Roney Haarengl - Nas Bordas da Pista: Parque Urbano da Lagoinha (TCC Parte 2)

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nas bordas da pista:

PARQUE URBANO DA LAGOINHA parte 2



nas bordas da pista:

PARQUE URBANO DA LAGOINHA parte 2

RONEY HAARENGL MOREIRA GOIÂNIA, 2019


agradecimentos À minha mãe e meu padastro, por todo o apoio. Aos meus amigos, pela vida boêmia. À Christine Mahler, por me ajudar a ver a Lagoinha. À Lagoinha, humildezinha e de grandeza histórica. À Priscilla Freire. “We are so young. We are so young” E à Carly Rae Jepsen, Joni Mitchell e Fleetwood Mac, pela excepcional companhia ao longo desse ano.


Para Mária Erzsébet Haarengl “Úgy szép az élet, ha zajlik”.


Universidade Federal de Goiás Faculdade de Artes Visuais Arquitetura e Urbanismo Trabalho de Conclusão de Curso II Discente Roney Haarengl Moreira Braz Docente Christine Ramos Mahler GOIÂNIA, 2019 Projeto gráfico inspirado pelo livro “Configurações da Avenida W3 Sul Brasília” de Laura Camargo, realizado por Bruno Ribeiro e Ralph Mayer


Este volume é a segunda parte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Arquitetura e Urbanismo. Compreende a proposição de um parque urbano para a área do Hipódromo da Lagoinha, em Goiânia-GO. Tombada como patrimônio cultural e ambiental, a Lagoinha passa um processo de subutilização e apagamento da paisagem urbana. A proposição do Parque Urbano da Lagoinha é um estudo para reverter essa condição, levando em conta as características históricas, ambientais e patrimoniais da área. palavras-chave: Áreas Verdes, Parque Urbano, Patrimônio, Requalificação


Figura 1 | Cavalo recebendo banho na Lagoinha (Foto: Autor, 2019)

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conteúdo

I II

III

considerações iniciais

12

1 2

14 16

A Lagoinha e a Cidade Jardim O Tema

partido projetual

18

3 4 5 6 7

20 22 23 24 30

Estímulos Percebidos Espacialidade dos Lugares Projeto de Programa Levantamentos Referencias Projetuais

parque urbano da lagoinha

38

8 9

Plano Geral Diretrizes Urbanas

lugar de aura

10 11 12 13

Caráter Ambiental Jardins Passeios Centro Ambiental da Lagoinha

lugar de pluralidade

14 15

Acessos Esplanada da Lagoinha

lugar de memória

16 17 18

Alameda Centro Equestre da Lagoinha Materialidade

76 80 90

19 20

96 97

Referências

Considerações Finais Anexo

40 42

46 50 52 55

62 68

8

conteúdo | 11


Figura 1 | Jรณquei e cavalo na pista do Hipรณdromo da Lagoinha (Foto: Autor, 2019)


Ao abordar a questão da oferta de áreas verdes de qualidade para a população, bem como a manutenção do patrimônio cultural da cidade, busco propor uma discussão de como intervir em um espaço aberto, culminando em uma proposta de parque urbano, para reinseri-lo na paisagem urbana de maneira ativa. Para abordar o espaço estudado, de modo a respeitá-lo enquanto área ambiental e patrimônio, bem como inseri-lo na qualidade de vida dos seus usuários, foi utilizado como base o trabalho do arquiteto gaúcho Lineu Castelo (2007) e seus estudos sobre a concepção de ‘lugar’, bem como seus métodos propostos para potencializar a ‘pluralidade’ de um lugar, tornando sua urbanidade mais potente. As informações apresentadas nessa primeira parte são uma síntese dos estudos e análises desenvolvidos em “Nas Bordas Da Pista: Parque Urbano da Lagoinha (Parte I)”, disponível na íntegra em [https://issuu.com/roneyhaarengl/ docs/parque_urbano_da_lagoinha_-_roney_h]

parte 01: considerações iniciais


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a lagoinha e a cidade jardim O Hipódromo da Lagoinha (oficialmente Hipódromo Ubirajara Ramos Caiado) é um equipamento urbano de propriedade do Jóquei Clube de Goiás, localizado no Setor Cidade Jardim, bairro de Goiânia-GO. Com uma pista oval de 1,6 quilômetros de extensão e provas de turfe mensais, é o único hipódromo da Região Centro-Oeste, dentre os onze hipódromos ainda em atividade no país. Propriedade dos irmãos Coimbra Bueno até os anos 1950, a área do bairro foi primeiramente cogitada para abrigar o segundo aeroporto da cidade, que teria o nome de Aeroporto Internacional Cidade Jardim (DVAC/SEPLAM, 2008, p. 3). O Ministério da Aeronáutica posteriormente considerou o local inadequado, e em 1956 foi aprovado o loteamento da área, que leva o nome do aeroporto nunca construido, Cidade Jardim. Mediante a necessidade de uma pista de turfe para atividades hípicas, o Jóquei Clube de Goiás recebeu de Jerônimo Coimbra Bueno uma área de 60ha em seu loteamento Cidade Jardim, terreno plano e alagadiço, em uma cláusula de uso exclusivo para atividades hípicas. As corridas de cavalo, que já aconteciam na parte central de Goiânia, logo foram transferidas para o novo terreno, com a pista de turfe instalada em 1957, antes mesmo da regularização da doação em 1959. (DVAC/SEPLAM, 2008, p. 4) Assim foi criado o Hipódromo da Lagoinha, que ambientalmente compreende um brejo, área de banhado com lençol freático aflorante. Ao longo de quase 60 anos, o Hipódromo foi perdendo sua força como equipamento urbano. Mudanças nos hábitos de lazer da população reduziram seu público, e consecutivas más administrações o afetaram profundamente. De seus 60ha originais, mais de 25ha foram desapropriados, sendo a maior das desapropriações a do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (LONGO, 2008, p. 2). Os parcelamentos subsequentes “esconderam” o Hipódromo no interior da quadra, culminando em uma invisibilidade do espaço para o restante da cidade. Se em um primeiro momento foi o fato de ser uma planície alagadiça que designou a área a ser a pista do Hipódromo, foi a existência da pista que permitiu que o brejo e suas nascentes fossem preservadas, enquanto o restante do bairro foi extensivamente ocupado, drenado e impermeabilizado. Conforme o equipamento perdia sua relevância no cotidiano da população, a especulação imobiliária aumentava o interesse na propriedade. Com o auxílio do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, o Hipódromo foi tombado em sua totalidade pelo município em novembro de 20081 . No ato de tombamento, foi ressaltada a importância histórica e ambiental da área, enquanto Patrimônio Cultural da cidade e Área de Preservação Permanente.

Decreto n° 2.769, de 14 de novembro de 2008. D.O. n° 4.495, de 19 de novembro de 2008 14 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha 1


Figura 2 | Registro de prova turfística no Hipódromo da Lagoinha (1989) (Foto: Arquivo Pessoal de José Rodrigues)

Figura 3 |Panorama da Cidade Jardim, com Hipódromo no centro e Morro do Mendanha ao fundo, em 1991 (Fonte: Arquivo Seplam)

Figura 4 | Vista Aérea do Hipódromo da Lagoinha nos anos 1960 (Foto: Hélio de Oliveira / Fonte: Acervo Fotográfico da Gerpat) considerações iniciais | 15


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o tema

lugares, parques e patrimônio

A abordagem do Hipódromo da Lagoinha valeu-se de três conceitos principais: percepção estimulada, parques auto-regenerativos e patrimônio vivo. No contexto do século XXI, marcado por um contexto de alta urbanização e globalização, o parque urbano se tornou uma ambição e uma necessidade social da população, ao garantir “um espaço de lazer e de contato com a natureza” (BONDUKI, 2010, p. 190), bem como uma oportunidade para o contato entre as pessoas e para a vida coletiva. Lineu Castelo (2007) definiu ‘urbanidade’ como a característica exclusiva e típica do ambiente construído pelo ser humano, que envolve as variadas relações de pessoas com as atividades e o local. Dessa relação entre usuário e espaço surge uma unidade nomeada pelo autor como ‘lugar’. Ao permitir variadas ligações entre usuários diversos e os espaços oferecidos, a cidade compreenderia, então, uma pluralidade de ‘lugares’, que dialogam com essa ‘urbanidade’. Nessa concepção, um espaço age sobre o usuário através de estímulos, e são desses estímulos que a noção de lugar surge. Para Castelo (2007), distinguem-se três tipos de lugares, a partir do tipo de estímulo que ele oferece: aura, memória e pluralidade. O lugar da aura compreende aquele espaço em que os estímulos são provenientes da própria espacialidade enquanto natureza ou produto da ação humana, “as marcas deixadas pela ação humana” (2007, pg 19), bem próximo do conceito de genius loci, e se relacionam com o usuário de uma maneira impactante. O lugar da memória dialoga com estímulos provenientes da dimensão da temporalidade, e da memória, coletiva ou individual, que é atribuída aquele espaço. É o acúmulo de vivências pessoais e eventos sociais que se desenrolam no local. O lugar da pluralidade refere-se, então às variadas relações interpessoais que são possíveis de se estabelecer em um lugar, a condição essencial para que exista, “o que necessariamente estará a lhe garantir a dimensão social indispensável de sua existência” (2007, pg 18).

espaço

usuário

estímulos

percepção de lugar

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Um espaço subutilizado, tal qual o Hipódromo da Lagoinha, é vazio de uma perspectiva funcionalista. No entanto, ali podem-se acumular memórias, narrativas e vivências. No contexto cotidiano, ele é incorporado à vida do morador suburbano, e ao estabelecer relações entre o ambiente e o usuário, ele passa a configurar um ‘lugar’. É um ‘lugar’ sazonal, restrito, fugidio. Sendo assim, ao propor um projeto de um espaço, o que se propõe é que ele passe a ser visto como um ‘lugar’ por uma maior parte da população. Esse projeto de ‘lugar’, para Castelo (2010, pg 31), pode recorrer à tática de valorizar estímulos já percebidos no local, utilizando-os para estruturar o espaço; ou podem recorrer à estratégia da percepção estimulada: estimular uma percepção de lugar, agregando novos estímulos com o mesmo intuito. Ao abordar a questão do sistema de áreas verdes em Goiânia, Ribeiro destaca um ponto importante para sua existência: a “possibilidade permanente da auto-regeneração” (2004, p. 136) de uma área verde, ou seja, a capacidade de um parque, praça ou jardim de permanecer íntegro. Isso é atingido a partir do momento que a área verde é incorporada ao cotidiano da população, e a coletividade passa a identificar o espaço como parte da sua realidade, promovendo a sua preservação. Tal abordagem sobre a questão das áreas verdes se aproxima da discussão sobre a manutenção do patrimônio de uma cidade, que é o cerne do equipamento aqui estudado. A Lagoinha é uma área verde, ao mesmo tempo que foi tombada como patrimônio. Conforme Lyra (2016), a concepção de patrimônio sob uma ótica preservacionista, de imobilidade e rigidez em relação ao tempo e as mudanças da sociedade tem se mostrado nociva quanto à preservação do patrimônio. Em benefício da própria existência do patrimônio, é necessário, tal qual a área verde, que seu potencial socioeconômico seja reconhecido e que ele seja inserido na vida contemporânea. A preservação do bem pode usufruir de medidas legais que assegurem sua proteção (no caso da Lagoinha, o seu tombamento), mas deve ser associada também à restauração, referente à dimensão material, física; e a revitalização, que se refere ao seu uso e fruição contínua. O produto final será o “patrimônio vivo” (LYRA, 2016, p. 234).

Figura 5 | Recorte do mapa de Goiânia contendo as regiões Central, Sul, Campinas e Macambira-Cascavel. Em verde, os parques urbanos implementados. Em termos comparativos, região centrais ou eletizadas possuem mais parques. (Fonte: Mapa elaborada pelo Autor.) considerações iniciais | 17


Figura 1 | Crianรงas brincando na grade da pista, a Lagoinha ao fundo (Foto: Autor, 2019)


Na próxima parte, uma síntese da análise do Hipódromo da Lagoinha, e os fatores que determinaram o programa do Parque, bem como as referências projetuais aqui utilizadas. As informações apresentadas nessa segunda parte também são uma síntese dos estudos e análises desenvolvidos em “Nas Bordas Da Pista: Parque Urbano da Lagoinha (Parte I)”, disponível na íntegra em [https://issuu.com/roneyhaarengl/docs/parque_urbano_da_lagoinha_-_roney_h]

parte 02: partido projetual


03 estímulos percebidos A Lagoinha, apesar de ser considerada subtutilizada enquanto equipamento urbano, comporta uma variedade de “lugaridades”, decorrentes da apropriação dos moradores do bairro. No intuito de ilustrar a dimensão do Hipódromo, bem como os vários estímulos e as diferentes percepções de lugar que ele emana, foi realizada esta ilustração. Compreendendo os estímulos percebidos, será possível conceber um programa de necessidade que os potencialize.

No centro da pista está o brejo. Ambos são os elementos mais importantes do conjunto.

Para as atividades que se relacionavam aos tipos de lugares enunciados por Lineu Castelo, foi atribuída uma cor, sendo elas: lugar de pluralidade lugar de memória lugar de aura

Na Praça do Jóquei, pessoas fazem caminhadas e passeam com seus animais. Jovens usam o espaço como ponto de encontro.

Durante a feira de automóveis, os carros são expostos na Avenida Pachêco de Moura. Os vendedores se aproveitam da sombra dos flamboyant na ilha central para colocar suas cadeiras de praia e esperar pelos clientes. Espontamente, vendedores montam barracas de comida para atender à feira de automóveis. As quadras de futebol e seu bar atraem usuários durante toda a semana.

Na faixa central do Hipódromo, entre a avenida e a pista, concentram-se as atividades relacionadas ao turfe. Por aqui, os cavalos são levadas, a pista, ao hospital veterinário e à piscina para realizar a limpeza.

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Ao fundo, o Morro do Mendanha é um elemento visual de interesse. O Projeto Macambira Anicuns prevê a construção de um parque urbano em suas dependências, o Parque da Pedreira.

As baias, edifícios da década de 1950, abrigam os cavalos de corrida e as famílias que cuidam deles. A caixa-d’água do conjunto é um marco visual na paisagem.

Na parte posterior do Hipódromo, a ambiência muda. Árvores espaçadas são casa para diferentes animais: guarás, rãs, quero-queros, curicacas, araras-canindé, garças. Várias espécies de gramíneas e pequenos trechos alagadiços evocam o ambiente natural da região. Vez ou outra é possível ver moradores da região coletando plantas ou frutos no Hipódromo. Ingá, macela, taioba e capuchinha são alguns dos insumos que podem ser encontrados. Coletar frutos é um hábito antigo relatado no bairro.

Nas arquibancadas do Hipódromo, os usuários assistem as provas de turfe e observam a vista. Alguns dias durante o mês, o salão de festas recebe eventos noturnos. Durante a semana, quando está vazio, jovens utilizam a arquibancada como espaço de encontro.

Os muros cercando o Hipódromo limitam o espaço e interrompem a paisagem.

partido projetual | 21


04 espacialidade dos lugares A partir dos estímulos apreendidos, é possível perceber que a Lagoinha evoca os três tipos de lugares enunciados por Lineu Castelo. Na vista abaixo, foram remetidos a fim de perceber a espacialidade que eles tomam:

lugar de pluralidade

É nesse espaço em que se concentra a maior diversidade de usuários, motivados por diversas razões. Pessoas chegando ao Hipódromo, compras, vendas, trocas. Pessoas jogando futebol, festejando no bar, caminhando na praça, descansando na sombra, constantemente interagindo uma com as outras.

lugar de memória

Por memória, compreende-se as vivências dos usuários, principalmente as ligadas ao turfismo. Pessoas cuidando dos cavalos, cavalgando-os, acompanhando as corridas enquanto sentadas nas arquibancadas, um programa que acontece aqui por mais de 50 anos.

lugar de aura

O conceito de aura refere-se tanto a aura cultural de um local, aqui relacionada ao hipismo, tanto quanto à aura natural do espaço, o genius loci. De certa forma, foi a conformação da região enquanto terreno alagadiço que motivou a sua doação ao Jóquei Clube de Goiás, e foi a existência do Hipódromo que permitiu que a área fosse conservada conforme a área foi ocupada. Aqui tem-se a amostra mais próxima desse ambiente natural, onde se pode sentir a natureza, o brejo, as gramíneas, os pássaros.

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05 projeto de programa A partir dos tipos de lugares percebidos no Hipódromo, foi feito um exercício buscando entender quais hábitos de cada tipo de lugar poderiam ser potencializados. ENCONTRAR CHEGAR

ANDAR A CAVALO

COMPRAR

CONVERSAR

VENDER

DESCOBRIR SENTIR A NATUREZA

INTERAGIR ENTRAR

PRESERVAR CAMINHAR OBSERVAR PÁSSAROS

FESTEJAR EXERCITAR VER OS CAVALOS CELEBRAR

COLETAR FRUTOS PERMANECER OBSERVAR OBSERVAR O GOIÂNIA MENDANHA

DESCANSAR

VER A NATUREZA

Considerando os hábitos percebidos como positivos, pensou-se como esses hábitos poderiam ser potencializados, ou seja, quais estrutura, espaços e novos estímulos poderiam ser introduzidas no espaço. Essas proposições formam as partes seguintes desse caderno

ESPLANADA DA LAGOINHA •

Espaço livre para abrigar pequenos eventos e apropriações espontâneas dos usuários

CENTRO EQUESTRE DA LAGOINHA •

Manutenção das atividades hípicas, com implementação de escola de equitação e centro de equinoterapia e novo edifício social para Hipódromo

CENTRO AMBIENTAL DA LAGOINHA •

Recuperação ecossistêmica da área

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06 levantamentos mapa de aspectos ambientais (escala micro)

Pátio de Veículos

Pátio de Veículos

Brejo

Brejo

0,1km

Área Original do Hipódromo: 60,1ha Área Atual do Hipódromo: 32,7ha Área da Pista e Brejo: 16,1ha

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áreas permeáveis area de banhado


mapa do levantamento fotográfico (escala micro)

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Área Original do Hipódromo: 60,1ha Área Atual do Hipódromo: 32,7ha Área da Pista e Brejo: 16,1ha

hipódromo aspectos ambientais

Figura 4 | Imagem de Satélite da Cidade Jardim

(Fonte: Mapa Fácil de Goiânia, 2017 - Editado pelo autor)

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07 projetos referenciais

Figura 2 | Passeios e áreas de estar criadas no projeto do parque, intercalados por área alagadas (Foto por: Turenscape/Fonte: Landezine)

parque de águas pluviais de quinli projeto: Turenscape localização: Haerbin City, China área: 34,2hectares ano: 2010 O distrito de Quinli, na cidade de Haerbin City, na China, foi construído em 2006 sob uma área pantanosa, considerada uma zona protegida pela importância ambiental. Com a ocupação intensiva, as nascentes remanescentes na área estavam ameaçadas, o que culminou na proposta da criação de um parque de terras pluviais na porção intocada que ainda existia, no centro do distrito. A intenção projetual foi de, ao manter o núcleo ambiental intacto, permitisse que ele armazenasse as águas das chuvas para que elas pudessem infiltrar no aquífero, ao mesmo tempo em que promovesse um novo espaço urbano para a comunidade.

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Figura 4 | A passarela se converte em mirante (Foto por: Turenscape/ Fonte: Landezine)

estratégia projetual

A fim de permitir a preservação do ambiente, a primeira estratégia tomada foi deixar o núcleo central (onde estão as principais áreas de banhado) intocado. A partir de um sistema de cortes e aterros na topografia do entorno do parque, foi criado um sistema de pequenos lagos e morros que isolam o centro das vias do entorno. Esse sistema permitiu a implementação de um sistema e tratamento de água, que por meio de decantação (e com o auxílio de variadas plantas) purificam a água que são liberadas na parte central para que sejam infiltradas. A segunda estratégia foi a construção de uma rede de passarelas sob essas pequenas lagoas e montes, fornecendo espaços de permanência e caminho para o usuários. O fato de estarem suspensas permite que os usuários tenham um contato com a área verde que não gera interferência no núcleo a ser preservado. Mirantes e áreas com bancos são os espaços projetados para que o contato entre usuário e local seja efetivo e duradouro. Ao deixa que o núcleo central permaneça intocado, o projeto permite que a auto-regeneração do parque, auxiliado pelo sistema de cortes e aterros que promove o manejo correto das águas pluviais. A clara distinção entre ambiente natural e ambiente construído permite que o parque atinja ambas suas ambições de espaços para a comunidade e preservação do meio ambiente.

Figura 5 | Ao suspender a passarela, o terreno alagado fica livre para se regenerar (Foto por: Turenscape/ Fonte: Landezine)

Figura 6 | Entrada do parque, com passarelas se elevando (Foto por: Turenscape/ Fonte: Landezine)

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Passeios e áreas de estar criadas no projeto do parque, intercalados por área alagadas (Foto por: Turenscape)

Figura 7 | A esplanada da praça, assentada com tijolos queimados. Ao fundo, arquibancada e tótens de concreto (Fonte: Archdaily)

praça pampulha projeto: Arquitetos Associados localização: Belo Horizonte, Brasil área: 19.000m2 ano: 2008 Implantação: Localizado na orla da Lagoa da Pampulha, a Praça Pampulha foi um intervenção urbana construída no intuito de prover ao complexo um espaço desimpedido, capaz de acolhar eventos de médio e grande porte. A praça se abre para a lagoa, e amplia sua área ao alocar serviços complementares (banheiros) abaixo do nível da praça, e tornando sua cobertura em área da praça. Programa: A parte principal da praça compreende uma esplanada seca, complementado por postes de concreto para iluminação. Conforme se distancia da lagoa, a área gramada aumenta, contemplando um uso mais intimista com arborização. Sanitários públicos e lanchonete complementam o uso, com face voltada para a área de estacionamento. A cobertura dessas instalações é utilizada como arquibancada, delimitando a área da praça.

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Figura 8 | Planta de implantação (Fonte: Archdaily)

Tectônica: Em contraposição à grande explanada, postes robustos (totens) de concreto marcam a praça verticalmente. O orçamento restrito para uma extensa área motivou o uso de materiais resistentes e de baixo custo: o tijolo requeimado para pavimentações e elementos verticais; o concreto para os tótens; brita e grama para as áreas permeáveis.

Figura 9 | Área gramada na parte posterior da praça (Fonte: Archdaily)

estratégia projetual

O equilíbrio entre a parte seca e parte arborizada garante que praça seja utilizada para mais de um tipo de evento. A escolha da pavimentação em tijolo requeimado, permitindo que os totens mais elaborados plasticamente fossem incluídos no orçamento. A implantação dos espaços complementares em uma cota abaixo do nível da praça, utilizando a parte de cima como complemento da praça é um uso interessante da topografia.

Figura 10 | Espaços de apoio em meio nível; voltados para estacionamento (Fonte: Archdaily)

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Figura 15 |Em primeiro plano, o picadeiro aberto, em seguida o edificio. Ao fundo, açude criado pela drenagem do terreno (Foto por: Lisbeth Grossman /Fonte: Archdaily)

centro equestre projeto: Seth Stein Architects, Watson Architecture+Design localização: Merricks, Austrália área: 3.000 m2 ano: 2014

Implantação: A implantação do edifício equestre demandou a nivelação do terreno e a drenagem da água, que proporcionou a criação de um pequeno lago com uma ilha como santuário para aves. Programa/Forma: O edifício em formato de meio lua proporciona estábulos, área de lavagem, depósito e espaço para workshop e alimentação, bem como um pequeno escritório. Um celeiro armazena o feno e estacionamento pros veículos do estábulos. Externamente, uma pequena piscina para cavalos, dois pátios (um seco e outro com grama) e uma arena para eventos de demonstração prática e saltos.

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Figura 16 | Planta de implantação, com edificio em meia-lua, picadeira e açude. (Foto por: Lisbeth Grossman /Fonte: Archdaily)

Figura 17 |Parede de taipa e vedações em madeira (Foto por: Lisbeth Grossman /Fonte: Archdaily)

Tectônica: A cobertura em telha de zinco é apoiada por uma parede de taipa, suportada por estrutura em madeira laminada e vedação em painéis de madeira.

estratégia projetual

O edifício em meia lua faz as vezes de muro do própria complexo, e centraliza as atividades para a arena, e o programa se acomoda em uma volumetria compacta. A cobertura também serve para direcionar a água das chuvas, que alimentam o açude. Figura 18 |Transição entre baias e arenas (Foto por: Lisbeth Grossman /Fonte: Archdaily)

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Figura 19 | A estufa, com seus cinco pavilhões conjugados, em estrutura abobadada (Fonte: Archdaily)

estufa da exposição de agricultura de Taoyuan projeto: BIAS Architects localização: Taoyuan, China área: 3.000 m2 ano: 2018

Implantação/Forma/Tectônica: Localizado em um terreno plano próxima a um lago, a estufa compreende 5 pavilhões conjugados, todos concebidos em uma estrutura metálica delgada com vedação em telas de diferentes colorações e espessuras, conforme a necessidade de cada ambiente, com dois acessos principais, criando um circuito entre aos espaços.

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Figura 20 |Planta da estufa, com ênfase nos espaços de circulação (Fonte: Archdaily)

Programa: A intenção do projeto é permitir com que os usuários tenham uma experiência sensorial e lúdica junto às plantas, criando um percurso e mesclando a estufa com diferentes programas. Cada pavilhão atende a uma especificidade climática para um conjunto de plantas específicas. O primeiro e segundo pavilhões são sombreados, úmidos e arejados; alojam samambaias e funcionam como um espaço de estar e espaço de refeições. A terceira parte acomoda uma cozinha, e uma horta hidropônica vertical, que são processados na cozinha e servido no segundo pavilhão. A quarta zona é mais quente e seca, com maior incidência solar, e serve para a dissecação de vegetais. A quinta e última parte é quente, úmida e escura, e comporta a cultura de fungos, bem como um pequeno auditório.

Figura 21 |Primeiro pavilhão, com samambaias (Fonte: Archdaily)

estratégia projetual

Conjugar espaços de atividades com às áreas de cultivos de muda amplia a vocação de um viveiro. A criação de um percurso interno, com pequenos mezaninos. O uso de estrutura metálica leve reduz o impacto no meio ambiente. Figura 22 |Viveiro vertical, e escada para segundo pavimento do pavilhão (Fonte: Archdaily)

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Figura 1 | Hipรณdromo da Lagoinha, com morro do Mendanha ao fundo (Foto: Autor, 2017)


O Parque Urbano da Lagoinha parte da premissa de garantir as condições ambientais necessárias para a manutenção das nascentes dentro do brejo, bem como ampliar a atividade do hipismo na região, entendo-a como expressão cultural singular da cidade de Goiânia, de modo que a área passe a fazer parte do cotidiano de uma fatia mais da população Limitada a norte pela Avenida Attílio Côrrea Lima e pelo Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Goiás (DETRAN-GO), e a sul pela Avenida Altamiro Moura Pachêco e por uma franja de lotes residencias, o parque se desenvolve no interior da quadra em que está localizado.

parte 03 parque urbano da lagoinha


08 plano geral Av en

01

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02

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05 D

Av en

id

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05 G a

05 F

05 B

Alameda de acesso de carros ao Centro Equestre e Vila Hípica

05 C

05 E


01 - DETRAN - GO (Funcionamento: 7h-19h) 02-Complexo de Delegacias da Polícia Civil (Funcionamento: 7h-18h) e Central de Flagrantes (Funcionamento: 24h) Alameda de acesso de carros ao Hopistal da Polícia Militar

03 - Hospital da Polícia Militar de Goiás (Funcionamento: 7h-22h) 04 - Clube da Telegoiás (Funcionamento: 8h - 17h)

Lima

05 - Parque Urbano da Lagoinha 05 A - Centro Ambiental 05 B - Centro Equestre 05 C - Esplanada Pré-existências: 05 D - Vila Hípica 05 E - Hospital Veterinário 05 F - Piscina para Cavalos 05 G - Bebedouros para Cavalos (Ruínas)

04 03

05 A

acesso pedestres acesso veículos acesso a instituições edifício pré-existente vegetação existente brejo limites do parque passeios calçada portuguesa passeio térreo passarela elevada

plano geral Detalhe 01: Passarela Elevada sobre Área Alagadação (ver pág.35)

(implantação) 0,1km


09 diretrizes urbanas O projeto do Parque Urbano da Lagoinha reconfigura a quadra do Hipódromo, e potencializa o espaço como uma centralidade para o bairro ao invés de uma barreira. A requalificação da área segue algumas diretrizes de caráter urbano. Essas serão responsáveis em alterar a relação da Lagoinha com a cidade, valorizando-a enquanto instância ambiental, equipamento urbano e espaço público. DIRETRIZES 1. Expansão da área do parque O projeto parte da premissa de redesenhar os lotes das instituições e incorporar áreas defasadas. Uma exntensão de 6ha será adicionada à área atual, ampliando a área verde do parque. 2. Transponibilidade do Terreno Ao redesenhar os lotes das instituições que fazem muro com o equipamento, o novo perímetro permite que o parque proposto se extenda até a Avenida Attílio Corrêa Lima, estabelecendo conexões de interesse aos usuários. 3. Acesso às Instituições Lindeiras O novo desenho do parque permite uma conexão direta entre a Lagoinha e as demais instituições da área, permitindo que o parque se aproveite do público proveniente desses outros equipamentos urbanos. 4. Estacionamentos Limitados Em vista da fragilidade do brejo, a presença do carro no carro foi limitada. Há apenas duas vias de rolamento para carros: uma para acesso ao Hospital da Polícia Militar e outra para o acesso ao Centro Equestre/ Hospital Veterinário/Vila Hípica. Os estacionamentos do Complexo de Delegacias e Hospital da Polícia Militar foram mantidos no redesenho dos lotes.

42 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


área original do Hipódromo: 60,1 ha

área atual do Hipódromo: 32,7 ha área proposta para o parque: 38,7 ha

perímetro original perímetro atual perímetro proposto

vista 01 - expansão da área do parque DETRAN-GO

Complexo de Delegacias e Central de Flagrantes Hospital da Polícia Militar Clube da Telegoiás

conexões entre instituições e parques limites propostos para instituições

estacionamento hospital veterinário (vagas: 12 vagas)

vista 02 - instituições estacionamentos complexo de delagacias (vagas: 159 vagas) estacionamento hospital da pm (vagas: 54 vagas)

estacionamento centro equestre (vagas: 98 vagas) acesso de pedestres pistas para acesso de veículos estacionamentos

vista 03 - acessos e estacionamentos parque urbano da lagoinha | 43


Av en

ida

Centro Ambiental da Lagoinha

a

r ou

M iro m o lta hêc a A ac P

id

en Av

0,1km

44 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

At

tíli

o

a

a Lim

Corrê


No Parque Urbano da Lagoinha, o caráter ambiental tem um grande protagonismo. Os estímulos para ampliar a percepção de ‘lugar de aura’ serão decorrentes de dois pontos: 1. A expansão da área verde da Lagoinha 2. A rearborização e reconstrução ecossistêmica da área Garantida a expansão da área verde com a integração entre o Hipódromo e os edifícios do entorno, o Centro Ambiental surge como estratégia para coordenar a rearborização, um ‘canteiro de obras’ , mas que também aberto ao visitante do parque, com a oferta de espaços de permanência e oficinas. Somados aos jardins, brejos e passarelas, o objetivo é que os usuários entrem em contato com a natureza de uma maneira singular.

plano geral

(lugar de aura)

lugar de aura

lugar de aura| 45


10 caráter ambiental Em decorrência da fragilidade ambiental da Lagoinha e na intenção de preservar as nascentes no Parque e potencializar a percepção do usuário de “lugar de aura”, o projeto do se volta para a reconstrução ecossitêmica do complexo. De acordo com BERTONI (1965, apud BARBOSA 1989, p. 175), a cobertura vegetal contribui ao diminuir do impacto da chuva sobre o solo. Com o auxílio das raízes, o solo aumenta os níveis de matéria orgânica, aumentando também a percolação da água e a capacidade de retenção hídrica, diminuindo a velocidade com que a enxurrada escoa. De acordo com o Instituto Terra, que já recuperou mais de 7.000ha de mata atlântica no interior de Minas Gerais, a recomposição do solo promove o resgate dos recurso hídricos da região, eleva a quantidade de biomassa e permite um retorno de animais nativos à região. A estratégia seria adequada na manutenção da Lagoinha enquanto patrimônio ambiental. As principais nascentes estão localizadas na parte interior da pista, o que garante sua integridade. Uma outra grande mancha de área alagada está ao sul do terreno, protegida por uma intensa massa arbórea.

estratégias para reconstrução ecossitêmica 1. Manter núcleo central intocado Em vista do protagonismo e importância que o conjunto pista-brejo possuem, a decisão foi mantê-los intocados, liberados ao processo natural da área. 2. Definição dos jardins Pequenas movimentações de terra serão feitas para a criação de brejos e jardins de chuva, para ampliar a capacidade de retenção hídrica do Parque. Nos demais canteiros serão cultivadas espécies nativas do Cerrado, com enfoque para gramíneas. 4. Caminhos térreos Seguindo as formas dos canteiros, no nível do solo é estabelecida uma rede de caminhos em cascalho. Além de permitir que os usuários tenham uma abordagem mais sensorial e próxima da natureza, a permeabilidade do parque não é prejudicada. 5. Passarelas elevadas Garantindo a acessibilidade do parque aos usuários, um sistema de passarelas elevadas é projetado para conectar os principais pontos de interesse. Assentos são colocados associados aos brejos para permitir que as pessoas tenham contato com a natureza.

46 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Passarelas Elevadas

Caminhos tĂŠrreos, brejos e jardins

Brejos

NĂşcleo Intocado

Jardins de Chuva Aterros para Esplanada e Centro Equestre

Topografia

Plano Geral

lugar de aura| 47



Figura 2 | Perspectiva do Parque Urbano da Lagoinha, com Centro Equestre ao fundo


11

jardins Os jardins do projeto são divididos em três categorias: brejos, canteiros e jardins de chuva. A implementação e manutenção dele ficará a cargo do Centro Ambiental da Lagoinha, detalhada na parte 6 deste trabalho, “Lugar de Aura”.

canteiros Os canteiros do Parque são as áreas onde serão plantadas mudas de médio de grande porte do cerrado a fim de reestabelecer a cobertura vegetal. No entanto, compreendendo que o crescimento de espécies do cerrado é lento, em um primeiro momento os jardins serão feitos com espécies de gramíneas nativas do cerrado. Para os jardins do Parque, será incorporada a abordagem do Movimento New Perreniall, em específico os trabalhos do paisagista Piet Oudolf. Além da beleza alcançável com a textura e a estética das gramíneas e reduzir os custos de manutenção da área, seu uso funciona como um primeiro passo em direção a sucessão ecológica e cria uma situação mais favorável para o crescimento das mudas.

Figura 2 | Penstthorp Millenial Garden, por Piet Oudolf (Fonte: oudolf.com, Acessado em 2019) 50 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


brejos À partir da construção de pequenos arrimos, foram delimitadas áreas para ficarem constantementes alagadas denominadas aqui de “brejos”. Além de ampliarem a capacidade de retenção hídrica, eles oferecem ao usuário uma proximidade maior com a configuração alagadiça da Lagoinha.

passeio em cascalho

lâmina de água (h=50cm)

arrimo

Os brejos servirão como berçário para árvores de buriti, cujo crescimento é favorecido em áreas alagadas e a silhueta é protagonista na paisagem natural do Cerrado

camada de cascalho (h=15cm) para retenção de água

sarjeta

vista isométrica

jardins de chuva Os jardins de chuva promovem um incremento à capacidade de retenção de água no parque. Escavados 50cm à nível do solo, estão locados contíguos às instituições dentro do parque, que associados às fronteiras (ver página x), separam os espaços de uma maneira menos abrupta.

passarela em concreto pré-moldado

(apoiada sobre as barreiras)

barreira em pré-moldado

concreto

(reduz velocidade de escoamento da água)

dreno de profunda

infiltração

vista isométrica lugar de aura | 51


12

passeios Os passeios do projeto priorizam soluções que não afetam a permeabilidade do solo. Seguem três tipos: calçada portuguesa, passeios em cascalho (caminhos térreos) e passarelas elevadas.

calçada portuguesa Os passeios que conectam o Parque com as ruas, bem como os acessos e a Esplanada, serão pavimentados com calçada portuguesa, por entender esse tipo de pavimentação como característico dos espaços públicos brasileiros. A possibilidade de criar padrões e desenhos pode ser utilizado como um elemento unificador do Parque.

passeios térreos Os passeios térreos no interior do Parque serão feitos em cascalho, pela sua alta permeabilidade, baixo custo e a possibilidade de explorar uma nova sensorialidade no trajeto do usuário. A caminhada mais devagar que o cascalho demanda propricia que o visitante observe e explore mais a natureza ao seu redor.

passarelas elevadas O sistema de passarelas elevadas propícia conexões mais acessíveis e diretas aos usuário. Elevado no mínimo 60cm do solo, causam um menor impacto do solo, garantindo a permeabilidade do solo. piso em madeira guarda-corpo em aço patinado (estrutura independente instalada diretamente no solo) largu

ra mín ima 1,5m

altura do guarda-corpo 1,80m

altura do solo mín.: 0,60m máx.: 1,20m

estrutura metálica (pilar 10x10cm) sapata de concreto pré-moldado para fixação da passarela

o vã 3m

vista isométrica: passarela elevada 52 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


bancos

Ao longo do parque foram instalados estruturas de bancos, que se conectam com os passeios térreos e as passarelas elevadas. Esses assentos permitem que os usuários tenham uma interação mais próxima dos brejos e da vegetação do parque.

banco contínuo em madeira. (fechamento lateral em aço patinado)

tablado de madeira (dimensões

estrutura metálica

vista isométrica : banco

vista isométrica : passarela, banco e brejo banco brejo

passarela elevada altura do solo: 0,60m rampa (i=3%) conexão entre passeios térreos e passarelas elevadas

corte esquemático - banco e passarela elevada (escala 1:100) lugar de aura | 53


passarela elevada sobre área alagada

(detalhe 01 no plano geral)

Na porção sudeste do Parque, uma área algadiça pré-existente e um desnível de 5m no terreno (o maior da área) exigiu um solução dirente para as passarelas, que reduzisse o impacto visual que o outro modelo teria na paisagem.

largura 3,00m

guarda-corpo em aço patinado (com base para ser anexado nas vigas da passarela)

altura máxima 5,80m

piso em madeira

corte - passarela elevada sobre área alagada (escala 1:100)

estrutura metálica

pilar de concreto pré-moldado cilíndrico ø = 40cm

detalhe - passarela elevada sobre área alagada (escala 1:100)

o vã 6m

vista isométrica

vista - passarela elevada sobre área alagada (escala 1:900) 54 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


13

centro ambiental da lagoinha O projeto do Centro Ambiental da Lagoinha visa criar a infra-estrutura necessária para que a implementação do Parque seja alcançada. Esse centro é uma estrutura metálica de dois pavimentos, na qual as mudas para o parque são cultivadas e onde o usuário pode ter um contato maior com as plantas e aproveitar a vista. O Centro conta com um laboratório para manejo de sementes e um para manejo de mudas, bem como sala multiuso para oficinas e palestras. Tem capacidade para o armazenamento de até 400 mudas, que atingindo a altura mínima necessária (15cm para mudas do Cerrado), já poderão ser transplantadas para os canteiros..

pré-existência: lanchonete e vestiários

( a ser reativado para complementar as atividades do centro ambiental)

implantação

(escala 1:700)

lugar de aura | 55


legenda pré-existência: 01- lanchonete 02- vestiário centro ambiental: térreo 03 - viveiro 04 - mesa para mudas 05 - laboratório para manejo de mudas 06 - laboratório de sementes 07 - sala multiuso 08 - depósito 09 - praça

02 01 02

02

09

05 06

07 04

01

03

08

04

ram

pa

(i=

8% )

so

02

be

01

planta pavimento térreo (escala 1:250)

56 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


02

legenda centro ambiental: primeiro pav, 01 - apoio para funcionários 02 - administração

ram (i= pa 8% )

01 02

i= 8 %) pa ( ram

de sce

ram

pa (

i= 8 %)

01

02

ram (i= pa 8% )

planta primeiro pavimento

(escala 1:250)

espaços de acesso restrito

tela de sombreamento atirantada

+9,20

+3,06

corte 01

(escala 1:250) lugar de aura | 57


Figura 1 | Perspectiva da fachada do Centro Ambiental da Lagoinha

palmeiras pré-existentes edifício pré-existen

58 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


tela de proteção anti-afídeo translúcida

tela de sombreamento redutora térmica capacidade 70%

estrutura metálica secundária

seção tubular diâmetro 10cm para apoio da cobertura e plantas

parede em dry wall

áreas de trabalho/permanência prolongada dos funcionários

tela de proteção anti-afídeo translúcida

painel ripado de madeira revestimento do depósito e rampa

calhas

laje em clt estrutura metálica primária pilar metálico 15x15

prateleiras para plantas capacidade”até 400 mudas de 25x15cm

vista isométrica

prateleiras

capacidade para até 400 mudas de 15x25cm

corte 02

(escala 1:250) lugar de aura| 59


Av en

Acesso 05

ida

Acesso 04

Acesso 03

Acesso 02

a

r ou

M iro m o lta hêc a A ac P

id

en Av

Esplanada (Acesso 01)

0,1km

i

At

tíli

o

a

a Lim

Corrê


A rua é, por essência, uma espaço de pluralidade, onde diferentes usos e diferentes usuários se cruzam. Aproveitar a dinâmica da rua, criando uma zona de transição que atraia quem passa pela calçada é um boa estratégia para inserir o parque na vida urbana. Desenhados como um recuo de em torno de 20m da guia da rua, os acessos são as “iscas”dos parque.

o percurso do usuário A metodologia de projeto para o desenho do Parque Urbano da Lagoinha partiu da estruturação do percurso do usuário e dos visuais que ele encontrará ao longo do caminho, de modo a enaltecer a singularidade da paisagem natural e conferir ao parque um aspecto de unidade. O percurso do usuário se dará nas seguintes etapas:

ACESSO RUA

PARQUE INSTITUIÇÃO

plano geral (acessos)

lugar de pluralidade


14 acessos

Os acessos são as “soleiras” do parque , os espaços de transição entre a rua e as área verde, bem como espaço de permanência que ofereça um primeiro atrativo para o parque No papel de entrada do parque, os acessos fazem uso de materialidade e linguagem visual que definem a identidade do parque, e demonstram a unidade do todo: marcos visuais, bancos, fronteiras com as instituições, e estruturas modulares para fornecimento de serviços..

62 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Figura 1 | Visualização do acesso 02

lugar de pluralidade | 63


Vila Hípica

05 05 Acesso Vila Hípica

04

Acesso de Pedestres ao Parque

Avenida Altamiro Moura Pachêco

64 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

Acesso de e Veículos ao P ca, Hospital Ve tro Eq


e Pedestres Parque, Vila Hípieterinário e Cenquestre

legenda: Esplanda da Lagoinha (Acesso 01) l 01 - Estrutura Modular 02 (Bar) com Cobertura 02 - Praça Seca 03 - Fonte de Piso Acesso 02 04 - Estrutura Modular 01 com Cobertura 05 - Passarela Elevada de Madeira acesso pedestres acesso veículos acesso a instituições marco vertical: poste

Centro Equestre

Alameda

Piscina para Cavalos

Hospital Veterinário

02

01 03

03

03

01

Esplanada (Acesso 01)

Acesso de Pedestres e Veículos ao Parque, Vila Hípica, Hospital Veterinário e Centro Equestre

05

acessos av. moura pachêco (escala 1:1500) lugar de pluralidade | 65


Figura 3 | Acesso 03, por dentro do DETRAN-GO

Acesso 04 03

02

Acesso 03 (Pelo DETRAN-GO)

01

02

66 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


legenda: Acesso 03 (DETRAN-GO) 01 - Estrutura Modular 02 (Bar) 02 - Passarela Elevada de Madeira Acesso 03 e 04 03 - Estrutura Modular 01 04 -Estrutura Modular 03 (Banheiros) acesso pedestres acesso veículos acesso a instituições marco vertical: poste

03 03

Acesso 05

03

02

acessos av. atíllio corrêa lima (escala 1:1500) lugar de pluralidade | 67


15 esplanada da lagoinha

Baseado na percepção de ‘lugar de pluralidade’ que a Avenida Moura Pachêco tem, a Esplanada do Lagoinha é a principal entrada do Parque. Compreende uma praça seca de 120mx40m, delimitada por um conjuntos de sete marcos visuais , os “moinhos”. Localizada no ponto mais alto do terreno, a Esplanada permite ao usuário uma vista parcial do Parque, e a oportunidade de observar o Centro Equestre e promover um reconhecimento das atividades hipicas no parque. A proposta é que esse seja um espaco urbano capaz de receber eventos temporários, como pequenos festivais de música, atrações circences, exposições a céu aberto, parques de diversão, e assim dinamizar a tipologia de espaços públicos no bairro. Nas laterais da praça,foram instaladas estruturas modulares para receber pequenos restaurantes e bares, e assegurar a pluralidade do local. Para diminuir a sensação árida que o espaço pode provocar, foram instaladas ao centro da praça três conjuntos de fonte de piso, a serem utilizadas na ausência de eventos maiores, bem como áreas gramadas associadas aos pavilhões.. Os “moinhos”, com 23m de altura cada, estabelecem um diálogo direto com a caixa-d ‘água da Vila Hípica, estrutura pré-existente, e marcam a paisagem do bairro.

68 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Figura 1 | Perspectiva da Esplanada do Lagoinha

lugar de pluralidade | 69


marcos verticais Os marcos verticais são utilizados como identificadores visuais da existência da Parque Urbano da Lagoinha. Utilizando-se da repetição, ritmo e de uma linguagem visual semelhante, marcam a paisagem e unem o parque como um todo. Aparecem em duas variações: os moinhos, utilizados na Esplanada, e os postes, utilizados em todo o restante do parque.:

marcos verticais: moinhos Tomando como referência formal a caixa-d’água pré-existente na Vila Hípica, os moinhos são os marcos verticais que delimitam a Esplanada, principal espaço de acesso do Parque. Um conjunto de estruturas metálicas coroadas por hélices vermelhas, a proposta é que eles marquem a paisagem urbana do entorno e sirvam como um indicativo da existência do equipamento urbano.

marcos verticais: postes Os postes repetem a bandeira em chapa metálica trinagular dos moinhos, e são responsáveis pela iluminação do parque, bem como a unidade visual. topo escalonado

chapa metálica vermelha

marcos visuais 3,35m

6m

(vista e perfil)

poste

6m

23m

25m

(vista e perfil - escala)

Poste (Vista e Perfil)

70 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

Moinho (Vista e Perfil)

Caixa-d’água da Vila Hípica (Pré-Existente)


estrututuras modulares Ao utilizar estrutura modulares para pequenos comércios e serviços, cria-se um novo ponto de interesse para que o usuário se aproxime e utilize do parque. A ideia de utilizar estruturas modulares permite uma fácil expansão e a adição de novas estruturas conforme a demanda. O que é apresentado aqui é apenas uma proposição de como poderiam ser essas estruturas, bem como um cobertura que incremente a área sombreada para o conforto do usuário.

laje em CLT vedação em UGLASS

estrutura metálica

laje em CLT painel ripado de madeira (pergolado)

estrutura metálica pilar seção tubular diâmetro 15cm

porta de correr em aço patinado piso elevado em CLT

3m

3m

4m

estrutura modular

(vista isométrica)

Módulo 01 (3x3x3m) Centro de Informação do Parque Mercado Informal (banca de jornal, chaveiro, floriculturas)

Módulo 02 (6x3x3m) Lanchonetes Bares

4m

estrutura modular - cobertura

(vista isométrica)

Módulo 03 (6x3x3m) Sanitário Público

estrutura modular- propostas

(vista isométrica)

lugar de pluralidade | 71


fronteiras As divisórias entre o Parque e as demais instituições em seu interior serão feitas por estruturas modulares de metal fechadas por chapa moeda em aço patinado, a fim de manter uma relativa permeabilidade visual. A fim de reduzir o impacto ambiental, a estrutura similar a um cacavalete é premoldado, assentada com uma sapata de concreto pré-fabricada, e dista 30cm do chão, de modo a reduzir as áreas impermeabilizadas e permitir o escoamento da água pelo terreno.

banco O banco para áreas internas toma como referência o banco na parte interna do parque. Em madeira, sustentado por seção de viga em formato I e fechamento em aço patinado.

marcos visuais

(vista e perfil - escala 1:100)

30

2m 1,7

2m

Fronteiras (Vista)

72 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Figura 1 | Acesso 04

Figura 1 | Acesso 05 lugar de pluralidade | 73


Av en

ida

a

r ou

M iro m o lta hêc a A ac P

id

en Av

Centro Equestre da Lagoinha

0,1km

At

tíli

o

a

a Lim

Corrê


Para que um lugar continue vivo na memória do coletivo, é necessário renovar seus usuários para que eles criem novas memórias. O Centro Equestre parte da premissa de atrair um número maior de usuários ao hipismo, ampliando o programa do Hipódromo.Abaixo, um glossário com termos relacionado ao Hipódromo para facilitar a leitura.

Equitação: a arte da cavalgada, treinamento feito para coordenar a consciência humana com a do animal. Hipismo: modalidade da arte de montar a cavalo que compreende todas as práticas desportivas que envolvam o animal. Envolve diferentes modalidades, dentre adestramento, salto, corridas e polo, existindo modalidades olímpicas, paraolímpicas e não-olímpicas. A base do hipismo é a equitação. Hipódromo: área descoberta em que se realizam corridas de cavalo e outros exercícios de equitação. Equoterapia: método terapêutico baseado na equitação. Busca-se o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais. A Equoterapia emprega o cavalo como agente promotor de ganhos a nível físico e psíquico. Exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o desenvolvimento da força muscular, relaxamento, conscientização do próprio corpo e aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio. Turfe: Modalidade do hipismo baseado em corridas de cavalos, envolve o treinamento do cavalo, a competição e apostas Páreo: Nome dado à corrida de turfe. Reunião: Conjuntos de páreos realizados em um mesmo dia. Picadeiro/Arena: Local designado para ensinar a equitação. Pode ser utilizado para provas de saltos e para a equoterapia. Padoque: termo curinga que designa área onde o cavalo descansa ou onde é preparado para as corridas. Este também pode ser chamado de selaria. Jóquei: atleta responsável por montar o cavalo. Vila Hípica: Instalação dentro de um hipódromo responsável por acomodar os cavalos, os treinadores e o pessoal de apoio responsável pelo preparo do animal para as provas de turfe.

plano geral

(lugar de aura)

lugar de memória


16

alameda

A Alameda foi uma necessidade projetutal para permitir a conexão entre as estruturas do Centro Equestre e do Hipódromo. Ao alinhar seu eixo com a caixa d’água da Vila Hípica, a via, que tem acesso restrito aos carros, é projetada para ser um espaço aprazível dentro do Centro Equestre, com sombra, bancos e uma bica de água. Numa das extremidades da via, foram mantidas dois bebedouros do primeiro complexo do Hipódromo, que é chamado aqui de Ruínas O espaço será mantido como padoque para os cavalos, mas uma escavação superficial permitirá encontrar as fundações desse primeiro edifício. Ao deixá-lo exposto, mais uma camada da história e da memória da Lagoinha é acrescentada

Figura 1 | Padoque Ruínas, com bebedouros desativados e fundações do prédio antigo

76 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Figura 2 | Perspectiva da Alameda, com Hospital Veterinรกrio, Bica e Selaria

lugar de memรณria | 77


Telha Termoacústica (i=40%)

Telha Termoacústica (i=40%)

Lona Plástica Translúcida (i=6%)

01

Padoque: Ruínas Telha Termoacústica (i=40%)

Alameda 4,30

Acesso de Veículos Restritos

Piscina Para Cavalos Hospital Veterinário

Esplanada

78 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

Picadeiro 0,00


Passarela Elevada (Deck) 0,00

03

02

Telha Termoacústica (i=5%) Telha Termoacústica (i=15%)

o

Pista 0,00

Torre de Observação

0,00 Telha Termoacústica (i=5%)

4,30 04

Acesso de Veículos Restritos Estacionamento

implantação e plantas de cobertura

(escala 1:1000)

acesso pedestres acesso veículos

edifício pré-existente

legenda: 01 - Selaria 02 - Escola de Equitação e Equoterapia 03 - Edifício Sede do Hipódromo 04 - Espaço de Chegada lugar de memória | 79


17

centro equestre da lagoinha

Do atual complexo do Hipódromo, será demolido apenas o edifício social, mantendo-se a Vila Hípica, o Hospital Veterinário, a piscina para cavalos, a Torre de Observação e a arquibancada. São propostos três pavilhões: a Selaria, a Escola de Equitação e Equoterapia e o novo Edifício Sede do Hipódromo, que incoporará a arquibancada pré existente. Serão incoporadas ao projeto um picadeiro, para as aulas de equitação e equoterapia, e uma arena coberta, para que as aulas continuem acontecendo mesmo em condições adversas. O Centro Equestre está alinhada com a passarela elevada, que aqui funciona como deck, e faz a transição entre as instalações e a pista.

80 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


Figura 3 | Visualização dos três novos pavilhões do Centro Equestre, vistos da pista.

lugar de memória | 81


03

02

01 17

01 06

03

04 04 05

09

07

16 10

14

08

12 11

19

20

04

03

Hospital Veterinário

legenda Selaria 01 - Cocho 02- Depósito de Feno 03 - Depósito de Obstáculos 04 - Lavanderia/ Manutenção de Equipamentos 05 - Acomodação de Jóqueis 06 - Selaria Individual 07 - Padoque 08 - Garagem/Oficina 09 - Arena Coberta

18 - Espaço de Chegada 19 - Bica 20 - Fonte

10 - Picadeiro 11 - Arquibancada

Edifício Sede 21 - Arquibancada

Escola de Equitação e Equoterapia 12 - Foyer 13 - Recepção 14 - Consultório para Terapeutas 15 - Depósito 16 - Sala Multiuso 17 - Vestiários

82 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

22 - Saguão 23 - Sala para Funcionários 24 - Sala da Administação 25 - Sala de Reuniões 26 - Diretoria 27 - Sala de Troféus 28 - Elevador 29 - Bar 30 - Cozinha 31 - Câmera Fria 32 - Lixo 33 - Caixa para Apostas 34 - Banheiros

1 1


02 Passarela Elevada (Deck)

Torre de Observação 21

29 27

23

26

24

33

25 28

30

31 32

22

34 01

15 13

18

02

20

Estacionamento

planta pavimento térreo (escala 1:700)

edifício pré-existente

lugar de memória | 83


cabo de aço ø = 7cm

viga secundária h=0,40m viga metálica seção I h = 1,13m montante metálico h= 2,40m

detalhe 01 - viga vagão (escala 1:200) +10,70 +4,30

84 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

Picadeiro


06

01 03 05

02 04

legenda Edifício Sede 01 - Arquibancada 02 - Elevador 03 - Salão de Festas (Capacidade 120 pessoas) 04 - Copa 05- Banheiros 06 - Varanda

planta primeiro pavimento (escala 1:700)

Detalhe 01 +24,0

+12,0

Arquibancada (Pré-Existente)

+6,20 L.N.T. +0,00

corte 01

(escala 1:700) lugar de memória | 85


Alameda

L.N.T.

Fonte

Deck

Pista

corte 02

(escala 1:700)

L.N.T.

L.N.T.

86 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha

Esplanada

Esplanada


cabo de aço ø = 7cm

pontalente metálico h = 0,40m viga secundária h = 0,40m montante metálico h= 2,40m

detalhe 02

(escala 1:200)

Alameda

Arena Coberta

Deck

Pista

corte 03

(escala 1:700)

Alameda

Escola de Equitação

Deck

Pista

corte 04

(escala 1:700) lugar de memória | 87



Figura 3 | Espaço de chegada, com Escola de Equitação, Edifício Sede e Centro Ambiental ao fundo


18 materialidade A materialidade dos pavilhões foi um foco no desenvolvimento do projeto, visando utilizar materiais que dialogassem com o hipismo e com o histórico da região. Foi utilizada estrutura metálica em aço patinado para todos os pavilhões, visto que a leveza do materal reduz o impacto na região e gera um canteiro de obras mais limpo para o parque. Nas fachadas, as paredes em geral seguiram o seguinte o esquema: tijolo de solo-cimento na base, fechamento em placa de madeira, cobertura em telha termoacústica.

escola de equitação -fachadas (escala 1:350)

90 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


selaria -fachadas (escala 1:350)

lugar de memรณria | 91


92 | nas bordas da pista: parque urbano da lagoinha


edifĂ­cio sede -fachadas (escala 1:350) lugar de memĂłria | 93



Figura 3 | Perspectiva da Vista Ă partir do salĂŁo de festas, com pista e Morro do Mendanha ao fundo


19 considerações finais Acredito que esse estudo abre espaço para reflexões sobre a distribuição de áreas verdes dentro da cidade e as necessidades projetuais para a incorporação de um parque ao cotidiano da população, bem como a questão da manutenção do patrimônio. Entender a história do bairro Cidade Jardim, da Lagoinha, e as apropriações que a tornam um ‘lugar’ foi extremamente satisfatório, e desperta uma discussão interessante em relação à qual a postura do arquiteto mediante esses espaços fronteiriços. O desafio de intervir em uma área tão extensa, migrando entre escalas tão distantes, do macro para o micro, mostrou o quanto é complexa a intervenção em espaços abertos. O processo de construção desse Trabalho de Conclusão foi, em algumas palavras, hercúleo, caótico e um pouco doloroso. Sentimentalidades a parte, foi também enriquecidor e uma orientação sobre o que gosto particularmente no universo da Arquitetura e Urbanismo. Dentro disso, foi um ótimo exercício para intervir à minha maneira, e projetar ideias em um espaço que me é tão querido. Nas palavras de Mary Oliver, “to let the soft animal of your body love what it loves”. No mais, a Lagoinha segue; frágil, humilde e encantadora.

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20 anexo

Carta de Bariani Ortêncio em favor do tombamento do Hipódromo da Lagoinha Goiânia, 10.03.08

Em vista das negociatas e invasões das grandes áreas verdes da Capital, a Associação de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Estado pede o tombamento do Hipódromo da Lagoinha Ubirajara de Ramos Caiado, com grande área já ocupada pelo DETRAN-GO, o IML, e demais. Parte da sede do Jóquei Clube de Goiás, na Avenida Anhanguera, dirigente do Hipódromo, foi, recentemente, negociada, e o arvoredo adjacente, retalho do Bosque dos Buritis, arrancado por tratores da noite para o dia, enquanto a AMMA estava na cama. Em 1935 foi criado o Automóvel Clube de Goiás, e, em 1938, mudado para Jóquei Clube. As primeiras corridas de cavalo se deram entre a Avenida Goiás e a Avenida Araguaia. Como o centro foi crescendo, o evento passou para a Praça Tamandaré. Foi criado, em 1957, o Hipódromo da Lagoinha, bem mais distante, onde permanece até hoje. O nome Hipódromo Lagoinha nasceu da pequena lagoa, circundando a atual a Avenida Venerando de Freitas Borges e o DETRAN. De fato, à época, a Lagoinha ficava bem distante, quase uma viagem, pois, na década de 1940, eu e o meu amigo e colega do Liceu e do Tiro de Guerra 323, Brasilino do Brasil de Oliveira, íamos de bicicleta caçar paturis que chegavam em bandos dos rios Meia Ponte e dos Bois. Várias vezes vimos veados campeiros, vindos do mato do Riôlo Morais (hoje Vila União), chegarem para beber água. A Lagoinha fez parte hidrográfica na escolha da Nova Capital, com os rios Meia Ponte, Anicuns, João Leite e mais de 80 córregos, sendo os principais, Cascavel, Capim Puba, Botafogo, Caveiras... água sobrante para os 50.000 habitantes planejados. A mudança de Automóvel para Jóquei foi devido a nova-capital buscar modelos nos grandes centros, como Rio e São Paulo, quando, nos jóqueis clubes, pelos grandes prêmios, desfilavam ou ainda desfilam as elites, as senhoras e senhoritas da alta-sociedade. O certo mesmo seria o Poder Público tombar e revitalizar a área para que seja preservada a história cultural, o meio-ambiente, o verde, marginando a nossa Lagoinha, humildezinha, mas de grandeza histórica, aoalhendo e resguardando a pouca fauna que ainda existe e persiste. Que seja mantida a atividade-hipódromo, e crie uma escola de equitação, principalmente, às crianças carentes, para preservar a tradição do cavalo na cultura e economia brasileiras. E, também, para evitar “aconchegos”, edificações até de shoppings, como pretenderam no estádio do Atlético Clube Goianiense. E que a revitalização seja de bom gosto, como está sendo a reforma do Bosque dos Buritis, porque Goiânia é uma das cidades brasileiras mais modernas, mais floridas e campeã de áreas verdes. Goiânia já não copia: é copiada! Se acaso não houver o tombamento e persistirem as “invasões”, a gleba periga voltar para a família dos engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno, doadores da área, caso desvirtue a finalidade: hipódromo. Já é tempo de acabar com a rotina do desrespeito ao direito e passar por cima das leis. Direito é direito. Lei é lei! E para não matar o veado e nem deixar a onça com fome, todo cuidado é pouco. Macktub! (o autor é membro do conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de Goiânia)

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