UMA DA
TARDE Por: Gustavo C. B. Kolliner 24, gaúcho com sede em Minas Gerais. Empresa privada no ramo existência que consome sorvete de morango e pizza de Margherita com frequência.
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AGO S TO | D E Z EMB RO
2020
O
uvira no rádio que hoje era o dia, às 13h. Tinha tantos planos que nem sabia por qual começar. Tomar sorvete de casquinha? Correr rápido pela rua 4? Ou andar descalço na grama da pracinha? “Depois”, pensou; “primeiro, aquilo”. Olhou para o relógio digital na estante: 12:51. Levantou-se com pressa, foi até ao varal no quintal e apanhou uma máscara de pano que, estampa de herói, tinha. Colocou-a no rosto com cuidado, como lhe fora ensinado e, contente, correu para pegar aquele objeto que guardou por tanto tempo. Gritou do quintal que logo voltaria. Abriu o portão e atravessou a rua em direção à casa do outro lado. Tocou a campainha, tremendo de felicidade. Uma menina sorridente atendeu, e ele, sem hesitar, disse, erguendo a bola em suas mãos: “Oi, que saudade! Vamos brincar?".