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Biografia

Chamo-me Rogério Rosa, 52 anos de idade. Nasci em Alcântara, a 14 de Junho de 1964. Comecei na representação aos 13 anos com a peça de teatro de Gil Vicente ”Auto dos 3 Reis Magos”, a que se seguiu “O Astro”, baseada na novela brasileira do mesmo nome de Janet Clair. Mais tarde, um monólogo chamado “Marco, Um Produto de Esgoto da Cidade”. Estreio-me em televisão em 2001 com o programa ”Vidas Reais” e na novela ”Doce Fugitiva” da tvi. No cinema, a estreia foi em 2008 com o filme ”As Maltratadas” de Ana Campina, uma super produção Portugal /Brasil/ Estados Unidos. Licenciatura em Serviço Social. Cronista da Revista + e repórter de um site de histórias de vida. Frequência do curso Produção Multimédia no Cenjor.


CONCURSO LITERÁÁ RIO “Á Minha Vida dava um Filme” “Não Há Sonhos Traídos”

Vou-vos contar a história do José. Nasceu normo-visual, mas aos 18 meses, o sarampo saltou-lhe á vista. Nascido e criado em Lisboa, aos 4 anos foi para o Centro Infantil Helen Keller. Depois, aos 9, transitou para um colégio de cegos. O Instituto Antonio Feliciano de Castilho, onde viria a ficar durante 6 anos de internamento. O convívio entre colegas. Ali aprendeu tudo um pouco. A ser igual, mas sem sonhar com nada. Os bombeiros de Campo de Ourique eram os protetores de todos em que todos se davam. Eles estavam a tentos para o que


desse e viesse, os miúdos, colaboravam por vezes nas suas festas. Ninguém ousava a pensar em ser bombeiro, porque as limitações, lhes impediam de sonhar. Depois, estava a chegar o inicio de deixarem a zona de conforto e irem para um mundo hostil e de pouca sensibilidade. José, que já tinha sido deixado pela mãe, que tinha vergonha dele por ser deficiente visual, nunca o visitou, e muito menos, gostava dele, tinha-lhe dito por vezes, que era um filho indesejado, que tinha vergonha de sair com ele. Sentia-se deprimido, mas não convencido. O dia chegou. O adeus ao colégio, e a entrada no inferno. Para começar, foi a vez da Escola Preparatória Manuel da Maia. Ficou instalado na Turma do 1º A. No primeiro dia de aulas, viu que os seus colegas eram bem mais novos que ele. Mais tarde e perante a professora de apoio, que lhe trazia os livros, que eram o dobro do tamanho dos livros dos colegas. Com vergonha, deixava-os em casa. Mas, ao escrever os sumários, nem deu conta que os colegas estavam parados a olhar a maneira como escrevia, com a cara quase em cima do papel. Depois e para que visse para o quadro, tinha de estar na 1a fila e mesmo assim, não via. Os comentários dos colegas, não eram diretamente para ele, ate porque sendo ele mais velho, não terminariam bem. Nunca era escolhido para trabalhos de grupo, deixando-o á margem e nas aulas da ginástica, idem. Havia lá uma colega deficiente física, era por vezes gozada e defendida pelo José. Terminada essa fase, a saída e a procura de outros sítios, que lhe trouxessem o mundo que tinha lá atrás no tempo. Fundação Sain, entrou em Setembro de 85 e durou um ano. Nesse ano, conheceu algumas coisas que aprendeu, quer nas oficinas, serviços externos, etc. Passou por outra instituição, a Associação Promotora de Emprego para Deficientes Visuais. Aqui, conheceu outra realidade. Um homem fabuloso, inteligente, humano, amigo. Dr. Assis Milton. Este homem, que estava á frente no seu tempo e que pretendia como missão, acabar com a caridade dos cegos e implementar a empregabilidade, dando-lhes formação e autonomia. Ele, que fundou uma


instituição em Moçambique e que em Lisboa, fundou esta onde acaba de entrar. Um dia em conversa informal, sugeriulhe que escrevesse um livro sobre a sua vida, a sua obra, pois seria um grande exemplo para todos, os que o conheciam e para os que não o conheciam. Ele, que estava recostado para trás na poltrona, ergueu-se para a mesa, e pousou o cotovelo e a mão no queixo, olhando para o José, sorriu e respondeu, que não tinha pensado nisso, mas que iria pensar. Foram no entanto 4 meses e esses , foram tensos e intensos. Um homem, que nunca se esquecerá, da sua sabedoria, conselhos, enfim, histórias de encantar. O José, foi prosseguindo e entre umas e outras situações, percebeu que a deficiência visual, não é nem compreendida, nem apoiada a não ser por quem já passara por isso. Os sonhos para ele eram limitados. A deficiência tinha-o traído. Todos as crianças sonham, e todas por norma realizam alguns desses sonhos, mas as que são portadoras de deficiência, seja visual, mental, física, não podem sonhar, pois perante a Sociedade, esta, ignora, fica indiferente e não reconhece valores. Mas, sempre há, que queira desmistificar isso, quem queira superar e se superar em profissões que para as quais não tem visão completa. O José, foi disso exemplo. Lutou, foi em frente, provando que se ele consegue, todos os outros também, ainda que sem apoio, ajuda ou estimulo de quem quer que seja. Chegando a outra instituição, a Associação de Cegos Luis Braille e Liga de Cegos João de Deus, que em 1989, se fundiram e deram o nome de Acapo. Aqui, José, permaneceu 12 anos seguidos, onde encontrou mais uma vez apoio, carinho, atenção. Todos de lá eram cegos e ambliopes, uma ou outra mormo visual, mas o ambiente era o seu mundo, a sua zona de conforto. A Fundação Sain, onde permaneceu 1 ano, onde pode a prender coisas, fazer coisas e até, aprender a andar de metro.


Muitos são as instituições de e para deficientes visuais. Muitas poucas são as que divulgam, experimentam outras intervenções e nenhuma, estabelece parcerias com o Ministério da Cultura, de modo a criar textos para o Ensino Básico e Secundário, dando a conhecer fatores pertinentes sobre formas de explicar a inclusão de crianças com necessidades especiais, dando a conhecer problemas, receios, mas também desejos, realizações e que podem e devem realizar. Todas acham que no aparecimento de doenças, deficiências, os seus sonhos acabam traídos, o que na verdade, isso não acontece, pois devem provar que são capazes, ainda que indo contra a ideia peregrina da sociedade, que são pessoas diferentes e que devem estar em sítios diferentes. Esquecendo que hoje são eles, mas que amanha podem ser eles e aí, a maneira com que lidam hoje, será a mesma que outros vão lidar. Toda a gente lida bem com o lidar com pessoas diferentes, mas podemos pensar sempre que essa relação é de pena e não de sentimento. Ninguém tem no deficiente o verdadeiro reconhecimento das suas capacidades. Mesmo que por uma vitória em jogos paraolímpicos, os comentários são sempre por pena deles e não por mérito. Este história do José, é verdadeira e de facto construindo na base de saír do mundo dos cegos e ambliopes, para uma escola oficial sem quaisquer deficientes, ficando á mercê dos olhares, dos comentários, e de atitudes de crianças, jovens e adultos, onde cada um pode e deve incentivar, incluir e relacionar-se, sem medos, sem vergonhas e juntos vencerão, num mundo hostil sem oportunidades e quase sem valores. Explicar ás crianças, seria integrá-las num meio misto e onde a aprendizagem logo nessas idades, para a entrega, o afeto, o não olharem outros colegas como diferentes, ou infiltrados, mas como irmãos, amigos e que precisam de ajuda, apoio e carinho. Explicar, é dar exemplos, criar


situações de improviso, que puxem a consciência, e que tenham como objetivo, olhar o outro como igual em oportunidades e de inclusão. Terem gosto em partilhar, discutir, envolverem-se em projetos, trabalhos de grupos, etc. Esta história, ou conto, pretende despertar consciências, dar a conhecer obstáculos e impedir, que todos os que saem em colégios internos, para um mundo real e diferente, que não os deixem ir a penas para as zonas de conforto, como que, procurarem um escudo protetor e fugirem dos olhares acusadores, e serem vitimas de marginalização. Lutar, sim, reconhecer esse esforço também, mas deixar que os parabéns, e os abraços, não sejam por pena, mas convictos de que, quem conseguiu, ter a noção de que foi por mérito e não por um especial favor em ser limitado. José, passou por isso, e não tendo sonhos, não poderiam ser traidos, mas conseguiu o impossível, lutar, procurar, aprender. Foi bombeiro, que era impensável. Foi Marchante , que era impensável desfilar sem ter noção das marcações, ensaios, etc. Ator de teatro, onde nada é diferente. Ator de cinema e televisão, onde tudo se nota. Onde os olhares se cruzam, e onde há a maior manifestação de comentários, e de sorrisos, que podem ser duvidosos, dependendo do ponto de vista de quem vê. Já foi afastado de uma novela, por terem descoberto, que era deficiente visual. Mas, o José não desiste, apenas, se defende. Quem não luta, não vence!

Autor: Paulo Mickey


Crónica “Boa Estrela” Por: Rogério Rosa

“Formação Vida Ativa”´

Cada vez está a haver mais formações modelares. Cada vez, são chamados para as formações, de curta e longa duração, mas ninguém consegue ainda perceber, para que servem, se não servem para empregabilidade. Ninguém, vai pensar, que num a formação de 100 a 150 horas, ter trabalho. Ora, se pensarmos um pouco, acabamos por perceber, que, estão a querer ocupar os desempregados, e que para a estatística, mostra um decréscimo desemprego.


Eu, estou numa formação em Animação Sociocultural. São cerca de 100 horas. O que se pode aprender? Pouco, mas há sempre um acrescente, como planear, implementar projetos para a infância, adolescência, ou adultos e idosos. Recebe-se um bolsa, caso não se recebe mais nada, e o subsidio de refeição, e passe, se for na área de Lisboa e até 35 euros. Se a bolsa for de 146, euros, mais o subsidio de refeição a 4.27 e o passe for o do social +, de 26.75, e que não tenha qualquer outra prestação, no que fica e no que lhe pode dar, face ás suas despesas? As de longa duração, ainda têm direito a estágio, desde que sejam de equivalências ao 12º ano, ou de Técnico-profissionais, tais como de informáticas. A rigidez de faltas, e de participações, é de tal ordem, que, temos de andar todos ali na linha. Não podemos aplicar, nem estagiar, nem nos empregarmos. Seria inconsciente, estar ali e pensar, que poderia arranjar emprego,


onde está contido, uma formação profissional de 100 horas. Outra coisa relevante, quem receber ainda Rendimento Social de Inserção e ou Subsidio de Desemprego, depois de atingir 5% de faltas, ainda que justificáveis, começam a ir mexer nesses mesmos subsídios para descontar na formação. Por isso, ninguém pode estar á espera de ter trabalho, mas ocupação estatístico, e no final, recebe um certificado, e ficam á espera, que se lembrem deles para nova formação. FIM


Repórter de Memórias Por: Rogério Rosa

“Actor em queda livre”

Estou a frequentar uma formação profissional, chamada Formação Vida Ativa. Em Animação Sociocultural. De vários desempregados, encontrei um actor já com 30 anos de carreira, produtor e professor de teatro. Deu vários workshops e trabalhou com os mais importantes e influentes realizadores de cinema. Fez-me muita confusão, já que, tinha uma carreira sólida e um vasto e longo currículo. Foi bolseiro da Gulbenfian e trabalhou lá fora em projetos teatrais. Estava ali, porquye caiu a pique no desemprego, e a ultima vez que deu um workshop. Foi o ano passado. Eu, que também sou ator há mais de 30 anos, e ali, formando, e com


limitações visuais, era natural, mas ver um colega, com depressão, ter desistido do teatro, e dedicar-se a outras atividades e com um ar, tão calmo, e ao mesmo tempo, um olhar de pena, onde aquela formação, não lhe iria trazer de novo, ao que ele já fazia há 30 anos. Penso, que país é este, que deixa que os seus artistas, caiam a pique num mundo de desemprego, onde se perde a vontade, e onde cada formação possa ser uma mais valia, mas que em termos de trabalho, de ter uma obrigação, de continuar o contacto com o seu público, se tenha perdido. Este homem, perdeu essa capacidade de voltar a ser o produtor e o ator que era, mesmo querendo, voltar a ser professor de teatro e de ter projetos. Sem identificação, porque relato um desabafo meu, como colega de formação e de carreira artística.


Um Áctor ao Dispor

Eu, Rogério Rosa, nascido em Lisboa, no Bairro de Alcântara, estreeime como ator no colégio, aos 13 anos de idade. A peça de teatro chamada ”Auto dos 3 Reis Magos” de Gil Vicente, era incluído no programa escolar da 3ª. Classe. Depois de ter a noção de que nunca seria isso que eu iria seguir, pois era bastante chato, e não tinha vocação nem talento para decorar, ensaiar, etc. No ano seguinte, ou seja, em 1978, voltar a ser empurrado para o palco. Desta feita para participar na peça ”O Astro”, baseada na novela brasileira do mesmo nome de Janet Clair. Levei depois mais alguns anitos sem pensar de novo em representação. O apelo, veio através de um concurso promovido pelo Diário de Noticias e pela Organização Iniciativa, chamado “Festival da Malta-84”. Este Festival, tinha 3 sessões. A primeira a 1 de Abril, a 2ª, a 3 de Maio e a última a 6 de Junho, apresentados por Aristides Teixeira da RTP. Tinha alguns jurados, entre os quais, Carlos Castro, Fátima Medina, Fernando Pessa, e um convidado especial.


Fui concorrente na primeira sessão. A peça que levei, era um monólogo, baseado na minha passagem como sem abrigo, um ano antes. A única forma que poderia concorrer, teria de ser eu a escrever e a interpretar, já que não estava inserido em nenhum grupo teatral. Já não tinha muito tempo, apenas 24 horas, para poder entregar um exemplar escrito. Escrevi a minha passagem por sem abrigo e na hora, foi só pedir a alguns concorrentes, se não fariam o favor de passarem por figurantes, para melhor ilustrar a cena. Lembro-me de um certo nervosismo, pois como não gostava muito de representar e era um tipo instável, que tão depressa queria, como depois já não era isso que queria, então, aproveitei aquela fase de estar interessado e lá fui. Eram 10 concorrentes, 2 grupos de teatro para a categoria que ia concorrer. Mal ou bem, fiz e depois de ter ouvido o júri, acabei por ficar em 2º lugar. Depois de ter participado no festival, voltei á instabilidade e não querer continuar a lutar por algo que não era o que me entusiasmava. Percorri, e tentei encontrar-me e só aconteceu então em 1995. Aqui, fui convidado a participar num grupo de teatro amador, mas curiosamente nem foi como ator, mas cantor. Foi um desafio. Arranjavam-me os instrumentais, e ou em certos sítios, até era com acompanhamento ao vivo. Acabei por cantar em alguns teatros, yais como: Teatro Maria Matos, Teatro O Bando e na Aula Magna. Descobri outra justificação para não continuar, o achar que cantava mal e que ninguém tinha tido a coragem de o dizer! Ainda assim, fui ao programa ”Lugar aos Novos” da Renascença, não sem antes de gravar em estúdio na Radio Renascença e depois, mais tarde, regressei ao programa no Cinema Mundial para mais uma participação no referido programa de Fernando de Almeida. Com a participação no Festival da Canção da Acapo (Associação de Cegos) e de ter ficado em 6º de 12 concorrentes, optei por deixar de cantar.


Peça de teatro ”Marco, Um Produto de Esgoto da Cidade”, inserida no ”Festival da Malta-84”.

Filme “O Barão” de Edgar Pêra


https://youtu.be/StPrP38CL7g

e Repรณrte\r.pptx


Hoje, começa outro ciclo, onde a informação, tal como já acontecera na representação, me adoptara.

http://www.planeta-r.pt/cenjor/multimedia/120 Aqui no Cenjor, tudo é absolvido com muito interesse. Os formadores são impecáveis. A turma unida como nunca tinha visto em outras formações que tive antes. Receberam-me e envolveram-me no ambiente francamente inesperado, e numa simples e modesta socialização. Penso seguir mais esta via informativa, e criar um website á minha medida e ao meu gosto para que seja cada vez mais jornalista


cultural, e repĂłrter da escrita como sempre fui, desde quando aceitei ser colaborador da Revista +, e de ter uma pagina na plataforma wattpad. Criar um pequeno magazine ĂŠ o passo seguinte!


“RECORDAR "MARCHAS POPULARES”

Hoje, venho falar-vos das MARCHAS POPULARES.Estas iniciaram-se em 1935. Interrompidas durante anos,regressando depois pela mão de Leitão de Barros para o filme" A Canção de Lisboa" e mais tarde por Continelli Telmo para o" Pátio das Cantigas", Eu, em 1998, estreei-me na Marcha de S. Vicente de Fora, onde permaneci até ao ano 2000. Saí nesse ano da marcha do Século e do Milénio. Do que mais gostei, foi do convívio entre marchantes e aguadeiros. As marcações, músicas e dos padrinhos, que em cada ano, iam variando. Destaco os meus padrinhos de altura; Vasco Rafael, Anita Guerreiro, João Melo, Ana e Sónia Brazão.Do que menos gostei, foi ter de dizer que via mal, pois os ensaios são de noite e o meu par estava a 100 metros de mim e eu não via, nem queria dizê-lo, sob - pena de não me quererem no desfile. É maior desafio da vida de quem nunca experimentou. A minha experiência foi única e irrepetível. Na vida, temos de experimentar tudo, sem desperdiçar oportunidades, pois VIDA, só temos uma.


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