Foto e arte na rua

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VISUAIS MCR GALERIA CELEBRA OS 50 ANOS DE ARTE DE JAMISON PEDRA E DESTACA, NA MOSTRA, 30 OBRAS INÉDITAS DO ARTISTA

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SALVADOR 26/5/2014

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CINEMA PRAIA DO FUTURO LEVANTA INDAGAÇÕES ACERCA DA HOMOFOBIA

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Fernando Vivas / Ag. A TARDE

Rodrigo Wanderley criou o Varal Itinerante, expondo em ruas e praças

e arte na rua PERFIL Rodrigo Wanderley une fotografias e textos para contar histórias com cenas cotidianas e faz exposições em varais

Rodrigo Wanderley/ Divulgação

VERENA PARANHOS

Quando o olhar vê além do óbvio, uma caixa de papelão pode virar câmera, imagem poesia, varal expositor, praça galeria e fotógrafo artista. É assim com Rodrigo Wanderley, baiano que conta histórias a partir das cenas cotidianas que captura na capital e no interior. Unindo fotografias a textos curtos inspirados pela poesia de Manoel de Barros, Patativa do Assaré e Mário Quintana, o jovem de 26 anos criou o projeto Causos Fotografados. “Coloco no papel o que as fotos me dizem. A imagem me diz um segredo e eu conto pros outros. São coisas simples, ‘causualidades’ do dia a dia. A todo momento, com a câmera na mão vejo coisas inusitadas”, conta e exemplifica com o causo do dia em que estava passando de carro pelo Bonocô e viu um cavalo andando na passarela. “Tive que parar e fazer a foto, que ganhou o texto ‘Cuidado, animais no volante’”. Entretanto, para Rodrigo não basta clicar. É necessário colocar a combinação poética de palavras e imagens na rua. Assim nasceu o Varal Itinerante, por meio do qual o artista já expôs em ruas e praças de Salvador, Igatu, Vale do Capão, Santo Antônio de Jesus (sua cidade natal), Cachoeira, Vitória da Conquista e São Paulo. “O trabalho de Rodrigo reflete muito a cultura do interior, da fotografia a serviço do coletivo. Gosto do olhar dele, de como usa essa coisa itinerante que vai levando para todos os lugares que passa”, opina a fotógrafa Iêda Marques. Entre abril e maio, o varal também aportou nos Andes, em cidades do Equador e Peru, onde o fotógrafo participou da residência artística Ciudad de Cruces, em No Lugar (Quito). “Desde a primeira vez que coloquei o varal na rua, eu me viciei pelo contato com o público e sua espontaneidade. As pessoas chegam, comentam uma coisa e contam outras histórias a partir daquelas fotos”. Os varais ganharam colaboração de outros artistas e despertaram em quem vê as fotos expostas a vontade de levá-las para casa. Foi então que Rodrigo resolveu guardar os Causos Fotografados (no formato 10x15) em caixas de madeira, vendidas a R$ 50. “É um instrumento que a pes-

Ricardo Senna/ Divulgação

“É tudo uma questão de verniz. Ou de reboco”. Clique na Rótula do Abacaxi

Verger

“Desde a primeira vez que coloquei o varal na rua, eu me viciei”. Varal na vila de Igatu

Ricardo Senna/ Divulgação

Câmeras feitas na oficina de Caixa Mágica no bairro do Calabar (esq.) e em Quito (dir.)

soa tem na mão para diferentes usos. Pode presentear, fazer quadros ou um varal em casa, presentear. Assim a coisa circula, o varal se multiplica”. O olhar de Rodrigo Wanderley despertouparaafotografiaquando viu uma exposição de Pierre Verger, no Museu de Arte Moderna da Bahia, ainda na época do cursinho. Na Faculdade de Comunicação da Ufba, onde se formou em jornalismo em 2011, ele foi monitor, estagiário e desenvolveu alguns projetos no Laboratório de Fotografia (Labfoto). Para o coordenador acadêmico do Labfoto, Rodrigo Rossoni, Wanderley foi um dos que passaram pelo laboratório e deixaram sua marca. “Ele tem talento e sensibilidade, um grau de humanidade muito grande. Tudo isso reverbera no trabalho que realiza com o varal, na fotografia artesanal, no desejo de produzir cursos e levar a fotografia a um projeto maior do que simplesmente o ato de fotografar”. Rodrigo já ministrou oficinas e cursos no Labfoto, Coesão Espaço Cultural, ONGs, escolas e também de forma independente pelo interior da Bahia. No curso Introdução de Magia Fotográfica, ele usa a fotografia digital para fazer um link com a poesia, o cinema e a pintura. “Além da técnica, é preciso descobrir o olhar, ser sensível”. Já na Oficina de Caixa Mágica, o fotógrafo ensina a construir uma câmera escura, sem memória, que funciona como um objeto de visualização. “Um senhor de 60 anos participou da Caixa Mágica em Quito. Ele não pegava na câmera há dez anos, porque perdeu em um incêndio a que tinha e depois se desencantou com o mundo digital. Quando construiu sua câmera de papelão com uma lente de aumento, ele virou menino, ficou encantado por sentir a fotografia na mão dele”. No Circuito das Artes 2014, Wanderley expôs imagens construídas com câmera de papelão e registradas com a máquina digital. No currículo, traz ainda a exposição Laje (2011), em parceria com Rafael Martins e Alex Oliveira, participação na XI Bienal do Recôncavo e prêmio no Intercom pelo projeto Retratos Imaginados. WWW.RODRIGOWANDERLEY.COM


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