2ª Edição do Satélite 061 - 24h no ar

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CMY K

Diversão&Arte • Brasília, domingo, 8 de dezembro de 2013 • CORREIO BRAZILIENSE • 3

Oque

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Duda Vieira /Divulgação

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KARINA BUHR Baiana crescida em Pernambuco e moradora de São Paulo, Karina Buhr despontou na cena cultural brasileira como multiartista. Cantora e ilustradora desde 1992, também integrou o elenco do Teatro Oficina como atriz e compositora. Ilustrou as capas e os encartes dos álbuns da banda Comadre Fulozinha e, também, o encarte do seu disco de estreia Eu menti pra você. No cinema, participou da trilha da peça e do filme A máquina, de João Falcão. No Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2012, ganhou o Candango de melhor trilha sonora, junto com Tomaz Alves Souza, pelo film Eera uma vez eu, Verônica , de Marcelo Gomes.

Tudoaomesmotempo ESPECIAL PARACOORREIO

Você é uma baiana crescida em Recife e mora em São Paulo. Como é essa mistura? Eu sempre fiquei indo e voltando entre as duas cidades porque meu pai era de Salvador e minha mãe, de Recife. Mas de fazer música sempre foi Recife. E São Paulo é um lugar aonde eu sempre queria ir, achei que iria uma hora, e tive o convite do Zé Celso (Martinez) para trabalhar no Teatro Oficina. Aí fiquei direto. Como você começou na música? Tem outros artistas na família? Tenho uma irmã fotógrafa, e meu avô tocava piano em casa e na igreja. Não aprendi a tocar com ele, mas aprendi a ouvir. Eu me envolvi muito com o carnaval de Recife, queria tocar bateria, mas acabei tocando percussão. Quando eu vi, já estava no maracatu (maracatu Piaba de Ouro, do mestre Salustiano, e depois tocando bombo no maracatu Estrela Brilhante). Como gostava de escrever, comecei a fazer minhas músicas e as coisas foram acontecendo. Você é cantora, compositora, ilustradora, atriz, colunista. Como é criar para tantas áreas diferentes? Acaba que na verdade faço tudo ao mesmo tempo, mas é muito de acordo com o que vai rolar. Tive recentemente o convite para deixar peças que eu ilustrei na lojinha de Inhotim (museu de arte contemporânea próximo a Belo Horizonte). Depois me convidam para abrir show, ou para expor meus desenhos. Não tem isso de agora vou fazer tudo ou não vou fazer nada. No ano passado, você ganhou o troféu candango pela trilha sonora do Erauma vez eu, Verônica . Você também atua no filme.Como foi essa experiência de trabalhar com o Marcelo Gomes? Foi maravilhoso. Sempre admirei muito

o Marcelo Gomes. A equipe dele é incrível, tanto fazendo longas como outros trabalhos. Quando ele me convidou para fazer esse filme, eu fiquei muito feliz, só não sabia que seria tão forte a questão da música para a personagem. Ele falou que ia usar três ou quatro músicas, e quando eu vi eu fiquei totalmente boba, porque a música é totalmente presente no filme. No filme, aparecem as músicas Me mira ira eNão me ametanto , que refletem o universo da personagem Verônica, mas que falam sobre relacionamentos em geral. Você acha que refletem dilemas dessa geração? Não acho que seja de geração, até porque desconfio que sou de uma geração anterior a da Verônica (risos). Escrevi essas músicas em momentos totalmente diferentes, e, assim como as outras músicas que eu faço, vai muito do que estou sentindo. E sobre geração de músicos, tanto de nomes do Recife como Otto e Thiago Petit. Você se considera parte disso? Tem muita gente fazendo muita coisa ao mesmo tempo em vários lugares do Brasil, e já faz tempo; comecei a tocar em 1992 e, de lá para cá, só vejo isso se fortalecer. Muita gente massa despontando, não vejo diminuir ou estagnar, mas só crescer a música. De uma maneira independente, que é uma coisa maravilhosa, mas, ao mesmo tempo, tem esse rótulo de alternativo que me incomoda. Quando chamam de alternativo um artista, o que isso quer dizer? Não diz nada sobre a música que a pessoa faz. Sobre os rótulos, você já foi chamada de cantora mais punk do pop atual.

O que você pensa sobre isso? Acho que quem escuta as músicas ou assiste a algum trabalho busca rótulos para tentar explicar o que viu, mas, para mim, na hora de criar, não faz diferença, não me preocupo com isso. Claro que tem gente que se preocupa porque deseja atingir um determinado público, mas, quando você faz o que está sentindo, você quer mais é sair dos rótulos. O que importa mesmo é o que o público acaba sentindo quando escuta as músicas. Seu trabalho tem uma veia bem performática. Como você acha que isso é recebido pelo público? É mais impactante do que simplesmente subir no palco e cantar? Não considero as performances na hora de fazer, só faz sentido a performance porque tem a ver com as músicas, com as letras que eu faço, está tudo interligado. Se eu tocasse um outro tipo de música que não levasse a isso e tentasse forçar a barra nas performances, não ia ficar legal. Não faço show pensando ‘ah, vou causar’. Quais são suas principais inspirações na hora de criar? Sempre digo que minha escola e principal inspiração foi o carnaval de rua de Recife e o interior. Tem tanta coisa diferente por lá, e tem o rock envolvido. Nem tanto de tema, mas isso de fazer tudo ao mesmo tempo na hora. Você temuma presençaforte nas redes sociais, játendo feitoinclusive um sistema de permutacom osinternautas, que podiam baixarcada faixase tuitasse sobre oálbum. Comovocê avalia, isso te aproximados fãs? É uma forma de comunicação boa,

Não faço show pensando ‘ah, vou causar’”

CMY K

» MARIANA VIEIRA

uma maneira de falar com as pessoas, algum recado que você quer passar, algum desenho que você quer mostrar, de repente você posta ali e chega em muito mais gente do que você imagina. Ao mesmo tempo, eu acho ótimo os artistas que não estão nem aí para as redes sociais, que ficam ali só na boca do palco. Eu só posto quando tenho vontade, e, quando estou em turnê, faz sentido colocar fotos dos bastidores, também para colocar algum texto meu, mas não me sinto obrigada a postar nada. Existe esse mal-estar atual em relação às biografias de pessoas famosas. O que você pensa sobre isso? Você se deixaria biografar? Mas é claro! Eu acho que todo mundo deve poder escrever sobre o que quiser. No caso de biografia, se é alguma coisa que lhe fere ou que é mentira enquanto biografado, você vai lá e resolve, processa ou faz qualquer coisa desse tipo. Tem que escrever independentemente do que a pessoa pensa, tanto que existem as biografias não autorizadas. No caso de um político corrupto, você vai comprar só a autorizada, confiar naquela versão? Todo mundo tem que poder escrever a priori, depois se resolve problema a problema. Quais são seus projetos para o futuro? Tem algum artista com quem você gostaria de fazer parceria? No momento, estou adorando viajar com a turnê deste show, estou desenhando para um monte de coisas. Não estou com tanta vontade de gravar CD novo por agora, prefiro pensar em gravar um DVD desse show, que é uma mistura do primeiro álbum Eu menti para você e do Longe de onde. Sobre as parcerias, eu não fico muito focada em essa ou aquela pessoa, é claro que tem muita gente com quem eu gostaria de dividir o palco, mas quando tem que rolar acontece naturalmente, como foi o caso da Marina Lima (Karina cantou uma faixa, Desencantados, do último álbum de Marina).



















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