Rizomas suburbanos anexo 2 entrevistas

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ANEXO 2

RODRIGO CUNHA BERTAMÉ RIBEIRO RIO DE JANEIRO - 2016


Sumário Camaleões do Subúrbio ................................................................................................................... 1 Guiadas Urbanas ............................................................................................................................... 2 Norte Comum ................................................................................................................................... 5 Subúrbio em Transe ......................................................................................................................... 8 Barbie Suburbana ............................................................................................................................ 10 Bicicleteiros Suburbanos ................................................................................................................ 12 Choro Suburbano............................................................................................................................ 14 Show "Ah, Bangu". ......................................................................................................................... 16 Honório Gurgel Coletivo............................................................................................................... 18 A Banca Dá Poesia ......................................................................................................................... 21 Perto do Leão Etíope do Méier .................................................................................................... 23 Memórias do Subúrbio Carioca .................................................................................................... 26 Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá – IHGBI .................................................... 28 Movimento Visão Suburbana ........................................................................................................ 32 Suburbano da Depressão ............................................................................................................... 34 Um Coração Suburbano ................................................................................................................ 37 Velho Oeste Carioca ....................................................................................................................... 39 Verdejar Sócio-ambiental ............................................................................................................... 41 Vista Alegre + Verde ...................................................................................................................... 43


Camaleões do Subúrbio A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Camaleões do Subúrbio

ÁREA DE ATUAÇÃO

Sarau – Poesia - Música

BAIRRO

diversos

CONTATO

seedorfogo@gmail.com e grupo no facebook

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: a importância de um grupo como Os Camaleões do Subúrbio é grande, pois ele não é um grupo fechado, assim sendo ele transmite um idéia de criação coletiva. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: Sensibilizar as pessoas através da Poesia, na internet e participando de saraus pela cidade do Rio de Janeiro, o grupo tem 5 anos de existência. O que você entende por subúrbio? Resposta: São os bairros que circundam o centro da cidade. O que você pensa sobre ser suburbano? Resposta: O suburbano é muito criativo. Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: O subúrbio ou periferia no Rio de Janeiro são os bairros mais distantes do Centro e da Zona Sul, porém este conceito tem mudado com o passar dos tempos e também com os novos adventos tecnológicos. O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: A Simpatia. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: As pessoas em geral gostam muito do grupo e tem o desejo de querer participar. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Uma maior comunicação/interação entre as pessoas. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: Incentivar as pessoas a lerem Poesia, a refletirem mais e se tornarem mais críticas e integrar cada vez mais a cidade. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Pensamos em viabilizar projetos junto ao governo para realizarmos saraus em praças e espaços culturais públicos. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Reflexão Livre: Nós suburbanos devemos nos unir para criarmos ambientes que facilitem a criatividade humana. 1


Guiadas Urbanas A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO ÁREA DE ATUAÇÃO

BAIRRO

CONTATO

Guiadas Urbanas Turismo no Subúrbio, História do lugar, memória, patrimônio, cultural, turismo cultural e urbano. Subúrbio da Central e da Leopoldina (mencionei na resposta da terceira pergunta). Mas moro em Quintino/Cascadura há 30 anos. Minha rua faz divisa dos dois bairros. guiadasurbanas@gmail.com / www.facebook.com/guiadas www.guiadasurbanas.com.br (21)97108-1010.

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: A importância é tão grande quanto a engrenagem é para uma máquina e dentro do ambiente suburbano isso é mais acentuado, uma vez que, o subúrbio por ser grande, dinâmico e populoso necessita que a comunicação aconteça de forma estratégica para o fortalecimento local. Por isso eu acredito que dentro do subúrbio trabalhar em rede colaborativa é a solução para que todos possam ter vez e fazer ações pontuais com a participação de todos. Hoje eu vejo pessoas e coletivos agindo em prol do subúrbio mas percebo a falta de conexão em vários momentos. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Bom... Eu, como arquiteta e urbanista, me vi em uma situação complexa, já que no urbanismo fica muito difícil de trabalhar como autônoma. As questões do subúrbio já estavam dentro de mim desde que nasci, quando você nasce no subúrbio e vive muito tempo nele, ele acaba fazendo parte de você, não tem jeito. E durante a faculdade todos os meus trabalhos e projetos eram no subúrbio. Quando terminei a faculdade o que eu poderia fazer pelo meu subúrbio, muitas vezes ignorado e muitas vezes arrasado? Pelo viés do patrimônio material e imaterial, memória social e cultura local, imaginei que trazer o meu olhar, as minhas vivências, o olhar de quem vive, se importa e valoriza era o caminho para trazer visibilidade para esses espaços, mas eu precisava ser estratégica e pensei que utilizar a ferramenta do turismo seria o ideal para fazer com que o morador que vive ou passa por ali percebesse o que estava na cara deles: a necessidade de preservar, zelar e proteger a memória, a cultura e o patrimônio suburbano e foi assim que nasceu. A origem do nome Guiadas Urbanas veio naturalmente de um vício de linguagem de chamar o guiamento em guiada, já que faríamos visitas guiadas pela cidade e por isso se era pela cidade, essa guiada é urbana e como eram diversos roteiros que já tinha projetado para alguns bairros da cidade nasceu o Guiadas Urbanas. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Então, o que me move é buscar esse olhar mais atento e valoroso de forma cultura para o subúrbio. É imaginar que amanhã uma rua, um mobiliário urbano ou uma casa típica suburbana foi preservada porque se enxergou valor nisso, o mesmo valor que eu dou. O que me move é saber que se eu posso todos podem ter esse olhar e saber que tenho amigos como você, Rodrigo, me fazem querer mais 2


correr atrás e poder conectar as idéias em prol da "urbe subúrbio", digamos assim. Eu, em 2012, iniciei um curso técnico de turismo, buscando me capacitar para projetar esse turismo suburbano e no início de 2013, iniciei o projeto junto com o meu parceiro Vilson Luiz, validando esses roteiros através de free tour gratuitos que eram associados a eventos de cultura local e assim nasceu o nosso trabalho que com um olhar diferenciado trouxe visibilidade para esses bairros no que tange sobre sua história, vocação, dinâmica, cultura e patrimônio. Hoje temos roteiros executados nos seguintes bairros: Penha I (lado Igreja), Penha II (lado IAPI), Madureira I (lado Pça do Patriarca), Madureira II (lado do Viaduto) e Madureira III (lado do Mercadão), Marechal Hermes, Cascadura, Méier, Gamboa/Saúde, Centro e roteiros projetados: Irajá, Bangu, Realengo, Cachambi, Engenho de Dentro e Santa Cruz. Atuamos há 2 anos e 10 meses. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Subúrbio é o meu lugar! Brincadeirinhas a parte, vamos lá! Para mim subúrbio é um local onde tudo é simples, os serviços ficam perto de casa, as pessoas se cumprimentam pela rua com sorriso e um boa tarde pelo simples fato de sempre se cruzarem em algum lugar do bairro onde vivem. O subúrbio hoje também está muito associado ao trem embora não seja esta a condição. O subúrbio é espaço onde alguns patrimônio são preservados como crianças brincando na rua, avós e mães nas calçadas. Eu vi isso no passeio do IAPI neste sábado que passou, Fiquei tão feliz, porque isso está quase acabando. O subúrbio tem uma dinâmica social diferenciada e para mim o subúrbio é um espaço onde os gabaritos são baixos no máximo 4 andares e alguns prédios mais contemporâneos da década de 80/90 que vão até 10 andares. Onde as casas tem na platibanda o nome do lar ou a imagem do santo de devoção. Os telhados tem nas cumeeiras pinha de cerâmica ou de cimento ou tem galo com norte e elefantes em miniatura. É onde os coretos se tornar patrimônios afetivos dos moradores mesmo que muitos deles não tenham outro uso se não para pombo ou para moradores de rua. É ter no fim de semana de sol o céu cheio de pipas. Tenho medo das linhas, mas acho lindo vê-las no céu. Eu não moraria em outro lugar se não fosse o subúrbio! Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Um morador que tem um olhar diferenciado sobre este espaço. Ele exalta, ama ele mesmo com toda a sua imperfeição, é a pessoa que nada mais nada menos age e é um entusiasta de cada característica peculiar do subúrbio. Valoriza cada detalhe que contribui para a memória da história local. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Não acredito que exista porque o subúrbio muitas vezes também está ligado ao estado de espírito do morador mas há quem delimite ele pela percepção, por exemplo, se eu fosse delimitar subúrbio, primeiramente teria que pensar em dois subúrbios: o da central e o da leopoldina e mesmo assim, seria complicado porque a visão é de moradora e de urbanista. Fiz um mapa para você entender o que estou falando, segue em anexo. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: O suburbano. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Acredito que existam suburbanos que quando vêem as ações apoiam e despertam o olhar para estes valores, mas se isso não for provocado nada acontece e nem pensam em agir e tem muitos outros como eu, você, Gledson, Seu Ronaldo que estamos aí na busca e na perseverança, lutando por um subúrbio melhor e com valores peculiares resgatados e mantidos.

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Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Visibilidade. Guiadas Urbanas traz visibilidade tanto para o morador quanto para o turista, porque damos a possibilidade do morador ser carioca por um dia e assim, fazê-lo (re)conhecer o espaço surburbano e estimular o senso de pertencimento com a região. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Categoria (organização de eventos, mídias ou redes sociais, artista independente, centros de cultura etc.): Empresa de Turismo Receptivo especializada e pioneira no Turismo Cultural Suburbano e promotora de turismo e incentivadora da cultura local, através da produção de eventos. Nosso passeio é um evento pois além da visitação o visitante imerge no subúrbio carioca.

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Norte Comum A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

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Norte Comum Cultura Zona Norte

CONTATO

Facebook - Norte Comum Email: nortecomum@gmail.com

A Presente entrevista é parte de um trabalho de pesquisa que busca estudar a questão do subúrbio, e do suburbano da cidade do Rio de Janeiro contemporâneo, investigando os ativismos coletivos suburbanos e o impacto de suas ações culturais e sua percepção sobre a questão do subúrbio. Tem como finalidade a produção de uma dissertação de mestrado a respeito do mesmo. Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Invisíveis organizados ganham visibilidade. Ninguém tem sobrenomes e bons contatos, mas atuando junto, em forma de rede, consegue-se ir mais longe. O trabalho compartilhado barateia custos e multiplica as ações. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: 3 anos de atividades. Atua de forma orgânica, com dificuldades de organização e metodologia de trabalho. Como ser produtivo no trabalho diário sem ter um chefe? Só com muito tesão no que está fazendo e um mínimo de organização. O desejo que move é o de descortinar um rio de janeiro que é muito mais profundo do que seus cartões postais nas orlas da zona sul. E inventar um novo rio articulado, estado inteiro. Corpos circulando e fazendo novas redes. O que você entende por subúrbio? Resposta: O lugar onde tem santos nas fachadas das casas, menos prédios altos, crianças brincando na rua, muitos botecos, terreiros e pessoas na calçada. Subúrbio é tudo que está nas margens das linhas dos trens. O que você pensa sobre ser suburbano? Resposta: Uma politização da vida cotidiana em não fazer questão de estar no centro. E até agradecer por isso. Uma vontade de viver sabendo o nome do vizinho, do padeiro, do açougueiro, do dono do boteco, do jornaleiro e por aí vai. Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Acho que o subúrbio é mais um território mental ou uma politização da forma de vida do que um espaço delimitado em si. Mas com certeza pesa essa questão das margens da linha do trem. Aqui no rio então, entre a montanha que corta tudo, os trilhos e a Baía. O que melhor representaria o suburbano para você? 5


Resposta: Mesa na calçada, churrasco na porta de casa e cerveja. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ourejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Depende da geração. Tirando as atividades do Hotel da Loucura, quando acompanhamos o Teatro de DioNyses em cortejos pelo engenho de dentro, onde a comunidade local apoia muito, é sempre difícil pra uma pessoa mais velha entender com bons olhos o que jovens estão fazendo em uma praça pública, por exemplo. Mas sempre vem elogios antes da polícia, mandada por algum vizinho. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Samba Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: Promover outras rotas de circulação e conexão. Pensar outras utilizações de espaços públicos abandonas nesse território. Falar de uma parte da cidade que é ofuscada À sombra do cristo. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Sim. Acho que a circulação quando consciente torna-se politizada, e já gera uma ação transformadora. Mas ir ainda mais longe, ocupar espaços, produzir ações e intervenções nos espaços físicos mesmo.

---------------------Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: É muito triste ver as ruas e praças vazias e os shoppings centers lotados. Precisamos de mais coisas acontecendo nas ruas. Mais centros culturais, bibliotecas, parques, teatros, etc. E a partir do momento que existe essa escassez de projetos e atividades relacionados à cultura na região que vivemos. Ao mesmo tempo, surge a necessidade das pessoas se organizarem para intervir na sua região, inventando seu espaço na cidade, e assim fortalecendo o vínculo com o local onde vive. E quando esse anseio se torna um desejo coletivo, ele acaba ganhando muito mais força em relação a articulação, produção e mobilização. Quanto mais pessoas juntas, trabalhando para uma mudança positiva na cidade, mais possibilidade de movimentar culturalmente nossos espaços. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: O que motiva o Norte Comum é um anseio coletivo de movimentar culturalmente a região em que vivemos. Somos quase todos da Zona Norte e sentimos muita falta de investimentos, tanto da iniciativa privada quanto da pública, de aparatos culturais de qualidade. A cidade é completamente partida, e ainda fica mais evidente quando vemos pessoas da Zona Norte, Oeste e subúrbio que têm que se deslocar de seus bairros para desfrutar de atividades culturais no Centro e na Zona Sul. E quando falamos em cultura, também precisamos falar de educação, saúde, transporte, moradia e outros princípios básicos, mas que ainda são bem precários para a maior parte da população. O Norte Comum atua há 3 anos e O que você entende por subúrbio? Resposta: No senso comum entendemos o subúrbio como uma região afastada dos centros urbanos, nas áreas periféricas da cidade. O que você pensa sobre ser suburbano? Resposta: Ser suburbano é ser como qualquer outro cidadão de qualquer outra região da cidade. 6


É óbvio que no subúrbio existe sua própria cultura local e os moradores com suas próprias características. Mas é importante tomar cuidado para não fortalecermos alguns discursos pejorativos sobre o suburbano. Em uma breve pesquisa na internet me deparo com tal afirmação sobre o que é ser um suburbano; “Pessoa de gosto exagerado por funk e samba, culturalmente limitadas, adaptação fácil às dificuldades de vida, conformistas, pouca perspectiva de futuro, pouca noção de individualidade e grande facilidade para a convivência comunitária, dadas a exageros e incontinências sociais, pouca noção do que é público. Suburbano que fica rico se muda para a Barra ou Zona Sul.” Portanto, é importante não estereotipar o suburbano e dar margem para discursos preconceituosos. Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Acreditamos que nosso objetivo seja de fazer com que a cidade não tenha mais barreiras geográficas como favela/asfalto, Zona sul/Zona norte, rico/pobre. Todos têm que ter direito aos mesmos acessos e às mesmas oportunidades. O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: A capacidade de se relacionar com a cidade, mesmo em situações precárias. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ourejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: O Norte Comum sempre procura estabelecer um diálogo com os moradores da região que irá ocorrer qualquer tipo de intervenção cultural. Logo, procuramos explicar a importância de nossa ação para a cidade e para o local que será realizado. Acreditamos que a maioria das pessoas apoiam nossas ações e projetos. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Os moradores são os que melhores representam o subúrbio. Que na grande maioria representam trabalhadores que enfrentam um transporte público precário, um sistema de saúde sucateado e uma escassez de atividades culturais. E mesmo assim (sem romantizar) continuam na luta todos os dias. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: Não sei se é possível dizer que nosso coletivo promoveu alguma mudança na cidade. Mas sim, que provocou mudanças, fomentando boas ideias e incentivando a transformação do local em que vivemos. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Acho que a resposta seria a mesma da pergunta anterior. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Reflexão Livre:

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Subúrbio em Transe A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Subúrbio em Transe Cinema – cineclubismo e produção

ÁREA DE ATUAÇÃO BAIRRO

Vila da Penha – Irajá –Vaz Lobo – Cordovil – Vista Alegre

CONTATO

Facebook cineclube subúrbio em transe

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Para ocupar os espaços públicos suburbanos centrais a melhor maneira é se organizar coletivamente. Sim temos os espaços públicos tradicionais, como praças, escolas, lonas, arenas. Esses espaços devem ser ocupados, sim mas através de estratégias em que se possa agregar as pessoas, onde elas possam se sentir pertencentes a estes espaços. Entretanto, também devemos fazer com que os espaços privados dialoguem com o público, tais como os botequins bares, entre outros. Através de sessões cineclubistas podemos atrair um público fiel. Por fim espaços como o CASARTI e a Biblioteca Tobias Barreto, que podem funcionar como Centros Culturais, podem cumprir o papel de espaços públicos, desde que a população tenha clara essa função destes espaços. Portanto, precisamos ocupar todos os espaços possíveis, públicos, privados, mistos. O que o subúrbio em transe entende por subúrbio? Resposta: Entendemos Subúrbio de maneira ampla. De certa maneira acreditamos nas definições faladas no filme Alma Suburbana, até as mais contraditórias. Entendemos que o conceito de subúrbio está ligado principalmente ao conceito de pertencimento a um lugar. Então Subúrbio é toda uma área que se estende por todo o Rio de Janeiro, excluindo o centro da cidade, zona sul e Barra/Recreio. Também incluímos a Baixada fluminense, principalmente nos municípios que passam o trem. Além disso, incluímos, segundo Eryk Rocha o "Subúrbio do Brasil e do Mundo". Não gostamos do termo periferia, pois o subúrbio é o nosso centro. Porque não considerar a Barra da Tijuca um subúrbio da cidade por exemplo? Resposta: Mas a Barra é tipo subúrbio americano, como Alphavile. Costumo ver os filmes americanos e eles têm um olhar bastante interessante com o subúrbio deles. Acredito que a definição de subúrbio como sendo uma área entre o urbano e o rural já não exista mais aqui. A Barra, por exemplo, é altamente urbanizada. Voltando aos filmes eles mostram não um subúrbio, mas vários subúrbios. É Lógico o que predomina é subúrbio rico do ideal de vida do estadusunidesnse. Mas também tem o subúrbio pobre como o mostrado por Martin Scorcese no filme Alice não mora mais aqui. Tenho este filme. Mas o próprio Peter Parker vive num subúrbio de classe média baixa, no filme do Homem-Aranha.

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Vocês já perceberam algum tipo de mudança na relação das pessoas com o espaço público a partir do trabalho do subúrbio em transe? Resposta: Não sei. Acredito que quando ocupamos os espaços não tradicionais deixamos a nossa marca. As pessoas pedem para continuarmos com as exibições. Isto no caso de exibições nos botequins, por exemplo como o caso do papo de esquina e da época do rude bar. No CASARTI tivemos o prazer de ver uma cena bastante instigante. Uma moradora que nunca tinha ido no novo CASARTI em Cordovil, quando foi, ela ficou muito feliz de ver sua colega de profissão na tela. Se tratava de Sônia Silva. Ela não sabia que iríamos exibir um filme em que uma pessoa tão próxima a ela seria a protagonista. Na cabeça dela ficou a lição: No subúrbio em transe os protagonistas somos nós. A ideia inclusive é exibir filmes de moradores, como já exibimos os filmes feitos pelo Damag (músico local). Na época do Alma e vendo o Alma percebo hoje que a Joana procurava alguma coisa que definisse o subúrbio. Em uma determinada entrevista, acho que com o Damag ela afirma a alma do subúrbio na sua opinião é o boteco. Se não me engano ele responde que sim a proposição. Mas o boteco está espalhado por toda a cidade. O que faz do boteco no subúrbio tão especial? Resposta: Em outras entrevistas os entrevistados respondem que alma do subúrbio é o morador. Neste momento coloco uma imagem de arquivo mostrando minha família. Ou seja, nós mesmos nos representamos no filme. Mas existem botecos na zona sul que são muito semelhantes aos do Subúrbio, porque você acha que os botecos são tão referenciais? Resposta: Talvez o problema maior é que tem o boteco na zona sul, mas o teatro e os equipamentos urbanos que tem lá não estejam disponíveis por toda a cidade. E aí o boteco acaba ocupando este espaço de convivência. Mas não é só o boteco. Os salões de beleza, as barbearias e os lugares onde se criam os cortes da marca sejam também estes espaços. Você acredita que de alguma forma o suburbano consegue desenhar um espaço físico urbano próprio, como a favela de certa forma conseguiu? Resposta: Acredito que sim. Como no exemplo do boteco, que está presente em toda a cidade, mas em alguns espaços, por serem uma das poucas opções de lazer, acabam também sendo apropriados por outros meios culturais. Mas este espaço está sofrendo transformações intensas. Em alguns casos podem até se tratar de gentrificação como podemos observar em algumas áreas (podeira ser o caso do entorno do Parque Madureira). Mas também tem lugares que podem sofrer de obsolescência no futuro. Posso estar errado, e espero que esteja, mas pode acontecer de áreas como o Tanque, Vicente de Carvalho e outras por onde passa o BRT sofrer com isso. Por enquanto o BRT não beneficia o Tanque até a ilha. Já que para ir até o Galeão precisamos ir até a alvorada. O tempo é de 1:30 e 1:40 da Alvorada até o Galeão. Ou seja, o sujeito leva mais de 2 horas do Tanque até o Galeão, Sendo que boa parte do percurso, da Alvorada em diante vamos em pé. Posso ser pessimista e espero que esteja mesmo. Mas por que o BRT não para no tanque, já que a estação está funcionando? O fato que a prioridade não são os moradores, se fosse não se investiria tanto dinheiro em ônibus. Em madureira o trânsito está horrível, uma mega estrutura para passar um ônibus de cada vez. Uma provocação, pros lados da zona sul, ações e coletivos culturais tem mais poder de modificar as coisas? Resposta: Não sei, não. A Paula Gaetan, mãe do Eryk falou exatamente o contrário no filme Transe Coletivo, recentemente recuperado. Ela disse que na zona sul não têm nenhum movimento parecido com o nosso. Ela se referia não só ao subúrbio em transe, mas também ao CASARTI e as articulações culturais promovidas, em outros espaços. Usar este espaço para reflexão livre: 9


Barbie Suburbana A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO ÁREA DE ATUAÇÃO BAIRRO

CONTATO

Barbie Suburbana Música (banda de rock) Itaboraí, Zona Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. http://barbiesuburbana.com.br/ ericcmaia@gmail.com www.barbiesuburbana.com.br bandabarbiesuburbana@gmail.com

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Importância vital. Por necessidade, a maioria dos eventos é feita por conta própria. O interesse e a luta de quem produz cultura em manter a arte na rua são muito grandes. Quando há uma organização coletiva, onde as pessoas têm consciência de que não são concorrentes entre si e estão unidas num propósito maior, que seria o crescimento da cena cultural, tudo se desenvolve de uma maneira muito mais forte e sólida. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: A banda se chama “Barbie Suburbana”. Com certeza, o nome “suburbano” traz consigo um forte apelo identitário. Somos pessoas que não se identificam com a futilidade e com o modo de vida dos mais abastados. A vida no subúrbio é simples e também mais difícil. Precisamos enfrentar horas por dia de engarrafamentos e trânsito, situações que não são experimentadas por quem vive em áreas centrais. A identidade suburbana é uma categoria de luta política e social. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: O desejo de produzir música, de dividir com o público a arte que produzimos com tanto carinho, cuidado e capricho. Queremos compartilhar nosso trabalho, levar a música até as pessoas, música que acreditamos ser de qualidade e com conteúdo. A banda faz shows autorais e cover, está presente em todas as plataformas digitais de música, possui site, fan page, dentre outros meios de divulgação. Além disso, fazemos shows por todo o estado do RJ e fora dele. Participamos de coletivos de bandas independentes, na Capital e em São Gonçalo, Niterói e Itaboraí. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Subúrbio é acima de tudo uma identidade urbana. É uma categoria de luta política de pessoas que não se enquadram como principais protagonistas nas relações de consumo. São pessoas que não têm acesso direto aos benefícios e as facilidades da vida nos grandes centros urbanos. Ser suburbano é experimentar uma luta comum e se identificar com outras pessoas que estão na mesma situação, criando laços e se enxergando no próximo. Pra você, o que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: A raça, a luta, a consciência de que jamais se deve negar as raízes e as origens. 10


Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo? Resposta: Acredito que a divisão espacial do subúrbio se dê pela exclusão econômica mesmo. Não seria um limite físico. O limite é social e excludente. Em virtude de limitações financeiras, as pessoas são obrigadas a morar distantes de onde os bens e serviços são de melhor qualidade, de onde estão os melhores empregos, faculdades, etc. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: O quintal das casas, a cadeira na varanda, a proximidade entre os vizinhos, a infância na rua, andar de bicicleta sem medo de morrer no trânsito. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Via de regra, somos muito apoiados. O trabalho da banda é levado a sério onde moramos. As pessoas respeitam muito. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Trazer visibilidade, mostrar às pessoas que o subúrbio é formado por pessoas de carne e osso, que têm a mesma necessidade de produzir material artístico e cultural. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Sim, melhorar a cena musical de Itaboraí, cidade em que vivemos e atuamos. Temos produzido vários eventos que privilegiam artistas locais autorais. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: A integração é fundamental sempre. Não nos vermos como concorrentes, mas como parceiros num mundo em que não se conquista nada sozinho. A união entre os atores sociais é algo que só traz frutos. É com esse pensamento que a Banda Barbie Suburbana atua em seus projetos. Viemos para somar, criar, compartilhar e unir.

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Bicicleteiros Suburbanos A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO ÁREA DE ATUAÇÃO BAIRRO

CONTATO

Bicicleteiros Suburbanos Redes Sociais, cicloativismo Subúrbio carioca, mas principalmente Jacarepaguá, Vargens, Praça Seca, Madureira, Taquara. Carolina Queiroz (não é um coletivo). carolinafqueiroz@gmail.com https://instagram.com/bicicleteirossuburbanos/

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Preencher uma lacuna deixada pelo poder público no que diz respeito ao acesso à cultura e à ocupação do espaço urbano. É pra justamente, desmisitificar o termo Bicicleteiro muita gente aqui no rio usa esse termo de forma apelativa como se o bicicleteiro não fosse ciclista, ou como se fosse o ciclista que só faz besteira no transito quando na verdade, isso acontece for falta de informação.. mas ninguém (do meio do cicloativismo) conversa com eles pra tentar Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, há quanto tempo o seu coletivo atua, e como é esta ação? Resposta: Desejo de uma cidade mais humana. O meu projeto foi criado em dezembro de 2013 e consiste em criar e compartilhar registros fotográficos de ciclistas informais no subúrbio e distribuir material educativo sobre segurança no transito para esse público. O que você entende por subúrbio? Resposta: Tudo que não é centro, zona sul e orla. Tudo que não recebe amplo investimento do poder público. O que você pensa sobre o uso do termo suburbano? Resposta: Acho que não tem necessariamente ligação com subúrbio, e sim na ação, sentimento, comportamento típico que pode estar presente em qualquer área da cidade. Ainda sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Não. Inclusive, acho que mais complicado do que entender onde termina o centro e começa o subúrbio, seria delimitar o que é subúrbio do que é interior. O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: Um senhor de cabelos brancos indo jogar damas na praça em uma bicicleta barra forte bem enferrujada, com capa de selim de estampa de time de futebol Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? 12


Resposta: Acredito que apoia quando entende o qual o objetivo. Provavelmente quem me vê fotografando na rua não entende do que se trata. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Cadeira de praia na calçada, na porta de casa. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: Mudança de perspectiva quanto ao uso de bicicleta como meio de transporte, especialmente no subúrbio, onde a mobilidade é uma questão cultural, muito mais por falta de opção do que por convicção. Desmistificar os bicicleteiros e mostrar ao resto da cidade que eles já fazem muito mais pela cidade do que o cicloativismo. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Já realizei algumas intervenções urbanas relacionadas à transito, instalando placas “falsas” para chamar a atenção de motoristas para o compartilhamento da pista com ciclistas. Além disso, o fato de divulgar a cultura da bicicleta muda o espaço urbano a partir do momento em que as pessoas passam a se sentir representadas e, consequentemente, incentivadas a ocupar a rua. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Reflexão Livre:

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Choro Suburbano A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Choro Suburbano

ÁREA DE ATUAÇÃO

Música - chorinho

BAIRRO

Região da Leopoldina, Trem

CONTATO

Facebook ; Choro Suburbano

1 QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA ORGANIZAÇÃO COLETIVA CULTURAL PARA ATUAR NA CIDADE?

Ter como perspectiva outros olhares, da forma como sentimos e vivemos estes espaços .Ações e manifestações culturais independentes que traduzem a vivencia dentro de nossa percepção. 2- QUAL DESEJO MOVE A ATUAÇÃO DO SEU COLETIVO CULTURAL, COMO ATUA E HÁ QUANTO TEMPO O SEU COLETIVO ATUA?

Nosso projeto tem um nome : Movimento Choro suburbano . Pela falta de manifestações musicais no suburbio. Precisava me deslocar para ver shows gratuitos em outros espaços da cidade. Rodas de Choro então eram em espaços exclusivados na parte sul da cidade. Aqui temos um manancial de musicos . E se temos o suburbio como fonte porque não a criação de um movimento para ocupar os espaços publicos comj arte integradas.?! 3 – O QUE VOCÊ ENTENDE POR SUBÚRBIO? Atuamos há 4 anos em espaços publicos , a ideia é avançarmos . Fazendo do Suburbio espaço de consolidação de varias formas de manifestações culturais.Levar e aprender com quem faz , sob varias formas . 4- O QUE VOCÊ PENSA SOBRE O TERMO SUBURBANO? Espaço que fica a margem de quase tudo, mobilidade, segurança, investimentos arte, cultura... não há interesse do poder hegemonico em sua construção. 5 - AINDA SOBRE O CONCEITO DE SUBÚRBIO, VOCÊ ACREDITA QUE EXISTA UM ESPAÇO FÍSICO QUE POSSA DELIMITÁ-LO?

Não tenho como conceituar. ou melhor, o que querem fazer dele... Acho que a falta de mobilidade urbana já é uma delimitação fisica , ela é segregatória. 7- O QUE MELHOR REPRESENTARIA O SUBURBANO PARA VOCÊ? 14


Talvez seja a solidariedade . 8 - VOCÊ ACREDITA QUE O SUBURBANO EM GERAL APÓIA E GOSTA, OU REJEITA, OU NÃO ENTENDE; AS AÇÕES DO SEU COLETIVO?

Acredito que dever ser um misto de considerações. Mas digamos que 89% apoiem. 9 - QUE MUDANÇAS EM RELAÇÃO AO SUBÚRBIO E A CIDADE, VOCÊ ACREDITA QUE AS AÇÕES DO SEU COLETIVO PODEM PRODUZIR OU JÁ PRODUZIRAM?

Claro . Assim como eu, reconhecer que o suburbio tb faz arte, que independe do incentivo da esfera hegemonica. Não é somente um movimento de resistencia , mas sim de luta onde priorizamos a cultura suburbana ou as culturas suburbanas. 10 - SEU COLETIVO JÁ PRODUZIU OU PRETENDE PRODUZIR ALGUMA AÇÃO DE MUDANÇA DO ESPAÇO URBANO?

Sim Incentivar para que outros grupos manifestem e ocupem sob varias formas os espaços publicos. FICA AQUI UM ESPAÇO LIVRE PARA REFLEXÕES, PROPOSIÇÕES, CRÍTICAS A RESPEITO DO SER SUBURBANO, DO SUBÚRBIO DO ESPAÇO PÚBLICO REFLEXÃO LIVRE:

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Show "Ah, Bangu". A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Show "Ah, Bangu...".

ÁREA DE ATUAÇÃO

Música – pesquisa histórica (Du Basconça e grupo. Convidados: Liza de Ambrós (Santa Tereza), Roberto Lara (N. Iguaçu), Válter Brito (C. Grande), entre outros).

BAIRRO

Bangu “city”

CONTATO

basconca@gmail.com

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Acredito que os chamados Coletivos Culturais, sejam eles teatrais, musicais ou de outra natureza, agregando individualidades que sozinhas não teriam muita chance, tem-se mostrado eficazes em viabilizar o escoamento da produção cultural. Sendo assim grande sua importância.

O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Há alguns anos idealizei um show chamado "Ah Bangu...", com repertório próprio e de compositores renomados, todo de canções enfocando (ou ao menos citando) subúrbios do Rio, tais como "Tô a Bangu" (Arlindo Cruz), "Subúrbio" (C.Buarque), "No fundo do Rio" (Guinga-N.Lopes), "Gente humilde" (Garoto-V. de Moraes), "Na beira do mangue" (Ary do Cavaco - Otacílio), entre outras.

Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Entre 2009 e 2001, apresentei o show "Ah, Bangu..." em alguns lugares, como o Cotton Club (Copacabana), Le Crèpe (Leme), Espaço Valansi (Botafogo) e Armazém do Jazz (Realengo), mas não consegui viabilizar o show em Bangu. Também inscrevi o projeto do show por dois anos seguidos no Centro Cultural da Justiça Federal, não obtendo seleção. Ainda pretendo retomar esse projeto, por gostar muito e acreditar no repertório reunido, até onde sei, uma ideia ainda não levada a termo por ninguém na mpb.

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Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Um espaço à parte dentro da cidade, com semelhanças e sutis diferenças sócio-economicas e culturais variando de região para região. Por exemplo, o Méier é um subúrbio que sempre aspirou a ser Tijuca (que por sua vez, sempre quis ser Zona Sul). Não há muito fundamento em compará-lo, por exemplo, com Madureira. Jacarepaguá é toda feita de subúrbios, que têm como referência a Barra da Tijuca. Ela fica na zona oeste, como Bangu e Campo Grande, com pouca identidade com eles, porém. Aliás, somente entre Bangu e Campo Grande, separados por cerca de 10 km, há mais distinções que semelhanças. Se levarmos esse raciocínio para uma comparação entre, por exemplo, a zona norte da Penha e arredores, com a Ilha do Governador, Bonsucesso e Ramos, também constataremos diferenças significativas. Isso pra mim representa uma saudável diversidade, quase nunca levada em conta pelas autoridades de nossa cidade. Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Alguém que, livre de recalques, assuma tal identidade em qualquer lugar do Rio e do país. O verdadeiro suburbano possui mesmo uma autenticidade e uma dignidade que lhe conferem um charme especial. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo? Resposta: Sim. Quando se vem da zona sul, passando pela praça 15, centro, e depois saindo da Leopoldina e chegando a Av. Brasil, pra mim aí nesse ponto o subúrbio começa. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Acho que essa eu já respondi na pergunta 4. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Acho que, no geral, ainda está mais para "ignora" do que apóia, gosta, rejeita etc. Acho que ainda há muito pra ser feito nesse terreno. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Mudanças eu não diria, mas efeitos, sim. Acho, modestamente, que meu show "Ah, Bangu..." pode instigar o expectador a buscar conhecer mais canções que falem de subúrbio, enriquecendo com isso, sua cultura musical. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Não. O mais perto que cheguei disso foi tentar implantar, em 2009, o projeto "Samba da antiga', na Lona Cultural de Bangu, com o grupo que integro, Roda Carioca, recebendo nomes do samba. Depois de duas edições, com Nilze Carvalho e Jorginho do Império, respectivamente, o projeto não teve apoio para continuar. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Aprecio seu foco no subúrbio, Rodrigo. Espero que desse fórum venham a sair propostas e projetos que possam ser levados à frente. 17


Honório Gurgel Coletivo A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Honório Gurgel Coletivo

ÁREA DE ATUAÇÃO

Cultura

BAIRRO

Honório Gurgel

CONTATO

honoriocoletivo@gmail.com

QUAL A IMPORTÂNCIA DE UMA ORGANIZAÇÃO COLETIVA CULTURAL PARA ATUAR NA CIDADE?

A associação de pessoas para fins diversos tem se mostrado um grande problema nos últimos anos. O que acredito ter a ver com os noticiários que imprimem notícias a todo tempo onde mostram nossos espaços como locais de desgraça e tragédia, penetrando em nossos territórios mentais a certeza que onde vivemos não é bom. Desta maneira, nossa relação com nossos espaços de pertencimento na cidade, ou seja, nossos bairros, nossas casas, nossa vizinhança, etc. vão ganhando outros contornos e nos afastamos cada vez mais de nossas identidades, nos impulsionando à busca de algo que está fora. Desta maneira, associações de pessoas para fins culturais, envesadas para o fortalecimento de uma cultura local, é de extrema importância em tempos de indivíduos cada vez mais perdidos em relação às suas raízes sócioculturais. Através delas é possível se fortalecer espaços e gerar melhorias antes inimagináveis em diversos aspéctos. Um exemplo interessante é o IHGBI (Instituto Histórico Geográfico da Baixada de Irajá), que juntos conseguiram o feito de mudar a rota de uma das linhas do BRT, um dos principais projetos de mobilidade urbana da atual gestão da cidade.

QUAL DESEJO MOVE A ATUAÇÃO DO SEU COLETIVO CULTURAL, COMO ATUA E HÁ QUANTO TEMPO O SEU COLETIVO ATUA? O Honório Gurgel Coletivo surgiu em 2013, ano de muita agitação social mundo afora, impulsionadas por jovens ativistas que saíam às ruas pedindo diferentes mudanças em seus espaços sociais. Naquele momento vimos que as medidas adotadas pelos jovens não era uma saída plausível. Nos parecia uma brutal transferância de responsabilidade ao Estado, os eximindo de suas próprias responsabilidades sociais. Ou seja, era a reprodução de mais do mesmo! Desta maneira, enxergamos a necessidade de agirmos como atores sociais 18


com o fim de promover a realidade que queremos a partir de nossos esforços pessoais e coletivos. Neste sentido, nos deparamos com diversos desafio e vimos que existiam questões simbólicas que precisavam ser mechidas, como, por exemplo, a relação dos indivíduos moradores de Honório Gurgel com seu espaço de moradia e à cidade. Desde então, nosso trabalho tem sudo estimular a melhora da qualidade de vida da população local através de eventos culturais, que impactam sensivelmente na derrubada que muros sociais simbólicos.

O QUE VOCÊ ENTENDE POR SUBÚRBIO? Particurlarmente é uma nomenclatura que não muito me interessa, ainda mais se tratando de Rio de Janeiro. É notório que o conceito urbanístico e geográfico da palavra ganharam outros contornos, criando barreiras símbolicas de separação entre espaços da cidade, que se tornou bipartida. Para mim subúrbio é apenas a região que não pertence ao centro da cidade. Eu também acho uma brutalidade a construção urbanístca do Centro. È extremamente incomodo, inumano, estressante. Gostaria de cidades onde o Centro não existisse! Onde as pessoas trabalhassem perto de suas casas e ao mesmo tempo pudessem se locomover com agilidade pelos diversos cantos da urbe quando assim quisessem.

O QUE VOCÊ PENSA SOBRE O TERMO SUBURBANO? No Rio de Janeiro ele assume valor extremamente pejorativo, sendo associado a pessoas marginalizadas que não integram a cidade. Sendo o modelo urbanístico das cidades uma importante ferramenta de comunicação que, dentre outros comportametos, dissemina a importância de pertencer a ela. Tudo o que não pertence a cidade ganha um status negativo. O u seja, o que não é urbano é ruim! Vide mesmo o exemplo das favelas, que pertencem aos espaços urbanos e ao mesmo tempo representam tudo o que não podem ser. Tanto que nos último anos nos deparamos com medidas de integração social onde a favela é sistemáticamente obrigada a perder suas características culturais (a arquitetura talvéz seja o viés cultural mais impactado) para assumir valores da cidade formal, ganhando nomes como Favela Bairro.

AINDA SOBRE O CONCEITO DE SUBÚRBIO, VOCÊ ACREDITA QUE EXISTA UM ESPAÇO FÍSICO QUE POSSA DELIMITÁ-LO? Claro. Tudo o que não faz parte da região delimitada de Centro é subúrbio!

O QUE MELHOR REPRESENTARIA O SUBURBANO PARA VOCÊ? Interação com a vizinhança.

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VOCÊ ACREDITA QUE O SUBURBANO EM GERAL APÓIA E GOSTA, OU REJEITA, OU NÃO ENTENDE; AS AÇÕES DO SEU COLETIVO? As pessoas compreendem e aceitam com louvor. Mas a perticipação no desenvolvimento das ações ainda não é algo forte. QUE MUDANÇAS EM RELAÇÃO AO SUBÚRBIO E A CIDADE, VOCÊ ACREDITA QUE AS AÇÕES DO SEU COLETIVO PODEM PRODUZIR OU JÁ PRODUZIRAM? Nosso grupo de atuação, através dos seus eventos, promove interações entre pessoas de diversas partes da metrópole, estimulando relacionamentos que geram a formação de parcerias e visibilizando atores culturais que antes se mantinham escondindos em seus espaços, muitas vezes amedrontados com o condicionamento social ao quão submetidos por meios midiáticos(urbanismo modernista, meios de imprensa, instituições religiosas, instituições financeiras, etc). Dessa maneira, os indivíduos vão rompendo os muros da cidade, interagindo e participando ativamente de suas transformações, de maneira rizomática.

SEU COLETIVO JÁ PRODUZIU OU PRETENDE PRODUZIR ALGUMA AÇÃO DE MUDANÇA DO ESPAÇO URBANO?

Nosso trabalho é completamente focado nos espaços urbanos de uso comum. Nós acreditamos que o espaço é uma das maiores ferramentas de comunicação capaz de produzir efeitos sociais impactates e de definir o comportamento social de indivíduos. Desta maneira, nossa primeira ação foi a recuperação de um espaço que era utilizado como lixão em um equipamento de cultura que hoje exibe uma galeria de graffite permanente e é capaz de receber exposições fotográficas, shows, e demais atividades culturais, além de ser um espaço de convicência social/ coletiva em construção. FICA AQUI UM ESPAÇO LIVRE PARA REFLEXÕES, PROPOSIÇÕES, CRÍTICAS A RESPEITO DO SER SUBURBANO, DO SUBÚRBIO DO ESPAÇO PÚBLICO REFLEXÃO LIVRE:

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A Banca Dá Poesia A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

A Banca Dá Poesia

ÁREA DE ATUAÇÃO

Poesia – Literatura – memória e pesquisa histórica.

BAIRRO

Paciência

CONTATO

Facebook ; Banca dá Poesia Isra Tov

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: A organização, se ela existe, já é um avanço! Geralmente, na periferia suburbana, as ações ocorrem com muita dificuldade, pela falta de articulação dos agentes culturais. Fica difícil dar visibilidade às ações culturais, por falta de organização! O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Tenho vários projetos.PASSEIO CICLÍSTICO - através de um passeio ciclístico, a ideia é divulgarmos a história do bairro de Paciência, que foi uma fazenda pujante, de 1815 a 1840. TOME PERIFERIA! - que busca levar literatura de autores e autoras da periferia carioca para as salas de aula do ensino fundamental e do médio. A BANCA DÁ POESIA - que leva poesia, em forma de recitais ou saraus com leituras de poemas em praça pública. Aliás, o próximo deverá ocorrer em outubro, no dia 18, às 9 horas da manhã, na Praça do Jardim Sete de Abril, em Paciência. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Como escritor, atuo desde 2013, publicando livros sobre a periferia. Como agente cultural, desde o início do ano desenvolvo projetos no bairro de Paciência. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: O "sub" mundo, a "sub" cidade, a periferia! A vida pulsa diferente, com toques diferentes, nas margens da sociedade. Subúrbio é um estado de espírito! Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Um verdadeiro suburbano precisa ter orgulho da história de seu bairro, de sua comunidade. O amor próprio é a marca do verdadeiro suburbano. Quem ama o subúrbio, a periferia, é o verdadeiro suburbano. O verdadeiro suburbano frequenta os eventos culturais do subúrbio!!! Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Se o subúrbio é um estado de espírito, ele pode estar em Botafogo, num barzinho, 21


numa apresentação livre de um grupo teatral. Ele, o subúrbio, envolve a cidade, a domina, precisa dela, dá-lhe vida e alegria! O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: O subúrbio seria melhor representado por um estado de espírito, um jeito de gingar, de falar, de sorrir! Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Como não há organização coletiva, as ações se perdem, ficam isoladas! Outro fator prejudicial é a baixa autoestima geral! Como as pessoas desconhecem a sua própria história, não valorizam o que têm! Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Eu creio que precisamos agir, atuar, fazer o que for possível. Um simples sarau em praça pública já é um começo de ação! Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Sim, nos três projetos citados aqui, já desenvolvo ações relevantes! Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Precisaríamos de uma ação ordenada, bairro a bairro, que tomasse a mídia, que fizesse com que as pessoas ficassem sabendo do que ocorre pela perferia, na sua praça!

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Perto do Leão Etíope do Méier A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Perto do Leão Etíope do Méier

ÁREA DE ATUAÇÃO

Cultura-evento espaços livres

BAIRRO

Grande Méier

CONTATO

https://www.facebook.com/leaoetiopedomeier/?fref=ts

multi-linguagem-ocupação

de

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: A importancia é enorme porque se a gente ficar restrito ao estado e as inciativas privadas para mobilizar cultura na cidade a gente fica meio perdido, principalmente pelo rio ser uma das cidades mais caras do brasil não só no custo de vida mas para produzir e consumir cultura. É fundamentla que aja a mobilização espontanea da sociedade de querer ocupar seus próprios espaços, de querer reinvidicar como nossos, os espaços que são públicos, e parta e ocupem e dêem vida aos lugares. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: O coletivo atua a 1 ano, ele virou um coletivo no decorrer do ano passado, e toda a equipe do leão conheci durante os eventos, São moradores do Méier, e são pessoas que estavam presentes e começaram a colaborar. O desejo que move a atuação é este de pensar a cidade, de pensar o bairro, de pensar o brasil o mundo com uma relação humana maior. Nosso bairro, a zona norte, a cultura desenvolve um senso de identidade, de pertencimento e de fluxos de circulação de idéias e de informação, então tipo é fundamental que as praças voltem a ter este tipo de circulação apra que as pessoas se encontrem e se vejam e para que as informações não fiquem mais retidas a lugares fechados e a internet O que você entende por subúrbio? Resposta: Subúrbio é um termo meio esquisito = embaixo da urbis, uma espécie de suburbis, eu entendo subúrbio como aquilo que não é zona sul, em se tratando Rio de Janeiro eu entendo o que não é zona sul, mas eu entnedo como parte do que é a identidade da cidade e do carioca também, eu acho que está todo mundo cansado, a prefeitura está com esta campanha de viva a carioquice, mas a carioquice carrega um tom meio pedante que não me agrada tanto. 23


O que você pensa sobre o termo suburbano? Resposta: ser suburbano pra mim é entneder os mundos que existem na cidade, eu circulo muito pela cidade, eu sou do méier, mas já morei em botafogo, já morei no recreio, estou aqui no méier de novo. E circulo muito pela cidade, entao ter crescido aqui e ser suburbano me faz transitar por diferentes realidades que existem dentro da cidade. Ainda sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta:Eu acho que subúrbio e zona norte, eu acho que a zona norte está incluída no subúrbio, e a favela e a baixada também. Eu acho muito esquisito falar que bairro X é bairro de classe média. Mas pera ai como assim é um bairro de classe média? A tijuca é um bairro de classe média mas é cercado de favelas, e aí, o que caracteriza o bairro. Esse separatismo de classes já está esgotado, então temos que pensar a cidade como uma só e de forma democrática, sem demagogia. O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: Com relação ao conceito de subúrbio, acho que o imaginário do Rio de Janeiro é esse mesmo, o que não é zona sul e barra da tijuca, é acho que pode ser isso. O suburbano tme várias faces, cada pessoa é um universoobviamente que há traços de identidade entre as pessoas que moram no suburbio, e o suburbano está acostumado com os mais difícil acesso a cidade, seja por conta da mobilidade urbana , nosso transporte urbano é péssimo, nossa malha cicloviária é inexistente, e o acesso a cultura e a educação formal é mais difícil. Mas acho que o suburbano tem um lado criativo pulsante, acho que nossa forma de ver e viver a cidade é um pouco peculiar. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ourejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: O suburbano em geral gosta sim e apóia as nossas ações, entender as nossas ações acho que não é tão difícil, pois é só estar lá pra entender a nossa ocupação. Acho que o suburbano também limita muito o que são as pessoas, os movimentos. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: É o encontro, a cadeirinha na calçada, as pessoas que vocÊ reconhece na rua, é um senso comunitário mais carioca, um calor maior. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: O coletivo está muito centrado em uma praça do méier por enquanto, acho que mudanças com relação ao subúrbio, acho muito grande, acredito que o que estamos deixando como legado para as pessoas o potencial dos espaços que o subúrbio tem, das pessoas como pessoas que criam cultura, criam arte e que consomem isso, acho que esse é o legado maior da gente, das pessoas começarem a enxergar o potencial que a gente tem. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Então a gente está com engatilhado uma intervenção de uma escadaria aqui no méier junto com um mutirão de plantação de algumas mudas. 24


Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público. Reflexão Livre: As redes são fundamentais, eu só consegui fazer esse traalho esta acensão de alcance por conta das redes sociais tipo o facebook, o zukenberg é um babaca mas ele criou uma ferramenta fundamentla para que esses movimentos pudessesm crescer e dialogar melhor entre eles. Ainda é muito dificil trabalhar com cultura na rua, é muito dificil o dialogo pra conseguir um ponto de luz, recolhimento de lixo, ainda é muito dificil conseguir apoio, porque a gente não paga cahce mas a gente acaba tendo custo com transporte dos convidados, as vezes são gurpos muito grandes que precisam de no minimo água. São vários obstaculos, mas dá certo e dá certo, quando a gente ve isso tendo impacto na vida das pessoas de classes e idades diferentes é nossa maior recompensa.

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Memórias do Subúrbio Carioca A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Memórias do Subúrbio Carioca

ÁREA DE ATUAÇÃO

Cultura-Memória redes Facebook - Fanpage

BAIRRO

Todo subúrbio

CONTATO

Facebook – fanpage Tiago Bandeira Facebook. tsbandeira@gmail.com

sociais

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: É de suma importância que o próprio coletivo se organize para movimentar a cidade. É um movimento realizado de membros da sociedade para a própria sociedade. Isso é muito importante, já que é um movimento verdadeiro. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: O projeto se chama “Memórias do Subúrbio Carioca”. Trata-se de uma página na rede social Facebook. O nome não foi dado por mim, e sim pelo dono da página. Porém, ele acabou deixando o projeto em minhas mãos por falta de tempo da parte dele em dar continuidade. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Meu desejo é levar informações, cultura e memória para os habitantes do subúrbio carioca. Aquela foto de um lugar outrora muito diferente, as coisas que já não existem mais, lugares que sucumbiram, regiões que se deterioraram. É importante a população ter essa noção, seja para dar mais valor ao local e aos costumes, seja para notar em que ponto algo deu errado e tentar melhorar a região em que habita. A página é voltada mais para a publicação de fotos antigas do subúrbio como um todo em acervos buscados principalmente na internet, as vezes contando com a participação dos fãs que curtem a fanpage. Atuo no projeto desde o segundo semestre de 2012. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Subúrbio é mais que uma região. É religião. É estilo de vida. É tipo de criação. Não se explica, apenas se vive e se sente nostalgia. Apesar da morfologia da palavra significar algo bem diferente do que conhecemos hoje como subúrbio, é possível perceber que os governantes as vezes levam ao pé da letra a questão de “suburbanismo”

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Pra você, que é um verdadeiro suburbano? Resposta: É aquele que curte um bom churrasco a qualquer dia, que curte a vizinhança, que não tem medo de pé no chão, de futebol na rua, mas que com os tempos atuais, curte a nostalgia de tempos calmos que não voltam mais. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo? Resposta: Nos mapas, sim. Na alma, não. Aquela questão de que “você sai do subúrbio, mas o subúrbio não sai de você” é totalmente verdadeira.

O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Acho que o subúrbio vai além de ruas calmas com crianças jogando bola e soltando pipa. Passa pela amizade entre a vizinhança e a vigilância da vida de todos. Mas vejo isso com bons olhos. Isso se diferencia e muito de lugares de zonas mais ricas onde ninguém se conhece, vizinhos não se veem e não fazem a mínima questão de saber do m² ao lado bem como do resto da cidade. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Sim, apoia e muito. São poucas ações do tipo. É raro achar uma foto antiga ou informações sobre o passado do subúrbio. É simples notar isso e o motivo também. As atenções da cidade sempre foram voltadas para o centro e para a zona sul. As pessoas com mais dinheiro (que poderiam comprar câmeras fotográficas para fazer esses registros, também moravam por lá). Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Acredito que produz a cada dia. As pessoas estão percebendo mais o subúrbio, sua memória, sua riqueza de prédios, arquitetura, costumes, gostos, etc. As pessoas também estão percebendo o quanto esse lugar já foi maravilhoso e o quanto isso pode mudar daqui pra frente. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Não. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Acredito que quanto mais ações de memória a população mais tiver acesso, mais ela vai se importar em conhecer sua história e a mudar seu futuro. É para isso que todos temos que trabalhar.

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Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá – IHGBI A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

ÁREA DE ATUAÇÃO

BAIRRO

CONTATO

Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá – IHGBI Estudo, pesquisa e divulgação multifário da sua área alvo, bem com o resgate e preservação de seus valores patrimoniais, culturais e tradicionais. 38 bairros do espaço geográfico Baixada de Irajá situado para norte entre Maciço da Misericórdia e o limite municipal nos rios Pavuna e Meriti e para oeste entre a baia de Guanabara e as pontas dos maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gericinó. Ronaldo Luiz-Martins e as caixas postais ihgbiraja@gmail.com e ihgbi@bol.com.br.

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? A cultura, com explicita o vocábulo, é bem cultivado. Mas, quando se trata da cultura coletiva, nem sempre esta disponível a todos os recursos ou mesmo a capacidades a este processo, não cabendo apenas aos poderes governamentais a ação de suprir estas deficiências. Assim como em outras carências coletivas parte da sociedade se junta a governos para suprir os vácuos das suas ações, como, por exemplo, nos grandes desastres surgem os movimentos por distribuição de comida e formas de abrigo, ou formam-se organizações para cobrir espaços de ações sociais, as organizações coletivas pró cultura atendem espaços muitas vezes impossíveis serem coberto pelo poder público. Resgatar, preservar, pesquisar e, principalmente, divulgar os valores culturais de uma cidade é atuar na melhora dessa sociedade. A cultura estabelece sentimentos de pertencimento e amor aos valores de sua comunidade, sua Cidade, seu Estado, sua Nação. Quem não conhece o quem tem não pode ter amor a esse ter. Podemos afirmar que a grande maioria dos problemas que reconhecemos existir na nossa sociedade estão intimamente ligados a falta de cultura. Como querer que um pichador não grafe um bem coletivo? Não conhecendo ele os valores que lhes estão à frente e não reconhecendo que esses são também valores dele, ele os assinala com a sua marca como num processo de obter deles o pertencimento. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Detentores de bons níveis de cultura e ávidos de obter mais conhecimentos, os componentes do coletivo Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá, no qual esta inscrito o Movimento Cine Vaz Lobo: Preservação, Cultura e Memória, atua no sentido 28


de tornar público os seus conhecimentos, suas pesquisas e com essa ação, em um processo de retroalimentação, aumentar suas capacidades culturais, resultando em cobrir um espaço nem sempre possível ser coberto pelo poder público. Observamos entre nos que temos tido mais ganhos a cada ação de repassar do que já temos. Eis o move. Nossa atuação tem por foco o recorte geográfico da Baixada de Irajá, espaço ao qual direta ou indiretamente estamos todos associados, seja por que nele tenham construído nossas vidas ou por que nele tenhamos estabelecido relações sociais. Nesse espaço, que compreende 38 bairros, buscamos, pelo estudo, pesquisa e a memória, mais e mais reconhecer os seus valores em todos os ramos de conhecimentos que possamos interagir. Nesse sentido nosso coletivo é composto por pessoas de formação diversas como historia, geografia, antropologia, arquitetura, direito, informática e outras especialidades, que atuando, seja em presença direta ou como em forma de correspondente, libertos de um vinculo rígido, vão promovendo seus estudos e suas pesquisas, para depois entre si trocarem suas informações. Desta relação então sempre buscam formas de divulgar o obtido, promovendo palestras, artigos, exposições e outras formas possíveis. Nossa atuação iniciou-se em 2006 quando quem lhe responde, Ronaldo Luiz Martins, promoveu junto com as professoras Regina Bizarro e Maria Celeste Ferreira a primeira palestra e visita de campo sobre história do lugar (Baixada de Irajá) a estudantes do fundamental da E. M. Alm. Newton Braga de Faria – Irajá, tendo esta conceituação na tese de doutorado defendida pelo prof. Dr. Joaquim Justino Moura dos Santos, o qual a nos se associou. Durante este evento, a ele também se associaram o antropólogo Prof. Dr. Rolf de Souza e a Prof. Karen Barros. Após este evento, entre todos formou-se o processo de troca de informações e ações conjuntas de pesquisas e divulgações Em 2009, tendo eu participado das comemorações os 50 anos das atuais instalações do Mercadão de Madureira, ao produzir eu o livro “Mercadão de Madureira: Caminhos de Comércio” (editado pelo Condomínio do mercadão) senti grande dificuldade pela pouca ou quase nehuma fonte e bibliografia quanto a particular história da Baixada de Irajá. Este fato, transmitido aos demais parceiros, levou a ampliar a relação de busca de pesquisa e divulgação do conhecimento sobre a região. Em 2010, incorporando ao coletivo a arquiteta e urbanista Fernanda Nascimento Costa e o advogado e memorista Gilson Buarque de Gusmão, no risco de demolição do prédio do antigo Cine Vaz Lobo, em ação de defesa e proteção deste foi criado o Movimento Cine Vaz Lobo: Preservação, Cultura e Memória, tendo por objetivo vir a torná-lo um Centro Cultural de artes cênica, áudio e vídeo. A partir de então consolidou-se o coletivo sob a denominação Instituto Histórico e Geográfico Baixada de Irajá – IHGBI, ao qual o Movimento Cine Vaz Lobo foi incorporado como plano/programa. Segue até o presente o IHGBI promovendo palestras, exposição, divulgação, artigos e ações direcionadas, como os Quatrocentos anos da Igreja de Irajá/ Quarto Centenário da Baixada de Irajá, 100 anos do Mercado de Madureira, 100 anos do Madureira Esporte Clube e, atualmente, em aproximação ao Comitê Rio 450, no sentido de também ser foco destas comemorações o histórico, costumes e tradições particulares a Baixada de Irajá, como é caso a revitalização da Festa da Penha. O que você entende por subúrbio? Entendemos como subúrbio toda e qualquer localidade, de maior ou menor agregação urbana, que esteja fora do espaço delineado como centro da Urbe origem, ou seja, o centro primário da cidade e suas antigas muralhas. Assim, sub urbe são todos fora dele. 29


Neste entendimento tanto faz ser Ricardo Albuquerque, Parque Columbia, Paciência, Madureira ou Barra da Tijuca, Gloria, Copacabana e outros, todos são subúrbios da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Quanto a conceito subúrbio a que comumente se atribui, entendo plenamente como um preconceito muito bem destacado pelo falecido Prof. Dr. Nelson da Nóbrega Fernandes em sua obra “O Rapto Ideológico da Categoria Subúrbio” na qual defendeu ele que o diz ser subúrbio e o chamar suburbano tornou-se uma forma de segregação e pré conceituação promovida por uma elite carioca pseudo mais valorizada que as outras e que busca diferenciar-se de padrões de maior simplicidade. Observamos isso, como é caso a presente, na categorização que vem sendo emprestada ao que seja comunidade. O que você pensa sobre ser suburbano? Nada a não ser um cidadão carioca com vínculos sociais em uma região mais distante da urbe. Para não dizer que completamente nada sinto, sinto grande orgulho ter sido filho de uma família de classe média criado em uma rua de terra com vala onde, jogando pelada, soltando pipa e rodando pinhão, alcancei todos meus valores a despeito de ser este lugar o Irajá do qual tenho carinho e base dos meus gostos e costumes. Nada me deferência em não ter sido criado em Ipanema, por exemplo. Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Já respondi acima, mas se for para interpretar o conceito raptado, como abordou o prof. Nelson, eu diria como sendo todo o espaço para norte do antigo Paço Imperial da Quinta da Boa Vista, incluindo-se nele as cidades da Baixada Fluminense. Como para o sul da cidade não seguiu estrada de ferro, só bonde e agora metrô (não seria a mesma coisa?), esse espaço seria todo aquele que foi cortado pelas quatro estradas ferro (mesmo que de Pavuna a São Cristóvão já seja cortado por – mais nobre!!, metrô). Neste parâmetro, por não ter chegado ela também o trem, nesses termos a Barra não é considerada subúrbio e o resto de Jacarepaguá, por ter se conservado rural até pouco tempo atrás, é considerado um subúrbio mais light , quase uma Zona Sul (comercialmente já empreendimento imobiliário que esta classificando a Freguesia como extensão da Zona Sul). Afinal em Jacarepaguá não há trem lotado de trabalhadores. Os bandidos são menos bandidos do que os da Zona Sul, pois bandido muito bandido mesmo está no Alemão da Penha ou Olaria e na Serrinha e Juramento do lugar que parece ser Madureira (????). No Terminal Alvorada ouvi a jóia que a Taquara está virando subúrbio, pois o BRT Transcarioca (que ainda não foi além de Madureira) já está passando por lá lotado de gente... “Vai ser uma farofada quando chegar o verão” O que melhor representaria o suburbano para você? O que melhor representa o morador da Zona Norte / Oeste é o modo vivente mais simplificado do que o modo vivente da Zona Sul. Figurativamente a cadeira na calçada, o Gente Humilde descrito por Chico Buarque que teve “inveja dessa gente que não tem com quem contar” O que melhor representaria o subúrbio para você? O que melhor representa a Zona Norte / Oeste são os diferenciais de cultura e forma dela exprimir. Numa forma simbólica diria o ser diferente o samba de roda da bossa nova. 30


Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Estamos procurando ampliar o conhecimento quanto a nossa área foco: a Baixada de Irajá. È o que podemos produzir. Quanto a já ter produzido, o simples fato de com o presente questionário estarmos lhe respondendo as suas interrogações, nos dá certeza que já produzimos alguma coisa. Se não tivéssemos produzido nada não teríamos o que responder por quanto não teríamos chegado ao seu conhecimento. Pode aparentemente ser pouco mais se torna muito, como simboliza o Cine Vaz Lobo de pé aguardando a intervenção poder público em torna-lo um centro de geração e divulgação de cultura. Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Como dito acima, o Cine Vaz Lobo é um exemplo do já produzido, bem como é ele também exemplo de ação de mudanças no espaço urbano que pretendemos produzir no nosso alvo. Simplesmente gerar a valorização social de nossas raízes. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Pensamos em ser mais que uma simples associação de bairro. Não necessitar ser beligerantes com o poder público. Não ter que usar a retórica dos chavões para sermos vistos. Não simplesmente dizer que queremos isso, precisamos disso, mas sim ir atrás, buscarmos e acharmos o que acreditamos seja necessário e importante. Não nos entregarmos, como classificou Nelson Rodrigues, ao “complexo de cachorro vira-lata” que late desesperadamente quando passa uma bicicleta ou carroça, e fica sem saber o que fazer quando ela para a sua frente se não abaixar o rabo e sair olhando para trás. Creio que toda a reflexão já foi acima expressa, mas, considerando o destaque do rapto da categoria subúrbio, posso afirmar que as razões e fundamentos que nos unem em coletivo é o de afirmar que “existe vida além túnel”. Convidamos a visitar o site de nossa revista em http://www.resenha-digitalihgbi.blogspot.com/ Anexo ao e-mail de encaminhamos destas respostas estaremos lhe enviando uma pequena apresentação do IHGBI e em e-mail seguinte um exemplar e-book de nosso livro “Mercadão de Madureira: Caminhos de Comércio” Colocamos a sua disposição para a realização de palestras e apresentação de exposição quanto a Baixada de Irajá e seu 38 bairros.

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Movimento Visão Suburbana A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Movimento Visão Suburbana

ÁREA DE ATUAÇÃO

Redes de movimentos culturais

BAIRRO

Subúrbio – Zona Norte e Zona Oeste

CONTATO

Mauro

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Os coletivos que atuam no campo da cultura, especificamente nos territórios que compõem o subúrbio, têm a missão de repensar a cidade, reorganizar seus modos de representação, ocupação e empoderamento. A ação deve se dar através de novas formas de parceria (sociedade x gestão pública x sociedade) e conscientização de que todos têm os mesmos direitos de realização e fruição do bem cultural. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Fui um dos fundadores do Movimento Visão Suburbana, representando meu grupo de teatro (Cia Atos e Atores) junto de outros coletivos (Coletivamente, Norte Comum, Movimento Cidades Invisíveis e Poeme-se). O nome foi criado pelo Poeme-se para uma página do Facebook e em consenso foi absorvido para dar nome ao movimento que se propunha a (re)pensar a cidade e a atuação da sociedade na formulação de políticas públicas de cultura. O MVS atuou ativamente durante dois anos consecutivos, organizando encontros regulares e itinerantes, reunindo coletivos e pessoas atuantes no campo da cultura e participando de encontros e eventos realizados pela gestão pública no campo da cultura. Hoje participo de uma nova organização coletiva que é o Polo de Economia Criativa da Zona Oeste, fundado pela Cia 2 Banquinhos, o Coletivamente e a Cia Atos e Atores em novembro do ano passado. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Comecei a trabalhar com ação cultural ainda jovem e sempre de forma coletiva. Trabalhei em alguns espaços culturais da cidade, produzindo espetáculos e oficinas de artes. Minha motivação sempre foi realizar trabalhos que fossem frutos de diálogos e que o bem cultural fosse democratizado de fato. Democratizar no sentido de tornar o bem cultural acessível de fato, repensar o conceito de cultura e combater o ideal "jesuítico" de "levar a cultura a...". Trabalho profissionalmente no campo da cultura há 17 anos. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Um conjunto de territórios compostos por uma diversidade cultural rica e uma potencialidade que deve ser melhor refletida no sentido de ampliar o conceito de centralidade. Cada território do subúrbio é centro e potencial impulsionador da economia criativa da cidade.

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Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Espontaneidade, criatividade e potencialidade. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo? Resposta: A cidade tem um mapa, uma divisão física, mas o mais importante é a possibilidade de circulação por todos os territórios. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: A diversidade cultural. O subúrbio e o suburbano hoje têm a liberdade de se expressar através de uma série de atividades e expressões artísticas e culturais. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: O Movimento Visão Suburbana conseguiu circular por diversos territórios. Neste período tivemos a oportunidade de ouvir muitas histórias e conhecer muitas ações. O mesmo acontece hoje com a atuação do Polo de Economia Criativa da Zona Oeste. Em geral os atores do subúrbio apoiam iniciativas como essa e consideram positiva a possibilidade de construir e pensar a cidade de forma coletiva. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: A disseminação e o reconhecimento de ações culturais em diversos territórios que compõem o subúrbio carioca. Também é importante ressaltar a participação e atuação dos coletivos na formulação de políticas públicas de cultura junto da gestão pública no sentido de colaborar com esta formulação. Alguns exemplos são audiências públicas para estudo e apresentação de propostas para o orçamento da cidade, audiências públicas com o prefeito e secretários de cultura que culminaram em cartascompromisso para a realização de propostas e prioridades registradas nestes encontros, além da participação nas conferências municipal e estadual de cultura, elegendo delegados para participação na Conferência Nacional de Cultura em Brasília. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Atualmente o Polo de Economia Criativa da Zona Oeste está empenhado em cumprir sua missão que é a de impulsionar a organização e capacitação da economia criativa da Zona Oeste, oferecer visibilidade e gerar oportunidades de sustentabilidade de uma nova cadeia de produção cultural criativa na região. Meu coletivo, a Cia Atos e Atores tem como principal projeto a Oficina de Teatro Atos e Atores, que acontece de forma permanente há 17 anos em Realengo, além de ter sido realizado em outras redes como o SESC Rio e como convidado de projetos sociais e culturais. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Acho importante estar em constante movimento programas, projetos e ações que tenham como proposição a diminuição da desigualdade sócio-cultural, fomentando o aumento da fruição dos bens culturais, o uso dos espaços públicos através de realizações artístico-culturais e o estímulo de ações coletivas que tenham como objetivo ampliar a centralidade e a circularidade de projetos e pessoas por todos os territórios da cidade. 33


Suburbano da Depressão A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

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Suburbano da Depressão

ÁREA DE ATUAÇÃO

Humor – Identidade – redes sociais

BAIRRO

Todos Rio e Grande Rio

CONTATO

Facebook.com/suburbanodadepressao

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Em uma cidade global como o Rio de Janeiro uma organização cultural coletiva se faz importante para cultivar aspectos dos costumes locais sem o intuito de comercializar as tradições, mantendo viva a essência da população local, não apenas com o intuito nostálgico, mas patrimonial e hereditário. Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: A página não pode ser considerada um coletivo no sentido levado a outras organizações, pois além de ser uma página de humor, é feita apenas por mim rsrs. Mas por trás do humor, que veio para ironizar o jeito que as pessoas subestimam o subúrbio, querendo apenas valorizar determinadas áreas da cidade, com o tempo, fui construindo um sentido maior para a tal; o subúrbio passou a ser meu objeto de estudo na faculdade e, com isso, procuro cada vez mais buscar o valor histórico do suburbano e do subúrbio através dos tempos para passar adiante. Já faço isso a dois ano. O que você entende por subúrbio? Resposta: Levo em consideração o conceito romano, onde todos as "vilas" que estão em torno de um centro e dele depende são considerados subúrbio. Utilizo esse conceito também para brincar com bairros mais favorecidos, que sentem uma certa repulsa por esse rótulo. Porém, é difícil conceituar subúrbio hoje, pois até mesmo a área toda como suburbana mostra certa independência em relação ao centro da cidade. O que você pensa sobre ser suburbano? Resposta: Ser suburbano é ser uma conserva cultural e de tradições. Escrevi um texto sobre isso em um blog que eu tenho, sobre a conserva cultural que o subúrbio representa. O blog é riosuburbano.blogspot.com Para vocês Subúrbio e Zona Norte são sinônimos? Resposta: No geral, sim. Como eu disse anteriormente, certas áreas do subúrbio tem sua autonomia em relação ao centro da cidade, e assim como a Tijuca é considerada 34


apenas Zona Norte por um determinado status sócio-econômico, outros bairros distantes que tem comércio abem ativo podem ser considerados zona norte ou zona oeste. O conceito ligado as linhas férreas vai por terra se formos analisar o caso de Irajá, por exemplo. O bairro é Zona Norte ou Subúrbio? Para mim o mesmo está contido em ambos. Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo ou melhor defini-lo? Resposta: Eu costumo brincar dizendo que existe vida após a Rodoviária Novo Rio, para quem vem do Centro. Posso delimitar o subúrbio no entorno do espaço em torno do Centro da cidade, e daí englobamos bairros ricos, mas que são distribuídos em suas denominações espaciais se formos analisar em outras esferas. O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: Aquilo que caracteriza o carioca diante do mundo. O verdadeiro espírito carioca é o suburbano, mas um adjetivo em especial resume: simplicidade. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Grande parte apóia e gosta, ainda mais quando falo de coais que acontecem no cotidiano. Todos se identificam. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Viver na simplicidade. Quando digo da conserva cultural e de tradições do subúrbio me refiro a isso: ao modo que, historicamente, as pessoas que viveram e cresceram por aqui conseguiram "se virar" sem o respaldo do Estado e resistiram as suas imposições higienistas. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: Eu espero que o suburbano valorize mais seu espaço em detrimento da vitrine do Rio. A alma carioca está aqui e não lá! Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço público urbano? Resposta: Estou pensando em algumas coisas, mas nada concreto. Qual a importância das redes na ação de seu coletivo? Seu coletivo já construiu relações para além das redes virtuais? Resposta: Alguns coletivos se aproximam mas não firmam elo concreto, por isso prefiro fazer um papel, digamos, solitário. A atuação virtual é o forte notório do seu coletivo, assim como olhar divertido sobre o qual constróem uma imagem de subúrbio, como vocês percebem a aceitação do público em relação a isso?

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Resposta: A página está bem próximo do carioca simples. Procuro ser amigo de todos, de retratar o que acontece no meu cotidiano, e é aí que as pessoas se identificam, pois é exatamente o que acontece com elas também. Essa aceitação se expressa pelas contribuições de coisas que acontecem em comum com todos os suburbanos, como festas em família, brigas na vizinhança, conduções lotadas, etc... Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Reflexão Livre: O subúrbio tem uma História. Utilizo o H maiúsculo para caracterizar a ciência que estuda as sociedades humanas, onde o subúrbio é um importante objeto a ser observado. No Rio o subúrbio conserva tradições de tempos longínquos e que merecem ser conservados.

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Um Coração Suburbano A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

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Um Coração Suburbano

ÁREA DE ATUAÇÃO

Cultura-memória-blog

BAIRRO

Brás de Pina

CONTATO

Admluca@bol.com.br

Luiz Carlos Rodrigues Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Juntar as pessoas que querem participar de algo que as faça felizes. Pode ser uma feira, uma festa, uma oficina, tudo vale a pena quando existe uma força que nos empurre a sair de casa. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Um Coração Suburbano nasceu da ideia de resgatar as boas historias do subúrbio carioca. Através de fotos antigas procuramos mostrar que o Rio de Janeiro é muito mais que apenas zona sul. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Essa pagina do face surgiu para divulgar o blog de mesmo nome. Com o tempo acabei ficando mais no facebook mesmo e o blog anda meio esquecido. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: Subúrbio pra mim é recordar minha infância na Penha e Brás de Pina. Poder voltar pra casa depois da escola e bater uma bolinha no campinho que tinha na minha rua. É conhecer o dono da padaria do bar ou do açougue. E soltar pipa jogar pião brincar na rua sem medo da violência. Assim era o subúrbio na minha época de criança. Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: O verdadeiro suburbano tem orgulho do bairro onde nasceu. Na nossa pagina temos suburbanos do mundo todo que não esquecem do seu berço. Podemos falar mal da nossa área, mas so os suburbanos podem. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo?

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Resposta: Suburbio no começo teria a definição de local afastado da cidade. Até hoje conheço pessoas que chamam o centro de simplesmente cidade. Se olhar bem para o passado até Copacabana já foi subúrbio. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Hoje nada é como era antes, o subúrbio sempre foi esquecido pelos governantes. Aqui tinha praia, tinha teatro, cinemas. Mas a essência suburbana ainda vive em cada um de nós. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Desde que criei a pagina do facebook percebi como as pessoas estão ávidas por noticias da sua terra. Especialmente aquelas que foram embora e hoje moram longe. Adoram ver fotos antigas e a comparação com o momento atual. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Não sei se produziu algo grande, nem nunca tive essa pretensão, porém como diz a nota do Coração Suburbano. Aqui se resgata velhas historias que a maioria de nós nem tinha conhecimento. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Não, como disse não tenho maiores pretensões. Apenas o resgate do orgulho e da historia da zona norte carioca. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Obrigado por acompanhar nossa página, não sou muito bom pra expor ideias, mas Um Coração Suburbano existe para mostrar que o Rio de Janeiro existe do lado de cá do túnel Rebouças.

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Velho Oeste Carioca A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

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Velho Oeste Carioca

ÁREA DE ATUAÇÃO

Livro – Pesquisa histórica

BAIRRO

Zona Oeste

CONTATO

telefone (995248599), (andremansur@hotmail.com), André Luis Mansur Baptista

e-mail Facebook

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Em relação aos subúrbios, acho que fundamental. Os espaços culturais nos subúrbios são poucos e cabe às organizações coletivas culturais não apenas aumentar e incrementar estes espaços, mas também conscientizar a população de sua importância. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Vou me referir aos meus livros que enfatizam a importância de se conhecer a história da zona oeste e do subúrbio. Acredito que conhecendo a importância histórica destes lugares seus moradores irão valorizar o local onde moram e, a partir daí, reivindicar melhorias para o lugar e desenvolver projetos culturais. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: O fato de ter nascido num bairro suburbano, Marechal Hermes, e de morar na zona oeste do Rio. Atuo nesta área há pelo menos 15 anos. Para você, o que é subúrbio? Resposta: No seu livro "Hinterlândia", Nei Lopes afirma que "o subúrbio radicaliza a experiência carioca de misturar todos os seus feijões culturais". É por aí: uma região não tão distante do centro da cidade e que reúne características essenciais do, digamos, "jeito carioca de ser". Para você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Uma pessoa hospitaleira, solidária, apaixonada pelo local onde mora e que consegue sempre improvisar soluções para os problemas da vida. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: Acredito que sim, baseado principalmente na relação que os bairros suburbanos ainda têm com as estações da Central do Brasil, mesmo que não estejam tão próximos delas. 39


Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Acredito que, após um estranhamento inicial, principalmente em relação aos eventos culturais, se ele sentir confiança nas pessoas que organizam e divulgam estes eventos, ele abraça a causa Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Meus livros, em especial os dois volumes de "O Velho Oeste Carioca", já me trouxeram um retorno muito bom em relação ao questionamento que moradores da região passaram a ter sobre a importância histórica do espaço em que moram e, por consequência, o de uma maior valorização deste espaço. Muitos moradores, ao lerem meus livros, já falaram comigo algo do tipo: "Não sabia que tudo isso tinha acontecido aqui, e você vê como os próprios moradores falam mal do lugar". Com isso, espero que essa maior valorização do espaço faça com que os moradores possam se organizar de forma mais eficiente na reivindicação de melhorias para a região junto ao poder público, inclusive em relação à cultura. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Além dos meus livros, atuo na divulgação e produção de eventos culturais na zona oeste do Rio de Janeiro, em especial no meu bairro, Campo Grande. Um dos exemplos é o Cineclube Moacyr Bastos, que coordeno desde 2005 e já exibiu mais de 300 filmes. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Acho fundamental trabalhos como este na área acadêmica. O subúrbio, a zona oeste e também a Baixada Fluminense precisam de mais reflexões sobre sua história, sua cultura e suas idiossincrasias. Para terminarmos, gostaríamos apenas de mais estas informações: Meu nome é André Luis Mansur, sou jornalista, escritor e crítico literário. Já publiquei nove livros, seis deles sobre a História do Rio de Janeiro, como O Velho Oeste Carioca, Marechal Hermes - a história de um bairro e A invasão francesa do Brasil - o corsário Du Clerc ataca o Rio de Janeiro por Guaratiba. Também coordeno o Cineclube Moacyr Bastos, no bairro de Campo Grande.

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Verdejar Sócio-ambiental A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

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Verdejar Sócio-ambiental

ÁREA DE ATUAÇÃO

ONG militância ecológica, meio ambiente

BAIRRO

Serra da Misericórdia – Grande Leopoldina e Grande Inhaúma – Complexo do Alemão

CONTATO

Verdejar Socioambiental site, facebook

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: A importância é significativa, sobretudo no sentido de abrir possibilidades de se produzir cultura com identidade local (ou seja, conforme as reais demandas e vontades de quem vive nos locais) e não de cima para baixo como tem sido feito pela lógica da cultura mercadológica de espetáculo, mobilizando atores sociais como moradores e outros. Tambem é uma forma de engajamento social de possíveis produtores locais, podendo ser considerada uma forma de inclusão social e oferta de alternativas de dinamização da vida social e até econômica Qual desejo move a atuação do seu coletivo cultural, como atua e há quanto tempo o seu coletivo atua? Resposta: mobilizar moradores locais para a causa socioambiental para que estes se enganjem em iniciativas de recuperação, preservação e valorização do patrimônio ambiental do subúrbio, representado pela Serra da Misericórdia. O que você entende por subúrbio? Resposta: uma região (semi)periférica da cidade destinada para a população de baixa renda, marcada pelo abandono social e política, que se vê na precária conservação e nulidade do cumprimento dos direitos de sua população, além de todo o desfavorecimento no tocante à qualidade de vida em todos os aspectos: ambiente urbano (poluição, ausência e degradação de áreas verdes), segurança, infraestrutura e serviços públicos de saúde, educação, transportte e lazer etc. mas por outro lado uma região marcada por diversas formas de resistência dessa mesma população tida como vulnerável, seja através de práticas (“ações diretas”, como a autoconstrução), relações comunitárias de cooperação (que claro, não são a regra), além de diversas manifestações culturais de raiz, como o samba, o rap ou o funk, ocupando os logradouros públicos. O que você pensa sobre o termo suburbano? Resposta: é um termo que carrega consigo,a partir da visão hegemônica, uma conotação pejorativa, ou seja, que define as pessoas a partir do que elas não são ou não têm (educação, por exemplo) 41


Sobre o conceito de subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitá-lo? Resposta: sim, mas pode variar de caso a caso, pode-se afirmar também que existem vários subúrbios, o das classes médias, as favelas... é um território bastante fragmentado O que melhor representaria o suburbano para você? Resposta: o carioca malandro que usa das artimanhas da vida para sobreviver, que fala com todo mundo na rua, com gírias e não vive com medo de ir a qualquer lugar (esta é um representação), pode-se dizer também do povo trabalhador explorado no dia-a-dia e que pesar de viver precariamente mesmo assim não perde a alegria de viver. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Boa parte apoia e gosta mas não se engaja na luta, por n motivos, entre os principais destaco a falta de tempo livre e alguma “ignorância” política, de ao se ver enquanto sujeito político, sendo alienado e defensor do status quo e reprodutor da ideia de que o trabalho é que leva à melhoria social (visão empreendedora liberal) O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Um espaço de precariedades e resistências... nas outras questões acredito ter respondido esta. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que as ações do seu coletivo podem produzir ou já produziram? Resposta: A principal foi a valorização da serra da misericórdia no campo ambiental carioca e a manutenção de uma área verde considerável no engenho da rainha Seu coletivo já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço urbano? Resposta: Sim, a citada acima, com intervenções de reflorestamento e horta comunitária, possibilitando caminhadas ecológicas e outras atividades. Foram decretadas 2 áreas protegidas, a APARU da serra da misericórdia e o Parque Urbano da SM a partir da militância do grupo. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito do ser suburbano, do subúrbio do espaço público Reflexão Livre: Uma proposta interessante (que imagino você já estar visando) seria a articulação destes coletivos num fórum ou algo do tipo para discutir propostas e ações em comum

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Vista Alegre + Verde A Presente entrevista faz parte do meu trabalho de pesquisa do mestrado, onde dissertarei sobre a relação do subúrbio e do suburbano com a cidade do Rio de Janeiro contemporâneo; investigando seus ativismos coletivos, impactos culturais e percepções quanto à questão territorial.

INFORMAÇÕES NOME DO COLETIVO

Vista Alegre + Verde

ÁREA DE ATUAÇÃO

Meio ambiente – replantio urbano – oficinas – ativismo ambiental

BAIRRO

Vista Alegre e adjacências

CONTATO

Facebook

vista

alegre

+

Verde

ccila.dias@gmail.com – Cila Dias

Qual a importância de uma organização coletiva cultural para atuar na cidade? Resposta: Recuperar e conhecer a Cultural local. Sem conhecimento, perdermos nossa referência de existência coletiva e orgulho. Dando assim melhor entendimento do que significa fazer parte dessa “tribo”. O que te motivou a dar este nome para seu projeto? (caso seu projeto tenha um nome) Resposta: Prospectar o nome do Bairro, hoje ainda pouco conhecido fora da sua região administrativa, e fortificar a necessidade do Verde Urbano dentro dele. Qual desejo te move nesta atuação, como atua e há quanto tempo atua com este projeto? Resposta: Repaginar o entendimento de Cidadania e Ocupação dos Espaços Públicos, com responsabilidade sócia ambiental. Com formato simples e público específico, as famílias. As crianças são detentoras da possibilidade de mudarmos o futuro do Verde Urbano e dos Espaços Públicos. Levando até elas a responsabilidade de cuidado de uma árvore nos espaços públicos as relações afetivas com este ser vivo e com o “local” onde reside são fortificados e consolidados, como o certo a ser feito em prol de algo maior que o seu bem estar pessoal. Pra você, o que é subúrbio? Resposta: ‘- Espaço que margeia o lado de “lá”. O espaço folcloricamente destinado a um nada insólito e com seres diferentes. ’ A definição que escrevi foi dita a mim há muitos anos por morador da Zona Sul. Quando ouvi disse automaticamente: “- Lugar onde se conhece os vizinhos pelo nome, onde as crianças aprendem a andar de bicicleta nas suas Ruas. Onde o padeiro toca buzina avisando que o pão está na sua porta. Dorme com essa invejinha!”  A definição de Subúrbio é das áreas que margeiam os centros urbanos. Outrora definiuse como os Bairros que acompanham a malha ferroviária. Para mim hoje é um estado de espírito. 43


Pra você, que representa um verdadeiro suburbano? Resposta: Participa das rotinas folclóricas de ir a Igreja nos Domingos, passar pela Pracinha para ver a pelada, comentar que horas a moça da casa ao lado chegou. Conhece os donos de Boteco pelo apelido, tem conta no comércio local. Participa do Bloco do Bairro, da roda de samba, faz churrasco na calçada. Vai ao Mercadão para comprar algo mais barato e/ou em quantidade para suas festas. Entende os ramais do trem e circula com facilidade pelo centro do Rio e Zona Sul. Ainda sobre o subúrbio, você acredita que exista um espaço físico que possa delimitálo? Resposta: Não. Existem os conceitos que definem por associação das características e posicionamento. Mas o que mais define um Bairro como Suburbano são as características da cultura local. O que melhor representaria o subúrbio para você? Resposta: Ruas tranquilas e arborizadas, pequenos comércios: venda (minis mercados), Pracinhas e Igrejas. Futebol de Rua e comércio de porta em porta. Você acredita que o suburbano em geral apóia e gosta, ou rejeita, ou não entende; as ações do seu coletivo? Resposta: Não entende, estranha, mas ao conhecer melhor gosta e apoia. Porém isso é um processo de conquista lento em sua maioria. O Suburbano quer ter orgulho do que é, e precisa de motivação externa para isso. Que mudanças em relação ao subúrbio e a cidade, você acredita que o seu trabalho pode produzir ou já produziu? Resposta: Entendimento dos seus direitos e deveres com o local que habita. Melhor entendimento de Cidadania, da sua responsabilidade com o Meio Ambiente dentro do espaço que ocupa. Você já produziu ou pretende produzir alguma ação de mudança do espaço local? Resposta: Mudança física não. A mudança trabalhada é comportamental em relação ao Verde Urbano e os Espaços Públicos. Fica aqui um espaço livre para reflexões, proposições, críticas a respeito, fale-nos o que sentir vontade de falar. Reflexão Livre: Quem Ama Cuida. Um clichê, porém cercado de sabedoria. Chega de reclamar, de abandonar para destruir. A geração do abandono e da acomodação em criticar tem que ser substituída pela que atua de verdade no bem comum e no futuro mais sustentável.

Estou cansada de ideias mirabolantes para os problemas simples do dia-a-dia. Farta da falta de iniciativa e necessidade de pedir ajuda ao Poder Público para todos os nossos embates diários. Seja a mudança que você quer ver no mundo! Simples assim.

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