Olhaki Revista ED 02

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O MUNDO EM ALERTA

QUANDO OS OLHOS VEEM

O mais recente Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, da ONU, alerta que é preciso agir logo para evitar impacto mais sério do aquecimento global.

Há mais de 63 anos a Vila São Cottolengo, em Trindade-GO, consegue ser referência no tratamento de pessoas com deficiência física e promover a qualidade de vida baseada no amor.

Ano 01 - nº 02 Abril-Maio/2014 R$ 10,90

AGRONEGÓCIO

A ‘LOCOMOTIVA’ QUE MOVE GOIÁS “Hoje, aproximadamente 70% do PIB goiano vem do setor agropecuário. Ele tem sido o alicerce do desenvolvimento do Estado”. José Mário Schreiner






ÍNDICE MINEIROS 22 Prefeito Agenor investe em segurança e educação

E FEITO 23 DITO Frases POLÍTICA 24 ANÁLISE Reynaldo Rocha

16 BRASIL País do futuro, carros do passado

26 ECONOMIA Soneca de 50 anos 28 MERCADO Shoppings temem protestos e

18 GOIÁS Economia recebe injeção de R$ 1,5 bi

prejuízos durante a Copa

10 ENTREVISTA José Mário Schreiner GROSSO 21 MATO Segurança reforçada na Copa do Mundo

SÃO COTTOLENGO 30 VILA História de amor no tratamento de pessoas com deficiência

OLHO EM BRASÍLIA 36 DE Renata Carrijo

38 HISTÓRIA Uma pergunta e uma resposta. Assim nasceu Brasília

42 CLIMA O mundo em alerta


ANIMAL 49 MUNDO O maior cão do mundo POLÊMICA 50 NOVA Papiro do século IV sugere que Jesus teve uma esposa

52 ESPORTE O Brasileirão e a Copa do 58

COMPORTAMENTO Valesca Popozuda, grande pensadora?

VI NA WEB 45 EU Jornalista garante que Michael

Mundo

54 MODA ‘Sempre atual’, o jeans faz história

INCRÍVEL 56 FATO Nasa descobre planeta similar a Terra, talvez com vida

Sheherazade deverá ganhar programa no SBT

62 SAÚDE Ronco não é sinônimo de saúde

Jackson está vivo

É PRECISO 46 NAVEGAR Gutemberg Oliveira

DE EXPRESSÃO 61 LIBERDADE Jornalista Rachel

ACONTECE NO BRASIL 60 Após 23 anos, INSS indeniza idosa de 107 anos em Goiânia

E BOA FORMA 64 NUTRIÇÃO Os benefícios da cereja e do maracujá


r e v i s t a

Ano 1 - nº 02 - ABRIL-MAIO / 2014 REVISTA EDITADA MENSALMENTE PELA OLHAKI REDAÇÃO, ARTE E PUBLICAÇÃO LTDA. CNPJ: 18.564.326/0001-07

ENDEREÇO Avenida Antônio Carlos Paniago, número 75, sala 02, Setor Cardoso, Mineiros � GO, CEP: 75830-000 Fone: (64) 3661-3071 Email: OLHAKIREVISTA@GMAIL.COM

DIRETORIA DIRETOR GERAL: Fernando Brandão DIRETORA EXECUTIVA: Renata Santos Carrijo

Circulação inicial em 133 municípios de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Pará e Distrito Federal. GOIÁS: Goiânia, Mineiros, Portelândia, Santa Rita do Araguaia, Chapadão do Céu, Perolândia, Estância, Caiapônia, Doverlândia, Palestina, Iporá, Arenópolis, Amorinópolis, Piranhas, Bom Jardim, Aragarças, Fazenda Nova, Jussara, Novo Brasil, Israelândia, Jaupaci, Firminópolis, São Luiz dos Montes Belos, Bom Jesus, Rio Verde, Itaguaçu, Paranaiguara, São Simão, Almerindópolis, Santa Helena, Aparecida do Rio Doce, Cachoeira Alta, Caçu, Jataí, Maurilândia, Castelândia, Porteirão, Aporé, Itajá, Lagoa Santa, Quirinópolis, Planalto Verde, Inaciolândia, Gouvelândia, Serranópolis, Goiatuba, Montividiu, Itumbiara, Catalão, Ipameri, Pires do Rio, Palmelo, Santa Cruz, Cristianópolis, Ouvidor, Vianópolis, Silvânia, Leopoldo de Bulhões, Bon�nópolis, Cezarina, Palmeiras de Goiás, Paraúna, Jandaia, Indiara, Edéia, Pontalina, Itauçu, Itaberaí, Goiás, Sanclerlândia, Anicuns, Niquelândia, Uruaçu, Campinorte, Mara Rosa, Porangatu, Minaçu, Jaraguá, Goianésia, Itapaci, Rubiataba, Ceres, Rialma, Padre Bernardo, Alexânia, Abadiânia, Campo Limpo, Ouro Verde, Nerópolis, Petrolina, São Francisco, Pirenópolis, Piracanjuba, Caldas Novas, Rio Quente, Morrinhos.

DIRETORA COMERCIAL: Glória Elaine M. Preto

MATO GROSSO:

DIRETOR OPERACIONAL: Gutemberg Viana Silva de Oliveira

MATO GROSSO DO SUL:

Cuiabá, Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari, Ribeirãozinho, Araguainha, Ponte Branca, Barra do Garças.

Campo Grande, Cassilândia.

EDITORES: Renata Santos Carrijo Fernando Brandão

TOCANTINS:

Diagramação: Rodrigo Martins

MARANHÃO:

Revisão: Pite Rezende Tuty Moreira

São Luiz, Santa Inês, Imperatriz, Balsas, Açailândia.

Palmas, Gurupi, Alvorada do Norte, Porto Nacional, Paraíso, Miracema, Miranorte, Guaraí, Colinas, Araguaína, Colmeia, Araguatins, Pedro Afonso, Babaçulândia.

Impressão: Ellite Grá�ca

PARÁ:

Tiragem: 20.000 exemplares

Belém, Marabá, Tucuruí, Parauapebas, Tucumã, Redenção, Conceição do Araguaia.

DISTRITO FEDERAL: Brasília.

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EDITORIAL

QUAL SERÁ O LEGADO DA COPA?

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altando poucos dias para a bola rolar na Copa do Mundo, o Brasil vive dois dilemas: 1º) Como será o desempenho da “seleção canarinho” no certame? Todo investimento feito com dinheiro público será premiado com o título mundial de futebol? 2º) Qual será a reação do povo brasileiro se nossa seleção não conquistar o título? Será de tristeza ou de revolta generalizada? As gigantescas manifestações que pipocaram nos quatro cantos do País, contra o exorbitante gasto feito pelo Governo Federal nas obras da Copa, não deixam dúvidas: O Brasil não é mais o mesmo que assistiu a final da Copa de 1950, no fatídico dia 16 de junho, quando caiu diante da seleção do Uruguai, no Maracanã. A derrota levou a nação inteira às lagrimas e o episódio ficou conhecido historicamente por “maracanaço”. A paixão pela seleção continua mais viva do que nunca. Ela ainda é tida como um “símbolo nacional”. Mas é visível e natural que muita coisa mudou na formação política e na consciência da Nação. Num País com tanta miséria, com saúde e segurança pública de terceiro mundo, com infraestrtura arcaica nas áreas de mobilidade urbana, aeroportuária, energética, abastecimento de água tratada... Como admitir tanta queima de dinheiro público? Pesquisa recente, realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores, revela que 75,8% da população entrevistada disse que os investimentos feitos no país para a realização da Copa do Mundo foram desnecessários. Apenas 13,3% responderam que foram adequados. Além disso, 80,2% afirmaram que discordam dos investimentos realizados na construção dos estádios e que os recursos públicos poderiam ter sido investidos em áreas mais importantes.

Do total, 17,6% concordam com os investimentos e que eles serão importantes para desenvolver o esporte no país. Mas qual seria o valor real dos investimentos feitos pela União nas obras da Copa do Mundo? É de conhecimento público, com ampla divulgação na imprensa nacional, que a organização da Copa 2014 já custa ao Brasil cerca de R$ 28 bilhões. A previsão é que os investimentos alcancem a “bagatela” de R$ 33 bilhões, ou seja, o País vai custear 85,5% das obras relacionadas ao evento, com dinheiro dos governos federal, estaduais e municipais. A última copa do mundo, realizada em 2010 na África do Sul, que, a exemplo do Brasil ainda tem seu “apartheid” da desigualdade social, custou US$ 4,9 bilhões (R$ 8,8 milhões) em estádios e infraestrutura. Hoje, o Soccer City, de Johannesburgo, é usado para rúgbi e shows. O Green Point, da cidade do Cabo, tem manutenção de US$ 4,5 milhões (R$ 8,1 milhões) por ano e só foi usado 12 vezes desde então. Vários outros são, na terra dos safáris, desinteressantes e dispendiosos “elefantes brancos”. Alegava-se, à época, que todo esse investimento geraria rendas imediatas de US$ 930 milhões (R$ 1,69 bilhões), derivadas do afluxo de 450 mil turistas. Valores superestimados: o país só arrecadou US$ 527 milhões (R$ 961 milhões) dos 309 mil turistas que de fato lá entraram. E no Brasil, qual será o legado da Copa de 2014? A resposta virá após o apito da grande final, dia 13 de julho, também no Maracanã. Antes que isto aconteça, fica aqui uma das grandes lições: a Copa desnudou o Brasil, revelou ao mundo suas desigualdades gritantes e sua pobreza. Nós blefamos: nosso País não é o “gigante” que queremos vender para o mundo.

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ENTREV

A LIDERANÇA DO AGRONEGÓCIO GOIANO Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, José Mário Schreiner, inicia 2014 como uma das personalidades mais atuantes no setor rural goiano

F

ilho de pequenos produtores rurais, José Mário Schreiner deixou a cidade de Porto União, em Santa Catarina, em fevereiro de 1981 para iniciar uma nova fase de sua vida em terras goianas. O jovem escolheu a cidade de Mineiros para iniciar seus projetos. De pequeno produtor, José Mário conquistou cadeiras em Goiás e no Brasil e atualmente é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), do Conselho Administrativo do Senar Goiás e vice-presidente de Finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ao assumir a Faeg, em 2008, focou o trabalho na ampliação da representação política do segmento agropecuário em Goiás, estimulando o surgimento de novas lideranças. Passou a privilegiar programas de formação, capacitação e qualificação de produtores e trabalhadores rurais, ações de assistência técnica às famílias do campo e deu à atuação da Faeg um forte viés social. José Mário já foi também Secretário Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (em 2003), vice-presidente da Cooperativa Mista Agropecuária do Vale do Araguaia (COMIVA) e presidente da Associação dos Produtores de Grãos de Mineiros (APGM). Em 2007 chegou à presidência da Agência Goiana de Desenvolvimento Rural (Agenciarural), atual Emater. O entrevistado desta edição falou à Olhaki Revista sobre as dificuldades e desafios do setor agropecuário goiano e brasileiro, como a demanda mundial crescente por alimentos, e sobre como construiu seu perfil de líder que o levou à discussão de uma possível candidatura a deputado federal por Goiás. Sondado por muitos partidos, ele se filiou ao PSD e deve concorrer a uma vaga na Câmara Federal.

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VISTA Qual a influência da agropecuária no cenário de franco desenvolvimento econômico em que se encontra o Estado de Goiás? José Mário – Hoje, aproximadamente 70% do PIB goiano vêm do setor agropecuário. Mesmo que outros setores cresçam, a agropecuária tem sido o alicerce do desenvolvimento de Goiás. Como exemplo podemos citar as exportações goianas, em que quase 90% do que vendemos vêm do setor agropecuário. Nosso Estado é o que mais alicerça sua economia no agronegócio, no Brasil. Para ilustrar o que estamos falando, a Renda Bruta Agropecuária em 2013, ou seja, tudo o que foi produzido dentro das propriedades rurais e comercializado somam 31,6 bilhões de reais. Os produtos agropecuários representam 90% do total das exportações goianas, com 5,9 bilhões de reais. Os números são expressivos. Colhemos, em 2013, 18,86 milhões de toneladas de grãos em 4,7 milhões de hectares. A renda líquida do produtor rural aumenta nesta mesma proporção? José Mário – Esta é a questão fundamental da agricultura e da pecuária. Os preços oscilam muito em função da oferta de produtos e as contas não fecham, o que interfere diretamente na renda do produtor. É um setor que está sujeito a riscos a que outros segmentos não estão, como as alterações climáticas, como secas, veranicos ou excesso de chuvas. Outro problema constante são os riscos sanitários, como doenças e pragas que provocam perdas e alteram violentamente os custos de um ano para o outro. Nem sempre a pesquisa desenvolve produtos para conter as pragas de forma imediata, como o caso da lagarta helicoverpa, que vem perturbando os agricultores nos últimos dois anos. Esses são riscos a que a indústria, o comércio e os serviços não estão submetidos. No cenário atual, o que nos deixa extremamente preocupados é que os custos de produção em 2013 aumentaram em torno de 20%, ou seja, cerca de cinco vezes mais que o aumento médio da produção nos últimos anos. Produzimos cada vez mais, mas continuamos tendo

Nosso Estado é o que mais alicerça sua economia no agronegócio, no Brasil. Para ilustrar o que estamos falando, a Renda Bruta Agropecuária em 2013, ou seja, tudo o que foi produzido dentro das propriedades rurais e comercializado somam 31,6 bilhões de reais dificuldades com a renda líquida. É uma luta constante. O grande desafio é fazer com que o produtor rural possa desfrutar de todo este crescimento gerado por ele mesmo. De forma geral, o produtor tem ficado com uma fatia muito pequena de toda a renda produzida nas cadeias produtivas. Certamente temos outras dificuldades a enfrentar em 2014, como o fortalecimento constante da pesquisa, o assessoramento técnico aos produtores, o aumento das taxas de juros, inflação em alta constante, crescimento pífio do PIB da economia brasileira, problemas fitossanitários, armazenagem insuficiente, infraestrutura portuária e logística deficiente. Além, obviamente, das questões sociais. A economia e os arranjos políticos do país ainda não permitiram a elaboração de um modelo de seguro rural que atenda adequadamente às necessidades dos produtores brasileiros. O senhor avalia que há negligência por parte do governo no desenvolvimento desse modelo adequado? O que falta melhorar no modelo de seguro em vigor? José Mário – Certamente este tem sido um gargalo histórico para nós, produtores. Há respostas consistentes por

José Mário Schreiner parte do Governo Federal em subvencionar o prêmio dos seguros reduzido a parte que toca aos produtores. Mas temos que avançar mais. Em Goiás, somente 10% de toda a produção segurada. Este número diz tudo por si só. Ele manifesta as dificuldades dos produtores em optar por alternativas que sejam mais ajustadas às suas condições e riscos. Precisamos avançar para um modelo de seguro que garanta as frustrações de safra, não somente totais, mas também parciais de nossa produção e, também de nossa renda, considerando que nossos riscos são menores quando comparados a outras regiões do país. Nunca estamos tranquilos com relação aos resultados de nossos esforços. Isto é desgastante e extremamente danoso, tanto para os produtores, quanto para o país. A luta de produtores rurais por políticas públicas eficientes para o setor, como o seguro rural ou ainda o Código Florestal, depende do trabalho de suas lideranças em âmbitos municipal, estadual e federal. Como o senhor avalia a representatividade do setor na Câmara Federal, por exemplo? José Mário – Temos bons representantes. Goiás tem uma bancada muito significativa no plano federal. Pelo que tem se falado, entretanto, teremos alguns deputados que não serão mais candidatos, como é o caso do Ronaldo Caiado, que é uma grande bandeira do setor, que deve ir para outro plano. Leonardo Vilela e Leandro Vilela que já anunciaram que não serão mais candidatos. Essas pessoas sempre foram muito ligadas com a defesa do setor agropecuário e do setor produtivo, como um todo. Acredito que o Carlos Alberto Leréia também não deve se candidatar mais. Acho que são cinco ou seis que vão buscar novos planos. Manter esta representatividade na Câmara Federal é uma conquista do setor da qual não podemos abrir mão. Comparado com outros segmentos, ainda temos que ocupar bastante espaço para buscarmos melhores condições de uma política agrícola mais adequada e que traga maiores garantias e coerência com o esforço empreendido pelos produtores rurais.

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O senhor foi reconhecido como a segunda personalidade mais influente na agropecuária de Goiás, seguindo o deputado federal Ronaldo Caiado. Qual a importância deste título? José Mário – Sinto-me extremamente honrado por este reconhecimento, mas compartilho esta condição com todos os produtores e trabalhadores rurais do Estado de Goiás, que tanto trabalham e produzem, trazendo resultados socioeconômicos impressionantes e altamente significativos para a nossa sociedade. À frente da Federação procuramos exercer nossa missão político-

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-institucional de representatividade, bem como, dotar todos os agentes deste setor de competências técnicas e gerenciais em suas atividades, fortalecendo as ações de capacitação profissional, além de uma forte ênfase em programas que visam preencher os vazios sociais que ainda estão presentes no campo. Como se sente ao sair da cidade de Mineiros, no interior, e exercer esta liderança em âmbito de Goiás, pela Faeg e Senar, e em âmbito nacional e internacional, pela CNA?

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Recentemente o senhor se filiou ao PSD e os rumores são de que seja um pré-candidato. O senhor realmente tem considerado essa candidatura? José Mário – Temos uma pré-candidatura sendo discutida sim. Eu Recebi convite de muitos partidos políticos. Consultei várias pessoas de todo o Estado e achei por bem me filiar ao PSD, que é um partido muito bem estruturado, que dialoga bem com várias frentes e tendências partidárias no Estado de Goiás e no Brasil. Além disso, o partido já elegeu prefeitos, vereadores e abriga também importantes lideranças comunitárias e de diversos segmentos em todo Estado. Estamos buscando ideias, dialogando com nossos 128 sindicatos rurais e debatendo com lideranças políticas e partidárias. Esta possível candidatura não é uma decisão minha, de cunho pessoal. Tenho sido estimulado a disputar este espaço de representação para dar continuidade a um projeto maior para o setor produtivo rural de Goiás e, consequentemente, para as comunidades onde estes produtores estão inseridos, que dependem em muito dos resultados do campo. Os obstáculos que temos que remover e os desafios a vencer não estão somente sob a nossa governança. É preciso avançar na participação das instâncias de decisão pública com as câmaras de vereadores, prefeituras, assembleia legislativa, governo do estado, câmara de deputados federais, senado, enfim, precisamos sem dúvida participar cada vez mais da vida política brasileira e regional e assumir as mesas de decisão.

José Mário – Penso nisso todos os dias e sempre com orgulho e consciência da responsabilidade que acabamos assumindo ao exercer estes papéis. Mineiros foi – e continua sendo –, minha grande escola. Todas as grandes obras e projetos que temos por aqui advêm de ações comunitárias, onde o espírito empreendedor e associativista do mineirense faz com que as coisas aconteçam e prosperem. Aqui eu aprendi muito, principalmente a compreender que, quando se quer conquistar alguma coisa em nosso segmento e na vida é preciso correr atrás. A comunidade mineirense e de todo o sudoeste de Goiás é extremamente proativa e não se acomoda nunca. Está sempre buscando inovações. Por isso, procuro sempre agir de forma a retribuir todo o carinho, aprendizado e respeito que recebi por todos em Goiás, em especial em Mineiros e com os amigos do sudoeste goiano. Sou eternamente grato por tudo e estarei sempre à disposição para contribuir com os anseios desta região.

EXPORTAÇÃO

Recentemente o senhor esteve em Bruxelas, na Bélgica, representando a CNA e a Faeg nas discussões interesses e exportações. Observamos que o diálogo tem avançado. Estamos próximos de estabelecer o livre comércio entre Mercosul e União Europeia? José Mário – Voltei desse encontro animado ao extremo. Estive em outras rodadas e momentos na UE e sentia um clima que não era extremamente favorável para que as negociações ocorressem. Desta vez foi diferente. Pavimentamos muito esse caminho e é bom sempre retratarmos qual a origem das situações. O Brasil está muito atrasado nos acordos comerciais, bilaterais e mesmo com blocos e não avançamos nos últimos anos. O país integra o Mercosul e não tem como avançar sem que o bloco avance junto. Temos problemas pontuais como os da Argentina e o acesso recente da Venezuela ao bloco. Tudo isso fez com que essas negociações se atrasassem. Um acordo neste momento é extremamente importante, porque 23% dos destinos das exportações brasileiras são para a Europa, principal destino dos nossos produtos agropecuários. Além da Europa, a China tem sido um importante importador dos produtos goianos. Qual o cenário atual de exportação para o país do oriente? José Mário – O mercado potencial da China é enorme e 70% do país é rural atualmente. A previsão é que 600 milhões de chineses migrem para a área urbana nos próximos anos. Isso equivale a três ‘Brasis’. É muita gente. Estas pessoas precisam de comida, roupas e tudo mais. Além disso, a China passa por uma escassez de recursos naturais. O consumo de água na China está limitado. Eles não têm como expandir a produção em função dos limites de água, solo e clima. Terão de achar outro viés de desenvolvimento. A China vive um momento de mudanças que favorecem o Brasil, país produtor de alimentos. A classe produtora e as pessoas que estão no mercado precisam estar atentas. O ano de 2014 é um ano de cautela e muita percepção. O mercado chinês precisa ser amplamente analisado.


O setor rural passou oito anos discutindo o Código Florestal brasileiro e quatro anos discutindo o Código Florestal de Goiás. A Faeg esteve à frente deste debate

FOTO: ASSESSORIA/FAEG

José Mário Schreiner

FAEG, sempre presente nos debates do agronegócio goiano e brasileiro

A demanda por alimentos é mundial e o Brasil está atendo a isso. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil já abriu escritórios em Pequim e Bélgica. Quais devem ser os próximos passos relacionados ao mercado chinês? José Mário – Estamos estimulando dois produtos na China: o café e a carne bovina. Hoje, a média de consumo de café na china é de três xícaras por pessoa ao ano. Se fizermos os chineses gostarem do café brasileiro e eles começarem a consumir 30 xícaras de café, haja café para exportamos para a China! Nossa ideia é criar uma marca de café e isso não é muito difícil. Os Estados Unidos possuem a marca ‘Starbucks’, mas não produzem café. A Alemanha exporta café e também não é produtora. Outra avaliação está sendo feita no caso da carne. Queremos estimular a abertura de churrascarias na China. Se eles gostarem de alcatra e picanha, haja carne para exportar. Em dois ou três anos devemos ter churrascarias brasileiras na China. Os problemas enfrentados pelo produtor brasileiro da porteira para fora, como a logística, interferem na competitividade das exportações brasileiras? José Mário – Isso é muito claro. O Centro-Oeste responde por 40% da produção agropecuária do país e os corredores de transporte dos alimentos são os mesmos há 30 anos. A produção é crescente e temos precariedade de armazéns e caminhões no asfalto onerando nossa produção. Enquanto a média de rendimentos de um produtor dos Estados Uni-

dos é 95%, o brasileiro fica apenas com 78%. Com tantos problemas, perdemos a competitividade. Enquanto esperamos 30 anos pela Ferrovia Norte-Sul, vemos a ligação entre Xangai e Pequim feita em 32 meses, por exemplo. Recentemente o Governo Federal aprovou o Programa de Construção de Armazéns (PCA), mas em Goiás temos problemas graves com a energia elétrica. Temos muitos problemas para serem solucionados.

gação no Estado de Goiás e temos buscado ferramentas para isso. Atualmente irrigamos apenas 210 mil hectares, mas temos potencial de 5 milhões de hectares apenas em Goiás. É muito grandioso. Além da irrigação, as áreas degradadas também recebem nossa atenção especial. Isto porque acreditamos que este espaço precisa voltar a ser produtivo. Temos hoje 15 milhões de hectares de pastagem, mas 60% disso é de área degradada.

DEMANDAS DO AGRONEGÓCIO

Uma grande conquista do Setor em 2013 foi a aprovação do Código Florestal goiano. Dos 38 parlamentares presentes, houve apenas um voto desfavorável ao projeto. Com luta constante do agro, Goiás foi o primeiro Estado a aprovar um código. É de se comemorar? José Mário – A aprovação foi uma vitória sim, pois era preciso alinhar o defasado Código Florestal estadual, datado de 1996, à lei brasileira aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado. Isso gerava insegurança jurídica aos produtores rurais, principalmente aos pequenos proprietários. Eles estavam sujeitos a serem autuados e multados e, por isso, precisávamos da lei para restabelecer a segurança jurídica. O setor rural passou oito anos discutindo o Código Florestal Brasileiro e quatro anos discutindo o Código Florestal de Goiás. A Faeg esteve à frente deste debate por todos estes anos. Estar atento e ser proativo são condições básicas do empreendedorismo que o meio rural tem exercido com muita consciência e cidadania. Estas são as regras da democracia e queremos contribuir para a evolução – não somente do setor rural – mas de toda a sociedade.

A Faeg tem discutido essa questão do fornecimento de luz elétrica e os produtores reclamam constantemente. Como sobreviver a esses problemas? José Mário – Essas demandas se arrastam há mais de 10 anos e, se para o grande produtor a perda é imensurável, para os pequenos a produção torna-se inviável. Apesar de existir crédito do Governo Federal, por meio de programas como o Programa de Construção de Armazéns (PCA), programas de incentivo à irrigação, esse projetos ficam parados aguardando liberação de carga elétrica. Sabemos de armazéns no interior do país que possuem alta capacidade de armazenagem, mas estão funcionando com geradores a diesel. É inconcebível. O que mais pode fomentar a produção agropecuária do Estado? O que pode ser realizado? José Mário - Acredito que o primeiro ponto seja potencializar o uso de irri-

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ENTREVISTA A distribuição de renda no campo é muito desigual? Como fazer esses produtores progredir e o que a Faeg e o Senar têm feito para isso? José Mário – Atualmente, 87% dos estabelecimentos rurais contribuem somente com 16% do valor bruto da produção, ou seja, de tudo que é produzido e vendido nas propriedades rurais. Por outro lado, 13% dos estabelecimentos que apresentam melhores produtividades respondem por 84% da produção total de Goiás. Esta realidade incomoda a todos, mas ao mesmo tempo mostra um enorme potencial a ser explorado no campo. Por isto, o objetivo da Faeg e do Senar é fazer a produção do pequeno agropecuarista alavancar, assim como promover o progresso econômico, social e político das famílias. O que falta é conhecimento aplicado, e por isso, nossa maior meta é levar orientação técnica. Como uma pessoa doente precisa de um médico para ficar bem, a produção agropecuária precisa de agrônomos, veterinários, zootecnistas para alcançar melhores resultados. Para levar esse conhecimento técnico aos produtores, realizamos os programas Balde Cheio, Campo em Ordem, Programa Empreendedor Rural, Negócio Certo Rural, Gestão Leiteira, entre outros. Como funcionam estes programas? José Mário – Eu destaco, por exemplo, o programa Balde Cheio, da Embrapa, aplicado em Goiás pelo Senar e a Faeg. Durante o projeto auxiliamos um produtor de leite que produz 20 ou 50 litros de leite, fazendo com que esse produtor evolua. Temos casos de pessoas que produziam 50 litros por dia e hoje produzem 500. A renda, neste caso, passou de R$ 1,5 mil por mês para R$ 15 mil. O Centro-Oeste é responsável por 51% de tudo que é produzido no Brasil. Há 30 anos, a região não era nada e hoje tem toda essa importância no cenário nacional. O principal avanço vem da tecnologia, por isso a importância da pesquisa e do assessoramento técnico. Além de oferecer assessoria técnica, a Faeg e o Senar também desenvolvem programas mais sociais, não é isso?

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José Mário – Sim, esta é uma preocupação frequente nossa porque muitas vezes o acesso aos serviços sociais básicos, como à saúde, termina onde acaba o asfalto. O produtor rural ainda é muito carente de atendimento. Ele precisa de médicos, ações de cidadania e a carência é impressionante. Em Goiás, o último levantamento sobre atendimento oftalmológico indicou que esses especialistas estão presentes somente em 17 municípios de Goiás. Isto significa que as populações de 229 municípios estão, de alguma forma, desassistidas nesta área. Em função desta realidade, a Faeg e o Senar criaram o Campo Saúde. Nesse programa, nos dirigimos para uma cidade, um vilarejo ou um povoado do interior, levando assistência médica, odontologia e orientações jurídicas para essa família rural, além de outros serviços. São, em média, cinco mil atendimentos em cada ação. Para se ter uma ideia da lacuna na prestação desses serviços, em 2013, foram realizados 114.456 atendimentos em Goiás. Um programa da Faeg e do Senar que tem ganhado muito espaço e destaque é a Equoterapia, já presente em 34 municípios do Estado. Existe pretensão de ampliar o atendimento para outras cidades? A Equoterapia ganhou espaço não só no Senar Goiás, e no Brasil – porque está sendo nacionalizado – mas no coração de cada um que apoia o programa. De 2011 até hoje, mais de 400 pessoas foram atendidas com as mais diversas necessidades. Vemos crianças com paralisia infantil voltando a andar, como é o caso do pequeno Gabriel Luz, de Piracanjuba. Temos o caso do Igor Pancoti de Hidrolândia, que tem Síndrome de Down e hoje auxilia o instrutor no tratamento

com a Equoterapia. Estamos em busca de parceiros em todo o Estado e vamos ampliar ainda mais esta atuação. Mineiros é um desses municípios atendidos. Aqui na cidade, atendemos por meio de convênio com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), instituições de ensino e empresas. Quando o assunto é educação, o Agrinho e o Pronatec desenvolvidos pelo Senar Goiás tem grande atuação. Qual o alcance atual dos programas? José Mário – Entre todos os projetos educacionais desenvolvidos pelas administrações regionais do Senar no Brasil, o Programa Agrinho de Goiás é o que atinge o maior percentual de crianças e jovens da rede pública. O programa é importante porque lida com as nossas crianças, que irão definir os nossos destinos. Por mais que seja investido em tecnologia para a educação, o ensino só irá melhorar no país com o engajamento e capacitação de professores. No último ano, foram mais de 10 mil professores e 600 mil alunos envolvidos. Recebemos mais de 6 mil trabalhos e garantimos um carro ao professor que melhor desenvolveu a experiência pedagógica. O Pronatec também é muito importante porque faz com que os jovens saiam do ensino médio com formação técnica, preparados para o mercado de trabalho. Atuamos desde 2012 e mais de 10 mil estudantes já passaram por cursos como bovinocultura de leite, equideocultura, máquinas agrícolas, entre vários outros. É uma ótima oportunidade de o jovem permanecer no campo e dar continuidade ao trabalho rural da família.

FOTO: ASSESSORIA/FAEG

ASSISTÊNCIA

Programa Agrinho, valorizando professores e a educação em Goiás



BRASIL

GREENPEACE PROTESTA, FIAT RESPONDE Ao receber milhares de mensagens pedindo carros mais limpos e eficientes, montadora lista medidas que adota pelo meio ambiente. Greenpeace mantém posição: dá para ir além

O

Greenpeace lançou uma campanha, dia 17/04, desafiando Fiat, Volkswagen e Chevrolet – líderes em vendas de automóveis no Brasil – a produzir veículos que consumam menos combustível e emitam menos gases estufa. A Fiat começou a responder, por email, às milhares de pessoas que enviaram mensagens pedindo essa mudança. As demais companhias ainda não se manifestaram. No email enviado pela Fiat, a companhia elenca várias medidas mostrando comprometimento com inovações que reduzem o impacto ambiental de seus veículos. Para exemplificar, a montadora cita um de seus carros novos que, segundo ela, emite menos CO2 que a média. A Fiat também destaca que 97,5% de seus automóveis são flex, podendo ser abastecidos com etanol. E nesse caso, sugere a empresa, o problema está resolvido, pois o combustível é 100% renová-

vel e “praticamente neutraliza as emissões de CO2 na atmosfera com o ciclo do plantio da cana-de-açúcar”, diz a nota. O Greenpeace mantém sua posição: dá para ir além. Os novos veículos que a fabricante tem colocado no mercado brasileiro, com eficiência energética superior à média dos veículos nacionais, são a prova disso: a tecnologia não só existe como está acessível. O que o Greenpeace e os consumidores estão pedindo é que essa prática – que significa menos emissões e menos consumo de combustíveis – não seja fato isolado, mas que se torne padrão em todos os veículos produzidos pela montadora. Se a Fiat já está aplicando essas inovações tecnológicas em alguns de seus automóveis, não há motivos para que ela não se comprometa com as mesmas metas de eficiência energética europeias, alinhando toda sua frota com o que há de mais avançado em termos de redução de

consumo de combustível. Quanto à adoção de motores flex, abastecidos com etanol, não se pode ignorar dois elementos: isso não significa ganho de eficiência energética – desde que foi criada, a tecnologia flex avançou pouco nesse sentido. E há impactos socioambientais inegáveis da atual produção de biocombustíveis no Brasil, como o desmatamento, o avanço sobre outras culturas alimentares e a contaminação de água e solo por fertilizantes. O investimento em eletromobilidade também pode ser uma resposta a essas questões. Enquanto esses problemas são solucionados a médio e longo prazo, medidas de eficiência energética são a melhor solução de curto prazo na redução de emissões e de consumo de combustíveis. Esperamos que a Fiat, líder em vendas de carros no Brasil, também lidere o caminho para carros mais limpos e eficientes.

Enquanto produzem carros mais limpos e eficientes em outros países, montadoras fazem veículos com tecnologia velha no Brasil Vestidos de homens das cavernas, ativistas do Greenpeace fizeram manifestação em São Paulo

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PRESIDENTE DILMA PEDE “ACELERAÇÃO DE PROJETO” Ecos do protesto do Greenpeace parecem ter chegado rápido ao ouvido da presidente Dilma. Ela pede pressa em projeto de incentivo a carro híbrido

A

presidente Dilma Rousseff afirmou dia 17/04, a empresários da indústria automobilística, que solicitou da equipe econômica a “aceleração” do projeto de incentivo à pesquisa, desenvolvimento e produção de veículos híbridos e elétricos no Brasil. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a presidente “determinou a aceleração do projeto, utilizando novas fontes de propulsão”. Moan se reuniu com Dilma no Palácio do Planalto. Segundo apurou o Estado, técnicos dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento (MDIC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) devem se reunir para concluir os estudos que serão enviados para a presidente. No entanto, os próprios integrantes da equipe econômica avaliam que um programa de estímulo não sairá do papel neste ano. Não foi a primeira vez que a presidente falou em acelerar um projeto para incentivar carros híbridos no País. No dia 1º de outubro de 2011, Dilma anunciou ao presidente da Nissan, Carlos Ghosn, a intenção de “acelerar” este mesmo projeto. À época, o então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, afirmou que os estudos estavam avançados. Hoje despachando do próprio Palácio do Planalto, Mercadante, agora ministro da Casa Civil, é quem deve coordenar os estudos dos demais ministérios, a partir de maio. O projeto parte da zeragem da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado de veículos híbridos ou elétricos que hoje é de 25%.

A indústria automobilística defende que esse tributo seja zerado para incentivar a produção no Brasil. Por não serem fabricados no País, estes veículos também pagam 30 pontos percentuais adicionais de IPI para entrar em território nacional. RENÚNCIA A importação de veículos híbridos é bem pequena, e uma eventual zeragem do IPI não implicaria renúncia fiscal elevada para o Tesouro Nacional, obcecado em melhorar a sua imagem no trato das contas do setor público. Há dois grupos bem delineados no governo. Um lado defende de forma entusiasmada a concessão do benefício, que imediatamente tornaria vantajoso importar veículos híbridos, algo que as montadoras afirmam ser essencial para criar um mercado consumidor, servindo de “mola propulsora” para o início da produção nacional. Preocupada com a emissão de poluentes pelos veículos tradicionais, essa ala aponta ser urgente estimular a produção local de carros híbridos, elétricos ou movidos por outras fontes, também limpas. Do outro lado há técnicos que alertam sobre o perigo de criar estímulos para veículos movidos à energia elétrica no atual cenário de aperto na oferta, quadro que não deve melhorar tão rapidamente nos próximos anos. Além disso, esse grupo também aponta

que os estímulos do governo devem ser concentrados no etanol - combustível genuinamente “made in Brazil”, que é mais “limpo” que a gasolina, mas que ainda precisa ser melhor desenvolvido para ampliar o consumo. Eles apontam, também, a lenta evolução da bateria elétrica, que é embarcada nos veículos híbridos e elétricos na Europa e Estados Unidos.

Presidente Dilma: “precisa acelerar” | ABRIL-MAIO. 2014 | 17


FOTO: WAGNAS CABRAL

GOIÁS

Marconi: "Melhor que assinar o convênio, são os resultados práticos"

INJEÇÃO DE R$ 1,5 BI NA ECONOMIA Governador Marconi assina acordo com o Banco do Brasil para injetar R$ 1,5 bilhão na economia de Goiás até o final de 2015

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governador Marconi Perillo assinou dia 24/04, protocolo de intenções com o Banco do Brasil para permitir a injeção de mais de R$ 1,5 bilhão na economia goiana, em projetos que tenham consonância com os propósitos do Plano de Ação Integrada do Desenvolvimento (PAI). A solenidade foi realizada no décimo andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira e contou com a participação do superintendente estadual do Banco do Brasil, Edson Bündchen e do secretário de Gestão e Planejamento (Segplan), Leonardo Vilela, além de dezenas de dirigentes regionais da instituição fi-

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nanceira e membros do alto escalão do governo. Intitulado “Mobliza Goiás”, o projeto vai facilitar o oferecimento das linhas de crédito já existentes no Banco do Brasil às áreas social, de infraestrutura, ambiental e econômica, contempladas nas atividades prioritárias definidas pelo PAI Social, PAI Econômico e PAI Infraestrutura. No último ano, o Banco do Brasil foi responsável por aplicar R$12 bilhões na economia goiana. “O governo está dedicando atenção especial a esse convênio, pois o enxergamos como um importante meio de desdobramento dos projetos prioritá-

rios do Estado, graças ao incremento de R$1,5 bi na economia goiana. Vamos nos empenhar para que essa parceria possa obter os melhores desdobramentos”, declarou Marconi Perillo. Durante seu pronunciamento, o governador ainda fez questão de agradecer aos executivos do Banco do Brasil pela agilidade e facilidade com que conseguiu operar quatro linhas de crédito em benefício do povo goiano. “Por intermédio das fáceis linhas de crédito oferecidas, estamos conseguindo alavancar importantes projetos nesta gestão, como a reconstrução da malha viária e a retomada do centro de excelência no Esporte,


dentre outros projetos prioritários desta gestão”, enalteceu Marconi. Para o secretário Leonardo Vilela, a injeção de crédito vai permitir maior celeridade às áreas prioritárias do Governo. “Estamos diante de uma gestão com planejamento bem definido e o Banco do Brasil vem contribuir para alavancar o desenvolvimento dessas áreas, fomentando o crescimento da economia goiana”, refletiu. O superintendente do Banco do Brasil, Edson Bündchen, informou que a instituição financeira é responsável por 88% de participação nas operações do agronegócio. “Mas notamos que poderíamos fazer mais”, analisou. Há um ano, ao estudar as áreas de atuação do PAI, buscou aproximação maior com o governo para ampliar as linhas de crédito para projetos desenvolvidos com esse foco. FORMAS DE INVESTIMENTO DO MOBILIZA GOIÁS Ao colocar à disposição dos projetos goianos R$ 1,5 bilhão, o Mobiliza Goiás pretende contemplar o setor da

agricultura familiar por meio da aplicação de R$ 400 milhões através do Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf); para a cadeia de armazenagem – um dos gargalos do produtor goiano – serão destinados cerca de R$300 millhões. Para a agricultura de baixo carbono, estão previstos investimentos na ordem de R$ 200 milhões. Outros R$ 10 milhões serão revertidos para projetos de piscicultura. Com a intenção de beneficiar o Programa Nacional de Habitação Rural e Urbana em Goiás, o Banco do Brasil pretende contribuir com investimentos para a construção de três mil unidades habitacionais. Pessoas portadoras de necessidades especiais poderão ter acesso ao Crédito Acessibilidade previsto em R$ 5 milhões, voltados para investimentos em tecnologia de acessibilidade. No âmbito empresarial, estão previstos R$ 300 milhões para serem investidos na forma de capital de giro e outros R$ 300 milhões para investimentos diversos.

Pelo acordo assinado, denominado Projeto Mobiliza Goiás, o Banco do Brasil passa a operar linhas de crédito especiais para os projetos previstos no Plano de Ação Integrada de Desenvolvimento (PAI), nas áreas social, econômica e de infraestrutura

 Indicadores econômicos  Indicadores de produção  Fluxo de caixa  Análise de custos produtivos  Análise de desempenho de máquinas  Controle de contratos futuros e de investimentos E muito mais...


GOIÂNIA

MARCONI PERILLO ESTENDE A MÃO Governador Marconi propõe ajudar prefeito petista a resolver crise do lixo na Capital

O

a compra dos veículos. A iniciativa do Governo do Estado, segundo o governador, tem como objetivo colaborar com as medidas tomadas pelo prefeito Paulo Garcia para solucionar os problemas da coleta de lixo da Capital. A crise do lixo se agravou há 15 dias depois que a Comurg (companhia municipal responsável pela coleta) não pagou a dívida com uma empresa, que retirou das ruas 29 caminhões coletores. O recolhimento de lixo, então, passou a ser feito de forma improvisada com caminhões caçamba e até patrola. Fonte: Brasil 24 Horas

FOTOS: JORNAL OPÇÃO

governador Marconi Perillo determinou, dia 30/04, em caráter emergencial, a liberação de recursos do Tesouro Estadual para que a Prefeitura de Goiânia efetue a compra de caminhões compactadores de lixo. O Governo de Goiás e a Prefeitura de Goiânia assinarão, nos próximos dias, um termo de convênio que prevê a destinação de R$ 6 milhões para a aquisição, em caráter emergencial, de caminhões compactadores. Segundo os termos do convênio, o Governo de Goiás repassará R$ 5,8 milhões para a prefeitura, que entrará com contrapartida de R$ 200 mil para

Estado vai liberar R$ 5,8 milhões para que o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), compre caminhões compactadores de lixo. O objetivo é solucionar o grave problema da falta de veículos adequados para o serviço e acabar com a crise da coleta de lixo, que assola a Capital goiana desde o ano passado

Durante reunião com o prefeito de Goiânia, governador garantiu apoio visando melhorar limpeza pública

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MATO GROSSO

CUIABÁ, MAIS SEGURANÇA NA COPA DO MUNDO Até o início da copa, polícia realiza treinamento antiterrorismo

A

de sequestro. A Gerência integrará as forças de Operações Especiais, sob a coordenação do Ministério da Defesa, através do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro, responsáveis pelas ações contraterrorismo no país, durante os jogos da Copa do Mundo. No período de 31 de março a 04 de abril deste ano, nove policiais da GOE, incluindo o delegado Marcos Veloso, participaram do Exercício Conjunto Interagências realizado em Goiânia. O exercício foi coordenado pelo Comando de Operações Especiais do Exército

FOTO: EDSON RODRIGUES

Gerência de Operações Especiais (GOE) da Polícia Judiciária Civil, está realizando na Academia de Polícia Judiciária Civil (Acadepol), demonstração dos treinamentos visando a capacitação do efetivo para atuação nas ações de contraterrorismo na Copa do Mundo FIFA 2014. A atividade contou com a execução de Tiro de Precisão e Ações táticas, dentre elas, rapel tático, simulação de fast-rope, descida rápida de helicóptero utilizando um cabo e o efetivo emprego da equipe de intervenção da GOE em caso

Arena Pantanal, novo cartão postal de Cuiabá

Brasileiro e contou com a participação de aproximadamente 250 policiais federais, civis e militares, que atuarão nas 12 cidades-sede do Mundial de Futebol e com as Forças Armadas Nacional. Os policiais que integram a Gerência, são submetidos a treinamentos constantes focados no evento esportivo há cinco meses. “Para o bom desempenho operacional é importantíssimo que os policiais estejam preparados não só no aspecto técnico, mas também no físico e psicológico”, destacou o delegado da unidade Marcos Aurélio Veloso e Silva.

SITE DOS EUA ELOGIA A ARENA PANTANAL A beleza da Arena Pantanal foi mais uma vez reconhecida por um meio de comunicação internacional. O site americano Business Insider elogiou o estádio, que será sede de quatro jogos da Copa do Mundo. Após análise de todos os estádios da Copa do Mundo de 2014, o site americano Business Insider avaliou a Arena Pantanal - estádio de Cuiabá para a Copa do Mundo - como de boa aparência. O site fez uma galeria de fotos com imagens dos 12 estádios do Mundial, citando os altos custos de construção. Recentemente o site espanho El gol digital colocou a Arena Pantanal como o segundo melhor do Brasil e um dos 10 mais bonitos do mundo.

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MINEIROS MERCADO

SEGURANÇA RECEBE MAIS RECURSOS Prefeito Agenor Rezende amplia recursos para reforçar a Segurança Pública em Mineiros. Educação também recebe atenção especial

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prefeito Agenor Rezende (PMDB) concentra esforços às ações que visam garantir mais segurança para os moradores de Mineiros. Projeto de lei de autoria do Poder Executivo, encaminhado à Câmara Municipal, prevê a ampliação do apoio financeiro para a segurança pública no município. O valor a ser investido poderá chegar a R$ 240 mil por ano. A meta do prefeito Agenor Rezende é intensificar procedimentos para viabilizar a plena tranquilidade para as famílias que moram desde a zona urbana até a rural. O projeto propõe aumentar o valor do convênio com a Polícia Militar e destinar recursos, também, para a Polícia Civil. A Prefeitura Municipal designou servidores para ficar à disposição das forças de segurança.

FOTO: ASCOM/PREFEITURA

Prefeito Agenor Rezende, investimento na segurança e educação

Providenciou, ainda, a locação do imóvel que serve à delegacia local, que deve ser transferida para espaço mais amplo.

Investimento de R$ 1,9 milhão em obras para a Educação A Prefeitura de Mineiros está investindo R$ 1,9 milhão em obras que visam ampliar as estruturas e garantir melhores condições de ensino no município. O prefeito Agenor Rezende (PMDB) afirma que continuará a priorizar ações no setor educacional com volume alto de investimentos para, cada vez mais, aperfeiçoar o aprendizado e capacitar a escola pública no desempenho do seu papel social. Dentre os diversos empreendimentos que movimentam o setor educacional em Mineiros, uma nova creche está em construção no Jardim das Perobeiras.

MAIS AÇÕES... As escolas municipais Padre Maximino, Tonico Corredeira e Otalécio Alves Irineu estão sendo ampliadas, com a construção de novas salas de aula. A edificação da feira coberta passa por profundas mudanças e, no local, serão erguidas seis novas salas de aulas para atender alunos do Parque dos

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Jatobás e região. A Prefeitura de Mineiros fez, ainda, a aquisição de uma caminhonete para atendimento às escolas, principalmente da zona rural. Outra iniciativa importante da Prefeitura de Mineiros: a Secretaria de Educação fortalece a parceria com a Agri-

cultura Familiar. Por meio de Chamada Pública, foram adquiridos, deste setor, alimentos cujo valor chega a R$ 260 mil. Os produtos da Agricultura Familiar são destinados para a alimentação dos alunos pertencentes à rede municipal de ensino. Texto: Ascom/Prefeitura de Mineiros


DITO E FEITO

Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo. Mahatma Gandhi Existem coisas reservadas pra gente que foge do nosso entendimento, mas que lá na frente vai fazer todo o sentido. Por isso nunca perca a fé

Não tenho tempo de odiar quem me odeia, tô ocupado demais amando quem me ama Bruno Gagliasso

Reynaldo Gianecchini

O mundo precisa de atitudes, não de opiniões. Opinião nenhuma mata a fome ou cura doença

As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante.

Angelina Jolie

Jô Soares

A mulher é um ser especial que Deus mandou para a Terra para ser nosso porto seguro e que nós, homens, temos o dever de cuidar bem. Luan Santana

Tudo na vida evolui, do ser humano ao material esportivo Luciano do Valle

Nessa vida a gente precisa todos os dias fazer o bem ou pelo menos tentar fazer o bem. Pelo menos não pisar nas pessoas já seria ótimo Xuxa Meneghel | ABRIL-MAIO. 2014 | 23


FOTOS: OPÇÃO

ANÁLISE POLÍTICA

O PMDB, IRIS E FRIBOI

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passos do ex-governador, que serão vitais para a solidez da campanha do PMDB. Mais: para a preservação da aliança com o PT, que é o caminho crucial para dar viabilidade à vitória oposicionista neste ano em Goiás. Dispondo-se ou não a participar, Iris será ator mais uma vez. Para ajudar na vitória da oposição, ou para – ausente – facilitar a vida de Marconi, virtual candidato a passar mais uma temporada no centro do poder.

FOTO: REPRODUÇÃO

e muita. Com pouca ou nenhuma uma carta de boa objetividade disposição para completar a chapa política enviada ao diretório majoritária da oposição, fica a dúvida regional do partido, Iris se haverá disposição, então, para Rezende colocou uma somar nos palanques e nos variados frase emblemática: “Nunca pensei procedimentos da campanha. que veria o PMDB no mercado de Político da melhor estirpe, o especulações pouco republicanas”. episódio deixa a expectativa em torno dos Como esse gesto, a aparência, enfim, de que o PMDB velho de guerra passa a olhar para dentro buscando a unidade, que será fator relevante na eventual – mas problemática – composição dos quadros na oposição ao governador Marconi Perillo, na luta sucessória deste ano em Goiás. Saiu Iris, naquele finalzinho de abril, e ficou Júnior Friboi, para a caminhada deste mês e meio até a definição final, nas convenções de junho, sobre quem, enfim, vai para a corrida ao Palácio das Esmeraldas. Júnior superou um obstáculo grande, mas se colocando diante de uma caminhada árdua, em que, antes de mais nada, precisará construir a unidade peemedebista. Gomide deixou a prefeitura de Anápolis e entrou Não vai ser fácil. Iris fará falta, na briga pelo governo estadual

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O fator Gomide

Antônio Gomide deixou a prefeitura de Anápolis, na primeira semana de abril, para não eliminar eventuais dúvidas acerca do seu projeto de disputar o governo do Estado. Seu gesto, a renúncia e a posse imediata do substituto, João Gomes, ficaram como a referência efetivamente forte do projeto. Ou seja, não se ajeitou um cenário para mobilizar a militância e, também, fazer notícia na mídia. Gomide


Reynaldo Rocha

mostrou, sem pestanejar, que saiu mesmo para a briga sucessória. Seu discurso também mudou. Nada de amabilidades políticas ou de sinais conciliatórios. É candidato, e isto está fora de discussão. Para os potenciais parceiros, a sinalização é para um jogo que já começou, e com o jogador em campo. Para os prováveis adversários, o aviso de que a política é para quem quer a luta, e que ele está definitivamente disposto a lutar. Mas aí vem a pergunta: dá pra mostrar tanta disposição e tanta gana, se, aparentemente, o primeiro passo seria a conciliação interna, na forma dessa espécie de dever de casa que é unir a oposição, cacife maior para quem pretende tirar do poder o PSDB e seu histórico de 16 anos de mando no Palácio das Esmeraldas? Pelo que Gomide está demonstrando neste ensaio – e ensaio animado – de campanha eleitoral, é como se o roteiro estivesse pronto, à espera dos oposicionistas, sendo por ele assumido, e, tendo assumido, para ele comandar a execução. Virem-se os demais. Ficaria de bom tamanho, na ótica ainda preocupante da inviabilidade da união, ter-se já um nome, com determinação para a luta sucessória, e parceiros devidamente habilitados para a ocupação de outras posições na chapa. Afinal, ao lado do candidato a governador, precisam-se de nomes de a vice e o senado. Quem se habilita? Bom, assim está a oposição. E a situação? Aparentemente, tudo muito tranquilo. Até porque não há um candidato anunciado. O nome por todos imaginado não se cansa de pedir um tempo. A hora – quase um mantra – é de administrar, que para fazer política o tempo realmente certo ainda não chegou. Fica pra junho, a partir do dia 10, quando se abre a temporada efetivamente eleitoral. E parece que vai ser assim: antes de junho, nada de Marconi Perillo candidato; se verá apenas o Marconi gestor. Até porque há muito o que fazer, para que a caminhada depois possa ser um pouco mais facilitada.

Cenário para muitos atores

José Eliton, que cumpre com lealdade a missão de vice-governador, tem tudo para repetir a dose. Não é questionado, nem contestado na base governista. E para a outra função de relevo na base – o Senado – já há nome também, Vilmar Rocha. Mas se perguntaria: e Ronaldo Caiado? Pelo que andou ocorrendo por último, ele até topa a volta à base governista. Na segunda semana de abril, na megafesta do agronegócio em Rio Verde, os gestos dele e de Marconi falaram mais alto que qualquer outra declaração, ou especulação. Estavam de bem. Persistindo a paz, será Caiado outro ator importante nesta pré-campanha. A dúvida: tem como Marconi e Caiado voltarem às boas, falando a mesma língua, dividindo palanques e brigando por um mesmo objetivo?

E vai haver?

Muito se falou nele, mas o ministro Joaquim Barbosa deu demonstrações de sobra de que não lhe interessa, pelo menos por enquanto, deixar a cadeira no Supremo Tribunal Federal e tentar um cargo eletivo. Para muita gente, ele seria a boa pedida neste

ano em que se concluiu um histórico julgamento de políticos corruptos. A propósito: já se contam os prazos para que se filiem a partidos políticos os postulantes a uma candidatura que sejam membros de tribunais de Justiça, de Contas ou do Ministério Público, ou ainda militares. Esses agentes públicos, que são obrigados a deixar o cargo para se candidatar, não precisam, porém, obedecer a regra de filiação partidária um ano antes do pleito.

Jogo duro

Se para ir a um novo veredicto nas urnas populares pressupõe-se que os candidatos se apresentam com a ficha limpa, neste ano este desafio se coloca entre os mais difíceis dos últimos tempos. Para não ir longe: na Assembléia Legislativa de Goiás, a descoberta de servidores fantasmas protegidos (e abrigados) em certos gabinetes foi mais um claro demonstrativo de que, se for para passar as coisas a limpo, tem pretensão à candidatura à reeleição desde já rifada. Da mesma forma que no Congresso, onde não faltam problemas. E em dimensão ainda maior, na definitiva comprovação de que ou se conduz o País a uma boa e profunda reforma política, ou a população continuará a ser envolvida (e iludida) por políticos desonestos, corruptos e oportunistas.

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ECONOMIA

THE ECONOMIST PEGOU PESADO A revista inglesa The Economist fez sérias críticas ao Brasil em reportagem intitulada “Soneca de 50 anos”. O texto aponta que os brasileiros são “gloriosamente improdutivos” e que eles devem sair da morosidade de 50 anos sem crescimento econômico

A

edição semanal da revista The Economist traz uma reportagem bastante crítica ao mercado de trabalho no Brasil e, em especial, à produtividade dos trabalhadores. Com o título “Soneca de 50 anos”, a reportagem diz que os brasileiros “são gloriosamente improdutivos” e que “eles devem sair de seu estado de estupor” para ajudar a acelerar a economia. A reportagem diz que após um breve período de aumento da produtividade, vista entre 1960 e 1970, a produção por trabalhador estacionou ou até mesmo caiu ao longo dos últimos 50 anos. A paralisia da produtividade brasileira no período acontece em contraste com o cenário internacional, onde outros emergentes como Coreia do Sul, Chile e China apresentam firme tendência de

melhora do indicador. “A produtividade do trabalho foi responsável por 40% do crescimento do PIB do Brasil entre 1990 e 2012 em comparação com 91% na China e 67% na Índia, de acordo com pesquisa da consultoria McKinsey. O restante veio da expansão da força de trabalho, como resultado da demografia favorável, formalização e baixo desemprego”, diz a revista. A reportagem diz que uma série de fatores explicam a fraca produtividade brasileira. O baixo investimento em infraestrutura é uma das primeiras razões citadas por economistas. Além disso, apesar do aumento do gasto público com educação, os indicadores de qualidade dos alunos brasileiros não melhoraram. Um terceiro fator, menos óbvio, é a má gestão de parte das empresas brasileiras.

Há ainda a legislação trabalhista. A revista diz que muitas empresas preferem contratar amigos ou familiares menos qualificados para determinadas vagas, para limitar o risco de roubos na empresa ou de serem processados na Justiça trabalhista. A revista também cita que a proteção do governo aos setores pouco produtivos ajuda na sobrevivência de empresas pouco eficientes. A reportagem ouviu um empresário norte-americano que é dono do restaurante BOS BBQ no Itaim Bibi, em São Paulo. Blake Watkins diz que um trabalhador brasileiro de 18 anos tem habilidades de um norte-americano de 14 anos. “No momento em que você aterrissa no Brasil, você começa a perder tempo”, disse o dono do restaurante BOS BBQ, que se mudou há três anos para o País.

Mantendo o tom irônico típico da revista, The Economist publica reportagem mostrando que, ao contrário do que ocorreu na China e na Índia, a produtividade do trabalhador brasileiro praticamente não aumentou no último meio-século. Além disso, o brasileiro produz praticamente a metade do que produz um chileno ou um mexicano.

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INFLAÇÃO PODE ROMPER A META EM 2015

Começa a ganhar força no mercado a expectativa de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode fechar no teto ou acima da meta de 6,50% não apenas em 2014, mas também em 2015

A

perspectiva vem sendo influenciada, principalmente, pelas estimativas mais elevadas para os preços administrados na comparação com este ano. As projeções, de forma geral, vão na mesma direção da pesquisa do Banco Central, intitulada Focus. Na mais recente pesquisa, a mediana das expectativas para o IPCA fechado de 2014 rompeu o teto da meta pela primeira vez este ano, ao passar de 6,47% para 6,51%. Para 2015, a previsão para o índice fechado ficou inalterada em 6,00%. Ainda que as previsões de algumas instituições consultadas pelo Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, para a inflação de 2015 estejam ligeiramente menor que o limite máximo, os analistas ressaltam que os riscos de o índice encerrar acima dessa marca no ano que vem são altos. Uma das incógnitas é se o próximo presidente do Brasil fará o ajuste dos preços administrados - que estão artificialmente baixos - de forma gradual ou de uma única vez. Para os economistas, independentemente de quem vença a eleição em 2014, o importante é que o governante tente colocar a “casa em ordem” o quanto antes. A visão geral é que a

inércia inflacionária já é elevada e pode colocar mais pressão sobre a política monetária em 2015, ano para o qual as expectativas são de crescimento ainda fraco da economia. Além do acerto nas contas de energia após a desoneração do começo de 2013, os reajustes anuais do setor, previstos em contratos, também deverão deixar a inflação do ano que vem mais salgada, conforme os analistas. Ainda, para eles, passado o período eleitoral, os preços da gasolina e das passagens de ônibus urbano igualmente poderão ser aumentados. Todas as projeções apontam para aceleração dos preços administrados em 2015 ante 2014. A maioria das estimativas dos economistas consultados está na faixa de 7,00%, portanto, mais elevadas do que as da pesquisa semanal Focus. No levantamento do Banco Central, a inflação dos administrados estimada para o ano que vem subiu de 5,90% para 6,00%. Para 2014, avançou de 4,60% para 4,70%. PROJEÇÕES O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, projeta inflação de 8,00% para os preços administrados no próximo ano, contra estimativa

anterior de 5,10%. Os cálculos do economista levam em consideração, principalmente, a expectativa de alta nas tarifas de energia elétrica ao longo do ano que vem, de ônibus urbano e de gasolina. Nesse cenário, o banco estima que o IPCA encerre 2015 em 6,60%, devendo ficar praticamente no mesmo nível do esperado para 2014, que é de 6,66%. Oliveira ressalta que o ajuste dos administrados, “evidentemente”, irá depender do resultado das eleições deste ano: “Se o governo ganhar, aparentemente seria feito em parcelas, enquanto que a oposição tende a fazer de uma única vez.” A Kondor Invest estima um IPCA mais salgado em 2015, de 7,60%. A economista Nicole Saba disse que, além da expectativa de aceleração dos preços administrados, para 7,50% em relação à previsão de 5,40% em 2014, também espera uma taxa elevada para os preços livres - 7,60% no ano que vem, ante 7,30% em 2014. “A inflação ainda é indexada. Apesar de esperar que a atividade não cresça tanto (neste e no próximo ano), o que pode fazer com que os salários não subam tanto, só o fato de ser indexada já faz com que a inflação prospere.” Texto: Maria Regina Silva Fonte: Agência Estado

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MERCADO

COPA DO MUNDO, SHOPPINGS TEMEM NOVOS PROTESTOS Lojistas vão à justiça para evitar protestos na copa. Alshop acredita que a Copa do Mundo pode fazer com que o varejo perca ao menos 11 dias de faturamento Segundo ele, apesar de o movimento dos shoppings diminuir em dias de jogos, eles podem ser escolhidos como destino dos atos por causa da visibilidade. A associação não descarta a possibilidade de fechamento de portas, caso haja protestos violentos. “Certamente, se houver uma manifestação violenta se encaminhando para o empreendimento, e a secretaria não conseguir segurar, as portas serão fechadas”. De acordo com o presidente da Alshop, o efetivo de seguranças dos shoppings será entre 20% e 30% maior no período do evento. Outras formas de proteção do estabelecimento serão adotadas como, por exemplo, a presença de carros de segurança blindados na porta.

SHOPPINGS PERDERÃO 11 DIAS DE VENDAS Se para alguns segmentos da economia a Copa do Mundo é uma das grandes apostas do ano, para quem atua no setor de shopping centers o evento é esperado com preocupação. A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) revelou que o Mundial pode fazer com que o varejo perca, ao menos, 11 dias de faturamento. Nas cidades em que forem decretados feriados nos dias de jogos, os centros comerciais abrirão por menos tempo (apenas seis horas) e

“Rolezinhos”, terror dos shoppings durante a Copa FOTO: AGÊNCIA ESTADO

O

s shoppings devem entrar com liminares para tentar impedir que protestos aconteçam em centros comerciais durante a Copa do Mundo, conforme afirmou o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun. A medida já foi adotada durante os ‘rolezinhos’, encontros de milhares de jovens marcados pelas redes sociais no início deste ano. “Estamos trabalhando junto com advogados para conseguir essa liminar que obriga a secretaria (da segurança pública) a proteger preventivamente os shoppings centers diante dessa possibilidade muito clara de manifestações”, disse Sahyoun.


MERCADO EM EXPANSÃO A associação espera que 35 novos centros de compras entrem em operação no Brasil, ao longo de 2014. Do total, 29 já têm data de inauguração, a maior parte no segundo semestre e 12 deles estão em São Paulo (tanto na capital quanto no interior). O número de novos shoppings esperados pela entidade é levemente menor do que os 38 inaugurados em 2013. Segundo o censo de shoppings realizado pela Associação e pelo Ibope, hoje o Brasil tem 153 empreendimentos em obras, mas apenas uma fatia com inauguração prevista ainda para 2014. Do total em obras, cerca de 53% estão sendo construídos na região Sudeste. INTERIOR Existem hoje 497 shoppings em funcionamento no País. Em 2010, eram 408. A previsão é de que, ao fim deste ano, o número de empreendimentos desse tipo seja maior em cidades do interior do que em capitais, onde a densidade urbana tem restringindo cada vez mais o lançamento de novos shoppings. Ao fim de 2013, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o País tinha 239 centros comerciais no interior e 258 em capitais.

BRASIL PRECISA MELHORAR À PRODUTIVIDADE Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos, holding que controla a JBS afirmou que o maior desafio a ser enfrentado pelo Brasil é o de realizar reformas que levem o País a aumentar a sua produtividade, o que significa ter uma produção industrial maior com custos mais baixos. “O Brasil precisa se dedicar melhor à produtividade e não estamos falando apenas que o brasileiro precisa trabalhar mais ou ser mais qualificado. Produtividade é ter um sistema tributário e judiciário melhor”, afirmou Joesley Batista, durante debate do seminário Rumos da Economia, realizado recentemente em São Paulo. O evento contou também com a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Joesley Batista disse que o Brasil precisa reduzir a diferença de produtividade que há em relação aos níveis de economias maduras como os Estados Unidos, país onde a holding J&F tem uma série de investimentos em andamento. Ele citou como exemplo os números de produção do mercado frigorífico norte-americano. “Os EUA têm um rebanho de 100 milhões de cabeças de gado enquanto que o Brasil tem 200 milhões. Mesmo com a metade do rebanho brasileiro, os Estados Unidos produzem 30% a mais de carne que o Brasil”, afirma. Outro exemplo citado por Joesley diz respeito à mão-de-obra. Enquanto nos EUA uma planta que abate 6 mil bois por dia precisa de 3 mil trabalhadores, no Brasil esta mesma planta precisaria de 6 mil empregados já que apenas um trabalhador brasileiro é capaz de abater uma cabeça de gado enquanto que nos EUA um trabalhador é capaz de abater duas por dia. “Nos Estados Unidos temos 70 mil funcionários e aqui no

Mesmo com a metade do rebanho brasileiro, os Estados Unidos produzem 30% a mais de carne que o Brasil FOTO: DIVULGAÇÃO

os funcionários devem ter folga. “Em dias de jogos as pessoas tendem a comprar menos e, notadamente, apenas alguns setores do varejo têm sido beneficiados pela Copa”, disse o presidente da entidade, Nabil Sahyoun. No ano passado, o segmento já não cresceu como o esperado. Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostram que, em 2013, as vendas no setor registraram a menor expansão desde 2007. As lojas nos shoppings movimentaram R$ 129,2 bilhões no ano passado - 8,6% mais que em 2012. Houve crescimento, mas a estimativa inicial era de que ele iria beirar os 12%. A perspectiva para expansão de vendas dos lojistas em 2014 também é pouco animadora. Nabil Sahyoun afirmou que a alta de vendas este ano será “vegetativa”. Para ele, o crescimento se dará nem tanto por evolução do consumo, mas apenas porque a quantidade de shoppings vai aumentar. Em dezembro, a entidade projetou que as vendas reais neste ano cresceriam 3% ante 2013.

Joesley Batista, presidente da J&F, holding que controla a JBS

Brasil temos 100 mil”, compara. Segundo Batista, o Brasil passa pelo mesmo desafio dos países emergentes que sofrem com dificuldades em alcançar melhores níveis de produtividade. “Por outro lado, o Brasil é de longe melhor que a China em níveis de produtividade”, afirma. Joesley participou de uma mesa de debates sobre o cenário macroeconômico e sobre a política monetária brasileira. Participaram da discussão o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland; o economista-chefe do Bradesco, Otávio de Barros; o assessor da presidência do BNDES, Ernesto Lozardo; o economista do banco Itaú, Caio Megale e o presidente do instituto DataPopular, Renato Meireles.

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VILA SÃO COTTOLENGO

QUANDO OS OL SENTE E AS MÃO

Q Como a Vila São Cottolengo, em Trindade (GO), consegue ser referência no tratamento de pessoas com deficiência, promover qualidade de vida baseada no amor e ainda custear as despesas por meio de doações

uem na vida não tem desafios? Classificá-los como difíceis ou quase impossíveis depende do ponto de vista. Cruzar os braços ou lamentar, em qualquer das situações, não é a melhor solução. E quem visita a Vila São Cottolengo aprende a enxergar os problemas com “outros olhos”. Neste local abençoado por Deus, não há desânimo, indiferença ou egoísmo. Esta instituição filantrópica promove vida com qualidade a pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade social há mais de 63 anos. Daí fica a pergunta: reclamar de quê, mesmo? Localizada aos pés do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás, a Vila é um hospital de longa permanência que presta as-

sistência integral a 360 pacientes com deficiências crônicas. São pessoas que traduzem a razão de existir da entidade. A história de vida de muitos internos é marcada pelo abandono devido à deficiência ou pela impossibilidade dos familiares em prestar o auxílio necessário. Em 1951, um padre de alma grandiosa, Gabriel Vilela, mudou-se para Trindade e promoveu uma série de benfeitorias, entre elas a fundação da Vila São Cottolengo. Ele conseguiu enxergar naqueles deficientes da época uma beleza pura, encantadora e sem maldade. Inspirado no santo italiano José Bento Cottolengo, dedicou parte de sua vida aos carentes. E como um líder, plantou sua semente e abriu os corações de muita gente. FOTOS: ANTÔNIO ERASMO

Amor aos pacientes faz da Vila São Cottolengo uma referência em atendimento

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HOS VEEM, O CORAÇÃO S SE ABREM Devido a tanto amor empregado em uma causa nobre, a instituição cresceu e atualmente é referência no Centro-Oeste. Os pacientes recebem todos os cuidados básicos de alimentação, higiene, vestuário, assistência médica e de enfermagem em tempo integral e atendimento terapêutico multiprofissional. Alguns ainda frequentam escola de ensino especial e oficinas pedagógicas. Dependendo da capacidade individual, os quase atletas paraolímpicos praticam esportes e participam de atividades de cultura e lazer. CARINHO Todo o atendimento é baseado na atenção e no carinho ao paciente. A Palavra de Deus, presente diariamente no local, norteia os valores éticos e espirituais. Quem trabalha na Vila não tem um emprego apenas, é uma missão. Muitos colaboradores deixam seus filhos em casa e, na Instituição, debruçam em cabeceiras de filhos de ninguém com o mesmo afeto dispensado aos seus. Dedicar-se assim é uma escolha. Os serviços de psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e equoterapia não seriam os mesmos se pessoas caridosas não se dispusessem a isso. Mais de 2 mil atendimentos são realizados diariamente, tanto a pacientes internos quanto externos. Cerca de 680 funcionários se revezam nas tarefas deste grande hospital. Desde a limpeza, oficina e manutenção, passando por serviços administrativos até chegar à enfermagem e no tratamento médico. E se algo começa a sair do eixo, todos se unem para tentar solucionar o problema.Para ser grande, tem que aprender a

Pacientes frequentam a escola de ensino especial

crescer. A Vila São Cottolengo possui 35 mil metros quadrados de área construída. Desde a fundação é administrada pelos Padres Redentoristas e pelas Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Apesar de ser criada pela Igreja Católica, a instituição recebe ajuda de todos os credos e segmentos, desde que seja de coração. Por adotar a filosofia da caridade, presente em todas as religiões, ao longo dos anos o hospital foi crescendo e hoje é um Centro Especializado em Reabilitação Física, Auditiva e Intelectual, inclusive com certificação federal. Na parte ambulatorial, a Vila atende mais de 130 municípios goianos pactuados com a rede pública de Saúde. São consultas em diversas especialidades médicas, serviços de diagnóstico por ima-

gem, terapias de apoio, exames laboratoriais, serviço odontológico e um centro cirúrgico com estrutura completa para a realização de cirurgias de pequena e média complexidade. Todo aparato técnico foi montado para atender primeiramente as necessidades dos pacientes de longa permanência e que, aos poucos, pôde ser utilizado a pessoas carentes. Atualmente, a Instituição recebe uma ajuda de custo do Sistema Único de Saúde (SUS) de 50% do valor total das despesas. O restante é conseguido com muito esforço e fé, pois só é possível graças a doações. Roupas, alimentos, donativos, utensílios de higiene e limpeza, materiais de construção, dinheiro em espécie: toda ajuda é bem vinda. “Na humildade e na compaixão das pessoas, as coisas vão acontecendo e Deus vai co-

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VILA SÃO COTTOLENGO locando as mãos. Se pensarmos positivo, atrairemos tudo aquilo que é bom”, costuma dizer Irmã Márcia Simões, diretora administrativa. DESPESAS A cada dia mais, os colaboradores proporcionam maior tranquilidade, conforto, e acima de tudo, segurança a aqueles que necessitam. O funcionamento desta casa gera gastos, pois além das despesas mensais fixas, sempre aparecem imprevistos, deixando assim a planilha financeira em aberto. Todos dentro da instituição desempenham um papel importante na vida dos pacientes internos, pois acima do profissional, está o ser humano que também se dedica em doar a eles amor, carinho e muita atenção. E é isso que transforma a Vila tão grande.

O SEGREDO ESTÁ NOS DETALHES Às vezes, por termos caído na inércia da “vista cansada”, deixamos de reparar o que de valioso está à nossa volta.

Já parou para pensar o quanto sua casa é rica de bênçãos? Que na sua família existem pérolas que não trocaria por nada? Tem reparado na sinceridade do sorriso das pessoas? Um abraço faz a diferença pra você? Talvez isso esteja em falta no seu dia a dia. Mas afinal, o que te move? Estar perto de pessoas agradáveis enriquece o dia de qualquer um. O trabalho flui, as ideias ganham corpo, o relacionamento interpessoal melhora. E o interessante é que certos detalhes fazem toda diferença: um “bom dia”, um aperto de mãos, um aceno de “tchau”, um piscar de olhos. Até porque, nem toda comunicação precisa ser verbal. E se os gestos forem a única opção de demonstrar sentimentos, será que faz diferença na vida de alguém? Eu lhe digo: faz! Atuo na Vila São Cottolengo, em Trindade, há quatro anos. Neste período descobri e redescobri inúmeras formas de me comunicar com os outros e amar de uma maneira especial. Sendo um dos 680 colaboradores da instituição filantrópica, é preciso aderir a práticas bem apuradas de convivência. Isto sem con-

Vila São Cottolengo, mais de 63 anos cuidando das pessoas com deficiência física

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tar nos 345 pacientes internos de longa permanência e mais de 1200 pacientes externos que são atendidos todos os dias lá. É um desafio bom de encarar. Em parceria com o Governo Federal, a Vila São Cottolengo é gestora do Programa Reabilitar - Medicina Física e Auditiva, que realiza a concessão de próteses ortopédicas e auditivas, órteses e meios auxiliares de locomoção, tudo a custo zero para o paciente. Na área da Educação, a Instituição é campo de pesquisa para inúmeros trabalhos acadêmicos. Junto ao Governo Estadual, mantém duas unidades de ensino: o Centro de Formação Vida Nova, voltado para a educação complementar e oficinas pedagógicas para crianças carentes, e o Centro de Ensino Especial São Vicente de Paulo, que atende crianças e adolescentes das comunidades vizinhas com necessidades educativas especiais. Para entender a linguagem de um deficiente interno da Vila não basta apenas ser técnico, o coração precisa estar aberto. Talvez seja por isso que tantos visitantes e romeiros saem tocados da


instituição quando conhecem de perto a realidade e o tratamento que é dispensado aos pacientes. Mas de verdade, não há dinheiro que pague um sorriso verdadeiro vindo de alguém que mal consegue se mexer na cadeira de rodas. E nós ainda reclamamos da vida... Depois de tanto observar perfis e conversar bastante com as pessoas, cheguei à conclusão de que para ver o lado bom das coisas é necessário mudar o foco. Ao presenciar a dificuldade de um paciente ao se locomover ou falar, não penso mais: “coitadinho... veja como ele é sofrido”. Hoje analiso: “como ele é esforçado. Mesmo com deficiência, tem vontade de viver”. E isso acontece com grande parte das pessoas. Fomos adaptados a olhar para o lado negativo, ao invés de valorizar o que há de belo e grandioso. É o mesmo que reclamar da chuva ou do sol forte. Por que não agradecer o milagre que ali acontece? É preciso estar atento aos sinais. Antonio Erasmo Queiroz – Supervisor de Comunicação da Vila São Cottolengo

Paciente durante a alimentação: Alegria

UM UNIVERSO DE BELEZAS A SER DESCOBERTO A Vila São Cottolengo, aos olhos de quem não conhece, pode parecer um triste cenário de abandono. Isso para quem não teve a oportunidade ou interesse em conhecê-la. É realmente um ledo engano. Aos que foram agraciados e tiveram o privilégio de adentrar os portões abençoados da Instituição, levaram para casa muito aprendizado, lições de vida que jamais serão apagadas da memória. Cottolengo é um cantinho de céu, uma estrada de luz, é um sol clareando as noites escuras. É um passo de mágica. Um jardim coberto em flores. Estrelas que brilham. Gente que ri. Gente que chora também. Gente que trabalha. Gente que brinca, que canta, que é feliz, que dança, que escreve a sua história. A Vila é o canto de um pássaro, é uma ave impulsionada com seu voo livre, é uma

borboleta que enfeita, é um beija-flor que aparece na janela. Pensar na Vila é se derreter de encantos por um lugar sem mesmo conhecê-lo, de fato. Fortaleza, esta vila é corrente que não solta, é partilha que não falta, é amor que cresce. É vida que renasce. É alma que renova. É fé que padece. A Vila São Cottolengo é o paraíso bordado em linhas de toda cor. É um livro aberto esperando gente bondosa para assinar seu nome, para fazer parte dessa história que não tem fim. Só depende de você. # COMO AJUDAR Tel.: (62) 3506-9000 E-mail: doacoes@cottolengo.org.br Site: www.cottolengo.org.br

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DE OLHO EM BRASÍLIA

“PEGA” NO TRÂNSITO TERÁ PENALIDADE AMPLIADA A Câmara dos Deputados aprovou penas de reclusão para o “racha” no trânsito, se ele resultar em lesão corporal grave ou morte. A pena para a prática de racha em vias públicas sem vítimas é aumentada, de seis meses a dois anos de detenção, para seis a três anos. Se a lesão corporal for grave, haverá penas de reclusão de 3 a 6 anos; e, no caso de morte, de 5 a 10 anos. Essas situações agravantes não estão previstas atualmente no Código de Trânsito Brasileiro.

MOTORISTA ALCOOLIZADO OU DROGADO De autoria do deputado Beto Albuquerque (PSB – RS) o projeto também prevê pena de reclusão de 2 a 4 anos se o homicídio culposo ao volante for causado por motorista alcoolizado ou drogado. O texto aumenta em dez vezes as multas aplicadas nos casos de “racha”, “Pega”, manobras perigosas, arrancadas e competições não autorizadas. Atualmente, elas variam de uma vez a cinco vezes. O projeto segue agora para sanção da Presidência da República.

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BRASÍLIA EM CLIMA DE COPA Com o custo de R$ 1,3 milhão, 1.242 peças substituirão equipamentos colocados na década de 1970. Desde o dia 10 de fevereiro, 71 placas turísticas em duas e três línguas já foram instaladas. Até maio, mais de mil placas serão instaladas. São três categorias: interpretativas, indicativas, e mapas, nas cores marrom e azul. As interpretativas terão textos em português, inglês e espanhol. As demais, em português e inglês. De acordo com o Secretário de Turismo em exercício, Geraldo Bente, as placas seguem padrão mundial.

PROCON, DE OLHO NOS PREÇOS ABUSIVOS DURANTE A COPA O PROCON e a Secretaria de Turismo do Distrito Federal firmaram parceria para atuar durante a Copa do Mundo de 2014. Entre as propostas apresentadas pela Assessora Técnica do PROCON, Sofia Ayres, estão: postos estratégicos para realizar o atendimento à população, monitoramento de preços tanto de hotéis, quanto de estabelecimentos comerciais, pela Secretaria Nacional do Consumidor, plantão fiscal para atender demandas específicas relacionadas à Copa 2014.

RAUPP ELOGIA TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE O senador Valdir Raupp (PMDBRO) disse na semana passada que a homenagem do Senado à Campanha da Fraternidade da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) foi justa e merecida. Dia 15/04 foi realizada uma sessão especial para celebrar a Campanha da Fraternidade de 2014, cujo tema é “Fraternidade e Tráfico Humano”. Raupp afirmou que o lema escolhido para a campanha encerra uma verdade definitiva: “foi para a liberdade que Cristo nos libertou”. O senador chamou atenção para o fato de que o tráfico humano engloba atividades como exploração sexual, servidão doméstica, extração de órgãos e trabalho escravo. Raupp disse que todas essas situações são condenáveis e envergonham a consciência humana. Ele informou que a maioria dos traficantes são homens, enquanto a maioria das pessoas traficadas são mulheres. - A campanha da fraternidade de 2014 mostra-se também como uma positiva e vigorosa ação no sentido de alertar e sensibilizar a sociedade brasileira para um problema que precisamos enfrentar com determinação, na construção diuturna de uma sociedade mais fraterna, na qual cada um de nós veja no próximo um semelhante que merece integral respeito - afirmou o senador. (Com Agência Senado)


Renata Carrijo

FHC DIZ QUE BRASIL PRECISA DE OUTRA GRANDE MUDANÇA O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que está na hora de o País passar por outra grande mudança, equivalente à que houve com a implantação do Plano Real. Ele atacou a política econômica do governo e disse que é preciso continuar a ver onde estão os problemas do País. Ele destacou como importante o cumprimento de metas da inflação e a manutenção da Lei de

CYRO MIRANDA DEFENDE EDUCAÇÃO DE QUALIDADE Em recente pronunciamento, o senador Cyro Miranda (PSDB – GO) demonstrou preocupação com a educação brasileira. De acordo com o senador, que também é presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o PISA, reforça a tese de que uma educação de qualidade é um dos maiores desafios para o futuro presidente da República. O PISA testou, pela primeira vez, a capacidade dos estudantes de 15 anos do mundo todo em resolver problemas de matemática aplicados à vida real e o Brasil ficou em 38º lugar, num total de 44 países. “Trata-se de um desempenho medíocre e injustificável, sobretudo quando se consideram as implicações de um resultado desses para o futuro das gerações de jovens brasileiros e para o Brasil. Um País que oferece ensino público tão deficiente e incompatível com a realidade da sociedade do conhecimento e tecnológica desconstrohi o caminho para o desenvolvimento e pavimenta o retrocesso. O PT já está há mais de dez anos no poder, mas não foi capaz de construir, nem sequer de lançar as bases de uma política pública séria e eficiente para transformar o ensino público no Brasil”, disse ele.

Responsabilidade Fiscal, e ressaltou que não há receita para uma boa condução econômica. FHC ainda aproveitou para criticar a condução dada pela presidente Dilma Rousseff ao assunto, afirmando que ‘nesse momento o Brasil está um pouco em um compasso diferente do resto do mundo’. Para o ex-presidente FHC, o Brasil tem condições de competitividade, mas está em desvantagem.

PROJETO TORNA OBRIGATÓRIA COLETA DE ÁGUA DA CHUVA Ganha força no Senado Federal projeto do senador João Durval (PDT - BA) que pode tornar-se obrigatória a instalação de sistemas de coleta, armazenagem e uso de águas pluviais para irrigar áreas verdes e lavar calçadas e pisos em novas edificações em condomínios residenciais e comerciais, hospitais e escolas. O projeto foi aprovado dia 16/04 pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e segue O projeto para análise da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), onde será votado em decisão terminativa. O texto reduz pela metade a taxa de prestação do serviço público de drenagem pluvial urbana paga pelos estabelecimentos construídos com a tecnologia e por aqueles que adotarem

sistemas de captação de água da chuva. Além dessa redução de tarifa, o projeto determina a criação de programas para incentivar a adoção de medidas para acabar com vazamentos na rede de abastecimento e a instalação de dispositivos que economizam água, como bacias sanitárias de volume reduzido de descarga. Tudo isso visando acabar com o desperdício de água potável. O autor do projeto quer ampliar as políticas públicas que incentivem a racionalização do uso da água e a conscientização da população para a importância do recurso. Ele observa que, além de mais racional, o uso de águas pluviais para lavar piso e irrigar jardins também reduz o fluxo da drenagem em situações de chuvas intensas.

SENADORA LÚCIA VÂNIA ELOGIA PROJETO Ao elogiar a proposta, a relatora do projeto na CAS, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), lembrou que a falta de água é um problema enfrentado pela população de muitos municípios brasileiros. – Temos testemunhado em muitas

cidades situações dramáticas de escassez de água, que resultam em rodízios e racionamento. Todo esforço possível de combate ao desperdício deve ser adotado, inclusive tendo em vista o alto custo de obtenção de água em mananciais cada vez mais distantes – observou Lúcia Vânia.

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HISTÓRIA

TONIQUINHO, DE JATAÍ PARA O BRASIL ‘Pai de Brasília’ troca vida na capital do país por emprego em Goiânia. Advogado cobrou mudança da sede administrativa para o Planalto Central. Em livro escrito no exílio, JK diz que assumiu compromisso após pergunta

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mo, prevista na Constituição, mas que ninguém levou adiante. Ele se assustou. Estava todo esguio, de cabeça erguida, mas aí se abaixou um pouco e olhou para os colegas de palanque. Ficou emocionado, limpou os olhos e disse que era uma pergunta difícil, que era complicado para um político aceitar aquele desafio, mas

que faria, que aquele compromisso haveria de ser cumprido”, lembra. Trechos do livro escrito pelo presidente na época do exílio a que foi condenado durante o regime militar revelam o desconforto sentido por Juscelino na ocasião. As memórias, batizadas de “Por que construí Brasília”, fazem parte do

FOTO: VITOR SANTANA/G1 GO

A

utor da pergunta “embaraçosa” que obrigou o então candidato à Presidência da República Juscelino Kubitschek a incluir a construção de Brasília no seu plano de governo, o advogado Antônio Soares Neto, de 88 anos, se emociona ao falar do aniversário da cidade. A capital do país, que completa 54 anos nesta segunda-feira (21), passou a ser projeto de JK depois de uma cobrança feita pelo advogado no primeiro comício eleitoral, em Jataí (GO). “Eu me sinto um pouco pai de Brasília e acho muito bom ver aonde ela chegou. Ninguém acreditava. Fiz a pergunta em um momento de espontaneidade, sem me preparar para isso, e no fim das contas deu no que deu. O próprio Juscelino dizia que o Toniquinho [apelido do advogado] foi escolhido lá de cima para fazer o desafio e mudar a capital”, conta. O comício ocorreu no dia 4 de abril de 1955 e, por causa de uma forte chuva que caiu na data, precisou ser improvisado no barracão de uma oficina mecânica. Juscelino usou como palanque a carroceria de um caminhão quebrado e afirmou durante o discurso que cumpriria a Constituição Federal na íntegra se fosse eleito. “Com o coração saindo pela boca, levantei o dedo e perguntei para ele se ele então mudaria a capital. Aquela era uma ideia centenária, muito antiga mes-

Toniquinho, uma pergunta e a resposta histórica de JK


FOTO: ANTÔNIO SOARES NETO/ARQUIVO PESSOAL

FOTO: ANTÔNIO SOARES NETO/ARQUIVO PESSOAL

Luziano Ferreira de Carvalho, prefeito de Jataí em 1955, Antônio Soares Neto e o então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek

acervo do Memorial JK, presidido pela neta dele, Anna Christina Kubitschek. “A pergunta era embaraçosa. Já possuía o meu Programa de Metas e, em nenhuma parte dele, existia qualquer referência àquele problema. Respondi, contudo, como me cabia fazê-lo na ocasião: ‘Acabo de prometer que cumprirei, na íntegra, a Constituição, e não vejo razão por que esse dispositivo seja ignorado. Se for eleito, construirei a nova capital e farei a mudança da sede do governo’. Essa afirmação provocou um delírio de aplausos”, escreveu. A ideia de mudança do centro administrativo do país nasceu em 1789, mas desde então pouco havia sido feito pelo governo nesse sentido. As providências estavam restritas à Missão Cruls, que no final do século XIX demarcou a área da futura capital, e ao acréscimo no mapa de um retângulo que sinalizava a localização do futuro Distrito Federal. Mais adiante, no livro de memórias, JK volta a comentar a situação. “A afirmação, que fizera por ocasião do comício em Jataí, fora política até certo ponto. Até então, não havia me preocupado com o problema. Entretanto, a partir dali e no desdobramento da jornada eleitoral – quando percorri o país inteiro – deixei-me empolgada pela ideia. [...] O grande desafio da nossa história estava ali: seria forçar-se o deslocamento do eixo do de-

Primeiro comício de JK como candidato à Presidência da República; Juscelino aparece sobre um caminhão quebrado, enquanto o advogado Antônio Soares está na plateia, sinalizado com a circunferência vermelha

Com o coração saindo pela boca, levantei o dedo e perguntei para JK se ele então mudaria a capital. Ele se assustou. Ficou emocionado, limpou os olhos e disse que era uma pergunta difícil, que era complicado para um político aceitar aquele desafio, mas que faria, que aquele compromisso haveria de ser cumprido.

Antônio Soares Neto, advogado que ‘cobrou’ de JK a transferência da capital do país para o Planalto Central

senvolvimento nacional. Ao invés do litoral – que já havia alcançado certo nível de progresso – povoar-se o Planalto Central [...], fazendo com que todo o interior fosse despertado, acordado, e abrisse os olhos para o futuro grandioso do país.”

Para Toniquinho, a transferência da capital para Brasília foi o maior feito de JK. “Alguém escreveu algo nesse sentido e eu concordo: é como se ele tivesse descoberto o Brasil pela segunda vez. Primeiro, os portugueses chegaram aqui e se fixaram no litoral. Mas então veio Juscelino, e levou tudo para o Centro-Oeste. Não havia nada, nada, antes dele.” RELAÇÃO COM A CIDADE Natural de Jataí, o advogado passou a morar em Goiânia em 1975. Ele afirma que a mudança para a capital goiana, em detrimento da vinda para Brasília, aconteceu por causa do trabalho e dos filhos, que já estavam perto de fazer faculdade. “Gosto de Brasília. Estive prestes a morar aí, mas acontece que eu já tinha trabalho em Goiás. Era um emprego muito bom na época, e eu não quis deixá-lo”, lembra. “Foi por ele que eu acabei me aposentando.” Toniquinho conta que viaja com frequência para a cidade “que é da família” e que sempre acompanha o que está acontecendo. “É uma verdade e é lamentável toda essa corrupção em Brasília. Na época do JK isso não existia. Respeitava-se o poder público, a coisa pública. Hoje ficou bem diferente, mas nem por isso deixo de amar a cidade.” Fonte: Raquel Morais - G1/DF

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HISTÓRIA

MORTE DE JK, UM MISTÉRIO

I

ntegrantes da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog (CMVVH), de São Paulo, e da Comissão Nacional da Verdade (CNV) vão se reunir, em data a ser confirmada em breve, para discutir a morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. O presidente da CMVVH, vereador Gilberto Natalini (PV), contesta o relatório da CNV que afirma que o ex-presidente e seu motorista morreram vítima de um acidente automobilístico Morte de JK, em agosto/1976, abalou a nação na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de militar, em 1976, defendendo a tese de agosto de 1976. “A morte de JK é um caso acidente. em aberto e precisamos confrontar os O vereador lembra que entre as vápontos contraditórios”, frisou Natalini, rias testemunhas ouvidas pela CMVVH, que recebeu a confirmação do encontro foram tomados os depoimentos do motoentre os integrantes das duas comissões rista do ônibus, Josias Nunes de Oliveira, do coordenador da CNV, Pedro Dallari. e de Paulo Oliver, um dos nove passageiEm relatório de 10 de dezembro ros que confirmaram não ter havido chodo ano passado, atualizado em 19 de fevereiro deste ano, a CMVVH, em documento de 30 páginas, conclui que JK e Ribeiro foram vítimas de conspiração, complô e atentado político. O “Relatório JK” lista, de acordo com Natalini, 103 indícios, evidências, testemunhos e provas do assassinato do ex-presidente e de seu motorista. O presidente da CMVVH diz que o relatório preliminar da CNV legitima as investigações e perícias conduzidas por agentes de Estado, policiais e peritos criminais a serviço do regime

Relatório conclui que JK e Ribeiro foram vítimas de conspiração, complô e atentado político

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Comissões vão se reunir para discutir morte de JK, tida como “um caso em aberto” que entre o ônibus e o automóvel. E reitera que além de a CNV não ouvi-los, Oliveira declarou que recebeu uma tentativa de suborno para admitir ter provocado o acidente, o que também foi desconsiderado pela CNV. Natalini destaca ainda que a CNV menosprezou o relatório da CMVVH e ouviu basicamente policiais que elaboraram as perícias de 1976, como Sérgio Leite e Roberto de Freitas Villarinho, diretor do Instituto de Criminalística do Rio de Janeiro, além de corroborar os trabalhos da Comissão Externa da Câmara dos Deputados, presidida pelo então deputado Paulo Otávio, no ano 2000. E que também serviu para endossar a versão oficial sobre a morte de JK. FOTO: REPRODUÇÃO

Comissão da Verdade quer confrontar pontos contraditórios que marcaram morte do ex-presidente


Uma 贸tima parceria pode come莽ar agora. Venha tomar um cafezinho conosco...

ANUNCIO ELITE GRAFICA


CLIMA

O MUNDO EM ALERTA FOTO: BOB FERNANDES

O

mais recente Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), da ONU, divulgado dia 13/04, recomenda que os governos devem agir de forma rápida e agressiva se quiserem evitar as consequências mais sérias da mudança no clima mundial. “O trem-bala da mitigação teria de deixar a estação logo, e a sociedade teria de embarcar”, disse o presidente do painel, Rajendra Pachauri, em entrevista coletiva em Berlim – Alemanha. O relatório divulgado pelo intitulado Mudança Climática 2014: Mitigação da Mudança de Clima é o terceiro e último dos que foram produzidos por três grupos de trabalho. Ao lado de um

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ONU: é preciso agir logo para evitar impacto mais sério do aquecimento global relatório de síntese que deve sair em outubro deste ano, eles vão compor o 5º Relatório de Avaliação do IPCC, previsto para 2015. O documento diz que as emissões dos gases que provocam o efeito estufa e que podem estar provocando um aquecimento global cresceram mais rapidamente entre 2000 e 2010 do que em cada uma das três décadas anteriores. A crise econômica global de 2007/2008

Alagamento da BR-364, no Acre: Preocupação

reduziu temporariamente as emissões, mas não mudou a tendência. O relatório inclui vários cenários possíveis com medidas para mitigar o aquecimento global. O IPCC diz que o crescimento econômico e o da população superaram a expansão das tecnologias de energia mais eficientes. O órgão pede coordenação internacional para lidar com os desafios associados à mudança do clima; entre as medidas sugeridas estão o estabelecimento de instituições que estabeleçam preços para as emissões de gás carbônico, a adoção de impostos sobre emissões e o aumento dos investimentos em energia renovável. Ottmar Edenhofer, um dos presidentes do grupo de trabalho que prepa-


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O aquecimento global não está sendo levado a sério e o tempo está se esgotando para evitar consequências como a seca e a inundação de cidades

rou esse relatório, disse que qualquer demora na adoção de medidas fará os cursos crescerem mais tarde, e que a redução da mudança climática não será conseguida “se empresas e governos avançarem seus interesses independentemente”. Ele ressalvou que adotar medidas para diminuir o aquecimento global “não significa que a comunidade mundial terá de sacrificar crescimento. A política climática não é um almoço grátis, mas poderá ser um almoço que vale a pena comprar”. Vários estudos mostram que a temperatura média da Terra já se aqueceu em 0,8°C desde 1900. Em 2010, os governos de quase 200 países concordaram em reduzir as emissões dos gases que provocam o efeito estufa, de modo a assegurar que a temperatura média do planeta não suba mais de 2°C acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial. Cientistas dizem que é crucial evitar aquela elevação de 2°C na temperatura média da Terra, porque uma elevação traz riscos de mudanças de alto impacto, como o derretimento do gelo da Groenlândia, cujo custo poderia ser inaceitavelmente alto. No atual ritmo de emissões de gases do efeito estufa, a ONU sugere que a elevação de 2°C será atingida mais cedo, e não mais tarde Caso as emissões sejam reduzidas, mas permaneçam em níveis elevados, os modelos dos cientistas indicam que o aquecimento global atingirá de 1°C e 2.2°C acima dos níveis pré-industriais até a metade deste século. Mas se as emissões forem mantidas no nível atual, a previsão para a metade do século é uma elevação de 2°C a 3,2° acima dos

Estragos causados por enchentes em Branquinha (Alagoas)

IMPACTOS NO BRASIL Assim como todos os países do mundo, o Brasil deve sofrer, de acordo com cientistas, os efeitos negativos do aquecimento global. Muitos estudiosos do clima mundial afirmam que nosso país já está sofrendo estas consequências. O aquecimento global deverá mudar as características climáticas de diversas regiões, porém não se sabe muito bem a intensidade. O texto aponta que populações pobres de regiões costeiras podem sofrer com o aumento do nível do mar, altas temperaturas acentuariam o risco

de insegurança alimentar e que áreas tropicais da África, América do Sul e da Ásia devem sofrer com inundações causadas pelo excesso de tempestades. O Sudeste do Brasil, Buenos Aires, na Argentina, e localidades nos Andes também devem sofrer com o excesso de chuvas, principalmente cidades que já são vulneráveis atualmente, com registros de alagamentos e deslizamentos de terras. Os extremos ficarão constantes. No futuro, deverá ocorrer muita chuva acumulada em poucos dias, além de mais dias secos e de mais calor.

» Aumento da temperatura em todas as regiões do Brasil, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Este fato pode fazer com que aumente os incêndios em florestas da região como, por exemplo, na Floresta Amazônica; » Alterações nas estações do ano com pouca diferenciação entre elas. As temperaturas deverão aumentar em todas as estações, causando prejuízos na agricultura; » Aumento na quantidade e intensidade de tufões e furacões nas regiões litorâneas dos estados do Paraná e Santa Catarina; » Com o aumento do nível de água dos oceanos, muitas cidades litorâneas teriam construções invadidas pela água, sendo a única solução a construção de barreiras. Algumas ilhas brasileiras como, por exemplo, a de Marajó, poderia ter parte do território submerso; » Aumento das secas no semiárido nordestino, com possibilidade da região se transformar num deserto (desertificação); » Aumento das chuvas e tempestades, principalmente em cidades da região Sudeste, como, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro; » Ecossistemas poderão ser afetados com diminuição significativa da flora e fauna; » Diminuição da umidade relativa do ar.

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CLIMA

O impacto do aquecimento global será “grave, abrangente e irreversível”, segundo um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas

níveis pré-industriais. “Somente uma grande mudança institucional e tecnológica dará uma chance maior de 50% de que o aquecimento global não supere aqueles limites”, diz o relatório. O IPCC conclui que as emissões dos gases que provocam o efeito estufa terão de ser reduzidas até meados do século, em 40% a 70% em comparação com o nível de 2010, e para perto de zero até o fim do século. “Uma variedade de opções está sendo oferecida aos governos, e eles poderão tomar as decisões que quise-

Tsunami no Japão: Fúria da natureza

rem”, disse o cientista Ed Hawkins, da Universidade de Reading, na Inglaterra, autor de um relatório anterior do IPCC. Mudanças de grande escala, exigidas especialmente dos governos e dos setores de transportes e geração de energia, vão requerer gastos enormes e têm sido objeto de controvérsias e de resistência significativa em vários setores. Pachauri disse que a análise dos custos e benefícios de medidas para mitigar o aquecimento global é “uma questão complicada”, mas advertiu contra dar um preço em dólar à perda de vidas

humanas, ecossistemas, oceanos e vida marítima ameaçados pela mudança no clima global. “A questão do custo tem de ser vista do ponto de vista do que acontecerá se não adotarmos essas medidas”, acrescentou. Ele também disse que tem “todas as razões para ser otimista” com a perspectiva de que os governos levem em conta as recomendações. A íntegra do relatório em inglês está disponível em http:// ipcc.ch/report/ar5/wg3/. Fonte: Dow Jones Newswires


EU VI NA WEB

“MICHAEL JACKSON NÃO MORREU”

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credite se quiser. A declaração, que já ganhou espaço nas redes sociais do mundo inteiro, está bombando agora no Brasil e chega através do jornalista e fã do astro, Dirceu Jackson: “Michael Jackson está vivo e vivendo anonimamente em Dubai, nos Emirados Árabes”. A notícia foi tema do programa de TV Balanço Geral, da rede Record, onde Dirceu mostrou fotos, vídeos e e-mail trocado com o cantor depois de sua morte. O rei do pop, segundo o fã, teria forjado a própria morte, pois não iria conseguir realizar a série de 50 shows em Londres pela turnê “This Is It”. “Todos os ingressos foram vendidos em questão de horas, mas Michael não tinha condições físicas para realizar todos os shows, muito menos condições financeiras para arcar com o cancelamento da turnê. Forjar a morte foi uma saída”, argumenta Dirceu. A morte do cantor foi declarada no dia 25 de junho de 2009 e acompanhada por milhares de fãs do mundo inteiro pela imprensa internacional. Segundo análise do programa Balanço Geral, Michael Jackson, durante todos os 50 anos de vida, sempre levantou polêmicas e, claro, muitos boatos. As histórias inventadas iam até a vida pessoal como, por exemplo, no caso das inúmeras plásticas, das acusações de pedofilia ou mesmo de que ele teria morrido virgem. Claro que a morte do cantor tam-

redes sociais e as teorias acabaram fazendo com que fãs fizessem diversos comentários como, por exemplo, pediJornalista e fã garante dos de parcerias com outros músicos. que Michael Jackson Segundo o site Boatos.Org, não é a primeira vez que o fã fala sobre o asoptou pelo anonimato sunto. No programa TV Fama, da Rede TV, também já foi dito que Michael Jae vive em Dubai, nos ckson estaria vivo. Entre os argumentos estavam que o cantor teria dado o recaEmirados Árabes do que sumiria na letra da música Leave Me Alone, do álbum Bad. Além disso, fotos provariam que ele esFOTOS: REPRODUÇÃO tava no próprio velório e que ele queria ganhar dinheiro no pós-morte. Mas, contra os argumentos do fã, existe uma lógica defendida pelos céticos. Eles argumentam que não precisa ser um gênio para saber que, infelizmente, Michael Jackson não está vivo. Vamos aos fatos: o mais importante deles está no próprio processo judicial contra um médico envolvendo a morte do cantor. Além disso, qual seria a possibilidade de um fã do cantor ter a “prova” de que ele está vivo e a Justiça não ter? Provavelmente zero. Ainda mais que ele só falou, mas não bém não poderia deixar de levantar mostrou nenhuma prova concreta. Por suspeitas. As circunstâncias do caso que então não diz exatamente onde o sempre levantaram histórias, como a de cantor está escondido? Michael ter entrado vivo na ambulância Concluindo: por falta de provas já se espalhou na internet. Pois agora, o (até o momento), a história de que Micaso é outro e bombástico: de acordo chael Jackson não morreu não passa com o fã, Michael Jackson estaria vivo. de uma lenda que está viva apenas no Em um dos vídeos apresentados imaginário dos fãs do Rei do Pop. Ou na por Dirceu, Michael teria sido visto na cabeça de um fã em especial. França. O assunto se tornou febre nas

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NAVEGAR É PRECISO

UM MUNDO DE POSSIBILIDADES EM SUAS MÃOS

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oje em dia o uso da internet é acessível a praticamente todos, mas o que se pode observar é que ela pode servir tanto para uma boa ou má formação. Não me prolongarei nessa dialética e focarei na primeira parte, ou seja, em como navegar em águas tranquilas, com bons sites e boas práticas na rede mundial. A internet é um imenso mundo onde podemos fazer muitas coisas: Você pode falar com os seus amigos a qualquer hora e quando quiser. Você pode conhecer pessoas novas com os mesmos interesses que os seus;

Você pode fazer pesquisas para os seus trabalhos e/ou sobre coisas que goste, pois tem toda a informação que quiser e sobre o que quiser na internet; Você pode, ainda, compartilhar e discutir informações e conhecimentos com outras pessoas; Você pode jogar, ouvir música e ver filmes; E, mais especificamente, você pode se formar profissionalmente e aprender novos idiomas “gastando” somente o seu tempo, com uma boa dose de disciplina. Vejam alguns exemplos:

CURSOS PROFISSIONALIZANTES Para quem quer melhorar a gestão do negócio, o SEBRAE oferece excelentes cursos voltados principalmente ao pequeno empresário: http://www.ead.sebrae.com.br/ lista-de-cursos/

CURSOS DE IDIOMAS Site: www.livemocha.com, basta fazer um simples cadastro e escolher qual idioma deseja aprender primeiro. É um site divertido, você ganha pontos iniciais e à medida que as lições são concluídas ou pessoas são ajudadas, pontos são creditados à sua conta para que possa abrir novas lições e progredir no curso. Site: http://www.englishtown. com, onde você poderá logar com suas credências do facebook. Esse site lhe oferece uma lição diária e uma modalidade paga. Mas, com paciência, e fazendo a lição diária, em um ano, já será possível um nível mínimo de conversação.

CONQUISTANDO O MUNDO Ela chegou sem muito alarde e já conquista usuários no mundo inteiro. Estou falando da LinkedIn, rede social para contatos profissionais, que anunciou dia 18/04 ter atingido a marca de 300 milhões de usuários cadastrados em todo o mundo. Desse total, 200 milhões são de fora dos Estados Unidos. Em comunicado à imprensa, a empresa revela que deseja criar oportunidades econômicas para 3,3 bilhões de pessoas que compõem a força de trabalho mundial. “Buscamos desenvolver

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experiências personalizadas para membros e suas identidades, rede de contatos e conhecimento”, diz o anúncio, que ainda ressalta a importância do uso do LinkedIn em dispositivos móveis e também o interesse no mercado chinês. Recentemente, o LinkedIn criou um site específico em chinês e espera alcançar 140 milhões de usuários nos próximos meses com a plataforma. Criada em maio de 2003, a empresa ainda fez um balanço sobre seus últimos cinco anos. Entre os destaques, estão o aumento da

presença de mulheres na plataforma (elas são 44%, contra 39% em 2009) e a participação do Brasil como o terceiro maior país da rede, perdendo apenas para os EUA e a Índia. Em 2009, o País não estava entre os cinco maiores mercados.


Gutemberg Oliveira

COMO ESTÁ SUA REDE? Se a resposta for PÉSSIMA, tenho uma informação importante. Um documento com propostas do usuário de internet brasileiro, levantadas em consulta popular, foi entregue ao comitê executivo da conferência NETmundial e o tema ganhou espaço no corpo do evento. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso ao documento, com os resultados da consulta realizada

por 27 dias na plataforma Participa. br, do governo federal, norteada pela pergunta “Que internet os brasileiros querem?” No total, foram registradas mais de 280 mil participações em diversas questões referentes à internet, como direito de acesso e privacidade. A página da consulta recebeu 210 mil visitantes durante seu andamento, segundo o Participa.br.

EXCLUSIVOS PARA

SMARTPHONES

CRESCE VENDA DE E-BOOKS NO BRASIL O crescimento das vendas de e-books no Brasil, no primeiro ano de atuação dos grandes players internacionais (Amazon, Apple, Google, Kobo), é maior que no mercado dos Estados Unidos na mesma situação. Lá, em 2008, ano seguinte ao ingresso do Kindle no mercado, a venda de e-books representava 1,17% do total do mercado editorial no segmento “trade” (obras gerais, que não incluem didáticos, religiosos ou técnicos). Em uma projeção para 2013 - dados oficiais devem ser divulgados em

agosto, alguns dias antes da Bienal Internacional do Livro em São Paulo - os e-books devem chegar a 2,5% do total do faturamento do segmento no mercado editorial brasileiro. A projeção é da edição mais recente do Global E-book Report, relatório publicado periodicamente pela empresa de consultoria alemã Rüdiger Wischenbart (RW).

Muito comum no mercado de consoles, a exclusividade de títulos para uma plataforma de videogames pode se tornar uma realidade também no mundo dos jogos em dispositivos móveis. Segundo reportagem do Wall Street Journal, publicada dia 21/04, Apple e Google começaram a trabalhar com desenvolvedoras de games para que alguns dos melhores títulos dessas empresas cheguem primeiro em suas respectivas plataformas móveis iOS e Android, respectivamente Segundo o jornal, ambas as companhias estão oferecendo às desenvolvedoras lugares cativos nas lojas de aplicativos em troca da exclusividade, embora nenhuma das empresas comente o assunto. Os games tem sido uma das categorias mais lucrativas dentro das lojas de aplicativos da Apple e do Google. Em 2013, 18 entre os 20 apps mais populares da loja virtual da Apple, a AppStore, eram games. Além disso, com a exclusividade, Apple e Google tentariam adicionar um diferencial na busca por mais clientes para os smartphones e tablets com seus sistemas operacionais.

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INTERNET

MARCO CIVIL, AVANÇO MUNDIAL O projeto do Marco Civil da Internet, aprovado pela presidente Dilma Rousseff dia 23/04, representa um avanço mundial do País, em relação à regulação da Internet

É

o que afirma o professor em direito do Ibmec-MG, Alexandre Bahia, em entrevista ao DCI - Diário Comércio, Indústria e Serviços. O projeto foi aprovado em Brasília dia 22/04 à toque de caixa em duas comissões, de Constituição e Justiça (CCJ) e Ciência e Tecnologia (CCT), além do plenário do Senado Federal. Tudo para que Dilma pudesse sancionar o projeto no dia seguinte no NetMundial, evento que reuniu autoridades de países do mundo inteiro e discute como deve ser regulado o trânsito na rede. Com a aprovação da lei, o Brasil pretende se posicionar como mediador internacional de discussões sobre a isonomia na rede mundial de computadores. O especialista indica que alguns países da Europa contam com “algum tipo de regulação”, porém, o Brasil é pioneiro neste tipo de estabelecimento de regras, em uma ação que permite ao judiciário legislar sobre um territó-

rio considerado livre e sem lei, como a internet. O papel central no debate sobre uma legislação mundial era exercido pelos Estados Unidos, mas o país ficou enfraquecido depois de denúncias de espionagem internacional, por parte de órgãos de inteligência e segurança de seu governo. Ainda segundo o professor, os termos inclusos no Marco Civil dão garantias de que os provedores de internet não distinguem a velocidade usufruída por consumidores que contratarem esse serviço, baseado no conteúdo. Além disso, a nova lei assegura que os provedores deverão preservar os dados dos usuários, para averiguação de possíveis crimes cometidos na rede, ou para a proteção de dados e conteúdo pessoal. “O Marco civil regulamenta a preservação dos dados: os provedores são obrigados a guardar os acessos. Isso pode ajudar na solução de crimes de injúria,

calúnia, difamação e qualquer tipo de racismo”, afirma Alexandre Bahia. A nova lei define também que anúncios do chamado marketing direcionado não poderão mais recolher o conteúdo de navegação para oferecer produtos que casem com o perfil, ou com as vontades dos usuários. “A lei veta que sites espionem o tipo de conteúdo que as pessoas acessam. Facebook e Google, ou com as empresas que vendem o tipo de acesso com o perfil do consumidor, não poderão mais fazer isso”, conclui o professor. Os crimes de injúria, racismo ou exposição de conteúdo pessoal na redes já era regulamentado pela Lei Carolina Dieckmann, sancionada em 2012, quando a atriz que dá nome à lei, levou seu computador pessoal para o conserto e teve o conteúdo extraído e divulgado sem sua permissão. Texto: Amauri Vargas Fonte: DCI

GOVERNO PROMETE MELHORAR COBERTURA 4G O Governo Federal prepara para agosto um novo leilão de frequências para a telefonia celular de quarta geração (4G). As novas licenças vão funcionar na faixa de 700 MHz, ocupada pela TV aberta analógica. Por

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ser mais baixa que os 2 500 MHz que vêm sendo usados atualmente para a 4G, a nova faixa deve permitir uma cobertura melhor, com menos antenas. A faixa de 700 MHz é a principal da 4G nos Estados Unidos. Turistas que vêm de lá ainda não conseguem usar o serviço por aqui. A 4G americana funciona na faixa que antes era ocupada

pela TV aberta analógica. No Brasil, o decreto presidencial com as regras da TV digital determinou que o sinal analógico será desligado em 2016. Com a licitação, o governo propõe flexibilizar esse prazo, adiantando-o em cidades que tiveram transmissões digitais antes, como São Paulo, e atrasando-o em cidades menores.


MUNDO ANIMAL

ZEUS, O MAIOR CÃO DO MUNDO

A

dona do cãozinho, Denise Doorlag, de Michigan, nos Estados Unidos, afirma que sempre ouve a mesma piadinha “isso é um cão ou um cavalo”, ou “onde está a cela?”. Zeus foi nomeado como o maior cão pelo Guiness World Records - O livro dos Recordes - como é conhecido no Brasil. Alguns dados sobre o cão são de assustar: Pesa mais de 70 quilos, e come um saco de ração de 14 quilos todos os dias. Mas o cão faz jus à comparação, pois ele tem o tamanho de um burro,

O posto de maior cão do mundo tem um candidato. Ele é da raça Dogue Alemão, com um sugestivo nome: Zeus FOTO: REPRODUÇÃO

cerca de 1,12 metro sentado e 2,2 metros de pé. É natural que as crianças pensam que ele é um cavalo. Mas o posto de Zeus já está ameaçado. Cão de 2,1 metros, que ainda está crescendo, deve ganhar título de “maior do mundo” em breve. O animal tem 18 meses e já destruiu 14 sofás na casa onde vive, em Essex, na Inglaterra. O nome dele é Freddy, também da raça Dogue Alemão. Em pé sobre as patas traseiras, Freddy atinge 2,1 metros de altura. Da pata até a região da cernelha, o animal mede 1,04 metro.


NOVA POLÊMICA

VERDADEIRO OU FALSO?

Cientistas apontam que papiro de “esposa de Jesus” não é falsificação moderna

A

pós estudar um fragmento de papiro conhecido como o “Evangelho da Esposa de Jesus”, que causou um alvoroço quando revelado por uma historiadora da Escola de Divindade de Harvard em 2012, cientistas concluíram que a tinta e o papiro são muito provavelmente antigos, e não uma falsificação moderna, informou o jornal New York Times, em sua edição do dia 10/04. Os resultados da pesquisa também foram publicados no periódico Harvard Theological Review. De acordo com o NYT, o ceticismo sobre o papiro é grande porque ele contém uma frase nunca vista nas Escrituras: “Jesus disse a eles, ‘Minha mulher (...)’”. O papiro também apresenta as palavras “ela poderá ser minha discípula”, frase que inflamou o debate em algumas igrejas sobre se as mulheres podem ser sacerdotisas. Segundo a reportagem, o fragmento de papiro foi analisado por professores de engenharia elétrica, química e biologia das universidades de Columbia e Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Eles relataram que o documento parece com outros papiros antigos, datados do quarto ao oitavo século. Os resultados das investigações não provam que Jesus tinha uma esposa ou discípulas, salientou o jornal, acrescentando, no entanto, que os es-

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tudiosos concordaram que o fragmento é mais provavelmente um trecho de um antigo manuscrito do que uma farsa. Karen L. King, a historiadora da Escola de Divindade de Harvard que tornou o papiro conhecido, já havia dito que ele não deve ser considerado como prova de que Jesus se casou, mas sim de que os primeiros cristãos discutiam temas como celibato, sexo, casamento e discipulado. Contudo, nem todos concordam sobre o resultado da investigação, salientou o jornal. O Harvard Theological Review publicou não só o artigo de Karen e outros cientistas na edição do dia 10/04, como também uma refutação por Leo Depuydt, professor de Egiptologia da Universidade de Brown, que declara o fragmento tão visivelmente falso que “parece pronto para uma esquete do (grupo de humor) Monty Python”.

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A idéia de uma esposa de Jesus não é inédita na tradição apócrifo copta. Outros textos, como o Evangelho de Filipe, falam do assunto. Muito já se disse sobre Jesus, verdadeiro ou falso. Mas nada conseguiu destruir a maior de todas verdades: Ele é amado e reina no coração da humanidade

O QUE DIZ O PAPIRO

Pouco maior que um cartão de visita, o pedaço de papiro pertence a um colecionador cuja identidade é mantida em segredo. O documento seria do século IV, segundo atestam importantes papirólogos. Eis alguns trechos já traduzidos: “Jesus disse a eles: minha esposa” (quarta linha); “Ela será capaz de se tornar um discípulo (quinta linha); “Quanto a mim, eu moro com ela de modo que... (sétima linha). À direita a historiadora de Harvard, Karen L. King, que fez o anúncio da descoberta do documento durante um congresso no Vaticano.

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TORCIDA DO CRUZEIRO, CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2013

ESPORTE

O BRASILEIRÃO E A COPA Brasileirão vive ano atípico com a realização da Copa do Mundo. Veja a lista dos maiores campeões da história do campeonato

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FOTO: ARQUIVO/PALMEIRAS

FOTO: ARQUIVO/SANTOS

utando para se aproximar das principais ligas de futebol do planeta, o Campeonato Brasileiro terá um ano atípico em 2014. Não apenas pela paralisação de um mês e meio, que criará uma competição em duas etapas, mas também por conta de diversas variáveis diretamente relacionadas à realização da Copa do Mundo no Brasil. Desde o desafio de utilizar os novos estádios, até o risco de debandada de jogadores na aber- Com Gilmar, Pepe, Coutinho e Pelé, Santos foi tura da janela de transferências Campeão Brasileiro cinco vezes consecutivas internacionais, no segundo semestre. Parar a disputa do Brasileirão durante a realização da Copa não é novidade, mas agora, como o torneio acontece no Brasil, o tempo de paralisação é maior. A competição terá nove rodadas, até o dia 1º de junho, mas duas rodadas acontecerão já com a seleção brasileira treinando - Felipão reúne seus convocados em 26 de maio. E é natural que as atenções do público e da Palmeiras de Leão, Luis Pereira, Leivinha e Ademir imprensa estejam direcionadas Guia também fez história para o Mundial. Além da preocupação com a sultado do Brasil na Copa. A tendência longa pausa, que pode atrapalhar aqueé que, em caso de título, o futebol brales que estão embalados e ajudar os que sileiro, como um todo, receba incentivo. precisam se recuperar após nove rodaJá um novo “Maracanazo” fatalmente das, existe a ingerência natural do reafastaria o torcedor dos estádios - pelo

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menos por um período logo depois do Mundial. As arenas, aliás, serão um novo desafio para os clubes e gestores. Entre os 20 participantes do Brasileirão, 11 usarão estádios recentemente reformados ou construídos - muitos deles por causa da Copa do Mundo -, incluindo aí o Palmeiras, que volta à divisão de elite no ano do seu centenário e promete inaugurar o Allianz Parque no segundo semestre deste ano. O Brasileirão será um termômetro para os novos estádios, que podem aumentar consideravelmente a renda dos clubes ao mesmo tempo que podem gerar prejuízo e afastamento da torcida, principalmente por conta de preços exorbitantes dos ingressos. Assim, projetos de sócio-torcedor passam a ter papel decisivo nas finanças das agremiações. No ano passado, Cruzeiro e Flamengo, respectivamente campeões do Brasileirão e da Copa do Brasil, se deram bem com o apoio da torcida. da Mas não é só na sombra da Copa que viverá a nova edição do Brasileirão, que teve início dia 12 de abril e vai até o dia 7 de dezembro. A competição do ano passado acabou no campo, mas ainda tem seus desdobramentos nos tribunais e nas rodas de conversa. Caberá ao Fluminense, be-


neficiado pelo rebaixamento da Portuguesa depois da punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), tentar mostrar que merece, mesmo, continuar na divisão de elite. EQUILÍBIRO Como acontece desde 2003, o sistema de disputa do Brasileirão será novamente por pontos corridos, com turno e returno entre os 20 clubes participantes - o que vai totalizar 38 rodadas. E a tendência é de muito equilíbrio, sem nenhum grande favorito já na largada. Mesmo porque o campeonato terá claramente duas etapas, antes e depois da Copa do Mundo, o que pode mudar muito o equilíbrio de forças. Assim, quem começar o Brasileirão como favorito pode não ter mais a mesma condição no segundo semestre, já que todos os clubes aproveitarão para treinar bastante durante a paralisação A novidade deste ano é a forte presença do futebol catarinense, agora com três representantes na elite: Figueirense,

LISTA COM TODOS OS CAMPEÕES DA HISTÓRIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO: 1985 - Coritiba (Paraná) 2013 - Cruzeiro (Minas Gerais) 1984 - Fluminense (Rio de Janeiro) 2012 - Fluminense (Rio de Janeiro) 1983 - Flamengo (Rio de Janeiro) 2011 - Corinthians (São Paulo) 1982 - Flamengo (Rio de Janeiro) 2010 - Fluminense (Rio de Janeiro) 1981 - Grêmio (Rio Grande do Sul) 2009 - Flamengo (Rio de Janeiro) 1980 - Flamengo (Rio de Janeiro) 2008 - São Paulo (São Paulo) 1979 - Internacional (Rio Grande do Sul) 2007 - São Paulo (São Paulo) 1978 - Guarani (São Paulo) 2006 - São Paulo (São Paulo) 1977 - São Paulo (São Paulo) 2005 - Corinthians (São Paulo) 1976 - Internacional (Rio Grande do Sul) 2004 - Santos (São Paulo) 1975 - Internacional (Rio Grande do Sul) 2003 - Cruzeiro (Minas Gerais) 1974 - Vasco (Rio de Janeiro) 2002 - Santos (São Paulo) 1973 - Palmeiras (São Paulo) 2001 - Atlético Paranaense (Paraná) 1972 - Palmeiras (São Paulo) 2000 - COPA JOÃO HAVELANGE: Vasco (Rio de Janeiro) 1971 - Atlético Mineiro (Minas Gerais) 1999 - Corinthians (São Paulo) 1970 - TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA: Fluminense (Rio de Janeiro) 1998 - Corinthians (São Paulo) 1969 - TORNEIO ROBERTO GOMES 1997 - Vasco (Rio de Janeiro) PEDROSA: Palmeiras (São Paulo) 1996 - Grêmio (Rio Grande do Sul) 1968 - TORNEIO ROBERTO GOMES 1995 - Botafogo (Rio de Janeiro) PEDROSA: Santos (São Paulo) 1994 - Palmeiras (São Paulo) 1968 - TAÇA BRASIL: Botafogo (Rio de Janeiro) 1993 - Palmeiras (São Paulo) 1967 - TORNEIO ROBERTO GOMES 1992 - Flamengo (Rio de Janeiro) PEDROSA: Palmeiras (São Paulo) 1991 - São Paulo (São Paulo) 1967 - TAÇA BRASIL: Palmeiras (São Paulo) 1990 - Corinthians (São Paulo) 1966 - TAÇA BRASIL: Cruzeiro (Minas Gerais) 1989 - Vasco (Rio de Janeiro) 1965 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo) 1988 - Bahia (Bahia) 1964 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo) 1987 - COPA UNIÃO (Módulo 1963 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo) Amarelo): Sport (Pernambuco) 1962 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo) 1987 - COPA UNIÃO (Módulo Verde): 1961 - TAÇA BRASIL: Santos (São Paulo) Flamengo (Rio de Janeiro) 1960 - TAÇA BRASIL: Palmeiras (São Paulo) 1986 - São Paulo (São Paulo)

Criciúma e Chapecoense. Ao todo, a disputa terá times de São Paulo, Rio, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco e Goiás. Veja a lista dos clubes campeões do

campeonato brasileiro de 1960 a 2013, com destaque para Santos e Palmeiras. Ambos conquistaram o título oito vezes. São Paulo e Flamengo, levantaram a taça seis vezes.


MODA

JEANS, SEMPRE NA MODA O jeans é sucesso entre pessoas de diferentes estilos, idades e classes sociais há 164 anos

E

le pode ser tradicional, justo, de modelagem ampla, cintura alta ou baixa, de cor escura, ou de lavagem clarinha. Pode também ter estampas e bordados. Peça onipresente em qualquer guarda-roupa, seja ele casual, criativo ou clássico, masculino ou feminino, o jeans ganha cada vez mais espa-

ço na moda do dia a dia, seja com as modelagens contemporâneas ou com silhuetas mais alinhadas. E qual a razão de a peça fazer tanto sucesso? A personal stylist, estilista e professora de moda Andrea Muniz, explica que a versatilidade é um ponto que conta muito a favor da popularidade do jeans. “É uma peça com

Garimpeiro usa Jeans, roupa para todos os gostos

a qual é difícil errar, porque existem modelagens que caem bem em todo tipo de corpo”, afirma ela, que dá a dica. “Quem tem quadris largos deve optar pela modelagem reta ou flare. Prefira modelos sem lavagens e que não tenham muitos detalhes na região dos quadris”, diz Andrea. Já quem está acima do peso pode apostar em um FOTOS: REPRODUÇÃO

Todos os dias, a busca por conforto, estilo e praticidade se associa ao nosso modo de vestir. Por isso, muitas vezes optamos pelo bom e velho jeans, sempre presente em todas as estações do ano

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“modelo de corte reto, de preferência em tom mais escuro.” Em caso de quadris estreitos, vale eleger “modelagens que tenham pregas, como a calça cenoura e os modelos boyfriend. Pra quem tem pouco bumbum já existem modelos que ‘levantam’”. MODA INVERNO Depois de uma temporada de cores vivas, volta a predominar as nuances naturais, como verde-musgo, lima, coral e terracota no vocabulário jeanswear. A novidade fica por conta do processo de tingimento. Diferente da sarja tingida, o jeans do inverno é colorido por cima do índigo blue. O clássico azul, por sua vez segue como o favorito, tanto cru quanto em lavagens bem clarinhas. Variações de preto também já aparecem em algumas coleções. Deve também chamar a atenção no inverno 2014 as construções de patchwork, que criam efeito color blocking. Na parte de estamparia, o destaque fica por conta do camuflado, que aparece reinventado, com cores diversificadas que vão além do tradicional verde-militar. Nas calças, a modelagem aparece cada vez mais justa, mas a flare ainda ocupa espaço nas araras e entra no guarda-roupa casual chic. A esportiva jogging também dá sinais no segmento em modelos com o gancho alongado e a tão criticada calça baggy retorna com um ar contemporâneo e ganha o nome de a nova ´boyfriend´. O que os desfiles internacionais mostraram e as lojas confirmaram, é que o jeans não se restringe apenas a calças. A temporada fria também vai ter muitas camisas, coletes, saias, casacos e vestidos em jeans. Há também quem invista no denim como tecido para as silhuetas de alfaiataria.

HISTÓRIA DO JEANS POR FERNANDO REBOUÇAS

Levis Strauss era um vendedor de lona, assim como as ferramentas de exploração nas minas de ouro. No ano de 1850, a lona já estava presente em todos os cantos onde houvesse um operário, não havendo mais a quem vender. Com lonas encalhadas em seu estoque. Levis Strauss, percebendo que os operários das minas careciam de roupas resistentes, decidiu utilizar a lona como tecido de roupas de trabalho mais resistentes. Inicialmente, o alemão residente no oeste americano, confeccionou três peças de calças feitas a partir de suas lonas, a aceitação dos mineradores foi positiva e imediata, pela durabilidade. A calça jeans mais conhecida inicialmente com jeanswear, estava incorporada ao gosto dos mineradores. Há uma outra versão do surgimento do jeans, antes de Levi Strauss conceber o seu invento. Na cidade de Nimes, na França, uma calça com te-

cido e costura muito próxima do jeans já havia sido popularizada, a partir de uma indústria em Maryland, na Nova Inglaterra. Seja em Maryland ou pelas mãos de Levi Strauss, o jeans teria nascido de um tecido marrom, depois emergido para a cor verde e finalmente para o tradicional “blue”. A partir das décadas de 40 e 50, a roupa passou a ser incorporada no uso informal jovem. O conceito de uso do jeans como símbolo de rebeldia jovem e despojada iniciou através do cinema, em filmes que tinham James Dean e Marlon Brando como símbolos de juventude. Nesta época, as marcas Levi´s, Lee e Mustang passaram a competir mais fortemente no mercado. Calvin Klein, na década de 70, foi o primeiro estilista a trabalhar o jeans como tendência de moda nas passarelas. O jeans passou a ser difundido cada vez mais pela praticidade, simplicidade e estilo cômodo e moderno de uso.

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FATO INCRÍVEL

NOVO PLANETA PODE TER VIDA Outra Terra? Astrônomos da Nasa encontraram um planeta similar à Terra, e que habita seu sol em uma zona onde poderia haver água líquida e talvez até vida

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Sol, em uma zona onde pode haver água líquida.” De acordo com os cientistas, o planeta recém-descoberto tem 1,1 vez o tamanho da Terra, está na quinta posição contada a partir de seu sol e precisa de 129,9 dias terrestres para dar uma volta inteira em torno de sua estrela - o equivalente a um ano. Já a estrela anã tem aproximadamente metade do diâmetro do Sol e fica a 490 anos-luz da Terra. Essa zona é FOTOS: NASA

A

existência de vida fora da Terra, um dos maiores mistérios para os seres humanos, nunca esteve tão próxima de se confirmar. Cientistas anunciaram, dia 16/04, a descoberta do primeiro planeta fora do sistema solar de tamanho similar ao da Terra e onde pode haver água em estado líquido na superfície. Isso significa que o planeta pode ser habitável. A novidade reafirma a probabilidade de que haja planetas irmãos à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea. O trabalho, conduzido por um cientista da agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, foi publicado ontem na revista científica Science. “É o primeiro exoplaneta (planeta que orbita uma estrela que não seja o Sol) do tamanho da Terra encontrado na zona habitável de outra estrela”, explicou Elisa Quintana, astrônoma do centro de investigação da Nasa, que liderou as investigações. “A descoberta é algo particularmente interessante porque o planeta, batizado de Kepler-186f, orbita uma estrela anã vermelha (a Kepler-186), menos quente do que o

considerada habitável porque a vida, tal como conhecemos, tem possibilidade de se desenvolver no local. “Que a gente saiba, só existe vida aqui (na Terra). Então, estávamos procurando por um sistema exatamente como o nosso, ou seja, que tivesse um planeta do tamanho da Terra, localizado na zona habitável (com uma distância da sua estrela tal que a temperatura na superfície faça com que seja possível a existência de água) e que estivesse


orbitando uma estrela parecida com o Sol”, explica Isa Oliveira, pesquisador de astrofísica e sistemas planetários do Observatório Nacional. “Até hoje a gente só tinha conseguido uma ou duas dessas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Dessa vez, temos as três características juntas”, afirma. O professor de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kepler de Souza Oliveira Filho, ressalta a importância da descoberta para a ciência. “(Esse planeta) é um bom candidato a ter vida. Tem um sistema planetário como o sistema solar e a estrela é um pouquinho mais fria do que o Sol, mas o planeta é um pouquinho mais perto da estrela do que a Terra. Ele estava sendo esperado há muitos anos. Não tínhamos capacidade técnica de encontrá-lo, e agora comprovamos que ele existe, sim”, salienta o professor. A estrela que funciona como o sol desse sistema é a anã vermelha que, segundo a pesquisadora Isa Oliveira, representa 70% das estrelas no universo. “É bastante excitante que isso ocorra ao redor de uma estrela tão comum. Dá es-

perança de que a ocorrência de planetas com vida seja bastante possível em outros locais no universo”, afirma. “Pode ser que consigamos descobrir muitos outros planetas mais próximos, para que a próxima geração de telescópios possa observá-los melhor. Pode ser o começo de uma era bastante frutífera.” LIMITAÇÕES Embora as condições no Kepler-186f sejam propícias para a existência de vida, ainda vai demorar ao menos uma década para que os humanos confirmem a informação. “O planeta tem o tamanho certo e a temperatura certa para ter água. Agora, se tem água, vamos ter de esperar ser medido o espectro dele e para isso deve levar ao menos 10 anos”, diz Oliveira Filho. Segundo ele, esse é o tempo necessário para construir telescópios com tecnologia adequada para fazer a medição. Isa concorda: “Sabemos que a temperatura está correta, mas, para existir água,

precisa ter atmosfera. Isso é bastante complicado de confirmar por causa das limitações tecnológicas que temos neste momento. O planeta está a quase 500 anos-luz de distância, ou seja, é muito longe para confirmar qualquer coisa a curto prazo”. SEMELHANÇA Em agosto do ano passado, um planeta pequeno e rochoso, apenas um pouco maior do que a Terra, também havia sido descoberto. A diferença é que ele está muito mais próximo da estrela-mãe e, por isso, tem temperaturas infernais, de até 2,8 mil °C, além de um período orbital (tempo que o planeta leva para completar uma volta em torno da estrela) rapidíssimo, de apenas 8,5 horas, em vez dos 365 dias que tem o ano terrestre. O exoplaneta Kepler-78b era considerado até então o mais parecido com a Terra que já tinha sido identificado, segundo dois estudos da revista Nature. Texto:Mônica Reolom Fonte: Agência Estado

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COMPORTAMENTO

VALESKA POPOZUDA, GRANDE PENSADORA? Professor cria polêmica ao usar música da funkeira Valeska Popozuda em prova

U

ma prova de filosofia de uma escola do Distrito Federal, em que a funkeira Valeska Popozuda era chamada de “grande pensadora contemporânea”, foi parar nas redes sociais e criou polêmica. No texto, o professor Antônio Kubitschek pede para os alunos concluírem uma frase de uma música da cantora. Em uma entrevista ao site do jornal Correio Braziliense, dia 08/04, o professor afirmou que a intenção era mesmo criar polêmica. “O primeiro objetivo era mesmo criar uma polêmica com a imprensa, porque em algum momento iria saber dessa questão”, disse o professor. “O outro objetivo era discutir a formação de valores e o papel da imprensa nessa formação de valores.” Kubitschek afirma que os estudantes entenderam sua intenção, mas não sabia o que os pais haviam pensado da prova. A imagem da prova apareceu nas redes sociais com uma anotação a caneta do lado em que se lê: “É sério isso?”. Nos comentários, a maior parte dos internautas critica a questão, mas alunos que fizeram a prova saem em defesa do professor. A maioria classificou a questão como uma “brincadeira” e afirmou que o resto da prova estava de acordo com o conteúdo dado em sala de aula e que Kubitschek os avisou que deveriam estudar o que estava no livro didático. A questão causou, inicialmente, surpresa dentro da própria escola, mas

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o professor garante que a secretaria da escola, o Centro de Ensino Médio 3, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, entendeu sua proposta. A questão da criação de valores, segundo ele, vinha sendo discutida em sala de aula, assim como o papel da imprensa. A surpresa maior não foi apenas pelo uso de uma música funk na prova - há um ano, a Universidade de Brasília chamou a atenção por incluir as músicas populares Camaro Amarelo, da dupla Munhoz & Mariano, e Vida Loka parte II, dos Racionais MC, nas obras que poderiam ser pedidas em seu vestibular -, mas o fato do professor a ter chamado de “grande pensadora contemporânea”. Kubitschek, apesar de reconhecer que o fez para chamar atenção, defende a classificação. “Qualquer ser humano que consegue formar um conceito é um pensador. Ela tem formado conceitos, portanto a Valeska é uma pensadora”, defendeu, citando conceitos de filosofia moderna francesa. Em sua página na rede social Facebook, Valeska classificou a polêmica como “uma bobagem”. “Talvez se ele tivesse colocado um trecho de qualquer música de MPB ou até mesmo de qualquer outro gênero musical que não fosse o funk não tivesse gerado tal problema”, afirmou. Texto: Mariangela Galucci Fonte: Agência Estado


EDUCAÇÃO, UM DOS ITENS MAIS CAROS Falta planejamento para investir no futuro dos filhos, diz pesquisa

O

investimento em educação consome boa parte da renda familiar. De acordo com o estudo do banco HSBC, 83% dos pais que utilizam a escola particular financiam a educação sozinhos e utilizam principalmente a renda própria (90%). A pesquisa também mostra que há pouco planejamento para o investimento educacional: 67% dos entrevistados afirmaram que deveriam ter começado a poupar ou planejar os gastos com os filhos mais cedo, informa o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição do dia 16/04. “A maioria das pessoas não tem

noção de quanto custa manter um filho estudando numa escola privada. É um valor alto e, por isso, precisa existir planejamento”, afirma Augusto Miranda, diretor de gestão de patrimônio do HSBC. “Para esse âmbito educacional, a gente sempre tenta fazer com que o cliente diversifique essa parte num investimento mais conservador.” Nos últimos anos, o planejamento financeiro com os gastos na educação se tornou essencial no País por causa do aumento dos custos. Em 12 meses encerrados em fevereiro, a inflação do item educação aumentou 8,72%, segundo o

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No mesmo período, a inflação oficial foi de 6,15%. “Educação é um dos itens mais caros do orçamento familiar”, diz Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro. Na avaliação dele, o ideal é que o planejamento para esse tipo de gasto comece antes do nascimento da criança. “Mas essa não costuma ser a regra, e as pessoas acabam tirando o dinheiro de outros lugares, como do lazer.” Texto: Luiz Guilherme Gerbelli Fonte: Agência Estado


ACONTECE NO BRASIL FOTO: REPRODUÇÃO

ÍNDIO GALDINO, 15 ANOS DEPOIS Condenado por atear fogo a um índio em 1997, Gutemberg Almeida Júnior disputa uma vaga para policial civil do Distrito Federal

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a época, ele foi condenado a passar por medidas socioeducativas pela morte do índio Galdino, um crime que chocou o País por envolver filhos da classe média alta brasiliense. O caso foi revelado dia 24/04 pelo jornal Correio Braziliense. Gutemberg, que na época tinha 17 anos, junto com outros quatro amigos comprou gasolina que foi despejada sobre o corpo de Galdino, que dormia numa parada de ônibus. Ele está na fase de sindicância de vida pregressa e avaliação de sua conduta social. A direção da Polícia informou que o concurso ainda não foi finalizado. Apesar de terem cometido o homicídio triplamente qualificado e con-

denados a 14 anos de prisão em 2001, os quatro acusados à época maiores, Max Rogério Alves, Antônio Novely Vilanova, Tomás Oliveira de Almeida, Eron Chaves de Oliveira, além de Gutemberg, não têm fichas criminais hoje. Pela lei, o crime praticado só é resgatado caso a pessoa condenada cometa nova infração penal. Por isso, os cinco conseguem apresentar declarações de nada consta sem a informação de terem ateado fogo em Galdino, em 20 de abril de 1997. A vítima era da etnia Pataxó Hã Hã Hãe, do sul da Bahia, e estava em Brasília para participar das comemorações do Dia do Índio, festejado no dia anterior ao crime. Galdino não resistiu aos ferimentos e morreu cerca de 20 horas depois de dar entrada no hospital. FOTO: MARCELO CASAL JR/ABR

Brasília ganhou praça e memorial em homenagem ao índio Galdino

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Dona Geralda: “Passou do tempo de me darem esse dinheiro”

APÓS 23 ANOS, INSS INDENIZA IDOSA DE 107 ANOS EM GOIÂNIA Após 23 anos de espera, uma mulher que agora tem 107 anos de idade vai receber do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) uma indenização que pleiteou em 1991 junto mais de 800 aposentados. O valor a que Geralda Benedita Morais, trabalhadora rural aposentada, tem direito atualmente é de R$ 10 mil por uma diferença da aposentadoria que era paga inferior ao salário mínimo - a disparidade é sobre resíduos de correção monetária e 13º salários. A idosa, moradora de um barracão modesto no fundo de um lote em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, em entrevista à TV Anhanguera, dia 24/04,falou que vai realizar o sonho de reformar a casa da frente do imóvel, onde deixou de morar porque as paredes foram condenadas, sob risco de caírem sobre ela. “Passou do tempo de me darem esse dinheiro”, comentou sobre a decisão, que saiu no dia 3. Já o montante, ainda deverá ser depositado em aproximadamente 60 dias. Vários dos aposentados que entraram com a ação na mesma época já morreram. O advogado da idosa, Luiz Cordeiro, explicou que os aposentados na mesma condição dela, de trabalhadores rurais, conquistaram, com a Constituição de 1988, o direito à integralidade do salário mínimo, mas precisaram recorrer ao Judiciário para receberem as diferenças. Na reportagem, o juiz da comarca, Éder Jorge, justificou que eram mais de 870 aposentados na mesma ação, o que, devido aos inúmeros recursos apresentados pelas partes, atrasou uma solução para a demanda. Texto: Marília Assunção Fonte: Agência Estado


LIBERDADE DE EXPRESSÃO

SHEHERAZADE DEVERÁ GANHAR PROGRAMA A jornalista Rachel Sheherazade, âncora do “SBT Brasil”, não terá mais liberdade para emitir opiniões. Mas deverá ter seu programa na emissora

S

em “papas na língua”, a âncora do telejornalismo no SBT transformou-se em porta voz do sofrido povo brasileiro ao relatar os problemas que afligem e revoltam a nação. Recentemente ela causou polêmica ao desafiar os defensores dos direitos humanos lançando ao vivo a campanha: “Faça um favor ao Brasil – Adote um bandido”. Logo após a exibição de seu comentário, a jornalista recebeu diversas críticas nas redes sociais, passou a sofrer ameaças e, por isso, começou a andar com carro blindado e escoltada. Mas a pressão não findou. Foi denunciada ao Ministério Público pela deputada federal Jandira Feghali (PD do B – RJ), por “apologia ao crime”. Mesmo de férias, a jornalista incomoda. Agora, além de Sheherazade, o SBT também está na mira da Justiça. Segundo a revista Veja, o também deputado federal, Ronaldo Caiado, apresentou um requerimento chamando a jornalista a comparecer na Comissão de Segurança Pública da Câmara. O deputado goiano, líder da bancada do DEM, quer saber se Rachel tem liberdade de expressão no canal, mesmo tendo sido proibida de expressar sua

opinião sobre as reportagens exibidas no telejornal que apresenta. PROGRAMA LIVRE Para alegria de milhões de brasileiros e ira de alguns (poucos), corre informações nos bastidores do SBT que Rachel Sheherazade vai ganhar um programa para expressar sua opinião livremente na emissora. Adorada por Silvio Santos, que fez questão de mantê-la na emissora, Rachel participou recentemente do quadro “Jogo das 3 Pistas”, no programa do apresentador. No jogo, o “homem do Baú” brincou com as polêmicas envolvendo Rachel. “Você fazia comentários lá (na Paraíba) também? Não batiam em você? Não tinha ninguém que perturbava você?”, brincou o dono da emissora. Em resposta, a jornalista garantiu que não teve problemas no estado nordestino, de onde saiu para ganhar fama no Brasil.

Rachel Sheherazade: Polêmica, fama e um novo programa

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SAÚDE

RONCO NÃO É SINÔNIMO DE SAÚDE Aproximadamente 15,3 milhões de casos de derrame cerebral ocorrem anualmente em todo o mundo e, em torno de 1 terço desse número, os casos são fatais

A

incidência de derrame aumenta com a idade avançada e o risco é particularmente mais alto em afro-americanos, indio-americanos e mulheres idosas. Entre os fatores de risco destacam-se: a hipertensão, a fibrilação arterial, a diabetes e o cigarro. Estudos recentes apontam também a apnéia obstrutiva do sono (AOS) como um fator de risco para o derrame cerebral.

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Eles acreditam que haja essa associação devido à mediação de respostas fisiológicas adversas aos períodos recorrentes de oclusão faríngea e de uma consequente dessaturação-ressaturação da oxihemoglobina. Essas respostas resultam em geração de radicais livres, liberação de mediadores pró-inflamatórios e pró-trombóticos e surtos na atividade do sistema nervoso simático e da pressão arterial. Estudos apontam que os estressores

relacionados a AOS, podem aumentar o risco de derrame cerebral por influenciar a oxigenação do tecido cerebral, alterando o fluxo sanguíneo cerebral e velocidade, e/ou alterando a auto-regulação vascular cerebral. O risco aumentado de derrame também pode ocorrer através de mecanismos não específicos à circulação cerebral, como o aumento das citocinas inflamatórias e das moléculas de adesão gerando a aterosclerose.


EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NO RONCO

PROBLEMAS DO RONCO O ronco é um ruído provocado por estreitamento ou obstrução nas vias respiratórias superiores durante o sono. Esse estreitamento dificulta a passagem do ar e provoca a vibração dessas estruturas. Pode ser classificado como patológico quando ocorrem grandes vibrações e ruído intenso. As causas podem ser a flacidez nos músculos da boca e da garganta; amídalas e adenóides hipertrofiadas; desvio do septo; pólipos no nariz; palato em forma de ogiva; rinite, sinusite e obstruções nasais; palato mole e úvula aumentados; queixo retraído e envelhecimento. Pode, ainda, ser sintoma da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), patologia caracterizada por parada respiratória com duração de pelo menos dez segundos nos adultos, e dois ou três segundos nas crianças. Entre os fatores de risco desta-

cam-se: pescoço mais grosso e mais curto; obesidade; ingestão de bebidas alcoólicas; uso de remédios para dormir ou de calmantes; dormir em decúbito dorsal; excessos alimentares antes de dormir; refluxo gastroesofágico e tabagismo. A apnéia do sono já pode ser considerada um problema de saúde pública, pois é uma doença frequente e com alta taxa de mortalidade, devido ao aumento do risco de hipertensão, derrame cerebral, infarto do miocárdio, acidentes de trânsito (em razão da sonolência excessiva provocada pelas noites mal dormidas), entre outros problemas. O objetivo de tratar o ronco é fazer com que as vias respiratórias sejam desobstruídas. Em muitos casos, o simples emagrecimento faz com que a doença desapareça e em outros é necessária a intervenção cirúrgica.

A apnéia obstrutiva do sono (AOS) pode ser descrita como uma condição caracterizada por obstrução repetida das vias aéreas superiores resultando em dessaturação do oxigênio e ao ato de acordar durante o sono, ronco alto e aumento no tempo do sono. Além disso, a AOS está relacionada com um maior risco de doenças cardiovasculares, obesidade e intolerância à glicose. Estudos com exercícios demonstraram uma melhora no sistema respiratório após a atividade física. Estudos têm demonstrado que uma atividade física regular reduz a severidade dos sintomas da AOS através da queda do peso corporal e/ou por exercer efeitos positivos nos músculos respiratórios (melhorando o tônus) e na suficiência da respiração (habilidades ventilatórias). As melhoras nos parâmetros de sono decorrentes do exercício físico regular resultam em um aumento na capacidade funcional, contribuindo para uma melhora na capacidade do exercício. A queda no tempo de sono durante o dia com um aumento no nível de atividade física tem demonstrado melhorar a qualidade de vida, especialmente a vitalidade e o desempenho físico.

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NUTRIÇÃO E BOA FORMA

OS BENEFÍCIOS DA CEREJA A cereja é uma fruta suculenta de cor vermelha originária da Ásia e rica em nutrientes

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cereja compreende mais de 100 espécies sendo as mais conhecidas a cereja doce e a cereja amarga. É rica em frutose e glicose, compostos fenólicos (principalmente a amarga), vitaminas do complexo B, A, C, E e K e alguns carotenóides, em particular o beta-caroteno e, em menores doses, a luteína e a zeaxantina. Contém ainda, cálcio, magnésio, fósforo e potássio. O processo de amadurecimento da cereja, assim como de outras frutas vermelhas, consiste no acúmulo de compostos fenólicos como as antocianinas e a degradação da clorofila. Entre os flavonóides destacam-se a catequina, a quercetina e o kaempferol As antocianinas e as vitaminas A, C e E conferem a ela um alto potencial antioxidante, diminuindo o processo oxidativo e prevenindo contra doenças crônicas como as

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cardiovasculares, diabetes, câncer e obesidade. Além disso, ajudam a aumentar a atividade antioxidante das enzimas naturais do organismo como a SOD e a GPX e diminuem a peroxidação lipídica. Estudos têm demonstrado que o consumo de cereja inibe as vias inflamatórias através da diminuição dos níveis séricos de proteína C-reativa (PCR) e do óxido nítrico em pessoas saudáveis Ní-

veis elevados de PCR são um dos indicadores mais importantes de inflamação e fator de risco significativo para doenças cardiovasculares. Os compostos fenólicos exercem ação antiinflamatória diminuindo as citocinas inflamatórias, como as COXs e a TNF-alfa. As antocianinas possuem efeito anticarcinogênico, pois ajudam na fase 2 da detoxificação inibem a mutagênese e a proliferação das células cancerígenas.

BENEFÍCIOS DA CEREJA NA PELE A cereja é uma fruta que, quando consumida in natura, tem propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas, e por ser rica em ácido salicílico é indicada no tratamento e combate ao reumatismo, gota, artrite e redução do ácido úrico. Com altas concentrações de antocianina, a cereja fresca é considerada um anti-inflamatório natural, prevenindo inflamações e combatendo o envelhecimento precoce. A exposição à radiação solar UV é um fator crucial para o inícios de inúmeras desordens cutâneas, como o aparecimento de rugas, marcas de expressão, ressecamento, câncer e anormalidades de pigmentação. Os polifenóis, como a antocianina, possuem atividade antioxidante, an-

tiinflamatória e imunompduladoras ajudando na prevenção dessas desordens. Com relação ao câncer, elas auxiliam na sua prevenção e tratamento, pois inibem a sua proliferação e aumento de tamanho. A maioria dos polifenóis, como a antocianina, são pigmentos e podem absorver a radiação UV. Portanto, quando aplicados topicamente, podem prevenir a penetração da radiação na pele. Essa habilidade dos polifenóis de atuarem como protetores solates, pode reduzir a inflamação, o estresse oxidativo e os efeitos dandosos ao DNA decorrentes da radiação UV sob a pele. A ação antioxidante e antiinflamatória contribui para a prevenção do envelhecimento precoce.


BENEFÍCIOS DO MARACUJÁ

M

aracujá, nome popular dado a várias espécies do gênero Passiflora vem de maraú-ya, que para os indígenas significa “fruto de sorver” ou “polpa que se toma de sorvo”. Cerca de 90% das 400 espécies deste gênero são originárias das regiões tropicais e subtropicais do globo, sendo o Brasil o maior produtor mundial. Frutas e vegetais contêm substâncias com efeito protetor, e estudos in vitro e in vivo mostram que estas substâncias protetoras podem inibir vários estágios do processo de carcinogênese, devido a presença de substâncias antioxidantes como a vitamina C, vitamina E, carotenóides e flavonóides. A casca de maracujá é rica em fibras solúveis, principalmente pectina, que ao contrário da fibra insolúvel (contida no farelo dos cereais e que pode interferir na absorção do ferro) a fibra solúvel pode auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares e gastrointestinais, câncer de colón, hiperlipidemias, diabetes e obesidade, entre outras. A casca do maracujá é também rica em vitamina B3, ferro, cálcio, e fósforo. As sementes do maracujá são consideradas boas fontes de ácidos graxos essenciais que podem ser utilizados nas indústrias alimentícias e cosméticas. Os flavonóides presentes no maracujá, apresentam vários efeitos biológicos e farma-

cológicos, incluindo atividade antibacteriana, antiviral, anti-inflamatória, antialérgica e vasodilatadora. Além disso, pesquisadores afirmam que o maracujá ajuda na melhora dos sintomas de ansiedade por ter propriedades sedativas e anti-espasmódicas. Texto: Joyce Rouvier Fonte: Agência Estado

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OPINIÃO

Francisca Paris

REFLEXÕES SOBRE A MENTIRA

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(*) Francisca Paris

e você perguntar para alguém qual é a sua opinião sobre mentir, certamente ele dirá que é contra e que não mente. Mas será que é verdade? Claro que há brincadeiras saudáveis em relação a isso, como às pegadinhas às quais estamos acostumados especialmente no dia 1º de abril. O Dia da Mentira surgiu na França e veio para o Brasil em 1848. Em 1º de abril deste ano, veiculou-se em Pernambuco que D. Pedro havia falecido, informação que era mentirosa e foi desmentida no dia seguinte. O problema não é brincar nesse dia, mas quando a mentira vira um hábito. Muitos não refletem sobre a intenção ou o ato propriamente de enganar e acham que uma mentirinha não faz mal a ninguém. Porém, quando se é pai ou responsável pela educação de uma criança, é importante analisar quais os efeitos que a falta da verdade podem provocar, seja ela grande ou pequena. Infelizmente, a mentira está arraigada em nosso cotidiano. Ela está cada vez mais presente no meio político, por exemplo, em que escândalos aparecem quase que diariamente e, mesmo havendo as provas dos crimes, os culpados insistem em mentir e negar. Quando não ocultam, transferem a culpa ou até tiram proveito da situação. E, vendo que conseguem se sair bem, se habituam a isso, aproveitando-se da conveniência de não ter que encarar a realidade dos fatos. Mesmo sendo instruídas a não mentir, observamos que as crianças acabam usando desse artifício para tentar fugir de um castigo ou uma bronca. E fazem

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isso porque seguem os padrões daqueles com quem convivem. Isso significa que de nada adianta ensinar um pequeno a não mentir se quem o educa faz o contrário. Pais e responsáveis precisam dar o exemplo, pois os filhos os observam sempre e tendem a reproduzir as mesmas atitudes, tal qual um espelho reflete a imagem a sua frente. De acordo com um estudo feito por um professor de psicologia da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, em geral as pessoas contam três mentiras a cada dez minutos. A pesquisa revela, ainda, que é comum se recorrer a inverdades para manter um bom convívio social. Isso acontece, por exemplo, nos diálogos mais simples, como a clássica sequência: “Oi, tudo bem?”, “Sim, vou bem e você?” e “Estou bem também, obrigada”. Essas respostas não significam que o interlocutor esteja realmente bem, mas a afirmação de que tudo está nos conformes serve para evitar ter que revelar algo indesejável de sua vida particular ou profissional. Afinal, ninguém quer ouvir lamúrias logo no começo de uma conversa, especialmente se elas vierem de alguma pessoa com quem não se tem muita intimidade. É claro que não estou aqui defendendo que todos sejamos os “supersinceros”, porque isso traria enormes conflitos sociais. Seria realmente difícil conviver se todos dissessem tudo o que se passa em suas cabeças, sem o menor filtro. Isso, certamente, traria chateações e tristezas, porque nem todos querem ouvir que aquela roupa não caiu bem ou que a pessoa é muito irritante ou inoportuna. Isso guardamos para aqueles com

quem temos mais proximidade. Mas, se a verdade dói e assusta em um primeiro momento, ela traz alívio e conforto depois. A mentira não traz refresco para quem a conta, já que ela não se resolve por si só. Ela também dói, só que de outra maneira, porque sufoca e não permite a expressão verdadeira. Além de dar muito trabalho, claro! Isso porque muitas vezes é preciso construir todo um castelo de mentiras para proteger uma única falsidade, o que desperdiça muita energia e gera um eterno estado de tensão, porque se cria a necessidade de manipular a tudo e a todos eternamente. É muito mais fácil falar logo a verdade! Um dos diferenciais do ser humano em relação aos animais é a capacidade de conseguir prever as consequência dos seus atos. Então, ao evitar ser verdadeiro, a pessoa pensa que está fugindo das sequelas, mas elas aparecerão, cedo ou tarde. Não podemos deixar que o ludibriar seja parte do cotidiano, pois por pior e mais dura que seja a verdade, ela deve prevalecer. O ideal é não mentir, nem por brincadeira, mas também não sou radical em relação a isso. As pegadinhas podem ser saudáveis e bacanas, porém é sempre importante lembrar o quanto o respeito e o cuidado com o outro são essenciais, de forma a evitar que alguém saia prejudicado. Então não há problemas em “sair da linha” um único dia se, no restante do ano, se reforçar o mal que se causa ao roubar, fingir e mentir. (*) Francisca Paris é pedagoga, mestra em educação e diretora de serviços educacionais da Saraiva



Com programas sociais inovadores, o

Governo de Goiás está escrevendo uma nova história para os goianos. Restaurante Cidadão

Cheque Mais Moradia

Refeições saborosas e nutritivas por 1 real.

Mais de 62 mil casas em construção ou contratação.

Bolsa Futuro

Bolsa Universitária

Renda Cidadã

Passe Livre Estudantil

Meio milhão de goianos profissionalizados até o final de 2014.

Auxílio para comprar alimentos, material escolar e remédios.

Mais de 151 mil jovens atendidos até o fim do ano.

Transporte público gratuito para estudantes.

Nas oito unidades do Restaurante Cidadão, cerca de 11.300 refeições são servidas diariamente. Com o Cheque Mais Moradia, milhares de casas já foram entregues em todo o Estado. Através do Bolsa Futuro, meio milhão de goianos estarão profissionalizados até o fim de 2014. Até o final do ano, o Bolsa Universitária terá ajudado mais de 151 mil jovens a cursar uma faculdade. O Renda Cidadã auxilia 58 mil famílias goianas a comprar alimentos, material escolar e remédios. Com o Passe Livre Estudantil, todos os estudantes da Região Metropolitana terão passagens gratuitas.


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