precisa considerar antes de somente tentar resolver algo deixando “mais bonito”. É preciso pensar em cada aspecto e considerar todas as possíveis variáveis do problema que você está tentando resolver, não somente a parte estética e visual. Photoshop, Illustrator e Corel Draw Ferramentas são somente ferramentas, elas por si só não são responsáveis pelo design. São somente uma maneira de criar algo. Nós designers temos um gigantesco arsenal de ferramentas e devemos utilizar cada uma delas conforme o contexto e a necessidade do projeto. O foco de um designer jamais deve ser somente ser melhor e mais expert em ferramentas. Lembre-se, ferramentas são somente um meio de atingir um resultado.

Design não é desenho Quem faz desenho são ilustrados, e essa é uma área completamente diferente. Apesar de ambas lideram com aspectos visuais, a área da ilustração está mais relacionada à arte.

Design ou designer? Qual a diferença?

Essa é uma confusão básica, mas é bem simples. Design é o segmento, assim como é Engenharia, Tecnologia da Informação, Direito, etc. Designer é o profissional que atua na área, assim como seria um Engenheiro ou um Advogado. Quando você quiser se referir à uma pessoa que trabalha com design, você dirá: “O Gabriel é uma pessoa que trabalha com Design em Porto Alegre” Caso você queira se referir ao cargo de uma pessoa, seria o seguinte: Gabriel é um Designer que trabalha


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em Porto Alegre. “Design é projeto, não ilustração. Capa de disco não é design, caixa de sabão em pó não é design. Se eu projetar a caixa para fazer com que o pó caia facilmente, isso é design. Mas pegar uma caixa quadrada ou retangular e pinta-la de vermelho e branco não é.”

Os níveis de maturidade de Design

Como foi dito anteriormente, design não se trata somente sobre aspectos visuais. Design é sobre resolver problemas através de várias abordagens e estratégias, a parte visual está dentro de algo muito maior. Em Design existe algo que chamamos de Níveis de maturidade, que é algo que diz respeito sobre o quão evoluído e maduro uma pessoa ou empresa é em termos de design. E isso faz parte do aprendizado sobre o que é design, entender cada nível e saber identifica-lo.

Estágio 4: Design como estratégia

Estágio 3: Design como processo

Estágio 2: Design como estilo

Estágio 1: Não tem design

Principal estratégia de inovação e desenvolvimento

Design é indispensável no desenvolvimento

Vê relevância apenas na parte visual do design

Design não está presente no desenvolvimento

Estágio 1: Não tem design Não conhece design e não vê nenhum tipo de valor agregado na prática. Normalmente aqui estão pessoas de outra geração que não tiveram muito contato com resultados do design. Estágio 2: Design como maquiagem Apenas vê relevância nos aspectos visuais do design. É o tipo de pessoa que contrata um designer para deixar algo mais bonito. Ainda não vê design como uma maneira de solucionar problemas. Estágio 3: Design como processo de criação e solução

É quando o design já é visto com outros olhos, nesse estágio são utilizadas técnicas de criação e prototipação tais como design thinking, double diamond, etc. Estágio 4: Design como cultura Nesse estágio design já é algo que faz parte da cultura de uma empresa ou estilo de vida de uma pessoa. Um bom exemplo são empresas como a Google, Apple ou Netflix. Tudo que essas empresas criarem ou pensarem vai ser baseado em design, tudo. Identificar os níveis de maturidade de design de uma empresa é uma ótima maneira para escolher o local onde você almeja trabalhar.



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A FORMA SEGUE A FUNÇÃO: 100 ANOS DE BAUHAUS

A Primeira Guerra Mundial chegava ao seu fim há quase cinco meses. A Alemanha, derrotada e humilhada, havia assinado o Tratado de Versalhes e se rendido às condições da Tríplice Entente. Com isso, sua economia estava dizimada e, por conseguinte, tornar-se-ia necessário o acesso rápido e de baixo custo aos produtos e serviços no país. Buscava-se, então, a simplificação da forma e a produção em massa do que era construído. Então, a primeiro de abril de 1919, na República de Weimar, o arquiteto alemão Walter Gropius (1883–1969) fundava o que viria a ser a escola de arte mais influente de todos os tempos. Um templo de criatividade, arte, design e arquitetura. Um espaço único com ideias revolucionárias tanto em seus projetos quanto no modo de convivência social.

A

O estilo Bauhaus carregava consigo o design minimalista, simples, que fundisse a beleza com a função. Grandes artistas tiveram seus nomes eternizados ali como professores, como Paul Klee, Wassily Kandinsky, Mies van der Rohe, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Eileen Gray e Gunta Stölzl. A arte da Bauhaus se estendia por diversas artes, pintura, escultura, arquitetura, design, tipografia, música e tecelagem. Os alunos eram incentivados a trabalhar com as formas em madeira e outros materiais para que pudessem se conectar com as possibilidades. Os artistas, tanto alunos quanto professores, levavam à escola conceitos e movimentos consolidados ou que surgiam na época, como o impressionismo, neo-impressionismo, expressionismo — o alemão teve um impacto forte na arte, principalmente no cinema, com clássicos como Nosferatu e

O Gabinete do Dr. Caligari — , futurismo, dadaísmo e surrealismo. Pensava-se ainda nos modelos do construtivismo russo, simples e eficaz principalmente em suas propagandas, no movimento holandês De Stijl e no movimento de pintura alemã. Em Weimar, a escola passou por um momento de rupturas, recrutamento de ideias e ações, experimentação de teorias. O período durou até 1925, quando Hannes Meyer, buscou reduzir custos na sede em Dessau (1925–1932), onde a escola viveu seu auge. O estudo sobre as cores e formas básicas — área das aulas de Kandinsky — perdeu espaço neste período, dando lugar aos projetos de moradia.

Amarelo, Vermelho, Azul — Kandinsky


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A arte incomodativa da Bauhaus invadiu o campo da tipografia a 1925, quando Herbert Bayer sugeriu o fim das letras maiúsculas para impressões e propagandas apenas para melhor gerir o tempo e o custo, mas prevalecendo a ideia da identidade corporativa da escola. Apesar de ser um símbolo da modernidade, este ato foi tratado como uma subversão política. Em um país onde os substantivos começam com letras maiúsculas, onde havia um crescimento do pensamento conservador e o medo de uma ameaça comunista pela expansão da extinta URSS, cartas com destinatário em letras minúsculas eram rasgadas pela administração municipal.

Tipografia de Bayer

Meyer defendia uma ideia de “proletarização” da Bauhaus, levando o minimalismo da arte para as casas sociais, lugar onde o trabalhador apenas usaria para seu descanso e, consequentemente, não precisaria de tantos utensílios dentro, focando na função.

A ideia não era apenas propor uma nova estética, repensar os traços e idealizar uma nova arte, mas também divulgar e promover mudanças sociais, quebras de paradigmas, misturando a modernidade e a inteligência, criatividade. Era imprescindível a qualidade do material e a sua inquestionável funcionalidade atreladas à sua forma e harmonia.

Wassily Chair — Marcel Breuer

A Bauhaus, porém, não era apenas uma escola de arte e de pensamentos livres, simples e progressistas. Também sediava inúmeras festas, várias à fantasias extravagantes. Supõe-se ter havido cerca de 70 casamentos no período em que a Bauhaus existiu. Noites de teatro e espetáculos. A sua pouca importância às tradições causavam furor e escárnio até mesmo de outros artistas mais convencionais e filósofos, como Theodor Adorno, Theo van Doesburg e Ernst Bloch. A direção então foi assumida por Mies van der Rohe, que levou a sede para Berlim

Wassily Chair — Marcel Breuer

(1932–1933), que foi fechada definitivamente pelo então Chanceler da Alemanha, Adolf Hitler. Alguns ex-membros da Bauhaus — após ser fechada — chegaram a trabalhar no Reich, como Mies van der Rohe. Alguns por receio de perseguição, outros por compartilhar com algumas ideias daquele Zeitgeist. Vários fugiram para outros países, principalmente EUA, onde difundiram suas ideias para outros centros de estudos artísticos. É curioso pensar que foi justamente sua “queda” que representou sua ascensão. O fim da Bauhaus ocasionou em uma disseminação de cada aluno e professor da escola aos lugares para onde se mudaram após o evento. Com isto, a alma da arte moderna, a mãe influenciadora manteve-se viva e continua influenciando até os dias de hoje. Atualmente, o minimalismo continua sendo um grande conceito, presente na arte e na vida na forma de organização.


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DOSSIÊ POSTERS 100 ANOS BAUHAUS

COLEÇÃO DE POSTERS HOMENAGEIA OS 100 ANOS DA ESCOLA BAUHAUS

COM Xavier Exclusa


Em 2019 é o ano que marca os 100 anos da Bauhaus Foundation, escola fundada por Walter Gropius em Weimar e depois transferida para Dessau em 1925 e por último fechada em 1933 em Berlim por pressão dos Nazistas. Apesar de ter durado apenas 14 anos, a escola foi um marco na história das artes e arquitetura, sendo reconhecida e usada como inspiração até os dias de hoje. O termo Bauhaus literalmente significa “construindo casa”, que é interpretado como Escola de Construção, mas apesar do nome e seu fundador ser um arquiteto, a escola não possuía um departamento de arquitetura nos seus primeiros anos de existência. Foi fundada com a idéia de abranger todas as artes, incluindo arquitetura, e pouco depois se tornou uma das maiores influências no design e arquitetura da história.

E

Os posters da matéria foram criados por Xavier Esclusa Trias e são inspirados no movimento mais importante da história do design.




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Quem era quem na Bauhaus? Walter Gropius Organizou e dirigiu a Bauhaus em seu primeiro endereço, em Weimar, de 1919 a 1925. De família de construtores, o arquiteto foi responsável pelo nome da Bauhaus (do alemão, casa de construir) e pelos conceitos que marcaram a primeira e mais longa fase da escola. Criou alguns dos mais importantes exemplares da arquitetura desenvolvida na instituição, como o edifício que a escola ocupou a partir de 1925, em Dessau. A ele se credita a frase que dali para sempre se tornaria um dos mantras do design industrial: “a função determina a forma”.


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Marcel Breuer Húngaro de nascimento, foi aluno e depois professor da Bauhaus. Seus edifícios influenciaram decisivamente a arquitetura internacional, sobretudo com os arranha-céus de aço e vidro que projetou com Mies Van der Rohe nos Estados Unidos, depois que ambos deixaram a Alemanha nazista. Mas foi também um grande autor de mobiliário: sua peça mais lembrada (e vendida no mundo até os dias de hoje) é a cadeira Wassily, que o arquiteto assim batizou em homenagem ao pintor e colega de escola, Wassily Kandinsky.

Hannes Meyer Diretor da fase central – e mais profícua – da instituição, durou apenas dois anos no cargo: de 1928 a 1930. Sua gestão ocorreu até que o governo alemão se deu conta de sua filiação ao Partido Comunista. Meyer defendia a criação de uma “nova casa”, que para ele deveria ser, antes de tudo, “uma obra social”. Faziam parte do projeto do arquiteto suíço as ideias de acabar com o desemprego no setor e rever a organização dos trabalhos caseiros, para que “a dona de casa se libertasse da escravidão doméstica”. Na sua gestão, todos os professores, alunos e funcionários participavam das decisões importantes da Bauhaus.


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Ludwig Mies van der Rohe Diretor durante a terceira e mais dura fase da escola, em Berlim, Ludwig Mies van der Rohe tem uma trajetória muito semelhante à da escola que ajudou a manter. Aprendiz de escultura na oficina do pai ainda aos 14, sofreu (como a instituição) influência da arquitetura soviética, sem se filiar a ela, desenvolveu o uso de metal e vidro em escalas nunca antes pensadas e levou para fora da Alemanha o que por lá teve de parar de pesquisar. Os grandes edifícios de aço e vidro de Nova York e Chicago são copiadíssimas provas disso.

Gunta Stölz Foi uma das poucas mulheres entre os mestres, como eram chamados os professores da Bauhaus. Entrou como aluna e fortaleceu uma das áreas menos valorizadas na escola, a arte têxtil. Foi graças à sua insistência com o departamento, ocupado só por mulheres, que a técnica vista como artesanato passou a ser reconhecida como ofício criativo – seu esforço fez com que o design de superfície se tornasse profissão. Suas estampas são reproduzidas até hoje pela indústria têxtil do mundo todo.


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Wassily Kandinsky Considerado como o introdutor do abstracionismo na arte, o pintor russo começou a dar aulas na Bauhaus por convite de Gropius, naturalizando-se alemão. Kandinsky era adorado por seus alunos pelo pioneirismo aliado à grande erudição – ao currículo de artista, o pintor somava o de jurista, economista e escritor. Na década de 1930, quando ao lado de colegas era acusado de propagar uma arte degenerada de vocação comunista, passou ao mesmo tempo a ser malvisto pelo governo soviético, que antipatizava com a internacionalização de seu trabalho.


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ENTREVISTA

Charles Watson

Fala sobre criatividade e como fomentar o processo criativo

COM Cristina Serra

COM Felipe Floresti


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“As pessoas não nascem criativas, elas se tornam criativas”.

garante criatividade. Por exemplo, ninguém nasce sabendo tocar piano, as redes neurais envolvidas em tocar piano surgem com a prática. Pode haver uma predisposição, mas não isso não é definitivo. Como o desenvolvimento da criatividade pode ser fomentado?

A sentença é fruto do trabalho do escocês Charles Watson, radicado no Brasil há 40 anos e autoridade quando o assunto é processo criativo. Formado em artes na Bath Academy, na Inglaterra, e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Watson ministra cursos disputadíssimos – como o que ocorre em Florianópolis neste final de semana –, nos quais propõe reflexões e o desenvolvimento da capacidade criativa no mundo dos negócios, principalmente em tempos de crise econômica.

Depende de como cada um quer sua vida, mas há certas vantagens se o processo começar cedo. O cérebro é mais flexível quando as pessoas são muito jovens, tem mais espaço disponível para ser desenvolvido. Existe uma certa competição no cérebro: áreas mais usadas se desenvolvem mais, por isso, se você começa uma atividade cedo, isso te dá mais vantagens. Outro ponto, é que é muito raro que jovens bem dotados se transformem em adultos criativos. Ao contrário do que parece, pessoas muitos criativas aprendem com as dificuldades, não facilidades.

A criatividade pode ser desenvolvida nas pessoas ou é algo que nasce com elas?

A realidade social dos indivíduos interfere no processo criativo?

As pessoas não nascem criativas. Nascem com aparelhagem para poderem se tornar criativas. Isso não é suficiente, nem

Tendo a achar que em qualquer que seja o setor da sociedade, você sempre vai encontrar pes-


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soas reclamando da situação e outras superando seus limites. Outra questão importante é educacional. Uma pessoa pode mostrar uma capacidade criativa, mas isso, muitas vezes, é reprimido por uma falta total de educação. Estamos em uma situação ridícula em termos de educação no Brasil. Somos a sétima economia do planeta e o 54º país em termos de investimento do PIB em educação. Isso é vergonhoso. O futuro do país não é a soja, nem o pré-sal, são as pessoas. Enquanto esse investimento não for feito, vamos ter problemas. O que bloqueia o processo criativo?

São inúmeros os motivos. Talvez, os mais potentes e populares são bloqueios por pessoas que acham que não podem ou devem errar. Todo criador, de qualquer área, sabe que se você não erra, você nunca foi para um lugar desconhecido. A sociedade faz expectativas irreais e idiotas sobre isso, achando que o sucesso tem que ser garantia para alguém, e uma pessoa que é chamada de bem sucedida reluta em arriscar. Ela tende a se cercar

com problemas e situação que já lhe são familiares em vez de arriscar em áreas novas. A falta de tempo para o ócio criativo pode ser um bloqueador?

O ócio criativo são pequenos intervalos entre períodos longos de trabalho. Algumas pessoas acham que é só não fazer nada que as ideias caem do céu. Não se trata disso. Você só é capaz de perceber significantes acidentes quando está muito preparado dentro da sua área. O acaso favorece apenas uma mente muito bem preparada. O conceito de criatividade sempre esteve ligado às artes, como incorporá-lo na vida social e no mundo dos negócios?

Criatividade associada com arte tem um motivo. Normalmente, trabalhos artísticos são mais associados com pensamentos divergentes, enquanto negócios normalmente são associados com o pensamento convergente. A verdade é que as pessoas que fazem a diferença nas suas áreas são uma minoria. Há tanto “funcionalismo público” na arte


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como em qualquer outra área. Qual a importância da interdisciplinaridade nos processos criativos?

Uma vez que criatividade é caracterizada pela capacidade de ver improváveis ligações entre assuntos diferentes, na medida em que você tem experiência em áreas diferentes, me parece que pode ser vantajosa a multidisciplinaridade. Muitas pessoas que se mostraram notáveis nas suas áreas tendem a ter diferentes interesses e curiosidades em outras áreas. Ao mesmo tempo, é importante mencionar que interdisciplinaridade vai ser complementar ao processo criativo. Não se pode confundir multidisciplinaridade com mente de borboleta, que fica indo de um lado para outro sem pousar em nenhum lugar. De que forma é possível tratar de um assunto como a criatividade para públicos tão diferentes?

Os fatores importantes no processo criativo superam as diferenças de linguagens. Tem

momentos que posso tocar cientistas citando poetas, por exemplo. O fato de ter um público variado é vantajoso, porque você conta com uma abrangência maior em disciplinas diferentes, que ajudam a encontrar semelhanças nas questões. As palestras, são bastante intensas e são ilustrados com filmes, entrevistas, citações, etc. Em um dos módulos, damos ênfase na comparação entre sistemas biológicos. O momento que vivemos, de extrema aceleração e de quantidade inimaginável de dados, assemelha-se ao imenso sistema de biodiversidade. Podemos aprender muitas lições aprendendo esses sistemas e fazendo analogias. Na tua opinião, qual a melhor referência contemporânea quando o assunto é criatividade?

Uma disciplina, que não é necessariamente nova, mas sim suas conclusões… A área que conhecemos como neurociência tem descoberto mais sobre o funcionamento do nosso cérebro nos últimos anos do que descobrimos em toda história da humanidade.


PANORÂMICA FOTOS KAI STIEPEL / MUNICH, GERMANY Acredito que as melhores experiências de marca estão enraizadas no pensamento claro e na rica narrativa. Quando os itens despertam do sono, descobrimos uma nova verdade no fundo. A vida é a minha maneira de fazer valer a pena essa verdade.



QUER QUE EU DESENHE? POR ADAM QUEST Adam Quest desde criança já sabia que queria ser ilustrador. Aprendeu com irmão mais velho. Lembra de ter feito o desenho de um carro que gostou muito e continuou desde então. Quando adulto se formou em design, em seguida abriu se estúdio criativo chamado Caixa Amarela que presta serviços para grande empresas.




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