Na areia. Juventus/ Atlanta/Supletivo Geração (E) fez 8 a 1 no Caxias de Araquari
NDonline.com.br/Joinville
Jogos movimentam o verão na Enseada Taça RIC de Beach Soccer e Troféu ND de Futsal agitaram o fim de semana.
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Como foram os jogos de abertura dos campeonatos estaduais pelo Brasil. Por pouco. Com apoio da torcida e forte movimentação de Lima, JEC abriu o placar, mas não conseguiu segurar a vitória
JEC derrapa na estreia Chapecoense conseguiu virar o placar, na Arena, ontem. Confira os outros resultados do Estadual. Págs. 2, 3 e 4
Dados pessoais
Cuidados para não ser vítima de golpe Indicador Serasa Experian de Tentativas de Fraudes alerta que a cada 15 segundos um consumidor brasileiro é vítima de tentativa de golpe. Pág. 16
Mergulho em rios
Justiça
Quem mergulha de cabeça em rios está sujeito a ferimentos gravíssimos. Págs. 8 e 9
Avair Chinato foi assassinado a facadas em frente à boate Ivyx, em julho de 2010. Pág. 4
Brincadeira pode acabar em drama
Acusada de matar jovem vai a júri hoje
carlos junior/nd
Segunda-feira
rogério souza jr./nd
joinville 21 de janeiro de 2013
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Cidade
notícias do dia
JOINVILLE, sEguNDa-fEIRa, 21 DE JaNEIRO DE 2013 EDITOR: Rosana Ritta
rosanaritta@noticiasdodia.com.br
@rosana_ritta fotos RogéRio souza JR./ND
Mergulhando em
águas rasas Perigo. Na temporada em que aumenta a procura por rios e parques aquáticos, brincadeiras e piruetas podem deixar sequelas Rosana RosaR rosana@noticiasdodia.com.br
Mergulhar de cabeça em rios, mares e piscinas trouxe complicações gravíssimas para quatro jovens que vivem em Joinville nesse verão. Sem noção da profundidade das águas onde saltaram, os rapazes com idades entre 18 e 25 anos fraturaram a coluna cervical (na região do pescoço) e precisaram passar por cirurgias complexas. Um deles ficou tetraplégico e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Dona Helena, com problemas respiratórios. Outro teve alta do Hospital Municipal São José, mas também perdeu os movimentos dos braços e das pernas. E, os outros dois, se recuperam em casa das cirurgias feitas no São José e não devem ter sequelas. O ortopedista Carlos Henrique Maçaneiro, especialista em coluna vertebral, foi um dos médicos que atendeu aos casos e explica que todos poderiam ser evitados com apenas um cuidado: não mergulhar de cabeça. “Estamos numa cidade circundada por rios e mar, com uma quantidade enorme
de pedras. Temos os rios Piraí e Cubatão, as praias de São Francisco do Sul e as piscinas, onde a situação também é grave, porque a água engana. É preciso evitar o mergulho de cabeça”, reforça. Para quem insiste nos mergulhos de cabeça, ele recomenda que se faça sempre antes o reconhecimento da área. “Então, primeiro pule em pé e depois mergulhe, porque a água é traiçoeira”, indica. Dos quatro casos operados em dezembro, ele destaca que dois aconteceram em piscinas de parques aquáticos, um no rio Piraí e o outro na praia da Enseada, em São Francisco do Sul. “O paciente mergulha, tem uma fratura e, se não for assistido, logo vai a óbito por ingerir água na hora ou depois por aspirar essa água e ter complicações pulmonares”, acrescenta. Quem sobrevive, corre risco de ficar numa cadeira de rodas, como aconteceu com dois dos quatro pacientes atendidos em Joinville em dezembro. “O déficit de quem tem uma lesão neurológica completa é muito grande. Há perda dos movimentos superiores e inferiores e de sensibilidade. Essa pessoa vai ser dependente dos outros para o resto da vida”, alerta.
Precaução. Mesmo com riscos, célio prefere se jogar em pé no rio, na tentativa de evitar problemas na coluna
O déficit de quem tem uma lesão neurológica completa é muito grande... Essa pessoa vai ser dependente dos outros para o resto da vida. Carlos Henrique Maçaneiro, ortopedista
advertência. ortopedista carlos Maçaneiro alerta para gravidade das lesões
notícias do dia
JOINVILLE, sEguNda-fEIra, 21 dE JaNEIrO dE 2013
Readaptação para a nova vida Acostumado a mergulhar nos igarapés (riachos) de Guajará-mirim, em Rondônia, onde foi criado, e em Humaitá, no Amazonas, onde passou a adolescência, José Souza dos Santos, 44 anos, que nasceu em Ecoporanga, no Espírito Santo, nunca imaginou que sofreria um acidente num rio. “Fui criado no interior, sempre dentro de rio, mas nunca passou pela minha cabeça que ia acontecer um acidente que me deixasse numa cadeira de rodas”, reflete. Aventureiro e com pouca instrução, José tinha se mudado de Curitiba, no Paraná, para Joinville há três meses quando o pior aconteceu, em 2002. A mãe, a aposentada Alzira Rosa de Jesus Santos, tinha saído para um batizado e ele decidiu levar os parentes para um banho no rio Piraí. Lá, fez o de sempre: nadou e mergulhou de cabeça. No segundo pulo, ficou imóvel dentro da água. “Fui dar uns pulos para ver se animava e no último escorreguei e bati com a cabeça numa pedra. Foi uma dor terrível, me tiraram do fundo da água e fui para o hospital achando que era um torcicolo, que ia tomar um remédio e ficar bom”, conta. Depois de quase morrer por complicações respiratórias e de ficar 67 dias internado, aos 33 anos, ele teve alta do Hospital São José sem saber sua real situação. Somente depois de três semanas, a família criou coragem e informou que ele não poderia voltar a andar, porque tinha fraturado as vértebras C4 e C5, comprometendo a medula espinhal. Durante três anos e sete meses, José mergulhou numa depressão profunda que o impediu de comer e conversar com as pessoas em diversas situações e o obrigou a tomar medicação controlada. “Depois, eu disse: sabe de uma coisa, eu vou lutar para mim. E comecei. Em 2009, comecei a mexer com arte. Faço pintura em tela com o pincel na boca, voltei a estudar e consigo fazer todas as minhas tarefas com o lápis na boca, adaptado. Já até passei de ano”, comemora. A rotina para recuperar parcialmente os movimentos é intensa há 11 anos. José é atendido na Clínica de Terapia Ocupacional da ACE (Associação Catarinense de Ensino), deverá fazer fisioterapia na ARDC (Associação de Reabilitação da Criança com Deficiência) em 2012, continuará fazendo aulas de pintura na Casa da Cultura e no Instituto Cultural Ademar César. Sabendo como sua vida foi e ainda é difícil pela perda dos movimentos ele analisa a situação. “Eu tinha boa idade, mas não tinha nenhuma instrução. Peço para o pessoal tomar cuidado porque é tudo muito doído. Principalmente quando você está em boa forma e passa por isso. As pessoas devem curtir a vida, mas respeitar os limites, respeitar a água e tomar cuidado”, aconselha.
Saiba maiS
Volta por cima. Depois de amargar anos de depressão ao descobrir que não andaria mais após um mergulho mal-sucedido no Piraí, José descobre um sentido na arte
mergulhos em águas rasas Prevenção É importante não mergulhar em águas desconhecidas, rasas, turvas, e, principalmente, locais desconhecidos. Evitar entrar em águas sem iluminação Não participar de brincadeiras quando for mergulhar e procurar placas de aviso sobre a profundidade da água também são medidas preventivas importantes Em locais desconhecidos, a melhor opção é mergulhar de pé O uso de álcool é perigoso para qualquer tipo de prática de esporte Nas situações de mergulho, a associação com álcool deve ser evitada Tipos de lesões Geralmente, o mergulhador bate sua cabeça no fundo da piscina ou mar. Com isso, podem ocorrer quatro tipos de lesões vertebrais: Fratura tipo teardrop (gota de lágrima): foi descrita por Schneider e Kahn em 1956. É usualmente usada para descrever a lesão por flexão-compressão da medula cervical, caracterizada pela compressão do corpo da vértebra e deslocamento da mesma burst fracture (fratura em explosão): caracterizada por fratura do corpo vertebral com retropulsão do osso para dentro do canal vertebral. É causada por uma carga axial com ou sem grau de flexão Deslocamento sem fratura: sugere uma lesão de força em flexão com distorção, resultando falha no complexo posterior e discal Outros tipos de fraturas: lesão flexão-lateral e lesão por compressão-extensão combinado com diferentes graus de rotação
Combinação explosiva com bebida, alimentos e brincadeiras
Reforçando os cuidados Assim que soube que um dos amigos lesionou a coluna e precisou ser operado no Hospital Dona Helena após mergulhar de cabeça numa piscina de um parque aquático no bairro Vila Nova, o motorista Célio Ricardo Padilha, 26 anos, redobrou os cuidados para mergulhar. “Quando tenho tempo venho aqui para o Piraí (no bairro Vila Nova), mas não mergulho mais muito. E se pular, pulo sempre de pé. Não me arrisco”, comenta. Segundo Célio, o amigo, que está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), tem bronquite e teve problemas respiratórios sérios após o acidente que também o deixou tetraplégico. “Ele está melhor, mas só mexe um braço e um ombro e respira com aparelhos.” O amigo e repositor Anderson da Silva, 23, também tem sido cada vez mais cuidadoso nas idas aos rios. Depois de sofrer um acidente de moto há dois meses, ele evita pular na água, até mesmo de pé. “Cortei a cabeça, tive hemorragia e precisei levar pontos, então eu não pulo não. Só trago o snorkel e fico na água bem tranquilo”, destaca.
Conselho. Ferreira sugere cuidados redobrados na água
cuidado. depois de sofrer acidente de moto, anderson ficou precavido
Cidade 9
Todos os anos os hospitais de Joinville e o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville atendem a pelo menos um caso de fratura da coluna por causa de um mergulho mal-sucedido em águas rasas. De acordo com Márcio César Soares Ferreira, chefe de equipe da corporação de Joinville, o mergulho de cabeça é totalmente desaconselhado. “Mesmo conhecendo os locais, é preciso evitar. A gente recomenda que as pessoas entrem no rio, no mar ou na piscina, se refresquem, façam sua natação, mas tenham cuidado”, detalha. O consumo de bebidas alcoólicas, a ingestão de alimentos antes dos mergulhos, e as brincadeiras dentro da água também são atitudes que devem ser descartadas. Em caso de queda ou afogamento, os
bombeiros indicam que quem sabe nadar retire a pessoa da água e a mantenha imobilizada. “Se tiver algum socorrista, enfermeiro ou médico no local, ele pode prestar os primeiros socorros. Se não tiver, não se deve mexer muito na pessoa. Só virar a cabeça se ela estiver desmaiada para cuspir a água. E, sempre, é preciso ligar para o 193, e pedir ajuda especializada”, completa. Em 2012 o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Fmusp (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) divulgou que no verão os mergulhos aumentam e passam de quarta para a segunda causa principal de lesão medular. O levantamento aponta que 90% dos casos ocorrem em jovens entre dez e 25 anos.
Fonte: Revista scientia Medica, PoRto alegRe (Rs), PUc-Rs
Lesões de medula representam o maior risco de levar à paraplegia