Revista Janela
Buscar por termo
Menu
“OS PEQUI QUÉ DOMINÁ O MUNDO!”
Título Original:
O Pequi
Gênero:
Trash
País:
Brasil - Goiás
Duração:
9'04''
CARLOS CIPRIANO Professor, realizador audiovisual e presidente da ABD/GO e do Conselho Estadual de Cultura.
Arquivado 19/11/2012
em:
O PROCEDIMENTO DE PARODIAR FILMES DE SUCESSO NÃO É NOVIDADE. O ALCANCE DOS FILMES PARODIADOS FACILITA A ADESÃO AOS ENREDOS AVACALHADOS, PROPORCIONANDO UM RECONHECIMENTO (QUASE) IMEDIATO DAS REFERÊNCIAS PELO PÚBLICO DO CINEMÃO, MESMO QUE RESSIGNIFICADOS EM UM UNIVERSO FICCIONAL REPRODUZIDO COM BASTANTE LIBERDADE. Antes mesmo de se tornar comum em Hollywood, a prática foi adotada no Brasil por Ivan Cardoso, em seu estilo “terrir” – que veio à luz nos anos 1970 e em glorioso Super-8. Para Ivan, a parada é a paródia. A evocação da figura de Ivan Cardoso serve aqui como propósito
http://janela.art.br/criticas/os-pequi-que-domina-o-mundo[28/02/15 08:51:53]
Receba as atualizações da Janela no seu email
Revista Janela
para apresentar os filmes de Rodrigo Assis (conhecido por “Horse”), mais especificamente a série batizada de “Saga do Pequi”, realizada em Goiânia na década primeira do século XXI. Assim como Ivan, Horse vai se iniciar no divertido ritual de “brincar” de fazer cinema parodiando gêneros ficcionais consagrados – ou um emaranhado de cenas específicas de vários filmes que ele tenha assistido. Proposta que resulta na exacerbação dos clichês, escancarando pretensões e falsidades de um cinema que se leva a sério demais. O primeiro episódio da “saga” intitula-se O Pequi e foi gravado em 2005. Curiosamente, um remake seria feito por Horse anos depois, de forma menos amadora, digamos assim, seguindo praticamente o mesmo roteiro, mas com outros atores. Esse remake deflagraria um processo de criação coletiva na continuidade do enredo, gerando novos episódios, com liberdade para voltar e avançar no tempo diegético, e inserir outros personagens, a partir da contribuição dos atores que foram se aproximando do projeto e palpitando à vontade. Improviso é um traço. Criação colaborativa e coletiva é outro. Curtição também. Rodrigo veio do teatro, sendo ator nos anos 1990 e depois iluminador (ofício que segue até hoje, no qual é conhecido e requisitado profissional). Foi motivado a realizar seus primeiros filmes, como vários jovens goianienses, a partir do surgimento de festivais na capital do estado. Em seu caso particular, primeiro pela Trash – Mostra Goiana de Vídeos Independentes; depois pela Mostra de Vídeos Caseiros do FestCine Goiânia, onde obteve prêmios com seus filmes de baixo orçamento assinados pela Só Ré Produções. O enredo do primeiro episódio da “Saga do Pequi” trata da invasão do mundo por alienígenas cuja estratégia de dominação planetária se materializa no uso de pequis infectados com biotecnologia extraterrestre, distribuídos aos humanos em marmitas entregues por um restaurante de fachada. A trama é a seguinte: Uma garota surge apanhando pequis num bosque ermo, ao som da trilha de um famoso filme de terror. Corta para a rotina de um sujeito “laricado”, que encontra um presente na porta de sua casa: uma marmita. Depois de devorar o pequi, o sujeito (Sérgio Valério) vomita uma enorme aranha de traseiro amarelo, devidamente envolvida por uma gosma de mesma cor. A aranha repelida o ataca. – “Os pequi qué dominá o mundo!” – é a conclusão a que chega a vítima… Novo corte nos leva ao antro do líder dos alienígenas (Hélio Fróes), onde o telefone toca com insistência. É mais um pedido de marmita delivery, na qual o chefe dos malvados aliens insere sua arma letal. A marmita será entregue por sua assistente Suzy (Karine Ramaldes), a garota que catou os pequis no início do curta. Como dito no início, nada de novidade no procedimento. Nada de muito inventivo nos filmes trash do Horse. O que há de “original” é a ressignificação de um objeto associado à chamada “goianidade”, num universo de citações diluídas,
http://janela.art.br/criticas/os-pequi-que-domina-o-mundo[28/02/15 08:51:53]
Revista Janela
reembaralhadas pelo jogo de brincar de fazer cinema imitando o cinemão. Em O Pequi, ocorre uma inversão de valores do fruto caro à “goianidade”, em tom de pilhéria total. O pequi – no melhor dos sentidos pejorativos – ganha aqui a dimensão de agente do “mal”. É comer para ver… Assista o filme.
GOSTOU DESSE CONTEÚDO? SINTA-SE A VONTADE PARA COMPARTILHÁ-LO.
http://janela.art.br/criticas/os-pequi-que-domina-o-mundo[28/02/15 08:51:53]
Revista Janela
INSTITUCIONAL janela.art.br janela@janela.art.br A Revista Janela é uma iniciativa da Panaceia Filmes .
Início Quem somos Equipe Anuncie Contato
http://janela.art.br/criticas/os-pequi-que-domina-o-mundo[28/02/15 08:51:53]
Receba as atualizações da Janela no seu e-mail