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Diário de uma voluntário no Centro de Apoio á Pessoa com Deficiência Mental Situado a km de Vila do Conde - Touguinha. Foi numa 6ª. Feira, depois de uma viagem turbulenta desde as 7 h da manha com sucessivas mudanças, lá cheguei a Vila do Conde. Já eram 12h30. A Drª Maria Helena, Assistente Social, já me esperava. Depois de uma troca de impressões, almoço e apresentação do projecto de voluntariado, o motorista Sr. Pascoal, lá me conduziu ao Centro. Neste centro, fui encontrar vários tipos de deficiência, visual, mental e motora. Alguns são residentes e outros utentes, que dormem no centro. Há 2 rapazes de 15 e 16 anos, que prestam voluntariado no Centro para os tempos livres. O restante pessoal, são funcionários que lidam com eles mais intensamente. Dão-lhes banho, comer e brincam com eles. Passeiam-nos, vão á praia. Entre as mais variadas actividades. A cicerone foi a Sandra, responsável da parte da manha com o Dr. Brandão, o director do Centro. Ao fim de uma longa entrevista, fui instalado num quarto individual, que se situava no corredor das raparigas. Quarto 315 com wc privativo e com vista sobre o pátio. Hoje apenas faria o papel de observador. A minha primeira saída com os deficientes (4ª. Feira), dia 7 de Agosto. A saída foi para um pequeno pinhal. Levei 2 deficientes mentais. Um deles cerrava os punhos, choramingava e havia logo quem se dispusesse a mandá-lo calar. Depois, ao chegar a hora do almoço, trouxemo-los para o Centro. Aos paraplégicos teria de dar o comer á boca, escovar-lhes os dentes e por fim, deitá-los. Durante a tarde, estão todos no pátio, com o pessoal auxiliar, que os vigiam até á hora do lanche, seguindo depois mais tarde, o banho. Um rapaz de 22 anos, que estava no bar, apresenta uma deficiência numa mãe, mas nada fazer prever, que também tivesse perturbações mentais como me foi revelado por um deficiente de cadeira de rodas, o Paulo e pelo sr. José Carlos, monitor de carpintaria.


Em conversas mantidas com o Nuno Filipe de 21 anos, paraplégico, utente desde Abril desse ano (1996), pude compreender, uma série de actividades, face ao mundo que o rodeia no centro. Segundo ele, frequentou um curso em Gaia, e acabou por ser colocado ali, por incapacidade e ainda, segundo ele, foi chocante ver todo o ambiente que encontrou nos primeiros tempos. No entanto, devido ás circunstâncias da vida, já está integrado, acrescentando no entanto, não ser bem este centro, que pretendia. Acrescento eu, nem bem, nem mal, não era sequer este Centro, o mais apropriado. Para quem lidou com cegos, ambliopes e motores, não se imagina, o quão indescritível é o ambiente vivido neste Centro de Apoio á Pessoa Deficiente Mental. Os sons demolidores de alguns deficientes mentais, como forma de manifestarem, as choradeiras e birras de outros, até nas actividades, face á vida social no Centro. Quem chega pela primeira vez ao Centro, fica chocado por uma realidade, que nada tem a ver com o que conhecia antes noutros centros. São sociáveis e comunicam de uma forma diferente do normal comum. Por vezes, agarram-se ás pessoas com tanta força, que as magoam, para mostrarem o seu afecto. Dançam, riem-se por tudo e por nada, têm muitos e variados tiques, gritam, choram, amuam, como qualquer normal. Há uma grande necessidade de dar e receber amor, afecto, carinho e sobretudo, uma dose excessiva de paciência, que sem estes atributos, nada se fará deles ou sem eles. Quinta-Feira, 8 de Agosto. Depois do Pequeno Almoço, formámos grupos para irmos á Bouça (pinhal) e outros iriam para a praia. Tal como acontecia, levei 2 deficientes mentais. Já lá na Bouça, entre gritos de uns e choro de outros, eu ia apreciando o panorama como observador. Ia-me apercebendo das sensações e emoções de todo o comportamento entre eles. Tudo era novidade para mim, e um misto de pena, medo e confusão me envolvia naquela imagem, quase surreal. Como deficiente visual, tinha a vida facilitada, como normal complicava-se mais. O choque foi mais forte do que o impacto de entrar numa sala de brincar com vários deficientes mentais. Da parte da tarde e


depois de virmos do Pinhal, decidi ir ter com o director, pedindolhe as mais sinceras desculpas, pois o regresso a Lisboa era inevitável, por não dar resposta ao que me propusera fazer e por ser o único que veio de longe e mais tempo resistiu, já foi um esforço subumano. Deu para conhecer de perto, uma outra realidade, tão clara e tão óbvia, que é um desconhecimento total do cidadão comum. Tudo é perfeito, limpeza, higiene pessoal, carinho e acompanhamento e têm a siorte de terem como responsável um brasileiro, Psicólogo, ex - terapeuta, Dr. Luís Brandão, não sendo como os outros, que passam a vida a resolver problemas no gabinete. Sociável, comunicativo e profissional. Passa a vida junto dos utentes, refeitório e bar. Vai observando o comportamento deles, dentro e fora do Centro, brincando com eles, como um excelente profissional que é, como é reconhecido das pessoas afectas ao Centros e que fazem parte da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde. Bem-haja exemplos destes, que já faziam falta no nosso país. Pena terem de ser os de fora a darem-nos estes exemplos. O Dr. Luís Brandão, é oficialmente o tutor de alguns deficientes junto do Tribunal e é considerado por todos o Pai Herói! Porque nutrem por ele, um carinho e um respeito sem igual. Parto para Lisboa, consciente, que tentei, esforcei-me e antes que se afeiçoassem demasiado a mim e vice-versa. Quero ir, porque depois, seria um choque violento para ambas as partes.


“UM PEREGRINO DE JERUSALÉM”

Artigo sobre a Peregrino de Jerusalém de um ambliope e um casal de cegos a Israel-Agosto-95 ISRAEL – TERRA SANTA – A AVENTURA. Muitas são as razões, para que esta tenha sido a minha viagem de vida. Tantas mais razões, que esta viagem bíblica e tudo quanto a história a ela se refere. Para alguns são lugares santos, históricos e arqueológicos. Para outros, o seu clima, o Sol radiante quase todo o ano e, para outros, mais o fascínio contrastante, entre o antigo e o moderno. Mas para todos, Israel tem algo que é difícil de definir uma dimensão extra, que transforma cada visita numa experiência memorável. Eu, ambliope, segui na companhia de uma casal de cegos e de uma amiga comum, no passado dia 23 de Agosto-95, pela Companhia Aérea ElAl- Linhas Aéreas Israelitas. Íamos por conta da Agência Profissional Tours e pela Paróquia de Santa Engrácia com o Padre Eugénio Santos, entretanto já falecido! Chegados ao aeroporto Ben- Gurien (Tel Aviv), tivemos de estar cerca de 30 minutos dentro do avião, sem explicação aparente. Depois das formalidades de desembarque, lá seguimos para o Hotel SAN BAT YAN. Neste hotel, depois da confusão da entrega das chaves dos quartos e respectivas companhias dos mesmos, ficámos a saber, o porquê da demora no avião. Nele vinha a bordo também, o Primeiro Ministro Israelita Isaac Rahbin, bem disfarçado para não ser reconhecido para não haver problemas no aeroporto, onde já estava cercado de policias. No dia seguinte, levantámo-nos pelas 4 h da manha. Pois tínhamos uma longa viagem pela frente. Depois do pequeno-almoço e da verificação das malas e colocadas na portaria, para que os bagageiros as distribuíssem pelas camionetas 1 e 2. Eu e o casa de cegos, ficámos na camioneta 1- Santa Engrácia. A camioneta 2, era de S. Francisco de Assis. Eu, parecia não acreditar que estava na Terra Santa! Fomos percorrendo a cidade de Tel Aviv, onde se podia ver, as habitações arruinadas, sítios cuja beleza não chegava, mas a sua importância histórico - bíblica e arqueológica se sobrepunha a qualquer outra beleza. A primeira visita, foi á igreja de S. Pedro, onde o padre Eugénio Santos, nosso companheiro, celebrou a primeira eucaristia. Depois desta celebração, fomos para Cesereia, onde fomos admirar um magnífico


Teatro Romano, onde já tinha actuado Amália Rodrigues e Luciano Pavarotti. O casal de cegos, acompanharam as descrições, que eu e a d. Lurdes íamos fazendo ao longo do percurso. Fomos a Naifa e ai havia uma mini feira. Havia 2 grandes bancadas, onde estavam expostos, variadíssimos bonecos, cruzes, alianças e presépios, mas para quem é coleccionador de postais, colares e dedais. Tinham muito por onde escolher. No Monte Carmelo, visitámos a casa de Elias e o Convento Stella Maris. Foi dada a oportunidade ao casal de cegos, poderem ver com as mãos, o relevo detalhado da dormida de Elias, bem como toda a descrição possível da pedra, vidros e dourados. Entretanto convém salientar, que estávamos a ser acompanhados por 2 excelentes guias, que descreviam toda a história de Israel com tanta precisão, que punham pessoas desinteressadas a gostarem de ouvir. Fomos depois para Acre e por fim, chegámos a Teberíades, onde ficámos no 2º Hotel. Este hotel chamado Hotel Galilee. Depois da distribuição das chaves dos quartos, seguiu-se o jantar e tempo livre. Aqui, iríamos permanecer 2 dias. No dia 25, outra viagem nos esperava. Depois do pequeno-almoço, distribuímo-nos pelas camionetas, que desta vez nos levou a Cafarnaum. Aqui, descemos da camioneta e subimos ao Monte das Bem-Aventuranças. Aqui, não era permitido a entrada de homens em calções, nem de mulheres em manga-á-cava. Neste Monte, foi celebrada a 2ª eucaristia pelo nosso Padre Eugénio. Depois fomos até uma zona chamada Tabga e nela, visitou-se a magnífica igreja das Multiplicações dos pães e dos peixes e Igreja do Primado. O Sr. Amador e a esposa D. Barbara, o casal de cegos, foi-lhes dado nova oportunidade de reverem todos estes magníficos templos sagrados, mas nem por isso lhes deixei de descrever toda a beleza arquitectónica. Fomos em direcção á Cidade de Jesus, onde o ponto obrigatório foi a Sinagoga ou a casa de S. Pedro. Depois almoçou-se num restaurante, onde se comeu o espectacular peixe de S. Pedro. Peixe este, era indescritível, pelo seu tamanho. Findo o almoço, fomos todos ao Monte Tabor. Aqui, sub-dividimo-nos em pequenos grupos e deslocámo-nos em táxis, uns autênticas Limousines. Deslocámo-nos á Igreja da Transfiguração. Aqui, tal como nos outros sítios, aqui os homens tinham de vestir calças ou usar lenços coloridos a taparem as pernas. Uma visita sem palavras, uma igreja que de beleza nada tem, mas tem uma riqueza histórica sem igual. Os franciscanos, apenas estavam como observadores. Nesta igreja, junto ao altar, um buraco escondia uma rocha, onde Jesus teria deitado a 1ª lágrima de sangue. Uns de cada vez, ajoelharam-se e tocaram na rocha sagrada, benzendo-se de seguida. Eram notadas em alguns rostos, lágrimas sentidas ao tocarem na rocha. Fora da igreja, todo o grupo se juntou para a fotografia. Depois uma oração e cânticos,


fecharam esta visita. Voltámos a descer nos táxis e respectivas camionetas, que nos levaram para o Rio Jordão. No mesmo ponto, onde S. João Batista teria baptizado Jesus. Foi o sítio escolhido, para que todos nós pudéssemos renovar os nossos votos de baptismo. Eu, que levei fato de banho, não esperei muito tempo que chegasse a minha vez. Nadei bastante e não faltou muito para que 4 rapazes me fizessem companhia. Depois lá fiz a renovação do baptismo e tornei-me no mais puro dos homens! No final desta cerimónia, regressámos ao hotel. No Sábado, dia 26, tínhamos uma viagem tão longa quanto as anteriores. A paragem desta vez foi em Nazareth e Cana, onde visitámos a casa de S. João Baptista e passámos á porta de S. Bartolomeu. Fomos celebrar a 3ª eucaristia na Basílica da Anunciação. Basílica esta, que pela arquitectura e vidros coloridos, faziam dele uma riqueza sem igual. Nas paredes laterais, estavam imagens de algumas Santas de alguns países, tais como Portugal. Daqui seguimos para o almoço, onde prosseguimos para o tão esperado, Mar Morto. Um mar imenso e o mais baixo do Mundo (440 metros a baixo do nível do mar). Aqui, no Mar Morto, encontram-se fabulosas esculturas de sal, que os olhos jamais se esquecerão. Eu, trouxe algumas pedras do Mar Morto, uma vez que, é algo obrigatório, para qualquer peregrino. Depois fomos então, visitar as Grutas de KUM RAM. Estas grutas fazem lembrar os manuscritos do Mar Morto. Depois de sabermos qual o último hotel, fomos ver a vista panorâmica do cimo do Monte Scopos da cidade Santa e onde os guias nos brindaram com um licor, chamado licor de Canã. O hotel onde íamos ficar, chamava-se Jerusalém Gate Hotels. Nele iríamos ficar até 4ª. Feira. Altura em que se regressa a Portugal. Domingo, dia 27, depois do pequeno-almoço, fomos a caminho de EIN KAREN. Aqui, visitámos a igreja da Visitação, bem como o lugar de nascimento de S. João Baptista. A viagem estava a ser cada vez mais interessante e mesmo assim, parecia não ser real. Encaminhámo-nos para Belém de Judá, onde visitámos a Igreja da Natividade. Depois, fomos á Igreja de Santa Catarina. Aqui, foi onde Jesus nasceu e pudemos ver a Gruta de Origem, bem como a manjedoura. Todos nós mexemos e nela nos benzemos. Seguiu-se a 4ª. Eucaristia. Fomos almoçar num hotel e depois, o tempo livre no bairro árabe. Tempo de fazerem compras e de visitarem outros monumentos fora do programa. De seguida, o regresso ao hotel. Segunda. Feira, dia 28, depois do pequeno-almoço, era tempo de visitar o sítio mais chocante da história da peregrinação, o Muro das Lamentações. Aqui, árabes, judeus e cristãos se juntam, para junto do Muro, introduzirem nele um papelinho, onde conste uma oração, ou um pedido a Deus. Trata-se de um sítio, onde todos têm uma bíblia na mão, ou


alcorão, e lêem, abanando-se freneticamente num vaivém, sendo esta, a manifestação de Fé e de se concentrarem. Mais chocante foi ver crianças de 7 anos, sentadas num banco, viradas para a parede e com a bíblia ou alcorão na mão, vão lendo e abanando-se ao mesmo tempo. Desde pquenos lhes são dados todos estes rituais. Outros, os mais velhos, dão grandes passadas a uma velocidade estonteante com o livro aberto na mão a andarem de um lado para o outro e vice-versa. Vão rezando de voz altas. Outros, estão reunidos á volta de uma mesa rectangular e de pé, com as suas bíblias na mão, onde freneticamente se abanam e rezam de voz alta. Eu, de boca a Berta, ia descrevendo ao Sr. Amador, todo aquele cenário indescritível e de tradição. O Muro divide-se em 2 partes. A ala direita, só entra mulheres e a ala esquerda, só entram homens. Quanto aos bebés, entram para um dos lados consoante o seu sexo. Depois de toda a descrição por parte dos nossos guias, seguimos para as Mesquitas, a começar pela Mesquita de EL ASKA e a de OMAR! Qualquer delas não era permitida entrada, calçados. A Mesquita de EL ASKA, era muita bonita, quer por dentro, quer por fora. Uma grande rocha vedada, mas que se poderia tocar. Tinha um cheiro esquisito. Seguiu-se a Mesquita de OMAR. A mais encantadora e reluzente. Tinha umas grandes carpetes sem móveis e sem cadeiras. Nos cantos, estavam homens sentados com grandes livros em cima das pernas. Liam em voz baixa. Depois e já fora da Mesquita, tirou-se uma foto do grupo. Seguimos viagem para o Monte das Oliveiras. Aqui deu para observar a paisagem mais incrível da Cidade Santa. Depois do almoço visitámos o Monte Sião, o Cenáculo, o túmulo do Rei David e a Igreja da Visitação, para a realização da 5ª Eucaristia. Fomos de seguida para JAFFA, onde tivemos novamente tempo livre no bairro árabe e depois, encaminhámo-nos para o hotel com as compras feitas. Terça-Feira, dia 29. Depois do pequeno-almoço fomos visitar a Igreja do Pater Noster (Padre Nosso), a Capela de Ascensão e a Igreja Dómus Flevi, Aqui, ia-se realizar a 6ª. Eucaristia. Depois fomos á Igreja das Nações e terminámos com a visita ao Túmulo da Virgem. Depois do almoço, foi o regresso a Belém e dirigimo-nos á Gruta da Traição. Um sítio magnifico e de um encanto sem igual. Aqui, houve alguma comoção. Para outros, apenas um sítio histórico, que ninguém conseguia ficar indiferente. Fez-se a reconstituição da Via-Sacra. O seu inicio foi na Igreja de Santa Ana. Piscina Probática, Listostrotos, Arco Fcoe Homo e restantes estações. São 14 no seu total, que Jesus percorreu com a cruz ás costas, até ao Santo Sepulcro (Calvário). Nós, também percorremos o mesmo caminho e com a cruz ás costas em cada estação, evocando o nome de Jesus, Virgem Maria e todos os outros acompanhado sempre do Padre Nosso.


Depois do almoço, as visitas á Galileia, onde mais tarde iríamos andar de barco, mas antes, teríamos a 7ª e última eucaristia ao ar livre. Depois de visitarmos outros monumentos, fomos para Cesereia Marítima, Aqui, entrámos para dentro de um barco e durante 1 hora, ficámos maravilhados, não só com a paisagem, mas também com o convívio, enquanto eu me entretinha a tirar fotos. Não esquecer que houve uma noite espectacular de Domingo para 2ª, onde tivemos a oportunidade de ver como era a vida nocturna dos Árabes, judeus e ortodoxos. Também é bom lembrar, que houve 2 tentativas de atentado contra nós, mas sem consequências. O casal de cegos, já ia pela sua 2ª vez, bem como a D. Lurdes, que os acompanhou. Apesar dos riscos, a viagem foi espantosa. Vale sempre apena visitar esta Terra Santa com tudo o que tem de sagrado. Esta reportagem foi possível, por ter sido verdadeira a minha deslocação a Israel, que sem a quel, nunca seria possível a sua transcrição, ainda que eu lesse em qualquer livro. Grato a António Amador Pereira, sua esposa Bárbara Luzia Pereira e d. Lurdes. Agosto de 1995 FIM Rogério Rosa


PROJECTO PARA UM PROGRAMA DE TELEVISÃO “As Nossas Estrelas” INTRODUÇÃO: Trata-se de um programa com uma duração aproximadamente 1 hora de emissão. Protagonizados por atletas portadores de deficiência, que nos dão a conhecer o seu lado desportivo e social. A apresentação do programa, será a meu cargo. O programa tem previsto 12 emissões com vários convidados, sendo um por cada programa. Dado o número significativo de atletas deficientes, a praticarem várias modalidades e sendo crescente, o interesse também será maior e haverá lugar para todos. Previsto reportagens em clubes e ginásios, de cada convidado. Mostrar um pouco os treinos, é essencial. Depois, essas imagens, irem para o ar, no decorrer das entrevistas. Dado o interesse que este programa vai ter, pois vai dar oportunidade aos atletas portadores de deficiência mostrarem, o que têm feito nos Jogos Olímpicos, dos seus treinadores e da opinião das famílias, que os apoiam, de um número crescente de telespectadores, clubes e associações desportivas. Dar mais atenção e reconhecimento a quem mais medalhas trazem para Portugal. São os menos acarinhados e de quem pouco se fala a não ser só nessas alturas. Em qualquer canal televisivo, falta um programa desportivo deste género, onde possam salvaguardar, as mesmas oportunidades de destaque, a quem se esforça, luta e consegue medalhas para o nosso país. Quanto a patrocínios, não será difícil conseguir, pois é um programa de afectos, apelos e onde o Mundo dos deficientes, é menos relevante na Comunicação Social. Gravar um programa piloto, dará a conhecer aos futuros patrocinadores, a garantia de que, estão a ajudar quem mais se esforça. Orçamento mínimo! Gravado em estúdio a 2 câmaras e uma terceira, apenas em reportagens no exterior. O meu caché, será o mínimo nacional! Sugiro que o programa possa passar ao inicio da tarde de Sábado, ou final de tarde de Domingo, cabendo á direcção de programas, a decisão final. O programa terá 3 blocos: 1- Apresentação do convidado e da sua modalidade desportiva. A reportagem no local dos treinos. (10 minutos) Intervalo Publicitário: 2º Bloco- Mostrando o atleta na sua visa social e familiar. Intervalo. Último Bloco: Conclusão e um pequeno flashback do próximo convidado. Caso o programa obtenha a audiência esperada, poder-se-á, fazer mais outros tantos programas. Ficará sempre ao critério da estação que o emita! Fim



“PADRES MISSIONÁRIOS E O MEU RETIRO” Fiz um retiro em Coimbra, entre 4 e 6 de Abril de 1996. Este retiro era para jovens noviços e para quem se quisesse converter á vida Missionária. Chegada a Coimbra por volta das 12h30. Depois de um contacto telefónico. Indicaram-me o autocarro para o Alto de S. João e aí, eu teria de subir uma ladeira íngreme sem qualquer indicação nesse percurso. Ao cimo, lá estava o edifício encarnado escuro com o símbolo missionário dos Irmãos Comboni. Sem dúvida, que se tratava de um edifício conventual e que marca o epicentro dos jardins circundantes, fazendo lembrar uma mini mata. Na retaguarda do edifício, um campo de futebol que está preparado também para baseket. Quando cheguei, estavam já sentados á mesa, 3 padres e um irmão. Entrei e sentei-me. Um deles fez as honras da casa. Pararam de falar para me darem atenção. Simpáticos, educados e acima de tudo, humildes. Fiquei sem saber o que dizer, enquanto eles falavam uns com os outros. Por vezes, a curiosidade era mais forte e lá me faziam perguntas. Depois do almoço e de me ter sido distribuído o quarto, desfiz o saco, fiz a cama, o resto da tarde, foi passado entre a biblioteca e as conversas com o Padre Dário, responsável pelo Centro. Entretanto, o Padre António, veio convidar-me para ir com ele até á cidade. Fomos, enquanto o Padre Dário ficara a ver tv. De regresso a casa, voltei para a sala e num profundo silêncio, busquei algumas leituras religiosas, sem tv nem rádio e nem padres. Depois, o lanche tal como as refeições, éramos nós, que nos íamos servindo. A reflexão, foi um cavalo de batalha neste retiro, para a libertação do stress e afins. Qualquer dos padres, tem uma vida de trabalho, mas não deixando de manterem sempre a boa disposição. São excelentes conversadores e fiéis amigos. Escondendo mágoas de uma vida que poderia não passar por ali. Evitam ao máximo de falarem deles, como se tivessem necessidade de esconderem algo, entregando-se unicamente, a Cristo. Falam dos seus familiares muito superficialmente, mudando de assunto rapidamente para inverterem os papeis de entrevistados a entrevistadores. Hora de jantar e sem ter aparecido mais nenhum jovem. Surgem os comentários dos padres sobre o próprio trabalho de cada um, realizado nas igrejas. Por vezes, eu caí numa sensação estranha, inexplicável a cada observação, em cada conversa e naquele espaço. Findo o jantar, fomos até ao bar, que ficava de fronte da sala de e para festas. Depois, subimos ao 2º piso, onde eu e os padres, nos sentamos a ver tv. Os padres iam comentando as noticias do telejornal, enquanto eu, ia ficando mais liberto do ambiente e mais aberto ao conhecimento, ao meio e ás


conversas. Pelas 22h, chega finalmente outro jovem missionário. Este, de nome Fernando, também veio de Lisboa. Já um habitue nestas lides de retiros. Um paroquiano de Lisboa, um animador de jovens no Cacém, mais propriamente. Ficamos na maior cavaqueira pegada, ate eu ter acabado por adormecer no sofá. Já todos tinham acabado de ir para os seus quartos, quando fui acordado pelo padre António, que me encaminhou para o meu quarto. No meu segundo dia de retiro. Acordar pelas 8h30. Pequeno-almoço, ás 9h. Mal entrei na sala, já o padre Dário estava a comer, sentei-me e logo a seguir, o Fernando. De seguida, o padre Dário, sugeriu que nos juntássemos a ele nas limpezas aos 2 pisos. Varremos, quartos e corredores e depois, lavamos os corredores e quartos. Arrumámos lençóis e cobertores. Num intervalo, fomos a uma oração á Igreja de S. José e ao Centro Comercial. De regresso a casa, fomos acabar o serviço e por fim, o jantar dos justos. De seguida, fomos beber café e ver tv. Pelas 20h45, nós e os 2 padres, fomos a caminho da igreja de S. José de novo, onde se iriam formar o encontros dos crentes para dar inicio á Via-Sacra, que partiria do Seminário até á Sé. Um cortejo de várias centenas de fiéis, que em silêncio, percorriam a cidade numa procissão solene em solidariedade para com os indefesos e povo de Israel. Por fim, lá se chegou á Sé ao fim de 1h30 de Via-Sacra, que marcaria a 14ª e última estação bíblica. Depois, fomos de regresso a casa. O bar, foi a nossa próxima paragem, antes do quarto. Sala da tv, para reflectir o 2º dia. Como foi importante para mim, conhecer Coimbra á noite, através da peregrinação. Já tinha feito antes 2 peregrinações. Em Lisboa e em Israel. No 3º dia, o levantar e o pequeno-almoço, até aqui, igual. Com uma excepção. O meu levantar foi ás 6h45, pois iria com o Padre Dário a Viseu. Ou seja, era o que teria sido combinado na véspera. Algo estranho se passaram nessa noite, para que no dia seguinte, o discurso, tenha sido diferente. Algo brusco e estranho. Fez-me prometer, que esperaria por ele para termos aquela conversa. Votei para o quarto, mas encontrei o Fernando, que iria para Lisboa. Disse que esperasse por mim, que também ia com ele. Escrevi um bilhete ao padre, e quando me preparava para sair, já o Fernando tinha arrancado. Resolvi então, tirar algumas fotos e ver melhor o campo, antes da hora de almoço. Mas, antes deu para ir á cidade, ao Continente, conhecer a Makro e regressão de novo a casa. Fui até á sala de tv, ler e chegou a hora de almoço. Sentados, servimo-nos e conversou-se. Fomos depois até á entrada e conversamos sobre as minhas impressões daquele retiro. Mais tarde, o Padre José Manuel, acabou por me levar á estação da cp. Terminando assim, um convívio com 4 Padres,


um irmão e um missionário, que por sinal, um pouco esquisito e falta de socialização, nada amigo. Pude perceber melhor os bastidores de um retiro, os gostos dos padres, a estranheza e ao mesmo tempo, uma grande lição de vida, que eles me deram. Este meio contemplativo, e espiritual, faz de todos eles serem que em busca de Deus, escondem a mágoa de não terem uma vida igual a cada cidadão comum. Chegando a Lisboa, finalmente com o dever cumprido.


Trabalho em Produção Multimédia Tema ”Bombeiro Procura Namorada”

Belém – Jardim 2 protagonistas Vão ser feitos 2 planos. Planos exteriores: 1º plano: os 2 sentados no banco do jardim. 2º plano: Fechado nele 3º plano: fechado nela 4º plano fechado nos 2. Jardim dos Jerónimos: 1º plano: aberto a fechar nela. Centro Cultural de Belém -Terraço: 1º plano: os 2 junto de uma árvore. 2º plano: os 2 a verem o Padrão dos Descobrimentos. (Aqui o plano aberto a ver-se a paisagem e a fechar lentamente ficando os 2. Padrão dos Descobrimentos: 1º plano: os 2, a olharem o rio 2º plano: O Rio 3º plano: os 2 abraçados - Plano fecha ficando os 2. Historia: “o Telefone para o Quartel” Ele: Era bombeiro voluntário. Os meus colegas brincaram comigo, colocando um anúncio em meu nome “procuro namorada”. Como estava também nas Marchas Populares, e por acaso, obtivemos o 5º lugar, fomos ao norte. De regresso a Lisboa, e no jantar de Natal no quartel, recebo um telefonema de uma candidata. Menos de um mês, ela veio conhecer-me a Lisboa. Ela: Nunca tinha saído da minha terra, a não ser para ir para Londres. Não me dei lá bem, e regressei á minha


terra. Depois, li o anuncio liguei, vim conhece-lo e fiquei atĂŠ hoje, casada com ele. FIM


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