RECHEIO E COBERTURA ZERO

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Número zero

SÃO PAULO, QUINTA-FEIRA, 1º DE ABRIL DE 2008

O JORNAL DA LAJE - Todos sob o mesmo teto Periodicidade: mensal, quando der Fechado às 00h00 de 26 de março de 2008


Muito bem, finalmente você tem em mãos nosso número zero. Digo finalmente porque desde que viemos para a Laje que pensamos e falamos em fazer este jornal, que nunca saía do papo e ia pro papel. Foi só agora, em março, que realmente começamos a trabalhar. E foi aquele mergulho, aquela delicia. Um novo projeto delicioso, desafiante, gostoso. Um jornal da Laje, imagina, este lugar tão gostoso, que eu amo, aonde vim “morar”, com todas estas pessoas tão interessantes em volta... Hum.... Muito bom. Mergulhamos de cabeça. Queríamos lançar o jornal dia primeiro de abril, já que ele demorou tanto para existir, achei que pelos motivos óbvios este era o dia perfeito. Não conseguimos, acho que só pra fazer jus a uma brincadeirinha aqui das internas que acabou virou verdade total. É que quando nos perguntavam qual seria a periodicidade do nosso jornal, dizíamos que ele seria mensal e ia sair “quando desse”. Sem dia marcado. Pois, é isso. Saiu quando deu, hoje. Dia 8 de abril. E cá estamos nós. Porque um número zero e não número um? Porque a gente queria se apresentar, dizer qual era a nossa o mais rápido possível. Mas não queremos falar só da Laje ou da Ouro Fino. Nosso assunto é a Rua Augusta e toda sua riqueza e complexidade. Queremos trazer para nossas páginas todo este universo muito louco, as histórias, lugares, personagens, o pensamento de quem vive e faz a Rua Augusta ser o que ela é. Queremos e vamos trazer para este jornal outros amantes da Rua Augusta. Queremos ver este jornal crescer. Para isso, ele precisava existir logo, cair na vida. Sim, sim, sim: vem muita coisa por aí, já estamos a mil trabalhando no número 1 . Mas o que está aqui, nesse zero, sujeito a palpites e opiniões internas e externas, a gente já queria mostrar, também. E com muito orgulho, dizer que chegamos. Tim, tim. Esta aberta a temporada de sugestões, colaborações, criticas. Aproveita!

Mônica Figueiredo

expediente Idealizadores Homero Olivetto - homero@ouro21.com.br Sérgio Cuevas - cuevas@ouro21.com.br Mônica Figueiredo - monica.salacadula@uol.com.br Editora Salacadula / ZMA3 Rua Augusta, 2690 –Laje – 3º andar 01214-100 – São Paulo –SP Tel: (11) 3062 4223 REDAÇÃO Diretora de redação Mônica Figueiredo - monica.salacadula@uol.com.br Diretor de Arte Rodrigo Vargas - rodrigo.salacadula@uol.com.br Editora Anaí Montanha - anai.salacadula@uol.com.br Foto da Capa Ricardo Rojas Colaboradores Antonia Mangini, Caio Nehring, Christian Rôças, Daniel Japiassu, Guilherme Carvalho, John Kadocsa, Lucas Lima, Luiza Olivetto, Marcelo Pires, Rebecca Barreto, Ricardo Rojas, Rodrigo Pitta e Zoca Moraes. Editora Executiva Valéria Leite - valeria.salacadula@uol.com.br Coordenadora Editorial Lisa Krell Aulicino - lisa.salacadula@uol.com.br Secretária de Redação Adriana Gava - adriana.salacadula@uol.com.br Editora Sapucaia Rua José Félix de Oliveira, 1684 Granja Viana, Cotia - SP Tel: (11) 4702-8687 Diretor Executivo Mario Aulicino - mario@editorasapucaia.com.br Vice Diretor Executivo: César Munhollo - cesarmunhollo@editorasapucaia.com.br Comercial / Publicidade Cadú Torres - publicidade@editorasapucaia.com.br Departamento Financeiro Cristiane Siqueira - financeiro@editorasapucaia.com.br Bureau de Imagens Ricardo Kayserlich Lacerda - ricardo@editorasapucaia. com.br Impressão Prol Editora Gráfica Periodicidade Mensal Tiragem 5000 exemplares


editorial

Pedi pra Mônica me dar um caminho para este primeiro editorial do Recheio & Cobertura. Como ela me deixou incomodamente livre, desejarei apenas que este jornal fale sobre a Ouro Fino, sobre a Rua Augusta. Que tenha, como é da filosofia aqui da Laje, muito prazer impregnado em seu trabalho. Que indique bons lugares, boas leituras, bons filmes e que evite o senso comum e ou o bom senso. Que não fale sobre a gente mas por nós, que tenha toda a qualidade e originalidade que a Mônica imprime em tudo que está envolvida. Que ajude nas mudanças, porque, como aprendi vendo o trabalho espetacular que o Junior e o pessoal do AfroReggae fazem nas favelas do Rio, só pensa quem quer mudar. Boa Sorte R&C, Homero Olivetto

cineasta e sócio-fundador da Laje e da Ouro21

Seja ndo -vi m be


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história

UMA RUA REALMENTE

AUGUSTA augusto:. {verbete} Datação: 1548

Acepções adjetivo 1. que merece respeito, reverência; venerável Ex.: <a. estadista> <a. sentimentos> 2. de grande imponência; magnífico, majestoso, solene Ex.: <a. ritual> <um perfil a.> 3. sacro, sagrado Ex.: a. mistério da reencarnação 4. epíteto us. ao se falar de certos membros de uma família real Ex.: o a. príncipe POR DANIEL JAPIASSU FOTOS RODRIGO VARGAS

Entrar na rua Augusta a 120 por hora, como gostava Hervé Cordovil, nem sempre foi tarefa fácil... Corria o ano de 1890 ou 1891 (ninguém sabe ao certo). O fundamental, porém, é que um distinto senhor, Mariano Antonio Vieira, português dono da Chácara do Capão, se cansara de chacoalhar em carruagem puxada a cavalo, aos trancos e barrancos, e resolveu que estava na hora de patrocinar uma via moderna, bem calçada, que pudesse receber uma das maiores novidades daqueles tempos: os bondes elétricos. Tudo indica que Mariano escolheu o nome Augusta para impor respeito à trilha que saía de suas terras, onde hoje temos a rua D. Antonia de Queiroz, e batia nas cercanias de um tal Morro do Caaguaçu. O nome era feio, sem dúvida, mas, pouco tempo depois, seria trocado por Avenida Paulista... E assim se deu. A rua Augusta (denominação que surge nos mapas em 1897), uma das mais anti-

gas da cidade, esteve, desde o início, à frente de seu tempo. Uma das mais conhecidas vias de São Paulo, ela cresceu junto com a metrópole nas primeiras décadas do século 20 – não por tabela, mas como protagonista – e chegou aos anos 50 celebrizada como ponto mais elegante da cidade. O progresso brasileiro teve nela, durante décadas, seus melhores momentos. A Augusta influenciava toda a vida cultural e social do País. Era lá, de fato e de direito, que tudo acontecia. Basta lembrar a efervescência sócio-cultural dos anos 50, 60 e 70. A rua Augusta tornou-se mística, mítica. Foi, até meado s da década de 1960, o ponto nobre e elegante da maior e mais rica cidade da América do Sul: nada mais natural para uma via que cruza os Jardins, um dos bairros mais distintos da cidade, atravessando, augustamente, a Avenida Paulista e as alamedas mais famosas do

país. Tudo acontecia na Augusta. Tudo mesmo. Foi a única, em todo o mundo, a ser acarpetada – entre a rua Estados Unidos e a alameda Santos –, tal o grau de civilidade de seus abonados transeuntes. A partir de 1966, com a inauguração do Iguatemi, primeiro shopping de São Paulo, a rua foi perdendo espaço no coração da elite. Era o início da Jovem Guarda e os carros passaram a entrar na Augusta a 120 por hora, parando a quatro dedos da esquina. Anos rebeldes por excelência, anos de chumbo. A juventude se exprimia na Augusta, que foi-se transformando no cenário preferido da elite cultural paulistana, ousada, reivindicadora, politicamente sedenta. A decadência das décadas de 70 e 80 – quando o país assistiu, atônito, a um período de recessão sem precedentes – fez muita gente imaginar que a rua (como, aliás, muitas outras) havia morrido, engolida pelos novos pólos de lazer que pipocavam

em bairros distantes do centro. Que nada! Uma nova tribo, ainda mais arrojada, atrevida, quase insolente, adotou a Augusta como pátria. E ela viu nascer a estética do século 21 com pelo menos uma década de antecedência. Tanta energia e vitalidade levou a prefeitura a iniciar uma série de reformas (mais do que merecidas e muito mais do que atrasadas) no finalzinho dos anos 90. Era a Augusta provando, novamente, sua vocação para a vanguarda. Calçadas remodeladas, passeios expandidos na região da Oscar Freire, fim da fiação dos decrépitos ônibus elétricos, retirada de outdoors e propagandas ostensivas, asfalto novo, guias rebaixadas bem sinalizadas, meios-fios de novo respeitando o trânsito dos pedestres. A rua é, hoje, mais uma vez, tão bela quanto em priscas eras. Está ainda mais agitada, mais envolvente, mais moderna, democrática, elegante, hype, descolada. Enfim, augusta.

abelardo figueiredo O SHOW NÃO PODE PARAR Auto-biografia com mais de 300 fotos históricas

Vendas: Editora Salacadula (11) 3062-4223


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atraídos

COBERTURAS Para a noiva, véu. Para o cowboy, chapéu. Para Amyr Klink, céu. Para a parede, azulejos. Para o apaixonado, beijos. Para a cama, colcha. Para a panela, tampa. Para o sábado, guarda-so l. Para a lesma, caracol. Para o corrupto, silêncio . Para o zagueiro, volante . Para o sargento, soldado . Para o azarado, nuvens. Para os espartanos, flec has. Para o marido, o amigo. Para a esposa, o Ricard ão. Para o livro, encadernação . Para o chão, tapete. Para o motoboy, capace te. Para o crente, Deus. Para o calor, linho. Para o frio, lã. Para a noite, estrelas. Para o iluminista, razão. Para a pizza, queijo. Para o rei, coroa. Para a princesa, dossel. Para o anjo, auréola. Para o diabo, imunidade parlamentar. Para Londres, guarda-ch uva. Para o pau, camisinha. Para o banco, fiança. Para o conversível, capota . Para o super-herói, másca ra. Para o pobre, viaduto. Para o rico, à beira-mar. Para o milionário, helipor to. Para o suicida, uma saíd a. Para o zelador, caixa d’á gua. Para o móvel, pó. Para o caroneiro, pó da estrada. Para o previdente, seguro . Para Nando Reis (que fez Diariamente), apl ausos. Para o deslumbrado, míd ia. Para a criança, chocolate . Para o presidente, vaias. Para o cineasta, planos. Para a pele, make up. Para a capela, Michelange lo. Para o 31, fogos. Para o carnaval, serpentina s. Para o cadáver, terra. E para a vida, humor.

RODRIGO VARGAS

Marcelo Pires


6 RODRIGO VARGAS

Camelô

pra cantar junto Por incrível que pareça, até mesmo a singela canção dos boyzinhos motorizados sofreu com a censura militar. A terceira estrofe de Rua Augusta, que foi cortada, dizia assim:

“Comigo não tem mais esse negócio de farda Não paro o meu carro nem se for na esquina Tirei a 130 a maior fina do guarda Tirei o maior grosso da menina”

A seguir, a versão que virou hit, para quem não sabe, cantar junto:

RUA AUGUSTA Hervé Cordovil

Entrei na rua Augusta a 120 por hora Botei a turma toda do passeio pra fora Com três pneus carecas sem usar a buzina Parei a quatro dedos da esquina Bye,Bye Jonny Bye,Bye, Alfredo Quem é da nossa gangue não tem medo Bye,Bye Jonny Bye,Bye, Alfredo Quem é da nossa gangue não tem medo Meu carro não tem breque, não tem luz, não tem buzina Tem três carburadores todos os três envenenados Só para na subida quando acaba a gasolina Só passa se tiver sinal fechado Bye,Bye Jonny Bye,Bye, Alfredo Quem é da nossa gangue não tem medo Bye,Bye Jonny Bye,Bye, Alfredo Quem é da nossa gangue não tem medo No camelô a marca nunca é verdadeira e sempre mais barata. A única garantia é o vendedor, mas para momentos em que o fio do seu fone de ouvido arrebentou ou a pilha do seu tocador de mp3 foi para o saco e no seu bolso só tem o bilhete único e quatro reais, ele pode ser a sua salvação. Boas compras!


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perfil

O CANTOR DA RUA AUGUSTA Filho do maestro Hervé Cordovil, Ronnie fez sucesso cantando a rua mais badalada de São Paulo POR CAIO NEHRING

Hoje, para a grande maioria de jovens entre 20 ou 30 e poucos anos, o nome do mineiro Ronald Cordovil não traz lembrança alguma. Mesmo para cinqüentões, é preciso apelar para seu nome artístico nos anos 60, Ronnie Cord, ou citar seu mais conhecido sucesso até essa data: a canção Rua Augusta, provavelmente o primeiro mega hit do rock nacional. Em 1964, ano de lançamento da música, a rua era ícone de glamour e o mundo glamoroso dos boyzinhos-paqueradores alienados e suas máquinas envenenadas, que pareciam ignorar a repressão e ditadura brasileira que se instauravam e a canção virou sucesso instantâneo. Ronnie Cord, o cantor e compositor radicado na capital, ainda não tinha noção disso, mas sua popularidade havia aberto o caminho para o movimento musical da Jovem Guarda passar e iluminado as figuras de Roberto e Erasmo Carlos para o público jovem com sua música. Filho do maestro e compositor Hervé Cordovil (cuja carreira é um capítulo à parte na MPB, por vezes ligado aos nomes de Noel Rosa e Lamartine Babo), ele nasceu em Manhuaçu/MG em 22 de Janeiro de 1943 e aos seis anos, já estudava violão. Dez anos depois, fez teste na Copacabana Discos e estreou em LP de 1960 que reunia vários outros intérpretes. No mesmo ano, gravou o primeir disco solo, um

bolachão de 78 rpm, recheado de clássicos norteamericanos. Daí foram retirados singles como Oh Carol, Jailhouse Rock e Pretty Blues Eyes, além do sucesso Itsy Bitsy Tennie Yellow Polkadot Bikini que o manteve no primeiro lugar das paradas durante seis meses e ainda lhe rendeu um troféu Chico Viola, espécie de Grammy tupiniquim da época. Aliás, no mesmo ano, o Rei Roberto recebeu o mesmo troféu pelo rock-dinamite É Proibido Fumar. Em 1963, Ronnie Cord já era figura carimbada em todos os programas de música jovem de rádio e TV como Hoje É Dia de Rock, de Jair de Taumaturgo, na carioca Rádio Mayrink Veiga; Clube do Rock, de Carlos Imperial, na TV-Rio e Ritmos Para Juventude (TV Paulista), no qual foi proclamado “O Rei da juventude Brasileira” com 5.865 votos. Biquíni De Bolinha Amarelinha (Tão Pequenininho) -- versão de Itsy Bitsy--, Boliche Legal e Rua Augusta estouram nas paradas de todo o país, ganharam vários troféus e Rua Augusta se tornou o primeiro hino e mega-hit do rock nacional. A única música brasileira cantando as peripécias das gangues de Johnny e Alfredo numa das ruas mais conhecidas, originais e curtidas do país (Augusta, Angélica e Consolação, a música-cabeça de Tom Zé, é uma “outra história”, com seus significados semi-ocultos num poema...). Os Mutantes (em 1972) e Raul Seixas (em 1985) gravaram o hit Rua Augusta, provando que ele é uma referência mu-

sical para os roqueiros do Brasil ao longo dos anos. Em 1965, o programa Jovem Guarda do trio-ternura Roberto, Erasmo e Wanderléia sempre tinha Ronnie entre seus convidados, que fazia sucesso conquistando corações com o hit Biquíni de bolinha amarelinha e seus olhos verdes. Além de participar como contratado do programa, Ronnie formou com os irmãos Norman e Hervé Jr. o conjunto Os Cords. Com o grupo, ele lança o quarto grande sucesso. Um versão para Shame And Scandal In The Family, chamado de O Escândalo (quem não se lembra dos versos, “Conheci, um capeta em forma de guri”, gravado por Renato e seus Blues Caps e mais tarde por Sergio Mallandro?). Shame and Scandal, um calypso de sucesso mundial, tinha uma letra “escandalosa” sobre comportamento sexual pra lá de promíscuo de uma família excêntrica de Trinidad, composta pelo popular compositor Sir Lancelot para filme B de terror (I Walked with a Zombie) dos anos 40. Visionário ou não, Ronnie sentiu que a canção, regravada em ritmo de rock-ska-reggae ligeiro, por Shawn Elliot e que se tornaria um dos sucessos de reggae comercial da Jamaica na América, tinha tudo pra estourar aqui em Pindorama. Seria a primeira gravação brasileira de reggae?

Neste período, ele ainda lançou as versões de Todo Meu Amor (o All My Loving dos Beatles) e Dia Lindo (versão do irmão Norman para Monday, Monday dos Mamas & The Papas, a baba das paradas mundiais). Em 1969, três anos depois, Roberto Carlos era o Rei inquestionável da Juventude brasileira e o regime militar estava em ponto de bala, para variar. O mundo estava atento para a geração Woodstock, a guerra do Vietnã, a corrida espacial e Ronnie Cord grava apenas duas marchinhas de carnaval (Mulher e Meia e Um brinde à Lua) compostas pelo pai. Era o começo do fim. Embora ainda participasse eventualmente do eterno show-caravana dos pioneiros do rock brasileiro atravessando o país e do subseqüente revival da Jovem Guarda, na década de 80. Nessa época, Ronnie passaria a se dedicar apenas à profissão publicitária, sendo contratado pela Lista Telefônica Brasileira como profissional de Marketing & Vendas. Depois disso, Silêncio. Anônimo, longe das luzes e da passarela onde desfilava a juventude paulistana. Longe do trecho íngreme entre a Paulista e Estados Unidos, da boate Lancaster, “o templo do twist” e dos rachas, o roqueiro de belos olhos verdes brilhantes, pai de três filhos, teve uma loja bem sucedida de discos no Itaim e faleceu aos 42 anos, em 6 de janeiro de 1986.


entrevista

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“Não funciono de dia, pego no tranco. É de meia-noite para frente... a noite é fonte de tudo”


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entrevista

XICO SÁ

Cronista, jornalista e escritor, o cearense Xico Sá é freqüentador assíduo da Rua Augusta e veio aqui na Laje conversar com a gente POR ANAÍ MONTANHA FOTO LUCAS LIMA

Xico Sá não é só mais freqüentador da Rua Augusta. O que o diferencia entre tantas caras e personagens da Rua é que além de morar bem próximo da região, ele também escreve sobre a Augusta, suas pessoas e aventuras. Para ganhar a vida, ele se formou em jornalismo, mas deixa bem claro que não é muito fã da profissão. Xico gosta mesmo é de escrever. Falante como ele só e com um sotaque cantado de Recife e os erres puxados do interior, ele passou uma tarde com a gente aqui na Laje, jogando sinuca e conversando sobre a Rua, a vida, o jornalismo e o esquecimento. Sim, por que ele esqueceu que a entrevista era na terça-feira e só apareceu aqui na quarta! Recheio e Cobertura - Xico, você esceveu um livro sobre a Rua Augusta? Xico Sá – É um romance: Caballeros Solitários Rumo ao Sol Poente. A história acontece na Rua Augusta, na região do Baixo Augusta e vai até o centro, até ali na cracolândia. Conta a história desses cavaleiros da noite, que se metem velo velho oeste que é a noite de São Paulo. RC - Você mora por aqui, né? X – Eu moro perto do Ibotirama. Mas desde que eu vim para São Paulo, há uns 15 anos, que moro nessa região, do centro, da Augusta. RC – E mudou muita coisa? X - A região sempre foi muito agitada. Antes era mais boate, sauna, era freqüentada por homens mais conservadores que vinham aqui para fugir do casamento, procurar alguma diversão que não tinham em casa. Hoje a rua é mais eclética, tem de emo a punk, jovens de São Paulo inteira vem para cá. No começo houve um certo susto, porque o cara podia vir aqui pegar uma puta e encontrar o filho ou a filha tomando uma cerveja na calçada, aí esse público sumiu um pouco. Hoje tá todo mundo de volta. A augusta num é uma coisa de segmento, como era a vila Olímpia. Junta numa convivência louca todo mundo. Aqui tem diversão para todos os gostos, tem de lugar barato a lugar caro, para quem gosta de beber, para quem gosta de dançar. E ultrapassa qualquer modismo. No começo todo mundo dizia quer ia ser uma fase. Assim como teve a fase da Vila Olímpia, da Vila Madalena, ia ter a fase da Rua Augusta. Mas cada vez mais abre novo bares, tem mais gente vindo para cá.

“A rua [Augusta] fica aberta 24 horas. Às vezes eu tô em casa, escrevendo, são três horas da manhã, e eu posso descer para tomar um conhaque. E tem gente na rua, os bares estão cheios, você encontra um conhecido” RC - E o que você mais gosta daqui? X - Ah, essa boêmia de calçada, meio Jamaica, meio Kingston. De estar todo mundo misturado, no mesmo bar tem o velho doidão, o jovem, o junk e a menininha, isso desarma. Você vê, a violência caiu a quase zero, por conta disso, da ocupação pública. A convivência faz isso, deixa o povo desarmado. É todo mundo junto. A proximidade melhora [as relações sociais]. Além disso a rua fica aberta 24 horas. Às vezes eu tô em casa, escrevendo, são três horas da manhã, e eu posso descer para tomar um conhaque. E tem gente na rua, os bares tão cheios, você encontra um conhecido, a rua não fecha nunca. RC – E quais os lugares que você costuma ir? X – Tem um que o pessoal chama de Ecléticas, quase na frente do Vegas, um bar que tem um juke Box... RC - ... um que tinha uma mesa de sinuca? Também conhecido como o bar do Netão? X - Não. Esse eu vou também, às vezes, mas é um outro. Tem o bar do Iggy Pop, que tem uma travesti que é a cara do Iggy. E tem os clássicos: Charm, Ibotirama, BH. E é interessante que essa movimentação já está se alastrando pela região. Por exemplo, a Peixoto Gomide. Ali tem o Flyer, o bar da esquina e vai indo. RC - Você se formou em jornalismo? X - Isso. Eu formei no Recife, depois fui para Brasília e mudei pra cá, vim trabalhar na Folha. Mas eu viria de qualquer jeito. Minha família tem uma tradição de vir para cá. E mesmo pelo jornalismo. Na época que eu me formei, se você não tinha uma ligação política ou era de uma família forte, era difícil pegar uma história boa nos jornais de Recife. Já aqui em São Paulo, não. RC - E você gosta de morar aqui? X - Gosto. Geralmente quem veio de fora gosta de São Paulo. E eu já tive muito a minha cota de mato, a minha cota de maresia.

RC- Agora você quer a sua cota de concreto? X - É. E também tem outra coisa que ajuda, eu não dirijo em São Paulo. Evito carro até as últimas conseqüências. Eu ando muito a pé, já tenho as minhas rotas, evito certas ruas. Tem rota alternativa até para pedestre. RC – E você se formou em jornalismo pensando em virar escritor? X - Ah, todo mundo quer, mas é uma utopia. E tem uma escola de escritores que vieram do jornalismo. Mas hoje em dia, eu consigo viver de jornalismo mas sem a relação da reportagem. Não preciso mais ficar em plantão em porta de delegacia, ainda bem. Eu consigo viver das minhas crônicas, meu contos. RC – Mas só de livro... X – Não dá. Só Paulo Coelho. Mas o áudio visual tem sido uma aposta para gente que quer escrever. Eu fiz um roteiro de um longa-metragem com um amigo. RC – Como chama? X – Deserto Feliz, do Paulo Caldas. Chegou a passar numa mostra paralela em Berlim e vai estrear por aqui em Maio... Essa tem sido a solução, mas não dá para viver de livro. O leitor de ficção ta se extinguindo. Os Estado Unidos que tem uma tradição de leitor de ficção está perdendo esse mercado. Tem é muito leitor de auto-ajuda, mas para os ficcionistas o audiovisual está melhor no momento, é nisso que a gente tem carreira. RC – Você já atuou em alguns filmes, né? X – Ah, fiz ponta em filme de amigo. Mas só por diversão mesmo. RC - E isso ajuda para escrever roteiro? X – Ajuda. Acompanhar esse processo ajuda, quando você vê o que está no roteiro e o filme pronto, é um aprendizado. E é um puta campo, bem menos chato que o jornalismo para trabalhar.

RC - Mas seu blog, por exemplo, é bem acessado. X – É. O objeto livro que está defasado. Eu não sou fatalista, que acha que o livro vai acabar, não é isso. É que a leitura está migrando, mas eu continuo insistindo [no livro]. O Catecismo [de Devoções, Intimidades e Pornografias], por exemplo, vendeu mais depois que liberou para download. RC - E essa história que você não tinha sido registrado? X – Pois é, eu nasci no Crato fica no sul do Ceará e meu pai me registrou seis anos depois, pra poder entrar na escola. Aí ficopu uma bagunça, eu nasci em três de outubro de 1963, ele registrou seis de outubro de 1964... Pelo menos eu não posso fazer mapa astral. RC - Mas essa confusão não te ajudou a não pegar o exército? X - Não peguei exército porque eu inventei uma puta mentira, uma alergia louca. Mas eu me alistei no Crato, lá só tinha tiro de guerra que são só seis meses, mesmo que pegasse, não ia ser um ano. Mas eu não tenho vocação nenhuma para o exército. RC – Acordar cedo... X - Não funciono de dia, pego no tranco. É de meia-noite para frente... a noite é fonte de tudo. É de onde eu tiro minhas histórias, cem por cento do que eu me inspiro para escrever. Falta cronista para essa boêmia, alguém que conte mais dessa sujeira, dos desesperados, dos errados. O mundo anda muito fofo e alguém tem que dar conta da sujeira. RC – Mas você começou a carreira dando conselho de amor no rádio, né? X – Eu vi que minha vocação não era pra roça, eu ia fugir disso até para me livrar do trabalho pesado. Aí, com quinze anos, eu fazia esse programa de rádio: temas de amor, pequenas histórias, consultório sentimental, mas mal conhecia sobre mulher, escrevia mesmo assim. RC – E, Xico, como você esqueceu da gente? X – Pois é, desculpa! Eu fui para o Rio no final de semana e tenho muito meus compromisso anotados no computador se eu fico longe... RC – Esquece, né? X – É.


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RODRIGO VARGAS

ditados populares

molho de pimenta no olho dos outros...


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musa

musa

sim CINEMA

POR THAÍSE OLIVEIRA, assistente de Criação da Cria.Lab

1. PERSÉPOLIS (Persepolis.França, 2007. Dir.: Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud Vozes na versão original: Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve e Danielle Darrieux)

Baseada na HQ homônima, esta animação conta a história da diretora Marjane. uma garotinha iraniana que sonha em ser profetisa e salvar o mundo. Sempre ligada nos acontecimentos políticos do país, ela acompanha a queda do xá e de seu regime brutal e a entrada da nova República Islâmica. Agora o país é controlado pelos “Guardiões da Revolução”, que controlam como as pessoas devem agir e se vestir. Agora, a garotas precisa usar véu e deseja se transformar numa revolucionária. Mas, para tentar protegê-la, seus pais a enviam para a Áustria. Ganhador do prêmio de Escolha da Audiência na 32ª Mostra Interncional de Cinema São Paulo).

2. PARANOID PARK (Idem. França/EUA, 2007. Dir.: Gus Van Sant Com: Gabe Nevins, Daniel Liu e Taylor Momsen)

Alex e Jared são melhores amigos e vão visitar Paranoid Park, o paraíso dos skatistas. Eles combinam de voltar à pista no sábado à noite, mas Jared precisa viaja na última hora. Alex decide ir sozinho e acaba se envolvendo em problemas com a lei. Indicado a Palma de Ouro.

A BELEZA DE CADA MANHÃ

3. HOLY MONTAIN (Idem. México/EUA, 1973. Dir.: Alejandro Jodorowsky Com: Alejandro Jodorowsky, Horácio Salinas, Zamira Saunders, Ana De Sade e Juan Ferrara)

Um homem muito parecido com Jesus Cristo é reanimado por um grupo de anões. Em suas andanças ele conhece um alquimista que está interessado em formar um grupo de pessoas distintas para dominar os mestres do mundo no cume de uma montanha sagrada.

Todos os dias, Rose Viana nos recepciona com este sorriso encantador POR ANAÍ MONTANHA FOTO RICARDO ROJAS Quando a gente chega à Laje, antes de qualquer coisa, o que nossos olhos vêem primeiro é a exuberante beleza da Rose Viana, que cheia de sorrisos vem nos recepcionar. Lajeanos ou não, o sorriso – imenso, generoso - é o mesmo para todos. Só podia mesmo ser uma baiana a dona de tanto sorriso. Nascida em Itaberaba, Rose é solteira, tem 32 anos, sonha em ser mãe e em encontrar um grande amor. Totalmente romântica, vive se apaixonando. Mas nada de romances muito duradouros... É que “um mês depois, [a gente] não consegue nem olhar na cara do desgraçado, né não?” nos explica

deixando escapar um pouco do sotaque já quase esquecido em 15 anos de São Paulo. Ela jura que adora ir ao teatro. As últimas peças a que assistiu foram “Toalete” e “Os Homens são de Marte... E é para lá que eu vou”,. Isso quer dizer alguma coisa? Sem um foguete por perto, Rose tem ido mesmo é pra Vila Madalena, onde freqüenta o Filial ou o Martin Fiérre. Trilha sonora básica: Maria Bethania, Gal Costa, Nina Simone, Cartola e Pixinguinha. A receita para atrair esta escorpiana é um bom olhar: “Não tem nada melhor que olhar nos olhos

de uma pessoa e ver que ela está te desejando”, declara. E para tirar a moça do sério é só faltar com o respeito, chamar de gostosa ou contar uma piada, principalmente na hora da paquera. Mas esta é uma empreitada difícil, já que a morena está sempre de bom humor e garante que é este astral e mais litros e litros de água que ele bebe direto são justamente os seus grandes truques de beleza. E arremata: “Como dizia Braguinha ‘A vida só gosta de quem gosta de quem gosta da vida’ e a gente tem que fazer de tudo para que ela seja maravilhosa!”. Ela tem toda a razão.

4. SONHANDO ACORDADO (La Science des Rêves. França / Itália, 2006. Dir.: Michel Gondry Com: Gael García Bernal, Charlotte Gainsbourg, Alain Chabat e Miou-Miou)

Michel Gondry, diretor de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança, ataca novemente com sua histórias fantasiosas. Desta vez, ele conta a história de um homem cujos sonhos se misturam a vida real. Ele resolve colocar o contratempo a seu favor para conseguir conquistar a vizinha por quem é apaixonado


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avião

PELOS ARES

Aqui tem um vão nos andares e do terceiro andar, a gente consegue ver o subsolo. Aí, vem aquele moleque que fica esquecido dentro da gente e dá um vontade de jogar alguma coisa no vão... Bom, nossa sugestão é esse avião de papel. Divirta-se e cuidado com quem passa lá em baixo POR ANAÍ MONTANHA FOTOS RODRIGO VARGAS

Pegue uma foha de papel retangular. Nós escolhemos esta de sultife, formato carta.

Dobre a folha no meio.. no sentido da altura.

Deixe a folha bem marcada. pois essa dobra será a guia para todas as dobras do seu avião.

Dobre uma das pontas até a marca central.

Faça o mesmo com a outra ponta, formando um triángulo na ponta da folha.

Pegue uma das pontas do triángulo e dobre até o centro

Faça o memso com a outra ponta.

Dobre o papel no meio, igual a figura acima.

Agora dobre uma das pontas para fora.

Faça o mesmo do outro lado e...

... Voilà! Seu aviãzinho está pronto!

Agora é só preparar....

... apontar e...

... apreciar o vôo do seu possante voador!


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atraídos

PERDI O ÊXTASE DA HISTÓRIA...NINGUÉM MAIS QUER SONHAR! Um pequeno pensamento sobre os quarenta anos de idade de 1968 POR RODRIGO PITTA ILUSTRAÇÃO RODRIGO VARGAS Pena, eu não nasci há dez mil anos atrás. Nem há 40. Eu não vi o surgimento da minissaia, do sexo sem culpa, da pílula anticoncepcional, do psicodelismo, da experimentação livre das drogas, do início da defesa dos direitos dos homossexuais. Eu não fui convidado para o réveillon de Heloísa Buarque de Hollanda, não vaiei Caetano, não cheirei a Cosmococa de Oiticica, não fui às ruas, não pertenci a nenhum grêmio, não fui preso em Ibiúna, não pude chorar a dor do assassinato de Martin Luther King. Não estava lá para viver tudo. Aliás só nasci em 76, pertinho da anistia. Perdi o melhor da festa... Um chopp no sempre Frevinho – aqui do lado – então, só tomei em 93. Depressão. Talvez por isso, até tenha um pouco daquele sentimento cafona de ter “saudades de algo que nunca vivi”. Nunca vivi, mais ou menos. Porque meu último espetáculo, escrito em parceria com o genial

Leonardo Netto, Pátria Armada, me fez debruçar em tratados sobre o tropicalismo, sobre as ditaduras organizadas do Elio Gaspari, sobre uma história que apesar de filmes e canções eternas, estava apagada para minha geração moderna de memória curta. Zuenir Ventura é que estava certo quando batizou em um de seus livros, o ano de 68, como aquele que nunca terminou. Hoje soube que ele mesmo tem dúvidas. Mas mesmo assim, não dá um alívio saber dos ícones vivos de 68? Afinal de contas, todo mundo já pensou o que será do nosso mundo sem eles. Onde estão os novos eles? Quem será o novo Caetano? O novo Gil? A nova Ligia Clark? O novo Ginsberg? Qual será o novo ano que vai mudar nossa maneira de ver o mundo? De vez em quando aparece alguém ou acontece alguma coisa e, de repente, tudo escorre pela pia. Aquela passeata não era aquilo, aquela música

não dizia mesmo nada e a gente fica com a cara de quem levou o duro golpe do efêmero, da velocidade monótona do contemporâneo... Passou. Vira tudo sonho de artifício, de palavras rasas ,originalidade pouca e duvidosa. Também não estou dizendo que tudo hoje é uma bosta e também que não tivemos de tudo em outros anos passados e seguintes. Em 1945 passamos pelo marco do fim da segunda guerra, bem depois, em 89, a “gliterizante” queda do Muro de Berlim, o plano Collor, o plano de Lula, agora pouco. Mas nenhum desses anos continuará tão misterioso e ambíguo como 68. 1968 teve um brilho mágico, estranho. Um olhar variado de alguém em crise existencial, teve excessos que marcaram a humanidade... É, Zuenir, talvez agora você esteja ainda mais certo no próximo livro: 68 terminou. Até tentei pintar a cara, dar pinta na paulista. Fui em show alternati-

vo, peça badauê, festa na USP, comprei um sítio em Ibiúna (really!) e o cara que me vendeu havia sido exilado em Moçambique e fez parte da Aliança de Libertação Nacional. Numa última tentativa desesperada em entrar “naquele clima de conteúdo de 68” peguei um ônibus até Brasília para um encontro, super esquerda da UNE, o detalhe é que estudava no Mackenzie (não reparem, fui confuso mesmo essa época, tinha dezoito). Não dá agonia de viver a geração “contéudo” quase sem “conteúdo” nenhum? Help!!!!! Parafraseando Beatles que também combina com tudo isso... Bob Dylan, a quem assisti semanas atrás com emoção e quase sem voz, disse que 68 foi o último ano em que todas as utopias foram permitidas, hoje “ningúem mais quer sonhar”. Bob tem sempre razão, mas os que ainda querem, contem comigo... Viva a banda!

* Rodrigo Pitta é poeta, compositor, dramaturgo e diretor de criação da agência de entretenimento Cria.Lab.

POR GUILHERME CARVALHO,

diretor de arte e sócio-fundador da agência Zebra Deluxe.


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astrologia só aqui

NÃO ESTAMOS SÓS

FELIZ ANO NOVO! TEXTO E GRAVURA LUIZA OLIVETTO Pois é: o ano astrológico acaba de começar. O Dia 20 de março inaugurou o ano zodiacal que começou com o signo de Áries, regido pelo planeta marte, o guerreiro da nossa rota de vida. Sim, porque mesmo que este não seja o nosso signo, todos nós temos a porção guerreira, marciana, pra chamar de nossa. O círculo astrológico é também conhecido como mapa astral e se fosse um relógio, começaria na posição correspondente às 9 horas, correria no sentido anti-horário, percorrendo as casas dos signos e descrevendo a nossa jornada heróica desde o nascer do sol, que é o momento em que viemos à luz e marca o nosso ascendente, até a volta à noite do inconsciente, representado pela casa 12 (a que está imediatamente antes da do nosso signo solar). E esta roda – que está no céu e nos descreve em elíptica e nos atrai feito um imã – nos faz dançar ao som da música dos mitos que a nós são contados, desde os tempos imemoriais, pelos povos que sempre aqui estiveram. Por isso, somos os mesmos sempre. Assim é em Áries, signo que para nos fazer entender o tipo de batalha que o nosso departamento marteguerreiro trava em nossa vida entre outras, conta a estória de Jasão, filho de um rei que foi destronado por seu tio Pelias, irmão de seu pai. Quando adulto, Jasão reivindicou o trono que era dele por direito e ouviu de seu tio: “Você, Jasão, deve empreender uma jornada para resgatar esse trono”. Então, ele determinou que nosso herói deveria buscar a pele de um carneiro - o velocino de ouro - que se encontraria num campo consagrado ao Deus da Guerra, Marte. O ovino estaria à sombra de uma árvore, guardado por uma serpente-dragão poderosíssima e invencível até então. Jasão reúne 50 homens da melhor estirpe de guerreiros - inclusive Hércules, o grande herói dos 12 trabalhos - e parte em direção a Colquida, região onde se encontrava a pele sagrada. Assim começa a saga desse herói que terá de enfrentar as mais complexas batalhas, envoltas numa série de mistérios e charadas à maneira das esfinges que, se não decifradas, devoram. E Jasão conseg-

ue – com a ajuda preciosa de Medéia, feiticeira filha do rei de Colquida – levar a pele do carneiro sagrado, até seu reino e assim recuperar o que lhe era de direito. Essa é a estória de cada um de nós que nascemos e temos que entrar no jogo/ciranda que já está rodando. Assim como Jasão, nos é dada a tarefa de perseguir o imaginário objetivo do sagrado e quase inalcançável resgate de nosso trono/ identidade. Nossa heróica jornada não tem bula. Sabemos apenas o que queremos: o nosso encontro e tomada de poder de nós mesmos - nosso trono. E, pra isso, começamos juntando nossa tribo de heróis e saímos por aí a lutar com as quimeras, enganos, dragões, serpentes, anjos disfarçados e demônios revelados. Em muitas dessas batalhas nos ferimos quase à morte e se sobrevivemos, não devorados porque deciframos, avançamos casas. Em outros momentos recuamos. Encontramos pelo caminho, aliados, cúmplices, amantes em alguns percursos. Noutros, enfrentamos o mais terrível inimigo. Somos a cada etapa confrontados com decisões que devemos tomar quando estamos ali, naquele ponto em cruz das possibilidades. E porque não sabemos nada, arriscamos. E lá vamos nós. Muitas vezes, nosso exército é o de Brancaleone: um bando de amalucados delirantes, desnutridos, mas corajosos. Outras vezes, somos solitários Dons Quixotes e contamos só com a ajuda inestimável de nosso Sancho Pança, aquele gordinho anti-herói que sabe do nosso delírio e nos suporta em nossa busca de uma Dulcineia perdida. Ou somos Jorge a matar o dragão que ameaça a mãe virgem. Mas é assim que somos. Buscamos razões pra ser o que somos e acabamos por descobrir afetos. Assim falava Spinoza. E no final, resgatamos o nosso trono e descobrimos o que somos: humanos. Bem-vindos ao ano astrológico de 2008. Ano de Ogum, o orixá construtor das armas dos guerreiros filhos desse planeta Terra.

RODRIGO VARGAS

Tem coisas que a gente só acha na Rua Augusta, mesmo! Como por exemplo, a Loja do ET. Especializados em moda “Alien PSY”, eles têm uma variedade de roupas que brilham no escuro e máscaras de extraterrestres, ali na esquina com a Alameda Jaú. No mínimo, curioso.

Loja do ET Rua Augusta , 2008 01412-000 São Paulo - SP (11) 3083-081


1977 15

atraídos

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o ano em que choramos gás lacrimogêneo POR ZOCA MORAES*

sim MÚSICA

POR SEU RAI, porteiro da Laje

1. DETALHES Roberto Carlos Roberto Carlos, 1972 Gravadora : CBS

Belo disco do Rei do Brasil, Roberto Carlos. Este é o segundo fruto da “era romântica” de Robertão e tem, entre outras faixas, os sucessos “Todos estão surdos” e “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, uma homenagem a Caetano Veloso.

Capítulo 1 Para Tadeu Nogueira, 1977 começou em julho de 1976, quando passou a freqüentar um círculo de estudantes secundaristas que organizava reuniões políticas. Regularmente, aos sábados, se juntava esse punhado de adolescentes comunistas, bolcheviques precoces, em número tão insuficiente que se podia contá-los nos dedos de algum pobre diabo, sentenciado por furto na Arábia Saudita. Oito pessoas, beirando os vinte anos, amontoavamse numa sala usada como depósito de cera e históricos escolares. Nesse precário recinto, solidariamente cedido pelo Colégio Equipe, discutiase a política educacional instaurada a partir de 1964, a luta por ensino público e gratuito, a reconstrução da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, a queda da camarilha militar e a aliança operária-estudantil. O que, para Tadeu, soava ligeiramente delirante, pois naquela época o movimento operário era encontrado apenas nas sessões do Cine Belas Artes, especialmente nos filmes de Gian Maria Volonté, ator e militante do PC italiano. Os trotskystas da tendência estudantil Liberdade e Luta afirmavam que a administração Geisel se havia degenerado numa verdadeira camarilha. Estavam convencidos de que aquele período histórico se caracterizaria por um rápido e irreversível apodrecimento de um governo isolado e que representava apenas a si mesmo. Segundo esse diagnóstico, a ditadura perdera sua base prioritária de sustentação social e as classes dominantes começavam a abandonar o barco, emitindo os primeiros sinais de que desejavam o restabelecimento das liberdades democráticas. Moita, o coordenador daquele braço secundário da Liberdade e Luta, argumentava com serenidade diante de seus acólitos. Munido de poderosa capacidade retórica, ele explicava que, conjunturalmente, a situação brasileira era bastante similar àquela que precedeu a derrubada do gabinete do primeiro ministro português Marcello Caetano, dando início à Revolução dos Cravos, que sepultaria 42 anos de Salazarismo. Alto, pálido, magro, de gestos elegantes, estava longe de ser uma versão leninista de Daniel Cohn Bendit, o anarquista franco-alemão que deu muito trabalho aos bombeiros parisienses durante o mês de maio de 1968. A distância que os separava era de, pelo menos, meia geração. Moita não buscava notoriedade. Ele perseguia o sonho de uma sociedade sem classes. Tabagista irrecuperável, desfrutava de longas e profundas tragadas num Continental sem filtro, levado à boca por dedos que se distinguiam pelo tom amarelado-enxofre de anos de consumo e pelas unhas roídas. Era o dirigente informal e incon-

teste daquela confraria de revolucionários. Exercia um poder democrático, fundamentado numa inteligência generosa. Isso explicava a admiração que seus pares lhe dirigiam. Inclusive, os dois mais recentes: Tadeu e seu amigo Roberto Barros. Ambos tinham 19 anos, estavam no 3º colegial do Iadê, uma escola que priorizava as artes plásticas e as ciências humanas e iam prestar vestibular para a Faculdade de Filosofia, na USP. Portanto, o interesse deles no movimento secundarista era circunstancial, participar daquelas jornadas conspiratórias, era apenas a oportunidade de absorvê-los na tendência antes de seu début universitário, dali a seis meses. Tadeu e Roberto não chegaram à Liberdade e Luta por acaso. No início de 1976, em seu último ano de Iadê, conheceram aquele que seria seu mais influente mestre. Responsável pela cadeira de história, Wulf combinava duas características distintas e complementares: a formação acadêmica de um rabino e a astúcia de um agente do Mossad, o temível serviço secreto israelense. Ao contrário de Moita, Wulf era o hebreu que assombrava os pesadelos de Julius Streicher (criminoso de guerra, executado em 1946): o judeu caricato, tal qual os que emergiram das penas dos ilustradores nazistas, diretamente para

os panfletos anti-semitas que emporcalharam as ruas alemãs nos anos 20 e 30. Comunista profissional e afiado trotskysta, Wulf portava um sorriso intimidador que produzia em seus interlocutores a desconfortável suspeita de que não pertenciam à categoria dos vertebrados. A conversão de Tadeu ao comunismo se deveu a um desses sorrisos. Wulf era um veemente promotor da polêmica. E a sala de aula da qual faziam parte Tadeu e Roberto continha os ingredientes psicológicos e sociais propícios à discussão: uma senhora da alta burguesia paulistana, uns quantos interioranos deslumbrados com a cidade grande, uma suíça enorme de olhos tão azuis quanto o lago de Garda, um turco que divulgara manter relações carnais com a irmã, um alegre homossexual de Itapetininga, alguns sinceros amantes das artes pictóricas e dois florescentes comunistas. Nesse laboratório de opiniões confusas e consciências diversas, Wulf atuava com extremo desembaraço, gerando controvérsia, atirando iscas, atraindo seguidores. Roberto, antes que Tadeu, percebeu que Wulf não era apenas um extraordinário educador, mas um missionário. *Zoca Moraes é redator publicitário, já morou no Peru e é um dos sócios da Zebra Deluxe e o capítulo dois vem na próxima edição.

2. DO SEU LADO Jota Quest Jota Quest – Ao ViVo MTV, 2003 Gravadora: SonyBmg

Gravado em Belo Horizonte, com maios de 80 mil pessoas presentes, este álbum traz os maiores sucessos deste quinteto mineiro, além da participação de Arnaldo Antunes e MC Thayde.

3. BANDEIRA BRANCA Dalva de Oliveira Bandeira branca (1970) Gravadora: Odeon

Dalva foi uma das maiores cantora brasileiras nas décadas de 40, 50 e 60. Este disco foi o último de sua carreira e fez um grande sucesso.

4. ESCULTURA Nelson Gonçalves Escultura (1958) Gravadora: RCA Victor

Gaúcho de Santana do Livramento, Nelson Gonçalves mudou-se muito novo para São Paulo. Antes de iniciar a carreira artística foi jornaleiro, mecânico e até lutador de boxe. Mas, em 1941 a sorte mudou para ele e, apesar da gagueira, se tornou um dos grandes cantores da nossa história.

4. O BÊBADO E A EQUILIBRISTA Elis Regina Elis, essa mulher (1979) Gravadora: WEA

Um dos grandes sucessos da gaúchaque se tornou a maior cantora do Brasil. Esta canção , composta por João Bosco e Aldir Blanc, marcou pelo seu conteúdo altamente político e pela beleza com que Elis a interpretava.


16 RODRIGO VARGAS

playlist da laje

1. RUN THE VOODOO DOWN - Travelling Miles - Cassandra Wilson 2. NÃO PÁRA REMIX - BID - Eduardo Bid 3. WHAT IS THIS THING CALLED LOVE - Greatests Hits - Billie Holliday 4. SAY A LITTLE PRAYER - Beat this (the very Best Of) - Bomb the Bass 5. BELEZA PURA - Caetanear - Caetano Veloso 6. OPERA SINGER - Comfort Eagle - Cake 7. ALVORADA (AO VIVO) - Cartola “Ao Vivo” - Cartola 8. VINHETA QUEBRADA - Céu - Céu 9. SUMMERTIME (AO VIVO) - Compact Jazz Series - Chet Baker 10. EL AFICHE - Amores Perros - Gustavo Santaolla 11. 68 (ORIGINAL MIX) - Buddha´s party - Anima Sound System 12. WONDERFUL - Acoustic Soul - India Arie 13. TODOS ESTÃO SURDOS - Acústico - Roberto Carlos 14. STAND BY ME - Bring it on Home - Aaron Neville 15. AGANJÚ (JOHN BELTRAND & MIX) - Remixed - Bebel Gilberto 16. AIN’T NO SUNSHINE - Bill Whiters: Super Hits - Bill Whiters 17. DISSERAM QUE EU VOLTEI AMERICANIZADA - Caetano Veloso - Caetano Veloso 18. GO TO MEXICO- Thunderbird - Cassandra Wilson 19. GEORGIA ON MY MIND - Miss Brown To You - Billie Holliday 20. MEU MUNDO FICARIA COMPLETO - Com você meu mundo ficaria completo- Cassia Eller


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CADA UM com com seu seu CADA UM POR CHRISTIAN RÔÇAS (CROCAS)* ILUSTRAÇÃO RODRIGO VARGAS Falar de Internet nos acelerados segundos de hoje não é tarefa das mais fáceis. A sensação é a de que uma legião de pessoas que trabalha com tecnologia se levanta todos os dias tentando raciocinar uma maneira de tornar as coisas mais confortáveis de serem usadas na vida. Falo sobre conveniência, melhor uso do tempo-que-faz-relacionamentos-e-dinheiro, diversão e (re)encontros. É a busca pelo próximo grande hit-sensation-super-hiper-glamouroso da Internet. Para mim o prazer acontece nesse buscar. Exige pesquisa, observação, muita leitura, troca de idéias, papo furado, cultura-fútil, música nada a ver. Diversão. Só que sem perder o foco. Quem disse que não há como ganhar dinheiro fazendo o que gosta, mesmo? O que mais incomoda é o fato de que ainda há gente pensando e agindo como se fossem dois universos. Tanta gente assim é que mantém o desprestigiado mercado de campanhas óbvias que tratam a Internet como um mundo a parte. Daí por ser 360º, uma espécie de sabichão-lava-passa-cozinha, a agência faz um viralzinho e pronto. Faturado. A Web é muito mais do que isso. É plataforma de relacionamento. Você só não fala com quem você não quer, e, mesmo assim, crescem as empresas-teimosas que insistem em falar com quem não disse sim para o diálogo com ela. O foco é pensar em um único lugar, que tem espaço para boas ações criativas que tornem o dia-a-dia mais prazeroso, confortável. Não importa de que jeito vai falar: jornal, rádio, revista, televisão ou Web. Foi assim quando a televisão surgiu. Será que precisamos continuar esse assunto démodé? Cada um tem seu espaço e, chega. Vamos para assuntos mais interessantes. Faço um exercício de imaginar que tudo que está publicado no virtual só está lá graças ao real. E bem ou mal, estamos no real. Mesmos os mais lunáticos, não há nem discussão. Por isso, acredito em serviços divertidos e simples na Internet. Algo que você leve contigo para casa na memória, em uma história para contar, em um vídeo, sei lá, alguma lembrança. Isso passa para outro que vai usar, entre outros meios, a Web para contar a boa história para alguém. Uma boa história desde sempre caiu no boca-a-boca. Não será diferente com a Internet. * Christian Rôças, mais conhecido como Crocas, é o fundador da Gruda em Mim que o Boi não te Lambe e acha que a web pode ser muito mais objetiva e divertida.

DESENHO ANTONIA MANGINI, 10 ANOS

atraídos

TEXTO E GRAFISMO REBECCA BARRETO* “Minha mãe sempre teve idéias muito pra frente, gostava de política. Lembro bem, eu com quinze anos e ela me colocando no carro chorando disfarçadamente dizendo que tínhamos que ir passear nos jardins porque o Kennedy tinha morrido e ela precisava se distrair. Nunca entendi o que isso tinha a ver comigo e com a gente. Meu irmão gostava porque às vezes terminávamos no cinema, mas eu não entendia. Quando Marilyn morreu foi a mesma coisa. Eu só sabia que tudo acontecia muito longe daqui e pensava porque passeios na Rua Augusta poderiam ajudar o Kennedy? E foi ali que conheci o refúgio das mágoas da minha mãe. Hoje em dia, uns anos se passaram, e nem acho o Kennedy tudo isso pra valer tantas lágrimas dela. Uns dois anos atrás, eu nem sabia o que era

música direito e ouvi um tal de Ronnie Cord cantando sobre a Rua Augusta. Lembro do rádio tocando, eu e meu pai na cozinha, e ele dizendo que eu tinha que ser Miss São Paulo pois morenas de olhos claros eram as mais bonitas, que Elizabeth Taylor foi tão longe e eu tinha que fazer igual. E em seguida, ouço as estrofes “Subi a Rua Augusta a 120 por hora/ Botei a turma toda do passeio pra fora/ Fiz curva em duas rodas sem usar a buzina/ Parei a quatro dedos da esquina”. Paralisei. A partir dali meu coração bateu mais forte. E hoje, depois da aula, ou quando consigo cabular, é pra lá que vou. Agora cabulamos aula e desembarcamos do bonde da Paulista, eu e Elisa. Fazemos plantão na Record, porque ali fica a saída dos artistas. Quando, na semana passada, triste, eu não via

* Rebecca Barreto é designer da África Publicidade e artista do coletivo Carta Branca.

nenhum cantor dos festivais há tempos, resolvi descer a Rua Augusta a pé até a Estados Unidos, que ficava próximo da minha casa. Cantarolava, entrava nas boutiques e experimentava todas as roupas inglesas que minha mãe via nas revistas. De repente uma gritaria, eu saio do provador, ainda sem sapatos, e vou pra rua ouvindo berros de mulheres. O carro pára num cruzamento. Elas gritam “Erasmo, eu te amo!” e um cara muito alto desce do carro e dá autógrafos para todas. Chego perto e o frio da barriga toma todo meu corpo, olho pra ele, aquela franja pro lado, ele acena pra mim, minhas pernas ficam bambas e percebo que estou ainda sem sapatos, com a meia calça e os pés encharcados pela água que desce a rua pela canaleta na esquina da Lorena. Foi paixão. Ele arrancou e se foi. E agora, ouço

as tardes inteiras o “Você Me Acende”, meu álbum preferido pra sempre. Já dizem que vai ser o grande lançamento de 1966 e isso que ainda estamos em julho. E, como minha mãe descobriu minhas cabuladas de bonde e Rua Augusta, só posso ir para lá aos sábados. Ela sempre fala que ficar andando por aí, com a Elisa, de saia curta, atrás de artistas, pode chamar atenção demais. Minha mãe tem medo dos policiais e fala que é errado uma moça se expor assim. As sextas vejo ainda os festivais e o programa Jovem Guarda na casa do Dino, meu vizinho, que sempre serve refrigerante. Aos sábados estou eu lá, fazendo plantão, querendo vê-lo de novo. Fiz uma promessa pra Santo Antonio. Neste ano, conheci Erasmo, e no ano que vem, em 1967, caso com ele. Aqui na Rua Augusta.”


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E Nós

CADA UM DA RODRIGO VARGAS

Conheça a fantástica fábrica de idéias que é o escritório da Cria.Lab

Este Hommer Simpsom na poltrona é uma campainha. Quando algúem toca na porta ele fala uma “simpson frase”

Close no charme do Gorpo.

“Uma vista geral do meu laboratório de showbussiness. Muitas idéias, mil reuniões, muitos artistas circulando!”

O ovo, nossa marca, aqui em versões coloridas da MoMa Store

Um vinil lindo do querido amigo londrino Dev, que é agora um dos hits na MTV de Londres com o álbum Lightspeed Champion.

Alguns de meus grandes amigos de infância: Gorpo, He Man, Gato Guerreiro, Aríete e o Mentor.

Lixo de metal para lixo mental

Comandada por Rodrigo Pitta, a Cria.Lab é um laboratório de marketing e de idéias, um braço da Cria Soluções em Comunicação. Segundo o próprio Rodrigo, o escritório aqui na Laje “é uma materialização da possibilidade de trabalhar com empresas e amigos em um ambiente mais moderno e mais comunitário”. Entre os projetos já realizados por eles estão a turnê da Cibelle na América Latina e a Sansung Experience. Para esse ano, eles deles estão realizando o o casting do filme O Doce Veneno do Escorpião e o programa Um Mundo Melhor Coca-Cola. E isso, é só o começo. Meu lap: o terceiro braço e a segunda mente.

A geladeira, uma homenagem ao nosso site. e mais alguns toys.


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atraídos

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INTERNET POR RAFAEL FERNANDES E THIAGO RIBEIRO assistentes de finalização da Ouro 21

1. IDEIAFORTE.COM.BR Site do coletivo de designer formado por Black Ninja filmes (blackninja.com.br), Cubo Interativo (cubointerativo.com.br) e Juice Studios (juicestudio.com.br). Além de pregarem o “Design Forte” eles também fazem street art.

2. LLAMAMELOLA.COM Este blog, alimentado por um jornalista espanhol que não se identifica, reúne vídeos de campanhas publicitárias, clipes e noticiosos, entre outros. Um dos pontos interessantes é que os vídeos estão disponíveis para download e, o outro é que ele não hospeda os vídeos no Youtube, como forma de protesto, pois em 16 de junho de 2006, o site retirou a página do Llámame do ar.

3. CREATIVECOW.NET Site com fóruns, notícias e tutoriais para designers, editores de vídeo e profissionais da media em geral. Uma boa fonte para idéias e soluções de problemas na execução do seu projeto.

DIVULGAÇÃO

OS DOIS LADOS DE UMA RUA INESQUECÍVEL Em ritmo de férias demora-se cerca de uma hora e meia para se percorrer a Rua Augusta de ponta a ponta. Foi isso que a trupe do ator, dramaturgo e – por que não?– agitador cultural Dionísio Neto andou fazendo no último ano. Esse maranhense e seus companheiros da Cooperativa Paulista de Teatro foram (e ainda são) foi totalmente absorvidos pelo projeto – absolutamente multimídia com direito a documentário em DVD, site (companhiasatelite. com.br) e jornal distribuído gratuitamente pelos três quilômetros da Augusta –, “Os Dois Lados da Rua Augusta”, cujo ponto alto é o espetáculo teatral que acontece a bordo de um ônibus entre as ruas Estados Unidos (nos Jardins) e Guimarães Rosa (no Centro) e conta a história dos quatro augustos Medieval Berliner (Dionísio Neto), China Vegas (Jeyne Stakflett), Sarajevo Ouro Fino (Pedro Sérgio Noizyman) e Rosa Paulista (Luciana Brites). Os superheróis perderam seus poderes extra-científicos e precisam encontrar um medalhão enterrado na rua para que o logradouro não caia no esquecimento. Lançados à própria sorte pelo oráculo Ibotirama Bologna (Raquel Marinho), eles encontram a Rua Augusta (Isabel de Sá), que lhes faz uma importante

revelação, interferindo no destino da trama. Apaixonado pela Augusta desde sempre, mas obsessivo desde 2000, quando a percorreu do começo ao fim, admirando-a com olhos de artista, Dionísio esperou sete anos para poder colocar o bloco do projeto na rua, até ser contemplado com o Programa Municipal de Fomento ao Teatro, que permitiu à Cia. Satélite realizar o projeto. “A Augusta é São Paulo inteira em uma única rua”, explica. “Tem todas as contradições da metrópole e um passado fantástico. O importante é saber que o presente dela também é fantástico; depende dos cidadãos voltarem a amá-la e a freqüentá-la como no passado." Dionísio conta que a trupe praticamente morou na rua por 10 meses, observando e entrevistando pessoas. “O que mais me chamou atenção foi a excentricidade de seus habitantes, daí a idéia dos super-heróis. E descobrimos que há uma lenda urbana que fala de um medalhão enterrado na Augusta”, conclui, divertido. A peça, sucesso de público e crítica, foi escrita em 20 dias, percorre toda a Augusta e é gratuita. POR DANIEL JAPIASSU

4. MACGRATIS.COM À moda dos blog de MP3, este aqui é para aplicativos e programas freeware para Macintosh. Os posts são todos em português e tem de editores de imagem para crianças até clientes de email.

5. FLICKR.COM/FELIPEGASPARINI Felipe é designer gráfico e se define como “uma pessoa criativa que valoriza a experimentação como fator essencial na busca por novas linguagens e conceitos” o que é visível na obra dele.



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