InEsperadamente

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Desenho II 2015/1


ENSINA-SE A DESENHAR, DESENHANDO. DESENHO II. COMO AVANÇAR NA PESQUISA DO DESENHO, SEM SE ATER ÁS TÉCNICAS ESQUEMÁTICAS, MAS TAMBÉM SEM ABANDONAR O APRENDIZADO DA OBSERVAÇÃO, DA TRADIÇÃO GRÁFICA E OS EXEMPLOS DA HISTÓRIA DA ARTE? PAISAGEM. COMO DESENHAR PAISAGEM HOJE, SEM SE ATER A UMA REAPRESENTAÇÃO REALISTA MECÂNICA OU INFANTIL, MAS ENCONTRAR NESTE MOTIVO O ESPAÇO DO RISCO, DA FORMA, DA COR, DOS VALORES TONAIS? COMO CRIAR ATMOSFERAS GRÁFICAS, RELAÇÕES DE FORMAS, CORES, CLARO-ESCUROS QUE CONFIGUREM ALGO COMO “PAISAGEM?” TÉCNICA. QUE TÉCNICA A APREENDER? COMO DESENHAR SEM “SABER DESENHAR” E DESENVOLVER CAMINHOS ‘DESENHANTES’? ARTISTAS REFERENCIAIS: CLAUDE MONET, ALBERTO DA VEIGA GUIGNARD, TERESA POESTER. EXERCÍCIOS: DIÁRIO GRÁFICO: DESENHO COTIDIANO, ANOTAÇÕES GRÁFICAS, TEXTOS, DESENHO DE OBSERVAÇÃO, PROPORÇÃO, PERSPECTIVA, CROQUIS, COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS EM SALA DE AULA. ESTAS FORAM AS VIAS QUE SEGUIMOS NESTE PERÍODO DE DESENHO NA UFES. DIVIDIMOS RESPONSABILIDADES. O ENSINO SÓ É POSSÍVEL QUANDO ALGUÉM SE DISPÕE A APRENDER. DAÍ A NECESSIDADE DE SE ESTENDER O ESTUDO PARA OS ESPAÇOS EXTRAS SALA AULA, PARA AS RUAS, PARA OS CAFÉS, PARA AS SALAS DE ESPERA, ENFIM PARA TODOS OS LUGARES POR ONDE O ALUNO PUDESSEM ESTAR. O DESENHO DE OBSERVAÇÃO, ALIOU-SE À FOTOGRAFIA, ÀS IMAGENS ENCONTRADAS NA INTERNET E ASSIM PENSAMOS “ESTUDOS”, “RASCUNHOS” À GRAFITE OU À CANETA INSTRUMENTOS, OS QUAIS, POUCO A POUCO FORAM SE TRANSFORMANDO EM PAISAGENS, EM AQUARELA OU BICO DE PENA, ETC. POR FIM DESENHAMOS JUNTOS. SE APRENDE A DESENHAR DESENHANDO, DO OUTRO LADO TAMBÉM PODE-SE DIZER QUE, SE ENSINA DESENHAR, DESENHANDO. ENSINO E APRENDIZADO SÃO ESPAÇOS CRIATIVOS. A SALA DE AULA SE TORNOU ATELIER, PARA PROFESSOR E ALUNO: ESPAÇO DE ENCONTRO, DE DEBATE, DE EXPERIMENTAÇÃO. AVALIAÇÃO. APRESENTAÇÃO FINAL DOS TRABALHOS NA FORMA DE LIVRO, JUNTAMENTE COM TEXTOS REFLEXIVO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO E DE APRENDIZADO. ASSIM, SURGE ESTE LIVRO, VOLUME ÚNICO, MAS TAMBÉM DISPONÍVEL EM MÍDIA DIGITAL. ELE CONTÉM DEPOIMENTOS DE TODOS NÓS E, UMA SELEÇÃO DOS TRABALHOS PRODUZIDOS, DURANTE O SEMESTRE LETIVO 2015/1. O RESULTADO É UM TRABALHO QUE ULTRAPASSA O EXERCÍCIO MERAMENTE ESCOLAR E QUE, VALE A PENA SER VISTO, SER GUARDADO E SER. BOA CONTINUAÇÃO PARA TODOS! FERNANDO AUGUSTO S. NETO VITÓRIA-ES, 2015-1


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ós somos alunos do segundo período do curso de Desenho Industrial da Universidade Federal do Espirito Santo e estamos cursando a matéria Desenho Artístico II, ministrada pelo professor Fernando Augusto. A matéria foi passada de modo dinâmico, prático e inovador. Estudamos artistas como Francisco Farias, Teresa Poéster, Claude Monet, entre outros. No inicio do período começamos a trabalhar com desenhos mais simples, como o desenho com dois lápis, desenho de perspectiva, desenho em negativo, desenho de ônibus, desenho de chão e finalmente os estudos das paisagens, que é o estilo trabalhado na matéria. O professor Fernando Augusto foi como um mestre para a turma. Conseguiu identificar os pontos fracos e fortes em cada aluno e assim auxiliar melhor no desenvolvimento dos trabalhos, respeitando a capacidade de cada um. A matéria como um todo foi de extremo aprendizado, nos incentivou a sair da zona de conforto e buscar novas experiências. O nosso trabalho final está exposto em cada página desse livro. Cada capítulo é como se fosse um pedacinho de cada aluno.


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vida é um período especial para que aprendamos o que é mais importante, desde sempre havia decidido que iria fazer algo que me trouxesse felicidade e seria um trabalho diversificado. Queria ter como minha principal ferramenta de trabalho a minha criatividade. O Curso de Graduação Desenho Industrial na Universidade Federal do Espírito Santo, tem como capacitação a programação visual, onde trabalhamos com muitos aspectos referentes à estética e o design de informação. Com 24 anos estou seguro e decidido da escolha que fiz. Não podia de forma alguma me contentar com menos do que esperava para a minha realização pessoal, fico feliz por tal pensamento ter pairado em minha mente tão cedo. Dentre as diversas matérias e estudos que temos, seguem-se Desenho I e Desenho II, esta por última destacarei. O mundo da indústria criativa é um ambiente bem criterioso, e como o próprio nome sugere, devo ser criativo, as aulas de Desenho II com o Professor e Mestre Fernando Augusto no ramo das artes, puderamme abrir um campo de ideias e como alcançar a nossa fonte pessoal de inspiração, o fato é que estamos cercados por uma criação sendo que tudo a nossa volta foi planejado, o que eu preciso fazer é aprender a observar e absorver as informações e modifica-las, tornando-as uma nova criação. Participei de experiências fundamentais onde tive que desenhar em ambientes diversificados como em ônibus, campos abertos, luzes naturais e etc. Sentia como se estivesse vivendo na era impressionista, onde buscava não somente o traço ou mancha sobre o papel, mas sim o efeito do desenho em mim mesmo e em quem quer que ele alcance. Não poderia esquecer a aula de desenho externo onde tinhamos que desenhar os sons. Foi imprescindível compartilhar dessa experiência. Sei pessoalmente que: O nosso trabalho é dar formas o que ainda não foi atingido pela visão externa, mas que circunda um campo interno, secreto em cada um de nós se conseguirmos projetar fisicamente tais excelentes pensamentos, teremos pela frente um mundo glorioso.

Desenho de Observação: Grafite sobre papel.

ALEX LARUSSO Observação: Base Fotografica.

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The Icebergs. Tinta e pastel.

Campus-UFES, a regi達o do lago: Nanquim.

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Aquarela sobre papel.

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Pintura Cega: composição - If You Could Hie to Kolob Willian W. Phelps.

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Pintura Cega: a composição - The Messiah Hallelujah of Handel

Aquarela sobre Papel Aquarela sobre Papel.

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Aquarela sobre Papel

Primeiras experiencias com Giz Pastel.

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Lobo, pintado inteiramente com giz pastel, primeiro trabaho onde buscรกvamos o inverso, desenhar com branco sobre o papel preto.

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eu nome é Amanda escolhi o curso de desenho de Industrial da UFES, pois desde pequena desenhava e sempre gostei de criar coisas e por isso sempre quis fazer algo relacionado ao desenho, e o desenho industrial me possibilita criar, desenhar bastante, e trabalhar com identidade visual que e o que mais me interessa no momento. A disciplina de desenho II me mostrou muitas formas diferentes de desenhar como o uso de dois lápis ao mesmo tempo, desenhos em espaços negativos, formas de reproduzir o desenho que nunca tinha feito antes e aprendi formas que facilitam bastante na hora de desenhar, também fizemos desenhos feitos no ônibus, desenhar no ônibus foi bem legal porque fica sempre balançando, a linha fica tremida dando outro traço ao desenho, Fizemos muitos desenhos de paisagens foi bem interessante essa nova experiência de sair daquilo que você sempre desenha, pois não tenho o costume de desenhar paisagens, a partir de agora pretendo desenhar mais, com elas aprende a prestar mais atenção nos detalhes que constroem cada parte da imagem e de desenvolver o meu olhar melhor a partir do estudo da paisagem para reproduzi-la. Uma artista que me inspirou foi a Tereza Poester na hora de criar texturas para algumas paisagens à forma como ela utilizar traços e riscos em seus trabalhos foram de grande base para criações de texturas para minhas paisagens. Tivemos exercícios de ouvir o som e reproduzi-lo no papel de olhos fechados, essa forma de desenhar me deu uma nova percepção, que o som também pode virar arte nunca havia imaginado isso quase nunca prestamos atenção no som nunca deixamos ele falar, e hoje eu deixo ele falar deixo me ouvi-lo. Gostei muito desses exercícios citados eles foram de grande aprendizado hoje conheço muitas formas melhores de se reproduzir um desenho, com todos esses exercícios que fizemos na disciplina, aprendi a ver novas formas de desenhar que facilitam a reprodução do desenho e não somente a ficar em desenhos realistas perfeitos, pois o que é irregular pode também ser um grande desenho. E a utilizar novas formas para se desenhar como o uso de dois lápis, de apenas desenhar o contorno, e de usar texturas para criar.

Paisagem: lápis 2b e lápis de cor laranja.

AMANDA RODRIGUES

Aquarela sobre Papel.

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Tinta nanquim sobre papel.

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Lรกpis 2b o da esquerda um banheiro e o direita uma sala.

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Exercício Sonoro feito com lápis 2b.

D Chão da UFES feito com nanquim 0.8.

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esenho de Beija-flor no papel preto com lápis de cor Branco, esse tipo de desenho no papel preto e muito interessante e diferente, e o efeito que gera e muito legal. 21


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scolhi o curso de Design por dois motivos, o primeiro deles foi pelo fato de gostar desenho desde pequeno, apesar de não dominar muito bem esta técnica, o segundo foi pelo fato de sempre admirar o design dos automóveis e querer trabalhar com isso. Então resolvi pesquisar sobre, descobrindo o curso. Falando agora sobre meus desenhos, vocês poderão notar uma grande semelhança com a artista Teresa Poester, que possui traços mais rápidos, o que acabou facilitando um pouco para mim. Por me basear muito nela, acabei utilizando pouca variedade de materiais, os quais se restringiram a caneta nanquim, caneta esferográfica e carvão. Quis retratar também uma nova e curiosa experiência, que aprendi com o Professor Fernando Augusto, esta experiência que foi a Paisagem Sonora, que consiste em retratar não o que você vê, mas sim os sons que estão no ambiente. Concluindo está breve apresentação, digo, que melhorei muito minhas técnicas com o desenho e que foi uma grande experiência. Paisagem Sonora.

JOÃO CÔGO Paisagem Sonora: Horário de pico.

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Caminho de Casa para Ufes.

Paisagem desenhada.

Desenhar um espaço sem olhar para o papel. Representei o chão do apartamento.

Esboço de uma paisagem da UFES.

Paisagem sonora sobreposta, feita em três horários, Vermelho Manhã, Preto Tarde, Azul Noite.

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Reprodução de uma foto, proposta pelo Professor.

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Paisagem incompleta, onde quis mostrar o efeito do branco no papel preto.

Reprodução de uma foto, onde esta retratado o convento da penha, ponto turístico da cidade de Vitória.

Chão a minha frente.

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Representação de árvores na UFES.

Paisagem feita em um lugar da UFES.

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aisagem feita com carvão, vista do Cemuni II - UFES.

Copa de pequenas árvores e o céu nublado ao fundo.

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esde pequena fui muito interessada na área de artes, pintar, desenhar, cantar. Sempre gostei muito e fui crescendo e aprimorando um pouco, no ensino médio eu pensava eu fazer arquitetura porque achava que era uma área onde eu iria desenhar muito, e gostava disso, mas quando chegou a época do vestibular em estava com dúvidas se queria mesmo, foi quando descobri desenho industrial. Não sabia o que era e comecei a pesquisar sobre e descobri que era uma área que me interessava mais, o curso ainda não me decepcionou, ele é muito mais do que eu esperava e eu estou aprendendo muito com ele. Em desenho artístico I começamos a fazer desenho de observação coisa que eu nunca havia feito antes, meus primeiros desenhos foram decepcionantes, mas ao decorrer da matéria eu mesma me surpreendi com meus desenhos, estavam cada vez melhores. Em desenho II começamos a aprender a desenhar paisagens e na verdade eu também nunca havia desenhado paisagens, descobri também uma dificuldade que não sabia que havia que era em desenhos de perspectiva e com os trabalhos do professor fui aprendendo de verdade o que era. Comecei também a desenhar com outros tipos de matériais, nanquim, aquarela, pastel, acrílica entre outros, e me sai muito bem com alguns... Meus desenhos têm bastante influência da Teresa Poester e de Monet, porque já tinha ouvido falar sobre ele antes e o professor os apresentou em sala de aula. Fernando nos incentivou a desenhar todos os dias com o diário gráfico e nos incentivou também a não ter medo de errar e de se arriscar e que as vezes o “erro” poderia melhorar nosso desenho, levo dessa matéria uma experiência muito boa de ter mais coragem ao desenhar e aprimorar minhas “falhas” no desenho.

Perspectiva feita em sala.

KAMILA ROSA Chão feito ao ar livro caneta bic.

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Desenho sonoro feita ao ar livre.

Tronco: LĂĄpis 2B, 4B e 6B.

Reprodução de foto de paiagem.

Aquarela sobre papel.

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Nanquim e รกgua. 36

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Nanquim e aquarela. 38

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Experimentando pintar com nanquim e รกgua pela primeira vez.

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anquim e รกgua em papel canson A3.

Floresta seca feito com nanquim e รกgua em canson A3.

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eu nome é Luiz Gustavo, tenho vinte anos e sempre gostei de desenhar, o que influenciou a minha escolha pelo curso de desenho industrial na UFES. Fiz o primeiro período, começando no segundo semestre de 2013, tranquei a faculdade por um ano, retornando em 2015. No segundo semestre tivemos aulas da disciplina de Desenho Artístico II, aulas estas que julgo muito importantes porque aprendi a usar mais as cores, e conseqüentemente as tintas. Nunca fui muito de pintar meus desenhos, mas depois de trabalhar com as cores nos exercícios acabei aderindo a esse estilo. Logo no começo das aulas tivemos que sair de nossa zona de conforto, usando 2 lápis em uma mão, ou então usando a mão esquerda, e registrar momentos dentro de ônibus, o que era bem estranho. Fizemos vários desenhos sonoros, onde fechamos os olhos e desenhamos os sons, um exercício bem curioso. Na disciplina, comecei a me familiarizar com desenho de chão e copas de árvores, então trabalhei grande parte de meus trabalhos com esse foco, era bem difícil dar textura ao chão, então acabei desenvolvendo uma técnica na qual facilitava o trabalho e dava um bom efeito ao desenho. Estudamos e realizamos trabalhos sobre artistas tais como Teresa Poester e Monet, os quais eram excelentes pintores e conseguiam apenas com manchas, criar uma composição impressionante. Foi uma excelente disciplina onde desenhamos insanamente todos os tipos de paisagem e em todo tipo de lugar, em movimento ou não, mudando o jeito como vemos a paisagem. Aprendi que qualquer coisa pode ser uma paisagem, até mesmo o chão ou a casca de uma árvore, depende só de quem vê.

Perspectiva.

LUÍZ GUSTAVO Fotográfia de galhos secos.

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Texturas, dos troncos das ĂĄrvores, os galhos e o chĂŁo.

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Copa das ĂĄrvores com a visĂŁo interna.

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Aqui temos um esboรงo de alguns telhados, feitos com grรกfite e ao lado pinturas da natureza criadas com tinta.

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Trabalhos realizados com nanquim.

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intas sobre papel.

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esde pequena gosto de cantar, desenhar e criar, amo música e tento levar a vida o mais leve possível e sem preocupações. Escolhi o curso de desenho Industrial da UFES, depois de pesquisar bastante e percebe que tem muito haver comigo e com o que quero para a minha vida. Desde que comecei o curso estou gostando cada vez mais e este semestre a disciplina de desenho artístico II, me possibilitou uma nova forma de enxergar o desenho. No passado eram linhas retas, formas prontas, tudo tinha que ter um sentido, uma forma. Em desenho II aprendi várias formas de representar, com dois lápis de cor, espaços negativos, aquarela, nanquim, pastel, e a desenhar no papel preto, sou canhota e aprendi a desenhar com a mão direita. Gostei muito da técnica de construir a imagem a partir de pequenos traços, a representação vai se construindo, cria uma textura. Interessei-me muito pelo exercício de paisagem sonora. É incrível, vivemos uma vida tão corrida, então paramos por alguns minutos com os olhos fechados para ouvir os sons e representá-los no papel e descobrimos algo imenso e diferente, ao mesmo tempo confuso. Nunca havia experimentado, adorei.

Lurdesmara Motta 52

Capa do Diário Gráfico.

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Paisagem Sonora de Sobreposição.

Caneta preta sobre vidro.

Lápis e caneta no diário gráfico. Monte Mestre Alvaro e pracinha do ncd Ufes.

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Desenho de chão com textura, nanquim.

Copa de árvore - Aquarela e nanquimsobre papel.

Galhos secos a partir de foto.

Pespctiva e textura, caneta preta - A proposta era desenhar as arvores usando lápis para medir a proporção.

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Nanquim, aquarela, e tinta acrĂ­lica sobre papel.

Pastel sobre papel.

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Pastel sobre papel.

Lago da Ufes - Aqurela e nanquim sobre papel.

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Terceira ponte - Aquarela sobre papel.

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Por do sol - Aquarela e nanquin sobre papel.

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prendi muito, expandi a minha visĂŁo, ganhei uma nova forma de enxergar, observar e representar o mundo e as coisas ao meu redor. Quero aprender cada vez mais e cursar esta matĂŠria foi essencial para mim. 61


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Magna Nunes 62

eu nome é Magna, escolhi o curso de desenho industrial porque fiquei muito interessada quando olhei a grade curricular e vi que tinha aulas de fotografia e de vídeo. Gosto muito de fotografia e tenho muito interesse de aprender técnicas. Estou gostando muito do curso, confesso que no começo fiquei assustada com as aulas de desenho, mas não desanimei e tenho aprendido muito. No começo das aulas foi bem assustador quando o professor disse que teríamos que desenhar muito e nos deu a primeira atividade que era de fazer um caderno com 100 folhas, e desenhar o tempo todo. Aprendi algumas técnicas que nem sabia que existia como, por exemplo, desenhar usando as duas mãos e dois lápis ao mesmo tempo, foi difícil mais teve um bom resultado. Outro desafio foi de desenhar no ônibus, que vergonha senti, mais consegui superar. Depois tivemos aulas ao ar livre na escola. As aulas de paisagem sonora foi uma técnica nova pra mim ao ter que observar quanto som podemos ouvir ao fechar os olhos e se concentrar para desenhar o que ouvimos. Outro desenho que gostei de fazer foi o chão, nunca tinha desenhado um chão antes, mais até que gostei do resultado. Fiz alguns desenhos de chão, usando algumas técnicas diferentes e gostei do resultado. Ficaram bem interessantes os rabiscos usando canetas, lápis e nanquim. Teve um desenho que o professor até comentou que eu tinha feito textura e não um desenho de chão. Não podia imaginar que sairia uma textura bem interessante, gostei de fazer. Em uma das aulas o professor pediu para pesquisar sobre alguns artistas, como por exemplo, a artista Tereza Poester. Fiquei impressionada pelo -fato de como ela faz suas paisagens com apenas alguns rabiscos usando somente lápis grafite e lápis de cor. Fiz também algumas paisagens usando esta técnica e ficou interessante. preciso desenhar e desenhar.

Caderno que fiz para os desenhos do semestre.

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Desenho dentro do 么nibus - lapis h, 2b e 6b sobre papel. Paisagem sonora - Caneta preta sobre papel.

Releitura do Artista Francisco Farias - Lapis H, 4b e 6b sobre papel.

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Paisagem Sonora de Sobreposição - Caneta preta e vermelha sobre papel.

Desenho de chĂŁo - Nanquimsobre papel Paisagem sono de transito - Ouvia muito os sons de motor do onibus e o das pessoas falando - lapis 2b sobre papel,

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Paisagem tirada de revista - lapis h e aquarela sobre papel.

2 lapis de cor juntos sobre papel.

Desenho de chĂŁo - LĂĄpis de cor aquarelĂĄvel sobre papel.

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Atividade em sala a partir de fotografia

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Paisagem- Nanquim sobre papel.

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Textura com nanquim.

N Desenho de chĂŁo - Caneta preta sobre papel.

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o final dessas aulas pude perceber que foi um aprendizado muito grande e desafiador. As tĂŠcnicas que aprendi me ajudaram muito a fazer os desenhos solicitados pelo professor. E aprendi que para se ter um bom resultado ĂŠ preciso desenhar e desenhar.

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Mateus Gonzaga 74

eu nome é Mateus Gonzaga da Silva e antes de falar sobre a matéria desenho artístico II, vou contar o que me levou a esse curso. Na minha infância o que eu mais gostava de fazer era assistir desenho, jogar vídeo-game e brincar. Eventualmente eu desenhava, pois era outra paixão, meus desenhos sempre foram os meus personagens de jogos e desenhos preferidos, isso fez que eu nunca desenhasse cenários, e isso se tornou uma dificuldade hoje em dia. O que me levou ao curso de desenho industrial, foi querer juntar duas paixões, que é: desenhar e vídeo-game. Quando chegou a época de escolher o que fazer da vida eu não tinha a mínima idéia em que caminho seguir, então descobrir que dava para transformar o prazer de desenhar em profissão, melhor que isso, descobrir que com desenho eu posso trabalhar fazendo arte para jogos. E assim começou uma busca pela a internet de como me especializar nessa área, eu queria que esse curso que eu procurava fosse em Vitória, mas não achei, o único curso que chegava perto do meu objetivo era o de desenho industrial. No curso de desenho industrial foi onde eu cursei a matéria desenho artístico II. O interessante da aula do professor Fernando foi que ele mandou nós fazermos um diário gráfico onde tínhamos que desenhar todos os dias, assim nos estimulando a desenhar. No diário gráfico foi onde eu mais trabalhei, pois não precisava de uma grande preparação para começar a desenhar. Diferente dos trabalhos finais que foi os exercícios que mais gostei e me desafiei porem infelizmente não produzi muito por motivos de não ter tempo. No trabalho final os alunos tinham que representar paisagens e esse foi o meu maior desafio. Tentei trabalhar com nanquim para representar essas paisagens e gostei do resultado final. Mesmo não produzindo muito fiquei feliz por ter alcançado um bom resultado e vendo que sou capaz de desenhar uma paisagem.

Desenho dentro do ônibus - Diário gráfico.

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Paisagem - Diรกrio grรกfico.

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Desenho feito no diรกrio grรกfico.

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Paisagem - Diรกrio grรกfico.

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Desenho feito no diรกrio grรกfico.

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Nanquin sobre papel.

Nanquin sobre papel.

Nanquin sobre papel - Diário gráfico

matéria de desenho artístico II me proporcionou muitas experiências boas, citei apenas o diário gráfico e os exercícios de paisagens por que foram os que eu mais gostei. Sair da nossa zona de conforto é sempre bom e enriquecedor. Agradeço muito por ter o Fernando como professor, por abrir a minha mente em relação ao desenho de paisagem. Agora é procurar evoluir para no futuro conseguir realizar meus objetivos.

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Prestei vestibular para publicidade e propaganda na UFES e até então era o que eu queria cursar, mas alguns desvios me levaram a mudar para o curso de desenho industrial. Escolhi este curso por influência de um tatuador chamado Gregorio Marangoni, que eu acompanho pela internet. Soube que ele era formado em desenho industrial, comecei a pesquisar o que era e gostei do que li a respeito. Mudar de curso foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Quando tive minhas primeiras aulas de desenho só confirmei que essa área do curso não era o meu ponto mais forte, foi um grande desafio enfrentado em todas as aulas pois nunca tive o hábito de desenhar. Me senti feliz por romper meus limites e me arriscar com lápis e tinta, sendo que a maioria dos exercícios me forçou a tentar e experimentar e nesse semestre com a ajuda (e enorme paciência) do professor Fernando, tive uma experiência incrível e descobri que aprender a desenhar não é impossível. Foto distribuída pelo professor, porém agora utilizando tinta nanquim.

RICARDO AFONSO Foto distribuída pelo professor utilizando lápis 2B.

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Exercício em sala de aula, onde observávamos uma página de revista e reproduzíamos a imagem usando dois lápis de cor presos por elásticos, sendo que, fazíamos isso de pé.

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Experimento de perspectiva através de um ângulo menos comum realizado fora da sala de aula.

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Foto distribuída pelo professor, utilizando tinta guache e nanquim.

Riscos descoordenados na tentativa de reproduzir a textura da árvore. Sem sucesso.

Foto distribuída pelo professor, utilizando tinta guache e nanquim.

Experimentando novos riscos e posições do lápis em relação ao papel, início de um pequeno progresso.

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Observação pela janela da sala e reprodução usando carvão natural, ótima experiência para experimentar diferentes materiais 88

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Tentativa de textura usando o lápis deitado, cria um aspecto interessante, mas ainda não atende as expectativas.

Aplicando textura e sombra em conjunto através da observação de uma estátua presente na UFES.

Utilizando a força no lápis, posição e diferentes traços a meu favor pra separar as dimensões presentes na imagem.

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e senti feliz por romper meus limites e me arriscar com lápis e tinta.

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A matéria de Desenho II, trouxe uma nova perspectiva de expressão visual, desde os primeiros exercícios como os de dois lápis que nos estingava a melhorar o movimento das mãos, tornando as linhas dos desenhos mais fluidas e sinuosas, a produção do próprio caderno de rascunhos e observações, o exercício de desenho sonoro, no qual ampliou minha percepção de espaço e ambiente, entre outros. Porém nenhum dos exercícios me trouxe maior experiência do que o ultimo, que foi a experimentação de novos materiais para execução de representar paisagens. A partir de observação direta com o professor Fernando Augusto, tentei observar cada movimento, cada técnica cada palavra e ensinamento dito por ele, com isso consegui extrair uma técnica especial e dois ingredientes “secretos”, no qual contarei apenas para vocês. A técnica especial foi a tentativa e erro, com ela descobri, não se sufocar com a frustração de errar o desenho, mas aprender com ele, tornando a refazê-lo e corrigindo os erros passados e melhorando as técnicas já conquistadas. Há também os dois ingredientes “secretos”, o primeiro: a água, sabendo utilizá-la corretamente, você poderá controlar a fluidez do desenho, os contrates do escuro com o claro e a aleatoriedade das manchas causadas pela água. O segundo e o mais importante ingrediente é arriscar-se, sempre tente usar novas técnicas, novos materiais, um pouco mais de manchas, um pouco mais de cor, não importa, sempre tente coisas novas e nunca tenha medo de arriscar.

Arbustos. Nanquim sobre papel A3.

RODRIGO Campo. Nanquim sobre papel A3.

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Descanso eterno. Nanquim sobre papel A3.

Emaranhado. Nanquim sobre papel A3.

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Desmatamento. Processo de criação, grafite sobre papel A3.

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Recordação. Nanquim sobre papel A3. 96

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Explosão. Nanquim sobre papel A3.

Visão do abismo. Nanquim sobre papel A3.

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Manchando o horizonte. Nanquim sobre papel A3.

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Desenho de observação. Grafite sobre papel, caderno de esboço.

Desenho do chão. Caneta nanquim sobre papel, caderno de observação.

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esenho de Observação. Caneta nanquim sobre papel, caderno de observação.

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esde pequena, sempre gostei de desenhar, e, conforme fui crescendo e tendo várias ideias de carreira (como veterinária e engenharia civil), decidi no terceiro ano do ensino médio que seguiria essa área pensando em trabalhar com ilustração. Portanto fiz o ENEM em 2013 para tentar entrar no curso de desenho industrial na UFES. Nas aulas de desenho 2 com o professor Fernando tive muitas experiências novas que nunca havia imaginado que fosse fazer um dia. A primeira e mais chocante foi ter que abandonar a borracha, que era algo que eu não conseguia desenhar sem, mas que mesmo assim consegui fazer bons desenhos. A segunda foi ter que fazer um diário gráfico do zero para ser usado durante o semestre. E por ser o primeiro que faço até que achei bom. Também tinham os desenhos dentro do ônibus, os desenho sonoros, desenhar com dois lápis, sem tirar o lápis do papel, com a mão esquerda (sou destra) que quando você vai começar a fazer pensa que vai ficar ruim e estranho, mas no final se surpreende com o resultado deles. Tivemos muitos desenhos de paisagens, algo que eu não gostava de fazer, mas que com o decorrer das aulas e das técnicas aprendidas em sala de aula e desenhando chão, árvores e mais árvores, pintando com aquarela e nanquim e criei gosto pela coisa e mais uma vez me surpreendi com os resultados.

A imagem a esquerda é um auto retrato feito a lápis no bloco A4, foi a primeira vez desenhando algo mais elaborado sem borracha. Os dois desenhos a baixo foram feitos com lapis de cor no papel A4: o vermelho foi feito com a mão esquerda, que mesmo sendo feito com a mão que eu não sou acostumada, saiu melhor do que eu esperava; O azul foi feito com dois lápis juntos, e no começo, mesmo sendo difícil de trabalhar com essa técnica ela dá umas texturas bem legais.

Scarlet Nivea 102

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Desenho feito em sala com modelo, desenhando a partir dos contornos -caneta esferográfica preta sobre papel.

Lápis pastel branco sobre papel preto - Diário gráfico. Desenho dentro do ônibus - Grafite sobre papel - Diário gráfico.

Caneta esferográfica preta sobre papel - Desenho ao ar livre fazendo a árvore principal mais detalhada e só o contorno das de trás.

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Grafite sobre papel - Estudo de paisagem feito no diรกrio grรกfico. Grafite e nanquim sobre papel - Estudo de paisagem no diรกrio grรกfico.

Nanquim e guache talens sobre papel.

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O primeiro desenho é um estudo de paisagem feito no diário gráfico com lápis. Abaixo temos o primeiro resultado desse estudo, feito na A3 com tinta acrílica e nanquim. Nessa página acima temos o segundo resultado desse estudo, feito a pedido do professor, que pediu para eu usar mais agua para a tinta fluir melhor, feito na A3 com guache talens e nanquim.

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Nanquim e guache talens sobre papel - Esse por sinal foi o meu favorito entre todos.

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Paisagem feita na A3 com nanquim, tanto tinta quanto caneta. Nesse, pra ajudar no efeito, utilizei uma esponja de cozinha.

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disciplina me trouxe noçþes novas de desenho que com certeza irei usar daqui pra frente. Definitivamente evolui bastante. E posso dizer que, mesmo tendo momentos que eu queria desistir e jogar tudo pro alto, gostei muito de tê-la feito e que aprendi bastante nesses meses. 113


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eu nome é Tainara Maciel, tenho 18 anos e sou estudante de Design da Universidade Federal do Espírito Santo. No início do semestre o Professor Fernando Augusto nos propôs essa ideia de fazer um livro com os trabalhos realizados durante o período, atividade que ele costuma executar com todas as suas turmas. Eu, particularmente, gostei bastante da ideia. Esse é o meu primeiro grande trabalho na graduação que pude alcançar um número maior de pessoas. Deixo aqui desenhos, paisagens e experiências inovadoras propostas pelo professor Fernando, como o desenho de ônibus, desenho com dois lápis, entre outros. Além dessa experiência, exercitei também o hábito de desenhar paisagens, o que antes eu não fazia. Aprendi técnicas e até mesmo visões diferentes sobre o desenho. Me disseram uma vez que antes de se aprender a desenhar, é necessário que se exercite o olhar. Em diversas atividades eu pude exercitar e compreender isso, como perspectiva e de desenho negativo. Foram nos apresentado vários artistas ao longo do período, como Teresa Poester, Francisco Farias e Claude Monet que nos ajudaram e nos inspiraram nos desenvolvimentos desses trabalhos aqui expostos.

Giz de cera sobre papel colorido. Desenho em negativo. Diário gráfico.

TAINARA MACIEL Grafite sobre papel, densenho de onibus e giz de cera sobre papel colorido, desenho em negativo. Diário gráfico.

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Grafite sobre papel. Paisagem, Francisco Farias.

Acima, nanquim e aquarela sobre papel, paisagem; à esquerda, grafite sobre papel, esboço de paisagem.

Lápis de cor sobre papel, técnica dois lapis.

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Nanquim e aquarela sobre papel, paisagem. 118

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Nanquim e aquarela sobre papel, paisagem.

Nanquim sobre papel, paisagem.

Grafite sobre papel, paisagem, Francisco Farias.

Nanquim sobre papel, paisagem. 120

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Nanquim sobre papel, paisagem.

Nanquim sobre papel, paisagem.

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Grafite sobre papel. Esboço de paisagem.

D

eixo aqui desenhos, paisagens e experiĂŞncias inovadoras.

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S

empre me interessei por arte; não só pelo aspecto visual das coisas, mas também pela funcionalidade. Eu já sabia que queria prestar vestibular para algum curso na área artística e, quando percebi como o design é importante no mundo, embora não tenha o devido reconhecimento, decidi que tentaria design gráfico. Em, 2013, me inscrevi para o processo seletivo na UFES e passei para o curso de desenho industrial. Na disciplina de desenho artístico II, aprendi que todos são capazes de representar, mesmo aqueles que, como eu, não tem muita destreza. Os exercícios de desenhar com dois lápis de cor ao mesmo tempo geraram resultados que eu jamais imaginaria que pudesse fazer. Já a tarefa de representar os sons me proporcionou uma experiência interessante, pois consegui criar paisagens através do que eu ouvia, e não do que eu enxergava. Usar a cor preta nos desenhos foi uma dificuldade, pois, por mais que eu adore, sempre gostei mais de usar cores mais vivas e aprendi que nem sempre elas são a melhor opção. Com a orientação e motivação do professor Fernando, descobri que a representatividade é quase sempre a maior função de um desenho.

Cenário. Grafite sobre papel A4.

Observação. Caneta sobre papel A5.

VITOR HUGO Paisagem. Grafite sobre papel A5 (diário gráfico).

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Paisagem sonora. Grafite sobre papel A5 (diário gráfico).

Representação baseada em foto, usando dois lápis de cor ao mesmo tempo no papel A4.

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Releitura de O Parlamento de Londres, Monet. Aquarela sobre papel A3.

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Paisagem baseada em foto, usando dois lรกpis de cor ao mesmo tempo no papel A4.

Estudo. Grafite sobre papel A5 (diรกrio grรกfico).

Paisagem. Aquarela e nanquim sobre papel A3.

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Estudo de paisagem. Grafite sobre papel A5.

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Paisagem. Aquarela sobre papel A3.

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Paisagem. Nanquim e aquarela sobre papel A3.

Observação de paisagem. Grafite sobre papel A5 (diário gráfico).

Paisagem.. Nanquim e aquarela sobre papel A3.

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E

u já sabia que queria prestar vestibular para algum curso na área artística

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E

m 2012 embarquei em um navio hospital da Marinha Brasileira para uma viagem que ao todo durou 20 dias, pela Amazônia, com o propósito de ver, de descobrir e desenhar os diversos cenários daquela paisagem. O resultado desta viagem está nos dois pequenos livros publicados recentemente: “Viajamos para viver” “A Invenção da paisagem”. Até então eu nunca havia desenhado paisagem. Embarquei naquele navio, como descrevo no livro me perguntando “o que desenhar? Como desenhar paisagem? Nesta via, lancei mão de uma via tradicional, o desenho de observação ao natural, esquecendo-me da minha pintura e desenho individual (...) vem-me à mente que observar paisagem é observar algo além de mim, é sair de mim mesmo para ver algo bem maior e mais forte do que eu” ... A natureza. Esta viagem marcou a minha descoberta da paisagem, que continua em até hoje. Recentemente, em fevereiro deste ano realizei uma residência artística no Vermont Studio Center (USA) e, no curso deste trabalho comecei a desenhar paisagens aquarelas com cores difusas e sombras intensas que lembram cenários distantes, vagos ou sóbrios. A idéia inicial era desenvolver e aprofundar a série: “A Casa do passado” e de entrar nesta casa. Com efeito fiz isso, abri portas, entrei nos espaços desta casa, deixando a luz entrar pela janela e iluminar seus vãos. Minha expectativa era e é, a de que, entrando na casa poderei colocar nela todo meu pensamento de arte, todas as diferentes formas e séries que faço. Mas neste movimento redescubro a paisagem, ou melhor estas paisagens. Enveredo por elas com encantamento, encontrando no escuro, luz, na sombra profundidade e intensidade. Lembro-me de Fernando Pessoa, O Guardador de rebanhos: “Nunca guardei rebanhos, / mas é como se os guardasse. / Minha alma é como um pastor, / conhece o vento e o sol, / e anda pela mão das estações/ a seguir e a olhar. / Toda a paz da natureza sem gente / vem sentar-se ao meu lado”.O resto é silêncio...e tem poesia nesse silêncio...

FERNANDO AUGUSTO 134

Paisagem Amazonica carvão sobre papel 100x150cm. 2012. A paisagem, conforme ensina a história da arte ocidental, aparece com o artista florentino Giogiorne (1480-1510) com o quadro intitulado A Tempestade. Com efeito, esta pintura promove um fato inédito na história da arte: ela transfere a ação dos domínios da figura humana para o reino da natureza. O quadro, não mostra guerreiros ou heróis exercendo nenhuma ação, mas a natureza como ela se dá: cores, árvores, nuvens e um raio luminoso que atravessa o céu no fundo da pintura, chamando atenção para uma força maior do que a dos homens, por isso, as duas figuras que aparecem embaixo do quadro se tornam secundárias. O interesse maior é este cenário natural e exuberante. Com esta obra, a arte renascentista, depois de ter inventado um conceito de representação da figura humana, começa ali a criar o de paisagem. Mas o que é paisagem? Heliana A. Salgueiro, em seu livro Paisagem e arte nos dá as bases para essa compreensão. Primeiramente, ela nos faz ver, com Alain Roger, que nunca existiu beleza natural; isto é, a representação da figura humana, da paisagem, dascenas religiosas, mitológicas etc. todas foram (invenções), aquisições culturais, que segundo Roger podem, inclusive ser datadas. Sua tese é de que nossa experiência visual é formatada pelos modelos artísticos, isto é, que a recepção histórica e cultural de todas as nossas paisagens opera segundo uma “artistisação”, quer dizer, nós vemos nossas e “entendemos” nossas paisagens depois delas se apresentaram sob forma artística. Temos a tendência a acreditar que a beleza de uma paisagem vem dela mesma, mas segundo Roger, nós aprendemos a ver belas

paisagens pela elaboração da arte. se apresentaram sob forma artística. Temos a tendência a acreditar que a beleza de uma paisagem vem dela mesma, mas segundo Roger, nós aprendemos a ver belas paisagens pela elaboração da arte. Começo um trabalho riscando, cirando formas que me dão idéia de outras formas, até conciliar mão e visão. Daí vem os muitos cadernos de estudos e anotações. Desenhar como dizia Amilcar de Castro, é uma maneira de pensar, pensar o que você deseja fazer, pensar a escultura, a pintura e o próprio desenho. Vem-me à mente que observar a paisagem é observar algo além de mim, é sair de mim mesmo para ver algo maior e mais forte do que eu, e que esta é uma experiência válida: ver o que não posso, ver o que não dou conta. O desenho aqui é a maneira que disponho para realizar isso. Desenhando a paisagem, evito “falar-me”, como escreve o poeta João Cabral de Mello Neto, passo a falar das coisas, dos objetos e me encanto ao descobrir dobras, nervuras, texturas, volumes e formas no espaço e nas árvores de grande beleza; fico alheio e o desenho me interessa cada vez mais, mas ao final, eu me pergunto, juntamente com o próprio poeta: na seleção dessas coisas que olho e faço, não haverá uma fala de mim?

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em-me à mente que observar a paisagem é observar algo além de mim, é sair de mim mesmo para ver algo maior e mais forte do que eu, e que esta é uma experiência válida: ver o que não posso, ver o que não dou conta.


TERESA POESTER

da sĂŠrie Jardins de Eragny , Eragny sur Epte, 2013, infogravuras 30x110 cm. teresapoester.com.br


Considerações Finais. Trabalho Desenho II UFES 2015/1 Revisão Técnica: Alex Larusso Scarlet Nivea Vitor Fernandes

Revisão Ortográfica: Amanda Reis Kamila Rosa

Capa:

Alex Larusso Ilustração por Magna Nunes

Diagramador: Alex Larusso Scarlet Nivea Vitor Fernandes

Fotografias:

Magna Nunes

Supervisão:

Fernando Augusto

Primeira edição 2015 -Vitória ES Impresso no Brasil


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