EMPREENDEDORISMO
As belas que são fera A primeira unidade do Café du Centre foi aberta em Itapema no ano de 2014, início de uma das maiores crises econômicas e institucionais da história do Brasil, e desde o início das atividades não operou um mês sequer no vermelho. Melhor que isso, além do absoluto sucesso de sua matriz, já conta com dez franquias em operação e mais cinco comercializadas, em fase de montagem, no eixo Rio Grande do Sul/Mato Grosso do Sul.
A
mbiente intimista, decoração clássica e requintada, iguarias que são verdadeiros presentes aos sentidos acompanhadas por deliciosos cafés, tudo isso tendo ao fundo uma seleção musical que vai das tradicionais Edith Piaf e Mireille Mathieu aos contemporâneos Stromae e Zaz. Tudo isso, é claro, aliado a um atendimento quase que personalizado. Embora a descrição seja de um aconchegante café nas imediações da rue Muffetard, no Quartier Latin, ou em Saint Germain-des-Prés, no 6º arrondissement de Paris, o endereço é bem mais próximo do que se possa imaginar. Trata-se do Café du Centre, em Itapema, que surgiu há pouco mais de três anos e já conta com 15 franqueados em vários estados brasileiros. O empreendimento foi pensado e concebido pelas irmãs Bruna e Paula Vieira, a primeira psicóloga e a outra fotógrafa, que há época com 24 e 29 anos, respectivamente, resolveram ocupar uma sala comercial da família, com a área de aproximadamente 80 metros quadrados. No entanto, o imóvel é uma sala estreita, profunda e ainda com desníveis, o que dificulta seu aproveitamento. Com pouquíssimos recursos, R$ 60 mil à época - provenientes de economias da família e da venda do carro de Bruna -, literalmente elas puseram as mãos na massa. E o mais interessante
Raffael Prado
de tudo é que não contaram com nenhuma assessoria nas áreas de arquitetura, gastronomia e gestão. “Nosso orçamento era muito apertado. O que tínhamos deu para a aquisição do mobiliário, equipamentos, utensílios e decoração. Então tivemos que cortar todo e qualquer gasto”, conta Bruna, que, inclusive auxiliou na pintura das paredes do café. Ainda, junto com a sóCafé du Centre/Divulgação cia e irmã, garimpou os móveis, tecidos de decoração, luminárias e adereços que coubessem no restrito orçamento e dessem ao local a autêntica cara de um café francês. Exemplo disso são os bancos, que foram restaurados, e os quadros, reproduções de imagens antigas plotadas aplicadas sobre placas de MDF retiradas de um velho guarda-roupas.
Há apenas três anos no mercado, o Café du Centre já é referência de qualidade, luxo e sofisticação por se tratar de um ambiente único com características próprias e receitas exclusivas. É um cantinho de Paris bem mais perto que se possa imaginar. 40 • Junho 2017 • Economia&Negócios
A grande surpresa com relação a concepção do projeto é saber que tudo foi criado tendo como base o imaginário das duas, que somente foram conhecer a França um ano e meio depois da abertura do Café du Centre. “Como toda menina e adolescente, víamos muitos filmes ambientados em Paris, líamos romances com personagens parisienses e tínhamos uma vontade louca de conhecer a capital francesa. Como surgiu a possibilidade de ocuparmos este espaço que é do meu pai, que é pequeno, achamos que a temática francesa ficaria bem. Então porque não trazer para cá a Paris que sonhávamos conhecer”, diz Bruna. Definida a temática, as empreendedoras não perderam tempo.