A MENSAGEM DO PENTATEUCO
O objetivo da criação e da formação do homem. Temos entendido, no desenvolvimento de nossa tradição cristã, que o objetivo de toda a criação é louvar o criador. Temos aprendido desde há muito, que o homem foi criado para a glória de Deus. Vale dizer que o louvor da criação diante de Deus, não é um terceiro elemento, senão que forma uma unidade de expressão que inclui o Criador e a expressão de sua vida na obra criada. Da mesma forma, temos de entender que a glória devida a Deus não é um terceiro elemento que depende da vontade do homem de glorificar ou não. Não se pode pensar em três estágios, como: Deus, o criador; o homem, ser criado; e, a glória, expressão de louvor. Não é essa a idéia. A idéia é Deus, em sua glória e o homem como o glorificador. O ser criado é, assim por dizer, o reflexo da glória de Deus. Como ser criado, não possui nenhuma glória, exceto a que lhe foi concedida pela misericórdia de Deus. Ele é a glória e nós somos o resplendor de sua glória. Resta-nos descobrir como a natureza expressa seu louvor e como o homem glorifica. Ora, o fundamento do louvor e da glória está na vida que o criador concedeu tanto à natureza como ao homem. Só existem louvor e glória onde há vida. E, como a vida é o que é e existe por existir, sem tempo e sem espaço, a vida é um fenômeno auto-existente, como Deus é auto-existente. Então a vida, como fenômeno concedido, é dádiva de Deus ou seja, é Deus dando-se a Si mesmo. Todas as coisas sofrem transformações e o ser humano passa. Mas a vida concedida à criação e ao ser humano, é o que é para sempre. Nisto é bom ter em mente que a vida é antes de todas as coisas e a vida é antes da formação do homem e da mulher. Do mesmo modo como a palavra humana, utilizada por Moisés para a narrativa da gênese, vem depois da palavra eterna, Cristo, a vida é antes de todas as coisas e antes da formação do homem e da mulher. Talvez aqui se abra um espaço melhor para se entender as palavras de Cristo quando afirmou: “Eu sou a vida ...”. A nossa interpretação do primeiro capítulo de Gênesis nos leva a crer que a unção da vida está na ação de Deus em abençoar, primeiro a criação, em segundo, o homem e a mulher e em terceiro, o tempo da comunhão, cf Gn 1.22, 28e 2.3. A liturgia divina da bênção diante da obra criada, diante do homem formado e diante do tempo da comunhão eterna, tem significado. Dentre os maiores significados está o teor teológico de que Deus concede à obra criada, ao homem formado e ao lugar da comunhão eterna, autoridade para continuar o que sempre existiu, ou seja, o fenômeno da vida. Cabe à natureza e ao homem administrarem a continuidade e o domínio da vida. O tempo da comunhão eterna é referido como dia do descanso. Diante da natureza, as palavras humanas utilizadas por Moisés “... Sêde fecundos, multiplicai-vos ...”, conotam a idéia de expansão e continuidade. Diante do homem formado, as palavras mosaicas são “Sêde fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a ...”, ampliam o entendimento de expansão e continuidade. Estes imperativos usados por Moisés, conforme inspiração do Espírito de Deus, conotam, além da ação de expandir e dar continuidade às prerrogativas da vida, acrescentam a idéia de transmissão de vida. O verbo hebraico, usado